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Tema: A persistência do assédio sexual a mulheres em transportes públicos no Brasil. Pontuação: 920. A Organização das Nações Unidas, ao firmar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluiu, no plano de metas, a igualdade de gênero. Tal propósito, entretanto, quando comparado à realidade brasileira, não foi alcançado, visto que o assédio sexual a mulheres em transportes públicos persiste na contemporaneidade nacional. Nessa perspectiva, para reverter esse quadro, é necessário compreender tanto a fiscalização estatal deficiente quanto a visão objetificada do corpo feminino na atual sociedade misógina. Em primeira análise, observa-se como a inoperância dos órgãos governamentais brasileiros contribui para a recorrência da importunação sexual nos coletivos; o indivíduo assediador, ciente de que pratica um tipo de violência contra a mulher, sabe que não será punido pelo seu ato e, assim, torna essa prática frequente. Sob essa ótica, o teórico Thomas Hobbes discorre sobre a responsabilidade estatal em garantir o bem-estar da sociedade, o que evidencia a falha do poder público do país, uma vez que a ineficaz fiscalização permite que 35% dos impertinentes atos à população feminina ocorram no transporte público. Dessa maneira, é constatável a relação intrínseca entre a postura estatal vigente e o constante número de assédios no espaço em questão. Outrossim, nota-se a coisificação do corpo das transeuntes como propulsora dos crimes sexuais nos transportes. Para a filósofa Simone de Beauvoir, a construção do “ser mulher” aconteceu através da imposição do sexo masculino que, por sua vez, submeteu a figura feminina ao segundo plano — submissa às vontades do sexo oposto. No quadro dos coletivos, a mulher, ao ser reduzida à condição de objeto pelos ideais machistas, tem seu corpo transfigurado em produto público, viabilizando a importunação sexual; o assediador, ao coisificar uma passageira, sente-se, erroneamente, dono do corpo dela e, portanto, permitido a lançar olhares e realizar atos libidinosos. Sendo assim, o respeito, que deveria imperar nos veículos coletivos, converge com o ideal patriarcal de supremacia masculina, resultando em inúmeros casos de importunação nos transportes. Infere-se, desse modo, que a persistência do assédio sexual a mulheres em veículos públicos é uma situação que precisa ser combatida. Para tanto, o Ministério da Educação, responsável pela formação de cidadãos conscientes, deve aliar-se a instituições educacionais para promover feiras culturais sobre o assédio sexual nos ambientes coletivos, como ônibus e trens, do país. Através de palestras e rodas de conversa, a comunidade escolar deve ser sensibilizada a combater o assédio, não apenas denunciando casos presenciados fora dos muros da escola, mas também educando as crianças do sexo masculino — potenciais assediadores no futuro — a respeitarem corpos femininos. Assim, em médio e longo prazo, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável pela igualdade de gênero estará mais próximo de ser alcançado no Brasil.
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