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1
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2
1 - Introdução
1.1 O que você verá nesse 
e-book?
2 - Nossas origens
2.2 A condição humana: se vira!
2.3 Tomar decisões: nossa sina
3 - Estrutura do comportamento 
humano
3.1 Deontologia: tomada de 
decisão
3.2 Ação: só é possível quando 
existe liberdade
3.3 Consequências: nem tudo 
depende só de você
4 - O que é a liberdade?
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2
4.1 Quem tem liberdade tem 
conflitos
5 - Ética: escolher entre valores
5.1 Valores humanos
5.2 Valores desumanos
6 - Aprimorando o 
comportamento
6.1 Só sei que nada sei: 
questionar é viver
6.2 O sentido da vida: para que 
serve tudo isso?
7 - Encerramento
7.1 Recapitulando
8 - Material Complementar
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3
Podemos garantir que em algum momento você já sofreu com algo 
e que parte desse sofrimento foi causado pelo comportamento de 
alguém, ou do seu próprio. 
Neste e-book, destrincharemos o comportamento humano: 
quais são os erros que cometemos ao nos comportar; como 
desperdiçamos nossa vida seguindo caminhos que não deveríamos 
seguir; e como encontramos os melhores caminhos para nossa vida. 
1.1 O que você verá nesse e-book?
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3
1 Introdução
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4
2 Nossas origens
2.2 A condição humana: se vira!
Entender o comportamento humano passa por entender algo fundamental 
na história do pensamento, a “condição humana”. Esse conceito reside na 
aceitação de que não podemos escapar: é nossa condição, nossa sina. Se 
acreditar em destino, pode tomá-lo como tal, mas não como um destino 
futuro, e sim um destino ao qual nós estamos condenados. 
Estar condenado a ter uma condição humana específica, é bom ou ruim? 
Contaremos uma história para explicar melhor! Essa história vem da 
mitologia grega, anterior até mesmo à filosofia, antes de tudo que você 
imagina. Lembramos um pensamento mitológico, encontrado nas grandes 
obras de Homero, uma obra chamada Teogonia, de Hesíodo. 
A Teogonia remonta ao começo do Universo, quando não havia nada. 
Pularemos toda a etapa da criação e chegaremos ao momento em que Zeus 
ganhou a chamada Guerra dos Titãs e se tornou o “chefe” de tudo e criou 
seu ministério, o Olimpo.
Theo: Deus
+
Gonia: geração
= 
A geração dos deuses 
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5
Depois que Zeus assumiu o comando do Olimpo, tudo ficou muito sem 
graça, “certinho” e em ordem, e, como eles gostavam de um pouco mais 
de agitação, o próprio Zeus viu que não estava muito legal. Foi quando 
encontrou dois irmãos, da quinta divisão dos deuses, Prometeu e Epimeteu. 
Prometeu é aquele que tem “pró” no nome e “pró” vem de “antes”, é aquele que 
pensa antes. Epimeteu é aquele que pensa depois, sempre atrasado, perdido.
Zeus pediu para que criassem os mortais. Prometeu disse a Epimeteu: “Está 
aqui uma caixa com todas as características do universo, faça os animais”. E 
Epimeteu fez os animais e a natureza, da forma como conhecemos. Ele o 
fez lindamente e correu para contar a Prometeu: “Olha o que eu fiz! É uma 
natureza muito linda!”. 
Prometeu olhou para aquilo e disse a Epimeteu: “Você usou todas as 
características imagináveis nos animais, não restou nada para o ser humano! 
O que eu vou fazer?“. Não sobrou nada para o ser humano. Prometeu se viu 
com um grandessíssimo problema nas mãos: “Como eu criarei um ser sem 
ter nada para dar a ele?”. 
E o que ele fez? Nos moldou no barro à semelhança dos deuses, nos pôs em 
pé, nos deu o fogo que roubou do templo de Atena e nos mandou nos virar. 
Essa é a nossa condição. 
Veja se entende: desde sete séculos antes de Cristo, essa já era nossa 
condição, não ter recursos naturais para lidar com a nossa própria vida. 
Nessa situação, somos obrigados a usar nossa cabeça para lidar com 
problemas cotidianamente. Por isso se faz tão importante pensar no nosso 
comportamento, porque não há uma natureza o regendo. 
Somos simplesmente nós mesmos, individual e coletivamente.
MENU
6
O único recurso natural que temos para 
lidar com a nossa vida é a inteligência, 
a racionalidade, a capacidade de 
deliberar. Sendo assim, quando a vida se 
coloca à nossa frente, nós naturalmente 
pensamos em diversas possibilidades de 
ação e escolhemos uma. 
Se você comprar uma caminha para 
seu gato, quando chegar em casa, tirá-
la da caixa e mostrá-la para ele, esse 
preferirá a caixa à cama.
O gato rege sua vida de acordo com 
sua natureza. E nós? Nós não estamos 
satisfeitos nem com a caixa de 
papelão, nem com a cama.
Essa é nossa sina: decidir pra viver. E, 
a partir daí, nosso comportamento é 
dividido em três etapas. 
O gato só faz. Seu comportamento é ação. 
Nós temos que tomar decisões o tempo 
inteiro. E as tomamos, agimos e vivemos a 
partir de três grandes momentos. 
2.3 Tomar decisões: nossa sina
Tal qual o tempo, dividido em passado, 
presente e futuro, nossa vida e 
deliberação para viver também são 
divididas em três momentos. 
O primeiro deles é a deliberação 
propriamente dita: pensar nos valores 
que escolheremos para viver. Em 
seguida agimos, no presente. Depois 
lidamos com as consequências de 
nossas ações. 
Isto é, deliberação, ação e 
consequência são os três momentos 
do nosso comportamento, que 
estudaremos no próximo módulo.
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3.1 Deontologia: tomada de decisão
Agora que você já sabe que o comportamento humano se divide em três 
momentos: a tomada de decisão, a ação e as consequências da ação, 
focaremos no primeiro deles, a tomada de decisão.
Fazemos isso o tempo inteiro. No momento em que acordamos, já 
tomamos a decisão de, contrariados, sair da cama. Na hora em 
que vamos dormir, ainda tomamos decisões, desligamos o 
celular para finalmente descansar. 
Muitas pessoas dão grande ênfase a esse primeiro momento 
do nosso comportamento, o de tomar decisões, pois é muito 
importante saber tomá-las e, como Prometeu, pensar antes de 
agir. Em grego, a ciência de pensar em como agir, de pensar os melhores 
valores para se viver é chamada “deontologia”.
 
Deontologia deriva de outra palavra grega, “deon”, que significa “dever”. A 
concentração do pensamento científico sobre o comportamento que se 
focaliza no momento deontológico é chamada de Ética Deontológica. 
Isso mesmo, ética é uma ciência, a ciência do melhor comportamento. 
3 Estrutura do 
comportamento humano
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7
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8
A Ética Deontológica indicará a melhor 
maneira de agir de acordo com o dever, 
ou então, agir por dever. E varia de 
acordo com a corrente filosófica. 
Na Grécia antiga e também em Roma, 
havia os filósofos chamados estoicos. 
Esses acreditavam que era possível 
extrair das leis da natureza, que 
acreditavam ser perfeitas, as melhores 
formas de agir. 
Nesse sentido, eles observavam 
buscando definir as leis naturais para, a 
partir delas, extrair o “suco” dos deveres, 
aos quais deram dois nomes. 
Um deles chama Kathekon e o outro, 
Kathortoma. É possível encontrá-los 
também grafados como Kathekontá 
e Kathortomá. O grande expoente 
do pensamento dos deveres na 
antiguidade é Cícero, que escreveu “Dos 
deveres”, no original, “De ofici”. 
Cícero nos aponta que há dois tipos 
de ação: a ação útil e a ação honesta. 
A ação útil é aquela em que se pensa 
no resultado no momento da escolha 
da ação, isto é, quando se toma uma 
decisão pensando na consequência, em 
seu valor depois de realizada.
Cícero dirá que a utilidade não deve 
ser critério para a ação, pois é egoísta. 
Quando a ação útil coincidir com a 
honesta, terá sido um acidente? Não! 
Caso se guie pela honestidade, a ação 
será também útil. 
“Ah, mas se eu pagar os impostos, eu 
fico com menos dinheiro”. Essa é uma 
consequência de se pagar os impostos. 
Seu dinheiro foi para o Estado. Essa é 
a atitude honesta a se tomar. Sendo a 
atitude honesta, é a mais útil. Se não 
enxerga a utilidade, está falhando ou 
usando critérios egoístas, que prejudicam 
os outros, para tomar a decisão. 
Como será útil algo que faz mal a 
alguém para fazer bem para você? A 
grande utilidade está no bem de todos.
Agora que estudamos Deontologia, 
sigamos para a próxima ação.
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Só existe ação humana quando existeliberdade para agir.
Você age o tempo inteiro e faz coisas que nem sempre é livre para 
escolher, mas as faz. Essas não podem ser consideradas ações deliberadas, 
comportamentos morais. Por quê?
Porque a moral, que é justamente essa nossa capacidade de agir, necessita 
de liberdade.
Quando não se pode escolher o que fazer, você não é de fato moralmente 
responsável pela ação. A ação livre é aquela que depende totalmente da sua 
decisão. 
Se você não pode escolher a ação, fará algo que lhe foi imposto. Se está 
fazendo algo que lhe foi imposto, não está propriamente agindo, há outro 
agindo através de você. 
Pare para pensar em quantas vezes no seu dia você age sem ser por conta 
própria. A roupa que está vestindo agora, pode até achar que a escolheu, 
mas não preferiria estar de roupão e chinelo? 
Para que seu comportamento seja seu, para que o que faz seja sua própria 
ação, sua própria razão, é preciso que seja livre. Se não for livre, é ação, mas 
não é sua. 
3.2 Ação: só é possível 
quando existe liberdade
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Há um enorme problema aí. Em determinados momentos, você pode 
escolher sua própria ação e se sentir livre, mas não significa que agir será 
fácil. Você enfrentará problemas, dificuldades e estresse para realizar o que 
escolheu. Essa sensação tem nome: angústia. A angústia é o sentimento de 
quem é livre. 
Toda vez que se sentir 
angustiado, pense: “bom, pelo 
menos eu sou livre”. 
Quando você precisa fazer algo, mesmo que contra 
sua vontade, desejo, graça de viver, alegria e saúde, 
você o faz porque é preciso. Se não fizer, talvez seja 
ainda pior. Nesse caso, você não sente angústia. 
Por quê? Porque a decisão está tomada. A ação 
será feita. Você não se angustia porque não é livre 
para agir. Se é livre para agir, cabe a você escolher o 
caminho, e a sensação de não saber qual é o melhor 
causa angústia. 
Fica a dúvida: será melhor ser uma pessoa angustiada 
e livre ou uma pessoa sem liberdade, mas também sem 
angústia? 
Veremos a resposta para esse questionamento a seguir.
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Passamos pela escolha, pela ação e pela angústia. Seguimos para as 
consequências.
A consequência sucede a ação, porém essa não depende apenas da ação. 
Pense nas decisões das quais se arrependeu de ter tomado na sua vida. 
Pensou? Por que se arrepende? Você pode responder: “porque as 
consequências não foram as que imaginava. Mudei de emprego, pensando 
que teria mais benefícios, um plano de carreira, que teria uma chefia melhor, 
mas era tudo pior! As consequências foram desastrosas.” 
Essas consequências dependem única e exclusivamente da sua ação? Se 
não gostou da sua nova chefia, isso dependia da sua mudança de emprego? 
Não tinha como saber. Há inúmeros fatores externos, fora do seu controle, 
atuando sobre esse mundo.
Não é possível se arrepender de consequências que estavam fora do seu 
controle. O consequencialismo moral, a área da filosofia moral, da ética, que 
se preocupa com as consequências, guia a ação a partir de efeitos que não 
se pode controlar. 
O máximo que podemos fazer é desejar que nossas ações tenham 
determinadas consequências. Agir da melhor maneira possível para que as 
3.3 Consequências: nem 
tudo depende só de você
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consequências imaginadas sejam realizadas e torcer para que o mundo não 
interfira. Mas quem consegue controlar o mundo?
Em razão disso, o consequencialismo moral enfrenta uma série de 
problemas. Um de seus maiores expoentes é Machiavel, que nos orienta a 
agir de maneira a buscar o melhor resultado para nós mesmos. 
O consequencialismo não pensa no critério para agir, e sim no 
efeito da sua ação. Sem uma fidelidade de critério, você só 
é fiel aos seus interesses. 
Seguindo essa lógica, você pode ser visto como 
instável e desconfiável, porque pode tomar decisões 
opostas para situações idênticas em contextos 
diferentes. Isso não acontece na deontologia, 
corrente segundo a qual a decisão é orientada por 
seus valores, anteriores à ação. 
O consequencialismo e a deontologia não se 
misturam. 
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4.1 Quem tem liberdade tem 
conflitos
O conflito é desconfortável e fomos ensinados a perseguir 
o conforto, porém o conflito é parte da nossa condição. 
E mais: a vida sem conflito não tem razão de existir.
Se você elimina as dificuldades de tomar decisões 
da sua vida, isso quer dizer, como já vimos, que 
você elimina sua própria liberdade. 
Se lembra do questionamento: é melhor viver 
livre e angustiado do que viver escravo e sem 
angústia? Afirmo que é muito melhor viver livre e 
angustiado. 
“Eu não gosto de sentir angústia”. Claro, ninguém 
gosta, mas eliminar nossa liberdade não é o único 
jeito de lidar com conflitos. Na verdade, é um jeito 
de ignorá-los. Se você ignora o conflito, vende sua 
liberdade e fica sem angústia, todavia fica sem vida 
também. 
Pare para pensar: a vida que é decidida por você é sua? A resposta 
parece muito óbvia, o contrário também. A vida que não é decidida por 
você não é sua. 
4 O que é a liberdade?
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É ruim tomar decisões? É angustiante? Sim. Porém, há meios menos caros 
de lidar com o conflito, são duas as maneiras. 
A primeira grande maneira de lidar com o conflito passa pela venda da 
liberdade. 
A outra grande maneira passa pelo desenvolvimento de um sistema de 
valores, que não decide por você, mas te guia previamente, como os 
deveres. 
Segundo Kant, só somos livres quando agimos contra nossa própria 
vontade, isto é, quando fazemos o que não queríamos fazer.
Kant aponta que, se você deseja fazer algo, essa é uma informação 
corporal sua, na maioria das vezes egoísta, e não pode interferir na sua 
ação, que deve se guiar por dever. 
O dever impõe a ação. Você só é livre quando se livra da escravidão dos 
sentidos para agir pelo dever inexorável e impessoal da razão. Paradoxal, 
não é? Mas não é preciso ser kantiano, basta ter um sistema de valores 
como guia. 
Por exemplo, se age de acordo com o valor sinceridade, quando for tomar 
uma decisão, consultará esse valor. Sua decisão está de acordo com ele?
Esse é o seu valor. Ele te deixa menos livre? De maneira nenhuma. 
A seguir, estudaremos os problemas da venda da liberdade em troca da 
tranquilidade. 
Immanuel Kant
filósofo
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5.1 Valores humanos
Ninguém deseja viver angustiado. Não é um 
sentimento gostoso, porém indica que nossa vida 
pertence a nós mesmos. Podemos, porém, tentar 
senti-lo um pouco menos, sem abrir mão da nossa 
liberdade. 
Os dois modelos de comportamento são a 
autoajuda e a ética, antagônicos. Para viver 
os preceitos e as leis da autoajuda, é preciso 
segui-los cegamente. A autoajuda é uma vida 
inteira preestabelecida para você, que diz que 
você é triste quando não segue as suas regras. 
A ética é um guia para a sua vida, mas precisa 
da sua deliberação para acontecer. A ética é um 
conjunto de valores a guiar seu comportamento 
determinado também por você.
Se você aprendeu, como quase todos aprenderam, que a ética é a única, 
determinada e definida boa maneira de agir, está errado. A ética não é isso, 
mas sim a atividade entre todos os valores disponíveis do universo.
5 Ética: escolher 
entre valores
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E são muitos valores! Honestidade, desonestidade, 
sacanagem, mentira, traição, prudência, 
prazer, respeito, desprazer, fazer mal a 
alguém, o ódio, tudo isso é valor. Roubar, dar, ser ou não 
generoso, tudo é valor.
Você é muito melhor do que qualquer pessoa para escolher quais são 
os melhores valores para a sua vida neste mundo. Não há ninguém 
melhor do que você mesmo para isso. 
Qualquer um que te diga que há um modo certo de agir 
está te aprisionando. Por isso que o exercício da liberdade, 
quanto mais inserido na sua vida, te desangustiará. Se 
enfrentar a angústia e resolvê-la, entendendo que seu 
conjunto de valores não é rígido nem fixo e que você 
é capaz de lidar com os conflitos que aparecem na 
sua vida, quanto mais exercitar sua ética e a ética do 
seu coletivo, mais capacitado será paralidar com os 
próximos. 
Cada conflito exige uma solução própria. Não há como 
se guiar por um manual de autoajuda, você mesmo deve 
construir consigo suas soluções. 
Como lidar com conflitos? Não os ignorando. É preciso 
encará-los, o que não só te deixará mais forte, como te 
garantirá um futuro com menos intranquilidades. 
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Observe o caminho que trilhamos. Partimos da nossa 
diferença para os animais na mitologia, vimos a estrutura do 
comportamento humano e chegamos na nossa verdadeira 
condição de liberdade, a ética. Praticar ética é escolher 
entre valores. 
Abordaremos agora esses valores. Tudo que guie sua ação 
é um valor. Chocolate pode ser um valor? Chocolate pode 
simbolizar o valor do prazer. 
Apresentarei um experimento realizado pelo professor Dan 
Ariely. Ele queria testar se as pessoas eram capazes de se 
manter honestas diante de uma situação na qual havia garantia 
de que elas não seriam punidas se fossem desonestas. 
Foram duas as situações testadas. A primeira consistia em 
colocar uma pessoa de frente para uma mesa com um dado 
numerado de 1 a 6. A pessoa jogava o dado e tinha o direito 
de escolher o número que caiu virado para cima ou para baixo. 
Ela ganharia o dinheiro equivalente àquele número, isto é, se 
escolhesse 6 ganharia 60 dólares e, se escolhesse 1, ganharia 10 
dólares. 
O professor constatou que as pessoas escolhiam o número 
maior 99% das vezes, para ganhar mais dinheiro. Porém, ao 
menos uma vez, as pessoas perdiam para não ficar tão explícita 
a “trapaça”. 
5.2 Valores desumanos
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O experimento revela que, diante de 
uma situação em que a desonestidade 
não é punida nem verificada, é muito 
mais recorrente. 
Outra pesquisa nos apresenta 
uma situação parecida, quando 
nos justificamos para agir com 
desonestidade, querendo nos passar 
por honestos. O pesquisador colocou 
as pessoas diante de uma máquina 
automática de guloseimas, que dava 
a sua batatinha, mas devolvia a sua 
moeda ou nota. 
Nesse experimento, o pesquisador 
percebeu que as pessoas compravam 
mais batatinhas. A pessoa inseria a 
moeda, caía a batata, a moeda voltava. 
Ela ficava com a moeda e a batata 
e repetia o ciclo. O limite verificado 
foram quatro batatinhas, ninguém 
comprou mais do que isso, mas todos 
compraram mais que uma. 
Questionando as pessoas sobre 
por que pegaram outra, elas diziam: 
“porque uma vez já perdi dinheiro 
nessas máquinas” ou “porque tem 
seguro, não tem problema, não vai 
dar prejuízo” ou ainda “ah, se deu 
problema na máquina, a culpa não é 
minha”. As pessoas justificavam seus 
comportamentos dissidentes, de 
maneira que não sentissem culpadas 
por agir mal. 
Isso indica o quão apegados somos 
aos nossos valores. Que ética é essa 
que nem aos seus próprios valores é 
fiel? 
Quanto mais justificamos nossas 
escapulidas, mais atitudes deploráveis 
somos capazes de realizar. Não basta 
ter uma ética, um conjunto de valores. 
O comportamento humano pode se 
desvairar através de pequenos atos, de 
justificativas para “escapadinhas”. 
Além dos valores e da atitude coerente 
com eles, é preciso uma autoavaliação 
constante de comportamento, para 
medir o quão aproximado ou distante 
se está desses valores.
A tese defendida nesse experimento 
é a de que, quanto mais embalo se 
pegar nas justificativas para os maus 
valores, se convencendo de que não 
fez nada de errado, pior será o que 
você será capaz de fazer sem se sentir 
mal. 
Ética é escolher valores e se fidelizar a 
eles, sempre se questionando se estão 
certos e se está agindo coerentemente. 
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6.1 Só sei que nada sei: 
questionar é viver
Vimos que o comportamento depende não só da nossa 
deliberação, como das coisas sobre as quais deliberamos, e 
também de um exercício constante de nos manter em um 
caminho que julgamos adequado. 
Sócrates, o pai da filosofia, falou sobre o assunto. Percebeu 
que as pessoas agiam de certa forma sem saber por que 
estavam assim agindo. 
Um dia, um de seus discípulos foi ao Oráculo de Delfos e 
encontrou uma sacerdotisa que consultava diretamente os 
deuses. Essa mulher disse que Sócrates era o homem mais 
sábio do mundo, ele não acreditou e disse: “como sou a 
pessoa mais sábia do mundo se eu não sei nada de nada?”. 
Sócrates estabeleceu para si a missão de desmentir os deuses 
e encontrar alguém mais sábio que ele. Encontrava pessoas 
reputadas por sua sabedoria ou por um dom visível e público, 
e passou a tentar aprender com essas pessoas. 
6 Aprimorando o 
comportamento
Sócrates
filósofo
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Encontrou, por exemplo, um general 
de guerra prestes a ir numa grande 
campanha marítima, numa batalha 
monumental. Pediu que lhe explicasse o 
que era coragem. Não satisfeito com a 
definição do general, Sócrates replicou, 
até que ele assumiu não saber definir 
coragem.
Sócrates respondeu: “nenhum de nós 
sabe o que é coragem! Eu fracassei 
na minha missão, ainda não encontrei 
alguém mais sábio do que eu. Mas 
ao menos tivemos a chance de 
descobrir que em sua vida inteira 
você que achava que sabia 
o que era coragem e na 
verdade não sabia. A sua 
vida inteira, tudo o que 
fez, fez a partir de uma 
definição de coragem 
que descobriu que está 
errada”.
 
Veja a oportunidade 
de se perguntar o que 
está movendo sua 
vida. “A minha vida, eu 
guio pelo prazer!”. O 
que é o prazer? É físico? 
É intelectual também? É 
necessariamente para mim? 
Ou guiar-se pelo prazer é dar prazer 
para os outros?
O que Sócrates está nos dizendo? Que 
o exercício de questionar quais valores 
guiam a nossa vida deve ser constante. 
Imagine descobrir um dia que viveu 
sua vida a partir de valores definidos 
de uma maneira que não faz sentido, 
simplesmente porque não tinha parado 
para pensar nisso? 
Sócrates diria que sua vida foi 
desperdiçada até então, pois você 
estava andando por um caminho que 
não te levava a lugar nenhum. A melhor 
maneira de não desperdiçar a vida e 
facilitar a ação livre é sempre questionar 
os valores usados para nos guiar.
Você que pensava que a ética estava 
escrita na pedra, para nunca mais 
mudar, está aprendendo que o 
comportamento humano requer uma 
autoavaliação incessante para que você 
se livre de vícios que adquiriu ao longo 
da vida. 
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21
Para que pensar em valores e encarar a 
angústia?
O motivo é o sentido da vida como um 
todo e a pergunta “qual o sentido da
vida?” é uma das mais fundamentais da 
nossa existência, pela qual passamos 
mais tempo sentindo um vazio ao não 
saber responder.
E você já sabe qual é essa resposta, 
apesar de nunca ter nomeado. A razão 
de tudo isso existir, por uma lógica muito 
simples, é a felicidade. 
Não há nada depois da felicidade. Ela 
não serve para coisa alguma além dela. 
Não se é feliz para isso ou para aquilo. 
Você toma suas decisões escolhendo o 
que acredita que vai te fazer mais feliz.
6.2 O sentido da vida: para que serve tudo isso?
A razão da ética, o exercício da moral, a 
capacidade de raciocinar, de deliberar, 
de avaliar suas próprias ações têm 
uma finalidade: buscar a felicidade. O 
sentido da vida é a felicidade. A ética 
é a felicidade. Tudo isso que você viu 
até aqui serve para que tenha mais 
chances de ser feliz na sua vida. 
E o que é felicidade? Deixo essa 
pergunta aberta para você responder. 
Espero que, com esse conteúdo, suas 
possibilidades de ser mais feliz tenham 
se ampliado. Espero também que 
você não sofra tanto com o que viu 
aqui, mas que o sofrimento que vier 
sirva para te catapultar a patamares de 
felicidade que sequer imaginou que 
fossem possíveis. 
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7 Encerramento
7.1 Recapitulando
É muito pedante dizer: “eu vou reler o livro” ou “ah, preciso reler 
tal conteúdo”. É pedante porque a primeira leitura é só uma 
degustação, uma leitura afetiva. Ao ler um livro, você sente o 
que ele está te despertando. A segunda leitura, uma revisão, 
é o momento que permite efetivamente mergulhar nas 
questões que nos interessam com maior intensidade.
Façamos aqui uma revisãopara que você tenha a chance 
de rememorar os conteúdos dos primeiros tópicos depois 
de ter passado por todos os demais. 
Primeiro, aprendemos que o ser humano tem uma condição 
só sua, uma sina, uma característica própria: a necessidade de 
escolher que tipo de vida quer viver. Se lembra do Prometeu e 
do Epimeteu? Epimeteu deu tudo para os animais e não sobrou 
nada para a gente. Prometeu roubou o fogo de Atena, nos pôs 
de pé, parecidos com os deuses e com a capacidade de usar nossos 
braços para manipular o mundo. Essa é a nossa sina e condição. 
Tendo que escolher como viver, nosso comportamento se divide em três grandes 
momentos, de acordo com a filosofia moral. Esses são equiparáveis ao passado, presente e 
futuro: a deliberação, a ação e a consequência. 
Vimos também que a ética, ao longo de mais de dois mil anos de pensamento, definiu, 
em alguns momentos, como mais importante a deliberação, a deontologia, isto é, agir de 
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acordo com os valores. Não podemos 
escapar da ação, mas podemos escapar 
da liberdade. Quando agimos sem 
liberdade não somos donos da nossa 
própria vida. 
Já quando agimos com liberdade, 
essa vem acompanhada da angústia, 
o sentimento de não ter uma resposta 
pronta.
Logo após, abordamos o 
consequencialismo, aquele que guia as 
ações de acordo com as consequências 
esperadas. Vimos que a deontologia e o 
consequencialismo são incompatíveis 
entre si, como são também 
incompatíveis os valores disponíveis no 
cardápio existencial à nossa escolha.
Dessa maneira, a honestidade te leva 
para um caminho de vida, e o valor “se 
dar bem, não importa a situação” te leva 
para outro caminho. A confiança te leva 
a uma série de decisões opostas às da 
desconfiança. Por isso, viver livre é viver 
em conflito. 
Depois de ter lido todo esse conteúdo, 
você deve ter diagnosticado uma 
infinidade de conflitos que sente, desde 
escolher qual filme assistir ou o que 
comer, até saber se vai sair do seu 
emprego ou não. O conflito é inerente 
à nossa vida e nós temos duas grandes 
maneiras de evitá-lo, abrindo mão da 
liberdade ou adquirindo um hábito 
moral. Se escolher abrir mão da sua 
liberdade, entregará as decisões da 
sua vida a um programa pronto de 
existência. 
Esse programa toma as decisões por 
você, que se torna mero executor 
de ações pelas quais não decidiu. Se 
escolher um hábito moral saudável, 
elegerá uma série de valores que 
considera dignos para sua vida e 
buscará agir de acordo com eles, 
fazendo uma autoavaliação constante 
para saber se os valores que está 
seguindo são o que pensa que são - e 
isso quem nos ensinou foi Sócrates -, e 
para saber se não está fugindo desses 
valores e dando desculpas para isso. 
O experimento moral da máquina de 
batatinha nos mostrou que aos poucos 
nos afastamos dos nossos valores e 
nos habituamos a comportamentos 
viciosos. Todo esse trabalho de hábito 
moral que desenvolveremos tem uma 
razão de ser. 
A razão de ser, vimos que é a felicidade. 
Por que a felicidade? Porque a felicidade 
não deve nada a ninguém e não há 
nada depois dela. A felicidade nos 
guia em direção do sentido último da 
existência. 
A felicidade é esse caminho que nos guia 
ao longo de toda a existência para termos 
uma vida digna, para não desperdiçá-la. 
Por isso, agir eticamente é agir sobre o 
que guia as nossas ações, tendo como 
certeza que a busca última da nossa vida 
é a felicidade.
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Material 
complementar
Vídeo: Pesquisa Profº Dan Ariely - Nosso código moral cheio de 
erros - https://bit.ly/2ZHDQZ2
Livro: Aprender a Viver - Luc Ferry 
Livro: Pequeno tratado das grandes virtudes – André Comte-
Sponville
Podcast com o Prof. Clóvis de Barros Filho: Inédita Pamonha 
- https://bit.ly/33GgQuR
Livro: A metafísica dos costumes – Kant
Livro: O príncipe - Maquiavel 
Livro: Ética - Adolfo Sanchez Vazquez 
Vídeo: Sócrates e a verdade - https://bit.ly/3c5blcS
Livro: A felicidade é inútil – Clóvis de Barros Filho
https://bit.ly/2ZHDQZ2
https://bit.ly/33GgQuR
https://bit.ly/3c5blcS
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	1 Introdução
	1.1
	2
	2.2
	2.3
	3
	3.1
	3.2 
	3.3
	4
	4.1 
	5
	5.1
	5.2
	6
	6.1
	6.2
	7
	7.1
	Material complementar
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