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9 ano Filosofia 1cap

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FilosoFia
 
A Filosofia da verdade e do amor 5
1. A filosofia e a consciência crítica 7
1.1 A autoanálise e o desenvolvimento da consciência 9
1.2 Espírito de sacrifício e renúncia 12
1.3 A reflexão e o pensamento medieval 17
1.4 A devoção e o trabalho como necessidade humana 22
1.5 A exatidão e a Filosofia contemporânea 25
1.6 A compaixão e o agir humano 30
1.7 A alegria e o conhecimento de si mesmo 33
1.8 Justiça: O legado e a tradição do Direito 37
sumário do Volume
VOLUME 1
A filosofiA dA verdAde e do Amor
1. A Filosofia e a consciência crítica
 
VOLUME 2
As Ações corretAs e A AdolescênciA
2. A Filosofia moral
VOLUME 3
A filosofiA e o fortAlecimento dA pAz
3. A Filosofia política
sumário Completo
5Filosofia
 
a FilosoFia da Verdade e do amor
Sociedade e Transformações
 As sociedades vêm sofrendo transformações que obrigam o ser humano a desenvolver uma consciência 
crítica em relação aos fatos que temos observado nos últimos tempos. A autoanálise serve para que 
cada pessoa possa se posicionar em relação à essa realidade de hoje, caracterizada por muitas e rápidas 
transformações. Muitas vezes é necessário, também, uma alta dose de espírito de sacrifício para fazermos 
a nossa parte e, ainda, contribuirmos para que as transformações sejam as melhores possíveis. Nesse caso, 
praticando um pouco de renúncia, em relação aos nossos interesses pessoais, podermos nos voltar para 
muitas questões que envolvem os problemas da vida em comum. Viver coletivamente requer a utilização 
persistente das várias virtudes que carregamos conosco. Mas, uma delas é de extrema importância para esse 
contexto: saber renunciar aos próprios prazeres, tendo em vista o bem comum.
Acervo CNEC
 As transformações já foram muitas ao longo da história: a relação do homem com a natureza, a relação 
do homem com as coisas, a relação do homem consigo mesmo, os grandes (e os pequenos) inventos que 
transformaram as nossas vidas e as nossas relações em sociedade. Mas, existe uma transformação bem mais 
próxima e evidente para todos nós: a adolescência, com suas mudanças, com os seus valores (ou com a 
falta deles)...
 A adolescência, tal qual a conhecemos hoje em dia, é fruto de muitos estudos e avanços cientí� cos, 
transformações socioculturais, educacionais e psicológicas observadas a partir do século XIX. Antes disso, 
a adolescência não era vista como uma etapa do desenvolvimento humano e muito menos como categoria 
social. O período da adolescência, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai dos dez aos 
dezenove anos. Para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) brasileiro, essa etapa vai dos doze aos 
dezoito anos. Mas, e o que dizer de pessoas com mais de vinte anos que não querem nem ouvir falar em 
maturidade, responsabilidade, compromisso?
 Hoje em dia, foram incorporados novos conceitos para de� nir crianças que já começam a apresentar 
manifestações relacionadas à adolescência: são os pré-adolescentes. A faixa etária costuma oscilar entre 
oito e doze anos. Já aqueles que pretendem permanecer na adolescência por mais tempo, a psicopedagogia 
chama de adultescência. Esses jovens costumam � car muito tempo na faculdade, fazem cursos de 
pós-graduação, continuam dependentes dos pais e não se incomodam nem um pouco com a sua condição 
de “dependente” da família.
6 Filosofia
 
 As características marcantes dessa etapa são as mudanças físicas, biológicas e socio-afetivas. As 
características físicas são bem visíveis, e os jovens não costumam gostar muito. Em relação às transformações 
biológicas, os jovens observam essas mudanças com estranheza e, por isso, tentam buscar refúgio nos seus 
pares, ou seja, em outros adolescentes. É como se eles se entendessem sem ter que dar muitas explicações. 
Já em casa... com a família...as coisas começam a � car mais tensas, pois as mudanças sócio-afetivas não 
são percebidas de imediato pelos pais. Isso leva a alguns con� itos que são perfeitamente normais, mas que 
devem ser tratados com muita atenção. Os pais tendem a pensar que todos os valores e princípios morais 
e éticos que tentaram repassar aos � lhos se perderam em algum lugar. Na verdade, não ocorreu nada disso. 
O adolescente ainda reconhece os valores, mas parece que não quer demonstrar isso a ninguém.
 Nesse mesmo tempo de con� itos com a família, passam a surgir con� itos com outros jovens. Desses 
con� itos, surgiu um fenômeno que ainda não tem tradução para o nosso idioma: o Bullying. Esse fenômeno 
manifesta-se através da violência verbal e instaura-se um processo de intimidação entre colegas. Só no 
Brasil, cerca de 49% dos adolescentes estão envolvidos com esta prática e isso é muito grave. Estudos 
têm apontado os jovens do sexo masculino como os principais agressores, e, muitas vezes, essas atitudes 
recebem o respaldo dos familiares. As vítimas dessa prática, normalmente, mantêm-se passivas e inseguras, 
e as suas reações surgem através dos sintomas como dores de cabeça (crônicas), manifestação de ansiedade, 
fobias e pesadelos.
 Devido à observação dessa realidade de crescente violência e delinquência juvenis, têm crescido os 
estudos neurocientí� cos, psicológicos e sociais em torno desse fenômeno.
 Outra característica adquirida pelo adolescente dessa nossa Era é a relação direta com as tecnologias 
da informação e das telecomunicações. A Internet, ao mesmo tempo que permite ao jovem “acrescentar” 
muitos novos “amigos virtuais”, também permite a esse jovem manter as suas relações a uma considerável 
distância. Isso se dá pelo fato de o jovem entrar para dentro do seu “mundo” (o quarto) e estabelecer as 
regras das relações virtuais.
 Naquele ambiente, ele pensa que tem o controle da situação e, muitas vezes, deixa-se levar pelas 
muitas “armadilhas” que a rede trouxe para o cotidiano. Uma delas está ligada à prática de muitos jovens 
que criam uma “personalidade” diferente para si mesmo, se sentem seguras atrás do anonimato (que não 
é tão anômino assim). Esse tipo de atitude pode variar de uma simples e ingênua brincadeira a graves 
problemas com a sua própria identidade. Sem falar na grande quantidade de crimes que são cometidos via 
Internet.
 A união entre as inseguranças que chegam com a adolescência e o cômodo anonimato através da 
Internet têm resolvido um problema comum aos jovens. Acontece que a maneira pela qual o jovem é 
reconhecido pelo seu grupo (na escola, por exemplo) não confere com a maneira como esse jovem quer 
ser visto (ou se vê). É a desproporção entre a imagem que tem de si e o sentimento que carrega dentro de 
si. É como se todos estivessem vendo no jovem somente aquela espinha que acabou de nascer e não o que 
realmente ele é. Atrás do computador, isso não acontece, não é mesmo?
 As mudanças da vida social do adolescente é resultado de um intenso aprendizado social que vem 
das relações interpessoais e das regras da vida em família. Superada essa 
etapa, os conhecimentos são aplicados para o reconhecimento do mundo 
que o rodeia. Há uma tendência de esse círculo tornar-se cada vez maior, 
uma vez que o ser humano está sempre em busca do novo (no sentido de 
novidade). No entanto, viver em sociedade não é tarefa fácil, pois é preciso 
ter � exibilidade para responder aos estímulos, levando em conta o contexto 
em que o jovem atua. É necessário ter humor, iniciativa, planejamento e 
muitas outras habilidades.
 Mas isso só não basta, a nossa juventude está carente, também, de valores 
humanos, como o respeito mútuo, a paciência, a tolerância, o amor fraterno, 
a compreensão, a cooperação, a solidariedade, o perdão e... tantos outros.
A
ce
rv
o 
C
N
E
C
7Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
1. a FilosoFia e a CoNsCiÊNCia CrÍtiCa
Acervo CNEC
Falar da Filoso� a, por si só, já é um ato de � losofar... começar a questionar a Filoso� a, avançar para 
o âmbito da consciência crítica, ou seja, já existe o desenvolvimento de um pensamento � losó� co que 
requer uma maior atenção. Por isso, vamos ler o trecho a seguir, pois este pode começara nos dar algumas 
respostas importantes.
 “[...] A ciência parece estar sempre avançando, enquanto a Filosofi a parece estar sempre 
perdendo terreno. No entanto, isso só se deve ao fato de a Filosofi a aceitar a árdua e perigosa 
tarefa de lidar com problemas ainda não abertos aos métodos da ciência – problemas como o do 
bem e do mal, da beleza e da feiura, da ordem e da liberdade, da vida e da morte; tão logo um 
campo de investigação gera conhecimento suscetível de uma formulação exata, é chamado de 
ciência – toda ciência começa como Filosofi a e acaba como arte; surge na hipótese e fl ui para a 
realização. Filosofi a é uma interpretação hipotética do desconhecido (como na metafísica) ou do 
conhecido de forma inexata (como na ética ou na Filosofi a política); é a trincheira adiantada no 
cerco à verdade. Ciência é o território capturado; e por detrás dele fi cam as regiões seguras nas 
quais o conhecimento e a arte constroem o nosso mundo imperfeito e maravilhoso. A Filosofi a 
parece estar parada, perplexa; mas isto é só porque ela deixa os frutos da vitória para suas 
fi lhas, as ciências, enquanto ela própria segue adiante, devidamente descontente, em direção ao 
incerto e ao inexplorado.”
 Will Durant. A História da fi losofi a. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996, p.26 
 
 Na Grécia Clássica, a Filoso� a surgiu para romper com o discurso mítico e para pensar o mundo a 
partir de uma racionalidade inerente ao ser humano. Esse novo modo de pensar buscava uma resposta 
mais sensata para a explicação dos fenômenos da natureza. Tanto se avançou nesse aspecto que os quatro 
principais elementos da natureza — Água, Terra, Fogo e Ar — propostos por Empédocles, continuam 
sendo válidos, e não houve desenvolvimento tecnológico que derrubasse essa “verdade” herdada da Grécia 
dos pré-socráticos.
 A Filoso� a foi avançando até chegar em Sócrates, que a tomou como um estilo de vida e não apenas 
como uma nova maneira de abordagem dos fatos e dos fenômenos. A palavra Filoso� a origina-se do 
grego philos (gostar muito de, amar) e sophia (saber, sabedoria). Portanto, a Filoso� a foi muito bem 
representada por Sócrates na defesa de um conhecimento que se aproximasse, o máximo possível, da 
8 Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
verdade, num estilo de vida marcado pelo prazer na busca do conhecimento. Por hora, essa abordagem 
nos é su� ciente para explicar o ato de � losofar acompanhado de virtudes tão essenciais quanto a verdade 
e o amor.
 Se as nossas ações são pautadas pela verdade e pelo amor, então pode-se esperar do ser humano 
atitudes positivas e de muita qualidade na constituição de uma sociedade mais justa.
 Uma das frases mais famosas de Sócrates era a que dizia: “Conhece-te a ti mesmo.” E, baseando-nos 
nela, podemos iniciar a nossa investigação, partindo de nós mesmos.
PráxisPráxis
1 É hora de refl etir muito e responder a uma pergunta que é, aparentemente, muito simples, mas que 
esconde muitas dúvidas. Diga-nos, então:
 Por que tenho medo de lhe dizer quem sou?
 Segundo Heerdt (2005, p.15), “pode-se dizer que a essência do � losofar é a re� exão. A palavra re� exão 
tem vários signi� cados que possuem relação direta com o trabalho � losó� co: revelar, mudar de direção, 
desviando da direção inicial, retomar, retroceder, reconsiderar os dados disponíveis, pensar de forma 
madura, meditar, revisar, analisar, examinar, prestar atenção...”
 Além de tudo isso, a Filoso� a pressupõe um amplo conjunto de conhecimento que nos permite ver 
o mundo de outras maneiras, possibilitando, ainda, às pessoas, mudar a sua forma de agir em relação à 
realidade que nos cerca.
 É importante analisarmos de maneira honesta o fato de que não é qualquer tipo de conhecimento 
que nos satisfaz. Se o conhecimento não é verdadeiro, de que vale ele? A verdade é bem diferente de 
vontade. Muitas vezes, as pessoas querem impor a sua vontade na forma de “verdade” e isso não costuma 
funcionar. Na adolescência isso acontece pelo fato de os jovens adotarem uma postura na qual acham que 
o “mundo” está contra eles. Na verdade não é bem assim, pois ao desenvolver a consciência crítica do que 
seja realmente a realidade, o jovem acaba percebendo que o “mundo” não está contra ele, mas ele é que 
precisa de um pouco de re� exão em relação ao que a Filoso� a pode ajudar: é a Filoso� a dos valores. Aquela 
que nos mostra que todos nós queremos o que há de melhor e isso não signi� ca ter que “passar por cima” 
dos valores para se conseguir a qualquer custo o que se deseja.
 A consciência crítica se manifesta quando nós nos propomos a pensar sobre a realidade de maneira 
mais aprofundada, tem a ver com o fato de observar se estamos, por exemplo, fazendo alguma coisa 
com conhecimento de causa, ou seja, ter o saber necessário sobre a situação e, além disso, conhecer as 
consequências dos nossos atos. Isso equivale a dizer que a consciência é o que nos permite conhecer 
alguma coisa, ou alguém, ou a nós mesmos. Por isso é tão difícil conceituar a consciência, pois equivale a 
ter percepção do que se passa com a gente e ao nosso redor, é ter capacidade de julgar as nossas próprias 
ações, com senso de responsabilidade e retidão de caráter.
 Segundo Hector Leguizamon (2008, p.14), em termos de consciência e linguagem “costuma-se 
dizer que os recém-nascidos não têm ainda uma consciência plenamente de� nida, uma vez que não são 
capazes de ordenar a informação que recebem dos sentidos. A identidade costuma aparecer junto com a 
linguagem. Se não estamos convencidos disso, basta tentar descrever as primeiríssimas lembranças que 
temos.” Nessa citação, o autor chama a atenção para o fato de que na medida em que conhecermos mais, 
aprimoramos a nossa consciência, mas, para isso, temos que desenvolver a linguagem, pois é a partir dela 
que cresce a nossa capacidade de compreensão sobre o mundo, inclusive o que nos rodeia.
 Por que será que cada dia mais a leitura é essencial? O que na verdade, a leitura nos proporciona? Que 
tipo de conhecimento a leitura nos possibilita? O que tem a ver a leitura com conhecimento? E o que tem 
isso tudo a ver com a consciência?
9Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
Exercícios de salaExercícios de sala
2 Não é fácil ser adolescente em um mundo em constantes e rápidas transformações. Mas já que esta é 
a realidade, tente expor, através das palavras, a sua visão de mundo. Como um adolescente enxerga a 
realidade de hoje?
 ___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
3 Sobre o texto de Will Durant, como você enxerga a Filosofi a e a sua importância no mundo de ontem e 
de hoje?
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4 Por que se diz que a essência do fi losofar está na refl exão?
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___________________________________________________________________________________
5 Como se desenvolve a consciência crítica?
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___________________________________________________________________________________
1.1 A autoanálise e o desenvolvimento da consciência
FELIPINHO,
O QUE É ESSA TAL DE
AUTOANÁLISE? ORA, MARINA.
É A ANÁLISE QUE VOCÊ FAZ
DE VOCÊ MESMO.
MAS E SE
EU NÃO QUISER ME
ANALISAR? EU SOU
OBRIGADA?
CLARO QUE NÃO.
NINGUÉM É OBRIGADO A
FAZER AUTOANÁLISE. NÓS
COSTUMAMOS FAZER ISSO EM
BUSCA DO CONHECIMENTO
EM RELAÇÃO A NÓS
MESMOS.
MAS EU QUERO
 ME CONHECER. ENTÃO FAÇA UMA
AUTOANÁLISE.
COMO É QUE VOCÊ
QUER CONHECER O MUNDO,
AS COISAS, AS OUTRAS PESSOAS,
SE VOCÊ NÃO CONHECE
NEM A SI MESMO?
É VERDADE.
EU NÃO TINHA PENSADO
NISSO. PRIMEIRO EU TENHO
QUE ME CONHECER, PARA
DEPOIS CONHECER O
MUNDO. É, GOSTEI
DESSA IDEIA.
AINDA BEM.
PORQUE NÃO ÉUMA
QUESTÃO DE GOSTAR...
NÓS PRECISAMOS
APRENDER A NOS
CONHECER.
Acervo CNEC
10 Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
 Quando foi a última vez que você se 
perguntou: “Quem sou eu?”, “O que eu quero 
ser?”, “Para onde estou indo?”, “O que é que 
espero do futuro?”, “Quais os meus princípios e 
valores construídos?”, “Aquilo que sinto me faz ser 
eu?”, “Como saberei quem sou?”, “Por que tenho 
necessidade de conhecer-me, de ter consciência do 
meu eu?”.
SER OU
NÃO SER 
EIS A
QUESTÃO... 
QUEM SOU EU?
SER? SERÁ QUE SOU?
SEREI? O QUÊ? QUEM? 
O QUE REALMENTE
QUERO PARA MIM?
Acervo CNEC
 Poderemos responder a essas questões 
segundo o conselho de Santo Agostinho: “Não 
vá para fora, volte-se a si mesmo. No interior do 
homem habita a verdade”. A busca da identidade 
própria, de acordo com os nossos desejos e com 
a nossa personalidade consiste em buscar por 
mudanças, e em re� etir sobre nossas capacidades, 
sobre nossas potencialidades, nossas carências 
e nossos interesses. Somos chamados a sermos 
pessoas plenas,para fazer-nos homens e mulheres 
profundos, capazes de uma existência potente, 
compreendendo-nos e aceitando-nos exatamente 
como somos, para, então, procurarmos nos 
transformar naquilo que queremos ser.
 Infelizmente, essa não é a atividade mais 
apreciada por grande parte dos jovens. Olhar para 
dentro de si soa como o desvendar de algo que 
eles ainda não estão preparados para enfrentar. 
Já pensou ter que reconhecer em si aquilo que 
é negado há tempos. Decididamente não é bem 
isso o que querem. Querem poder continuar 
olhando o mundo à sua volta com o olhar crítico 
com que fazem os julgamentos dos outros, como 
se não � zessem parte desse universo de jovens. 
Impaciente, a maioria dos jovens não espera se 
decifrar, mas prefere decifrar o outro ou o mundo 
que o rodeia.
 A Filoso� a exige um exercício constante de 
questionamentos sobre si mesmo e sobre o mundo 
que nos cerca. A posição crítica de si mesmo é o 
que possibilita ao ser humano avançar na busca de 
um autoconhecimento efetivo. É através da arte 
de questionar e de raciocinar sobre os fenômenos, 
que a humanidade tem avançado no sentido 
de buscar a solução para os muitos problemas 
inerentes à existência. Você já sabe quem é você? 
Você conhece bem os seus desejos, os seus anseios 
e as suas frustrações? A autoanálise é um bom 
começo...
 “Aquele que obtém uma vitória sobre outros 
homens é forte; porém, quem consegue vencer a si 
mesmo é todo poderoso.”
 Lao-Tsé
 CONSCIÊNCIA E IDENTIDADE
 “Embora a consciência seja um conhecimento 
espontâneo do mundo, também se pode considerar 
que a consciência permite ao mesmo tempo descobrir 
e afi rmar a existência do que somos diante desse 
mundo. No século XVIII, o fi lósofo francês René 
Descartes, ao procurar uma verdade da qual não 
podia duvidar, depois de descartar o mundo sensível 
e as supostas verdades do raciocínio porque podiam 
encerrar algum engano, chegou à conclusão de que 
a única coisa indiscutível é a realidade de nosso 
pensamento enquanto pensamos. Isso implica que 
nossa identidade se encontra exclusivamente na 
atividade constante da mente entendida como algo 
distinto do corpo”.
Hector Leguizamon. Filosofi a: origens, conceitos, escolas e pensadores. 
São Paulo: Escala Educacional, 2008, p.14
 
 René Descartes (1596 – 1650) é considerado 
o pai da Filoso� a moderna. O seu maior desejo 
era realmente ter certeza em relação às coisas e ao 
mundo. A sua primeira atitude foi, portanto, a 
de negar as verdades já preestabelecidas e, através 
do pensamento, isto é, do uso da razão, buscar a 
resposta mais verdadeira possível. Por isso, a sua 
famosa frase: “Penso, logo existo!”. Se eu penso, 
então eu existo. Se 
nós existimos nós 
precisamos saber 
quem realmente 
nós somos: eis a 
autoanálise para 
nos ajudar a buscar 
as respostas em 
relação às dúvidas 
que temos sobre 
nós.
Disponível em:
<sumateologica.fi les.wordpress.com>.
Acesso em: 10 nov. 2010.
11Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
 Leia este texto atentamente:
O VALOR SIMBÓLICO DO ALFERES
 No conto O espelho, de Machado de Assis, um adolescente é nomeado alferes 
do exército. Vestido com a sua garbosa farda, ele vai visitar a tia no interior do Rio 
de Janeiro. Lá é recebido com toda a pompa e circunstância. Afi nal, agora ele é 
alguém, um alferes. Começa a notar estranhas transformações em si: a fala se 
torna um tanto postiça, seus gostos são incertos. Ele parece não estar à vontade 
em sua farda. Logo, essa sensação desaparece, na medida em que se percebe 
reconhecido pela tia. Ela passa a acreditar em seu personagem.
 Mas eis que a tia e sua comitiva se retiram por algum tempo da fazenda e ele 
fi ca só com os escravos. Aqui começam os problemas. Os escravos continuam sua 
faina de trabalho, e nada lhe falta para a subsistência.
 Mesmo assim, falta alguma coisa. Não é solidão, pois os escravos lhe fazem 
companhia. Ocorre que estes têm pouco a dizer sobre sua nova condição de alferes, 
não lhe dedicam um reconhecimento especial. Ele volta a ser apenas o sobrinho 
da tia. Segue-se uma perturbadora sequência de angústia, pesadelo, tristeza e até 
fenômenos de estranhamento do corpo e do espaço no qual ele está. Enfi m, resolve 
o problema. Veste-se com a tal farda e posta-se diante do espelho, recuperando 
assim o viço e a satisfação de si.
 O olhar adolescente: os incríveis anos de transição para a idade adulta, no 1, 2007, p. 14-15
Exercícios de salaExercícios de sala
6 Que tipo de consciência é possível desenvolver 
com a autoanálise? Ela é importante? Justifi que.
 _____________________________________
_____________________________________
____________________________________
____________________________________
 
7 Analise o conselho de Santo Agostinho do ponto 
de vista da consciência e da autoanálise. “Não 
vá para fora, volte-se a si mesmo. No interior do 
homem habita a verdade”.
 _____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
8 Qual a relação que pode ser estabelecida entre 
o conselho de Santo Agostinho e o pensamento 
de René Descartes?
 _____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
9 Analise o texto “O valor simbólico do Alferes” 
e explique o papel do espelho no contexto do 
conto.
 _____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
_____________________________________
10 Agora é com você. A cada dia que passa, o ser 
humano tem a oportunidade de aperfeiçoar suas 
qualidades e de lapidar os seus defeitos. Essa 
atitude faz parte da vida daqueles que traçam 
projetos para o futuro. Pensando em você e no 
seu futuro, preencha o quadro a seguir com as 
suas virtudes e os seus defeitos.
 
Virtudes Defeitos
12 Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
1.2 Espírito de sacrifício e renúncia
É ISSO MESMO! DE 
HOJE EM DIANTE 
VAMOS PENSAR BEM 
NO QUE PODEMOS
SACRIFICAR, E ATÉ
RENUNCIAR, PARA
GARANTIRMOS
RESULTADOS 
MELHORES
PARA O 
NOSSO 
FUTURO.
SABE DE UMA COISA,
COLEGAS? ACHO QUE NÓS
DEVIAMOS ADOTAR O ESPÍRITO
DE SACRIFÍCIO E A RENÚNCIA
ÀS NOSSAS VIDAS.
EU ACHO QUE 
ESTÁ ME FALTANDO UM POUCO
DESSES VALORES EM RELAÇÃO AOS
MEUS ESTUDOS.
ACHO QUE TEM SIM...
OLHA BEM PRÁ GENTE!!!
COMO NÓS TEMOS GASTO
O NOSSO TEMPO??
ISSO É MUITO BOM.
POIS NÓS DEVEMOS
ADOTAR ATITUDES
POSITIVAS
NA VIDA DA GENTE. E
RECONHECER
QUE PODEMOS MUDAR
UMAS POUCAS COISAS,
RENUNCIAR A PEQUENAS
COISAS, PODE NOS
LEVAR A CONQUISTAR
OUTRAS, ÀS VEZES BEM
MAIORES.
A MINHA MÃE
VIVE ME FALANDO
QUE EU FICO POR CONTA
SÓ DAS COISAS DA
ESCOLA E NÃO FAÇO NADA
DIREITO SERÁ QUE TEM
ALGUMA COISA A VER
COM O ESPÍRITO
DE SACRIFÍCIO
E RENUNCIA?
EU TAMBÉM ANDO
PRECISANDO RENUNCIAR A 
ALGUMAS COISAS PARA ME
DEDICAR AOS ESTUDOS.
EU PRECISO MELHORAR A
QUALIDADE DAS MINHASTAREFAS.
ACHO QUE VOU DIMINUIR O 
TEMPO DEDICADO AO SKATE.
EU PRATICAMENTE PASSO
A TARDE INTEIRA SÓ
BRINCANDO...
EU PODERIA FICAR MENOS TEMPO NO COMPUTADOR
E DAR UMA ATENÇÃO ESPECIAL AOS LIVROS QUE EU
TENHO QUE LER. EU VOU
CONCILIAR
MELHOR AS MINHAS
ATIVIDADES ESPORTIVAS
COM MEUS ESTUDOS.
ESTOU PRECISANDO
MELHORAR
O DESEMPENHO NA 
ESCOLA.
ACHO QUE A VIRTUDE
DO ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO
E DA RENÚNCIA JÁ
COMEÇOU A CONTAGIAR
A GENTE.
E VOCÊ?? JÁ PENSOU O QUE PRETENDE RENUNCIAR E A
QUE SE SACRIFICAR PARA MELHORAR SUA VIDA??
É PRECISO TER CORAGEM PARA TOMAR
ESSA DECISÃO...
A
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13Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
 “De todas as virtudes, a coragem é sem dúvida a mais universalmente admirada. Fato raro, o 
prestígio que desfruta parece não depender nem das sociedades, nem das épocas, e quase nada 
dos indivíduos. Em toda parte a covardia é desprezada; em toda parte a bravura é estimada. As 
formas podem variar, claro assim como os conteúdos: cada civilização tem seus medos, cada 
civilização suas coragens. Mas o que não varia, ou quase não varia, é que a coragem, como 
capacidade de superar o medo, vale mais que a covardia ou a poltronice, que ao medo se 
entregam. A coragem é a virtude dos heróis; e quem não admira os heróis?
 Essa universalidade, porém, não prova nada, seria até suspeita. O que é universalmente 
admirado o é, portanto, também pelos maus e pelos imbecis. São eles tão bons juízes assim? 
Além do mais, admiramos também a beleza, que não é uma virtude; e muitos desprezam a 
doçura, que o é. O fato de a moral ser universalizável, em seu princípio, não prova que ela seja 
universal em seu sucesso. A virtude não é um espetáculo e não lhe importam os planos.”
 André Comte-Sponville. Pequeno tratado das Grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p.51
 
 O poder do ser humano é algo que não pode ser mensurado. Todas as transformações que as sociedades 
vêm experimentando ao longo da existência humana é algo formidável. A ideia de poder esta diretamente 
ligada à capacidade que tem o sujeito de agir sobre o meio que o cerca, sobre as coisas que existem, sobre 
os outros seres vivos, sobre o seu semelhante, mas, principalmente, sobre si mesmo. O poder de agir 
sobre si mesmo se re� ete na tomada de decisão. Eis, então, a importância das virtudes como o espírito 
de sacrifício e a renúncia. Você está disposto a se sacri� car para alcançar o quê? Você pretende sacri� car o 
que na sua vida? A que você pretende renunciar? Renunciar para quê? O que eu vou “ganhar” com isso? 
Chegamos ao ponto.
 Nós temos o poder de agir sobre nós mesmos e decidir sobre as coisas que vão fazer a diferença em nossas vidas.
 Aí está o poder que nós temos. Aí, também, estão os valores e as virtudes que nós poderemos incorporar 
às nossas vidas, ou não. Ninguém decide isso por nós. É uma decisão só nossa, solitária, isolada. Por isso, 
quanto mais elementos tivermos para contar a favor da nossa decisão, tanto melhor será o resultado. 
Vamos conhecer, agora, um exemplo que a história nos dá de espírito de sacrifício e renúncia.
 A Filoso� a traz como um dos grandes exemplos dessa virtude, Sócrates.
ATENIENSE MODELO
 Sócrates (470/400 a.C) é o melhor exemplo de cidadão ateniense. Ele viveu a maior parte do tempo 
debatendo na Ágora. Foi lá que discutiu a Filosofi a e a política, buscando a verdade e o bem moral, fato este 
que o coloca como marco, rompendo com os sofi stas no que diz respeito às soluções 
dadas por eles. No começo de sua vida, foi escultor como seu pai e mantinha uma 
vida modesta. Foi soldado na guerra do Peloponeso. Por volta de 404 a.C , foi eleito 
Senador, renunciando por não concordar com a política dos Trinta Tiranos.
 Na maior parte do tempo, de forma irônica, ele mantinha uma dinâmica dialética 
com os demais cidadãos, sempre dizendo que não sabia nada (só sei que nada sei 
de tudo quanto sei), e investigando os que diziam “saber”. Na Ágora, em forma de 
palavra, Sócrates deixou seu maior tesouro, sua forma de pensamento que infl uenciaria 
profundamente toda a história da Filosofi a; também foi lá que o silenciaram, condenando-o 
à morte por perverter a juventude e por não cultivar os deuses da cidade.
Adaptado de Revista Filosofi a Especial-Grécia, no 1, 2007
 “Sócrates não deixou nada escrito por uma razão especial: ele entendia que o escrito jamais 
poderia ser utilizado para o seu fi losofar. Da maneira especial que o desenvolveu, tudo fi cava 
dependente do diálogo vivo, das mudanças de rota criadas a partir dos movimentos do interlocutor. 
Foi isso que ele deixou claro, no registro platônico do Fedro, dizendo que quando se pergunta 
algo a um livro, mesmo que a pergunta se altere, o livro volta com a mesma resposta. De fato, foi 
exatamente por essa razão que Sócrates não deu atenção para a escrita. [...]
 Sócrates apresentou-se ao tribunal por causa de três acusações feitas por três atenienses. 
As acusações foram analisadas pelo próprio Sócrates, no início da sua defesa. Segundo seus 
acusadores, ele deveria ser punido por corromper a juventude, por não acreditar nos deuses em 
que a cidade acreditava e, por fi m, por acreditar em novos deuses.
 O mundo como Platão falou a respeito de Sócrates marcou a história da Filosofi a, pois ele não 
começou pelo início, mas sim pelo fi m. Seu texto, mais próximo de um relato histórico, que é A 
defesa de Sócrates, mostra seu mestre já perto dos setenta anos, diante dos quinhentos jurados 
que, enfi m, o condenaram à morte. Nesse texto, Platão coloca Sócrates explicando o que o levou 
a fi losofar.
Paulo Ghiraldelli. Jr. História Essencial da Filosofi a. São Paulo: Universo dos livros, 2009, vol1, p 40-41
14 Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
 No processo de desenvolvimento humano, renunciar a muitas coisas para se alcançar outras, faz parte 
da vida. Sócrates, por exemplo, renunciou à própria vida para não ser visto como contraditório. Essa 
atitude de sacrifício pelos seus ideais levou-o a aceitar a condenação à morte e a cumpri-la � elmente. No 
entanto, nem todas as pessoas estão dispostas a se sacri� car pelos seus ideais.
 Os valores fazem parte de nossas vidas. Todos temos valores que in� uenciam nas decisões que 
tomamos. 
 Os valores são a chave que oportunizam o viver mais plenamente e desenvolvem nosso potencial.
 Então, é bom re� etir:
• Aceito-me como sou? Ou estou em con� ito comigo mesmo, incomodando-me com minhas limitações?
• Nego-me a oportunidade de mudança? O que tenho feito com minhas pequenas conquistas? Estou 
ciente de que a vida é um presente pessoal?
• Sempre minhas respostas estão certas? Estou aberto a ouvir críticas que me fazem crescer como pessoa?
• Como manifesto minhas emoções e meus sentimentos?
• Como penso? Sou extremista, do tipo que pensa que existem somente duas alternativas na vida?
• Sinto-me bem ou incomodo-me nas relações interpessoais?
• Aceito com generosidade e com perdão os erros alheios ou vivo julgando e condenando limites e 
comportamentos dos meus amigos?
• Como os outros me veem? Tenho receio de não ser aceito num grupo? Estou agindo e sou conforme as 
expectativas dos que me cercam?
 A vida em sociedade requer estes e outros questionamentos. Para manter uma boa relação consigo 
mesmo e com os mais variados grupos dos quais fazemos parte, é imprescindível estarmos preparados para 
renunciar ao “eu” em prol do “coletivo”. Nesse sentido, o texto a seguir nos remete a grandes re� exões.
 
 “Triste daquele que não sabe sacrifi car um dia de prazer em prol de seus deveres para com a 
humanidade”.
 Rousseau
 
 A vida humana tem uma lei que diz “devemos usar as coisas e amar as pessoas”. Para viver esta lei e viver 
bem com o outro, é preciso primeiro viver bem consigo mesmo, con� ar nas próprias possibilidades e dedicar-
se com entusiasmo àquilo que se está fazendo. Se nos propusermos a evoluir, humana e espiritualmente, é 
porquesabemos que somos a medida de todas as coisas por sermos a entrada e a saída do amor.
 A capacidade de opinar, de decidir precisa ser acompanhada pela crença de que somos capazes de 
renunciar e de nos sacri� car quando se � zer necessário. Renunciar a algo para dar um sentido mais nobre 
e amplo à vida nos proporciona mais alegria. Sacri� car-se vencendo a banalização da vida, em evolução, 
para tornar-se pessoa plena, com espírito de sacrifícios sustentados pela força da alma e do amor altruísta 
nos farão pessoas melhores, empenhadas em praticar referenciais externos e de coletividade.
 A maior missão do homem é dar a luz a si mesmo, é tornar-se aquilo que ele é potencialmente.
Erich Fromm
 
 Leia com atenção o texto a seguir:
A CHAMA DA ALMA
 Havia um rei que, apesar de muito rico, tinha a fama de ser generoso e desapegado de sua riqueza. De 
forma bastante estranha, quanto mais ele doava em auxílio ao povo, mais os cofres de seu fabuloso palácio 
se enchiam.
 Certo dia, um sábio que estava passando por muitas difi culdades procurou o rei. Queria descobrir qual 
era o segredo do monarca.
 Como sábio, ele não conseguiu entender a razão de o rei, que não estudava as sagradas escrituras nem 
levava uma vida de penitência e renúncia, viver rodeado de luxo e riquezas, não se contaminar com tantas 
coisas materiais. Afi nal, o próprio sábio, que havia renunciado a todos os bens da Terra e vivia meditando e 
estudando, reconhecia-se com a alma inquieta. Enquanto vivia em tormento, o rei era virtuoso e amado por 
todos.
15Filosofia
A filosofia e a consciência crítica
 Apresentando-se diante do rei, o sábio perguntou-lhe qual era o segredo de viver daquela forma. E o 
regente lhe respondeu: “Acenda uma lamparina, percorra todas as dependências do palácio e você descobrirá 
qual é o meu segredo”.
 Mas havia uma condição, acrescentou o rei: “Se você deixar que a chama da lamparina se apague, cairá 
morto no mesmo instante”.
 O sábio pegou uma lamparina, acendeu-a e começou a visitar todas as salas do palácio. Duas horas 
depois, voltou à presença do rei, que lhe perguntou: “Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?”
 O sábio, ainda trêmulo pela tensão de manter acesa a chama para não perder a vida, respondeu: 
“majestade, eu não vi absolutamente nada. Estava tão preocupado com a chama da lamparina que só fui 
passando pelas salas e não notei nada”. 
 Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou seu segredo: “Pois é assim que eu vivo. Tenho toda a 
atenção voltada em manter acesa a chama da minha alma. Embora possua tantas riquezas, elas não me 
afetam. Tenho consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com minha presença, não o 
contrário”.
 Maria Fernanda Nogueira Mesquita. Valores Humanos na Educação: uma nova prática na sala de aula.
São Paulo: Editora Gente, 2003, p.62-63
EU NÃO CONSIGO.
OU FAÇO UMA COISA OU
FAÇO OUTRA...
TUDO É POSSÍVEL. O QUE PODE
ESTAR FALTANDO NA SUA
VIDA É UM POUQUINHO
DE ORGANIZAÇÃO. QUANDO
ESTABELECEMOS METAS,
NÓS CRIAMOS AS
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS
PARA ALCANÇÁ-LAS. SE FOR
PRECISO RENUNCIAR A
ALGUMA COISA, NÃO SERÁ
PROBLEMA. MAS, NESSE CASO,
É APENAS UMA QUESTÃO
DE ORGANIZAÇÃO DA SUA PARTE.
FELIPINHO, VOCÊ ESTÁ DISPOSTO
A RENUNCIAR O SEU LAZER, O
ESPORTE, PARA ESTUDAR? CLARO. MAS ENTENDA QUE
NÃO É PRECISO ABDICAR 
DESSAS ATIVIDADES.
É POSSÍVEL FAZER AS DUAS
COISAS E MUITO MAIS.
 Acervo CNEC
Exercícios de salaExercícios de sala
11 Como você conceitua a virtude do espírito de sacrifício e a renúncia?
 ___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
12 Por que é preciso ter coragem para adotarmos essa virtude (espírito de sacrifício e renúncia) na nossa 
Vida?
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