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6
25
WESLEY SOARES DE PAULA
O DIREITO PENAL SIMBÓLICO E A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA SOCIEDADE E NO PROCESSO LEGISLATIVO BRASILEIRO
Divinópolis
2023
WESLEY SOARES DE PAULA
O DIREITO PENAL SIMBÓLICO E A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA SOCIEDADE E NO PROCESSO LEGISLATIVO BRASILEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
Orientadora: Nathaly Borges
Divinópolis
2023
WESLEY SOARES DE PAULA
O DIREITO PENAL SIMBÓLICO E A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA SOCIEDADE E NO PROCESSO LEGISLATIVO BRASILEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Divinópolis, ______ de __________ de ______.
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por me guiar nos retos caminhos. Aos meus pais, Albis e Valquíria, que nunca mediram esforços para que eu pudesse alcançar meus objetivos e por me ensinarem os mais preciosos valores que o Homem pode aprender.
“Leis inúteis enfraquecem as leis necessárias”
9
9
(Charles de Montesquieu)
PAULA, Wesley Soares de. O Direito Penal Simbólico e a influência dos meios de comunicação na sociedade e no processo legislativo brasileiro. 2023.Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera, Divinópolis, 2023.
RESUMO
Muito se fala no denominado fenômeno do Direito Penal simbólico, relacionando-o à efervescência dos pleitos populares, que tomam proporções consideráveis principalmente por meio das redes sociais. Essa “onda” de mobilizações sociais, seja na realidade virtual ou fática, uma perceptível inflação legislativa criminal, denunciando a inversão e/ou desentendimentos quanto à concepção e à função do Direito Penal, bem como o simbolismo das leis penais, são fatores que se encontram intrinsecamente relacionados, de modo que se apresenta controverso e dificultoso a identificação do que é fator gerador e o que é consequente, vez que o fenômeno se demostra cíclico. No entanto, verifica-se algo em comum na análise desses fatores, qual seja: a ineficiência estatal em gerir seus problemas. Nesse sentido, este estudo se propõe a examinar o fenômeno do direito penal simbólico à luz da crescente demanda popular para o enfrentamento dos problemas sociais, com vistas a buscar a compreensão da crescente inflação e inversão da legislação penal nesse contexto. Conceito de direito penal. Como resultado, observou-se por meio de métodos dedutivos e pesquisa bibliográfica que o direito penal não atende adequadamente a maioria das necessidades sociais, como o combate à violência e à corrupção, temas constantes na pauta da mobilização social. Ao contrário, esse ramo do direito, como manifestação da ratio primária, como direito penal simbólico, além do prejuízo aos poderes públicos, especialmente os poderes legislativo e judiciário, pode causar inflação legislativa e consequente ineficácia legal, além descreditar o poder público, destacadamente o poder legislativo e o poder judiciário. 
Palavras-chave: Direito Penal Simbólico. Sociedade Brasileira. Cidadania. Efetivação de Direitos.
PAULA, Wesley Soares de. Symbolic criminal law and the influence of the media in society and in the Brazilian legislative process. 2023. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera, Divinópolis, 2023.
ABSTRAT
Much is said about the so-called phenomenon of symbolic Criminal Law, relating it to the effervescence of popular lawsuits, which take considerable proportions mainly through social networks. This “wave” of social mobilizations, whether in virtual or phatic reality, a perceptible criminal legislative inflation, denouncing the inversion and/or misunderstandings regarding the conception and function of Criminal Law, as well as the symbolism of criminal laws, are factors that are intrinsically related, so that it is controversialand difficult to identify what is a generating factor and what is consequential, since the phenomenon is cyclical. However, there is something in common in the analysis of these factors, namely: the state's inefficiency in managing its problems. In this sense, this study proposes to examine the phenomenon of symbolic criminal law in the light of the growing popular demand to face social problems, with a view to seeking to understand the growing inflation and inversion of criminal legislation in this context. Criminal law concept. As a result, it was observed through deductive methods and bibliographic research that criminal law does not adequately meet most social needs, such as the fight against violence and corruption, constant themes on the agenda of social mobilization. On the contrary, this branch of law, as a manifestation of the primary ratio, as symbolic criminal law, in addition to the damage to public powers, especially the legislative and judicial powers, can cause legislative inflation and consequent legal ineffectiveness, in addition to discrediting the public power, notably the legislative powerand the judiciary.
Keywords: Symbolic Criminal Law. Brazilian society. Citizenship. Enforcement of Rights
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CP	Código Penal
CF	Constituição Federal
IBGE	Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBICT	Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
NBR	Norma Brasileira
		SUMÁRIO
RESUMO	6
ABSTRAT	7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS	8
SUMÁRIO	9
1. INTRODUÇÃO	10
2. O DIREITO PENAL SIMBÓLICO	13
2.1 DIREITO PENAL SIMBÓLICO E SEUS EFEITOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO	13
2.2 O SIMBÓLICO NO DIREITO PENAL	15
2.3 A INTERFERÊNCIA DAS MÍDIAS NA PRODUÇÃO LEGISLATIVA PENAL BRASILEIRA	16
3. O DIREITO PENAL E A PROMESSA DE SEGURANÇA	20
3.1 A SEGURANÇA SIMBÓLICA	23
3.2 AS CONSEQUÊNCIAS PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA	24
4. A INFLUENCIA E A PRESSÃO MIDIÁTICA SOBRE O JUÍZO DE PENALIDADE E DIREITO SIMBÓLICO	26
4.1 MÍDIA E DIREITO PENAL SIMBÓLICO	32
4.2 A MÍDIA COMO “QUARTO PODER”	33
4.3 INFLUÊNCIA MIDIÁTICA NO DIREITO PENAL SIMBÓLICO	36
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS	41
REFERÊNCIAS	43
	
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa fazer uma discussão em torno do que a doutrina justamente chama de “Direito Penal Simbólico Brasileiro”, ainda que de forma muito modesta, a fim de permitir uma reflexão crítica sobre o sistema penal brasileiro. Isso porque, principalmente pela influência da mídia, divulgando informações distorcidas e visando especificamente os interesses da elite brasileira, há sérias consequências para esse ramo do direito que vem sendo saqueado e utilizado como uma verdadeira panaceia. O crime e a violência existente causada pelo crime é totalmente infame na advocacia por sua incapacidade de lidar efetivamente com o problema devido à falta de uma política criminal séria, realista e firme para com a sociedade que, de fato, possa fornecer as condições para enfrentar o grave problema, a situação do Brasil. 
Justifica-se este estudo, o fato que o direito penal simbólico é muito comum em nosso ordenamento jurídico, mas raramente percebido pelo público. Esse fenômeno tem causado grande atrito entre os três poderes da república e a sociedade, causando insatisfação com as medidas implementadas e demandas por “novas leis”, ainda mais alimentadas pelos meios de comunicação individuais e coletivos. A sociedade atual, marcada pelos riscos da revolução tecnológica, assusta-se com o discurso de medo difundido pelo governo, pelo mercado e pela mídia, que por sua vez clama por segurança e acredita que isso pode vir justamente da aplicação de medidas penais. Em seguida, há o direito penal simbólico, nome do direitopenal de emergência, cuja função está longe da real missão do direito penal e mais próxima da finalidade política. Nesse contexto, o trabalho trará vários aspectos do Direito, Psicologia e Sociologia, trabalhando o conceito de Direito Penal Simbólico, demonstrando como as influências podem ser benéficas ou prejudiciais à sociedade, através da apresentação de duas situações concretas, e quais os efeitos a médio e longo prazo podem ser causados por excesso de simbolismos penais.
Partindo da problemática: O que é uma lei simbólica por que elas existem sua finalidade e o seu impacto efetivo na realidade jurídica? A legislação simbólica traz poucas respostas efetivas à criminalidade e é identificada nas Leis Penais como fim de solucionar problemas apenas para confirmar valores sociais, demonstrar a capacidade de ação do Estado e adiar a solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios. Quanto mais expansiva a mídia (um fenômeno relativamente novo do ponto de vista histórico), quanto maior o impacto e o impacto da informação no público, A influência na política é ainda maior. método comunicar explicações e modelos, quando não estão criando, Necessidades da sociedade por segurança, requisitos, em Inconscientemente ou às vezes diretamente, o movimento legislatura. Em outras palavras, a mídia incorpora papel mediador entre a sociedade e a política. Nenhuma outra parte terá poder considerável para decidir as ideias e necessidades da sociedade. centro de decisão A legislatura passa do plenário das Casas do Parlamento para jornais, revistas, sites e canais de televisão. Logo, diante do exposto, o escopo geral do resumo expandido foi analisar a utilização do direito penal simbólico pela classe política e suas implicâncias à sociedade brasileira. Para tanto, foram definidos como objetivos específicos: definir e discutir acerca do termo “direito penal simbólico”; demonstrar, baseando-se em dados, fornecendo os instrumentos necessários ao cidadão diante da atuação do Estado. 
Neste estudo a finalidade foi apresentar a revisão da bibliografia relacionada ao Direito Penal Simbólico e a Influência dos Meios de Comunicação na Sociedade e no Processo Legislativo Brasileiro estabelecidos no Direito Penal, bem como expor os conceitos teóricos necessários para a respectiva compreensão.
Quanto ao procedimento, primeiramente esta pesquisa foi efetivada por meio de uma Revisão de Literatura no qual foi realizada uma consulta a livros, dissertações e por artigos científicos selecionados através de busca nas seguintes bases de dados (livros, artigos, sites de internet, jornais, revistas, livros, teses, material cartográfico, rádio, filmes, entre outros. Nesse sentido, (a pesquisa bibliográfica é aquela realizada a partir de registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos), fundamentou-se em uma análise crítica de temas conflitantes caracterizados por consequências políticas que podem lesar o direito penal simbólico, que nada mais é do que o uso de remédios criminais para aumentar o status pessoal e criar falso controle, socializador. Tratou-se principalmente de um estudo analítico descritivo de fatos sociais relevantes para esses fatores, apoiada em literatura jurídica como doutrinas, revistas, publicações, monografias, artigos científicos, publicações profissionais e dados oficiais. tema em análise, principalmente com base nos autores: Gunther Jakobs, Manuel Cancio Meliá e Marcelo Neves. O período dos artigos pesquisados foram os trabalhos publicados nos últimos 15 anos. As palavras-chave utilizadas na busca foram: Direito Penal Simbólico. Sociedade Brasileira. Cidadania. Efetivação de Direitos.
A estrutura do trabalhado está organizada por capítulos, introdução, considerações finais além das referências: Capítulo I – O Direito Penal Simbólico: haverá de ser entendida a expressão "direito penal simbólico", como sendo o conjunto de normas penais elaboradas no clamor da opinião pública, suscitadas geralmente na ocorrência de crimes violentos ou não, envolvendo pessoas famosas no Brasil, com grande repercussão na mídia, dada a atenção para casos determinados; Capítulo II – O Direito Penal e a Promessa de Segurança: O Código Penal, nos artigos 96 a 99, descreve as chamadas Medidas de Segurança, que consistem em formas de tratamento compulsório para pessoas que cometeram atos que configuram crimes, mas por possuírem doenças ou problemas em sua saúde mental, não podem sofrer as penas cabíveis.; Capítulo III – A Influência e a Pressão Midiática Sobre o Juízo de Penalidade e Direito Simbólico: Quando ocorre um crime, naturalmente os veículos de comunicação irão se manifestar no sentido de expor o fato delituoso e, por vezes, não apenas reportarão o fato, mas haverá exposição opinativa, no sentido de afirmar se o sujeito ativo é investigado, suspeito ou já pode ser considerado condenado.
2. O DIREITO PENAL SIMBÓLICO
Segundo o doutrinador Guilherme de Souza Nucci (2017) o Direito Penal pode ser definido como um conjunto de regras destinadas a determinar o alcance dos poderes punitivos do Estado, a implementação de infrações penais e suas sanções cabíveis.
Já acerca do termo “símbolo”, Paul Ricoeur (Rodrigo Fuziger apud Ricouer), Filósofo francês, autor da frase "Símbolos fazem pensar", em tal afirmação é possível extrair o significado de um signo que existe em um horizonte que só pode ser entendido pela mente de quem o interpreta o exemplo da cruz cristã.
Diante disso, o Direito Penal Simbólico, de acordo os doutrinadores Gunther Jakobs e Manuel Cancio Meliá (2012) seriam os legisladores usando o direito penal para tentar fazer as pessoas sentirem que os políticos estão prestando atenção às questões sociais e combatendo o mal existente. Assim, a legislação simbólica se revelou como uma solução rápida e, sob pressão coletiva, os legisladores promulgaram dispositivos legais para atender às opiniões populares. E, neste caso, não foram levados em conta os meios sociais e políticos pelos quais essas normas poderiam ser aplicadas.
2.1 DIREITO PENAL SIMBÓLICO E SEUS EFEITOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO
O termo direito penal simbólico aparece na Alemanha como os preceitos elencados por Harald Kindermann (NEVES, 1994), incluindo ações tomadas pelos legisladores quando "[...] a consciência cria pressupostos de validade [...]" (KINDERMAN, 1988 E NEVES, 1994, PÁG. 32). Em outras palavras, o termo refere-se à "produção de textos cuja aparente referência à realidade é o direito normativo, mas que atendem prioritariamente e hipertroficamente à finalidade política de caráter jurídico normativo não específico" (NEVES, 1994, p.32). Prazeres (2015) destaca que o direito penal simbólico é a criação de normas penais a partir do apelo da opinião pública, independentemente de haver um momento crítico de crime violento, mas que tem despertado enorme repercussão na mídia e influenciado a formulação de novas e mais rigorosas leis criminais. Resolver o problema de garantir a segurança social, ocultar razões sociais, políticas e históricas do contexto de criminalidade no país.
Nesta perspectiva entende-se que:
[a] legislação simbólica encontra terreno fértil no Brasil, onde subsiste a confiança na lei como fator de solução de todos os problemas sociais. Encara-se a norma como uma forma de controle social e, até mesmo, de socialização, com a crença de que bastaria a criação de uma lei para resolver as dificuldades que permeiam a vida em sociedade. Esse fator gera enorme inflação legislativa, com a elaboração de cada vez mais normas, sem que alcancem o fim para o qual foram concebidas (OLIVEIRA, 2020, p. 15).
Galdi (2014) Aponta-se que o direito penal simbólico advém da formulação do direito penal exigido pelas pessoas frente ao crime do grande motim, portanto o Estado precisa responder à sociedade. A opinião pública leva à revisão/elaboração da lei penal para modelar crimes ou aumentar as penas. Em muitos casos, o legislador não aderiu aos princípios que regem o direito penal. Além disso, as leissão ineficazes para abordar as questões que abordam.
Machado et al. (2016) ressalta que o simbolismo criminal parece ser uma ferramenta para satisfazer as pressões sociais e uma forma de gerar confiança no papel do Estado, sem propor soluções concretas e efetivas para o problema, repousa na criação de leis penais simbólicas que não são efetivamente aplicadas. Acrescenta que:
Trata-se, desse modo do uso do Direito Penal em desacordo com o próprio discurso legitimador do jus puniendi estatal, sendo a adjetivação “simbólico” sinalizadora de um direito penal cuja função de proteger bens jurídicos é corrompida, levando ao descrédito da justiça estatal. Logo, sob esse viés, é Direito Penal simbólico aquele no qual a função de prevenção geral positiva, ou seja, a função de formação de convicções jurídicas é exacerbada, visando à imposição de valores morais através do progressivo agravamento da ameaça penal, configurando-se numa apelação na qual a função estabilizadora dos conflitos sociais é apenas aparente. A caracterização de um direito penal simbólico é, pois, decorrente da predominância, ou mesmo, da exclusividade dessas pretensões ideológicas (MACHADO, et al, 2016, pp. 217-218).
Ocorre que foi promulgado um grande número de leis penais que não protegem os bens jurídicos corretos, o que inspirou a ideia de buscar leis penais subordinadas e facilitou a situação em que os indivíduos assumem a responsabilidade do Estado para executar punições. O colapso social é caracterizado por retrocessos jurídicos-penais. 
A mera elaboração de leis sem respeitar as garantias e os direitos constitucionais leva a frequentes violações dos direitos fundamentais. Com esse parâmetro, o direito penal perde sua legitimidade na sociedade, fortalecendo sistemas penais paralelos e subordinados, como, por exemplo, a aplicação da lei Talião: “olho por olho, dente por dente”. Na égide de tais afirmativas, Andrade (2014) menciona:
Esse movimento de expansão do Direito Penal é favorecido, entre outros fatores, pela necessidade que o legislador possui em conseguir votos. Ao procurar os meios mais eficientes, vislumbrou no discurso incriminador um grande potencial para conseguir se eleger ou se reeleger. A população, alarmada pelo sentimento de insegurança, vê nos discursos incriminadores a solução fácil e rápida para o combate ao crime. (ANDRADE, 2014, p. 99).
O legislador, ao criar as leis penais simbólicas, promove um retorno imediato ao clamor popular a partir da influência midiática (TALON, 2018). Portanto, é necessário analisar o papel da mídia na criação das normas penais no ordenamento jurídico brasileiro e o descumprimento dos princípios fundamentais do direito penal.
2.2 O SIMBÓLICO NO DIREITO PENAL
Termos "símbolo", "símbolo", "símbolo", etc. É certo que são utilizados nas mais diversas áreas da produção cultural humana e geralmente não requerem qualquer definição prévia, pois são expressões com significados muito óbvios, ou seja, unívocos, universalmente partilhados, embora existam algumas opiniões divergentes. Para efeitos destas breves considerações, não nos permitiremos percorrer seus diversos conceitos, sejam eles antropológicos, psicanalíticos, políticos, sociais ou filosóficos, para revelar a convergência e/ou divergência de sentido. Aliás, esse não é o nosso propósito, pois para o objetivo específico deste trabalho, o conceito mais adequado parece ser aquele que entende essa expressão em relação aos conceitos jurídicos, principalmente associando-a à produção da legislação penal, criar expectativas em público opinião como dissipador ou solucionador final de problemas envolvendo a criminalidade brasileira.
Assim, o termo “direito penal simbólico” será entendido como um conjunto de normas penais expostas no tumulto da opinião pública, geralmente levantada quando ocorrem ou não crimes violentos, envolvendo celebridades brasileiras e de grande repercussão no Brasil. A mídia, com foco em casos específicos escolhidos a critério dos operadores de comunicação, visa obscurecer as razões históricas, sociais e políticas do crime como única resposta à segurança social, criando novos e mais rígidos estatutos de ordens penais.
2.3 A INTERFERÊNCIA DAS MÍDIAS NA PRODUÇÃO LEGISLATIVA PENAL BRASILEIRA
 
Os benefícios da globalização e da disseminação de informações para a sociedade atual são inegáveis. O advento e a democratização da mídia trouxeram inúmeros privilégios. A informação pode agora quebrar barreiras geográficas e chegar às áreas mais remotas do mundo. Isso é exatamente o que tinha que acontecer. No entanto, o efeito da mídia de massa no Brasil não é admirável. Como dito anteriormente, a mídia através de suas ferramentas busca mais do que o interesse público, visa alcançar o interesse público. Infelizmente, para chegar a esse nível, acaba sendo e transmitindo o que a sociedade quer ver. Falando sobre as dimensões do impacto que as imagens têm na sociedade, Ramonet disse sobre a mídia que: 
E segundo a ideia básica de que só o que é visível é digno de informação, ou seja, o que é invisível e não tem imagem não pode ser veiculado na televisão, portanto, não existe no meio. (RAMONET 1999, p. 27.)
Acontecimentos geradores de imagens fortes – violência, guerra, catástrofe, miséria de todo tipo – dominam assim hoje: impõem-se a outros sujeitos, ainda que, em termos absolutos, sua importância seja secundária. O impacto emocional das imagens da televisão - especialmente as de luto, dor e morte - é inigualável por qualquer outro meio. O meio escrito, por sua vez, é compelido a continuar pensando que pode reproduzir as emoções do público publicando textos (relatos, testemunhos, confissões) que, da mesma forma que as imagens funcionam no campo da emoção e do afeto, apontam para o público. Coração, emoção ao invés de razão e intelecto. (RAMONET 1999, p. 27.)
Nesse caso, a mídia faz todos os cidadãos ansiarem por um (falso) senso de justiça, exibindo, chocando e atormentando a população. Uma quarta força convence a sociedade de que as outras três forças, principalmente a legislatura, devem estar furiosas para pressionar pela criminalização do comportamento para que possam dormir em paz. 
Assim, a opinião pública sobre as leis e normas:
[...] Não construída livremente, como mostram os estudos criminológicos do interacionismo simbólico, evidenciando a influência substancial dos meios formadores de opinião, ainda que não exclusivamente, distorcendo e criando a realidade, constituindo fator decisivo na feitura do direito, especialmente na vertente criminalizadora. (AZEVEDO, 1999. p.80) 
Cria-se, portanto, um ciclo vicioso. Judson Pereira de Almeida, 2015 retrata-o brilhantemente:
A mídia, como instância informal de controle social, acaba por se tornar uma caixa de ressonância da instância formal, ou seja, do Direito Penal. Esta ressonância se apresenta, na maioria dos casos, distorcida [...]. (ALMEIDA, 2015. p.33-34).
 Aí cria-se um ciclo, que podemos assim estabelecer: Direito Penal (instância formal onde as regras são estabelecidas) ” crime (burla da regra penal) ” meios de comunicação (instância informal que interpreta e, não poucas vezes, deturpa o funcionamento do sistema formal de controle e a desobediência às suas regras) ” sociedade (onde os efeitos das duas instâncias de controles são sentidos, e onde nasce o sentimento de medo e insegurança) ” legislador (recebe a influência da sociedade que clama por modificações no ordenamento jurídico)” Direito Penal (modificado com base no clamor popular provocado pelo crime e suscitado pela mídia). (ALMEIDA, 2015. p.33-34).
Este processo não é uma inovação do século XXI. Desde a década de 1990, quando a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 buscou se consolidar, a sociedade tem buscado intervir no processo legislativo penal. O poder legislativo, por outro lado, é dominado pelas vozes do público e sucumbe constantemente aos chamados e apelos da mídia. Fazendo um apanhado histórico, Marília de Nardin Budó e Rafael Santos de Oliveira referem que:
As consequênciasda supernotificação da mídia sobre casos criminais específicos são refletidas com precisão nas respostas legislativas correspondentes. (BUDÓ, 2012. p. 127-128)
No Brasil, há alguns exemplos, mas nenhum mais do que a lei de crimes hediondos promulgada em 1990 e suas alterações posteriores, que se combinou com outros pânicos morais causados ​​pela cobertura da mídia de novos casos criminais relacionados. E as correspondentes manifestações públicas, como passeatas, urnas, para adotar políticas punitivas. (BUDÓ, 2012. p. 127-128)
Em 1990, o publicitário Roberto Medina foi sequestrado no Rio de Janeiro e mantido sob a influência de seus sequestradores por dezesseis dias. Pouco antes disso, em 1989, o empresário paulista Abílio Diniz sofreu a mesma violência. Atento à propaganda da mídia e ao consequente clamor social, principalmente em vista da repercussão e notoriedade dos sequestrados, o governo sancionou imediatamente (25 de julho de 1990) a Lei dos Crimes - Lei n. 8.072/90, excluindo pessoas processadas ou condenadas pela prática, alguns benefícios como ascensão de regime. O assassinato da atriz Daniela Perez, em 1992, e os posteriores massacres na Candelária e em Vigário Geral reacenderam o debate, tendo o Parlamento Nacional alterado o artigo 1.º da Lei n.º 1. 8.072/90, acrescentando ao rol de crimes hediondos "o homicídio (art. 121), quando praticado em atividades típicas de grupo de extermínio, ainda que praticado por uma pessoa, e o homicídio qualificado (art. IV e V)”. Em 1998, a ocorrência do incidente da "pílula de farinha" mais uma vez despertou a opinião pública, e exigiu nova providência do governo. Com isso, foi incluído no rol dos Crimes Hediondos, através da Lei 9695/98, o seguinte fato típico - “falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”. (BUDÓ, 2012. p. 127-128)
Além desses fatos, vale lembrar que no atual discurso amplamente divulgado a favor e contra a redução da maioridade penal no Brasil (Proposta de Emenda à Constituição Federal 171), a mídia cumpre seu papel de propulsora da paisagem, promovendo e conduzindo felizmente, a opinião pública é formada como bem entende.
No entanto, reconhecer o papel político do jornalismo claramente não o autoriza a substituir outras instituições. No entanto, é sabido que a imprensa tem se esforçado para desempenhar funções muito além de suas responsabilidades básicas, muitas vezes assumindo tarefas que deveriam ser de responsabilidade da polícia ou do judiciário. (MORETZSOHN, 28 mar. 2015. p.3.)
Essa invasão do espaço pode ser pensada justamente a partir de uma definição familiar à mídia: a qualificação do "quarto poder", que remonta ao início do século XIX e lhe confere o status de guardião da sociedade (contra os abusos do poder do Estado), representando a voz pública dos sem voz. Essa visão misteriosa certamente apoiar – porque obscurece os interesses das corporações de notícias, desde sua criação há dois séculos, especialmente na era das grandes corporações – o direito hipócrita da imprensa de se infiltrar em outros territórios. (MORETZSOHN, 28 mar. 2015. p.3.)
Acontece que as respostas fornecidas quando a lei foi promulgada simplesmente transmitiram uma falsa sensação de segurança. Definitivamente, não se trata de criminalizar comportamentos ou condenar réus por cometerem comportamentos típicos que resolvem os problemas centrais da sociedade. 
O direito não pode ser produto da massificação dos meios de comunicação e do espetáculo da mídia. Os legisladores não podem ser peões nesse “jogo” onde a mídia “contra” a sociedade. Evidencia-se, assim, a crise do sistema penal. 
Nesse sentido, os dados atuais vêm de presídios superlotados, que levaram ao caos do sistema penal. Mesmo que não seja esse o caso, criminalizar o comportamento não levará à diminuição da criminalidade. Em hipótese alguma. Mudanças urgentes precisam ser efetuadas. Primeiramente, ratificar que seja do conhecimento dos responsáveis pela propagação das mídias os direitos e garantias de todos os indivíduos. Estes devem ser respeitados para que, finalmente, possam desvestir o “vício” que a mídia coloca diante dos seus olhos e criticamente exercer os seus direitos constitucionais de cidadãos diante da democracia participativa em que estão insertos.
3. O DIREITO PENAL E A PROMESSA DE SEGURANÇA
É evidente que, no âmbito do direito penal, a preocupação com a segurança é o espaço jurídico mais profundo. Este fato em si decorre em grande parte de uma noção ultrapassada de que o direito penal tem o poder de eliminar os problemas de violência que surgem na sociedade, como se fosse o único remédio disponível para o estado para esse fim. Portanto, a lei penal é utilizada como uma panaceia para solucionar todos os males causados ​​pela violência e pela criminalidade na sociedade, como se tivesse o poder de uma varinha de condão, basta promulgar uma lei penal, e esse problema pode ser resolvido da noite para o dia.” Infratores" estão sujeitos a penas mais severas e maior dificuldade de salvaguarda. 
Este conceito sempre se baseou num modelo de priorização da repressão (O Movimento da Lei da Ordem), criando mais tipos de crime (hoje, aliás, é difícil dizer o que não é crime, já que quase todas as condutas imagináveis estão timbradas como delitos), com sanções mais elevadas, com uma imagem de que o criminoso é o inimigo número um da sociedade, devendo ser alvejado ou definitivamente eliminado.
Daí porque, com perspicácia, sobre o engodo do direito penal simbólico, alerta VERA REGINA PEREIRA DE ANDRADE, para o fato de que “Trata-se precisamente de um lugar entre o ‘explícito’ (declarado) e o ‘potencial’; entre o que realmente se pretende e o que aplicação, outras funções instrumentais além das anunciadas serão desempenhadas, vinculando-a a dolo neste sentido”. (ANDRADE, 1997, p. 293)
Além dessas ideias, o discurso penal inflamado ainda permeia o conceito, obscurecendo a opinião pública sobre os reais problemas do crime e convencendo-os de que a única solução para essa violência é a lei penal do terror.
Com maior clareza, MARIA LÚCIA KARAM, mostra-nos que "Essa ideia de reduzir a violência ao crime, além de esconder o caráter violento de outros fatos mais graves - como a miséria, a fome, o desemprego - cria um clima de pânico, pânico social, e geralmente a violência que segue aumentando, chamando por mais repressão, mais ação policial, punições mais duras. A Intervenção do sistema penal manifestada como a forma mais palpável de segurança, como forma de fazer crer que o problema está sendo solucionado” (KARAM, 1992, pag.03)
O direito penal é assim visto como tendo a promessa de segurança e uma solução abrangente para a violência e o crime, nomeadamente prisão e punição, a única resposta possível à política de segurança.
Alberto Zacharias Torun, "Não é a ameaça real de crime e violência que é importante na definição de estratégias de segurança, mas a percepção dessa ameaça pela comunidade. (TORON. São Paulo, 1996. p. 93.)
E, ainda, o mesmo autor pondera, trazendo os ensinamentos de HASSEMER e ALESSANDRO BARATTA, ao dizer que essas percepções de ameaça que dominam a população se traduzem em demandas apertar imediatamente a demanda por meios coercitivos, e tornar o relaxamento dos direitos básicos e a erosão dos direitos básicos pelo Estado não apenas tolerável, mas também alvo de reivindicações populares". a percepção de ameaça, até certo ponto, em certa medida uma produção da mídia que atende a uma expectativa de atitudes, naquilo que Baratta qualifica de “situación precomunicativa” e que se vê reforçada pelo fluxo de informações, é simbolicamente compensada com a edição de mais leis”. (ob. sit., p. 93).
No Brasil, na última década, assistimos a uma intensificação de leis que visam criar um clima de intimidação entre potenciais criminosos por meio de duras penas, como a Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90), Lei 9.455/97 (Lei da Tortura), Lei 9.695/98 que classifica os crimes contra a saúde como hediondos, e Lei 9.677 de 07.02.98que altera os dispositivos do Código Penal para também tipificar diversos crimes como hediondos.
Aliás, muitas dessas leis estão maculadas por flagrante inconstitucionalidade, e a doutrina do país tem se posicionado fortemente contra esses vícios, como Alberto Silva Franco, tratando de crimes hediondos, disse: "Porém, isso não basta aos personagens emocionar-se e entusiasmar-se com essa lei excessivamente restritiva (Lei dos Crimes Hediondos), e diante da quantidade de dispositivos que ferem gravemente as normas da Constituição Federal, os legisladores não parecem estar utilizando as melhores técnicas".( FRANCO, 2ª ed., 1992, p.102)
Da experiência com esta fonte de legislação e aplicabilidade das normas, conclui-se que a intimidação não foi e não será uma forma de combater a violência, assim como a punição ou as prisões não reabilitarão ou reintegrarão presos ou presas. A convicção produz esse efeito ao contrário das expectativas, retroalimentando a criminalidade.
E, incongruentemente todos os dias a mídia e seus "escritores de plantão" que distorcem a opinião pública tentam convencer a todos que "inimigos" são "outros", "marginais", "elementos", atacam, estupram ou roubam, esquece fraudadores, corruptos políticos, juízes, sonegadores, suspeitos de crimes são apenas a ponta do iceberg da sociedade, cujas causas sequer são detectadas e expostas. 
Através deste processo de menosprezar a violência mediática, repetindo a mentira como se fosse a única verdade, cria-se um fenómeno de retroalimentação onde as pessoas começam a acreditar em informações falsas instiladas com medo de que mais “justiça” seja sempre questionada mesmo que disfarçada de violência, repressão, castração, expressa em leis penais mais duras, isso em nada resolve a violência e o crime que impera.
Trata-se de um discurso de imprudência, hipocrisia e falácia, características que prontamente reconhecemos quando olhamos para a realidade brasileira e a comparamos com essas normas penais, constatando a distorção e apropriação da pena. A verdadeira panaceia do mal é a violência.
A criminalidade violenta decorre de fatores inerentes às condições que a sociedade oferece ao indivíduo, fato tristemente esquecido por aqueles que têm poder e capacidade de influir na elaboração do direito penal.
Os criminosos não são apenas “outros”, como geralmente se acredita, mas geralmente estão do nosso lado, usam gravatas, frequentam boas escolas e pertencem à classe abastada. As pessoas acham que é só "o outro", devido ao próprio processo de condicionamento da sociedade, a sociedade foca nos mais fracos, discriminados, despossuídos, pobres, negros, prostitutas, vê-los como concentradores tem potencial de criminalidade, seja por causa de seu baixo nível social status, ou porque as chances de serem identificados como criminosos são maiores e mais fáceis. Como já enfatizado, a resposta a esse crime sempre foi defender o aumento das penas e da prisão. Infelizmente, ao invés de reprimir a violência ou mesmo reintegrar os criminosos na sociedade, isso intensifica e incentiva a criminalidade, criando verdadeiros “centros de aperfeiçoamento criminal” nas prisões. Aliás, já é do conhecimento geral que as pessoas têm plena consciência de que as consequências do encarceramento são muito piores do que o bem possível e manifesto, que a existência desses lugares na consciência coletiva tornou-se uma verdadeira universidade criminal. A punição e o papel das prisões devem ser repensados ​​como uma solução para reduzir ou mesmo eliminar a criminalidade, pois o sistema prisional não cumpre seu verdadeiro propósito há muito tempo e as respostas atualmente dadas não ajudam a evitar ou reduzir o ressurgimento do crime no Brasil. 
Todas as tentativas de enfrentamento desse problema foram fortemente influenciadas pela postura crítica e inovadora dos governantes, muitos dos quais estão mais preocupados em colher dividendos políticos do que em trabalhar para encontrar uma solução para essa gravíssima situação, e entre eles a maioria das pessoas se esquece do real razões sociais, políticas, históricas e culturais, e estão totalmente preocupados com a imagem de respostas ilusórias que circulam na mídia, tentando transmitir à sociedade que estão resolvendo o problema com leis mais duras, punições e restrições muito severas. para prisioneiros.
3.1 A SEGURANÇA SIMBÓLICA
Portanto, é natural que a segurança jurídica se estabeleça como a mais importante dentre as principais necessidades e aspirações da sociedade humana, pois é sabido que a convivência das pessoas sempre gera conflitos. Esses conflitos, como a própria história tem mostrado, precisam ser resolvidos e resolvidos tendo a lei como objetivo principal a dirimência dos conflitos existentes na sociedade, visando dar garantia e segurança aos indivíduos, restabelecendo a ordem e mantendo o equilíbrio social.
É por isso que nenhuma pessoa, grupo social, entidade pública ou privada não precisa de segurança para atingir seus objetivos ou mesmo sobreviver, pois é certo que uma sociedade sem direitos, normas e leis é insegura e corre grande risco de ser derrubada. 
No entanto, algumas pessoas, quase unanimemente reconhecendo essa necessidade, passaram a ver a segurança como um dos objetivos fundamentais da ordem social, com outros valores tão importantes ou mais importantes no contexto. Infelizmente, esse pensamento não coloca a segurança como ferramenta a serviço da humanidade para atingir seus objetivos básicos, mas a distorce e a transforma em seus próprios objetivos. 
Em outras palavras, pode-se explicar melhor: a segurança, que deveria ser instrumento de manutenção da dignidade humana, torna-se um verdadeiro obstáculo à manutenção da mesma dignidade, tornando-se a condição de alvo supremo, independentemente de pouco ou nada importando os meios para atingi-la. Essa é a laica ideia maquiavélica (ou a mais moderna lei de Gerson) de que seja qual for o meio usado, o que importa é o fim, o objetivo a ser alcançado, mesmo que para isso tenhamos que abrir mão do melhor que conseguirmos no todo A importância fundamental dos valores e princípios sagrados na história humana e nas relações sociais. 
Dessa forma, a segurança é vista como o único objetivo, colocando-se acima da moral, dos valores e da própria lei, permitindo que todos os demais valores considerados fundamentais ao ser humano sejam sacrificados em nome e por essa malfadada segurança. 
Nesse sentido, vislumbra-se um conceito extremamente formalista, sob a bolha, extremamente estático, subvertendo a ordem jurídica, transformando o aparelho estatal em um verdadeiro instrumento de coerção, gerando perenidade através de suas ações em nome da segurança que as pessoas desejam. 
Então, em conclusão, em nome da segurança, tudo pode acontecer, mesmo que a violência seja criada sob seu pretexto, criando-se assim sendo, a incongruência, de que onde se exalta demais a segurança, a sociedade não a tem, pelo contrário cria-se a violência, mesmo que imperceptível aos olhos da sociedade.
3.2 AS CONSEQUÊNCIAS PARA A SOCIEDADE BRASILEIRA 
A utilização do Direito Penal Simbólico na sociedade brasileira ocasiona diversas consequências, na qual é possível considerar que um conjunto normativo, baseado no rigor da pena e na promulgação de novos crimes, não é capaz de amenizar a incidência de delitos, pois, conforme estudos criminológicos de universidades renomadas. (Cf. EIDE, Erling. 1994. p. 117-118), ao longo da história a implementação de penas mais rígidas não foram eficazes para reduzir a criminalidade. 
Diante disso, na atualidade, apesar do ordenamento pátrio ser baseado em voluptuosas penas, não é perceptível melhora na segurança social, pois o aumento da violência urbana causa na sociedade um temor, este oriundo da probabilidade do cidadão em tornar-se vítima de algum delito. 
Sobre o uso do Direito Penal Simbólico, Marcelo Neves (2007, p.40-41), em “A Constitucionalização Simbólica”, afirma que, “o emprego abusivo da legislação-álibi leva à ‘descrença’ no próprio sistema jurídico”, poiso ordenamento está repleto de leis populistas, que foram criadas no intuito de impressionar o público, configurando-se como normas incapazes de minimizar os problemas sociais. 
Portanto, tal conflito causa na população um afastamento entre a legislação e a realidade fática, ao considerar que, a Carta Magna é calcada no exercício cidadania, a qual é definida pelo sociólogo Thomas Marshall (1967) como o exercício da vida civil, fundada na liberdade individual e no direito de ir e vir, bem como no elemento social, sendo aquele amparado no bem-estar e no acesso a serviços sociais, percebe-se então, que há uma divergência entre o direito positivo e a realidade pátria, provocando, a ausência de efetividade dos direitos individuais, pois a grande maioria da população restringe seus próprios direitos na busca de uma mínima segurança que não é ofertada pelo Estado. 
4. A INFLUENCIA E A PRESSÃO MIDIÁTICA SOBRE O JUÍZO DE PENALIDADE E DIREITO SIMBÓLICO
Conforme mencionado, a Constituição Federal de 1988 estabelece que, no âmbito dos direitos fundamentais nela consagrados, a liberdade de imprensa goza de liberdade de pensamento, não persistindo, portanto, restrições políticas ou quaisquer outras que impeçam a veiculação de informações pelos meios de comunicação. 
Em uma sociedade democrática preeminente, o direito à informação é considerado essencial e intangível. estipulado no art. O artigo 5º, inciso XIV, estabelece que “quando o exercício profissional o exigir, zelar para que a informação seja acessível a todos e resguardar o sigilo de sua origem”. (Brasil, 1988, Constituição da República Federativa do Brasil). Sob o mesmo prisma, o art. O artigo 220 reitera que “a manifestação de ideias, criações, expressões e informações sob qualquer forma, processo ou meio não sofrerá qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”. (Brasil, 1988, Constituição da República Federativa do Brasil). 
Portanto, é objetivo que o conceito de liberdade de expressão esteja vinculado ao conceito de mídia e esteja intimamente relacionado aos meios de comunicação por meio dos quais as opiniões são expressas, sejam críticas, informativas ou mesmo de investigação. No entanto, como já mencionado, essa liberdade é estendida, pelo menos em teoria, aos limites das instituições democráticas. 
Nessa perspectiva, a mídia realmente desempenha um papel duplo no processo criminal. Ao auxiliar as atividades da Polícia Nacional, divulgando informações importantes sobre criminosos e eventos de natureza criminal, acabou por prejulgar os acusados ​​sob pressão da opinião pública. Portanto, é ainda mais necessário fazer um julgamento de trade-off sobre a liberdade de informação e, especificamente, até que ponto esse privilégio é benéfico para a sociedade.
Não se trata de questionar a divulgação de informações per se, pois é claro que a mídia não só instrumentaliza a democracia, como também não pode tolerar que essa liberdade possa orientar claramente a atuação dos três poderes, cada um a seu modo. Em relação a dimensionamento do impacto que esse fenômeno, assevera brilhantemente (Almeida J.P - 2018, p. 33-34):
A mídia, como instância informal de controle social, acaba por se tornar uma caixa de ressonância da instância formal, ou seja, do Direito Penal. Esta ressonância se apresenta, na maioria dos casos, distorcida [...]. Aí cria-se um ciclo, que podemos assim estabelecer: Direito Penal (instância formal onde as regras são estabelecidas) ” crime (burla da regra penal) ” meios de comunicação (instância informal que interpreta e, não poucas vezes, deturpa o funcionamento do sistema formal de controle e a desobediência às suas regras) ” sociedade (onde os efeitos das duas instâncias de controles são sentidos, e onde nasce o sentimento de medo e insegurança) ” legislador (recebe a influência da sociedade que clama por modificações no ordenamento jurídico)” Direito Penal (modificado com base no clamor popular provocado pelo crime e suscitado pela mídia). (Almeida J.P - 2018, p. 33-34)
Cabe lembrar que desde a década de 1990, momento em que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 buscava se consolidar, a sociedade tem buscado intervir radicalmente no processo legislativo penal. Essa influência permanece penetrante enquanto a própria mídia revoluciona, e o poder legislativo, levado pela voz do público, continuamente se curva às demandas da mídia (TOMASI; LINHARES, 2015).
Tendo em vista que a promulgação da legislação penal brasileira acompanhou a pressão exercida pelos meios de comunicação de massa, a verdadeira crise do sistema penal é evidente aqui. Tendo em vista que a promulgação da legislação penal brasileira acompanhou a pressão exercida pelos meios de comunicação de massa, a verdadeira crise do sistema penal é evidente aqui. No entanto, assinalar que esta “produção” não tem sido acompanhada de progressos positivos, dado o exercício não reflexivo dos legisladores sobre determinadas matérias, torna este trabalho marginal e inócuo, com alterações limitadas e descabidas, apenas relacionadas com a resposta. o apelo da mídia. Fica claro, portanto, que o direito não pode ser produto da massificação dos meios de comunicação e do espetáculo midiático, enquanto os legisladores são vistos como verdadeiros “peões” da mídia contra a sociedade. (TOMASI; LINHARES, 2015). 
Deste modo:
Por aqui: [...]. Diante do clamor público causado por casos criminais famosos, a guerra da comunicação prejudicou muito os profissionais do direito que enfrentaram leis chamativas. (MASCARENHAS, 2010, p. 52). 
São inúmeros os exemplos de leis que foram produzidas e alteradas sob pressão da opinião pública, e é para testar e quantificar a dimensão deste fenómeno que procedemos agora a uma análise detalhada dos casos com maior impacto social e legislativo. 
Na década de 1990, é certo que o caso mais influente da mídia foi a criação e posterior alteração da famosa “Lei dos Crimes Hediondos”. A Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, foi fruto inerente do clamor midiático, fruto de intensa pressão da mídia diante de uma crescente e massiva criminalidade nos centros das grandes cidades. 
Foi resultado direto do sequestro do publicitário Roberto Medida por um grupo de sequestradores no Rio de Janeiro por 16 dias, e um ano antes pelo empresário paulista Abílio Diniz sofreu a mesma violência do sequestro. 
A notoriedade dos sequestrados, bem como o clamor social e midiático, levou o Governo a agir contra o problema e o Legislativo a regulamentar a natureza dos dispositivos constitucionais (art. processados ​​ou condenados por sua prática dos vários benefícios do avanço do regime. Desse modo:
O legislador brasileiro, ao cumprir o mandamento constitucional, talvez pela pressa diante de fortes pressões – encontrava-se o Congresso Nacional sobre forte pressão da Mídia eletrônica, na ânsia de atender aos reclamos da camada mais rica da população, que assistia ao sequestro para fins de extorsão, de alguns de seus mais importantes representantes, preferiu selecionar alguns tipos já definidos em lei vigente e rotula-los como hediondos, em vez de apresentar uma noção explícita do que seria a hediondez que caracteriza tais crimes. (TELES, 2004, p. 223).
Pode-se dizer, assim, que o caráter histórico do pós-pena não implica uma queda da criminalidade, mas apenas um aumento da já crescente população carcerária. 
A morte da atriz Daniella Perez, em dezembro de 1992, foi outro processo criminal que provocou grandes mudanças na legislação penal. A mídia da época tentou dar tanta visibilidade ao ocorrido que em 1997, quando os réus foram anunciados, os noticiários já informavam que o réu era um condenado antes mesmo de sentar no Tribunal do Júri. (MASCARENHAS, 2010).
Eventos posteriores, como "Chacina da Candelária" e "Vigário Geral" em 1993, tentaram reavivar o debate na Assembleia Nacional, que novamente cedeu aos apelos da mídia e alterou o Código Penal pela Lei 8.930/1994, art. inclui o homicídio no rol de crimes (art. III, IV, V, VI, VII). (Brasil. Leis nº13.104; nº 13.142, de 2015).
Esse movimento criminoso "monstruoso" aconteceu com o movimento da mídia. Em meados de 1998, diante do famoso caso de falsificação do medicamento "Pílula de Farinha", o governo foi mais uma vez obrigado a tomar providências em larga escala e repentinas, e de acordo com a Lei nº 9.695 promulgada em 20 de agosto, foi incluído na lista de crimes hediondos o crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos e medicinais (inciso VII-B, art. 1º da Lei 8.072). (MASCARENHAS, 2010).
Na verdade, esse crime é arte por excelência. O artigo 273 do atual Código Penal, assim, acrescentar esse crime ao rol de crimes considerados hediondos é considerado irresponsável pelos legisladores por menosprezar os assassinos e equipará-los a falsificadores. Como se não bastasse o absurdo, o homicídio é muitas vezes representado pela arte. O artigo 121 do atual Código Penal prevê pena mínima de 06 (seis) anos e 10 (dez) anos para falsificação.
Nesse caso, é potencial o exagero punitivo do legislador, que desrespeita o princípio da proporcionalidade e, portanto, da ofensividade, uma vez que sob o regime inicial fechado a pena de prisão ainda é considerada crime hediondo, consequências concretas a condutas que não mesmo exigir dano, o que é irracional diante da absurda realidade criminal brasileira e constitui um verdadeiro acometimento à dignidade humana. 
Neste caso, a opinião pública é decisiva, uma vez que a venda de medicamentos falsificados ou a falta de registo na Vigilância Sanitária não tem, pelo menos, os padrões necessários, para que possa ser equiparada a um crime grave. Outro nome para homicídio. (MONTEIRO, 2015). 
Outra mudança digna de nota é a introdução do estupro e do estupro de vulnerável como crimes hediondos em 7 de agosto de 2009, facilitado pela Lei nº 12.015. Portanto:
Esses anseios – muitas vezes, não pautados pela racionalidade, mas pelas paixões do momento – têm poder de mobilização fortíssimo. A violência e a ameaça de ser vítima dela são motivos muito fortes, ainda mais com a dramatização proposta pelos meios de comunicação social. O medo da morte violenta e da ação dos delinquentes, que não respeitam as Leis e as convenções sociais, exige uma resposta, mesmo que seja simbólica e ilusória para subsidiar os populares de alguma sensação de segurança. Ainda que esse anseio por uma sensação de segurança tenha como resposta uma legislação rígida e mal formulada, passível de manipulação político-eleitoral. O resultado é a fomentação de uma política criminal de recrudescimento do Direito Penal e do Direito Processual Penal, como se pode observar. (YABIKU, 2006, p. 80).
O movimento midiático para a promulgação da Lei do Crime não foi uma resposta à gravidade do problema da criminalidade, onde crimes típicos não pararam de ser cometidos, sem contar que os índices de criminalidade envolvendo os mesmos crimes diminuíram. Aqui, subsiste mais uma transgressão do legislador, pela necessidade de punir e responder a uma sociedade fomentada pela influência mediática na condenação e na criminalização e da institucionalização do medo.
Em 4 de maio de 2012, ocorreu um fato na mídia brasileira e na internet que gerou comoção social e gerou muitas discussões sobre o tema do crime cibernético. A famosa atriz Carolina Dieckmann foi vítima da divulgação indevida de 36 fotos íntimas obtidas através da invasão indevida de um aparelho eletrônico de sua propriedade que rapidamente tomou conta dos bastidores virtuais do Brasil. (GRANATO, 2015).
Afetado pela opinião pública, o caso se complicou, a polícia responsável pela operação concluiu a investigação em menos de dez dias e, felizmente, o autor do crime foi encontrado. A crítica se deve ao fato de que a divulgação de imagens de cunho íntimo sem a autorização da pessoa não é crime inédito no Brasil, por isso o sujeito “pula” apenas quando o lesado é alguém da grande mídia aos olhos dos legisladores.
A popularidade da Internet trouxe muitos benefícios e, assim, incentivou várias atividades criminosas, o que não é novidade, e há mais casos como esse com atrizes do que o normal. No entanto, até 2012, o Brasil não possuía uma legislação específica e direcionada contra os crimes cibernéticos, de modo que, diante de casos específicos, os magistrados utilizavam o Código Penal para tipificar esses atos, o que naturalmente produzia julgamentos paradoxais (GRANATO, 2015).
Com a grande comoção social em torno do caso em tela, foi promulgada em 30 de novembro de 2012 a Lei nº 12.737, conhecida como "Lei Carolina Dickman", que dispõe sobre a tipificação dos crimes cibernéticos, introduzindo os 154-A, 154-B e a arte da modificação. Artigos 266.º e 298.º do atual Código Penal.
Digno de nota é o art. 154-A que tipifica o regime jurídico do crime de "hackeamento de equipamento de informática", que compreende os seguintes atos: "Ao violar indevidamente os mecanismos de segurança e com o fim de obter, alterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou implícita do o proprietário do equipamento, ou instalar exploits para obter vantagens ilícitas". Nestes casos, as penas previstas para as infrações simples variam de três meses a um ano de detenção e multa, mas especificam-se as formas de qualificação e as causas das penas agravadas. (SILVEIRA, 2015).
Outrossim, no momento do ocorrido, havia um aumento da sensação de insegurança e medo na sociedade, pois o aumento do uso da internet pelas pessoas fazia com que as pessoas se sentissem vulneráveis ​​e vulneráveis ​​ao passar por situações semelhantes à da atriz. Mais uma vez, a resposta da mídia é consistente com a falta de externalização.
Finalmente, é importante entender que, como outros mecanismos de mídia, a Internet contribui enormemente para notícias relacionadas à violência e ao crime. Vários temas têm chamado a atenção do público, junto com a facilidade de acesso e acúmulo de ferramentas para “compartilhar” informações de qualquer natureza em tempo real, sendo muito comum a disseminação do sensacionalismo na mídia.
A expressão Direito Penal Simbólico é qualificada pela doutrina como o direito penal “professado” mais rigoroso e, como tal, tem se mostrado inofensivo na prática criminal Sendo assim:
O Direito Penal Simbólico é aquele que tem uma "fama" de ser rigoroso demais e por esse motivo acaba sendo ineficaz na prática, por trazer meros símbolos de rigor excessivo que, efetivamente, caem no vazio, diante de sua não aplicação efetiva, justamente pelo fato de ser tão rigoroso. Hoje em dia, o Brasil passa por uma fase onde leis penais de cunho simbólico são cada vez mais elaboradas pelo legislador infraconstitucional. Essas leis de cunho simbólico, de acordo com a jurista Ada Pellegrini Grinovver, trazem uma forte carga moral e emocional, revelando uma manifesta intenção pelo Governo de manipulação da opinião pública, ou seja, tem o legislador infundindo perante a sociedade uma falsa ideia de segurança. (GOMES, 2009, p. 50).
Naturalmente, com o poder da mídia tão influente, é provável que haja uma discrepância entre as reais necessidades da sociedade e os interesses perseguidos pelo clamor da opinião pública. Aqui, o direito penal é traduzido em seu simbolismo, ou seja, destaca um compromisso desesperado com a segurança, incluindo prisões e mais penas severas, se valendo desta como instrumento exclusivo para se conquistar a pacificação social. No entanto, é muito plausível que os problemas da criminalidade possam ser respondidos de forma exclusiva e autoritária com base na legislação penal, pois se assim fosse, as inúmeras alterações na referida lei envolvendo crimes hediondos seriam suficientes para “colheita” comportamento criminoso por parte dos agentes.
Não se pode esquecer que problemas como reincidência, aumento da população carcerária, banalização de comportamentos e inaplicabilidade social das leis estão ocorrendo. Possivelmente resolvido inteiramente por meio de punições severas, não faz sentido. Desta vez, é preciso reconhecer queo crime está incrustado na sociedade brasileira de forma definitiva, apresentando-se como um tema social de destaque que requer a atenção de outros setores da sociedade além da atividade legislativa.
Nesse sentido, corrobora Roxim (em tradução livre):
Assim, portanto, haverá de ser entendida a expressão "direito penal simbólico", como sendo o conjunto de normas penais elaboradas no clamor da opinião pública, suscitadas geralmente na ocorrência de crimes violentos ou não, envolvendo pessoas famosas no Brasil, com grande repercussão na mídia, dada a atenção para casos determinados, específicos e escolhidos sob o critério exclusivo dos operadores da comunicação, objetivando escamotear as causas históricas, sociais e políticas da criminalidade, apresentando como única resposta para a segurança da sociedade a criação de novos e mais rigorosos comandos normativos penais. (ROXIN, 2000, p. 75).
O conceito simbólico de direito penal apresentado como instrumento de demagogia, a elaboração de leis guiadas pela força da comoção geral ao redor do caso concreto, que na jurisdição torna-se inócua pela fragilidade que permeia o sistema penal brasileiro como um todo.
4.1 MÍDIA E DIREITO PENAL SIMBÓLICO 
A mídia pode ser conceituada como a coleta e disseminação de informações e, assim, dependendo de como é manipulada, pode influenciar a percepção de um indivíduo sobre seu próximo. As notícias são moldadas pela mídia da forma que ela quiser para manipular a população. (KERSTENETZKY, 2012). 
Essa influência cria na opinião pública um sentimento de punição e um desejo e tentativa de ser mais repressivo no direito penal. Esse clamor social e da mídia levou os legisladores a promulgar leis criminais ou alterar as existentes, mas muitas vezes são muito restritivas ou acabam infringindo as garantias constitucionais básicas e, portanto, tornam-se ineficazes. Esta é a origem das leis penais simbólicas, pois sua ineficácia as torna puramente simbólicas. (KERSTENETZKY, 2012).
4.2 A MÍDIA COMO “QUARTO PODER”
A mídia em um país democrático de direito tem a obrigação de fornecer informações de forma responsável, ética e profissional. Por outro lado, os telespectadores ainda têm o direito de escolher livremente entre os meios de comunicação disponíveis e o uso do senso crítico (PEREIRA; LIMA, 2015). 
Nesse contexto, a imprensa tem o papel de formar a opinião pública abrangendo outros campos como a ciência, a cultura, a família e a formação educacional e a capacidade de divulgar essas informações. No entanto, o que temos visto no Brasil é que a influência da mídia vai muito além da mera notícia. Dadas as deficiências do desenvolvimento educacional e (com precisão) as barreiras de acesso à cultura, os meios de comunicação acabam muitas vezes por desempenhar o papel de principais formadores de opinião pública (PEREIRA; LIMA, 2015). 
A mídia veicula informações de forma tão importante e tem tanta influência social que sob o princípio da separação de poderes, torna-se simbolicamente o quarto poder, por isso esse nome é usado quando se fala dela. (TOMASI; LINHARES, 2015). 
Segundo Afonso de Albuquerque (2009), o quarto poder possui três conceitos: Fourth Estate (refere-se ao liberalismo inglês): Traduzido como "Quarto Estado" em português, a imprensa é uma força contrária destinada a produzir um controle externo do Estado, buscando beneficiar os cidadãos. Ela teria a função de ser um cão de guarda em defesa dos interesses sociais, publicando notícias que permaneceriam confinadas no governo se fosse possível. 
Ao reportar informações, a imprensa informará as discussões políticas em nível nacional, quebrando assim o monopólio dos poderosos sobre a informação. Sua característica como quarto estado não é um estado governamental, mas uma organização social que representa o povo. (ALBUQUERQUE, 2009). 
O segundo conceito é o de Fourth Branch (aludindo ao modelo de governo na América do Norte): ao contrário do Fourth Estate, este deve referir-se à questão da divisão do poder governamental. A imprensa atua como ferramenta auxiliar do governo, servindo e buscando o equilíbrio entre os três poderes separados, legislativo, executivo e judiciário. (ALBUQUERQUE, 2009). 
Para Afonso de Albuquerque (2009), o principal paradoxo é que a imprensa pode funcionar adequadamente como mediadora dos três poderes se exigir e for recompensada como intermediária neutra, sem interesses políticos e movida apenas pela tecnologia e pela ética profissional.
O terceiro conceito é o do Poder Moderador (tem como referência a Constituição Brasileira de 1824): a imprensa exerce uma espécie de superpoder, tornando-se mediadora das diferenças estabelecidas entre os três poderes, além de defender o interesse público, referindo-se ao Estado. (ALBUQUERQUE, 2009). 
Com o fim da ditadura militar (1964-1985), a imprensa, que teve papel importante no retorno da democracia no Brasil, passou a desempenhar um papel político ativo, o que em alguns aspectos se assemelha à Constituição dos Poderes Reguladores criada em 1822, mesmo no Sem respaldo constitucional, ela se ofereceu para aplicá-lo. (ALBUQUERQUE, 2009). 
Com o avanço da tecnologia e o restabelecimento da democracia no Brasil, a televisão passou a se tornar um grande veículo de informação como os jornais e o rádio, tornando a mídia mais difundida e moldando a opinião pública. (NEGREIROS, 2010). 
Pedrinho Guareschi (2007) observa que a comunicação midiática, apesar de sua centralidade na comunicação de questões de interesse social, está em constante evolução, e por isso elabora quatro afirmações sobre o tema.
A primeira afirmação é o fato de que a mídia tem o poder de construir a realidade atual. Guareschi (2007) deu um exemplo de que quando a TV noticiava uma greve que estava acontecendo no país, quando ela parava de mencionar o assunto, as pessoas automaticamente supunham que a greve havia parado/acabado porque a mídia não estava mais transmitindo. 
A segunda complementa a primeira não apenas afirmando o que existe ou não, mas, dependendo do seu ponto de vista, atribuindo noções de valor às realidades existentes, seja a agenda em questão positiva ou negativa. Se uma pessoa está na mídia, então essa pessoa existe, é realmente relevante, é alguém que merece respeito. (GUARESCHI, 2007). 
A terceira afirmativa abordada por Pedrinho Guareschi (2007) é a mídia que coloca diversos assuntos e temas em seu escopo de discussão e determina até que ponto os temas discutidos podem ser discutidos. 
Os autores acreditam que esse é um problema sério, pois se a mídia optar por não discutir um assunto, pode simplesmente deixá-lo fora da pauta, fazendo com que grande parcela populacional fique sem saber sobre algum problema que está acontecendo (GUARESCHI, 2007). 
A quarta e última afirmação é que uma grande porcentagem de pessoas passará horas assistindo TV/Internet, isso é chamado de interlocutor vertical, indo de cima para baixo, não fazendo perguntas, apenas dando respostas. (GUARESCHI, 2007). 
Hoje, a Internet é um dos meios de comunicação mais importantes a nível mundial, pois conecta todos os meios eletrônicos de comunicação em todo o mundo, facilitando a integração social, armazenamento e disseminação de informações. Essa globalização da informação influenciou muito a percepção do público sobre diversos temas, mesmo aqueles que não são transmitidos pela televisão. (GRANATO, 2015). 
Embora seja um fenômeno recente, ganhando destaque a partir da década de 1990, o consumo de mídia via Internet é considerável no Brasil atual. No entanto, esse meio de divulgação é menos confiável que o jornalismo e nem sempre respeita os princípios constitucionais aos quais o jornalismo está vinculado, como as violações à reputação, à privacidade e à imagem. (GRANATO, 2015). 
Por fim, percebe-se a enorme influência da comunicação midiática na sociedade brasileira, moldando e manipulando a população da forma que bem entender nas três principais esferas da legislação, administração e justiça, com o objetivo de lucrar com as notícias. Difundido e não informativo.(TOMASI; LINHARES, 2015). 
4.3 INFLUÊNCIA MIDIÁTICA NO DIREITO PENAL SIMBÓLICO 
No Brasil, há uma longa história de "criminologia da mídia", um espetáculo selvagem e extravagante alimentado pelo populismo penal que inclui a exploração do jornalismo catastrófico e sanguinário, com imagens chocantes para fomentar o medo e a insegurança social. (GOMES, 2012). 
O produto mais lucrativo da mídia é a dramatização do sofrimento humano causado por perdas horríveis e, quando bem explorado, inspira o desejo de justiça da sociedade, além de espalhar insegurança na população. (GOMES, 2009). 
Essa saudade de ser despertada pelo drama de alguém sendo explorado pela mídia acaba causando uma comoção de massa, transformando-se em uma corrente punitivistas, onde as pessoas clamam por mais leis, mais prisões e mais castigos, ou seja, uma vingança para sanar a dor das vítimas (GOMES, 2009). 
A valorização das vítimas é uma característica muito popular do discurso da mídia. A comunicação midiática não apenas amplifica a dor das vítimas, mas também causa maior impacto social e molda a imagem das vítimas. A vítima torna-se um objeto utilizado para sensibilizar o espectador, utilizando sua imagem e os relatos de parentes e amigos como forma de despertar fortes emoções para provocar um senso de justiça. (FLORES, 2013). 
Aliado ao fato de a comunicação da mídia focar em um determinado tipo de criminoso, toda a sociedade também volta sua atenção para ele, dando às pessoas a sensação de que a insegurança social é a culpada, criando assim uma nova forma de crime estatal que deve ser combatido (SOHSTEN, 2013).
Tanto a mídia quanto os políticos têm desviado seu discurso punitivo para os novos inimigos deste país, fomentando a ideia de que o poder da lei penal deve ser usado contra eles com violência e exemplo, porque só assim a justiça pode ser feita, de Claro, com o apoio da população eles manipulam. (SOHSTEN, 2013). 
Quem não quer punir imediatamente o acusado equivale a não querer justiça. A imagem da vítima é divulgada pela mídia com implicações políticas ou morais, do ponto de vista do "espetáculo", é mais intrigante do que a própria vítima, e seu drama não consegue prender a atenção do público por muito tempo. (FLORES, 2013). 
A maioria das pessoas, ao ler notícias tão sensacionalistas veiculadas pela mídia, pensa que tem o direito de discutir direito penal, processo penal e política criminal, mesmo que não tenha nenhum conhecimento jurídico sobre esses temas. (DIAS; DIAS; MENDONÇA, 2013). 
A mídia do país usa o crime para convencer a população a ter uma base "crítica" para o problema, mesmo que essa persuasão seja baseada em notícias sensacionalistas e exageradas sobre a situação real, criando assim um positivismo generalizado. (DIAS; DIAS; MENDONÇA, 2013). 
Os crimes divulgados por esses meios de comunicação para chocar e intimidar a sociedade fazem com que as pessoas anseiam por justiça. Infelizmente, esse anseio acaba sendo uma falsa percepção de justiça, pois essa sensação de punição social diante das informações veiculadas pela mídia acaba pressionando o poder legislativo, e assim promulgando ou reformando leis penais apenas para agradar e acalmar a opinião pública. (TOMASI; LINHARES, 2015). 
O legislador, fadado à extrema necessidade de perder eleitores e conquistar novos, não resiste às marchas e manifestações a favor de punições pesadas, por isso anseia por promulgar essas leis, que são elogiadas pelo povo e pela mídia. (GOMES, 2009). 
Como se vê, essa resposta do Legislativo apenas transmitiu uma falsa sensação de segurança, uma vez que tratar dos problemas sociais existentes no país não é atribuição de ilícitos cometidos nem condenação dos acusados. (TOMASI; LINHARES, 2015). 
O maior problema do populismo penal é a invisibilidade de certos princípios jurídicos. O populismo criminoso acredita em ideais de justiça aos quais o atual sistema penal não se aplica, aproveita o poder da mídia e ignora completamente alguns princípios fundamentais da manutenção da ordem jurídica. (GOMES; MELO, 2013). 
Por vezes, esse populismo maléfico manipulado pela mídia viola até mesmo garantias constitucionais básicas, como a proteção da saúde física e mental das pessoas e da dignidade pessoal, de modo a promover a inconstitucionalidade em apoio à justiça repressiva. (GOMES; MELO, 2013). 
Ao apoiar o direito penal autoritário e autocrático, os legisladores estão transferindo peso que não podem carregar para o direito penal como um ramo que deve ser visto como último recurso e subsidiário acaba se tornando o primeiro para solucionar o alvoroço social (SANCHÉZ, 2013 apud GRANATO, 2015). 
Outros princípios que também são desvalorizados por esse populismo são o princípio da proporcionalidade, que visa comparar as irregularidades da punição aplicada, evitando assim que seu uso seja exagerado; condenado somente após a sentença. (GOMES; MELO, 2013).
 Por fim, o princípio do devido processo legal, também com base na Constituição Federal de 1988, inclui o direito à liberdade do acusado e de seus bens, e o devido processo legal proíbe a privação de seus bens (GOMES; MELO, 2013). 
A obsessão pelo bom senso é tão forte que é fácil ignorar os dados científicos que comprovam a ineficácia da aplicação de medidas repressivas na redução dos índices de criminalidade. O populismo criminoso prega e incentiva leis penais maximalistas, repressivas e extremamente intervencionistas. (GOMES; MELO, 2013). 
Atualmente, a tarefa da repressão é mais prioritária do que a da prevenção. Nessa lógica, há uma espécie de crescimento indomável e o desejo de punir as pessoas. Amplificando o poder da punição, criando instituições que espelham desejos reprimidos para a situação e tentam legitimar as inseguranças que as pessoas temem. (MENDES; ALVES, 2015). 
Segundo Ferrajolli (2002), O Código Penal Supremo constatou a falta de garantias centrais quanto à qualidade e quantidade de sentenças e liminares prescritas. O sistema desrespeita as garantias constitucionais básicas e visa punir a todo custo. Desta forma, o direito penal é visto como o domínio de resolução de toda crueldade social, o que contraria o princípio da menor intervenção. (apud MENDES; ALVES, 2015). 
O atual sistema de direito penal mínimo do Brasil geralmente segue normas justas e razoáveis ​​e não maximiza a proteção da soberania dos cidadãos devido à repressão do Estado. (FERRAJOLLI, 2002 apud MENDES; ALVES, 2015). 
Pelo contrário, o sistema penal máximo tem rigidez e proibição excessivas, segue normas incertas e tem a imprevisibilidade da punição, o que é um sistema irracional. (FERRAJOLLI, 2002 apud MENDES; ALVES, 2015). 
Sendo assim, Ferrajolli (2002) racional. Entenda que o objetivo da lei penal mínima não é tornar o inocente culpado mesmo que nenhum criminoso seja encontrado, enquanto a lei penal máxima é baseada no fato de que nenhum crime ficará impune mesmo à custa da liberdade do inocente. (apud MENDES; ALVES, 2015). 
Tão ferozmente na mídia A reimpressão dessa tendência é extremamente preocupante, pois difunde conceitos diferentes dos propostos pelo atual modelo de ordenamento jurídico, recorrendo à retórica em defesa de princípios inconstitucionais. (GOMES; MELO, 2013). 
O discurso da mídia impotente para fazer justiça é uma forma de desconstruir a justiça, dirigida pelo público (FLORES, 2013). 
As declarações da mídia incentivam leis mais rápidas, ad hoc, que podem trazer a paz no curto prazo, mas no médio e longo prazo é claro que não têm solução, pois são questões jurídicas que afetam apenas o efeito e não a causa. (SIMI, 2017). 
No Brasil, por influência da mídia, algumas leis foram promulgadas e algumas leis revisadas. Por meio de seus discursos, ela tem a capacidade de avançar em questões sociais para expandir o direito penal e eliminar sua subordinação. Devido à repercussão dos casos, em sua maioria pessoas famosas ou ricas foram as vítimas, as leis penais foram promulgadas e alteradas. (GRANATO, 2015). 
Tem-se como exemplos, a Lei dos Crimes Hediondos (Lei no 8.072/90), a Lei da Tortura(Lei no 9.455/97), a Lei de Crimes contra a saúde pública (Lei no 9.677/98), a Lei do Regime Disciplinar Diferenciado (Lei no 10.792/03), as Leis no 9.695/98 e 11.464/07, que trouxeram mudanças para a Lei dos Crimes Hediondos, a Lei Carolina Dieckmann (Lei no 12.737/12) e a Lei do Feminicídio (Lei no 13.104/15) (GRANATO, 2015). 
Todas essas leis foram promulgadas pelo legislador em resposta ao clamor da população por justiça, porém, com o passar do tempo percebeu-se que essas leis não alcançaram o resultado almejado pela sociedade. (GRANATO, 2015). 
Por isso, vale notar que por trás do populismo criminoso existe um ciclo vicioso que emerge da ação de operadores proeminentes: primeiro, a mídia, que joga com o lado emocional da população ao destacar crimes que ocorrem no Brasil, geralmente focando sobre um determinado tipo de crime que de alguma forma ressoa e sensibiliza as pessoas, por isso passou a relatar vários incidentes semelhantes a este. Depois que a notícia chegou ao povo, a sociedade se sentiu insegura (SOHSTEN, 2013). 
O segundo operador são os políticos que correm para promulgar programas de direito penal com base no clamor popular para ganhar popularidade e votos, apenas para mostrar ao público que estão fazendo o seu trabalho e fazendo o que é necessário para preservar a segurança social (SOHSTEN, 2013).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo pretende examinar o fenómeno do direito penal simbólico no contexto da crescente necessidade de resolução de problemas. sociais. De acordo com o pano de fundo apresentado, a mobilização social é extremamente importante na formação da consciência de massa, porém, uma característica comum delas é que provocam o Estado a enfrentar uma série de problemas, muitas vezes urgentes e imediatos na formação histórica, cultura das sociedades e Estados. Na maioria dos casos, esse recurso aparece porque não é adequado para o fim a que se destina, ou seja, parece inválido. Mas essa inconsistência no direito penal se mostrou insuficiente para que o Estado assuma uma posição razoável. Ao contrário, com o crescimento das demandas sociais, os problemas da sociedade e da classe política brasileira foram expostos, e o ordenamento jurídico foi inflado por uma série de leis penais simbólicas, ou seja, apenas como meio de responder à população, mas não apresentou bons resultados.
Assim, sempre é dada primazia ao equívoco de que o direito penal é solução para os problemas sociais, o que é visto neste estudo como uma inversão do conceito desse ramo do direito. Ocorre que, utilizando o direito penal como remédio para combater e solucionar problemas que não lhe competem, estes continuarão existindo, somando-se ao prejuízo em termos de aplicabilidade no campo penal quando realmente é suficiente, porque acaba perdendo o foco. Diante do exposto, conclui-se que a utilização do direito penal simbólico é uma ferramenta da classe política, principalmente em épocas eleitorais, para sair da sociedade com suas necessidades atendidas e seus bens legítimos dada a sua fome de votos protegidos.
Portanto, por exemplo, ineficiências em políticas públicas apropriadas que não respondem proporcionalmente à vontade da população alimentada por uma espécie de “fetichismo” legal, recorre muitas vezes o ente estatal à produção legiferante penal como meio resposta aos pleitos populares. 
Esse uso sugere que não se preocupa se a lei é efetiva e condizente com as realidades do país, o que se busca é a criação de normas jurídicas que tenham o cunho de satisfazer os interesses imediatos dos grupos sociais, e isso exige que, ou seja, exige-se que as entidades nacionais atuem com celeridade nos problemas cotidianos. Por fim, observou-se que esse usufruto traz diversas consequências para a sociedade brasileira, que entende erroneamente que está amparado pelas leis vigentes do país, quando na verdade a criminalidade e os conflitos vêm aumentando a cada dia no país, confirmando-se que novas leis, punições ainda mais duras são desnecessárias e irracionais.
Em suma, o fenômeno do direito penal simbólico mostra-se prejudicial não apenas por não conseguir resolver os problemas que lhe são impostos, uma vez que estes estão fora de sua alçada, mas porque acaba por torná-lo ineficaz até mesmo para sua finalidade natural, bem como por desencadear uma quebra de confiança em poderes públicos, especialmente poderes legislativo e judicial.
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