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1 MÓDULO 1 OS DIFERENTES ORÇAMENTOS PÚBLICOS SANDRA MARIA OLIMPIO MACHADO JOSÉ FÁBIO SOUSA DIOGO NAIANA CORRÊA LIMA PEIXOTO RealizaçãoApoio Controle Social das Contas Públicas EXPEDIENTE FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro André Avelino de Azevedo Gerente-Geral Marcos Tardin Gerente Editorial Lia Leite Gerente de Marketing e Design Andréa Araújo Gerente de Audiovisual Chico Marinho Gerente de Criação de Projetos Raymundo Netto Analistas de Projetos Aurelino Freitas e Fabrícia Góis Analista de Contas Narcez Bessa UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Educacional Deglaucy Jorge Coordenadora Pedagógica Jôsy Braga Cavalcante Coordenadora de Cursos e Secretária Escolar Marisa Ferreira Desenvolvedora Front-End Isabela Marques Copyright @ 2023 by Fundação Demócrito Rocha TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO CEARÁ (TCE) Presidente José Valdomiro Távora de Castro Júnior Vice-Presidente Edilberto Carlos Pontes Lima Corregedora Patrícia Lúcia Mendes Saboya Ouvidor Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior Conselheiros Luís Alexandre Albuquerque Figueiredo de Paula Pessoa Soraia Thomaz Dias Victor Rholden Botelho de Queiroz Conselheiros Substitutos Itacir Todero Paulo César de Souza David Santos Matos Fernando Antônio Costa Lima Uchôa Júnior Manassés Pedrosa Cavalcante Ministério Público junto ao TCE/CE Procurador-Geral de Contas Leilyanne Brandão Feitosa Procuradores de Contas Gleydson Antônio Pinheiro Alexandre Eduardo de Sousa Lemos José Aécio Vasconcelos Filho Júlio César Rola Saraiva Cláudia Patrícia Rodrigues Alves Cristino Diretor-presidente do Instituto Plácido Castelo Ernesto Saboia de Figueiredo Júnior Diretor Geral do Instituto Plácido Castelo Luis Eduardo de Menezes Lima 4 TCE - Educação e Cidadania Concepção e Coordenador Geral Cliff Villar Coordenadora de Operações Vanessa Fugi Coordenadora de Projetos e Relacionamento Larissa Viegas Coordenador de Conteúdo Daniel Oiticica Coordenadora Editorial Lia Leite Revisora May Freitas Projeto Gráfico e Editora de Design Andréa Araújo Designer Gráfico Welton Travassos Ilustrador Carlus Campos Analista de Projetos Hérica Paula Morais T249 TCE Educação e Cidadania / vários autores ; ilustrado por Carlus Campos. - Fortaleza : Fundação Demócrito Rocha, 2023. 372 p. : il. ; 1080px x 1920px. – (TCE Educação e Cidadania ; 10 v.) Inclui índice e bibliografia. ISBN: 978-65-5383-085-1 1. Administração pública. 2. Prestação de contas. 3. Orçamento público. I. Campos, Carlus. II. Título. III. Série. CDD 350 2023-2807 CDU 35 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 Índice para catálogo sistemático: 1. Administração pública 350 2. Administração pública 35 5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................6 2. TIPOS DE ORÇAMENTO .............................9 3. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS LEGAIS DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO DO BRASIL .................................................... 12 4. PROCESSO ORÇAMENTÁRIO COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO ........................................ 19 5. ORÇAMENTO PÚBLICO ...........................29 6. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ........... 33 7 CICLOS ORÇAMENTÁRIOS .....................37 8. PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO REGIONAL .....................................................47 PERFIL DOS AUTORES ........................... 49 BIBLIOGRAFIA ............................................ 50 GLOSSÁRIO ................................................. 52 6 1. INTRODUÇÃO O processo orçamentário brasileiro está baseado em diversos normativos legais, como a Constituição do Brasil e as Constituições estaduais. Este processo também está pautado em todo um planejamento de dimensão estratégica e operacional diferente, mas temporalmente sincronizadas. Deste processo surgem o planejamento e a execução das políticas públicas governamentais. Estas políticas são norteadas por diversos instrumentos integrados e harmônicos entre si, como o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA), criados pela nossa Constituição Federal, e que você vai aprender neste módulo. Neste módulo, você vai entender quais são os principais tipos de orçamento, os normativos legais que sustentam o nosso processo orçamentário, os princípios orçamentários, seu ciclo e etapas. Antes de começar, vamos contextualizar? Três eventos foram decisivos para organizar o mundo como o conhecemos hoje. Aconteceram na Inglaterra, na França e nos Estados Unidos. No calendário, estão separados por pouco mais de dez anos, sendo os três revolucionários. Um deles foi a Revolução Industrial causada pela invenção da máquina a vapor. Outro foi a Revolução Francesa, com as ideias de liberdade, igualdade e fraternidade. E, também, a Independência dos Estados Unidos. Esses eventos consolidaram o capitalismo, organizaram o Estado e estabeleceram a democracia. 7 Capitalismo se apoia na livre iniciativa, lucro e acumulação de riqueza. O Estado se estrutura na separação de poderes (legislativo, executivo e judiciário), repúblicas federativas e desenvolvimento da máquina pública financiada por tributos. A Democracia se consolida na representação pelo voto, alternância no poder e imprensa livre. Este é um resumo básico e simplificado do que aconteceu nos últimos 230 anos e resultou (nesse curto espaço de tempo) num avanço maior do que em qualquer outro período conhecido da história. Uma parte expressiva da vida civilizada moderna acontece em torno dos desdobramentos desses elementos estruturantes da política e da economia: essencialmente eleições regulares, ação de governos e disputas de mercado. As ações de governos são realizadas por meio de um planejamento público. Sua execução é o exercício do poder. O planejamento público interessa a toda a sociedade e diz respeito a todos os segmentos sociais. Ele é participativo, pois é realizado por dois dos três poderes (Executivo e Legislativo). Além disso, o planejamento público dever ser transparente. Ele também é a síntese de princípios e valores da democracia nas sociedades livres, base fundamental da modernidade, instrumento de exercício da política e da cidadania. O planejamento governamental, de acordo com o Manual Técnico do Orçamento da União, é uma atividade permanente da administração pública e se constitui como função essencial do Estado. O processo de planejamento compreende a escolha de políticas públicas e de instrumentos e modelos que 8 sejam capazes de responder a problemas enfrentados pela sociedade em um ambiente de recursos escassos (financeiros, organizacionais, informacionais e tecnológicos). É imprescindível pensar o planejamento governamental como um processo dinâmico em sintonia com as mudanças que se operam nas dimensões política, social e econômica do país, relativas às preferências e demandas (crescentemente complexas) dos vários grupos sociais que compõem a sociedade brasileira (DE TONI, 2014). Não pode existir planejamento sem orçamento. O orçamento público é, portanto, o instrumento de planejamento que detalha a previsão dos recursos a serem arrecadados e a destinação desses recursos, todos os anos. A partir de agora, você vai aprender os principais conceitos sobre o orçamento como um instrumento de planejamento público. Que essa jornada seja enriquecedora rumo ao aprimoramento da gestão pública e à construção de uma relação sólida e confiável entre os gestores e a sociedade que eles servem. Boa leitura! 9 2. TIPOS DE ORÇAMENTO Antes de começarmos a estudar o processo orçamentário brasileiro, é importante que você entenda que, ao longo dos anos, os conceitos e técnicas envolvendo os orçamentos públicos foram evoluindo, com o objetivo de racionalizar a sua utilização.Esta evolução partiu de um conceito de orçamento meramente autorizativo de despesas até modelos mais complexos, verdadeiros instrumentos essenciais ao planejamento dos governos. Vamos conhecer os diferentes tipos de orçamento? Orçamento Tradicional (ou Clássico) Sua principal função era a de possibilitar aos órgãos de representação um controle político sobre o Poder Executivo. Neste modelo, o objetivo era manter o equilíbrio financeiro e evitar uma expansão dos gastos de forma desmedida. Ou seja, a técnica tradicional de orçamentação se restringia à previsão de receitas e autorização das despesas, com foco no objeto do gasto. Outra característica dessa técnica é a elaboração do orçamento de forma incremental, ou seja, considerando apenas acréscimos em relação às receitas e despesas dos anos anteriores. Dessa forma, o orçamento tradicional ou clássico privilegiava o controle contábil do gasto, em detrimento ao atendimento das necessidades da sociedade ou do resultado que se pretendia alcançar. 10 Orçamento de Desempenho Como evolução do orçamento Tradicional surgiu o Orçamento de Desempenho. Ele apresenta um novo enfoque na elaboração da peça orçamentária. Neste modelo, além do equilíbrio entre a receita e a despesa, o gestor buscava avaliar os resultados da ação governamental, ou seja, perseguia os benefícios que seriam obtidos. Além do aspecto do orçamento Tradicional, que era o objeto do gasto, equilibrado com a receita, o orçamento de Desempenho incorporava um segundo aspecto, o programa de trabalho. Aqui o que se buscava era também a mensuração do desempenho, mas o foco passa a ser para que estão destinadas as despesas e não mais o objeto do gasto. Apesar desta significativa evolução, este tipo de orçamento ainda não contemplava o relacionamento direto com um sistema de planejamento das políticas públicas. Orçamento de Base Zero O orçamento do tipo Base Zero foi a adaptação de um modelo idealizado para a iniciativa privada, replicado para o setor público. Essencialmente, é um tipo de orçamento em que a cada período de elaboração, todas as despesas demandadas pelos órgãos do governo são totalmente reavaliadas, como se nada houvesse sido programado ou executado no período imediatamente anterior. É um modelo de difícil implementação, embora sua eficácia seja maior em empresas que prestem, essencialmente, serviços, como é o caso do setor público. 11 Orçamento-Programa Considerado moderno, o Orçamento-Programa é a espécie de orçamento utilizada atualmente no Brasil. Aplica o foco nos programas de governo, ou seja, nas realizações que se buscam alcançar. Por conta disso, há uma forte ligação com o planejamento. O programa se traduz no plano de trabalho do governo, com as especificações das ações que se buscam realizar. A adoção deste modelo no Brasil possibilitou criar a Classificação Funcional-Programática que perseguia dois objetivos: obter informações sobre o destino dos recursos orçamentários por áreas mais ou menos homogêneas; e possibilitar suporte esquemático à programação. Isto possibilitou identificar onde o governo aplicava os recursos e entender a finalidade de executar tais despesas. Tudo isso graças à associação dos programas de trabalho com as funções de estado. Dessa forma, o orçamento passa a ser instrumento de operacionalização das ações do governo, em consonância com as diretrizes do planejamento. 12 3. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS LEGAIS DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO DO BRASIL Constituição Federal e Constituições Estaduais O conjunto de normas de um país é construído em torno de uma lei suprema, a Constituição. Esta norma principal define como devem ser elaboradas as outras normas. Define também quem serão seus responsáveis e o conteúdo mínimo que o restante da legislação deve conter. É na Constituição Federal brasileira onde estão contidas as regras orçamentárias. Todas as demais normas têm que obedecê-la sob pena de cometer vício de inconstitucionalidade. As Constituições estaduais possuem a mesma prerrogativa de serem a norma suprema no âmbito regional em matéria orçamentária. Obviamente, não podem se contrapor à Constituição Federal. Em função disso, o artigo 24 da Constituição Federal (CF) atribui competência à União, Estados e Distrito Federal para legislar concorrentemente sobre orçamento. A partir daqui você percebe que o assunto orçamento é encarado com muita responsabilidade dentro da norma mais importante do país. Todos os entes federativos são obrigados a tratar de orçamento. A Constituição conta com um título específico https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638933/artigo-24-da-constituicao-federal-de-1988 13 sobre Tributação e Orçamento, onde eles ganham destaque. Nele está contido, por exemplo, o artigo onde é mencionada a existência dos instrumentos de planejamento e seus responsáveis. Trata-se do artigo 165 que determina que as Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; e III - os orçamentos anuais. Neste módulo, você vai entender o que significa cada um deles. A Constituição Federal também dispõe sobre o conteúdo mínimo que estes três instrumentos de planejamento devem conter. No caso do Plano Plurianual (PPA) seu aspecto regionalizado. Em relação às diretrizes orçamentárias, contempla uma lei, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que estabelece as diretrizes para a aplicação dos recursos públicos. E nos orçamentos anuais, outra lei, a Lei Orçamentária Anual (LOA), que é um instrumento mais operacional. Nela se observa a arrecadação de tributos e sua consequente aplicação, além de conter diversas premissas de observância obrigatória na sua elaboração. Lei de Contabilidade Pública Além da Constituição Federal e das Constituições estaduais, dispositivos que disciplinam diretamente o tema do orçamento, existem leis complementares que estabelecem normas sobre finanças e orçamentos. Uma delas é a Lei de Contabilidade Pública, que apresenta normas legais de orçamento e controle capazes de manter equilibrado o planejamento orçamentário e a programação dos resultados que o gestor público deseja atingir. https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/art-165-secao-ii-dos-orcamentos-constituicao-federal-comentada/1540359706?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=doutrina_dsa&utm_term=&utm_content=capitulos&campaign=true&gclid=Cj0KCQjwmICoBhDxARIsABXkXlIdHH0D9bwsb0usdUSEdQ3FbwG68ruTDrCOFAzboQL-ecLfBXWFGhEaApewEALw_wcB https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm 14 Esta norma também dedica todo um título para tratar de questões relacionadas à contabilidade pública, como forma de evidenciar tecnicamente os fatos ligados à administração orçamentária e financeira. Lei de Responsabilidade Fiscal Outro exemplo de instrumento legal do sistema orçamentário do Brasil é a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ela reúne diversos disciplinamentos sobre finanças e orçamento. A LRF é a norma que foi criada mais recentemente e com grande avanço na cultura da gestão pública. Aprovada no Congresso Nacional sob os rigores de uma Lei Complementar, está baseada nos seguintes pontos: planejamento; transparência; controle; equilíbrio das contas públicas; limites para determinados gastos; e limites para o endividamento. Vale a pena aprender que uma Lei Complementar, como a LRF, é uma lei que tem como propósito, complementar e explicar algo à Constituição. E por que dizemos que sua aprovação é rigorosa? Porque diferentemente de uma Lei Ordinária, que exige apenas maioria simples de votos para ser aprovada, a Lei Complementar exige maioria absoluta, ou seja, a metade mais um dos votos dos parlamentares. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm 15 PARA ENTENDER MELHOR Os objetivos da LRF Dar maior eficiência na arrecadação de tributos e aplicá-los de maneiramais responsável; moralizar a gestão pública e responsabilizar o gestor na atividade financeira e orçamentária; assim como regulamentar dispositivos da Constituição Federal. Como a gestão pública funcionava antes dessa lei? Basicamente, até o momento da aprovação da LRF, a realidade brasileira era marcada por endividamento excessivo; aumento ilimitado nas despesas de pessoal, principalmente em momentos eleitorais; e falta de controle e de transparência na gestão dos recursos públicos. Assim, a LRF organizou o planejamento orçamentário. Ela implementou um ciclo fiscal caracterizado pela responsabilidade gerencial de médio prazo. Também assegurou a qualidade do gasto público, reforçando a importância dos seus três instrumentos de planejamento (PPA, LDO e LOA), que você vai conhecer mais adiante. 16 DICA DE ESTUDO Para conhecer mais sobre a LRF, estude o Módulo 7 (Responsabilidade fiscal e socioambiental). Outro grande marco resultante da LRF foi o acompanhamento de resultados do orçamento. Isso porque ela associa os números orçamentários às metas propostas, inclusive com uma mensuração posterior. E mais importante ainda, a LRF regula se as metas foram alcançadas. A LRF obriga a todas as autoridades públicas, dirigentes de poderes, órgãos ou entidades públicas da União, dos Estados e dos Municípios terem sob a sua competência ou responsabilidade o gerenciamento de recursos públicos. ENTENDENDO A DIFERENÇA LRF e Lei de Contabilidade Pública Não há sobreposição de enfoque ou objetivos entre a LRF e a Lei de Contabilidade Pública. A LRF apresenta normas para a melhoria da qualidade da gestão fiscal, pautada no planejamento, transparência, controle e responsabilidade. A Lei de Contabilidade Pública se propõe a disciplinar os procedimentos para a elaboração e o controle do orçamento e dos balanços. 17 Portarias da Secretaria do Tesouro Nacional e da Secretaria de Orçamento Federal Além das Constituições e Leis mencionadas, existem outros normativos legais que regulamentam os procedimentos orçamentários. Por exemplo, em seu artigo 50, a LRF determina que a edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União. Que órgão é esse? Ele se chama Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e está vinculado ao Ministério da Fazenda. Ele tem, entre outras atribuições, editar normativos, manuais, instruções de procedimentos contábeis e plano de contas, com o objetivo de elaborar e publicar as demonstrações contábeis consolidadas. Cumprindo com essas responsabilidades, a STN passou a editar o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP). Esse manual tem por finalidade contribuir com o processo de elaboração e https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11238735/artigo-50-lc-n-101-de-04-de-maio-de-2000 18 execução orçamentária, bem como o fortalecimento da contabilidade pública no Brasil. Qual é a importância desse manual? Ele segue as Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas do Setor Público (NBC TSP), editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Essas normas buscam a convergência às normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público, conhecidas como International Public Sector Accounting Standards (IPSAS), editadas pelo International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB). As normas dispostas no MCASP são de observância obrigatória para todos os órgãos e todos os poderes do setor público (da União, dos Estados e dos Municípios). Possui uma composição robusta e está disposta em cinco grandes partes, com destaque para a Parte I, que abrange os Procedimentos Contábeis Orçamentários. É importante salientar, contudo, que este manual não reduz a força normativa das regras fixadas na Lei de Contabilidade Pública, que continua sendo a base para a elaboração e execução dos orçamentos federal, estaduais e municipais. O MCASP é atualizado regularmente, estando vigente a 9ª edição, que você pode consultar aqui. Além da STN, a Secretaria do Orçamento Federal (SOF) também auxilia na padronização da matéria orçamentária no âmbito de todos os entes federados. Como exemplo, podemos citar a Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 04/05/2021. Ela estabelece a classificação de todas as receitas e despesas públicas, definindo códigos, natureza e estruturas padronizadas a serem seguidas por todos os entes da Federação. https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:41943 https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento-e-orcamento/orcamento/legislacao-sobre-orcamento/portariainterm1632001.pdf https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento-e-orcamento/orcamento/legislacao-sobre-orcamento/portariainterm1632001.pdf 19 4. PROCESSO ORÇAMENTÁRIO COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO Vamos aprender agora um pouco mais sobre o aspecto de planejamento do processo orçamentário. É importante destacar que o processo orçamentário no Brasil está pautado num planejamento de dimensão estratégica e operacional, com normas diferentes, mas temporalmente sincronizadas. Sua base são o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual. São estes instrumentos integrados e harmônicos entre si que norteiam o planejamento e execução das políticas públicas governamentais. Por isso, para entender o nosso processo orçamentário, você precisa conhecer cada um desses três instrumentos. 20 ENTENDENDO A DIFERENÇA PPA, LDO e LOA O Plano Plurianual, também conhecido pela sigla PPA, representa o planejamento de médio prazo dos entes governamentais. Tem como finalidade estabelecer as diretrizes, objetivos e metas da administração pública para o período de quatro anos. Já a Lei de Diretrizes Orçamentária, ou simplesmente LDO, anualmente, define as metas e prioridades da administração pública para o exercício financeiro seguinte e orienta a elaboração da lei orçamentária. A Lei Orçamentária Anual, ou LOA, tem como principal função estimar as receitas e fixar as despesas para o exercício financeiro. Vamos aprofundar? O Plano Plurianual (PPA) Dos três instrumentos de planejamento público, o PPA é o que possui o maior alcance temporal, por isso considera-se planejamento de médio prazo. O PPA é uma lei de iniciativa do Poder Executivo. Estabelece, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública. É obrigatório para os entes federal, estaduais e municipais. Abrange tanto a administração direta quanto a indireta. 21 ENTENDENDO A DIFERENÇA Administração Direta e Indireta A administração direta é constituída pelos órgãos relacionados aos entes da federação, como por exemplo a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Eles estão subordinados ao chefe do poder ao qual pertencem. Alguns exemplos desses órgãos são a Presidência da República (nível federal), a Assembleia Legislativa (nível estadual) e a Câmara dos Vereadores (nível municipal). A administração indireta reúne o conjunto de órgãos que prestam serviços públicos, ligados à administração direta, com CNPJ próprio, como por exemplo as autarquias (Agência Nacional de Energia Elétrica), as fundações públicas (Fundação Nacional do Índio), as empresas públicas (Correios) e as sociedades de economia mista (Petrobras). Os planejamentos governamentais de médio prazo, como o PPA, devem observar ainda pactos globais. Um dos mais relevantes é a Agenda 2030, adotada durante a Cúpula das Nações Unidas. Ela contém 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para serem atingidos até 2030. Engloba ações destinadas a acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. https://ipe.org.br/noticias/projetos-do-ipe-estao-comprometidos-com-a-agenda-global-dos-ods/ https://ipe.org.br/noticias/projetos-do-ipe-estao-comprometidos-com-a-agenda-global-dos-ods/ 22 VOCÊSABIA? No caso do governo do Ceará, a Constituição Estadual, por meio de Emenda à Constituição nº 114, de 30 de março de 2022, traz ainda a figura do Planejamento de Longo Prazo. Ele é um importante instrumento de planejamento para direcionar as políticas públicas. Busca um ciclo prolongado de crescimento econômico e social sustentável, com redução das desigualdades sociais e regionais do Estado. Componentes do PPA A Constituição Federal estabelece que a lei que instituir o Plano Plurianual definirá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital. Despesas de capital são aqueles gastos destinados à produção ou geração de novos bens ou serviços que integrarão o patrimônio público. Também definirá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para os programas de duração continuada. 23 ENTENDENDO A DIFERENÇA Diretrizes, Objetivos e Metas As Diretrizes são orientações, guias, rumos. Também são linhas que definem e regulam um traçado ou um caminho a seguir. Podem ser instruções ou indicações para estabelecer um plano, uma ação ou um negócio. No Plano Plurianual, as diretrizes estabelecem as linhas gerais que desenham tal plano. Os Objetivos são resultados que se desejam alcançar em um determinado período de tempo para transformar uma realidade. Os objetivos podem ser definidos como uma declaração clara e concisa do que se pretende alcançar, em termos de metas, resultados ou desempenho. As Metas são quantificações específicas de algo que queremos alcançar. No geral, elas fazem parte de um objetivo, porém são mais precisas. Para o escopo do PPA elas representam as parcelas de resultado que se pretendem alcançar no período de vigência do plano, para cada um dos objetivos. Em outras palavras, você precisa saber que o PPA é estruturado para viabilizar a implementação de Programas de Governo. Eles são um conjunto articulado de ações orçamentárias e não orçamentárias para o alcance de um objetivo comum. Este objetivo comum busca alcançar a solução de um problema, o atendimento de uma demanda da sociedade ou aproveitar uma oportunidade para o desenvolvimento de determinada política ou região. 24 Mas por que devem estar organizadas dentro de Programas? Para dar uma maior visibilidade aos resultados e benefícios gerados para a sociedade. Isto garante maior objetividade e transparência na aplicação dos recursos públicos. Vigência do PPA A Constituição estabelece que a vigência do PPA é de quatro anos e se dispõe de forma não alinhada com os mandatos dos chefes do Poder Executivo (presidente, governadores e prefeitos). 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 PPA 2024-2027 Fonte: Os autores Vigência do PPA 1 Vigência do PPA 2 Elaboração do PPA 1 Elaboração do PPA 2 Elaboração do PPA X Gestão do Governo 1 Gestão do Governo 2 Gestão Essa diferença temporal é muito importante. Ela garante que não haja uma ruptura drástica de programas continuados e para que o novo governante tenha tempo para construir seu novo planejamento de médio prazo. Atualmente, considerando os PPAs da União e os dos Estados, no exercício de 2023 será executado o último ano do PPA 2020-2023, ao mesmo tempo que está sendo elaborado o próximo PPA, o do período 2024-2027. 25 Já no caso das prefeituras, também considerando o exercício 2023, estes entes federados elaboraram o atual PPA em 2021. Portanto, ainda estão finalizando o segundo ano de execução do referido plano (PPA 2022-2025). Essa diferença entre os períodos de elaboração e execução entre as prefeituras e os governos estaduais e federal está diretamente ligada ao período de gestão dos respectivos chefes do Poder Executivo. Não se esqueça de que os prefeitos são eleitos e exercem os seus mandatos em períodos diferentes dos do presidente da República e governadores de Estado. PARA SABER MAIS Você quer conhecer os PPAs do Governo Federal, do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza? Governo Federal Estado do Ceará Prefeitura de Fortaleza Participação Cidadã A efetiva participação da sociedade na definição das políticas públicas é um pressuposto fundamental para a democracia. E o PPA também é um instrumento indutor da participação social na formulação das políticas públicas. É importante você aprender que qualquer cidadão pode contribuir nas diretrizes do planejamento governamental. De que forma? Em 2023, por exemplo, durante a elaboração do PPA 2024-2027 tanto na esfera Federal, quanto na do Governo do Estado do Ceará, https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento-e-orcamento/ https://www.seplag.ce.gov.br/planejamento/menu-plano-plurianual/ ppa-2020-2023/ https://transparencia.fortaleza.ce.gov.br/index.php/planejamento/ppa 26 foram realizadas plenárias regionais, de forma presencial e, posteriormente, participação virtual, por meio de votação em plataforma digital. Reforçando este conceito, para Tenório (2007), a elaboração do PPA é uma possibilidade real de construir na prática a cidadania deliberativa, com decisões legitimadas por processos de discussão, orientadas pelo princípio da inclusão, do pluralismo, da igualdade participativa, da autonomia e do bem comum. PARA ENTENDER MELHOR Participação cidadã no Brasil e no Ceará Entenda mais sobre a participação cidadã na elaboração do PPA 2024-2027 nas esferas Federal aqui e do Estado do Ceará aqui. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) Agora que você já sabe o que é o Plano Plurianual, chegou a hora de aprender um pouco mais sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e sua relação com o PPA. A LDO é uma lei anual que faz a ligação entre o plano de médio prazo de quatro anos, o PPA, e o instrumento operacional que viabiliza a execução deste plano em um exercício, que é a Lei Orçamentária Anual, a LOA. A LDO estabelece as regras para a elaboração da Lei Orçamentária Anual do ano seguinte. Mais especificamente, a LDO traz dispositivos no seu texto de lei que orientam a elaboração, alteração e execução do orçamento. Em outras palavras, a LDO faz o elo entre o PPA e a LOA. Mais adiante, você entenderá também a LOA. https://brasilparticipativo.presidencia.gov.br/ https://cearaparticipativo.ce.gov.br/ 27 Além disso, identifica dentre as metas definidas para os quatro anos no PPA, quais são as prioridades para o ano seguinte, promovendo, dessa forma, também o direcionamento do orçamento. No caso do Governo do Estado do Ceará isso é definido por meio do Anexo de Metas e Prioridades. VOCÊ SABIA? Que segundo a Constituição Federal, os parlamentares só podem entrar de recesso no meio do ano se aprovarem o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias? Competências da LDO A Constituição Federal, além de prever os três instrumentos de planejamento, dentre os quais figura a LDO, também estabelece as principais competências das diretrizes orçamentárias. Quais são exatamente as competências da LDO? Compreender as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente; orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual; dispor sobre as alterações na legislação tributária; e estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Atualmente, são consideradas agências financeiras oficiais de fomento o Banco da Amazônia (BASA), o Banco do Brasil (BB), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), a Caixa Econômica Federal, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame). 28 Lei Orçamentária Anual (LOA) A Lei Orçamentária Anual (LOA) tem por finalidade a concretização dos objetivos e metas estabelecidos no Plano Plurianual. É o que poderíamos chamar de orçamento propriamente dito. É um processo contínuo e dinâmico que traduz em termosfinanceiros para determinado período (um ano), os planos e programas de trabalho do governo. É o cumprimento ano a ano das etapas do PPA, em consonância com a LDO, que vimos anteriormente. Para tanto a LOA estima as receitas e fixa as despesas para um período de um ano, visando atingir as metas pré-estabelecidas. PPA 2020-2023 LDO 2020 LOA 2020 LDO 2021 LOA 2021 LDO 2022 LOA 2022 LDO 2023 Planeamento para 4 anos. Metas para 1 ano. Recursos para o ano. LOA 2023 Fonte: Os autores EM RESUMO PPA, LDO e LOA 29 5. ORÇAMENTO PÚBLICO O orçamento público brasileiro pode ser entendido como um conjunto de leis que autorizam os chefes do Poder Executivo a realizarem as despesas públicas necessárias ao atendimento das demandas da sociedade. Estas despesas devem estar previstas adequadamente no orçamento. Por exemplo: pagamentos de salários, compra de medicamentos, construção de escolas e hospitais, manutenção dos prédios e órgãos públicos, restauração das estradas etc. Para custear tais despesas, o orçamento público deve ter seus valores estimados da receita pública, que é o conjunto dos valores que se pretende arrecadar, e que vai permitir a realização dessas despesas. Receitas e Despesas Você aprendeu anteriormente que a LOA contempla a estimativa de receitas e a previsão de despesas para um exercício financeiro. Mas quais são as principais receitas e despesas públicas? Receita Pública Receitas Públicas são os recursos recolhidos pela Administração Pública e que serão incorporados ao patrimônio do Estado. Tais receitas custeiam as despesas públicas bem como os investimentos públicos. Existem duas formas básicas de ingressos de recursos nos Cofres Públicos. Os Ingressos Extraorçamentários, que representam apenas entradas compensatórias, ou seja, são recursos financeiros de caráter temporário e 30 não integram a Lei Orçamentária Anual (LOA), como os Depósitos Judiciais, por exemplo. E os Ingressos Orçamentários, que representam disponibilidades de recursos financeiros para o Estado. Tais receitas orçamentárias pertencem ao Estado, integram o patrimônio do Poder Público e estão previstas na LOA. As receitas orçamentárias podem ser provenientes de tributos (especialmente impostos, taxas e contribuições de melhoria). Há também valores consideráveis para os entes subnacionais (estados, Distrito Federal e municípios) que são as transferências obrigatórias da União, previstas na Constituição Federal: o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O orçamento também pode estabelecer parcerias com organismos privados, além de auferir receitas de serviços prestados pelas suas entidades, tais como o Detran, por exemplo. O ente público pode contar ainda, para financiar suas despesas, com empréstimos que são classificados na contabilidade pública como “receita de operações de crédito” ou alienação de bens. Elas devem ser utilizadas para a realização de investimento ou abatimento da dívida e não para despesas de custeio. Para o ente Estado do Ceará, por exemplo, as principais receitas tributárias são provenientes do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação); IPVA (Imposto sobre Propriedades 31 de Veículos Automotores); e ITCD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos). Acompanhe aqui a arrecadação do Estado do Ceará. Despesa Pública As despesas públicas viabilizam a obtenção de resultados das políticas públicas planejadas pelos governos. É necessária a respectiva fixação na Lei Orçamentária Anual (LOA) para a sua execução. As despesas previstas no orçamento servem para gerar produtos, como rodovias, e serviços, como atendimento médico. Tais despesas são estabelecidas em forma de classificações orçamentárias. Estas classificações podem evidenciar diversas óticas dos gastos, tais como: por órgão, por função de governo, por fonte de recursos, por região etc. https://www.sefaz.ce.gov.br/arrecadacao-total/ 32 PARA ENTENDER MELHOR Classificação das despesas públicas Uma das principais formas de classificar a despesa é pelo Grupo da Natureza da Despesa (GND). Essa classificação evidencia o tipo de gasto. Pessoal e Encargos Sociais: despesas relacionadas ao pessoal ativo, inativo e pensionistas; Juros e Encargos da Dívida: despesas com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito; Outras Despesas Correntes: despesas com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, auxílios e outros gastos relacionados à manutenção; Investimentos: despesas com obras e a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente; Inversões Financeiras: especialmente despesas com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; Amortização da Dívida: despesas com o pagamento e/ou refinanciamento de dívida e da atualização monetária ou cambial da dívida pública. Acompanhe aqui a execução da despesa do Estado do Ceará. http://web3.seplag.ce.gov.br/siofconsulta/Paginas/frm_consulta_execucao.aspx 33 6. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Os Princípios Orçamentários são regras que funcionam como elementos norteadores do processo orçamentário. São premissas que devem ser observadas durante cada etapa, tanto na elaboração, quanto na execução orçamentária. Você vai aprender agora quais são alguns princípios que integram a legislação brasileira e possuem aplicabilidade direta com a elaboração e execução do orçamento público. Princípio da Unidade O princípio da Unidade estabelece que haverá apenas um orçamento para cada ente federativo em um determinado exercício financeiro. A principal finalidade de ter um único orçamento é apresentar de forma una, e não segregada, o panorama geral da estimativa de receitas e previsão de despesas. Além disso, é uma forma de evitar a existência de vários orçamentos para um mesmo ente federativo (União, Estados e Municípios), o que dificultaria a fiscalização e controle por parte do legislativo. 34 Princípio da Universalidade Esta regra determina que o orçamento deve conter todas as receitas e despesas do ente, sem exceções. A Lei Orçamentária Anual deve compreender, portanto, todas as receitas e despesas orçamentárias de todos os Poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Por universal, se entende que, segundo a Constituição, a LOA compreenderá o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. A LOA também define o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. E o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Princípio do Orçamento Bruto Para evitar a inclusão no orçamento, de importâncias líquidas, ou seja, apenas do saldo positivo ou negativo resultante do confronto entre receitas e despesas, surgiu o princípio do orçamento bruto. Por esta regra, todas as parcelas das receitas e das despesas devem aparecer no orçamento público com seus valores totais, ou seja, pelos valores brutos, sem qualquer dedução. 35 Mas é importante você saber que o princípio do orçamento bruto aceita algumas exceções. Vejamos um exemplo: determinados tributos que, por força constitucional, devem ter uma parcela da sua arrecadação deduzida para a transferência para estados ou municípios. Princípio da Anualidade ou Periodicidade Esta regra estabelece que o orçamento deve ser elaborado e autorizado para um exercício financeiro. Segundo a legislação brasileira, o exercício financeiroprecisa coincidir com o ano civil (de 1 de janeiro até o último dia de dezembro do mesmo ano). Princípio da Exclusividade Este princípio indica que, nas fases de discussão, votação e aprovação da proposta do orçamento, nenhum dispositivo estranho à previsão da receita e fixação da despesa será considerado. Destaca-se apenas a exceção trazida no art.7º da Lei 4.320 que permite a autorização para abertura de créditos suplementares até determinado valor e a contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita. O crédito suplementar, portanto, como o próprio nome já diz, suplementa ou reforça uma dotação orçamentária já existente na LOA. Princípio do Equilíbrio De acordo com o princípio do equilíbrio, o montante da despesa autorizada em cada exercício deverá ser compatível ao total de receitas estimadas para o mesmo período. Por isso, na LOA sempre é apresentado o valor de receitas igual ao total de despesas. 36 Princípio da Publicidade ou Transparência Tem como finalidade mostrar que o Poder Público deve agir com a maior transparência possível, para que a população tenha o conhecimento de todas as suas atuações e decisões. Desta forma todo ato orçamentário, seja de criação ou alteração, só pode ser implementado após a devida publicação do ato normativo. DICA DE ESTUDO Para saber mais sobre o princípio da publicidade ou transparência, consulte o Módulo 2 (Acesso à informação pública, um direito de todos). 37 7. CICLOS ORÇAMENTÁRIOS Agora que você já sabe o que é o orçamento e quais são seus instrumentos de planejamento, chegou a hora de aprender sobre o Ciclo Orçamentário brasileiro. Vamos começar estudando as suas etapas. Etapas do Ciclo Orçamentário Os instrumentos de planejamento definidos na Constituição Federal são de observância obrigatória para todos os entes federados: União, Estados e Municípios. Tais instrumentos, como vimos anteriormente, compõem-se do Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentária e Lei Orçamentária Anual. O ciclo orçamentário corresponde às etapas que envolvem a elaboração até a avaliação, passando pela execução e controle. O processo orçamentário, em suas etapas, repete-se a cada período bem definido, segundo o instrumento de planejamento em questão. Por isso chamamos de ciclo orçamentário. 38 Apreciação Execução Elaboração 1 4 2 3 Avaliação CICLO ORÇAMENTÁRIO EM RESUMO Ciclo orçamentário, etapas e responsáveis. Passo a passo da elaboração do orçamento A Constituição Federal define que a elaboração dos instrumentos de planejamento é de iniciativa exclusiva do Poder Executivo. Para cada ente federativo, o respectivo chefe do Executivo possui essa atribuição (União, Estados e Municípios). Vale destacar que, dentro de cada ente federativo, os poderes serão responsáveis por elaborar suas respectivas propostas orçamentárias que serão consolidadas pelo Poder Executivo. No caso do Estado do Ceará, por exemplo, essa etapa é de responsabilidade do Governador do Estado, sendo 39 coordenada pela Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag). Vejamos os passos: Passo 1: inicialmente, em meados de julho, são analisados os cenários macroeconômicos e estimadas, juntamente com a Secretaria da Fazenda (Sefaz), as receitas orçamentárias para o exercício seguinte (Princípio da Anualidade). Nesse momento são definidas as projeções de arrecadação de tributos como o ICMS, IPVA, ITCMD, Imposto de Renda na Fonte, principais receitas que compõem a arrecadação própria do Estado e financiam suas despesas. Além disso, são previstas também as transferências obrigatórias da União, tais como Fundo de Participação dos Estados (FPE). PARA ENTENDER MELHOR Planejamento Assim como no orçamento doméstico, um bom planejamento financeiro requer que primeiro sejam identificadas e projetadas as receitas previstas para o período, para só depois fazer a distribuição desse orçamento de acordo com as necessidades. Passo 2: a partir das projeções de recursos a serem arrecadados, são distribuídos os limites orçamentários. Nesta etapa, priorizam-se as despesas obrigatórias e essenciais, tais como pagamento de pessoal e encargos sociais, custeio de manutenção dos equipamentos públicos, pagamento de amortização e juros contratualizados. 40 Também são priorizadas as despesas de investimentos, como por exemplo, obras e aquisição de bens. Além do tipo de gasto, o recurso deve ser distribuído considerando as funções de governo, Educação, Saúde, Segurança Pública, dentre outras. Vale destacar que a Constituição Estadual trata de um percentual mínimo de aplicação de recursos para Educação (25%) e Saúde (12%). PARA ENTENDER MELHOR Distribuição dos recursos No planejamento do orçamento familiar, após identificados os recursos disponíveis, também é preciso definir a distribuição entre os membros da família ou entre os tipos de gastos. Por exemplo: plano de saúde, educação dos filhos, esportes, lazer, aquisição de vestuários, alimentação, pagamento de amortização e juros de financiamento, quando existe e, caso seja possível, a reforma da casa ou aquisição de veículo. Ou seja, assim como nos Governos, as necessidades são muitas, mas é preciso fazer um bom planejamento para conseguir priorizar as demandas dentro da receita estimada (Princípio do equilíbrio orçamentário). 41 Passo 3: as Secretarias Setoriais do Estado detalham em agosto seus orçamentos, a partir dos limites estabelecidos, definindo o valor das ações, no âmbito de cada programa de governo e os recursos por região. Os Poderes também enviam à Seplag suas propostas orçamentárias. Nesse momento, por exemplo, pode ser visualizado na propositura da Secretaria da Educação (Seduc) quanto será destinado para a construção de novas escolas; na Secretaria da Saúde (Sesa) quanto é destinado para a manutenção dos hospitais; e na Superintendência de Obras Públicas (SOP), quanto está previsto para conservação ou implantação de rodovias. Passo 4: a Seplag, em meados de setembro, revisa e consolida todas as propostas orçamentárias em um único documento (Princípios da Unidade e Universalidade) e o envia à Procuradoria Geral do Estado (PGE) para análise jurídica que, por sua vez, encaminha ao Governador. Passo 5: o Governador do Estado, até 15 de outubro, conforme determinado na Constituição do Estado do Ceará, encaminha a proposta orçamentária para a Assembleia Legislativa do Estado. Governo Federal 30 de agosto 15 de abril 31 de agosto 30 de setembro 2 de maio 15 de outubro Ente Federativo/ Instrumento de Planejamento Governo Estadual PPA LDO LOA Fonte: Os autores PARA ENTENDER MELHOR Prazos legais 42 Apreciação O Poder Legislativo, ao receber o instrumento de planejamento orçamentário, irá discutir, votar e aprovar, respeitando cada regimento próprio. No momento da discussão dos instrumentos de planejamento, são propostas emendas parlamentares com o intuito de aperfeiçoar a lei em apreciação. No caso da Assembleia Legislativa do Ceará, a proposta vai inicialmente para a Comissão de Orçamento, Finanças e Tributação. Posteriormente, são apresentadas emendas parlamentares. Esta etapa é finalizada com a votação em plenária, ou seja, com todos os membros que compõem a Assembleia. No governo federal as propostas relacionadas ao orçamento são apreciadas primeiro pela Comissão Mista de Orçamento e enviadas ao Plenário do Congresso, em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Após apreciação das casas legislativas, o Projeto de lei volta aos Chefes do Executivo que podem sancionar ou vetar. A parte vetada retorna para o legislativo. Caso não haja veto, o projeto é transformado em Lei e passa para a publicação no Diário Oficial e em plataformas como os sites de transparência (Princípio da Transparência ou Publicidade). Execução A fase da execução orçamentária, como o próprio nome diz, é a etapa em que será realizada a efetiva arrecadaçãodas receitas e a execução das despesas, previstas no orçamento inicial. Cabe destacar que, por meio do chamado duodécimo, os Poderes Legislativo, Judiciário, Ministério 43 Público e Defensoria Pública planejam a execução das suas despesas. O duodécimo é a razão do valor aprovado em lei para compor o orçamento dos respectivos poderes em cada mês do ano. Desta forma, o poder terá autonomia na execução do que foi planejado e aprovado. É importante ressaltar que, no decorrer do exercício, podem surgir fatores externos e, consequentemente, ser necessário realizar ajustes ao orçamento previamente planejado na LOA. Pode ocorrer a chamada frustração de receitas e a necessidade de um contingenciamento das despesas. Também existe a possibilidade de que aconteça excesso de arrecadação, o que pode ampliar uma atividade já em andamento ou iniciar novos projetos. Há ainda casos de apenas remanejamento entre dotações orçamentárias. Estes ajustes são realizados por meio de créditos adicionais, que segundo a Lei podem ser: Suplementares, que são aqueles destinados a reforço de dotações orçamentárias inicialmente previstas no orçamento inicial. Para efetivação desse incremento de orçamento é necessário um decreto no âmbito do Poder Executivo; Especiais, que são aqueles destinados a despesas para as quais não há dotação orçamentária específica. Necessita uma lei ordinária para autorizar o novo programa ou ação orçamentária que não estava previsto na LOA e, em seguida, o crédito é aberto por Decreto do Poder Executivo. 44 Extraordinários, que são aqueles destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, ou calamidade pública, por exemplo, e são abertos por Decreto do Poder Executivo que dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo. PARA ENTENDER MELHOR Mudanças no orçamento No orçamento doméstico também pode haver aumento salarial e ampliação da possibilidade de novas despesas ou vice-versa. A diferença é que, no caso particular, a decisão é apenas gerencial e individual, enquanto na gestão pública precisa ter autorização prévia por meio de Leis e Decretos, ser justificada a necessidade da alteração, comprovado os recursos disponíveis e ser publicizado. Avaliação Após o planejamento das despesas, transformação do projeto em lei e sua execução, faz-se necessário avaliar se os objetivos estão sendo alcançados. Trata-se de uma atividade de responsabilidade, principalmente, do Poder Legislativo, com o auxílio dos Tribunais de Contas. Por esta etapa é possível avaliar os programas, metas e resultados pretendidos e ajustar o processo de planejamento a fim de realimentar todo o sistema orçamentário, contribuindo para o início de um novo ciclo mais eficiente. Dentro da fase de avaliação encontramos também o controle, onde anualmente as contas prestadas pelo chefe do Poder Executivo são apreciadas. 45 O controle interno é feito pela própria administração através dos seus órgãos. Já o controle externo é feito pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas. Após a emissão de um parecer prévio por parte do Tribunal de Contas, a Casa Legislativa julga as referidas contas de modo a constatar se o chefe do executivo agiu com responsabilidade durante o orçamento aprovado. Vale lembrar que a avaliação e o controle são realizados em todo o processo orçamentário. São os chefes de todos os poderes que terão suas contas analisadas e julgadas. DICA DE ESTUDO Para saber mais sobre controle interno e externo, estude o Módulo 6 (Controle interno e externo). Além do controle realizado pelo Poder Legislativo, vale destacar também a importância do controle social. Todos os cidadãos não só podem, como devem acompanhar como se dá a execução das despesas públicas. Além disso, podem acompanhar também dados como receitas arrecadadas, contratos firmados, licitação, salários dos servidores, entre outros. Esse acompanhamento poderá ser feito, por qualquer cidadão, por meio de consultas aos Portais de Transparência do governo federal, estados ou municípios. https://cr2.co/controle-interno-administracao-publica/ 46 DICA DE ESTUDO Para saber mais sobre o controle social das contas públicas e os portais da Transparência, estude o Módulo 4 (Controle Social: cidadãos empoderados). Todos os meios de avaliação do processo orçamentário e controle, quer seja no âmbito legal ou social, são importantes para redirecionar os instrumentos de planejamento. Eles visam à utilização dos recursos públicos de forma cada vez mais eficiente e a construção de políticas públicas efetivas para um desenvolvimento econômico e social, de forma sustentável e participativa. 47 8. PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO REGIONAL Como você já aprendeu, o Brasil adota, como um dos instrumentos de planejamento, o Plano Plurianual (PPA). Com previsão expressa na Constituição Federal, este planejamento deverá ser realizado de forma regionalizada. Mas na prática qual é a importância dessa determinação? Ela veio atender a um objetivo fundamental do Estado, o de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. Você deve saber que a regionalização do planejamento representa um grande desafio para os formuladores de políticas públicas. Isto porque as necessidades da sociedade são sempre maiores do que os recursos obtidos por meio da arrecadação de tributos. 48 Como está orientada esta regionalização? O PPA da União apresenta cinco regiões de planejamento. Estas regiões são as definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Norte, Nordeste, Centro- Oeste, Sudeste e Sul. Nesta contextualização regional também está definida a chamada região nacional. Ela abriga todos os projetos que impactam mais de uma região de forma simultânea. Já o PPA do Governo do Estado do Ceará, por exemplo, compõe-se de quatorze regiões de planejamento, tais como Vale do Jaguaribe, Cariri e Litoral Leste. Há também a região Estado do Ceará, que é onde estão planejados os projetos que repercutem em mais de uma região simultaneamente. Estas regiões foram definidas por lei, considerando características semelhantes, como aspectos geográficos, socioeconômicos, culturais e de rede de fluxos. PARA ENTENDER MELHOR As regiões do Ceará Aqui você conhece mais sobre as 14 regiões de planejamento do Governo do Estado do Ceará e os municípios que integram cada uma delas. A Lei Orçamentária Anual (LOA) também possui a incumbência de mitigar as desigualdades regionais, uma vez que sua elaboração deve ser compatibilizada com o PPA. Assim, nos orçamentos anuais todos os recursos são distribuídos nas regiões. https://www.ipece.ce.gov.br/regioes-de-planejamento/ 49 PERFIL DOS AUTORES Sandra Maria Olimpio Machado é Secretária de Planejamento e Gestão do Estado do Ceará. Mestre em Administração e especialista em Contabilidade e Controle e em Ciências Humanas: Sociologia, História e Filosofia. Possui diploma de Estudios Avanzados em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona. É auditora fiscal do Ceará desde 1990. Atuou como secretária executiva de Planejamento e Gestão Interna na Secretaria da Fazenda (Sefaz). Naiana Corrêa Lima Peixoto é Secretária Executiva de Planejamento e Orçamento da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag). Possui mestrado em Economia do Setor Público, especialização em Finanças Públicas e Direito Tributário e graduação em Ciências Contábeis. É Analista de Planejamento e Orçamento da SEPLAG, tendo coordenado o Orçamento Estadual de 2011 a 2017. De 2018 a 2021 foi secretária de Finanças do Ministério Público do Ceará. José Fábio Sousa Diogo possui mestrado profissional em Planejamento e Políticas Públicas, especialização em Finanças Pública e Direito Tributário e graduação em Ciências Econômicas. É Analista de Planejamento e Orçamento da Seplag com especialidade em Orçamento Público. Também é professor visitante da Escolade Gestão Pública e da Academia Estadual de Segurança Pública. 50 BIBLIOGRAFIA ABRAHAM, Marcus. Lei de responsabilidade fiscal comentada. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. ALBUQUERQUE, Claudiano Manoel de; MEDEIROS, Márcio Bastos; FEIJÓ DA SILVA, Paulo Henrique. Gestão de Finanças Públicas. 2. ed. Brasília: Editora Gestão Pública, 2008. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em: <https:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm>. Acesso em: 10 ago. 2023. BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 08 ago. 2023. BRASIL. Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/L4320.htm>. Acesso em: 08 ago. 2023. BRASIL, Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 4 de maio de 2021. Dispõe sobre as normas gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados, 51 Distrito Federal e Municípios e dá outras providências. Disponível em: <https://www.gov.br/economia/pt-br/ assuntos/planejamento-e-orcamento/orcamento/ legislacao-sobre-orcamento/portariainterm1632001. pdf>. Acesso em: 9 de ago. 2023. BRASIL, Ministério do Planejamento e Orçamento. Secretaria de Orçamento Federal. Manual Técnico de Orçamento MTO: 8ª Versão. Brasília, DF. MP, 2023. CEARÁ. [Constituição (1989)]. Constituição do Estado do Ceará, 1989: [livro eletrônico]. Fortaleza: INESP, 2022. CEARÁ. Secretaria do Planejamento e Gestão. Coordenadoria de Gestão Orçamentária. Manual Técnico de Orçamento - MTO: Versão 2023. Fortaleza, CE. SEPLAG, 2022. DE TONI, J.. A retomada do planejamento estratégico governamental no Brasil: novos dilemas e perspectivas. Revista Brasileira de Planejamento e Orçamento, v. 4, p. 5-20, 2014. GIACOMONI, James. Orçamento público. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2010. REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1986. p 60. REIS, Heraldo da Costa. A lei 4.320 comentada e a lei de responsabilidade fiscal. 36. ed. Rio de Janeiro: IBAM, 2019. TENÓRIO, F. G. Cidadania. In. TENÓRIO, F. G (Org). Cidadania e desenvolvimento local. Rio de Janeiro: FGV; Ijuí: Ed. Unijui, 2007. http://lattes.cnpq.br/9181587534442584 52 GLOSSÁRIO Administração direta: é composta pelos órgãos diretamente ligados aos entes da federação (União, estados, Distrito Federal e municípios). Administração indireta: é feita por órgãos descentralizados e autônomos, mas sujeitos ao controle do Estado. 53 Ações não orçamentárias: conjunto de intervenções de outras esferas de governo, do setor privado e de organizações da sociedade que contribui para a consecução de objetivo de Governo, cuja execução não depende de recursos orçamentários do Estado. Ação orçamentária: instrumento que contribui para atender ao objetivo de um programa, podendo ser projeto, atividade ou operação especial. Cidadania Deliberativa: política consultiva, na qual o indivíduo deve participar de um procedimento democrático, colaborando ativamente no destino da comunidade à qual está inserido. Demonstrações Contábeis: são relatórios que representam a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade em um determinado período de tempo e são úteis para a tomada de decisões. Lei Complementar: lei adotada para regulamentar assuntos específicos, quando expressamente determinado na Constituição. O quórum para aprovação de projeto de lei complementar é maioria absoluta. É elaborada quando a Constituição prevê que esse tipo de lei seja necessária para regulamentar uma determinada matéria. Políticas Públicas: são conjuntos de programas e ações desenvolvidos pelos governos nacionais, estaduais ou municipais que visam garantir o direito à população em diversas áreas, como saúde, educação, cultura ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. Realização 1. INTRODUÇÃO 2. TIPOS DE ORÇAMENTO 3. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS LEGAIS DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO DO BRASIL 4. PROCESSO ORÇAMENTÁRIO COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO 5. ORÇAMENTO PÚBLICO 6 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 7 CICLOS ORÇAMENTÁRIOS 8 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO REGIONAL PERFIL DOS AUTORES BIBLIOGRAFIA GLOSSÁRIO
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