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RESENHA CRITICA - mulher em estado prisional

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FACULDADE IDOR DE CIÊNCIAS MÉDICAS - IDOR 
 
 
 
Paula Santana Silva Pimentel 
2023GGDENF0211 
 
 
 
 
 
 
NASCER NAS PRISÕES: GESTAR, NASCER E CUIDAR 
 RESENHA CRÍTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2024 
 
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RESENHA CRÍTICA SOBRE O DOCUMENTÁRIO: NASCER NAS PRISÕES: 
GESTAR, NASCER E CUIDAR 
• Produção: Fiocruz 
• Direção: Bia Fioretti 
• Gênero: documentário 
• Ano: 2018 
• Duração: 23 Min. 
 
• Autores: 
Fioretti, Beatriz T. S. 
Leal, Maria do Carmo 
Sánchez, Alexandra Augusta Margarida Maria Roma 
Larouzé, Bernard 
Castro, Vilma Diuana de 
Simas, Luciana 
Ayres, Barbara Vasques da Silva 
Pereira, Ana Paula Esteves 
 
Entre março de 2015 e setembro de 2017, foi realizado um projeto com o intuito 
de ampliar a voz das gestantes e mulheres com bebês nas prisões materno-infantis, 
utilizando os resultados do Inquérito Epidemiológico Nascer nas Prisões da FIOCRUZ. 
O objetivo era destacar a vulnerabilidade, desigualdades e questões de gênero 
enfrentadas por essas mulheres encarceradas, a fim de sensibilizar profissionais de 
saúde, agentes penitenciários e a sociedade em geral sobre os direitos em saúde 
materno-infantil, frequentemente negligenciados. 
 O estudo incluiu entrevistas presenciais com 35 mulheres presas, sendo 
gestantes ou mães com filhos menores de um ano que deram à luz em hospitais 
públicos enquanto algemadas em algum momento do trabalho de parto. Foram 
abordadas diversas experiências, como gestação, infecções sexualmente 
transmissíveis (ISTs), HIV, cuidados pré-natais, violência obstétrica, amamentação e 
separação entre mãe e bebê. As variáveis incluíam mulheres de dois presídios nas 
regiões sul e nordeste do Brasil, com idades entre 18 e 43 anos e diversas etnias. 
Além das entrevistas com as detentas, também foram realizadas entrevistas com 
profissionais de saúde, agentes penitenciários e profissionais do direito. 
 Os resultados foram compilados em um documentário educativo de 23 
minutos, intercalando depoimentos das mulheres encarceradas, juízes, profissionais 
do sistema prisional e pesquisadores da FIOCRUZ. Os dados revelaram uma série de 
https://videosaude.icict.fiocruz.br/producao/fiocruz/
https://videosaude.icict.fiocruz.br/direcao/bia-fioretti/
https://videosaude.icict.fiocruz.br/genero/documentario/
https://videosaude.icict.fiocruz.br/ano/2017/
https://www.arca.fiocruz.br/browse?type=author&value=Fioretti,%20Beatriz%20T.%20S.
https://www.arca.fiocruz.br/browse?type=author&value=Leal,%20Maria%20do%20Carmo
https://www.arca.fiocruz.br/browse?type=author&value=S%C3%A1nchez,%20Alexandra%20Augusta%20Margarida%20Maria%20Roma
https://www.arca.fiocruz.br/browse?type=author&value=Larouz%C3%A9,%20Bernard
https://www.arca.fiocruz.br/browse?type=author&value=Castro,%20Vilma%20Diuana%20de
https://www.arca.fiocruz.br/browse?type=author&value=Simas,%20Luciana
https://www.arca.fiocruz.br/browse?type=author&value=Ayres,%20Barbara%20Vasques%20da%20Silva
https://www.arca.fiocruz.br/browse?type=author&value=Pereira,%20Ana%20Paula%20Esteves
 
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desafios enfrentados por essas mulheres, incluindo falta de acesso adequado aos 
cuidados pré-natais, alta incidência de algemamento durante o parto, aumento do 
risco de DSTs e HIV em comparação com mulheres não encarceradas, além de uma 
parcela significativa que ainda não havia sido julgada e muitas que cometeram crimes 
não violentos. O filme destaca a necessidade de priorizar questões de saúde sobre 
preocupações com segurança nas prisões. Evidenciou-se que o ambiente prisional 
não é adequado para o desenvolvimento saudável das crianças, aumentando a 
incidência de ISTs e violência obstétrica. 
Em fevereiro de 2018, o Supremo Tribunal Federal decidiu conceder prisão 
domiciliar, com o uso de tornozeleiras eletrônicas, às gestantes e mães com filhos 
menores de 12 anos que estão em prisão provisória. No entanto, a implementação 
efetiva dessa lei permanece uma incógnita. O filme busca sensibilizar o público em 
geral sobre a vulnerabilidade das mulheres encarceradas, visando reduzir o estigma 
e a invisibilidade, além de desmitificar a percepção de periculosidade dessas 
gestantes e mães. Foi lançado em DVD e disponibilizado na internet pelo selo Vídeo 
Saúde da FIOCRUZ, com legendas em espanhol, inglês, francês e português, além 
de áudio descrição para deficientes visuais. 
Discussão/Crítica: A abordagem do documentário sobre a questão das mulheres 
encarceradas gestantes e mães com bebês apresenta uma importante temática social 
e de direitos humanos. Em primeiro lugar, apesar de destacar as dificuldades 
enfrentadas por essas mulheres no sistema prisional, o documentário pode correr o 
risco de reforçar estereótipos ao focar exclusivamente nas vítimas, sem explorar 
adequadamente as complexidades que envolvem o contexto do crime e da punição. 
Isso poderia contribuir para uma narrativa simplista que não aborda as nuances da 
criminalidade feminina e suas causas subjacentes. Além disso, embora o filme 
destaque a importância da saúde materno-infantil e dos direitos das mulheres 
encarceradas, pode não oferecer soluções concretas ou propostas de políticas 
públicas para lidar com os problemas apresentados. A simples exposição dos 
problemas, sem um debate mais amplo sobre possíveis soluções, pode limitar o 
impacto do documentário e deixar o espectador com uma sensação de impotência 
diante da situação retratada. 
Vale destacar à representatividade e diversidade das vozes apresentadas no 
documentário. Apesar de mencionar a entrevista de profissionais de diferentes áreas, 
 
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como saúde, direito e sistema prisional, é importante garantir que as próprias 
mulheres encarceradas tenham um espaço significativo para contar suas histórias e 
perspectivas de maneira autêntica e não mediada. 
Deste modo, o filme poderia se beneficiar de uma análise mais aprofundada 
das causas estruturais que levam à criminalização e encarceramento de mulheres, 
bem como das formas como o sistema prisional perpetua desigualdades sociais e de 
gênero. Isso poderia enriquecer a compreensão do público sobre o tema e inspirar 
ações efetivas para promover a justiça social e a reforma do sistema prisional. Mesmo 
que o documentário aborde uma questão relevante e urgente, é importante considerar 
essas críticas para garantir uma abordagem mais completa e impactante do tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS: 
 
I. FIORETTI, Beatriz T. S. et al. Nascer nas prisões: gestar, nascer e cuidar. In: 
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 
2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 p. Disponivel em: < 
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/38273> Acesso em 13 de Mar, 2024.

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