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PSICOLOGIA RENATA ADRIELLY REGUEIRA GALVÃO PSICOTERAPIA INFANTIL: ESTUDO DIRIGIDO. RECIFE - PE 2023 RENATA ADRIELLY REGUEIRA GALVÃO PSICOTERAPIA INFANTIL: ESTUDO DIRIGIDO. Trabalho referente a disciplina de Psicoterapia Infantil ao Centro Universitário Maurício de Nassau como requisito para composição da nota semestral. Docente: Anderson Monteiro de Lima RECIFE - PE 2023 2 1. PISCOTERAPIA INFANTIL – ESTUDO DIRIGIDO Ao longo da história, o conceito de criança sofreu mudanças significativas. No passado, as crianças eram frequentemente vistas como propriedade dos pais, sem uma compreensão clara do desenvolvimento infantil. Durante a Idade Média e o Renascimento, a infância era vista como uma preparação para a idade adulta. A Era do Iluminismo enfatizou a importância da educação e do meio ambiente no desenvolvimento infantil, levando a um aumento dos valores relacionados à infância. No século XIX, os psicólogos começaram a estudar o desenvolvimento infantil, especialmente crianças com deficiência mental. No século XX, a psicanálise foi muito desenvolvida por Sigmund Freud, que enfatizou a importância da infância na formação da personalidade. Melanie Klein e Anna Freud também contribuíram para a psicoterapia infantil. A psicologia infantil foi incorporada como uma disciplina separada por Jean Piaget e Erik Erikson, que estudaram o desenvolvimento cognitivo e socioemocional. A psicoterapia infantil atualmente inclui várias abordagens, incluindo terapia cognitivo-comportamental e ludoterapia. A psicoterapia infantil moderna é um tratamento holístico que considera fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais para promover o bem-estar e o desenvolvimento saudável da criança. A diferença entre ‘psicanálise infantil’ e ‘psicanálise para crianças’ pode variar dependendo da situação específica e do terapeuta. Ambos os termos geralmente se referem ao uso de princípios psicanalíticos para tratar problemas emocionais e psicológicos em crianças. No caso da "psicanálise infantil", refere-se a um campo mais amplo de estudo e prática que trata do desenvolvimento psicológico das crianças, incluindo a teoria e os métodos psicanalíticos aplicados aos problemas das crianças em geral. Aqui, focamos na compreensão da mente da criança e no tratamento de distúrbios psicológicos que podem ocorrer durante o desenvolvimento. Por outro lado, a “psicanálise infantil” pode ser interpretada como a aplicação específica da psicanálise a casos individuais que envolvem crianças. Esta é uma abordagem mais especializada que se concentra na compreensão dos problemas psicológicos específicos que as crianças enfrentam num ambiente terapêutico. O pequeno Hans é um exemplo clássico de psicanálise adequada para crianças. Hans era um menino tratado por Sigmund Freud, cujo caso foi posteriormente registrado como “Pequeno Hans”. Nesse caso, Freud utilizou princípios psicanalíticos para compreender e tratar os medos e ansiedades específicos expressos por Hans. Logo, em resumo, a diferença entre “psicanálise infantil” e “psicanálise para crianças” pode variar, mas ambas se referem ao uso da psicanálise no contexto da infância, seja de forma mais ampla ou em casos específicos. 3 Na psicanálise freudiana, não há uma distinção clara entre “psicanálise da criança” e “psicanálise com a criança” como categorias separadas. Um termo comumente usado é “psicanálise infantil” para se referir à aplicação dos princípios psicanalíticos ao tratamento de problemas emocionais e psicológicos em crianças. Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, desenvolveu muitos dos conceitos básicos que ainda são usados na psicanálise infantil. Ele acreditava que a personalidade se forma nos primeiros anos de vida e que acontecimentos significativos durante esse período podem ter efeitos duradouros na psique do indivíduo. A aplicação da psicanálise às crianças envolve o exame dos processos mentais da criança, muitas vezes utilizando métodos como a observação direta, o uso de brinquedos e a interpretação de desenhos. Freud acreditava que brincar era uma forma natural de as crianças expressarem seus pensamentos e sentimentos, e isso foi incorporado aos seus métodos de psicanálise infantil. Portanto, na psicanálise freudiana, o foco na infância e na análise das crianças é uma extensão natural dos princípios psicanalíticos com ênfase na compreensão da influência da formação precoce da personalidade e na investigação dos processos inconscientes na mente da criança. Anna Freud, filha de Sigmund Freud, fez contribuições significativas para a psicanálise infantil. Ela desenvolveu uma abordagem específica para trabalhar com crianças, conhecida como psicanálise infantil. Anna Freud enfatizou a compreensão dos processos psicológicos das crianças e a adaptação das técnicas psicanalíticas ao contexto da criança. Na psicanálise infantil de Anna Freud, atenção especial é dada aos estágios do desenvolvimento infantil e às maneiras pelas quais as experiências e conflitos emocionais moldam a personalidade desde a infância. Ela introduziu técnicas como a análise de brincadeiras, onde as brincadeiras das crianças são observadas e interpretadas como uma forma de expressão simbólica de seus pensamentos e emoções. A abordagem de Anna Freud também enfatizou a importância da relação terapeuta- criança e reconheceu que a relação terapêutica era essencial para o sucesso do tratamento. Ela estava preocupada em criar um ambiente seguro e de confiança no qual as crianças pudessem explorar seus sentimentos e conflitos. Em suma, segundo Anna Freud, a psicanálise infantil é a aplicação específica dos princípios psicanalíticos à compreensão e ao tratamento dos transtornos psicológicos em crianças. Teve um papel vital na adaptação da psicanálise às necessidades da população infantil, reconhecendo a singularidade do desenvolvimento e dos problemas emocionais nesta fase da vida. Melanie Klein, uma psicanalista britânica influente, realizou contribuições significativas para a área da psicanálise infantil e elaborou sua própria abordagem denominada Psicanálise com Crianças. Melanie Klein expandiu as teorias de Freud e desenvolveu conceitos específicos para a compreensão do universo emocional das crianças. De acordo com Klein, a 4 psicanálise com crianças não se trata apenas de uma extensão da psicanálise tradicional aplicada às crianças, mas sim de uma abordagem que considera os processos mentais infantis como distintos e com características próprias. Klein introduziu a noção de posições psicológicas, dividindo o desenvolvimento da criança em diferentes estágios emocionais. Melanie Klein também enfatizou a importância do brincar na psicanálise infantil, aproveitando esta oportunidade para acessar as emoções e conflitos inconscientes das crianças. Com a ajuda do jogo, as crianças puderam expressar simbolicamente seus medos e desejos, o que lhes deu a oportunidade de compreender seu mundo interior. Outro famoso psicólogo, Donald Winnicott, trouxe uma perspectiva única para o estudo da psicologia infantil, focando na relação entre a mãe (ou cuidadora principal) e seu filho. Ele introduziu conceitos-chave como Objeto transicional, que é introduzida a ideia de objetos simples (cobertores, bichos de pelúcia, etc.) que as crianças usam para preencher a lacuna entre o eu e o não-eu. Este elemento desempenha um papel importante na transição da dependência total para a independência total e Espaço Potencial, que se refere ao espaço físico e emocional criado pelos cuidadores para ajudar as crianças a explorar e a desenvolver-se de forma eficaz. Winnicott enfatizou a importância do cuidado contínuo da mãe, seu conhecimento de adaptá- lo às necessidades do bebê e a capacidade do responsável de“fazer o que é certo”, ele acreditava que essas coisas eram muito importantes para o desenvolvimento da mente e para a formação do ser humano. Na psicoterapia infantil, a ludoterapia utiliza a brincadeira como método terapêutico e reconhece a importância da brincadeira na expressão e compreensão dos sentimentos das crianças. Nesse sentido, a brincadeira pode ser considerada uma forma de linguagem de sinais, permitindo que as crianças comuniquem situações complexas sem o uso de palavras. A capacidade única da brincadeira de proporcionar um ambiente seguro para a expressão emocional ilustra a importância da brincadeira na psicoterapia infantil. Através da utilização de brinquedos, jogos e brincadeiras, as crianças têm oportunidades de explorar e processar ideias, situações e problemas, promovendo assim o desenvolvimento cognitivo e social. Além disso, a brincadeira na terapia pediátrica ajuda a construir um relacionamento com o terapeuta e cria um ambiente de carinho que incentiva a exploração e a resolução de problemas. Brevemente, a ludoterapia é uma abordagem terapêutica que considera a brincadeira uma ferramenta importante para comunicar e compreender as emoções das crianças, proporcionando um método útil e rico para a psicoterapia infantil. A estrutura de tratamento da ludoterapia, que envolve brincadeiras na psicoterapia infantil, deve ser cuidadosamente construída para criar um ambiente propício ao 5 desenvolvimento emocional da criança. Procure oferecer uma variedade de brinquedos e materiais lúdicos para que seu filho possa escolher o meio de expressão que lhe interessa. A privacidade e a confidencialidade são fundamentais para criar um ambiente seguro onde as crianças se sintam seguras em partilhar os seus sentimentos. A comunicação não-verbal desempenha um papel importante e os terapeutas devem reconhecer expressões faciais, gestos e movimentos como formas significativas de comunicação. De maneira suscinta, o setting terapêutico para a ludoterapia deve ser um espaço seguro, adaptável e centrado na criança, promovendo a expressão emocional e a exploração saudável por meio do brincar na psicoterapia infantil. Cada abordagem terapêutica, como psicanálise, terapia cognitivo-comportamental (TCC), fenomenologia existencial e Gestalt, tem sua própria perspectiva única sobre o brincar na terapia. Vamos examinar brevemente as diferenças em termos de cada uma dessas abordagens. Na Psicanálise, o brincar é considerado uma forma simbólica de expressão que permite à criança ou ao paciente representar e processar experiências inconscientes; na TCC, com foco nos padrões de pensamento e comportamento permite a incorporação sistemática de técnicas lúdicas; na Fenomenologia, o foco está na experiência subjetiva única do indivíduo. A brincadeira pode ser vista como uma forma de explorar o significado existencial, permitindo que os clientes se conectem com suas experiências e obtenham uma compreensão mais profunda de seu próprio significado e propósito e na Gestalt, onde a brincadeira pode ser integrada como uma expressão direta do momento presente. É importante estar atento ao “aqui e agora”. Através de atividades lúdicas, podemos enfatizar a integração e o reconhecimento de partes fragmentadas da experiência. Os pais desempenham um papel fundamental no processo terapêutico envolvendo o brincar na terapia infantil. Sua colaboração permite uma compreensão mais abrangente dos desafios enfrentados pela criança. Isso não apenas fortalece a compreensão dos pais sobre as dinâmicas familiares, mas também promove estratégias colaborativas para apoiar a criança. Essa colaboração fortalece a continuidade entre as sessões e cria um suporte consistente para a criança. O terapeuta pode ajudar a identificar padrões interativos familiares que impactam a criança, promovendo mudanças positivas. Destarte, a participação ativa e colaborativa dos pais é crucial no processo terapêutico, fortalecendo a eficácia da terapia infantil. Ao envolver os pais, cria-se um suporte consistente e integrado que beneficia a criança tanto no contexto terapêutico quanto em seu ambiente familiar. 6