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Pintura_Etrusca

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Pintura Etrusca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
Índice 
Sobre a civilização......................................................................................................................... 4 
Origens ...................................................................................................................................... 4 
Formação, auge e declínio .................................................................................................... 5 
Vida cotidiana ................................................................................................................... 5 
 Descoberta da civilização ............................................................................................. 6 
 Túmulos etruscos ..................................................................................................... 7 
A Pintura ..................................................................................................................................... 11 
Fase Primitiva ............................................................................................................................. 14 
1)Placas de Boccanera ............................................................................................................ 14 
2)Túmulo dos Touros ......................................................................................................... 16 
 3)Túmulo das Leoas ........................................................................................................ 18 
 4)Túmulo da caça e da pesca ........................................................................................ 21 
Fase do estilo severo .................................................................................................................. 24 
5)Túmulo dos Carros .............................................................................................................. 24 
6)Túmulo do Triclinium ...................................................................................................... 27 
 7)Túmulo do Leito Fúnebre ........................................................................................... 30 
Fase influências clássicas ............................................................................................................ 32 
8) Sarcófago das Amazonas .................................................................................................... 32 
Fase helenística ........................................................................................................................... 34 
9) Túmulo dos Escudos ........................................................................................................... 34 
10) Túmulo do Ogre ........................................................................................................... 37 
 11) Túmulo François ...................................................................................................... 39 
Bibliografia .................................................................................................................................. 42 
Webgrafia ................................................................................................................................... 43 
 
 
 
 
3 
 
 
4 
 
Origens 
As origens dos Etruscos ainda são incertas. Alguns historiadores afirmam que vieram da Ásia 
Menor1, instalando-se em Itália entre Roma e Florença onde se situa a atual Toscana, outros 
que são fruto do contacto entre autóctones2 e imigrantes orientais. 
 
1
 É a ligação entre a Ásia e a Europa. Ocupa a maior parte da Turquia. 
2
 Refere-se àqueles que são naturais do território onde vivem. 
Mapa da Etrúria 
5 
 
 
Formação, auge e declínio: 
A civilização etrusca situa-se entre os séculos VIII e I a.c., aproximadamente. 
No período de formação, a sua herança proto-histórica3 se mistura com os contributos 
orientais. 
Os séculos VII e VI a.c. foram o auge dos Etruscos no poder. As cidades rivalizavam com os 
Gregos, a sua esquadra dominava o Mediterrâneo e protegia um vasto império comercial que 
competia com Gregos e Fenícios. Roma foi ela mesma governada por reis Etruscos durante 
perto de um século, até à implantação da república em 510 a.c.. 
Depois veio a era do retrocesso e declínio, em que as cidades começam a perder a sua 
independência de Roma. 
Depois da perda de independência da Etrúria, a língua etrusca não desapareceu, continuando 
a ser falada, escrita e compreendida, só sendo substituída pouco a pouco pelo latim. 
 
Vida Quotidiana: 
Os Etruscos não formavam uma nação unida, mas 
confederações4 instáveis de cidades-estado5, que falavam 
todas a mesma língua e tinham a sua própria política. Estas 
cidades-estado estavam prontas a guerrear-se e eram 
lentas a unificar-se contra um inimigo comum. Apesar de no 
final do século III terem todas perdidas a sua 
independência, muitas destas cidades-estado continuavam 
prósperas. 
A arte Etrusca influenciou a arte Romana, sobretudo depois 
dos etruscos desaparecerem da política. Ocorre novo fôlego 
artístico no país, que vivifica a arte nascente em Roma. 
A escrita etrusca permanece na sua quase totalidade 
indecifrável. Alguns textos permitiram um pequeno avanço 
mas ainda falta muito caminho. Lê-se da direita para a 
esquerda, com um alfabeto semelhante ao grego. 
 
3
 História primitiva. 
4 Grupo de Estados que vivem sob o regime federal. 
5 Cidade independente cujo governo era exercido por cidadãos livres. 
 
Apolo de Veios dum Templo deVeii, Museu 
de Villa Giulia em Roma, terracota, séculos IV 
ou V a.c., aproximadamente 1,80m 
6 
 
Uma curiosidade, é o facto da mulher etrusca ter um papel quase ou tão importante quanto o 
homem na sociedade, o que levou a que os etruscos fossem mal vistos pelos outros povos. 
Pode-se observar essa importância em certas pinturas ou até mesmo sarcófagos como o dos 
esposos de Cerveteri, que mostram as mulheres a participar nos banquetes. Pensa-se que até 
poderão ter por vezes desempenhado uma função importante na política, ou ainda participado 
aos jogos. 
 
 Descoberta da civilização: 
Nada se conheceria dos Etruscos se não fosse através dos seus jazigos. O resto do património 
foi danificado e, na maior parte dos casos, destruído pelos romanos. Também o facto que os 
Etruscas não sabiam bem trabalhar a pedra e assim a maioria das suas construções serem 
feitas em madeira ou outros materiais perecíveis, contribuiu para que quase nada foi 
preservado. 
A civilização foi redescoberta na Renascimento, pelo século XV. 
Naquele tempo os métodos arqueológicos ainda não estavam bem definidos e por isso muitos 
frescos desapareceram ao contacto com o ar. Só sabemos da sua existência através de 
decalques feitos por arqueólogos ou descrições. Os objetos e artefactos encontrados 
guardados são aqueles que estavam em bom estado para se poder vender ou mostrar ao 
público. 
A frescura rara das cores surpreendeu e encantou os que entraram pela primeira vez nos 
túmulos até aí fechados e preservados do ar. Até aos nossos dias descobriram-se cerca de 60 
túmulos pintados na Tarquínia dos quais hoje só restam perto de 20. 
Esposos de Cerveteri da necrópole de Cerveteri, Museu de Villa Giulia em Roma, terracota, final do século VI 
a.C., 1,14 m de altura por 1,9 m de extensão 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Necr%C3%B3pole
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerveteri
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_VI_a.C.
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_VI_a.C.
7 
 
Túmulos Etruscos: 
Não se sabe ao certo que tipo de crenças funerárias este povo tinha. Porém, representações 
como o sarcófago do casal reclinado apresentam pessoas felizes e vivas,o que pode fazer 
pensar que, ao contrário dos Egípcios, o túmulo era para o corpo e alma. Mais tarde aparecem 
representações menos festivas e mais complicadas, algumas com a representação do demónio 
da morte. Os túmulos eram preparados como domicílio eterno, com objetos do quotidiano 
para continuarem a vida no além como antes. Os mortos eram postos em sarcófagos ou em 
urnas, nos quais apareciam normalmente representações do defunto ou do casal defunto. Os 
sarcófagos e urnas eram depois guardados em câmaras funerárias. Inicialmente, os etruscos 
utilizavam urnas devido a influências jónicas, mas depois acabaram por empregar os 
sarcófagos. Os túmulos foram construídos segundo quatro modelos básicos: os de fossa, 
as cistas, os realizados integralmente em pedra e os hipogeus. As cistas consistem numa cova 
revestida por lajes de pedra, onde eram depositados o corpo e as oferendas. Os hipogeus 
podiam ter uma base circular ou retangular e eram escavados em planícies ou em vertentes 
de colinas. Curiosamente, este tipo de sepultura reproduzia fielmente o interior das casas 
etruscas com as salas quadradas, portas e janelas. Os túmulos eram organizados num espaço 
próprio em que se organizavam ruas, erigindo assim verdadeiras cidades mortuárias. Nas 
câmaras funerárias eram colocadas réplicas de utensílios em ouro, prata ou ainda marfim, 
assim como muitos vasos gregos. Tarquínia é a cidade arqueologicamente mais importante no 
que diz respeito aos túmulos. 
 
8 
 
 
 
 Necrópole de Banditaccia, Cerveteri, quase 400 hectáres, uma das maiores, séc.IX a III a.c. 
9 
 
 
 
Túmulo dos Relevos, séc. IV a. C. Cerveteri, Necrópole de Banditaccia 
Túmulo Ildebranda cavado na rocha, Sovana, séc. IV a.c. 
10 
 
 Túmulo de Cerveteri do tipo hipogeu 
a) Escadas talhadas na rocha que levam ao túmulo 
b) Hall de entrada 
c) Pequenas câmaras, as cellae (células) do janitor ou ostiarimus (porteiro) 
d) Porta para o túmulo 
e) Câmara principal ou atrium 
f) Câmaras interiores ou triclínia 
 
11 
 
A Pintura 
Quase tudo o que se possui da pintura etrusca provém dos túmulos deixados intactos pelos 
romanos. Visto que não sobra quase nada da pintura clássica antes dos Romanos sem ser a 
etrusca, esta é uma fonte importante com valor excecional. Infelizmente, com o tempo as 
pinturas vão-se deteriorando com o contacto com o ar e a humidade. Nos primeiros túmulos 
descobertos, muitas já desapareceram. As pinturas são agora retiradas da parede e colocadas 
em museus, o que já tinha sido tentado de várias formas antes, mas o que só resultou raras 
vezes. Tarquínia é a cidade com mais pintura mural onde se concentram quase todas as 
pinturas mais tardias, seguida por Chiusi onde as pinturas parecem ser sobretudo do séc. V a.c. 
A par da pintura mural há também a decoração sobre objetos, como em alguns sarcófagos e 
urnas, e deveria existir também nos edifícios, mas destes não existem vestígios. 
A pintura etrusca nos túmulos não era uma simples decoração: ela tem uma função magico-
religiosa. Pretende perpetuar a vida que os mortos tinham quando vivos, ou recrear algumas 
cerimónias funerárias. 
Os temas pintados eram segundo as tendências da época e às sugestões gregas e orientais, 
sobretudo no início. Havia os desfiles de animais reais e fantásticos, e as representações 
retiradas da mitologia grega. Mas ao mesmo tempo que estas representações do irreal, e 
ganhando uma importância cada vez mais predominante, desenvolvem-se os temas sobre os 
aspetos da vida real, à qual se quer que o defunto possa participar. A partir do séc. IV, a 
conceção de morte muda para os Etruscos, observando-se transformações na escolha dos 
temas. Enfraquece a crença de que o espirito dos mortos sobrevive na sepultura e propaga-se 
a de que existe um reino das sombras. O tema dominante na pintura funerária torna-se o 
destino do homem para lá da sua existência terrestre. Essas representações não servem como 
invocações ou alusão mitológica, mas os defuntos são ai caracterizados na sua viagem 
despedindo-se dos seus, ou durante a passagem nos infernos, ou ainda quando estão no meio 
dos habitantes do mundo subterrâneo. 
É necessário esperar os anos 560 para ver a pintura conquistar a sua independência. No início, 
e ao que parece só na Etrúria meridional, havia só placas pintadas (ex: Placas Boccanera). 
Vêem-se monstros e animais de guarda, ou ainda cenas funerárias. As cores ainda não 
apresentam grande vivacidade, as figuras têm um contorno a traço negro e os planos 
sobrepõem-se pouco. A grande pintura começa verdadeiramente em Tarquínia, cerca de 530 
no túmulo dos Touros, em que o traço ainda é tosco e cheio de hesitações. Mas no túmulo da 
Caça e da Pesca o artista desenvolveu temas de ar livre com liberdade e espontaneidade, com 
bosques onde se veem dançarinos e músicos, uma barca com pescadores ou ainda um jovem 
que salta dum rochedo. A partir desta data, os pintores não param de produzir (ex: túmulo das 
Leoas, com um banquete fúnebre). 
Estas pinturas têm um traçado vivificante e umas cores frescas e luminosas. Os temas orientais 
foram quase de certeza transmitidos pelos Gregos, e têm portanto rastos da influência do 
desenho primitivo grego, cretense, rodiense e corintiano. Pelos fins do séc. VII, as relações 
entre o mundo grego e a Etrúria intensificam-se em volume e qualidade. A Grécia deixou na 
pintura uma grande marca, pois atingira por volta do séc. IV uma certa importância nas artes 
12 
 
dos povos mediterrâneos. A civilização arcaica parece ser caracterizada sobretudo pela 
formação e desenvolvimento de correntes regionais e de escolas locais. A arte etrusca arcaica 
é deste género. Não se opõem à arte grega, mas também não a copia. Esta arte tende a 
recrear no próprio estilo estilos propagados pelos gregos. Ajudam então a expansão da 
experiência artística do mundo mediterrânico. 
Há uma grande probabilidade de ter havido a presença de artistas gregos na Etrúria, pelo 
carácter de certos monumentos. Certos objetos são originais e não cópias de objetos 
importados da Grécia. E o que se sabe das vilas etruscas mostra que possam ter sido um 
centro de interesse para outros povos. 
Ocorre depois um contacto com o mundo grego do oriente, na Ásia Menor. Há então também 
uma grande influência desse lado que se manifesta muito na arquitetura e nas artes figurativas 
etruscas. A corrente artística greco-oriental ou ioniana6 domina a produção etrusca até ao final 
do séc. VI, o período de tempo em que a os etruscos estavam no auge. Depois aparecem novas 
tendências que vêm de centros artísticos da Grécia, propriamente dita, sobretudo de Atenas, 
que vão marcar o último período do arcaísmo. Apesar destas influências todas, a Etrúria não 
imitou os outros mas assimilou tudo o que lhe chegava e desenvolvia o seu próprio estilo. 
Havia elementos artísticos herdados de antigas tradições locais de origem oriental ou palléo-
helénico, da natureza particular dos monumentos e pintura etrusca, das tendências das 
escolas indígenas, ou ainda do espirito inovador dos artistas. É por isso fácil de distinguir as 
obras feitas na Etrúria de outras. 
A decoração dos túmulos era certamente feita por artistas de renome, visto os túmulos terem 
uma importância sagrada, e o cuidado com que os etruscos preparavam a morada dos 
defuntos, assim como a importância das famílias que se podiam dar ao luxo de ter uma 
sepultura privada. 
Na época em que chegaram as influências clássicas e helenísticas, ocorre uma mudança. A 
Grécia vê-se ameaçada e interrompe qualquer relação com os países asiáticos e o 
mediterrâneo ocidental. As escolas outrora prósperas, vão caindo em decadência. A Etrúria 
encontra-se isolada e enfrenta uma crise económica pois já não comercializa nem atrai a 
atividade artística grega. 
As investigações feitas à pintura até agora, mostram que há diferentes técnicas em relação às 
diferentes épocas,ao lugar e à superfície onde foi aplicada. Mesmo assim pode-se dizer que a 
maior parte segue os mesmos procedimentos. 
A preparação é muito importante. O procedimento mais simples consiste a aplicar a tinta no 
fundo destinado a ser decorado, que para a pintura mural consiste normalmente em rocha, 
geralmente tufo, que foi primeiro polido. Esta superfície fica ainda assim um pouco irregular. 
Na rocha, que é naturalmente húmida, as cores tendem a ser um pouco absorvidas quando a 
tinta é juntada a um liquido mais ou menos aderente. Este último procedimento encontra-se 
mais nos túmulos mais antigos e é também utilizado para os sarcófagos. Mas normalmente a 
pintura é aplicada sobre uma camada de chapisco7, com uma espessura mínima nos túmulos 
 
6
 Da Jónia 
7
 Consiste em argila coberta por água de cal 
13 
 
mais antigos, e uma de mais de 2 cm nas mais recentes. Os túmulos arcaicos de Tarquínia têm 
normalmente um chapisco fino composto duma mistura de argila coberta por cal. 
A aplicação da cor é quase sempre precedida por um desenho preparatório gravado na parede 
que pode ser só o contorno das figuras como também algum detalhe. Por vezes, ao pintar por 
cima, os contornos são um pouco modificados, o que mostra a espontaneidade e invenção do 
artista. 
Na pintura arcaica, a gravura e a pintura são efetuadas no revestimento ainda fresco. Isto 
implica um trabalho feito duma só vez ou que permita ser feito num curto espaço de tempo. O 
facto de as paredes serem húmidas, facilitou o trabalho dos artistas que não devem ter 
receado que o revestimento seca logo. A técnica do fresco já está provada, mas ainda não têm 
a certeza se em certos túmulos mais recentes não terão feito como os romanos pintando com 
as cores em têmpera8 sobre a superfície seca. 
As cores são feitas com minerais e vegetais, como por exemplo, lápis-lazúli para o azul, o preto 
do carvão vegetal, óxido de fero para o vermelho e cal para o branco. A qualidade e a 
variedade dos tons têm a ver com desenvolvimento general ou as tendências particulares da 
técnica e do estilo. Mas normalmente, a riqueza da gama cromática é proporcional ao valor e 
delicadeza das pinturas. 
Nos monumentos mais antigos e obras menos importantes são utilizados como cores o preto, 
o vermelho e o branco, e por vezes o amarelo. Estas são as cores clássicas tradicionais 
utilizadas pelos gregos. Na fase iónica-etrusca, aparecem o azul e o verde, e misturam-se ou 
diluem-se as cores, conseguindo assim vários tons. O elemento dominante é o contorno das 
figuras, que divide os segmentos por cores. Este processo foi aplicado nas pinturas mais 
antigas e é um elemento de base da pintura arcaica. Na Etrúria é usado até ao séc. V, onde se 
pinta duma só cor e de forma regular um segmento. Isso não impede que sejam utilizados 
sombreados de esfumado em certas pinturas que apresentam uma maior maturidade técnica. 
As conquistas técnicas da pintura clássica e helenística em termos de esfumados ou abandono 
do contorno linear, repercutam-se nos monumentos picturais etruscos do séc. IV e da época 
helenística. Mas na época mais tardia há um espirito conservador ou convencional no meio 
artístico etrusco. A antiga tradição do desenho com os contornos lineares mantêm-se 
juntando-se às novas soluções picturais. 
 
 
8
 Técnica em que se misturam os pigmentos com um aglutinante 
14 
 
Alguns exemplos da pintura mural nos túmulos 
A pintura está dividida em várias fases. Primeiro a primitiva, onde há influências orientais e 
depois a fase iónica-etrusca. Da fase mais antiga da pintura etrusca chegou muito pouco até 
nós, e as que temos estão em muito mau estado, como o túmulo Campana de Veios, o túmulo 
dos Leões e o dos Animais de Cerveteri. 
É só a partir da segunda metade do séc. VI a.c. que, como já foi dito acima, a pintura arcaica 
etrusca se afirma. É provável que tenha sido Cerveteri o centro mais importante onde se 
difundiam as correntes artísticas gréco-orientais. Na época era uma cidade muito rica e muito 
populosa. Mas foi em Tarquinia que a pintura mural cresceu, pelo que se pode saber até agora. 
 
 
1)Placas de Boccanera (Ceveteri, séc. VI a.c.) 
A pintura sobre terracota9 é um género bastante difundido no mundo arcaico. Estas placas são 
atribuídas ao pintor grego Craton10 de Sicyone11. Foi primeiro polida e depois coberta com um 
revestimento claro onde as personagens foram primeiro gravadas e depois pintadas. Estas 
placas tinham o mesmo papel que as pinturas murais, pois deviam servir a cobrir as paredes 
das câmaras. Algumas destas placas foram encontradas nas cidades escavadas, e por isso 
pode-se deduzir que não eram só para uso funerário, mas também para edifícios civis e 
 
9
 Argila cozida no forno 
10
 Séc. VII a.c. 
11
 Cidade grega situada perto do golfo de Corinto 
15 
 
religiosos. Podem então ser consideradas como um dos raros testemunhos da pintura não 
funerária. 
As placas Boccanera têm o nome de quem as descobriu, e constituem uma série de 5 placas. 
Estas placas têm todas o mesmo tamanho, e têm as mesmas características, devendo portanto 
fazer parte da mesma decoração. Encontram-se agora no British Museum de Londres. 
Duas das placas são ornadas com uma esfinge viradas em direções opostas. Supõe-se que 
poderiam enquadrar uma porta. O tema desta placa é um exemplo oriental dos túmulos mais 
antigos. A construção geométrica do corpo, a cara de perfil com o olho de frente são sinais do 
arcaísmo acentuado. As outras três são um friso com personagens femininas e masculinas. 
Numa placa vê-se um homem vestido com o costume sacerdotal etrusco que parece saudar 
um homem segurando na mão um cetro ou uma insígnia militar. Atrás vem uma mulher de 
lança e coroa. Nas outras duas placas vê-se 3 figuras femininas. Mais uma vez, a estrutura das 
personagens demonstra uma forte influência da cerâmica coríntia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2)Túmulo dos Touros (Tarquínia, séc VI a.c.) 
As pinturas deste túmulo são entre as mais antigas conhecidas da Tarquínia. É aqui que 
começa verdadeiramente a pintura etrusca. A pintura deste túmulo ainda apresenta 
hesitações, muitas incertezas e correções. Encena o mito grego, mas desenvolve as suas 
virtudes decorativas e explora muito mais o caracter simbólico da imagem do que a sua 
dimensão mística. As superfícies pintadas limitam-se aos frontões triangulares e à parede da 
primeira sala. Na parte superior da parede, no friso, avistam-se temas particularmente 
singulares: dois touros, entre os quais um tem uma cabeça humana, e dois grupos eróticos. A 
decoração deste túmulo é na sua maioria imaginária, e nota-se a influência greco-oriental. 
Entre as duas portas, vê-se Troilo, jovem príncipe de Troia, que desce à fonte para dar de 
beber aos seus cavalos. Encontra-se nu, tendo só sapatos et uma pulseira. Na mão esquerda 
tem um pau longo. A floresta à volta é representada por arbustos e ramos que enchem os 
espaços vazios em volta da cena. A fonte é um monumento decorado com dois leões no topo, 
e dum sai a água que cai na vasilha. Por trás da fonte, surge um guerreiro, braço direito 
erguido. É Aquiles, pronto a matar Troilo. Este é um episódio duma legenda do ciclo troiano12, 
representado várias vezes pelos Gregos. É um exemplar único e portanto importante também 
para a arte grega. As hesitações presentes no traço da pintura mostram que foi algo 
espontâneo. Isso verifica-se sobretudo no cavalo. O tipo de decoração demonstra uma 
inspiração iónica-asiática. Isso deteta-se na interpretação carnuda e mole das personagens, e 
nos detalhes da representação da cabeça de Troilo. Mas não faltam outras fontes de 
inspiração. Certos elementos lembram um curso completamente diferente, o desenho da 
cerâmicade Esparta. 
 
12
 Conjunto de poemas da Grécia arcaica 
17 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
3)Túmulo das Leoas (Tarquínia, ano 520 a.c.) 
Este túmulo tem características greco-orientais. Mas o artista apanhou outros aspectos da vida 
real mais alegres: banquetes, com personagens estendidas, dançarinos e músicos. As 
personagens estão cheias de vitalidade, e o artista soube representar cenas exuberantes e 
alegres, cheias de ornamentações e cores vivas. Este túmulo está muito bem conservado, e a 
pintura guardou a sua vivacidade de cores. No tecto corre uma tira vermelha, ladeado por um 
padrão de xadrez branco e vermelho, e que parecem ser sustenidos pelos pilares de cada lado 
da câmara. No frontão aparecem duas panteras que se afrontam de cada lado de um pilar. 
Está-se perante um esquema típico e tradicional dos frontões dos túmulos etruscos. A 
presença de animais que se afrontam, aparece frequentemente nos edifícios mais antigos dos 
Gregos e nos túmulos da Ásia Menor. Revela-se aqui a persistência deste tema. Nos ângulos e 
no centro das paredes aparecem mais colunas, que indicam que o artista quis imitar um 
edifício com pórticos. Por baixo, vêem-se figuras masculinas a banquetear nas paredes laterais, 
e músicos e dançarinos na parede do fundo. São eles o par tradicional músico dos etruscos (o 
tocador de citara e o de flauta) que se encontram no centro, rodeados por dançarinos. O 
grande vaso à volta do qual dançam as personagens, representa o vaso com as cinzas do 
defunto. O banquete e a dança fazem parte do rito fúnebre. Os dançarinos vão executando as 
suas danças, batendo com um pé o chão e erguendo o outro com movimentos leves que 
acompanham os braços. O jovem da direita encontra-se inteiramente nu mostrando a sua pele 
escura, e os seus cabelos são loiros em longos caracóis ondulantes que lhe caem pescoço 
abaixo. Na sua mão esquerda segura uma olpe, que é um recipiente de metal. A personagem 
da esquerda é uma mulher e a sua pele contrasta com a do seu companheiro já que é muito 
clara. A sua única veste é um vestido fino e transparente, e os seus cabelos escuros estão 
amarados num puxo. A sua veste deixa transparecer as formas do seu corpo, sendo que no 
centro deslizam linhas rectas do pano que acabam o pano com um contorno vermelho na 
parte inferior. Na sua mão direita, a mulher faz soar castanhetas, e da sua mão esquerda 
erguida, faz um gesto curioso que terá certamente um significado ritual. Do outro lado, 
servindo de balanço ao par de dançarinos, pode-se ver outra dançarina. Contrariamente aos 
outros, encontra-se voluptuosamente vestida. Na cabeça leva um tutulus, que é um chapéu 
característico de moda ioniana. Pode-se ver também um friso de ondas do mar onde saltam 
golfinhos. 
 
19 
 
 
 
20 
 
 
 
 
21 
 
4)Túmulo da caça e da pesca (Tarquínia, ano 520-510 a.c.) 
Este túmulo encontra-se entre os monumentos mais representativos da arte figurativa 
mediterrânica da época arcaica. Aqui desenvolvem-se com liberdade e espontaneidade temas 
de ar livre. O encanto das cores e o gosto pelo movimento não encontram equivalentes a não 
ser no mundo cretense um milénio antes. O túmulo encontra-se dividido em duas câmaras, 
com as paredes cobertas de pinturas. Na primeira, o friso representa uma grande festa onde as 
personagens dançam e jogam entre árvores decoradas com fitas e coroas. Esta festa parece 
ser em honra do deus Dionísio. Ao fundo, no frontão, desenvolve-se uma cena com um 
regresso duma caça. Na segunda câmara, as paredes estão decoradas por um friso com 
paisagens marítimas e cenas da vida no mar, enquanto que no frontão se vê um banquete 
familiar. As coroas que enfeitam o cimo do friso são uma decoração das casas. Por baixo vê-se 
uma paisagem marítima, onde o homem tem um papel secundário. Num lado pode-se ver um 
rapaz de camisa azul que sobe um recife, donde salta um rapaz nu. Em nenhum outro lado na 
pintura arcaica se vê uma representação tão verídica. O artista pintou o mergulho a partir dum 
modelo que viu realmente saltar. O céu está repleto de pássaros multicolores. Do outro lado 
vê-se um rapaz de tamanho superior atirar com uma funda para o bando de pássaros de cima 
de um rochedo. Ao lado encontra-se um grupo de 4 pessoas num barco que tem pintado o 
símbolo do olho da sorte. Os dois rapazes da direita saúdam o rapaz com a funda, enquanto 
que o terceiro parece mostrar o rapaz da proa que se inclina sobre o mar atento à linha de 
pesca. Vêem-se figuras de golfinhos a saltar as ondas do mar, e no céu voa uma multitude de 
pássaros marinhos que dominam o friso. Ao contrário das personagens, o mar não tem um 
contorno preto e nítido. O friso da pesca deve ser visto como uma continuação do da caça, o 
que também acontece com os dois frontões. Estas pinturas devem ser episódios da vida do 
defunto que parece ser representado pelo jovem com funda. A característica mais evidente 
destes frisos é que o homem parece ter menos importância que a paisagem que é maior que 
ele. A singularidade na decoração e composição dos frontões deixa supor a existência de novas 
tendências artísticas exteriores. O esquema habitual de dois animais que se enfrentam de cada 
lado dum pilar é substituído por um padrão que se adapta bem ao espaço triangular. É uma 
maneira de decorar os frontões que os gregos vão utilizar (pelo menos na decoração 
escultural) no último quarto do séc. VI. A pintura no seu geral é greco-oriental, mas com a 
espontaneidade do artista. 
 
 
 
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Na época do arcaísmo tardio, pelo final do séc. VI, a história da arte antiga atinge um ponto 
capital. Os gregos estudaram o homem que é para eles o centro do mundo, anotando a sua 
estrutura física e reproduzindo todas as suas expressões. Esta corrente pictórica teve os seus 
efeitos também na arte etrusca, onde hoje tem os únicos monumentos que a utilizaram ainda 
erguidos. Mas mesmo aquando desta passagem das fases iónico-etruscas para o estilo severo 
as exigências práticas e espirituais dos que encomendavam e pintavam os túmulos não 
mudavam. Ao contrário dos gregos, o tema predominante não é a mitologia mas cenas reais 
da vida. Revelam-se aqui artistas imaginativos, criadores de obras que parecem ser originais e 
de grande qualidade. A Etrúria atravessa neste período uma crise política e económica que se 
vai agravando com o tempo perdendo o seu poder. Isto vai explicar o declínio e a interrupção 
quase total da pintura mural. 
5)Túmulo dos Carros (Tarquínia, ano 490 a.c.) 
As decorações deste túmulo mostram o desenvolvimento que a pintura estava a sofrer. Devido 
ao seu estado de degradação avançado, foram retiradas da parede e encontram-se 
actualmente no Museu de Tarquínia. Este túmulo é composto por uma grande câmara, com 2 
frisos sobrepostos. No de baixo vemos um banquete e danças, e no mais pequeno por cima, 
vê-se jogos atléticos. Este último revela as mudanças no gosto artístico com a influência do 
desenho grego, sobretudo o utilizado nos vasos com as figuras vermelhas. As múltiplas 
personagens, em atitudes variadas, são o documento mais completo que se tem sobre os jogos 
e exercícios atléticos organizados durante um enterro: corridas de carros, exercícios de 
cavalos, luta, salto, lança e to do dis o e la ça, da ça a ada,… Os jogos dese volve -se 
num terreno ou estádio com tribunas de madeira, que se encontram pintadas de cada lado 
dum friso. Em cima e por baixo dos estrados vê-se o público a assistir. Na parede do fundo 
pode-se observar um malabarista sentado num cavalo azul. Noutra parede pode-se ver uma 
pequena personagem, que poderia ser um ludio, um bobo que imita as danças sagradas e 
guerreiras, prática continuada pelos romanos mais tarde. As figuras, contrariamente à fase 
iónico-etrusca, são esbeltas e elegantes. As suas atitudes e gestos mostram uma análise préviado movimento e estrutura do corpo pelo pintor. Este túmulo foi certamente executado por um 
artista de boa reputação para uma família rica e requintada., pois o seu trabalho é notável na 
riqueza da decoração, na delicadeza da sua técnica e na inovação do estilo. A trave central do 
tecto é adornada com rosetas que se alternam com folhas de hera. O frontão encontra-se, 
mais uma vez, dividido por um pilar, mas aqui, em vez de dois animais que se afrontam, vemos 
dois homens estendidos e de grandes proporções, enquanto que no interior do pilar vê-se dois 
nus em frente a uma cratera. Na parede do fundo e no friso de baixo, podemos observar um 
triclinium, onde só se vêm homens, servidos por personagens nuas. As paredes laterais foram 
decoradas com arbustos que se alternam com dançarinos, alguns dos quais tocam 
instrumentos. As cores utilizadas neste túmulo parecem ser mais restritas. Não se vê nem o 
amarelo, nem o verde, que pode ser voluntário para ter uma sobriedade cromática. 
 
 
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6)Túmulo do Triclinium (Tarquínia, 470 a.c.) 
As pinturas deste túmulo foram destacadas da parede e encontram-se hoje no Museu de 
Tarquínia. Apesar de ter alguns estragos, ainda lhe podemos observar o magnifico conjunto 
pictural. Os temas são, mais uma vez, o banquete na parede do fundo, e danças nas paredes 
laterais. O valor estilístico do túmulo reside sobretudo na parede do fundo. Ai vemos um 
banquete, bastante deteriorado, onde se vêm pessoas estendidas nas camas, e servidores à 
volta. Por baixo das camas estão alguns animais domésticos que parecem procurar as migalhas 
da refeição. A composição apresenta um aspecto solene e calmo, construída pelo cruzamento 
das linhas horizontais do triclinum e das linhas verticais dos pés das camas, das personagens e 
das coroas penduradas. Mas as diferentes posses dos senhores e os seus gestos deixam 
transparecer a mesma vitalidade que os músicos e dançarinos das paredes laterais. De cada 
lado da entrada está representado um cavaleiro. As paredes laterais representam dançarinos e 
um músico de cada lado (à direita um flautista, e à esquerda um tocador de lira. O frontão 
apresenta o esquema tradicional e simétrico, mas onde estão representados dois homens. 
Note-se também as folhas e frutos que partem dum só tronco no meio do frontão. Por cima do 
friso correm folhas de hera. A atitude dos corpos e os movimentos dos tecidos, concedem ao 
friso um efeito dinâmico. Aqui, as personagens transmitem um sentimento humano delicado e 
quase melancólico, que o faz contrastar com os túmulos anteriores. A maneira como as 
decorações foram pintadas, provam que o pintor já tinha bem assimiladas as técnicas 
utilizadas nas décadas anteriores. Nada indica um desenho preparatório, o que poderá dizer 
que o trabalho foi feito recorrendo a um modelo gráfico pré-definido, utilizando cartão por 
exemplo. As cores possuem todos os tons das pinturas da Tarquínia, mas com uma 
predominância para os tons vermelhos e castanhos. A cor foi aplicada da forma tradicional, ou 
seja, uniforme, mas apresentando por vezes uma tentativa de claro-escuro. 
 
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7)Túmulo do Leito Fúnebre (Tarquínia, 460 a.c.) 
Alguns críticos afirmam serem estes frescos obra do mesmo pintor do túmulo do triclinium. O 
que se distingue neste túmulo é a originalidade do tema. Infelizmente, encontra-se muito 
deteriorado. A parede do fundo apresenta uma composição tão grande que ocupa o frontão e 
se estende pelas paredes laterais. A cena passa-se num pavilhão coberto por uma tenda. O 
pavilhão ainda se estende pelas paredes laterais. No centro ergue-se uma cama imponente. À 
direita encontram-se convivas a banquetear, e atrás estão dois jovens virados para a esquerda 
a saudar. Na esquerda vemos uma rapariga que também saúda o leito fúnebre. O banquete 
estende-se pelas paredes laterais até ao final do pavilhão. A par disso, vemos a cena habitual 
de músicos, dançarinos e jogos. Estas cenas devem estar ligadas à cerimónia fúnebre, onde era 
costume haver todos estes regozijos. Na grande cama estão alguns objectos simbólicos 
colocados na parte direita, que é o lado onde eram colocadas as cabeças dos defuntos. As 
homenagens parecem ser dirigidas a um casal e não um só defunto. A influência da arte 
clássica faz-se sentir em alguns elementos como a disposição em dois planos. Podemos 
observar um trecho em que vemos dois jovens retendo um cavalo. As linhas verticais do corpo 
do jovem da direita harmonizam-se com as linhas oblíquas do braço esquerdo e da perna 
esquerda estendida para reter o cavalo. O cavalo nervoso e magro parece ter sido captado 
num momento de rebeldia inútil. A cor azul dá-lhe um ar vivificante. A qualidade do desenho e 
da cor, assim como a expressão de meditação das personagens são características já vistas no 
túmulo do Triclinium. Mas o que os distingue é o uso do desenho previamente gravado neste 
túmulo. Pode-se pensar que o pintor deste túmulo foi aluno do túmulo do Triclinium, ou que 
seria o mesmo artista nos dois túmulos. 
 
 
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Ocorre agora uma profunda ruptura que corresponde á decadência das cidades etruscas, antes 
de serem conquistadas pelos romanos. Aparecem nesta época os temas clássicos vindos da 
Grécia. Imitam-se composições mitológicas, tentando transcrevê-las fielmente. O nível de 
pintura é muitas vezes medíocre nos túmulos. 
8) Sarcófago das Amazonas (Tarquínia, 400 - 340 a.c.) 
Os sarcófagos, que serão mais frequentas entre os séc. V e IV a.c. , são geralmente decorados 
com um baixo-relevo. Os que foram pintados são raros, e o sarcófago das amazonas é o único 
exemplar em razoável estado de conservação. Foi descoberto num túmulo de Tarquínia e está 
actualmente no Museu Arqueológico de Florença. Feito em calcário, o cofre é certamente mais 
antigo que a tampa. Quando foram juntados, foi inscrito de forma grosseira o nome da 
defunta que se encontrava na tampa no cofre, deixando uma marca grosseira na pintura. Dum 
lado apa e e duas uad igas d’A azo as em ataque contra os gregos. Numa das imagens 
abaixo mostradas, vê-mos a quadriga da esquerda. Uma das Amazonas aponta com a lança 
enquanto a outra se inclina atenta à conduta. No chão encontra-se um grego na sua armadura. 
O artista recorreu às sombras, dando sentimentos de perspectiva e de plasticidade ao 
conjunto. Estes processos técnicos ajudam a criar uma objectividade de visão que é um dos 
elementos mais típicos da arte clássica. Os problemas como a perspectiva ou a ilusão do relevo 
já estavam resolvidos. A cor transmite uma aparência da realidade. Nota-se um espirito da arte 
clássica também na harmonia e no ritmo da composição. Num friso vemos um combate entre 
duas Amazonas e um grego, friso esse que imita uma das célebres composições dos combates 
das Amazonas da pintura grega. Não é impossível que o sarcófago tenha sido pintado por um 
artista grego da Itália meridional, ou por um dos seus alunos. Esta obra atinge o nível artístico 
superior do mundo greco-itálico da época clássica. E o mais extraordinário é o facto da Etrúria 
atravessar uma crise nessa época. 
 
 
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A última fase da pintura etrusca consiste na época helenística. A Itália meridional foi 
conquistada pelos romanos e com a sua pacificação parece haver um no folego artístico que 
atravessa as cidades etruscas. As obras deste período demonstram uma multiplicidade de 
inspirações. Passa-se duma fase em que se passa das antigas experiências nacionais dos povos 
itálicos para as inspirações helenísticas e romanas universalmente espalhadas. Mesmo assim, 
alguns elementos de tradição indígenas ainda persistem. Há uma procura de novos meios de 
expressão que possam corresponder às exigências espirituais da arte funerária. O tema que 
domina nesta época, é o problema do destino do homem depois da morte. Este tema da 
morte parece estar ligadoao culto dos antepassados, e logo á exaltação da nobreza decadente 
da Etrúria, chegando a ser quase a parte essencial das representações. Há uma tendência dos 
retratos individuais e realista. Aparecem também túmulos com imitações de incrustações de 
mármore ou objectos suspensos nas paredes. 
 
9) Túmulo dos Escudos (Tarquínia, 280-150 a.c.) 
Os hipogeus começam a ter dimensões consideráveis, já que muitos destes túmulos eram 
encomendados para várias gerações das fa ílias et us as d’a isto atas. O tú ulo dos es udos 
pertence à família Velcha, e a sala central foi encomendada por Larth Velcha que viveu no séc. 
III e tinha importantes cargos sacerdotais. Podemos ver os casais da família num banquete. As 
mulheres têm tiaras e coroas, e as camas estão recobertas por cobertores bordados, tudo 
numa atmosfera fastuosa, onde o banquete eterno guarda as aparências dos dias de vida. Os 
olhares das pessoas mostram uma certa tristeza ou meditação. Um dos casais representa Larth 
Velcha com a mulher. Esta fixa-o ao mesmo tempo que lhe toca no ombro de uma forma 
afectuosa. O nome das personagens aparece em grandes letras por cima delas, assim como 
uma inscrição etrusca que louva o nobre senhor. Aqui podemos verificar o desejo de 
personificar os retratos. As caras foram feitas sem muito detalhe e onde o pintor procurou a 
exprimir a alma dos defuntos. Noutro lado do túmulo estão representados os pais de Larth 
Velcha, também em pleno banquete. Mas aqui é o marido que olha a mulher e lhe pousa a 
mão no ombro. Poderá significar que o defunto queria honorar a mãe, de que gostara muito. A 
sua cara difere um pouco do resto da decoração, em que há uma maior procura dos 
contrastes. Atrás das personagens aparecem umas sombras de cinzento que se vão tornar 
frequentes na pintura e que são uma alusão ao mudo do além. 
 
 
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10) Túmulo do Ogre - sala recente (Tarquinia, séc. III-II a.c.) 
Este túmulo é constituído por 2 sepulcros de 2 épocas diferentes, e que foram ligados por um 
corredor. As pinturas situavam-se na primeira e segunda sala, assim como no corredor de 
passagem entre as duas. Infelizmente estão hoje bastante estragadas. A primeira sala está 
praticamente toda destruída. Na segunda sala corria um friso sobre o mundo do além. 
Encontra-se representado Hades com personagens legendárias e que estão todas identificadas 
pelo nome etrusco. Na parede de face ao corredor, vemos Hades e Perséfone. Hades segura 
uma serpente na mão e tem uma pele de lobo na cabeça, e na cabeça de Perséfone, ricamente 
vestida, encontram-se serpentes. À frente do casal vemos um guerreiro de três cabeças, que é 
o monstro Gerião13. Por trás, bastante apagado, podemos perceber uma caverna donde sai um 
monstro com asas. Na parede esquerda aparece uma série de personagens com plantas 
estilizadas. Mais à frente vemos Teseu sentado a uma mesa e que parece jogar. Por trás surge 
um monstro com asas, cara de pássaro, orelhas de burro e serpentes na cabeça. Na mão 
segura uma serpente que agita por cima da cabeça de Teseu sem que este pareça dar por isso. 
O monstro é o demónio etrusco Tuchulcha. Podemos ver também uma cena onde vemos uma 
mesa de banquete com vasos de ouro. Foi utilizado o contraste nestes vasos, mas ainda 
subsiste o uso do contorno e das zonas uniformes nos nus e tecidos. 
 
 
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 Monstro da mitologia greco-romana 
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11) Túmulo François (Vulci, séc. II-I a.c.) 
Esta é a única necrópole de Vulci que chegou até nós. As pinturas foram destacadas das 
paredes e estão em Roma. O túmulo é composto por várias câmaras e data do séc. V. Mas as 
pinturas são só da época helenística. A grande sala central era composta por um friso com 
representações míticas gregas e legendas locais e personagens reais. Num friso está 
representada uma cena da Ilíada, onde se vê Aquiles a sacrificar troianos por cima do túmulo 
de Patroclo. À esquerda de Aquiles encontra-se a deusa Vanth (deusa do destino), e do outro o 
demónio Charu, de martelo na mão, pronto a apanhar a alma da vítima. A alma de Patroclo 
aparece na esquerda sob a forma de um jovem envolvido numa capa. Esta cena deriva sem 
dúvida duma pintura grega perdida. Mas este fresco não se trata só de uma simples cópia. As 
personagens de Vanth e de Charu são seres fantásticos etruscos, inseridos aqui numa 
composição com os heróis da Grécia. Noutro fresco podemos ver um combate entre 8 
guerreiros. À esquerda, um prisioneiro é libertado. Depois seguem-se 4 pares de guerreiros. Os 
nomes dos vencedores e a sua cidade de origem. Dois são originários de Vulci o que pode 
indicar que quiseram evocar a gloriosa história de Vulci. Mais longe estão representados 3 
personagens de pé, mas só um ainda está em bom estado. É Vel Satie, envolto num tecido 
roxo e com figuras pintadas. Ao seu lado vemos um anão segura na sua mão um pássaro preso 
a um fio. Para esta representação o defunto foi representado com o modele ao lado. A face 
apresenta uma expressão pensativa e até dolorosa, de traços individualizados. Por cima do 
grande friso, corria uma decoração de animais de todo o tipo, desde cavalos a leões ou cães. 
Na maior parte correm, mas há algumas feras que se atiram a uma presa. As pinturas deste 
túmulo demonstram influências para os temas variadas. O artista integra elementos exteriores 
e mistura com as suas próprias invenções. Aqui, a evocação dos infernos é feita de forma 
indirecta, sob o domínio mitológico. 
 
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