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LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I Semestre 5 Prof.ª Andréa Sulzer Gonçalves Rossi UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I� UNIMES VIRTUAL Universidade Metropolitana de Santos Campus II – UNIMES VIRTUAL Av. Conselheiro Nébias, 536 - Bairro Encruzilhada, Santos - São Paulo Tel: (13) 3228-3400 Fax: (13) 3228-3410 www.unimesvirtual.com.br Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. R741l ROSSI, Andréa Sulzer Gonçalves Licenciatura em Artes Visuais: Fundamentos de Expressão e Linguagem Tridimensional I. (por) Prof.ª Andréa Sulzer Gonçalves Rossi. Semestre 5. Santos: UNIMES VIRTUAL. UNIMES. 2007. 106 p. 1. Artes Visuais 2. Expressão e Linguagem Tridimensional I. CDD 657 www.unimesvirtual.com.br FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I � UNIMES VIRTUAL UNIMES - Universidade Metropolitana de Santos - Campus I e III Rua da Cosntituição, 374 e Rua Conselheiro Saraiva, 31 Bairro Vila Nova, Santos - São Paulo - Tel.: (13) 3226-3400 E-mail: infounimes@unimes.br Site: www.unimes.br Prof.ª Rosinha Garcia de Siqueira Viegas Fundadora Prof.ª Renata Garcia de Siqueira Viegas Reitora da UNIMES Prof. Rubens Flávio de Siqueira Viegas Júnior Pró-Reitor Administrativo Prof.ª Vera Aparecida Taboada de Carvalho Raphaelli Pró-Reitora Acadêmica Prof.ª Carmem Lúcia Taboada de Carvalho Secretária Geral FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I� UNIMES VIRTUAL EQUIPE UNIMES VIRTUAL Supervisão de Projetos Prof.ª Ana Carolina Bazzo Prof.ª Creusa Maria Alves Santos Prof.ª Denyse Moreira Guedes Prof.ª Doroti de Oliveira Macedo Prof.ª Erika C. D’Anton Reipert Prof. Flávio Américo Tometti Prof.ª Jacqueline de Oliveira Lameza Prof. Marco Antonio Di Pinto Prof.ª Maria Emília Sardelich Prof.ª Maria Tereza Gingle Oliveira Prof. Maurício Nunnes Lobo Prof.ª Neuza Maria Souza Feitosa Prof.ª Regina Helena Tunes Prof. Sérgio Correa Leite Prof. Thiago Simões Gomes Grupo de Apoio Pedagógico – GAP Prof.ª Denise Mattos Marino – Supervisão Prof.ª Alessandra Seki Prof.ª Denise Lemos Prof.ª Joice Firmino da Silva Luciana Vieira Izidio Prof.ª Márcia Cristina Ferrete Rodrigues Prof.ª Maria Eugênia de Oliveira Souza Prof.ª Monika Nascimento Moura Tereza Cristina Mattar Grupo de Tecnologia – GTEC Luiz Felipe Silva dos Reis – Supervisão Carlos Eduardo Lopes Clécio Almeida Ribeiro Eldes da Silva Santos Filho Felipe Sartori Grupo de Comunicação – GCOM Flávio Celino - Supervisão de Operações William Souza - Supervisão de Edição Ana Paula Sandes Gabrielle Pontes Joice Siqueira Lílian Queirós Luiz Henrique Andrade de Oliveira Raphael Xavier Stenio Elias Losada Victor Ruas da Costa Grupo de Design Multimídia – GDM Alexandre Amparo Lopes da Silva – Supervisão Alexandre Luiz Salgado Prado Harald Michael Santos Puchreiter Marcelo da Silva Franco Apoio Administrativo Amanda Andrade Simões Pereira Angélica Dias Maria Anne Caroline Casimiro da Silva Camila Ramos de Araujo Cinthia da Silva Reis Denise Aparecida Ursini Marques Machado Jonia Antonia Fraiha Nunes Juliana Leonal Caratin Carelli Juliana Martins Silva Lisandra Aparecida Miguel da Silva Marília Carolina Mauricio da Silva Michele Pita de Oliveira Rúbia Lisboa da Silva Oliveira Simone Cristina Cristina de Lima Vagner Roberto de Souza Florindo Departamento Financeiro Antony Suzuki Perine Edson Reis Marcio Roberto Pereira Salim Salemi Neto FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I � UNIMES VIRTUAL AULA INAUGURAL Durante nosso curso iremos estudar a importância da escultura para os dife- rentes povos e épocas. Diferentemente das outras modalidades artísticas, a arte escultórica e suas técnicas desenvolveram-se num período curto. Assim que o homem começou a caçar percebeu que poderia fazer esculturas com os instrumentos que usava na caçada. Quando descobriu o fogo percebeu que o barro que utilizava para fazer suas figuras depois de queimadas ficava mais resistente e, assim, pôde utilizá-lo para utilitários, desde um simples pote até a construção de habitações. O fogo também derretia metais que possibilitaram uma nova técnica para a arte da escultura. Além de esculpir, talhar e modelar, o homem podia moldar e, com essa técnica, fazer escultura em série. A cada época o homem pôde escolher o material que iria usar para as suas criações, pois já tinha o conhecimento das várias técnicas escúltóricas. Essa variedade de técnicas possibilitava ao homem utilizar o material mais facilmente encontrado na região em que vivia. Se a região em que vivia era rica em argila, usaria a argila; se fosse rica em pedra, sua escultura seria feita em pedra e assim por diante. Dominando as técnicas, o homem pôde experimentar novos materiais e possibilidades artísticas, e, dessa forma, contribuir para o seu tempo com suas criações. Boa aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I� UNIMES VIRTUAL FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I � UNIMES VIRTUAL Índice Unidade I - Arte de muitas crenças ................................................................... 11 Aula: 01 - As primeiras esculturas .............................................................................. 12 Aula: 02 - Cerâmica neolítica ...................................................................................... 14 Aula: 03 - Cerâmica do Oriente Médio ........................................................................ 17 Aula: 04 - Arte sírio-fenícia e persa ............................................................................. 19 Resumo - Unidade I ..................................................................................................... 21 Unidade II - Escultura grega .............................................................................. 25 Aula: 05 - A escultura grega ........................................................................................ 26 Aula: 06 - Deuses e homens ....................................................................................... 29 Aula: 07 - Kouro e Kore I .............................................................................................. 32 Aula: 08 - Kouro e Kore II ............................................................................................. 35 Aula: 09 - Escultura clássica I ..................................................................................... 38 Aula: 10 - Escultura clássica II .................................................................................... 41 Aula: 11 - Arte helenística ........................................................................................... 44 Resumo - Unidade II .................................................................................................... 46 Unidade III - A arte e a sociedade cristãs .......................................................... 49 Aula: 12 - Escultura e arquitetura romana I ................................................................. 50 Aula: 13 - Escultura e arquitetura romana II ................................................................ 52 Aula: 14 - Roma e bizantino ......................................................................................... 54 Aula: 15 - Islã e China - séculos II a XIII d.C. ............................................................... 56 Aula: 16 - A arte ocidental - séculos VI a XI ................................................................ 59 Aula: 17 - Escultura - século XII ..................................................................................61 Aula: 18 - Século XIII - o poder da Igreja ..................................................................... 64 Aula: 19 - Cortesãos e burgueses ............................................................................... 66 Aula: 20 - Final do século XV na Itália ......................................................................... 68 Aula: 21 - Alemanha e Países Baixos no começo do século XVI ................................. 70 Aula: 22 - Roma - início do século XVI ........................................................................ 73 Aula: 23 - Veneza e Itália setentrional no início do século XVI ..................................... 77 Aula: 24 - Europa católica - primeira metade do século XVII ....................................... 79 Resumo - Unidade III ................................................................................................... 81 Unidade IV - A arte européia e a cerâmica brasileira ......................................... 85 Aula: 25 - Europa Católica, Primeira Metade do século XVII – parte II......................... 86 Aula: 26 - Itália - final do século XVII ........................................................................... 88 Aula: 27 - O século XIX ............................................................................................... 91 FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I10 UNIMES VIRTUAL Aula: 28 - O final do século XIX ................................................................................... 92 Aula: 29 - Revolução permanente – o século XIX ........................................................ 94 Aula: 30 - Arte experimental - a primeira metade do século XX .................................. 96 Aula: 31 - Cerâmica indígena ...................................................................................... 99 Aula: 32 - Escultura primitiva brasileira ..................................................................... 101 Resumo - Unidade IV ................................................................................................. 103 FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 11 UNIMES VIRTUAL Unidade I Arte de muitas crenças Objetivos Conhecer a função da escultura para os primeiros homens; reconhecer que todas as técnicas escultóricas foram criadas pelos homens pré-históricos. Plano de Estudo Esta unidade conta com as seguintes aulas: Aula: 01 - As primeiras esculturas Aula: 02 - Cerâmica neolítica Aula: 03 - Cerâmica do Oriente Médio Aula: 0� - Arte sírio-fenícia e persa FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I12 UNIMES VIRTUAL Aula: 01 Temática: As primeiras esculturas Prezado aluno, nesta aula você saberá como surgiram as primeiras esculturas e a importância da descoberta do fogo para a composição de esculturas e para a vida cotidiana, já que nesse período o homem deixou de ser nômade. Desde sempre, o homem se utilizou da linguagem tridimensional para re- presentar suas figuras: registrava os animais de sua preferência ou de seu conhecimento, suas caças, fazia amuletos e seus próprios instrumentos. A primeira escultura feita pelo homem foi justamente uma escultura uti- litária, o sílex, um objeto pontiagudo utilizado para caçar e retalhar suas presas. Foi feito de pedra lascada. Outras esculturas eram feitas de ossos de animais mortos. Eram usados tanto os ossos recobertos de carne quan- to as galhadas de alce ou bisões. As esculturas normalmente respeitavam o tamanho do material utilizado. Por falta de recursos que favoreciam a montagem, as peças eram pequenas. Se o osso utilizado era o osso da perna de um alce, a escultura iria respeitar esse tamanho, ela não poderia ser maior, pois não conseguiria juntar com outro pedaço. No caso das esculturas em pedras, o homem esculpia, geralmente, pequenos amuletos que, na maioria das vezes, cabiam em suas mãos. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 13 UNIMES VIRTUAL O último período da pré-história, o neolítico, transformou a história humana. Foi nesse período que o homem deixou de ser nômade para ter uma vida mais estabilizada e, com isso, novas necessidades surgiram. Diante de novos desafios, o homem Neo- lítico desenvolveu maneiras de tecer panos, fabricar cerâmicas, construir moradias, cuidar da agricultura, domesticar animais, além de descobrir o fogo por meio do atrito. A descoberta do fogo fez surgir novas possibilidades para a arte tridimen- sional. Um novo material para as esculturas: o barro, a argila, a cerâmica. Com a queima desse material puderam perceber sua resistência e que era inalterado em contato com a ação da água. A partir dessa descoberta fo- ram feitas muitas esculturas utilitárias, como travessas, pratos, tigelas... O artista do Neolítico também produzia cerâmicas com a preocupação es- tética, com a beleza e não apenas com a preocupação utilitária. Com a descoberta do fogo também criou-se a escultura de metal. As esculturas feitas de metal eram feitas a partir de uma forma de barro. Primeiramente, era feita essa forma de barro onde seria despejado o metal derretido. Depois de frio, a forma de barro era quebrada. O resultado era uma escultura com a configuração dada ao barro. Graças ao costumes de antigas civilizações de enterrar junto com seus mortos seus pertences pessoais e figuras de guardiãs dos bons espíritos, pudemos conhecer as primeiras esculturas. As primeiras cerâmicas foram encontradas por volta de 5000 a.C originárias da Anatólia, Asia Menor. A cerâmica sempre colaborou para o desenvolvimento de diferentes culturas e possibilitou intercambio entre os po- vos. Por meio de pesquisas feitas por antropólogos, histo- riadores e arqueólogos comprovaram, a partir das cerâmicas encontradas, a existência de antigos povos. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I1� UNIMES VIRTUAL Aula: 02 Temática: Cerâmica neolítica Nesta aula falaremos das características das cerâmicas en- contradas em várias regiões e povoados. Para a cultura neolítica a cerâmica, como arte própria, suporte para pin- tura e arte decorativa, era incomparavelmente superior. A argila muitas vezes substituiu a pedra na qualidade artística da obra escultórica. Por ser um material exeqüível e fácil de trabalhar, serviu para a produção escultó- rica de consumo artesanal. O período deixou amostra significativa da arte escultórica, como as estatuetas femininas ajoelhadas de Samarra e Tell Halaf, na Mesopotâmia, os vasos antropomorfo e zoomorfo e representa- ções femininas de Sesko e Starcevo, no sudeste Europeu. As figuras femininas antropomorfas poucas vezes passam de 15 cm de altura. Sugerem representar mulheres com rasgos nos rostos. Geralmen- te, as pernas estão separadas e os braços cruzados sobre o peito. Em outra série de figuras mais esquemáticas, são representadas em pé com as pernas juntas, às vezes muito curtas, os braços atrofiados e a cabeça sem detalhes. A parte inferior dessas figuras tem forma de pêra. Estas representações femininas se baseiam, fundamentalmente, na preponde- rância de suas formas e nos caracteres sexuais, que representariam de maneira simbólica a importância que se concedia à fecundidade humana, bem como dos campos e rebanhos. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 1� UNIMES VIRTUAL No Alto Egito, as figuras de cerâmicas passaram a manifestar sua beleza em formas de uma elegância ondulada. A civilização criada ao redor do Nilo deixou um mostruário riquíssimo da criatividade de um povo que criou rituais de eternidade. A arte egípcia, em especial a escultura, ocupa um lugar de excelência por sua função social e seus conteúdos ideológicos, estéticos e formais. A escultura se recorta em projeção da vida religiosa, social e política do antigo Egito. O valor mágico da imagem apreciada nos cultos aos mortos é uma heran- ça da tradição do paleolítico. Além da argila, os egípcios dispunham de uma infinidade de pedras (cal- cário,granito, mármore...) que permitiam diferentes efeitos, variando as suas esculturas. Com o objetivo de representar com realismo o defunto, o artista reproduz as características da raça na conformação do crânio, na silhueta nasal ou na delineação do olho. A cabeça era a parte mais significativa do corpo. O corpo era feito como se fosse apenas um simples suporte para a cabeça. O rosto recebia uma atenção maior: o nariz, o queixo e os olhos eram real- çados com incrustações de pedras, vidros e cobre. A lei da frontalidade impunha que a imagem deve olhar totalmente diante do observador, pois ela é feita para ser observada somente de frente. Toda torção do corpo sugeria romper a visão frontal. Algumas, porém poucas, soluções eram dadas às esculturas: eram representadas sentadas, de pé ou iniciando uma marcha, de joelhos. A grande característica das estátuas egípcias é a rigidez. Quando a ima- gem é representada sentada, as possibilidades de representação dos bra- ços são: apoiados sobre a saia e paralelos às pernas ou um braço estendi- do e outro encolhido sobre o peito. O escriba sentado Anão Seneb e sua família Cerca de 2480-2350 a. C Cerca de 2500 a.C FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I1� UNIMES VIRTUAL Se a figura estiver em pé, os braços se mantêm rígidos ao lado do corpo. O efeito não se modifica se o pé esquerdo se adianta representando o andar. Durante a XVIII dinastia, eram freqüentes as representações de maridos e mulheres sentados um junto a outro, deixando transparecer atitudes ter- nas e íntimas. As estátuas que representavam um casamento captam o casal abraçado cruzando mutuamente seus braços sobre as costas um do outro. A escultura de Nefertiti é uma peça que recria um rosto que harmoniza a beleza e a majestade régia. É de calcário policromado; o rosto delicado e perfeito denuncia o perfil de uma princesa oriental com seu rosto oval e sobrancelhas arqueadas que acompanham o traço rasgado dos olhos. O gosto pelo colossal que integrava a arquitetura e a escultura estava presente nos túmulos e nas imponentes esculturas que integravam esses túmulos. Com isso, a arte do Egito pretendia refletir o poderio, a iniciativa e a riqueza. Templo de Ramsés II 1290-12250 a.C Até a próxima aula!!! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 1� UNIMES VIRTUAL Aula: 03 Temática: Cerâmica do Oriente Médio Nesta aula veremos a importância da argila e da cerâmica no Oriente Médio. Uma das funções da argila no Oriente Médio era proteger as moradias com grandes plataformas e muros de contenção de água. Ao contrário do Egito, a Mesopotâmia foi um território pobre em pedras e, como se sabe, os materiais sempre foram um fator determinante nas produções artísticas. A abundância e a qualidade da argila possibilitaram a modelagem e o desenvolvimento de estatuaria no qual a durabilidade tinha mais importância do que sua forma e função. O uso da argila era geral nessa civilização, pois não ficava restrita ao uso artístico. Com o desenvolvimento da glíptica foram usadas tabelas de argila para arquivar informações. Era nos templos sumérios que estavam guardadas as glíp- ticas com as leis e regras da civilização, que eram conhecidas por me. Havia me para regular a sociedade, ou seja, para a produção de variadas tarefas. Os me eram escritos em placas de argila. As placas ou tabelas de argila eram os meios para a inscrição e propagação futura da informação. Tinham por função expandir idéias, cultura, civilização, sabedoria. Às placas de argila, depois de inscritas, eram queimadas e este- rilizadas. Como já mencionamos, depois de queima- da, a durabilidade da cerâmica garantia a existência de informação útil. Os me eram considerados como uma programação, um planejamento para deter- minadas atividades: linhas de código, instruções, algoritmos. O conjunto dos me atuava como um sistema operativo e conjunto de aplicações, como suporte físico da informação. Os tijolos gravados em relevo e esmaltados foram criados pelos antigos habitantes da Mesopotâmia e eram usados para decorar grandes superfí- cies murais. Madeira e metal foram materiais menos importantes na pro- dução de relevo e nas esculturas. As escavações das antigas cidades de Summer possibilitaram resgatar cerâmicas de variadas técnicas de modelagem e decoração, além de está- tuas e outros objetos em pedra, metal e minúsculos mosaicos. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I1� UNIMES VIRTUAL Foram encontradas em Ur estatuetas de mulheres-pássaros inspiradas nas Vênus paleolíticas como amuletos da fertili- dade. Apresentam-se numa figura híbrida de corpos femini- nos e cabeça de pássaro. Geralmente, são representadas com cabeças de pássaros coradas com crista ou por um toucado, ombros largos e angulosos, que sugerem asas. Desses ombros descem braços que terminam com dedos que se apóiam nas cinturas, as pernas são formadas por traços gravados numa única massa que vai dos quadris até os pés, que são formados por uma leve inclinação. Os seios são modelados e, paralelamente a eles, incisões des- tacam o sexo de forma angular. A cabeça protuberante contrasta com o corpo estilizado e de quadris estreitos atenuados pelas linhas de trapézio invertido que formam os ombros e os braços. A qualidade e maestria dos artistas sumérios têm como testemunhos nume- rosas figuras de touros que foram cuidadosamente modeladas em argila. Para dar um efeito de maior realismo incrustavam pedras e pedaços de metais. Os milênios IV e III a.C. marcam a rica produção artística de Summer. Essa produção foi marcada por representações de peças em argila, pe- dra e metal. Por estar numa região de terras montanhosas, os materiais resistentes não eram abundantes e deveriam ter sido trazidos de outros lugares. Provavelmente, esta é a razão de as peças serem produzidas em dimensões reduzidas. Como já comentamos, os povos da Mesopotâmia, com a re- volução urbana, acostumaram-se a registrar seus contratos em tabelas de argila que eram certificados de validade à im- pressão dos carimbos cilíndricos. O uso do carimbo era feito pelos povos do Oriente Próximo e Médio. Eram confeccionados em pedras lavradas ou como pasta endurecida. Sobre o cilindro eram gravadas cenas e alguma inscrição. Por final, esse carimbo era rolado sobre a argila umedecida das tabuletas que constavam o texto do contrato. Até a próxima aula!!! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 1� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: Arte sírio-fenícia e persa A arte dessa civilização deixou como herança pequenas e ri- cas peças estatuárias em argila e metal de representações de divindades, como Ball, Astarté, Adonis. As estatuetas eram representadas com as indumentárias fenícias, com o característico gorro pontiagudo. Algumas eram fundidas em bronze e imitavam figuras femininas de Summer, com perucas recolhidas na nuca, vestidas com túnicas ou nuas. As estatuetas masculinas apresentam-se em grande variedade. Os fenícios trabalhavam em madeira de cedro, os babilônicos construíam os muros de tijolos e os persas trabalhavam esculturas de baixo-relevo que decoravam muros e paredes dos palácios e as superfícies sepulcrais. Dois grupos da área da escultura se diferenciam: os baixos relevos em pe- dra do palácio de Persépolis e os baixos-relevos em tijolos esmaltados do palácio de Susa. Os baixos relevos Persépolis eram usados para decorar paredes e colunas. Os relevos de Persépolis foram feitos de pedras enquanto os de Susa foram feitos de tijolo queimado, já que Susa fica no país elamita, muito perto da Mesopotâmia, país da argila. Os ceramistas persas utilizavam o método original da técnica do tijolo es- maltado. Eles não utilizavam apenas a argila, pois faziam uma mistura de areia e cal que era levada ao forno. Após essa etapa desenhavam o contor- no das figuras com esmalte azul enovamente era levado ao forno e, para finalizar o processo, era colorido o interior dos desenhos e, pela última vez, era levado ao forno. Enquanto os baixos-relevos de Persépolis são sóbrios, os de Susa são pura cor. Baixo - Relevo de Persépolis FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I20 UNIMES VIRTUAL Baixo - Relevo de Susa Micenas Micenas era uma cidade do Peloponeso (Grécia) rica em ouro. Durante escavações foram encontrados vários cadáveres, os quais se encontra- vam cobertos por máscaras de ouro. Máscaras funerárias encontradas nos túmulos modeladas em finíssimas folhas de ouro colocadas sobre ma- deira esculpida reproduzem com certa fidelidade as feições do defunto; as outras são representações convencionais. As máscaras mortuárias reproduzem uma forte impressão de atemporalidade. O sorriso em algumas aparece como uma sugestão. Esses artistas desconhe- cidos conseguiram traduzir bem o silêncio da morte. Observe a imagem: Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 21 UNIMES VIRTUAL Resumo - Unidade I Nesta unidade tratamos do surgimento das primeiras escul- turas e da evolução do homem. Discutimos a necessidade do homem em registrar seus contratos em ta- belas de argila, que era o certificado de validade diante de uma nova rea- lidade cotidiana. Observamos as características das cerâmicas encontradas em várias re- giões e povoados, bem como a importância da argila e da cerâmica para os povos do Oriente Médio. Referências Bibliográficas CHITI, J. F. Curso prático de cerâmica. Tomo I. Argentina: Edições Con- dorhuasi, 1988. DIAS, M. C. Temas e técnicas em artes plásticas. São Paulo: Editora de Cultura Espiritual, 1987. GOMBRICH, E. H. A história da arte. São Paulo, LTC, 1996. FREIRE, Cristina. Poéticas do processo, São Paulo, Iluminuras Ltda, 1999. MAYER, Ralph. Manual do artista. São Paulo: Martins Fontes, 1999. PEDROSA, Israel. O universo da cor. Rio de Janeiro: Senac, 2003. POWELL, Harold. Cerâmica para iniciantes. Rio de Janeiro: Editora Tec- noprint, 1984. Bibliografia Complementar CHITI, J. F. Cerâmica para niños. Argentina: Edição Condorhuasi, 1986. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I22 UNIMES VIRTUAL ________Curso de cerâmica em um só tomo. 3. ed. Buenos Aires: Condorhuasi, 1983. ________ El libro del ceramistas. Buenos Aires: Condorhuasi, 1983. _______ Manual de esmaltes cerâmicos. Buenos Aires: Condorhuasi, 1992. GABBAI, M. B. Cerâmica, arte da terra. Buenos Aires: Callis, 1978. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 23 UNIMES VIRTUAL Exercício de auto-avaliação I 1) A descoberta do fogo foi um grande avanço para a arte do homem pré-histórico. Quais afirmativas justificam essa afirmação? I) Com a queima do barro puderam perceber sua resistência e que era inalterado em contato com a ação água. II) Depois da descoberta do fogo, o homem esculpia maior quantidade de pequenos amuletos que, na maioria das vezes, cabiam em suas mãos. III) Com a prática da queima da argila foram feitas muitas esculturas utilitárias, como traves- sas, pratos, tigelas etc. IV) Criou-se a escultura de metal a partir de um molde de argila. Estão corretas: As afirmações I,II,IV. As afirmações I,II,III. As afirmações I,III,IV. As afirmações II,II,IV. 2) O que são figuras femininas antropomorfas? I) Não passam de 15 cm. de altura. Sugerem a representação de mulheres com rasgos nos rostos II) Representações femininas se baseiam, fundamentalmente, na preponderância de suas for- mas e nos caracteres sexuais. III) Representam de maneira simbólica a importância que se concedia à fecundidade humana, à dos campos e rebanhos. IV) São representadas em pé com as pernas juntas, às vezes muito curtas, os braços atrofiados e a cabeça sem detalhes. Todas as afirmações estão corretas. Nenhuma afirmação está correta. Somente a afirmação III está correta. Somente a afirmação IV está correta. a) b) c) d) a) b) c) d) FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I2� UNIMES VIRTUAL 3) O que eram as glípticas? Grandes muros de contenção de água. A arte da estatuária. Tabelas de argila para arquivar informações. Minúsculos mosaícos. �) Qual povo utilizava uma mistura de argila, areia e cal, que era levada ao forno e, após essa etapa, desenhava o contorno das figuras com esmalte azul, o que novamente era levado ao forno e, para finalizar o processo, era colorido o interior dos desenhos e, pela última vez, levado ao forno? Persépolis Susa Fenicios Babilonicos a) b) c) d) a) b) c) d) FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 2� UNIMES VIRTUAL Unidade II Escultura grega Objetivos Conhecer a nova representação do homem; identificar as esculturas clássica e helenística; reconhecer as diferentes técnicas de pinturas em cerâmica. Plano de Estudo Esta unidade conta com as seguintes aulas: Aula: 0� - A escultura grega Aula: 0� - Deuses e homens Aula: 0� - Kouro e Kore I Aula: 0� - Kouro e Kore II Aula: 0� - Escultura clássica I Aula: 10 - Escultura clássica II Aula: 11 - Arte helenística FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I2� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: A escultura grega A origem do arcaísmo grego baseia-se fundamentalmente na cerâmica que era classificada em dois estilos: o geomé- trico e o orientalizante. A denominação estilo geométrico apareceu diante da cerâmica da época na qual predominavam as formas decorativas geométricas. O estilo geométrico anunciava uma nova ma- neira de ver a figura humana. No princípio, passou a moldar o corpo huma- no e, depois, as atitudes. As pequenas figuras de guerreiros ou de centauros exprimem a geome- tria com uma animação que faltavam as estatuetas orientais. Os estilos geométrico e oriental se sobrepõem cronologicamente e muitas vezes ge- ograficamente. A prosperidade das cidades gregas e aos contratos comerciais cada vez maiores entre os gregos e as comunidades da Sírio-palestina, da Mesopo- tâmia e do Egito contribuíram com uma significativa produção artística do período Arcaico. O fim do estilo geométrico é datado por volta de 750. A ex- pansão comercial que levou a Grécia a ter contato cada vez maior com Egito, a Anatólia e o Oriente Médio, além das conquistas de Alexandre, o Grande, deram um impulso para os motivos orientais aparecerem na arte grega. Os temas típicos do Oriente, como a rosácea, a palmeta, o grifo, a esfinge e a sereia, substituíram os tradicionais padrões geométricos dos vasos de cerâmica. O centro artístico da Grécia deixou de ser Atenas para ser Rodes e, sobre- tudo, Coríntio. O principal produto estético desse período é a cerâmica protocoríntia (725-650 a.C.) e coríntia (650-550 a.C.). A cerâmica protocoríntia tinha como motivos ornamentais básicos os frisos com animais e cenas bélicas, em escala reduzida, aptos a decorar pequenos vasos como aríbalos e píxides. Normalmente são usados para armazenar óleos e perfumes de luxo. São peças muito bem feitas tanto ao que se refere à qualidade técnica quanto ao aspecto decorativ. Apesar das pequenas dimensões são peças excepcionais FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 2� UNIMES VIRTUAL Cerâmica protocoríntia (725-650 a.C.) Nas cerâmicas coríntias, as figuras eram, em geral, pintadas em preto sobre fundo branco, com detalhes incisos sobre os quais era adicionado o vermelho. Cerâmica coríntia (650-550 a.C.) O estilo coríntio apresentava figuras maiores cujos desenhos eram um pouco menos cuidados. Embora ainda chapadas, as figuras transmitiam um sentido de realidade física pelas formas exuberantes cheias de deta- lhes ornamentais e vazadas em meio a uma policromia simbólica. A partir de 600, os artistas começaram a ter o costume de fa- zer vasos de grandes dimensões, geralmente decorados com figuras humanas em cenas narrativas mitológicas ou de guer- ras. Apesar de ser feita com um tipo deargila vermelha, a cerâmica coríntia é de cor amarela. Às vezes, as peças eram banhadas com engobe laranja para parecerem cerâmicas áticas, a fim de enganar os consumidores. Durante o século VII a.C. começou a desenvolver-se em Atenas o estilo proto-ático de cerâmica. A técnica foi adaptada graças ao conhecimento técnico da cerâmica coríntia. Em principio está vinculada à cerâmica ge- ométrica, mas logo foram incorporados temas orientalizantes, o que a di- ferenciou das coríntias. Caracterizam-se por figuras mais dimensionadas, todas esboçadas linearmente. Suas figuras não são pretas. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I2� UNIMES VIRTUAL Cerâmica Ática Cerâmica de figura negra - 500 a.C A partir de 500 a.C. a cerâmica de figuras negras desaparecia e, em 450, já não se encontravam esse tipo de cerâmica com qualidade. Só continua- riam fabricando, em caso especial, para as ânforas que continham azeite, dadas como prêmio aos vencedores de jogos. Por tradição, continuavam fazendo figuras pretas no caso de ânforas-prêmios. Cerâmicas de figuras vermelhas Caracteriza-se pela inversão das cores. Seu realismo é conseguido por meio de estudos de anatomia do corpo humano e suas vestimentas que são representadas com todas as pregas e a leveza dos tecidos utilizados. Primeiramente, as figuras vermelhas se diferenciam apenas pela técnica, pois mantêm os mesmos temas da cerâmica de figuras negras. Ao final do séc. VI a técnica se aperfeiçoou quanto ao realismo e os pintores começa- ram a se arriscar em desenhar figuras torcidas. Cerâmica séc. V No início do séc. V, os artistas começaram a representar com um incrível grau de realismo as vestimentas com cada uma das suas pregas. Apesar de os desenhos serem executados com uma técnica incrível, às vezes nos passa uma sensação de frieza. No final do século V e começo do século IV, iniciava-se a decadência dessa cerâmica, tanto na questão de qualidade dos seus desenhos quanto na sua natureza de ser. Os artistas incorporavam em sua policromia o dourado, mas, mesmo assim, sua produção terminou em 450 a.C. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 2� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: Deuses e homens Temos registros de que as primeiras esculturas gregas fo- ram feitas no século IX a.C. Eram pequenas figuras huma- nas feitas de materiais muito macios e fáceis de manipular, como a argila, o marfim ou a cera. Esses materiais eram exclusivos até o período arcaico nos séculos VII e VI a.C., quando os gregos começaram a trabalhar a pedra. Os motivos mais comuns das primeiras obras eram simples estátuas de rapazes (kouros) e moças (korai). As figuras apresen- tavam formas lisas, arredondadas e, esculpidas na pedra, mostravam uma beleza ideal. O período do arcaísmo estendeu-se desde o inicio do século VI até apro- ximadamente o ano 480 a.C. O objetivo da escultura desse período não era representar a realidade, mas apresentá-la. O termo representar indica a reprodução mais ou menos fiel. Apresentar a obra de arte não conduz a nada novo, apenas copia a realidade. As figuras masculinas arcaicas são representadas por deuses atletas, os kouroi. Ao contrário do que se pensa, não eram retratados de forma natu- ralista, como homens reais, eram verdadeiras criações nas quais os ho- mens não se reconhecem, mas inspiravam-se nelas como se quisessem ser essas criações. Os gregos nomeavam as coisas e as definia. Seus adjetivos eram um modo de definir, pois tentavam alcançar e exprimir o que era próprio de cada coi- sa. Os escultores arcaicos captavam em suas obras essa definição das coisas. A história da escultura arcaica é a história de uma conquista de sentido. Segundo Aristóteles, “o tempo é, em si mesmo, causa de destrui- ção mais do que criação”. Podemos perceber a influência egípcia na mais antiga escultura grega de- dicada a Ártemis, virgem e defensora da pureza, protetora das parturientes e estava ligada a ritos de fecundidade. Os gregos tiveram contato com a escultura egípcia em Náucratis, colônia no delta do Nilo (650 a.C.). As esculturas humanas tinham uma grande semelhança com as esculturas egípcias, as quais devem ter servido de modelo. Os escultores arcaicos apresentavam seus deuses e, ao esculpi-los, configuraram seu estilo. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I30 UNIMES VIRTUAL O papel da escultura arcaica e clássica vai além de ilustrar aquilo que já es- tava dito em palavras. É a verdadeira criação que, de um modo encantador, introduziu caracteres capazes de atribuir o sentido de criadora da religião. Ártemis Segundo W.F. Otto são estas as características dos deuses gregos: o rosto divino não expressa a vontade. Toda forma de poderio e selvageria lhe é estranha. Em suas faces não se lê o sobressalto, mas sim a claridade dian- te da qual as monstruosidades bárbaras se dissipam. Nenhuma raridade se desprende de seu olhar, nenhum enigma místico joga perdendo-se nesses lábios, nenhum excesso rasga o grande caráter da expressão e o distancia na direção do fantástico. A aparição divina não tem nenhum parecido com a irrupção sem medida da força do colossal; ela não suporta, de acordo com a maneira asiática, a potência mediante uma construção grotesca e multiplicada sobre a visão. Toda esta monstruosa dinâmica será igualmen- te deixada de lado mediante a pura grandeza da natureza. A escultura cumpre a função básica para a coletividade. É por meio dela que Deus se faz presente, ele está na natureza da qual fazemos parte, ele dá sentido à atividade cotidiana. A escultura espanta tudo que possa refe- rir-se a semelhantes defeitos e penalidades. As esculturas necessitavam de recursos específicos, próprios, nela encon- tram-se características da religião, da poesia e da ideologia gregas. A escultura grega nunca se submeteu a ilustrar o já dito, nem exaltar o estabelecido. Pela primeira vez na história, o artista avalia a imagem como um criador. A estatuária grega foi assumindo um caráter próprio e acabou abandonan- do definitivamente os padrões orientais. O estudo das proporções ofereceu a possibilidade de copiar fielmente a anatomia humana e, com isso, os rostos obtiveram expressividade e realismo. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 31 UNIMES VIRTUAL A escultura continuava a ser produzida em terracota e bronze, dentro da tradição estilística conhecida como de- dálica; as que vieram da Mesopotâmia preocupavam-se, sobretudo, com a forma humana. Por volta de 650 a.C. as esculturas co- meçaram a ser feitas em pedras de grandes proporções. A influência egíp- cia aparecia cada vez mais e resultou nas famosas estátuas, em tamanho natural, de rapazes nus (kouroi) e de moças vestidas (korai), usadas em monumentos funerários e nos templos. O século VII a.C. marcou, ainda, o início do uso de elementos escultu- rais decorativos na arquitetura com o surgimento dos primeiros relevos a acompanhar os estilos dórico e jônico. Kouroi Cleobis e Biton 5990 a.C. Kore de Peplo - 530 a. C. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I32 UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: Kouro e Kore I No período arcaico as esculturas femininas como os Kou- ros foram uma manifestação inesgotável. O Kore ou Koré, que no plural é Korai, eram figuras de mulheres jovens, esculpidas em pé. Hera de Samos Como podemos observar, o Kore de Hera de Samos apresenta um proble- ma central da estatuária grega: o corpo está integrado à coluna, as pregas da túnica caem retas, o que acentua a forma da coluna que o corpo co- berto possui, os braços erguidos a partir do cotovelo em direção ao busto, pose dificilmente encontrada em outras Korai. Essas esculturas eram fei- tas no mármore e a pele das esculturas femininas era deixada em branco. As Korai áticas, deusas e sacerdotisas, são representadas de forma ainda mais clara,a túnica (peplo) se estende de modo uniforme, recolhe-se em pregas, o que cria volume que faz lembrar as diversas partes do corpo. A kore sofre uma evolução formal ao longo do tempo tornando-se, em épocas posteriores, numa figura de formas mais suaves e arredondadas, em que o tecido da roupa e o corpo se ajustam com maior naturalidade. A kore serve de oferenda votiva aos deuses ou para ser colocada sobre um túmulo. A kore tem mais variações, acima de tudo no que diz respeito à indumentária e ao cabelo, que espelham a moda dos diferentes locais onde é produzida. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 33 UNIMES VIRTUAL Kouros arcaico, c. 600-590 a.C. - Atenas Kouros, grego jovem, no plural kouroi, é estatua de jovem do sexo mascu- lino, como a kore apresenta-se sempre em pé, desnuda, cabelos longos fri- sados, rosto sereno, o sorriso típico da escultura grega do Período Arcaico. Homero utilizava o nome kouro para se referir aos jovens soldados. Mais tarde, a palavra kouro passou a ser especificamente associada a um jo- vem adolescente sem barba. Em 1890, o termo kouros passou a designar as estátuas desnudas. Kouroi também eram conhecidos normalmente por Apolos. Os kouros eram pintados de castanho. Pesquisas de historiadores registram que os primeiros kouroi eram feitos de madeira e não sobrevi- veram até aos nossos dias devido à sensibilidade do material. Por volta do século VII a.C, os gregos passaram a dominar o trabalho em pedra, o que foi possível com o intermédio das ferramentas metálicas dos egípcios. Criam, então, kouroi em pedra, especialmente em mármore originário das ilhas de Paros e Samos. Quando os artistas gregos começaram a fazer estátuas de pedras, partiram de onde egípcios tinham parado. Não se contentando apenas em seguir as regras dos egípcios, o artista começou a fazer suas próprias experiências. Ele decidiu investigar por sua própria conta, em vez de seguir velha a prescrição. O escultor grego queria saber como ele iria representar um determinado corpo. Os egípcios tinham baseado sua arte no conhecimento. Os gregos a usar os próprios olhos. Os kouroi são pautados por uma rígida simetria e frontalida- de, característica assimilada das estátuas egípcias. Apesar de simularem dar passo à frente, as estátuas transmitem pouco movimento. Estas es- tátuas apresentam uma ligeira inclinação para a frente, o que não permite que o peso do corpo assente somente na perna que fica recuada. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I3� UNIMES VIRTUAL Kouros, Atenas A estrutura dessas estatuárias tem a forma triangular invertida. O tronco é largo e a cintura estreita, os músculos e as articulações são modulados de forma esquemática. Os braços caídos ao longo do corpo ou erguidos a partir do cotovelo formam um ângulo de 90º com o tronco; a cabeça é levemente inclinada e erguida; os olhos são direcionados para o ponto de vista do observador; os rostos são compostos como se cada elemento fosse independente. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 3� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: Kouro e Kore II A partir das decorações em cerâmicas podemos ter uma vaga idéia de como era a pintura grega, como nos vasos pintados no século VI a.C, em que ainda são encontrados vestígios dos métodos egípcios. Com o passar do tempo, os artistas começaram a confiar no que seus olhos viam. Eles fizeram a maior de todas as descobertas - a descoberta do escorço. Foi um tremendo momento na história da arte quando, talvez um pouco antes de 500 a.C, os artistas se atreveram pela primeira vez a pintar um pé tal como é visto de frente. A grande revolução da arte grega, a descoberta de formas naturais e do escorço, ocorreu numa época que ficou conhecida como o mais assom- broso período da história humana. Trata-se da época em que o povo das ci- dades gregas começou a contestar as antigas tradições e lendas sobre os deuses e a investigar sem preconceitos a natureza das coisas; o período em que a ciência e a filosofia despertaram, pela primeira vez, entre os ho- mens e quando o teatro se desenvolveu a partir das cerimônias em honra de Dionísio. Como os artistas gregos eram muito solicitados para fazerem esculturas humanas (um templo como o de Olímpia era todo rodeado de esculturas) aperfeiçoaram seu conhecimento do corpo humano em ação. De todos os originais que chegaram até nós, as esculturas do Pathernon refletem essa nova liberdade talvez da maneira mais digna de admiração. O Pathernon foi terminado uns vinte anos depois do templo de Olímpia e, nesse breve espaço de tempo, os artistas tinham adquirido uma desenvol- tura e facilidade cada vez maior na resolução de problemas de convincente representação. Como Fídias foi autor da estátua de Atenas no santuário, parece que sua oficina também tenha fornecido as outras esculturas que decoravam o templo. Todas as obras gregas desse grande período mostram a sabedoria e a habilidade na distribuição de figuras, porém a recém-descoberta liberdade de representar o corpo humano em qualquer posição e movimento podia ser usada para refletir a vida interior das figuras representadas. Deveriam representar a “atividade da alma”, observando minuciosamente o modo como “os sentimentos afetam o corpo em ação”. O cabelo dos korai era representado longo e frisado. É como se fosse um casquete fixado no crâ- FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I3� UNIMES VIRTUAL nio. Os olhos possuem um aspecto similar ao da escultura egípcia, que era na altura copiada na produção cretense. Mais tarde, estas estátuas passaram a assumir poses mais naturalistas e os penteados sofreram influência da moda da Grécia continental. Conforme a sociedade grega enriquecia e os artistas ganhavam maior confiança no seu trabalho de esculpir, as estátuas deixavam de ser do tamanho real humano para atingir um tama- nho colossal mais ou menos quatro vezes maior. Com relação à escultura em mármore, demasiadamente dispendiosa, somente os mais abastados podiam pagar os escultores por essas obras. Os kouroi eram usados em duas situações: nos templos, como oferendas votivas, ou em túmulos en- comendados por aristocratas, pessoas importantes, como representação do falecido como o ideal da masculinidade. Apesar disso, os kouroi não representam pessoas reais (os seus rostos não são retratos), mas antes uma representação simbólica do falecido. No final do século VI, os kouroi passaram a ser esculpidos de uma forma naturalista, o que dava a impres- são de representar pessoas reais, mas não perderam totalmente a rigidez da tradição formal. Os kouroi eram símbolos da riqueza e do poder da classe aristocrática grega. Só no século VI a.C, quando a classe aristocrática perdia poder, eles começaram a sair de moda na produção artística. Coluna com figura masculina, Catedral de Lund na Suécia Na Europa, encontram-se em colunas e igrejas figuras masculinas que pa- recem surgir do interior do fuste (parte da coluna entre o capitel e a base) para o exterior. Esta figura, que apresenta indumentárias típicas do norte da Europa, tem somente um caráter decorativo e, embora seja possível que se trate de uma influência da tradição grega ou romana, não é possível categorizar estas figuras como kouros ou kore. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 3� UNIMES VIRTUAL Mais tarde, a escultura passou a ser representada em contrapposto total- mente apoiada numa perna, deixando a outra livre, e o princípio do dina- mismo tomou forma nas representações de atletas em plena ação. Entre os grandes artistas do classicismo estão: Policleto, Miron, Praxíteles e Fídias. Contudo, não se pode deixar de mencionar Lisipo, que, nas suas tentativas de plasmar as verdadeiras feições do rosto, conseguiu acrescentar uma inovação a esta arte, criando os primeiros retratos. Observe: Escultura de Lisipo Realize pesquisas de aprofundamento pessoal sobre o as- sunto.Se houver dúvidas, converse com a tutoria. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I3� UNIMES VIRTUAL Aula: 0� Temática: Escultura clássica I Apesar de ser difícil a delimitação, entende-se que o classi- cismo seja o progresso do período arcaico. Entende-se por uma periodização mais ou menos real do classicismo: es- tilo severo (480-450); realismo (390); estilo rico (420-370); classicismo ideal (450- 420). Esta seqüência cronológica, que tem a pretensão de ser realista, apresenta muitos problemas devido ao desaparecimento de mui- tas obras que são conhecidas apenas por sua cópia ou réplica romana, o que dificulta o trabalho de especialistas ao ter de classificá-las numa exata seqüência cronológica. Essas cópias ou réplicas eram feitas com materiais diferentes dos originais, induzindo a uma visão equivocada e romanizada da estatuária clássica. Historiadores consideram algumas esculturas fundamentais para o entendi- mento e compreensão do classicismo. Auriga de Delfos (477, Museu Arque- ológico de Delfos), o grupo de Tiranicidas (477, desaparecido), o Poseidon (460, Museu Nacional de Atenas) e Discóbolo (450, desaparecido). Auriga de Delfos (auriga em grego significa “o que segura as rédeas”) é uma das obras da escultura grega sobrevivente deste período. Fez parte de um grupo do qual se conservou apenas essa figura. Há versões diver- sas sobre esse conjunto de esculturas, e uma delas é que esse grupo era formado por quatro a seis cavalos e dois cavalariços, doado ao Santuá- rio de Apolo em Delfos por Polizalos, em homenagem à vitória na corrida de carruagens dos Jogos Píticos de 478. A outra é que essa figura fazia parte do grupo de um cavalo e um pequeno escravo que acompanhava o príncipe no carro. Esta estátua oferece um sentido diferente do que devia apresentar se estivesse junto com o grupo. A primeira vista lembra as esculturas arcaicas por ser uma figura ereta, com túnicas largas e uma postura e uma atitude parcial. Porém, quando olhamos mais atentamente, percebemos que os pés se encontram obliquamente em relação ao corpo, o qual sugere uma leve torção lateral de acordo com braços e a cabeça. A rigidez da coluna é quebrada pelo volume da túnica apertada na cintura e solta no dorso. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I 3� UNIMES VIRTUAL O aparecimento dessa tímida mobilidade cria na composição global da es- tátua uma exigência da coerência do grupo. Não basta apenas estar uma parte do lado da outra (vai além das coerências individuais). Auriga de Delfos cerca de 477 aC Podemos perceber bem essa preocupação com o movimento, fortemente intensificado na intensão de Poseidon lançar o dardo. O momento de ten- são e esforço é intensificado pela sutileza do calcanhar do pé direito levan- tado, que se estende pelo corpo todo mostrando o trabalho da musculatura e a anatomia do do corpo humano. Poseidon do Cabo cerca de 460 aC A grande manifestação do classicismo nas esculturas decorativas dos templos de Zeus em Olímpia e no Pathernon da Acropólis ateniense. Do templo de Zeus restaram os frontões leste e oeste e algumas métopes. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�0 UNIMES VIRTUAL Métope do templo de Zeus Em fins do século V, os artistas tinham-se tornado plenamente conscientes de sua competência e eram reconhecidos da mesma forma pelo público. Embora fossem desprezados pelos esnobes, um número crescente de pes- soas começou a se interessar pelo trabalho deles como obras de arte e não apenas por suas funções religiosas ou políticas. As pessoas comparam os vários métodos, estilos e tradições que dis- tinguiam os mestres em diferentes cidades. A comparação entre essas escolas estimulou o artista para esforços ainda maiores e ajudaram a criar aquela que admiramos na arte grega. Na arquitetura, vários estilos começaram a ser usados. O Pathernon fora construído no estilo dórico, mas nos edifícios subseqüentes à acrópole foram introduzidas as formas do chamado estilo jônico. Fachada do Paternon As colunas do templo jônico são muito menos robustas e fortes. O capitel ou arremate deixou de ser uma simples almofada sem ornatos para ser ricamente decorado com volutas laterais. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �1 UNIMES VIRTUAL Aula: 10 Temática: Escultura clássica II O friso que percorre o Pathernon narra a procissão das Panatenéias, enquanto as métopes cenas das batalhas entre centauros e lápitas, já os frontões, por estarem mui- to destruídos, não permitem uma reconstrução muito precisa. O mesmo caráter de graciosidade e leveza marca também a escultura e a pintura desse período, que começa com a geração seguinte à de Fídias. Os artistas já não tinham qualquer dificuldade em representar o movimento, a perspectiva ou o escorço. As esculturas do Pathernon tornaram-se a obra estatuária, a qual nenhuma obra monumental conseguiu se igualar. No templo de Apolo Epicurious os frisos narram também os temas preferidos dos gregos: combate entre centauros e lápitas, gregos e amazonas. Combate entre gregos e amazonas Detalhe do Friso templo de Apolo Epicurios No friso do mausoléu de Halicarnaso, os artistas limpam a composição e as figuras ganham amplitude de movimento. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�2 UNIMES VIRTUAL Durante o século IV, o enfoque da arte sofreu uma mudança. As estátuas de Fídias ficaram famosas em toda Grécia. Os gregos educados passaram a discutir pinturas e estátuas como discutiam poemas e teatro; elogiavam sua beleza ou criticavam sua forma e concepção. Atenas de Fídias Entre as mais famosas estátuas de Vênus, a Vênus de Milo (assim chama- da por ter sido encontrada na ilha de Melos) talvez seja a mais conhecida. Foi idealizada para ser vista de lado (Vênus estendia os braços para o Cupido) e podemos uma vez mais admirar a clareza e simplicidade com que o artista modelou o belo corpo, o modo como marcou suas principais divisões, sem jamais se tornar desarmonioso ou vago. Vênus de Milo As cabeças de estátuas ou pinturas Gregas do século V, é claro, não são inexpressivas no sentido de parecerem opacas ou vazias, mas suas fei- ções nunca parecem expressar qualquer emoção forte. Era o corpo e seus movimentos que esses mestres usavam para expressar o que Sócrates chamou de “atividade da alma”, porquanto pressentiam que o jogo fisionô- mico iria distorcer e destruir a simples regularidade da cabeça. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �3 UNIMES VIRTUAL Na geração que se seguiu a Praxíteles, em fins do século IV, essa limitação foi gradualmente desfeita e os artistas descobriram meios de animar as feições sem lhes destruir a beleza. Mais do que isso, aprenderam a captar a atividade da alma de um indivíduo, o caráter particular de uma fisiono- mia, e começaram a fazer retratos na nossa acepção da palavra. A arte grega estava destinada a sofrer uma profunda mudança no período helenístico. Essa mudança pode ser notada em algumas das mais famo- sas esculturas dessa era. Uma delas é um altar proveniente da cidade de Pérgamo, o qual foi erguido por volta de 170 a.C. No período helenístico, a arte já havia perdido largamente suas antigas vinculações com a magia e a religião. Os artistas passaram a se interessar pelos problemas de seu ofício em termos de arte pela arte. Foi nessa época que as pessoas ricas começaram a cole- cionar obra de arte, mandando copiar as mais famosas, se não pudessem obter as originais, e pagando preços fabulo- sos pelas que podiam adquirir. Os escritores começaram a se interessar por arte e escreveram sobre as vidas de artistas, colecionaram anedotas sobre suas excentricidades e compuseram guias para turistas. Nas épo- cas de Fídias e Praxíteles, o homem continuou sendo o tema principal de interesse do artista grego. No período helenístico, a época em que poetascomo Teócrito descobriram o encanto da vida simples entre pastores, os artistas também tentaram evocar os prazeres da existência campestres para os sofisticados habitantes da cidade. Essas pinturas não são vistas reais de determinadas casas de campo ou bonitas paisagens. São, antes, coleções de tudo o que compõe uma cena idílica, pastores e gados, ermi- das rústicas, palacetes e montanhas distantes. As obras mais recentes, mais inovadoras e confiantes da arte antiga pre- servam ainda um remanescente do princípio que discutimos em nossas descrições da pintura egípcia. O conhecimento do contorno característico de cada objeto ainda contava tanto quanto a impressão real recebida atra- vés dos olhos. Reconhecemos há muito tempo que essa qualidade não é um defeito da obra de arte, a ser lamentado e olhado com sobranceria, mas é possível atingir a perfeição artística dentro de qualquer estilo. Os gregos romperam os rígidos tabus do primitivo estilo oriental e enveredaram por um rumo e descoberta a fim de acrescentarem as imagens tradicionais do mundo um número cada vez maior de características obtidas por meio da observação, mas suas obras nunca se parecem com espelhos em que se refletem todos os recantos, ainda os mais casuais ou insólitos, da nature- za. Ostentam sempre o cunho do intelecto que as criou. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�� UNIMES VIRTUAL Aula: 11 Temática: Arte helenística Arte helenística é o termo aplicado à arte do final do século IV até o final do século I a.C., no período helenístico, quando a civilização grega espalhou-se através do Mediterrâneo e Oriente Próximo. No primeiro momento desse período, chamado de transição, as esculturas de Leocares, Briaxis e Lisipo resultaram no desenvolvimento do retrato e na aparição de obras, como o Sarcófago de Alexandre. O segundo período, no século seguinte, marcou um retorno ao classicismo, principalmente no que diz respeito ao retrato, mas seguia persistente ao exemplo de Lisipo no tratamento da escultura decorativa. No terceiro período, século III, os três centros artísticos passaram a ser Pérgamo, Rodes e Alexandria, que exer- ciam sobre o resto do mundo grego uma influência notável. A arte desse século tem traços orientais, mas não são de característica estilística, pois as concepções do mundo oriental nada têm a ver com o grego. O período helenístico teve sua evolução marcada pelo trauma da guerra do Peloponeso e, com isso, alterou os valores clássicos e o desenvolvimento de uma monarquia. Algumas obras, como a Vênus de Milo (150 a.C.), pre- servaram as antigas tradições. A Vitória de Samotrácia (190 a.C.) é gran- diosa na percepção e cheia de vida. A lateralidade dessa escultura conduz a uma visualização oblíqua, numa posição de perfil, posição oferecida hoje pela fotografia. Vitória de Samotrácia (190a.C) A arte helenística encontrava-se ao serviço dos soberanos e das classes sociais mais ricas, apresentando inovações técnicas e temáticas. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �� UNIMES VIRTUAL Laocoonte Um dos principais centros de produção escultórica foi Pérgamo. Nas obras misturam-se o patético e o teatral, como em Laocoonte, ao mesmo tempo em que se nota um revivalismo do idealismo clássico (Vênus de Milo, Vi- tória de Samotrácia). Como novidade surgia a representação da infância, da velhice, da dor, da ira, das diferenças raciais. Infelizmente, temos de nos contentar com cópias romanas em mármores das peças originais feitas de bronze que, apesar de seu valor, nada têm a ver com as obras criadas em Pérgamo. Mas, graças a essas cópias, o resto de obras conservadas, os historiadores puderam construir um pano- rama complexo de peças de Rodes e Alexandria, que se diferenciavam das formas descritivas de Pérgamo. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�� UNIMES VIRTUAL Resumo - Unidade II As primeiras esculturas gregas foram feitas no século IX a.C. Durante o período do arcaísmo, a cerâmica era classifi- cada em dois estilos: o geométrico e o orientalizante. Ainda nesse período, as esculturas masculinas foram uma manifestação inesgotável da arte. Vimos, ainda, o progresso do período arcaico: o classi- cismo – em que se encontra a arte helenística. A arte helenística espalhou- se com a civilização grega através do Mediteraneo e Oriente Próximo. Referências Bibliográficas CHITI, J. F. Curso prático de cerâmica. Tomo I. Argentina: Edições Con- dorhuasi, 1988. DIAS, M. C. Temas e técnicas em artes plásticas. São Paulo: Editora de Cultura Espiritual, 1987. GOMBRICH, E. H. A história da arte. São Paulo, LTC, 1996. FREIRE, Cristina Poéticas do processo, São Paulo, Iluminuras Ltda, 1999. MAYER, Ralph. Manual do artista. São Paulo: Martins Fontes, 1999. PEDROSA, Israel. O universo da cor. Rio de Janeiro: Senac, 2003. POWELL, Harold. Cerâmica para iniciantes. Rio de Janeiro: Editora Tec- noprint, 1984. Bibliografia Complementar CHITI, J. F. Cerâmica para niños. Argentina: Edição Condorhuasi, 1986. ________Curso de cerâmica em um só tomo. 3. ed. Buenos Aires: Con- dorhuasi, 1983. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �� UNIMES VIRTUAL ________ El libro del ceramistas. Buenos Aires: Condorhuasi, 1983. _______ Manual de esmaltes cerâmicos. Buenos Aires: Condorhuasi, 1992. GABBAI, M. B. Cerâmica, arte da terra. Buenos Aires: Callis, 1978. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�� UNIMES VIRTUAL Exercício de auto-avaliação II 1) Quais os temas da cerâmica protocoríntia ? Pequenas figuras de guerreiros ou de centauros. Estilo geométrico e oriental. A rosácea, a palmeta, o grifo, a esfinge e a sereia. As conquistas de Alexandre o Grande. 2 ) Em qual cerâmica, depois de queimada, é apresentada na cor amarela? Cerâmica protocoríntia Coríntia Protoático Cerâmicas de figuras vermelhas 3) O que é kouroi? Indica a reprodução mais ou menos fiel. Figuras masculinas arcaicas são representadas por deuses atletas. Eram retratados de forma naturalista, como homens reais. A estatuária grega de padrões orientais. 4) Quem foi o artista do classicismo grego a criar os primeiros retratos? Lisipo Policleto Miron Fídias 5) Qual foi o principal centro de produção escultórica da arte helenística? Rodes Alexandria Pérgamo Laocoonte a) b) c) d) a) b) c) d) a) b) c) d) a) b) c) d) a) b) c) d) FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �� UNIMES VIRTUAL Unidade III A arte e a sociedade cristãs Objetivos Conhecer a importância da arte estatuária para a igreja; reconhecer o poder da igreja sobre a arte e o artista; relacionar a arte escultórica à arquitetura; identifi- car a narrativa bíblica nas esculturas e relevos. Plano de Estudo Esta unidade conta com as seguintes aulas: Aula: 12 - Escultura e arquitetura romana I Aula: 13 - Escultura e arquitetura romana II Aula: 1� - Roma e bizantino Aula: 1� - Islã e China - séculos II a XIII d.C. Aula: 1� - A arte ocidental - séculos VI a XI Aula: 1� - Escultura - século XII Aula: 1� - Século XIII - o poder da Igreja Aula: 1� - Cortesãos e burgueses Aula: 20 - Final do século XV na Itália Aula: 21 - Alemanha e Países Baixos no começo do século XVI Aula: 22 - Roma - início do século XVI Aula: 23 - Veneza e Itália setentrional no início do século XVI Aula: 2� - Europa católica - primeira metade do século XVII FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�0 UNIMES VIRTUAL Aula: 12 Temática: Escultura e arquitetura romana I Não obstante, a arte mudou, em certa medida, quando Roma se tornou a senhora do mundo. Os artistas receberam novas tarefas e tiveram de adaptar seus métodos. A mais notável realização dos romanos foi, provavelmente, no domínio da engenharia civil. Conhecemos tudo sobre as suas estradas, seus aquedutos, seus banhos públicos. Mesmo as ruínas dessas construções ainda conservam um as- pecto extremamente impressionante. O mais famoso desses edifíciosromanos é a gigantesca arena conhecida como Coliseu e que excitou grande admiração em épocas subseqüentes. Em seu todo constitui uma estrutura utilitária, com três ordens de arcos sobrepostos, a fim de sustentar os assentos do anfiteatro interior. Na construção do Coliseu foram usados os três estilos usados nas cons- truções dos templos gregos. O andar térreo é uma variação do estilo dó- rico; o segundo andar é jônico, e o terceiro e o quarto são meias colunas coríntias. Os arcos triunfais que os romanos erguiam em todo império, na Itália, França, Norte da África e Ásia causaram a impressão mais duradora de todas as suas criações arquitetônicas. Os arcos triunfais eram usados para emoldurar, acentuar a grande portada central e para flanqueá-la com aberturas menores. Essa invenção desempenhou escasso, ou nenhum, papel nas construções gregas, embora fosse possivelmente conhecida dos arquitetos gregos. Os romanos eram especialistas na arte de construir abóbada. Graças a vários expedientes técnicos, seus tetos eram construí- dos na forma de abóbadas. A principal finalidade da arte grega deixou de ser a harmo- nia, a beleza da expressão dramática. Os romanos eram um povo prosaico, de grande sentido prático, e pouco se importavam com deuses fantasiosos. Seus métodos pictóricos de narrar as façanhas do herói provaram ser de grande valor para as religiões que entraram em contato com o extenso império. A arte helenística e romana desalojou logo nos primeiros séculos depois de Cristo as artes dos reinos orientais. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �1 UNIMES VIRTUAL A escultura tinha florescido na Índia muito antes dessa influência helenís- tica chegar ao país, mas foi na região fronteiriça de Gandara que a figura de Buda foi representada pela primeira vez mostrada nos relevos que pas- saram a ser o modelo para arte budista posterior. A arte grega e romana também ajudou os indianos a criar uma imagem do seu Salvador. Outra região oriental que também aprendeu a representar suas histórias sagradas para instrução dos crentes foi a judaica. Na realidade, a lei Judaica proibia a realização de imagens, com receio de que os judeus caíssem na idolatria. Entretanto, as colônias judaicas dedicaram-se a pintar as paredes de suas sinagogas com histórias do Antigo testamento. Não é apenas nas obras religiosas do período de declínio e queda do Im- pério Romano que podemos observar algo dessa mudança de interesse. Pareciam ser raros os artistas que se importavam com o que fora a glória da arte grega, seu refinamento e harmonia. As figuras retratadas foram testemunhas da ascensão do Cristianismo, o que significou o fim do mun- do antigo. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�2 UNIMES VIRTUAL Aula: 13 Temática: Escultura e arquitetura romana II Na primeira fase da arte românica destaca-se o baixo-relevo em mármore, pedra, madeira e marfim. Surgiram, depois, trabalhos ornamentais em capitéis com motivos vegetais e animais e em sarcófagos, mas as obras principais da escultura bizantina são as pequenas peças. tSuas obras seguem algumas convenções, como a frontalidade, regras estabelecidas pelos sacerdotes e a caracterização de personalidades ofi- ciais como personagens sagrados. A frontalidade é representada através da postura rígida, os olhos grandes direcionados para cima, pretendendo transmitir inquietações, o que leva o observador a uma atitude de venera- ção pelo personagem representado. Ficava a cargo dos sacerdotes deter- minar como seriam os gestos, a posição das mãos e dos pés, as dobras das roupas e os símbolos representados. No caso da caracterização de personagens oficiais, a representação os trataria como personagens sa- grados e seriam colocadas auréolas em suas cabeças, símbolo que ca- racteriza personagens sagrados. As grandes estátuas são de mármore, as pequenas organizadas em dípticos portáteis feitos em marfim. A questão de como decorar essas basílicas foi muito mais difícil e séria, porque a questão da imagem e seu uso na religião surgiu novamente e causou disputas muito violentas. Num ponto quase todos os primeiros cristãos concordavam: não deveria haver estátuas na Casa do Senhor. As estátuas se pareciam demais com aquelas imagens esculpidas de ídolos pagãos que a bíblia condenava. Foi de uma importância imensa para a história da arte que uma autoridade tão grande tenha acudido em favor da pintura. Sua sentença era repeti- damente citada sempre que as pessoas atacavam o uso de imagens nas igrejas. O tipo de arte que foi assim admitido era uma espécie restrita. Para que o propósito expresso por Gregório I fosse servido, a história tinha de ser contada da maneira mais clara e simples possível, e todo pó que pudesse desviar a atenção dessa finalidade principal e sagrada deveria ser omitido. No começo, os artistas ainda usaram os métodos narrativos que tinham sido desenvolvidos pela arte romana, mas, gradualmente, passa- ram a concentrar-se cada vez mais no que era estritamente essencial. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �3 UNIMES VIRTUAL À primeira vista, essa pintura parece rígida e fria. Nada tem da mestria de movimento e expressão, que era o orgulho da arte grega e que persistiu até a era romana, mas a finalidade de seu uso era agora tão radicalmente diversa que não nos pode surpreender o fato de, superficialmente, as pinturas revelarem pouco de sua origem clássica. Essa questão da finalidade apropriada da arte em igrejas provou ser de imen- sa importância para toda a história da Europa. Pois constituiu uma das prin- cipais questões que levaram as regiões orientais, de fala grega, do Império Romano, cuja capital era Bizâncio ou Constantinopla, a recusarem a chefia do Papa latino. Uma parte era contra todas as imagens de natureza religio- sa. Eram os chamados iconoclastas ou “destruidores de imagens”. Em 745, levaram a melhor e toda a arte religiosa foi proibida na Igreja oriental, mas seus adversários estavam ainda menos de acordo com as idéias do Papa Gregório. Para eles, as imagens não eram apenas úteis. Eram sagradas. Após um século de repressão, as pinturas numa igreja não mais puderam ser encaradas como meras ilustrações para uso daqueles que não sabiam ler. Eram vistas como reflexos misteriosos do mundo sobrenatural. A igreja oriental não aceitava mais qualquer bela pintura de uma mãe com seu filho pequeno que poderia ser aceita como verdadeira imagem sacra ou “ícone” da mãe de Deus, mas apenas aquele tipo consagrado por uma tradição de séculos. Madonna del Piero Ao exigir dos artistas, que pintavam ou esculpiam, imagens sagradas que respeitassem estritamente os modelos antigos, a Igreja Bizantina ajudou a preservar as idéias e realizações da arte grega nos tipos usados para roupagens, faces ou gestos. Apesar de certa rigidez, a arte bizantina se manteve, portanto, mais próxima da natureza do que a arte do Ocidente em períodos subseqüentes. A necessidade de respeitar certos modos per- mitidos de representar o Cristo ou a Virgem dificultou o ato de os artistas bizantinos desenvolverem seus dotes pessoais. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�� UNIMES VIRTUAL Aula: 1� Temática: Roma e bizantino A escultura romana até o século II a.C. apresenta influência etrusca e, a seguir, helênica. Mais tarde, artistas gregos instalados em Roma fizeram réplicas e imitações das obras gregas mais apreciadas. Ao mesmo tempo, a escultura romana começava a desenvolver um estilo próprio. Os artistas e mesmo obras importantes, como a Ara pacis Augustae (Altar da paz de Augustus), permanecem anô- nimas. Os romanos desprezavam a nudez atlética da escultura grega talvez pela ausência de estudos de anatomia nessa arte. O rosto é a parte mais importante das peças e são desenvolvidas ao má- ximo as tendências realistas e psicológicas da época helenística. Os pri- meiros retratos escultóricosdo século II a.C. denotam a fusão dos estilos etrusco, itálico e grego. Nos retratos do reinado de Augustus prevalece a influência grega, patente na idealização das figuras e na boa técnica do bronze. A tendência à idealização, para demonstrar a majestade impassí- vel dos césares, continuou em retratos imperiais como os de Claudius e Nero, enquanto em outros, como o de Caracalla, transparece a personali- dade atormentada do retratado. Busto do imperador Hadrianus A escultura floresceu nos séculos I e II, especialmente no reinado de Ha- drianus, sob forte influência grega. Um segundo período áureo iniciou-se no ano 193, com Septimius Severus. Entretanto, as condições políticas a partir do século III e a mediocridade dos artistas trouxeram a decadência de todas as artes e da escultura em particular. Entre os objetos domésticos (lâmpadas, ferramentas, armas etc.), executados predominantemente em bronze, existem verdadeiras obras de arte. FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �� UNIMES VIRTUAL Destaca-se na escultura o trabalho com o marfim, principal- mente os dípticos, obra em baixo relevo, formada por dois pequenos painéis que se fecham, ou trípticos, obras seme- lhantes às anteriores, porém com uma parte central e duas partes laterais que se fecham. Teodora No ano de 311 d.C., o Imperador Constantino estabeleceu a Igreja cristã como poder no Estado; os problemas com que se defrontou foram enormes. As igrejas e salas que existiam eram pequenas e de aspecto insignificante. Assim, as igrejas não foram modeladas pelos templos pagãos, mas pelo tipo de vastos salões de reunião que nos templos clássicos eram conheci- dos como basílicas, o que aproximadamente significa “salões reais”. Esses edifícios eram usualmente mercados cobertos e recintos para audiências públicas dos tribunais de justiça; consistiam principalmente em vastos sa- lões oblongos, com compartimentos mais estreitos e mais baixos ao cor- rer dos lados mais compridos, divididos do corpo central por colunatas. Na extremidade havia freqüentemente espaço para um estado semicircular (ou abside), onde o presidente da reunião, ou juiz, podia tomar assento. A mãe do imperador Constantino erigiu uma dessas basílicas para servir de igreja e, por isso, o termo foi instituído e oficializado para as igrejas desse tipo. Os escultores bizantinos inspiravam-se em temas religiosos, numa mistu- ra de influências orientais e romanas. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�� UNIMES VIRTUAL Aula: 1� Temática: Islã e China - séculos II a XIII d.C. A religião dos conquistadores maometanos da Pérsia, Meso- potâmia, Egito, África do Norte e Espanha era mais rigorosa em relação à representação das imagens do que o Cristia- nismo jamais fora. A realização de imagens era terminantemente proibida. Como a arte não pode ser suprimida, e como não podiam representar seres humanos, deixaram a imaginação jogar com padrões e formas. Criaram as mais rendilhadas e sutis ornamentações conhecidas como arabescos. A cerâmica constituiu a mais importante das primeiras artes decorativas dos muçulmanos. Na decoração da louça de barro esmaltado, a maior con- tribuição islâmica para a cerâmica, eram empregados compostos metáli- cos nos esmaltes que, quando queimados, transformam-se em películas metálicas iridescentes. Outros objetos cuja produção se destacou durante o período dos califados (do século VII ao XI) são o bronze e a madeira enta- lhada do Egito, os estuques do Iraque e o marfim entalhado da Espanha. Prato com pavão real ( Séc. XVI ) Prato ( 1214-1215 AC) Cerâmica Trabalhada FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �� UNIMES VIRTUAL Cerâmica Trabalhada Pouco se sabe da arte chinesa, mas é de conhecimento que o impacto da religião na China foi maior que no oriente. Os chineses foram muito eficien- tes na arte de fundir o bronze desde data remota e de alguns dos vasos de bronze usados nos templos antigos remontarem ao primeiro milênio antes de Cristo, há quem diga que são mais antigos. Os nossos anais da pintura e escultura chinesas, entretanto, não são tão antigos. Alguns dos grandes mestres da China parecem ter tido uma concepção do valor da arte semelhante à sustentada pelo Papa Gregório, o Grande. Eles concebiam arte como um meio de recordar ao povo os grandes exemplos de virtudes nas eras douradas do passado. As primeiras esculturas chinesas eram figuras zoomórficas monumentais da época da dinastia Han, eram feitas em pedra ou em bronze. Sob o go- verno da dinastia T’ang, espalharam-se as figuras em madeira pintada e folheadas a ouro, típicas da plástica indiana. Os escultores japoneses usaram como modelos os colos- sais Budas, austeros da dinastia chinesa T’ang, combinan- do-os com os preceitos históricos do xintoísmo. Os esculto- res japoneses ainda resolveram colorir rostos e intensificar as feições para dar uma maior expressividade. Esse expressionismo foi transferido depois para as máscaras de teatro do século XV. Tanto os chineses quanto os japoneses demonstraram um refinamento singular e uma exigência de qualidade nos trabalhos em jade, bronze, cerâ- mica e porcelana. As jóias e os objetos decorativos em jade, e os espelhos decorados eram muito cobiçados pelos aristocráticos mecenas japoneses. A porcelana faz parte da tradição: a mais representativa continua sendo azul cobalto e branca. Dinastia Ching (1644-1911) FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I�� UNIMES VIRTUAL Um dos rolos chineses ilustrados que foi preservado é uma coleção de grandes exemplos de senhoras virtuosas. Consta que remotam ao pintor Ku K`ai-chi, que viveu no século IV d.C. A ilustração mostra um marido acusando injustamente a esposa, e possui toda a dignidade e graça que associamos à arte chinesa. Suas ilustrações também pretendem expor uma lição de forma transparente. Nada existe de rigidez nessa obra chine- sa primitiva, porque a predileção por linhas ondulantes insufla uma sensa- ção de movimento em todo o quadro. O Budismo influenciou a arte chinesa não só fornecendo aos artistas novas tarefas, mas introduzindo uma abordagem inteiramente nova da pintura, uma reverência pela realização do artista como não existiu na Grécia an- tiga nem existiria na Europa até o Renascimento. Os chineses foram o primeiro povo que colocou o pintor no mesmo nível do poeta inspirado. Os artistas devotos começaram a pintar água e montanha num espírito de reverência com o intuito de fornecer material para meditação profunda. Seus quadros eram guardados em recipientes preciosos e somente desen- rolados em momentos de grande tranqüilidade. Existe algo de maravilhoso nesse recato da arte chinesa. Em sua delibe- rada limitação há um punhado de temas simples da natureza. Somente no século XVIII foi que os artistas japoneses se atreveram a aplicar métodos orientais e novos temas. Até a próxima aula! FUNDAMENTOS DE EXPRESSÃO E LINGUAGEM TRIDIMENSIONAL I �� UNIMES VIRTUAL Aula: 1� Temática: A arte ocidental - séculos VI a XI O período que se seguiu à era cristã primitiva, o período que sobreveio ao período de desmoronamento do Império Roma- no, é conhecido como Idade das Trevas. Nesses séculos as pessoas viveram imigrações, guerras e sublevações, pois estavam mergu- lhadas em escuridão e tinham poucos conhecimentos para guiá-las. Pouco se sabe a respeito desses séculos desconcertantes que se seguiram ao declínio do mundo antigo e precederam o surgimento dos paises europeus na configuração geográfica em que mais ou menos os conhecemos hoje. Ao longo de quinhentos anos não surgiu nenhum estilo claro e uniforme. Entretanto, houve o conflito de um grande número de estilos diferentes que só começaram a fundir no fim desse período. Por muito tempo, este período foi considerado decadente em relação às artes, porém estudos recentes confirmam que houve uma certa expressão. Podemos perceber
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