Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bacteriose de Plantas Profa. Nilvanira Donizete Tebaldi CONTEÚDO ANATOMIA E FISIOLOGIA DA CÉLULA BACTERIANA 1. Características da célula bacteriana 2. Forma e arranjamento da célula bacteriana 3. Cápsula 4. Flagelos 5. Parede celular – Bactérias Gram Positiva – Bactérias Gram Negativa 6. Espaço periplasmático 7. Membrana ctoplasmática – Mesossomo 8. Citoplasma – Inclusões – Ribossomos 9. Material genético – Cromossomo – Plasmídeo Replicação e crescimento bacteriano Processos de recombinação bacteriana -Transformação - Conjugação - Transdução Taxonomia Nomenclatura Sobrevivência – Ciclo de vida • Fase latente • Fase residente • Fase saprofítica • Fase hipobiótica • Fase patogênica – Órgãos vegetais infectados, solo, semente, rizosfera e exsudato bacteriano Disseminação – Longas distâncias – Curtas distâncias Penetração • Lenticelas • Hidatódios • Flores e nectários • Ferimentos Colonização • Espaços intercelulares • Feixes vasculares Multiplicação e sintomas Controle Bactérias Classificadas como: • protistas inferiores, • unicelulares, • multiplicam-se por fissão binária ou cissiparidade Microscópio eletrônico Espécie bacteriana Largura (µm) Comprimento (µm) Escherichia coli 0,4 – 0,7 1,0 – 3,0 Pseudomonas syringae 0,7 – 1,2 1,5 Xanthomonas campestris 0,4 – 0,7 0,7 – 1,8 Bactérias são microrganismos muito pequenos Bactérias não fastidiosas: * incitam enfermidades em plantas, * não formam esporos ou qualquer estrutura de resistência P. syringae pv. morsprunorum - cereja Diagrama esquemático de formas e tamanhos de alguns patógenos em relação à célula da planta (Agrios, 2005) Agregam sob aspecto cúbico Cacho de uva Agrupam em colônias lineares Forma e arranjamento Cocos (Staphilococcus) Bastonetes (E. coli) Espiral (Treponema pallidium) Cápsula • Cápsula ou substância limosa • Geralmente composta de polissacarídios • Raramente peptídeos (Bacillus spp.) • Camada mais externa da célula • Exopolissacarídeo – EPS • Não essencial à vida • Mutantes não capsulados são capazes de multiplicar Correlação entre a presença da cápsula e virulência (Volk & Wheeler, 1970) Possíveis funções biológicas • Aderência, a superfície e substrato • Proteção, • dessecamento, • choques bruscos de temperatura, • radiações, • antibióticos, • produtos químicos • Toxina – EPS - Erwinia amylovora - queima da macieira • Reconhecimento bactéria-planta • Resistência à fagocitose • Patogenicidade Erwinia amylovora – queima da macieira Cápsula de Acetinobacter sp., pela coloração negativa com tinta Nankim e visualização com contraste de fase Flagelos •Estruturas delgadas, sinuosas, alongadas, natureza protéica- flagelina •Difícil visualização, • somente em microscópio eletrônico • microscópio ótico - técnicas especiais de coloração •Função: Motilidade • deslocam em filme d´agua • penetração •Quimiotropismo • exsudação de substâncias pelos ferimentos •Importância na taxonomia • presença e tipo de inserção Disposição dos flagelos Clavibacter Xanthomonas Pseudomonas Erwinia Erwinia amylovora Pseudomonas sp. Isolamentos avirulentos - flagelos desenvolviam mais lentamente que isolamentos virulentos Correlação entre presença de flagelos e virulência Parede Celular • Envoltório rígido, •20% do peso total da célula • Peptídeo-glicano •principal componente, •somente presente em procariotas •rigidez da parede • Impermeável apenas a grandes moléculas • Estrutura e composição diferentes em •Gram-negativas •Gram-positivas Estrutura química do peptídeo-glicano Estrutura do peptídeo-glicano Antibióticos - penicilina Gram Positiva Gram Negativa LPS Membrana citoplasmática Peptídio-glicano Teste de Gram • Cristal violeta • Lugol • Álcool • Safranina + permeável, lipídios dissolvidos Hans Christian Joachin Gram 1853-1938, médico dinamarquês Reação de Gram ocorre no protoplasma e não na parede • Menos permeável, menos complexa •Peptídio-glicano é o componente majoritário (40-90% em peso) • Espessura (10-90nm) • Aparência uniforme • Ácidos teicóicos – componentes típicos em G(+), com função de toxinas e transporte Parede Celular de Bactérias Gram-Positivas Parede Celular de Bactérias Gram-Positivas Parede Celular de Bactérias Gram-Negativas •Camada externa - LPS – lipopolissacarídeo • presente somente em procariotos • Funções • proteção contra enzimas e antibióticos • barreira a corantes e substâncias tóxicas, • participação na permeabilidade e transporte •Camada interna – 5-10% peptídeo glicano • prevenir choques osmóticos – devido a rigidez Parede Celular de Bactérias Gram-Negativas Espaço Periplasmático Presença de proteínas, função: •Digestão extracelular •Transporte de moléculas para dentro da célula •Movimento do flagelo, •Quimiotactismo – atração e repulsão por substâncias químicas Membrana citoplasmática Esquema da estrutura da membrana citoplasmática “Mosaico fluído” Permeabilidade seletiva Funções da membrana citoplasmática – Permeabilidade seletiva, • Mecanismos reguladores do transporte – Mediado por proteínas » 10 a 20% em peso – Síntese da parede celular • Síntese de lipídeos (LPS – Gram negativa) • Síntese de mureína (peptídeo-glicano da parede celular) – Geração de ATP (mesossoma) – Replicação do cromossomo Mesossomos Invaginação da membrana citoplasmática, no interior do qual está o sistema enzimático, • geração de energia Mesossomos Citoplasma Citoplasma • Afinidade por vários corantes, • Aparência granular ao microscópio ótico, – Devido a presença dos ribossomos • Inclusões, • Cromossomos, • Plasmídeos Inclusões Inclusões Constituem material de reserva • acumulado sob condições de privação de certos nutrientes PβHB – importância na taxonomia do gênero Pseudomonas Ribossomos Função: Síntese de proteínas Designados pela sedimentação da sacarose Ribossomas Svedberg Material Genético Cromossomo • Genoma bacteriano – constituído de DNA • Monofio, circular (fechado sobre si mesmo), dupla hélice • Presença de um cromossomo por célula (1 mm comprimento) Plasmídeos • Descobertos na década de 50 • Pequenos fios de DNA, fechados sobre si mesmo • Diferem do cromossomo – Tamanho (menores) – Essencialidade (não são essenciais) – Tipo de informação genética Genes presentes nos plasmídeos • Auto-replicação, • Auto-transferência, • Resistência a agentes antimicrobianos, • Produção de pigmentos, • Produção de toxinas, • Degradação de certos compostos, • Resistência e sensibilidade a bacteriófagos, • Produção de antibióticos e bacteriocinas • Patogenicidade Plasmídeos • Transferidos de uma célula para outra – recombinação (conjugação) – Pode estar uma das origens de raças fisiológicas Processo de formação de galhas induzidas por Rhizobium radiobacter (Agrobacterium tumefaciens), sob a ação dos hormônios auxinas e citocininas Plasmídeos e formação de tumores Tumor hiperplástico Rhizobium vitis (A. vitians) Plasmídeos e “raiz em cabeleira” Rhizobium rhizogenes Induz a proliferação de raízes (fasciação) em diversos hospedeiros Plasmídeos e síntese de toxina Genes codificam a síntese de: • CORONATINA • FASEOLOTOXINA Interferência na fotossíntese - clorose P. syringae pv. tomato Pinta bacteriana P. savastanoi pv. phaseolicola Plasmídeos e síntese de fitohormônios Rhodococcus fasciens Induz fasciação em gerânio Crescimento anormal de raízes no colo da planta - citocinina P. savastanoi pv. savastanoi Tuberculose da oliveira Nódulos nos galhos– superprodução de AIA (Ácido Indol Acético) Replicação e Crescimento Fissão ou divisão simples Crescimento Bacteriano Periodo de geração – tempo que a bactéria leva para se multiplicar Crescimento Bacteriano Periodo de geração – tempo que 1 célula leva para dividir em 2 Pseudomonas – 90 min Xanthomonas – 60 a 120 min Erwinia – 20 a 25 min Qual é o período de geração de uma população bacteriana que aumenta de 10.000 células para 10.000.000 células em 4 horas de crescimento? G = t_______ 3.3 log b/B G = 240 minutes 3.3 log 107/104 G = 240 minutes 3.3 x 3 G = 24 minutes Processos de recombinação bacteriana Processos de recombinação bacteriana Transformação Processos de recombinação bacteriana Conjugação Processos de recombinação bacteriana Transdução Taxonomia Classificação dos seres vivos • Dois domínios – Prokaryota (2 reinos) • Archaea • Bacteria – Eukaryota (5 reinos) • Fungi • Chromista • Protozoa • Animalia • Plantae Ainsworth & Bisby s Dictionary of Fungi • Três domínios – Archaea (3 reinos) – Bacteria (13 reinos) – Eukarya (9 reinos) (25 reinos) Carl Woese (1970) RNA ribossômico – capaz de discernir as relações evolucionárias entre os organismos vivos 3 Domínios baseado no sequenciamento do rRNA 16S e 18S Procariota Eucariota Ponto onde todas a vidas compartilham um ancestral comum - Ancestral Universal Árvore filogenética (Woese et al., 1990) Transcrição de DNA e síntese proteica Taxonomia • Domínio: Bactéria – Reino IV: Proteobacteria • parede celular do tipo gram negativa – Genêros: Pseudomonas, Xanthomonas, Xylella, Rhizobium (Agrobacterium) Acidovorax, Erwinia, Ralstonia, Candidatus liberobacter, Xylophilus – Reino V: Firmicutes • parede celular do tipo gram positiva – Genêros: Clavibacter, Curtobacterium, Leifsonia, Rhodococcus, Streptomyces, Bacillus, Clostridium (MICOPLASMAS - parede celular ausente) » Genêros: Spiroplasma, Phytoplasma Os 6 principais gêneros de fitobactérias Rhizobium Pectobacterium Nomenclatura • Patovar (pv.): habilidade do patógeno em causar doença em um hospedeiro particular • Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli – feijoeiro • Xanthomonas axonopodis pv. citri – citros • Pseudomonas syringae pv. tomato – tomateiro • Subespécie (Subsp.) • Clavibacter michiganensis subsp. michigansensis – tomateiro • Pectobacterium carotovorum subsp. carotovorum - batata Sobrevivência e Disseminação Penetração Colonização Multiplicação Disseminação Sobrevivência Ciclo primário Ciclo secundário Hospedeiro Doente Ciclo das relações patógeno-hospedeiro Sobrevivência • Órgãos vegetais infectados • Solo • Rizosfera • Sementes • Exsudato bacteriano Fases do ciclo de vida das bactérias fitopatogênicas Infecção e colonização, sintomas Multiplicação paralisada, internamente Multiplicam na superfície, sem infecta-la Crescem, multiplicam na ausência do hospedeiro Multiplicam ativamente Fases do ciclo de vida de uma bactéria fitopatogênica em relação às possibilidades de sobrevivência Disseminação Disseminação • Longa distância – Transporte de órgão vegetais infectados • Sementes, • Tubérculos • Estacas • Frutos • Curta distância – Água de chuva – Vento – Insetos vetores – Irrigação – Homem – Tratos culturais – Redistribuição da bactéria na planta infectada – Disseminação para plantas vizinhas da mesma cultura DISSEMINAÇÃO POR SEMENTES E TUBÉCULOS X. axonopodis pv. phaseoli – crestamento bacteriano do feijoeiro Ralstonia solanacearum murcha bacteriana DISSEMINAÇÃO POR ÓRGÃOS VEGETAIS INFECTADOS X. axonopodis pv. citri – cancro cítrico • Introduzido no Brasil – mudas contaminadas na década de 1950 DISSEMINAÇÃO POR ÓRGÃOS VEGETAIS INFECTADOS Erwinia psidii – goiabeira • Barbacena MG, mudas provenientes do estado de SP, onde a doença já ocorria DISSEMINAÇÃO POR CHUVA E VENTO Dissolução de exsudatos presentes em lesões, na suspensão do inóculo e transporte de gotas contendo células do patógeno pelo vento DISSEMINAÇÃO POR INSETOS • Cigarrinhas – CVC – Xylella fastidiosa - citrus DISSEMINAÇÃO POR INSETOS • Psilídeo – Greening citrus- Candidatus liberibacter - Diaphorina citri Penetração Colonização Multiplicação Sintomas PENETRAÇÃO • rápida • fitobactérias não formam esporos • sensíveis – dessecamento – raios solares • filme d’água p/ locomoção • aberturas naturais ou ferimentos – não rompem a cutícula ou a epiderme, mecânica e enzimaticamente – como os fungos Penetração por aberturas naturais Exsudam substâncias atrativas p/ o patógeno – quimiotactismo positivo Estômatos Hidatódios Flores/Nectários Penetração por estômatos • Estômatos existem em grande número • P. savastanoi pv. phaseolicola – 2 seg. • células-guarda em função do potencial hídrico e UR – abertura e fechamento do ostíolo • Inoculação artificial – câmara úmida – antes da inoculação – provocar abertura dos estômatos – após da inoculação – assegurar o congestionamento de água P. syringae pv. morsprunorum - cereja Penetração por lenticelas Microscopia eletrônica de varredura A- Colonização da superfície do fruto – penetração pelos estômatos B-D-E- Lenticela colonizada – 24 h após a inoculação C- Bactéria colonizando a polpa F- Testemunha – estômatos e lenticelas Acidovorax avenae subsp. citrulli Penetração por lenticelas Pectobacterium carotovorum – podridão mole Penetração por hidatódios •Durante a noite, gotículas de água condensa nos bordos das folhas –Gerando congestionamento local de água •Favorecendo penetração e infecção X. campestris pv. campestris Penetração pelas flores •Flores possuem nectárias – glândulas c/ abertura p/ exterior – produzem e exsudam substâncias atrativas • p/ insetos polinizadores • quimiotactismo positivo – movimento flagelar •Flores possuem aberturas p/ passagem do tubo polínico – patologia de sementes • bactéria pode penetrar e infectar sementes Penetração por ferimentos •Ferimento é tão ou mais eficiente que as aberturas naturais •Bactéria entra em contato direto com as células e espaços intercelulares •Exsudação do fluido intercelular Penetração por ferimentos a = vaso do xilema livre de bactérias; b = vaso do xilema obstruído por X. fastidiosa; c = colônia da bactéria em vaso do xilema Colonização e Multiplicação Colonização e Multiplicação Fluido intercelular • meio líquido e aquoso, • rico em nutrientes, • excelente meio de cultura e • movimentação bacteriana Feixe vascular • Xilema - fluido mais pobre - tecido morto • água, sais minerais, comp. orgân. • Floema – transpor. seiva elabora. - vivo – > aa., açúcares, fat. cresc. Penetração, tecido colonizado e tipo de sintomas Controle Controle • Uso de material de propagação sadio (sementes e mudas) • Remoção e queima de plantas infectadas • Desinfestação de instrumentos de trabalho e das mãos • Rotação de culturas • Uso de variedades resistentes • Tratamento físico – Água quente – Calor seco – Calor úmido (vapor) – Solarização • Controle químico – Compostos cúpricos – Antibióticos (kasugamicina, estreptomicina, tetraciclina) • Controle biológico - sementes Bibliografia • Bactérias fitopatogênicas – Reginaldo S. Romeiro, Viçosa – MG, 1995 • Plant Pathology – George Agrios, 2005 • www.ufv.br/dfp/bac/aulas.htm – Anatomia e morfologia da célula bacteriana • www.bact.wisc.edu • Biochemistry and molecular biology of plants – Buchanan, B.B., Gruissem, W., Jones, R.L –ASPP, 2000 http://www.ufv.br/dfp/bac/aulas.htm http://www.bact.wisc.edu/
Compartilhar