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DRENAGEM LINFÁTICA Aline Andressa Matiello Drenagem linfática facial Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a estrutura do sistema linfático na face. Identificar alterações inestéticas faciais com indicação para uso de drenagem linfática. Apontar as formas de aplicação da drenagem linfática facial. Introdução A região de cabeça, pescoço e face acomoda grande parte das estruturas do sistema linfático. Nessa região, são encontrados vasos linfáticos su- perficiais e profundos com finalidade de direcionamento da linfa, assim como várias cadeias de linfonodos que realizam a filtragem dos líquidos, de modo a evitar que ocorra um desequilíbrio na região e ocorra o edema. A drenagem linfática manual pode ser aplicada na região da face de modo a estimular o sistema linfático local, promovendo a prevenção de algumas disfunções e também o tratamento. Pode ser empregada em diversas disfunções que acometem face, pescoço e cabeça. Neste capítulo, você vai conhecer como estão organizadas as estrutu- ras do sistema linfático facial e como ocorre o funcionamento fisiológico. Além disso, vai entender como a técnica de drenagem linfática manual (DLM) deve ser aplicada à face e conhecer quais as principais disfunções faciais nas quais a DLM pode ser empregada como tratamento ou de maneira preventiva. Sistema linfático de cabeça, pescoço e face Ao se falar de sistema linfático facial, inclui-se todo o sistema linfático de cabeça, pescoço e a face propriamente dita. Esse sistema é formado por duas estruturas principais: os vasos linfáticos e os linfonodos. Os linfonodos são órgãos localizados em alguns pontos do sistema linfático e que servem como fi ltros para a linfa, de modo que esta seja “limpa” e esteja livre de impurezas, atuando no sistema imunológico de maneira associada. Esses linfonodos estão organizados em grupos, também chamados de cadeias de linfonodos. Nessas estruturas de cabeça, pescoço e face há cerca de 22 grupos de linfonodos, com aproximadamente 100 linfonodos, os quais estão divididos em regiões anteriores, laterais mediais e posteriores (GODOY; GODOY; GODOY, 2016). Observe a Figura 1 para entender melhor as cadeias de linfonodos da região de cabeça e pescoço. A seguir, há uma breve explicação sobre os principais grupos de linfonodos. Figura 1. Linfonodos de cabeça e pescoço. Fonte: Adaptada de Alila Medical Media/Shutterstock.com. 1: linfonodos pré-auriculares: situam-se em frente à metade da orelha, acima dos linfonodos parotídeos. 2 e 3: linfonodos parotídeos superficiais e profundos: situam-se anterior ao lóbulo da orelha e também abaixo deste, sempre abaixo da aponeurose parotidiana. 4: linfonodos retroauriculares: encontram-se logo acima dos mastoides. Drenagem linfática facial2 5: linfonodos mastoides: estão situados atrás da orelha ou sobre a face externa da apófise mastoide, ou um pouco abaixo. Encontram-se em número de quatro ou cinco de cada lado e estão cobertos pelo músculo esternocleidomastóideo. 6: linfonodos submentuais: encontram-se abaixo do mento. 7: linfonodos submandibulares: encontram-se em média de 12 a 15 e situam-se sob o queixo, ao longo da face interna e da borda inferior da mandíbula e estão recobertos pela aponeurose superficial do pescoço e pela pele. 8: linfonodos occipitais: são em número de dois ou três e situam-se na base do crânio, abaixo e em contato com a linha curva superior do occipital. 9 e 10: linfonodos cervicais superficiais: estão presentes em pequena quan- tidade, de 4 a 6, e localizam-se logo abaixo da pele que cobre o músculo esternocleidomastóideo. 11 e 12: linfonodos cervicais profundos: encontram-se em maior número, de 20 a 30, e estão localizados da base até o alto do pescoço, abaixo do músculo esterno- cleidomastóideo e sobre as faces laterais de esôfago e laringe. 13: linfonodos supraclaviculares: encontram-se na fossa supraclavicular. Fonte: Vasconcelos (2015, p. 66). Embora boa parte dos linfonodos do corpo estejam na cabeça e no pescoço, a caixa craniana e a face propriamente dita não têm muitos deles. Os linfonodos dessas regiões encontram-se localizados nas laterais do crânio e da face, nos músculos da mastigação e no pescoço. Para que a linfa que se encontra no espaço intersticial dos tecidos chegue aos linfonodos de modo a ser filtrada, ela é transportada pelos vasos do sis- tema linfático. Os vasos linfáticos dessa região de cabeça, pescoço e face são subdivididos, sendo que os vasos que se encontram acima da aponeurose são considerados vasos linfáticos superficiais, enquanto os vasos que se encontram abaixo da aponeurose são considerados vasos profundos (GODOY; GODOY; GODOY, 2016). Existem algumas diferenças entre os dois sistemas no que diz respeito à anatomia. O sistema linfático superficial tem vasos linfáticos mais finos e há menor quantidade de linfonodos nesta região. Já o sistema linfático profundo tem vasos linfáticos mais espessos e tem um número maior de linfonodos. Vale lembrar que todos os vasos superficiais caminham em direção aos profundos. 3Drenagem linfática facial Quanto à função dos diferentes vasos, superficiais ou profundos, os pri- meiros encontram-se em maior quantidade na face, na região das maçãs do rosto, nas laterais do nariz e nos lábios, e se direcionam em sua maioria aos linfonodos parotídeos. Já os vasos linfáticos profundos da face encontram-se localizados mais profundamente, em regiões de língua, órbitas e face profunda (VASCONCELOS, 2015). Dessa maneira, à união desses vasos linfáticos e linfonodos dessa região dá-se o nome de conjunto linfático facial. O conjunto linfático facial atua de modo a direcionar a linfa para os linfonodos aos quais os vasos estão interligados. Em situações fisiológicas, a circulação linfática de cabeça, pescoço e face direcionam a linfa da região frontal do couro cabeludo, da fronte, das pálpebras, da base do nariz, da conjuntiva e do canal externo do ouvido em direção aos linfonodos parotídeos e, posteriormente, é direcionada para os linfonodos cervicais (LANGE, 2012). A linfa da região palpebral superior é direcionada para os linfonodos pa- rotídeos e pré-auriculares, assim como a linfa proveniente da região lateral da pálpebra inferior. A linfa da região interna da pálpebra inferior é direcionada para os linfonodos bucais e posteriormente para os submandibulares. A linfa proveniente da região de nariz e lábio superior é drenada em direção aos linfo- nodos bucais e posteriormente para os linfonodos submandibulares e cervicais, respectivamente. Toda a linfa que se encontra nos linfonodos cervicais profundos é direcionada para o tronco jugular, o qual irá desembocar na veia cava subclávia. A Figura 2 mostra resumidamente o sentido do direcionamento da linfa na face. Figura 2. Sentido da DLM facial. Fonte: Adaptada de Alla Bagrina/Shutterstock.com. Drenagem linfática facial4 Essa rede linfática, formada por vasos e linfonodos, proporciona um sistema de drenagem de suprema importância, retirando o excesso de líquido no espaço intersticial, filtrando-o e direcionando-o de volta à circulação. Dentre os tratamentos aplicados a esse sistema, a técnica de DLM pode ser utilizada de modo a estimular o sistema linfático por meio de manobras manuais e favorecer o funcionamento linfático, de modo a prevenir ou tratar acúmulos de líquidos nessas regiões, chamados de edemas (GODOY; GODOY; GODOY, 2016). Para isso, a técnica necessita ser aplicada direcionando a linfa através dos vasos linfáticos por meio de seu trajeto natural com movimentos lentos e suaves realizados com as mãos. As manobras realizadas na técnica de DLM aumentam a velocidade com que a linfa é conduzida pelos vasos, aumentam também a absorção e a filtração pelos linfonodos e o retorno desse líquido para a circulação venosa de maneira mais rápida. Em resumo, a anatomia e a fisiologia linfáticada face constituem uma base de conhecimento obrigatória para o profissional de estética que realizará a técnica de DLM. Drenagem linfática facial aplicada à área da estética A DLM tem a função de estimular o sistema linfático na eliminação de líquidos e resíduos metabólicos do organismo. Dessa forma, a técnica de DLM estaria indicada em todas as situações em que ocorresse estase de líquidos e formação de edema na região facial, seja de modo preventivo (antes da formação do edema) ou terapêutico (no tratamento do edema já formado) (VASCONCELOS, 2015). Diante disso, a técnica de DLM facial pode ser aplicada a uma variedade de situações clínicas e disfunções estéticas que acometem a região de ca- beça, pescoço e face, como: situações diversas de edema; tratamentos pré e pós-operatórios de cirurgias estéticas; tratamentos de acne; tratamento de hiperpigmentação periorbitária (olheiras) e rosácea (MARTINS; LOPES, 2004; OLIVEIRA, 2014). Além disso, pode ser empregada em tratamentos de rejuvenescimento facial e cirurgias bucomaxilofaciais, como: pós-operatório de implantodontia, exodontias de terceiro molar, cirurgias ortognáticas e de enxertos ósseos. Além dessas aplicações, a DLM pode ser empregada nos pós-cirurgias oncológicas de cabeça, pescoço e face (ARIEIRO et al., 2007). 5Drenagem linfática facial Mesmo a DLM facial sendo indicada para uma variedade de situações clínicas, é necessário considerar as contraindicações relativas a esse tratamento, e que devem ser investigadas na avaliação realizada previamente ao tratamento. Lembre-se que são contraindicações absolutas: neoplasias sem liberação médica, insuficiência cardíaca descompensada, insuficiência renal crônica, infecções ativas, trombose venosa profunda e febre. São contraindicações relativas: neoplasias e cardiopatias (pode ser utilizada a DLM facial desde que com autorização médica), hipertensão arterial sistêmica (somente realizar a drenagem se a pressão estiver controlada), doenças ou irritações de pele (não realizar drenagem sobre a área lesada). Tratamentos pré e pós-operatórios de cirurgias estéticas As cirurgias estéticas geralmente têm indicação de realização de DLM no pós- -operatório imediato, uma vez que ocorre uma destruição de vasos linfáticos e circulatórios durante o procedimento, provocando edema, dor, alterações de sensibilidade e desconforto no pós-operatório. Dessa maneira, a DLM aplicada no pós-operatório de cirurgias faciais estéticas promove melhora do descon- forto e redução de dor, uma vez que melhora a congestão tecidual e contribui para o retorno precoce da normalização da drenagem linfática fi siológica. Em cirurgias estéticas faciais com incisões e manipulações maiores, as lesões aos vasos linfáticos são mais intensas, por isso, normalmente, apresentam-se com edema mais severo. Cirurgias de blefaroplastia e ritidoplastia são exemplos de indicações para a realização da DLM facial (LANGE, 2012). Nas fases pós-operatórias dessas cirurgias, é importante destacar que algumas manobras necessitam ser adaptadas de modo a direcionar a linfa para as vias linfáticas íntegras, ou seja, que não sofreram interrupções pela incisão cirúrgica. Nesses casos, a DLM é chamada de reversa e segue um direcionamento da linfa diferente do fisiológico. A DLM facial reversa deve ser realizada até que as vias linfáticas destruídas sejam reestabelecidas. Após esse período, a DLM deve ser executada seguindo o trajeto fisiológico de drenagem. O tempo até o reestabelecimento completo das vias linfáticas nas cirurgias faciais varia de acordo com o tipo de cirurgia. Drenagem linfática facial6 Tratamentos de acne A acne é uma afecção que se caracteriza pelo aumento na produção sebácea que promove obstruções nos folículos pilosos e, consequentemente, infl amação local. Os tratamentos mais comumente utilizados incluem, por exemplo, técnicas de extração das lesões cutâneas, como miliuns, pústulas e comedões. A extração promove como efeito secundário uma congestão local, com dor, eritema, edema e calor aumentado, uma vez que a extração causa uma lesão tecidual. Após a extra- ção das lesões, pode-se aplicar a DLM na face com objetivo de descongestionar a pele e reduzir os sinais infl amatórios locais, como o aumento da temperatura local. A técnica de DLM facial nesse caso será utilizada de modo associado a outros tratamentos, como mostrado no exemplo a seguir (OLIVEIRA, 2014). Protocolo de tratamento para acne com uso de DLM: Passo 1: higienização facial. Passo 2: esfoliação facial. Passo 3: extração de pústulas, comedões e miliuns. Passo 4: aplicação do equipamento de alta frequência. Passo 5: aplicação da técnica de DLM facial. Passo 5: aplicação de máscara de argila. Passo 6: finalização com uso de filtro solar. Tratamento de hiperpigmentação periorbitária (olheiras) A hiperpigmentação periorbitária, também chamada de olheiras, é caracteri- zada pela diferença de tonalidade entre as pálpebras superiores e inferiores e o restante da face. Em alguns casos, pode vir associada de bolsas nas regiões inferiores, resultantes do envelhecimento, da fl acidez tissular, do acúmulo de líquido e da perda de tônus. No geral, os tratamentos para olheiras incluem medidas que aumentem a circulação local e promova descongestionamento tecidual. Nesses casos, a DLM facial pode ser empregada de modo a melhorar a circulação local e reduzir o acúmulo de líquidos. Para tanto, a técnica pode ser empregada de maneira associada a outras modalidades de tratamento, que incluem medidas manuais e uso de cosméticos, por exemplo. A seguir, 7Drenagem linfática facial você confere um exemplo de protocolo facial para tratamento de olheiras que inclui a DLM da face. Protocolo de tratamento para olheiras com uso de DLM: Passo 1: higienização facial. Passo 2: esfoliação facial. Passo 3: tonificação facial. Passo 4: aplicação da DLM na face, no pescoço e na cabeça. Passo 5: aplicação de cosmético destinado a olheiras. Tratamento de rosácea A rosácea é uma disfunção crônica da pele, caracterizada pelo eritema que afeta principalmente a região central da face. Acomete adultos a partir da meia idade e, mesmo não sendo uma disfunção grave, afeta de maneira intensa a imagem e a autoestima dos pacientes. Quando aplicada a técnica de DLM sobre a face de pacientes com rosáceas, é evidenciada uma redução satisfatória, com melhora no aspecto da pele e diminuição do eritema e do edema, como também normalização da temperatura local. Desse modo, a DLM facial pode ser empregada nessa disfunção com objetivo de recuperar a temperatura ideal e promover um aspecto mais saudável e normal da pele, melhorando a imagem do paciente (MARTINS; LOPES, 2004). Rejuvenescimento facial Considerando que a drenagem linfática é uma técnica que potencializa a drenagem dos líquidos excedentes que banham as células, ela age mantendo o equilíbrio hídrico nos espaços intersticiais. Além disso, ela atua aumen- tando a eliminação de resíduos metabólicos e melhorando a oxigenação e a nutrição celular. Considerando que o envelhecimento cutâneo cursa como alterações como a redução na velocidade de oxigenação de tecidos, infere-se que a DLM facial possa ser de grande valia para melhorar essa defi ciência de nutrição e oxigenação do tecido, promovendo, assim, melhora no aspecto da pele envelhecida. Drenagem linfática facial8 Pós-operatório de cirurgias bucomaxilofaciais As cirurgias bucomaxilofaciais, amplamente utilizadas com diferentes fi - nalidades, cursam em sua maioria com períodos de pós-operatório em que as principais queixas dos pacientes são: dor, edema e hematomas, que são resultantes das lesões e do processo infl amatório agudo que ocorre pela ma- nipulação de tecidos e incisão cirúrgica (OLIVEIRA, 2015). Nesses casos, a DLM facial está indicada com objetivo de reduzir o edema, aumentar a velocidade de reabsorção de hematomas e, dessa maneira, promover redução do quadro álgico. Dentre as cirurgias bucomaxilofaciaisem que pode ser empregada a técnica de DLM pós-cirurgia, cita-se: extração de terceiros molares e cirurgias ortognática. Além disso, pode ser empregada em pacientes submetidos a cirurgias de enxerto ósseo alveolar, garantindo também benefícios relacionados a dor e edema (FERREIRA, 2010). Dessa maneira, a aplicação da DLM facial combinada à intervenção cirúrgica proporciona ao paciente um programa de reabilitação pós-cirúrgica adequada, mostrando sucesso significativo nas queixas mais comuns do pós-operatório dessas cirurgias. Pós-cirurgias oncológicas de cabeça, pescoço e face As cirurgias para tratamento de câncer trazem algumas complicações, dentre elas uma falha importante no sistema de drenagem fi siológica em virtude das lesões mecânicas e funcionais aos vasos linfáticos superfi ciais durante a realização de cirurgias ou radioterapias. Esses tratamentos objetivam, no caso das cirurgias, a retirada de tumores orofaciais. Pacientes oncológicos, após esses tratamentos cirúrgicos, com ou sem radioterapia associada, tendem à formação de linfedema, condição que causa desconforto, dor e prejuízos funcionais relacionados a prejuízos na fala e na deglutição, assim como um comprometimento estético na região que impacta negativamente na qualidade de vida do paciente. Atualmente, o método de tratamento recomendado para essa situação é a terapia descongestiva linfática, na qual o uso de DLM facial está incluso. A DLM aplicada ao pós operatório de cirurgias oncológicas de cabeça, pescoço e face tem por objetivo direcionar o edema para vias que se mantêm íntegras após as incisões cirúrgicas, podendo, então, ser reabsorvido de maneira mais efetiva (ARIEIRO et al., 2007). Para a realização da DLM facial nos casos de pós-tratamento é importante lembrar que as ressecções cirúrgicas e a radioterapia interrompem as vias fisiológicas de drenagem linfática, por isso devem ser utilizados caminhos 9Drenagem linfática facial alternativos para direcionamento da linfa, dada a localização do compro- metimento, direcionando a linfa por meio das vias mais próximas, mas não acometidas pelo tratamento. Aplicação da técnica de DLM facial A aplicação da DLM facial segue os mesmos princípios da DLM aplicada às demais regiões corporais, onde a compressão exercida deve ser leve e lenta e seguir o direcionamento fi siológico da linfa (GODOY; GODOY; GODOY, 2016). As manobras da DLM aplicadas à face irão estimular e atuar sobre os vasos linfáticos superfi ciais que se encontram logo abaixo da pele e são sensíveis aos toques realizados pelas mãos. As manobras ainda atuam sobre os linfonodos, esvaziando-os. Vale lembrar que as manobras de DLM, por serem muito suaves e leves, não atingem diretamente os vasos linfáticos profundos, pois encontram-se em áreas em que a estimulação não é possível. Entretanto, a estimulação dos vasos superfi ciais direciona a linfa para os vasos linfáticos profundos, melhorando o funcionamento destes também, mesmo que de maneira indireta. O posicionamento do paciente é importante, uma vez que é necessário que a região a ser drenada fique exposta e garanta conforto tanto para o paciente quanto para o profissional. Dessa maneira, o ideal é manter o paciente na posição de decúbito dorsal, com a cabeceira da maca levemente elevada ou com uso de um travesseiro. A pele do paciente deve ser inicialmente higienizada e, de preferência, não deve ser utilizado nenhum creme ou óleo para realização das manobras (VASCONCELOS, 2015). Para os protocolos de DLM facial, orienta-se em média 30 minutos de tratamento, sendo 15 minutos para DLM aplicada à região de pescoço e 15 minutos para a região de face propriamente dita. Entretanto, esse tempo pode sofrer variações de acordo com os objetivos do tratamento. Sugere-se sessões diárias ou, no mínimo, três sessões semanais no início do tratamento. Pode- -se utilizar, posterior a isso, a DLM facial como manutenção dos resultados, sugerindo a realização semanal, quinzenal ou mensal, de acordo com os objetivos do paciente e das orientações do profissional. Em situações em que a DLM facial é realizada seguindo o trajeto fisioló- gico das vias, realiza-se o protocolo descrito a seguir. Entretanto, podem ser encontradas algumas variações de manobras de acordo com o autor da técnica de DLM, mas normalmente as manobras mais utilizadas são as de Leduc, Drenagem linfática facial10 Vodder e Godoy, contudo, independentemente da escolha, todas as técnicas seguem os mesmos princípios da DLM (OLIVEIRA, 2018). Passo 1: bombeamento das cadeias de linfonodos. Antes de realizar a DLM facial, é necessário realizar o bombeamento de todas as principais cadeias de linfonodos regionais. Cada manobra deve ser executada com cinco repetições, com intervalos de 1 e 1,5 segundos entre cada movimento. Serão feitos os bombeamentos das seguintes cadeias, respectivamente: supraclaviculares, ân- gulo venosos direito e esquerdo, parotídeos, submandibulares, pré-auriculares, retroauriculares, temporais, occipitais e cervicais. Para os bombeamentos dos linfonodos cervicais, estabeleça três pontos na lateral do pescoço, sendo o primeiro abaixo da orelha, o terceiro na altura do ângulo venoso, na base do pescoço, e o segundo na região intermediária entre estes. Passo 2: drenagem do mento (queixo). Com as mãos em forma de concha, executar movimentos descendentes sobre o mento, direcionando a linfa para os linfonodos submandibulares. Passo 3: drenagem das comissuras labiais. Direcionar a linfa do canto das comissuras labiais em direção aos linfonodos submandibulares. Passo 4: direcionar a linfa da região do mento para os linfonodos parotídeos. Com as falanges, realizar movimentos de círculos no mento em três pontos, direcionando a linfa para a região parotídea. Passo 5: drenagem da lateral e do dorso do nariz e do lábio superior. Com as falanges, direcionar a linfa das laterais do nariz, do dorso do nariz e do lábio superior em direção aos linfonodos submandibulares. Passo 6: drenagem da região de olho. Direcionar a linfa da região do canto interno superior dos olhos com movimentos circulares dos dedos médios em direção aos linfonodos submandibulares. Passo 7: drenagem das laterais do nariz. Com as mãos em concha, na altura das laterais do nariz, realizar movimentos de rotação por meio do mo- vimento de girar as mãos para baixo, direcionando a linfa para os linfonodos submandibulares. Passo 8: drenagem do sulco nasogeniano. Repete-se o movimento an- terior, agora direcionando a linfa do sulco nasogeniano para os linfonodos submandibulares. Passo 9: encaminhar a linfa da cadeia submandibular até a cadeia parotídea. Realiza-se, neste caso, movimentos circulares com as pontas dos dedos em três pontos na região submentoniana (abaixo do queixo), direcionando a linfa para os linfonodos parotídeos. 11Drenagem linfática facial Passo 10: encaminhar a linfa da cadeia parotídea para a base do pescoço. Com movimentos circulares nas laterais do pescoço, estabeleça três pontos desde a região dos linfonodos parotídeos até o ângulo venoso e direcione da linda dos linfonodos parotídeos até a base do pescoço. Passo 11: drenagem de uma hemiface. Incline levemente a cabeça do paciente para um dos lados. Efetue círculos com as falanges em quatro pon- tos predefinidos, desde a região temporal até o canto inferior do olho, na altura do osso zigomático, voltando à região temporal. Após finalizar esses movimentos, incline a cabeça do paciente para o lado contrário e repita os movimentos nesse lado. Passo 12: drenagem da região temporal. Com os dedos médios, execute movimentos circulares desde a região das têmporas até a região da glabela, voltando à região temporal. Repita esse movimento em dois trajetos, um pelo centro da testa e outro mais acima, próximo à linha do couro cabeludo. Passo 13: drenagem das têmporas para os linfonodos supraclaviculares. Direcione a linfa da região temporal para as cadeias de linfonodos supraclavi-culares por meio de movimentos circulares. A linfa que se encontra na região de têmporas deve ser direcionada para os linfonodos supraclaviculares, passando pelos linfonodos pré e retroauriculares e descendo pela cervical em direção aos ângulos venosos, localizados na base do pescoço e a partir destes, para a cadeia de linfonodos supraclaviculares, localizada na fossa supraclavicular. Passo 14: deslizamentos suaves. Para finalizar a DLM facial, utilize ma- nobras de deslizamento superficial, com as mãos em forma de leque por todo o colo, do centro para as laterais. Além da técnica aqui exemplificada, existem outras técnicas, como a proposta por Vodder para a DLM facial. No livro Drenagem linfática manual – método de Vodder, você pode ter acesso a um protocolo de DLM facial por meio dessa técnica (GUSMÃO, 2010). Aplicação da técnica de DLM facial reversa É importante lembrar que alguns ajustes são necessários para a DLM facial após cirurgias em virtude das lesões que possam ter ocorrido durante os proce- dimentos, sejam cirurgias estéticas ou bucomaxilofaciais. O tempo necessário Drenagem linfática facial12 de realização da DLM facial reversa e o sentido desta variam de acordo com a fi nalidade das cirurgias e os tipos de incisões utilizadas (LANGE, 2012). Lembre-se de sempre conversar com o cirurgião, o médico ou o dentista, para verificar os procedimentos realizados e quais estruturas do sistema linfático foram lesionadas para posteriormente estabelecer um plano de tra- tamento. Essas informações devem estar presentes na ficha de avaliação do paciente, preenchida antes da realização da técnica de DLM facial. A seguir são exemplificadas algumas adaptações da DLM facial em algumas cirurgias faciais para facilitar o entendimento. Pós-operatório de blefaroplastia: em condições normais, a região da pálpebra superior é drenada para os linfonodos parotídeos e pré-auriculares, assim como a região lateral da pálpebra inferior, enquanto a região medial da pálpebra inferior é drenada para linfonodos buscais e submentonianos, respectivamente. Quando a blefaroplastia é feita apenas na pálpebra superior, o direcionamento da linfa é feito seguindo o sentido fisiológico da região. Em cirurgias em que ela se estende até o sulco nasogeniano, os linfonodos bucais ficam comprometidos. Nesse caso, a DLM facial deve direcionar a linfa da região medial da pálpebra inferior para os linfonodos submandibulares diretamente. Após o sétimo dia, a DLM facial é realizada da maneira fisiológica (LANGE, 2012). Pós-operatório de ritidoplastia: nessa cirurgia ocorre acometimento de linfonodos pré-auriculares, parotídeos, cervicais superiores e submentonianos. Nesse caso, a DLM facial deve direcionar a linfa periorbicular e nasal para os linfonodos bucais, enquanto a região em que é utilizado o retalho cutâneo, a linfa é direcionada, respectivamente, para linfonodos bucais e cervicais inferiores. Após o sétimo dia, a DLM facial é realizada de maneira fisiológica (LANGE, 2012). 13Drenagem linfática facial ARIEIRO, E. G. et al. A eficácia da drenagem linfática manual no pós-operatório de câncer de cabeça e pescoço. Revista Brasileira de Cirurgia da Cabeça Pescoço, São Paulo, v. 36, n. 1, p. 43–46, jan./fev./mar. 2007. Disponível em: http://www.sbccp.org.br/wp-content/ uploads/2014/11/2007_361-43-46.pdf. Acesso em: 14 mar. 2019. FERREIRA, T. R. R. Drenagem linfática manual no pós-operatório de enxerto ósseo alveolar: uma nova abordagem para a redução do edema facial. 2010. Dissertação (Mestrado em Fissuras Orofaciais) — Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Uni- versidade de São Paulo, Bauru, 2010. 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