Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 1 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Prof°.Livio Santos de Leite Ribeiron Descrição Apresentação de duas formas detalhadas de aplicação empírica derivadas do Modelo de Solow: contabilidade do crescimento e padrões de convergência nas trajetórias de crescimento econômico de diferentes países. Propósito Mostrar as possibilidades de aplicação na economia real das contribuições teóricas do Modelo de Solow. Objetivos Módulo 1 Cálculos da contabilidade do Módulo 2 Modelo de Solow e os dados 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 2 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# crescimento Descrever os cálculos da contabilidade do crescimento. de crescimento econômico global Descrever a aderência do Modelo de Solow aos dados de crescimento econômico global. A solução do Modelo de Solow mostra que, a longo prazo, as trajetórias de crescimento econômico convergem para um estado estacionário no qual não mais ocorre acumulação de capital. No estado estacionário, o produto cresce a uma taxa equivalente à soma entre a taxa de crescimento populacional e a taxa de ganhos de produtividade. Isso significa que o que determina o crescimento do PIB per capita são os ganhos de produtividade que uma economia apresenta. O modelo também destaca o papel da poupança para o crescimento econômico – variações na poupança impactam a quantidade de capital no estado estacionário e podem, a curto prazo, impactar o crescimento do produto. A longo prazo, o crescimento econômico sempre converge para a taxa de ganhos de produtividade, independentemente do nível da taxa de poupança. A partir desse breve resumo inicial das contribuições proporcionadas pelo Modelo de Solow, pode-se perceber que se trata de um modelo que prevê trajetórias de crescimento bem definidas em longo prazo, o que gera uma série de proposições acerca da relação entre crescimento e produtividade, que podem ser testadas empiricamente. Se o modelo estiver correto, é de suma importância que os países de baixa renda entendam de que forma os ganhos de produtividade podem ser auferidos. Já do ponto de vista acadêmico, para testar a teoria, é crucial que haja uma métrica para avaliar esses ganhos, comparando-os entre países. Por conta da projeção que o Modelo de Solow trouxe para os Introdução Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 3 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# questionamentos acerca do nível de produtividade dos países, ele é considerado a base para um tipo de análise que ficou conhecido como contabilidade do crescimento. Além da importância da produtividade, o modelo prevê, a longo prazo, a convergência do crescimento do PIB per capita dos países. A curto prazo, países com alto nível de capital, que já atingiram seu estado estacionário, crescem a taxas menores do que países pobres, com baixo estoque de capital, que ainda se encontram no processo de acumulação. O resultado teórico do modelo que foi descrito no parágrafo anterior é uma proposição que pode ser testada empiricamente. A taxa de crescimento dos países converge em longo prazo? Se isso é verdade, por que alguns países passam por longos períodos de estagnação do crescimento? As perguntas levantadas nessa introdução podem ser discutidas a partir de uma combinação entre as ferramentas teóricas do Modelo de Solow e a análise de dados da economia real. É isso que se pretende alcançar ao final deste estudo. No módulo 1, é apresentada a metodologia analítica referente à contabilidade do crescimento, mostrando de que modo é possível decompor esse processo, a fim de descobrir a magnitude dos ganhos de produtividade entre os países ao longo do tempo. No módulo 2, são apresentados diversos dados a respeito da economia global e regional, de modo a avaliar a aderência da evidência empírica aos resultados teóricos do Modelo de Solow. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 4 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# 1 - Cálculos da contabilidade do crescimento Ao final desse módulo, você será capaz de identificar os cálculos da contabilidade do crescimento. Contabilidade do crescimento Estrutura metodológica básica Não por acaso, o conceito de contabilidade do crescimento foi proposto por Robert Solow poucos meses após o seu trabalho seminal que introduziu o Modelo de Solow à literatura econômica. Vale destacar que esse conceito deriva diretamente de uma das perguntas propostas na introdução deste conteúdo: 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 5 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Existe uma métrica para avaliar os ganhos de produtividade e seus impactos sobre o crescimento econômico de um país? Como os ganhos de produtividade não são uma variável observável, não há maneira de criar um sistema métrico que permita avaliá-los diretamente. Ainda que ganhos de produtividade sejam perceptíveis quando se observa a evolução da estrutura de custos variáveis das empresas ao longo do tempo, não há forma de mensurá-los sem recorrer aos efeitos que eles exercem em outras variáveis observáveis. Em outras palavras, é possível medir a produtividade por meio de seus efeitos (redução de custos), mas não de uma forma pura. Por esse motivo, não se pode estabelecer uma “quantidade” de progresso tecnológico ou “quantidade” de capital humano, por exemplo. A impossibilidade de observar a produtividade indiretamente é a razão pela qual surgiu a técnica intitulada contabilidade do crescimento. Esse ferramental consiste em uma metodologia que permite decompor o crescimento econômico observado em componentes associados aos fatores e à tecnologia de produção. Na prática, ele sugere que a parte do crescimento econômico que não possa ser diretamente atribuída à evolução dos fatores de produção seja atribuída ao crescimento da produtividade. Sendo assim, a contabilidade do crescimento permite decompor as taxas de crescimento do produto de uma economia a partir das taxas de crescimento de seus fatores de produção (capital e trabalho), considerando a importância relativa de cada um deles na composição do produto final da economia. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 6 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# O modelo de Solow usa a função de produção neoclássica, que é composta por três variáveis: Duas variáveis representam os fatores de produção. Uma variável representa o progresso técnico. A parcela de crescimento do produto que não é explicada pelo crescimento do estoque do capital ou da quantidade de trabalho será explicada pelo progresso técnico, ou seja, pelo crescimento da produtividade. Usando esse ferramental, é possível estimar, de maneira indireta, a contribuição dos ganhos de produtividade para o crescimento do produto de uma economia. A decomposição é especialmente útil caso os determinantes do crescimento dos fatores de produção sejam independentes dos determinantes de crescimento da produtividade. Ou seja, caso os determinantes da produtividade possam ser considerados exógenos em relação ao capital e ao trabalho empregados na função de produção. Atenção A análise por meio da contabilidade do crescimento não visa explicar por que os diferentes fatores de produção e a produtividade cresceram às taxas observadas, ela é simplesmente uma metodologia para definir quais taxas foram essas. Em muitos contextos, isso pode ser considerado insuficiente. Afinal, o maior interesse para os formuladores de políticaspúblicas de um país é o de saber, por exemplo, como as políticas governamentais, os investimentos em capital humano, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, os recursos naturais à disposição de um país, as instituições, o ambiente político, entre diversos outros fatores, são capazes de afetar a produtividade, o capital e o trabalho, e, com isso, promover o crescimento desejado. Apesar de suas limitações, a contabilidade do crescimento é um passo indispensável para que se possa evoluir na busca de respostas para essas perguntas. Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 7 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Para desenvolver uma ideia mais clara a respeito de como a contabilidade do crescimento funciona, é conveniente demonstrar a decomposição algébrica das variáveis da função de produção neoclássica: o estoque de capital, a força de trabalho e o progresso técnico. A função de produção utilizada pode ser expressa da seguinte maneira: Note que, nessa função de produção, a variável tecnologia A está sendo escrita de forma independente da variável trabalho L. Também podemos combinar a tecnologia e o trabalho para formar a variável trabalho efetivo AL, como é habitual, mas não é o mais relevante agora. Buscamos, justamente, decompor as três variáveis de modo a estimar a magnitude de crescimento de A. Tal mudança é puramente teórica e não altera o resultado da função de produção, muito menos suas propriedades. A função de produção, expressa anteriormente, continua apresentando retornos marginais decrescentes para os fatores de produção capital e trabalho, e retornos constantes de escala. Além disso, ela cumpre as condições de Inada para os fatores de produção e respeita o critério de essencialidade. Condições de Inada Uma função f(x) atende às condições de Inada se f(0)=0, é côncava, a derivada tende a infinito quando x se aproxima de zero e se aproxima de zero quando x tende a infinito. Y = F(A, K, L) Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 8 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Partindo da função de produção, é possível decompor a taxa de crescimento do produto nas taxas de crescimento de cada uma das suas variáveis principais – ambos os fatores de produção e o progresso técnico – ponderadas pelo peso de cada variável no produto. Algebricamente, o resultado dessa decomposição está indicado na identidade a seguir: Onde: Algebricamente, Ẏ Y = g + [( ∂Y ∂K K Y ) K̇ K ] + [( ∂Y ∂L L Y ) L̇ L ] Ẏ /Y = taxa de variação (crescimento) do produto K̇/K = taxa de variação (crescimento) do capital L̇/L = taxa de variação (crescimento) do trabalho g = taxa de crescimento da produtividade. g ≡ [( ∂Y ∂A A Y ) Ȧ A ] Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 9 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# A equação acima mostra a decomposição da taxa de crescimento do produto nas taxas de crescimento dos dois fatores de produção – o estoque de capital e a quantidade de trabalho – e na taxa de crescimento da produtividade – dada pela evolução da tecnologia. A taxa de crescimento do produto, no entanto, não é obtida a partir de uma simples operação de adição das taxas de crescimento de cada uma das variáveis: ela é resultado da média ponderada das taxas de crescimento da produtividade, do capital e do trabalho, com os pesos dessa ponderação sendo as contribuições de cada uma dessas variáveis sobre o produto. Na equação, pode-se perceber que a contribuição relativa de cada uma das variáveis é resultado de seu respectivo retorno marginal e para capital, trabalho e tecnologia, respectivamente) multiplicado por sua respectiva participação no produto total para capital, trabalho e tecnologia, respectivamente). Por exemplo, a contribuição relativa do capital é igual ao retorno marginal do capital multiplicado pela participação do capital no produto O mesmo processo ocorre para o fator trabalho e para a tecnologia. De início, suponha que as quantidades do estoque de capital, da força de trabalho e do produto possam ser facilmente mensuradas. Considerando que as quantidades dessas três variáveis são conhecidas, a taxa de crescimento de cada uma delas também é conhecida. Em outras palavras, suponha que todas as variáveis da equação apresentada tenham seus valores definidos e mensuráveis (à exceção dos ganhos de produtividade, representados por g). Nesse caso, a contribuição dos ganhos de produtividade, por meio do progresso técnico, pode ser calculada a partir de uma manipulação da equação apresentada (tipicamente chamada de resíduo da equação). Afinal, a parcela do crescimento do produto que não é explicada pelo crescimento dos fatores de produção – capital e trabalho – é explicada pelo crescimento da parcela restante, que, nesse caso, são os ganhos de produtividade, representados por g. Sendo assim, algebricamente, pode-se definir g segundo a equação a seguir: ( ∂Y∂K , ∂Y ∂L ∂Y ∂A ( K Y ′ L Y e A Y ( ∂K∂Y K Y ). g = Ẏ Y − [( ∂Y ∂K K Y ) K̇ K ] − [( ∂Y ∂L L Y ) L̇ L ] Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 10 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Dentro do ferramental da contabilidade do crescimento, os ganhos de produtividade, representados por g, também são conhecidos como “resíduo de Solow”. O crescimento da produtividade é igual à taxa de crescimento do produto menos a taxa de crescimento dos fatores de produção – capital e trabalho –, ponderadas pelas suas respectivas contribuições relativas. Na economia real, é possível mensurar as quantidades de capital e trabalho em uma economia, embora tal mensuração ocorra tipicamente com grau considerável de erro, ponto que será abordado mais à frente. Por simplificação, assuma por ora esses valores como dados. Da mesma maneira, na prática, o produto também é conhecido e obtido a partir das estatísticas do PIB, com sua taxa de crescimento frequentemente noticiada e calculada (embora ela também seja mensurada com margem considerável de erro). Para estimar o crescimento da produtividade empiricamente, a equação apresentada mostra que é necessário conhecer os retornos marginais dos fatores de produção. Em um mercado competitivo, tais valores podem ser aproximados por meio dos preços desses fatores. Isso porque, em um mercado em competição perfeita, o produto marginal do trabalho é igual ao valor do salário – preço do fator trabalho – e o produto marginal do capital é igual ao valor do seu aluguel – preço do fator capital. Sendo assim, o retorno marginal do trabalho multiplicado pela quantidade de trabalho é igual à massa de salários; e o retorno marginal do capital multiplicado pela quantidade de capital é igual à massa de aluguel de capital. Algebricamente: Onde: w = salários wL = massa de salários ∂L ∂Y L = wL δK ∂Y K = rK Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 11 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# r = aluguel do capital rK = massa de aluguéis do capital Desse modo, é a parcela de salários do produto e é a parcela de capital do produto. Vamos definir e . Assim, a taxa de crescimento da produtividade estimada ( ) pode ser escrita na forma da equação a seguir: Se o estoque de capital e a quantidade de trabalho são os únicos dois fatores de produção, então a soma de suas participações relativas deve ser igual a um, ou seja, 100%: Nesse caso,a equação que estima os ganhos de produtividade pode ser escrita da seguinte maneira: Por fim, é possível mostrar que a taxa de crescimento da produtividade pode ser escrita em termos per capita, o que simplifica consideravelmente a equação anterior: Onde: e representa a quantidade de produto por unidade de trabalho. e representa a quantidade de capital por unidade de trabalho. Com isso, está completa a apresentação da metodologia para estimação da taxa de crescimento da produtividade por meio da contabilidade do crescimento. Nota-se que a taxa de crescimento da produtividade é igual à taxa de wL/Y rK/Y wL/Y = sL rK/Y = sK ĝ ĝ = Ẏ Y − [sK K̇ K ] − [sL L̇ L ] sK + sL = 1 ĝ = Ẏ Y − [sK K̇ K ] − [(1 − sK) L̇ L ] ĝ = ẏ y − [sK k̇ k ] y ≡ Y /L k ≡ K/L Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 12 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# crescimento do produto per capita menos a taxa de crescimento do estoque de capital per capita, ponderada pela proporção do capital no produto total. A estimação encontrada por é, frequentemente, chamada de taxa de crescimento da produtividade total dos fatores. Neste contexto, destacaremos a seguir alguns resultados importantes da contabilidade de crescimento. ĝ Barro e Sala-i-Martin (2003) Em seu livro Economic Growth, Barro e Sala-i-Martin destacam alguns resultados que o método da contabilidade do crescimento alcançou ao medir a produtividade dos principais países. Um estudo feito por Christensen, Cummings e Jorgenson (1980) mostrou que, para o Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Reino Unido e EUA, entre as décadas de 1940 e 1970, a taxa de crescimento da produtividade total dos fatores respondia por mais de um terço do crescimento real do PIB. Elias (1990) Utilizou a metodologia da contabilidade do crescimento para países da América Latina. O estudo estimou que a taxa de crescimento da produtividade total dos fatores respondia por 20% do crescimento real do PIB no Brasil entre as décadas de 1940 e 1990. Mostrou também que, nesse mesmo período, o crescimento da produtividade total dos fatores foi de 38% para o Chile e de apenas 2% para a Venezuela. Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 13 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Contabilidade do crescimento: Tigres asiáticos Neste vídeo, abordaremos sobre a aplicação da metodologia da contabilidade do crescimento para os Tigres Asiáticos, tendo em vista que Young (1995) mostrou que o crescimento nesses países foi mais impulsionado pelo crescimento dos fatores de produção do que pelos ganhos de produtividade. Young (1995) Apontou resultados interessantes de aplicação da metodologia da contabilidade do crescimento para os Tigres Asiáticos ‒ Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan. Nesses países, em especial Cingapura e Coreia do Sul, a maior parte do crescimento econômico foi impulsionada por aumentos na quantidade dos fatores de produção – o capital e o trabalho. Pela metodologia da contabilidade do crescimento, isso implica que os ganhos de produtividade tiveram menor contribuição e impacto para o forte crescimento econômico observado nesses países, ao longo do período em análise. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 14 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# O trabalho desenvolvido por Young (1995), considerando o período entre 1966 e 1990, estimou a contribuição de cada um dos fatores de produção e da produtividade total dos fatores para o crescimento econômico dos Tigres Asiáticos. Como vimos, os resultados de Young (1995) mostraram que, nesses países, em especial Cingapura e Coreia do Sul, a maior parte do crescimento econômico foi impulsionada por aumentos na quantidade dos fatores de produção – o capital e o trabalho. Portanto, os ganhos de produtividade tiveram menor contribuição para o forte crescimento econômico observado nesses países ao longo do período em análise. Na tabela abaixo, obtida do livro Economic Growth, Barro e Sala-i-Martin resumem as estimativas obtidas por Young (1995). Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 15 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Tabela 1: Contabilidade do crescimento: resultados de Young (1995) País (1) Taxa de Crescimento do PIB (2) Contribuição do Capital (3) Contribuição da Mão-de-Obra (Trabalho) Panel D: East Asian Countries, 1966-90 Honk Konge (α = 0.37) 0.073 0.030 (41%) 0.020 (28%) Singapore (α = 0.49) 0.087 0.056 (65%) 0.029 (33%) South Korea (α = 0.30) 0.103 0.041 (40%) 0.045 (44%) Taiwan (α = 0.26) 0.094 0.032 (34%) 0.036 (39%) 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 16 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Na tabela, a coluna (1) mostra a taxa média de crescimento do PIB anual de cada um dos países, entre os anos de 1966 e 1990. A coluna (2) aponta a taxa média de crescimento do fator capital e, entre parênteses, sua contribuição para a taxa de crescimento econômico. A coluna (3) mostra a taxa média de crescimento do fator trabalho e, entre parênteses, sua contribuição para a taxa de crescimento econômico. A coluna (4) aponta a taxa média de crescimento da produtividade total dos fatores e, entre parênteses, sua contribuição para a taxa de crescimento econômico. Pode-se observar que, nos quatro países, a contribuição ao crescimento da evolução do estoque de capital foi maior do que a contribuição dos ganhos obtidos com o crescimento da produtividade total de fatores. À exceção de Hong Kong, os ganhos de produtividade contribuíram menos com o crescimento do que os outros dois fatores analisados (capital e trabalho). Tal resultado chama a atenção particularmente em Cingapura e Coreia do Sul. Cingapura, por exemplo, apresentou uma taxa média de crescimento anual da produtividade de 0,2%, o que representa apenas uma contribuição de 2,0% para o crescimento econômico do período. Mensuração dos fatores de produção 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 17 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Conforme mencionado, é possível mensurar a quantidade de capital e a quantidade de trabalho em uma economia. Tal mensuração, no entanto, também apresenta algumas dificuldades. Entre elas, está o fato de que pode haver mais de uma maneira de mensurá-las, o que pode ter impactos significativos para a estimação das taxas de crescimento da produtividade total dos fatores. Convém, portanto, apresentar de que forma os fatores de produção capital e trabalho costumam ser medidos. A melhor medida para mensurar o estoque de capital seria o fluxo de serviços prestados por ele. Exemplo A quantidade de horas que uma máquina permanece em operação. No entanto, não é factível realizar essa medição em cada unidade de capital instalada em uma economia. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 18 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# De maneira geral, a quantidade de estoque de capital é determinada a partir do seu processo de acumulação, que leva em conta os novos investimentos realizados a cada período e a depreciação do estoque de capital existente. Conhecido como método do estoque perpétuo, ele assume que o estoque de capital em determinado período é igual ao estoque de capital do período anterior acrescido dos investimentos e subtraído da depreciação. A depreciação é,tipicamente, mensurada como uma taxa fixa aplicada ao estoque de capital no período anterior. Algebricamente, esse método é resumido na seguinte equação: Ou ainda: De acordo com a equação apresentada, o estoque de capital no período é igual ao estoque de capital restante do período (ou seja, o estoque de capital do período líquido da depreciação), mais os investimentos que foram realizados no período . Da equação apresentada, como mencionado, o investimento é conhecido e pode ser obtido por meio das estatísticas oficiais na maioria dos países. A taxa de depreciação δ é um parâmetro não observável que pode ser estimado. Assumindo que esse parâmetro é conhecido, a determinação do estoque de capital em qualquer período requer somente a informação do estoque de capital instalado no período anterior. Determinar o estoque de capital no período anterior pode parecer um problema, mas não é. Afinal, se o estoque de capital em um determinado período é função do estoque de capital no período anterior, este é função do estoque de capital observado no período anterior ao período anterior. E assim por diante. Por essa lógica, se for assumido um nível de estoque capital inicial, é possível construir toda a trajetória dessa variável ao longo do tempo. Em outras palavras, o modelo requer que se assuma um valor exógeno para , o estoque de capital inicial. Kt = Kt−1 + It − δKt−1 Kt = (1 − δ)Kt−1 + It t t − 1 t − 1 t K0 Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 19 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Esse problema costuma ser resolvido calculando-se o estoque de capital inicial a partir de uma proxy. A variável proxy é uma espécie de aproximação, um indicador que emula o comportamento da variável que se deseja reproduzir. Evidentemente, a necessidade da variável proxy mostra que, tipicamente, não há informação precisa acerca do estoque de capital inicial das economias, de modo que existe uma diferença entre o valor estimado através da proxy e o valor real (não observável). De qualquer modo, definindo um valor para por meio da proxy, se torna possivel aplicar a equação anterior para qualquer instante do tempo. Combinando uma série de dados de investimento que seja longa o suficiente, é possível aplicar a equação apresentada acima por períodos, estimando o estoque de capital até . No entanto, caso seja grande o suficiente, a diferença entre a proxy utilizada para estimar e seu valor real não observável se torna irrelevante. Afinal, essa diferença será diluída pela depreciação do estoque de capital a cada período. Por conta disso, quanto maior o número de períodos para a série histórica do investimento, mais precisa se torna a aproximação do estoque de capital, haja vista que o erro obtido pela aproximação do estoque de capital inicial se dilui conforme a série histórica se torna mais longa. K0 K0 n Kn n K0 Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 20 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Uma variável proxy tipicamente adotada para definir o estoque de capital inicial é o estoque de capital de equilíbrio, de acordo com o Modelo de Solow, computado a partir da taxa média de poupança observada durante o período de análise. A quantidade do fator trabalho é, em geral, definida a partir do número de horas trabalhadas por todos os trabalhadores da economia. Esse dado, no entanto, não pode ser considerado de forma isolada. Mudanças na composição da força de trabalho por conta de aumentos ou diminuição do desemprego, por exemplo, podem ter um efeito sobre a quantidade de produto que o trabalho produziu sem impactar o número total de horas trabalhadas. Nesse sentido, é válido considerar outros aspectos, como a massa de desempregados e o número médio de horas trabalhadas por trabalhador para expurgar da produtividade qualquer elemento que esteja associado ao ciclo de negócios da economia. Afinal, a produtividade total dos fatores deve ser capaz de representar o nível de produto ao pleno emprego dos fatores de produção. Vale também destacar que os fatores de produção podem sofrer mudanças de qualidade que impactam diretamente o modo como eles afetam o produto, sem que isso seja captado pelas formas usuais de mensurá-los. É importante estar atento para a ocorrência desse tipo de fenômeno na série histórica analisada. Exemplo Um caso claro desse fenômeno ocorre com o fator trabalho. Se a quantidade do fator trabalho é computada a partir do número de horas trabalhadas em uma economia, misturam-se as horas trabalhadas de trabalhadores com níveis de escolaridade, condição de saúde e produtividade bastante distintos. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 21 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Suponha agora que, ao longo do tempo, a proporção de trabalhadores saudáveis na economia aumente. Nesse caso, ainda que o total de horas trabalhadas se mantenha igual, o aumento na proporção de trabalhadores saudáveis pode fazer com que o produto resultante cresça. Tal fenômeno não representa um aumento de produtividade total dos fatores, e sim uma mudança na composição do fator de trabalho. No entanto, se a quantidade de trabalho é medida pelas horas trabalhadas, o crescimento do produto resultante dessa mudança de composição será, erroneamente, medido como uma mudança na produtividade total dos fatores. O correto seria indicar a mudança de composição como um aumento do fator trabalho (ou um aumento da produtividade do trabalho), mesmo que as horas trabalhadas não tenham se alterado. Para controlar para esse tipo de mudança, a quantidade de trabalho da economia pode ser desagregada em categorias distintas, de acordo com as características de cada grupo. Por exemplo, os trabalhadores podem ser desagregados por : Nível de escolaridade Experiência Idade 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 22 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# No caso de os trabalhadores serem desagregados por nível de escolaridade, a quantidade do fator trabalho seria dada pela média do número total de trabalhadores em cada nível de escolaridade, ponderada pela média salarial do grupo. Abordagem por preço dos fatores A metodologia apresentada até então baseia-se na utilização de quantidade dos fatores de produção – capital e trabalho – para o cálculo da equação que mensura a taxa de crescimento da produtividade total dos fatores. Jorgenson e Griliches (1967) e, posteriormente, Hsieh (2002) desenvolveram uma abordagem diferente para a contabilidade do crescimento. Esses autores apresentaram a ideia de que o resíduo de Solow poderia ser mensurado a partir da taxa de crescimento dos preços dos fatores, em vez da taxa de crescimento da sua quantidade. A ideia parte do fato de que, se existem apenas dois fatores de produção na economia – capital e trabalho –, o valor produto é a soma da massa salarial e da massa de aluguéis do capital. Algebricamente, essa intuição pode ser representada por: A taxa de variação do produto, nesse caso, pode ser obtida a partir da equação a seguir: v = rK + wL Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 23 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Em outras palavras, a taxa de crescimento do produto é igual à média entre a taxa de crescimento dos aluguéis de capital mais a taxa de crescimento da quantidade de capital, e a taxa de crescimento dos salários mais a taxa de crescimento da quantidade de trabalho, ponderadas pela participação do fator capital e do fator trabalho no produto. Dado quea taxa de crescimento da produtividade total de fatores, na abordagem convencional, é expressa por: Então: De acordo com essa abordagem, a taxa de crescimento da produtividade total dos fatores é dada pela média entre a taxa de crescimento dos aluguéis de capital e a taxa de crescimento dos salários, ponderadas, respectivamente, pela participação do capital no produto e pela participação do trabalho no produto. Saiba mais Essa abordagem também é conhecida como abordagem dual da contabilidade do crescimento. Isso porque, apesar de introduzir um método que utiliza os preços dos fatores para os cálculos, a quantidade de cada um dos fatores continua relevante, uma vez que a média é ponderada pela parcela de capital e de trabalho no produto. Ẏ Y = [( ṙ r + K̇ K )sK] + [( ẇw + L̇L )sL] ĝ = Ẏ Y − [sK K̇K ] − [sL L̇L ] ĝ = sK ( ṙ r ) + sL ( ẇw ) Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 24 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Vale ressaltar que se aplicam as mesmas hipóteses utilizadas no método convencional da contabilidade do crescimento, como as hipóteses a respeito da igualdade entre o retorno marginal dos fatores e seus respectivos preços, bem como em relação ao formato da função de produção (que considera apenas capital e trabalho como fatores). Sendo assim, em situações nas quais essas hipóteses não aderem à evidência empírica, o erro gerado na estimação da taxa de crescimento da produtividade total dos fatores ocorre em ambas as abordagens. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 25 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A contabilidade do crescimento é uma forma de aplicação empírica das contribuições teóricas do Modelo de Solow. O principal objetivo dessa metodologia é: Parabéns! A alternativa C está correta. A metodologia de Solow é utilizada para estimar o resíduo de Solow (a A Estimar a taxa de poupança e crescimento populacional das economias. B Analisar os fatores que promovem crescimento dos fatores de produção. C Estimar a taxa de crescimento da produtividade e sua contribuição para o crescimento econômico. D Analisar os fatores que promovem crescimento dos fatores de produção. E Analisar os fatores que promovem crescimento dos fatores de produção. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 26 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# parcela do crescimento que não é explicada pelo aumento dos fatores de produção capital e trabalho). Considerando que a função de produção é dependente de capital, trabalho e tecnologia, o resíduo de Solow estima, justamente, a taxa de crescimento da tecnologia, que também pode ser entendida como a taxa de crescimento da produtividade. Questão 2 Estimar a quantidade dos fatores de produção capital e trabalho, bem como suas taxas de crescimento, pode ser difícil. Haja vista essa dificuldade, o método do estoque perpétuo consiste em: 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 27 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Parabéns! A alternativa D está correta. O método do estoque perpétuo mostra que o estoque de capital no período atual é igual ao estoque de capital no período anterior mais investimento menos a depreciação. O método requer a estimação do estoque de capital em algum período inicial. Contudo, se a série for suficientemente longa, os erros de estimação se diluem a partir da depreciação. A Estimar o fluxo de serviços que o estoque de capital produz ao longo de sua vida útil. B Assumir que o estoque de capital é constante, uma vez que a economia sempre se encontra no estado estacionário. C Assumir que, pelo fato de as flutuações econômicas apresentarem períodos de depreciação e investimento, o estoque médio de capital é constante e pode ser usado como proxy. D Utilizar o estoque de capital em período anterior, a taxa de depreciação a cada período e o investimento em novo capital para estimar o estoque de capital no período presente. E Assumir que não existe depreciação do capital e, portanto, o crescimento do capital é sempre positivo e dado pelo investimento. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 28 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# 2 - Modelo de Solow e os dados de crescimento econômico global Ao final desse módulo, você será capaz de identificar aspectos de aderência do Modelo de Solow aos dados de crescimento econômico global. Aderência dos modelos de crescimento à evidência empírica 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 29 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Convergência condicional e Convergência absoluta Conforme sabemos, os modelos de crescimento modernos preveem a convergência dos níveis de produto per capita dos países para patamares que variam de acordo com suas preferências e tecnologia. Consequentemente, países que tenham tecnologia e preferências idênticas tenderiam a um mesmo nível de renda. Explorando esse fato, é possível construir dois conceitos de convergência para testar empiricamente as teorias de crescimento. Convergência absoluta O teste da convergência absoluta dos níveis de renda entre os países avalia se diferentes economias tendem para um mesmo estado estacionário, o que sugeriria que elas têm as mesmas preferências. A esse processo de convergência, dá-se o nome de convergência absoluta. Convergência condicional O teste de convergência condicional leva em consideração as diferenças em preferências e tecnologia de cada país para determinar o ponto para o qual cada economia convergirá. A esse processo de convergência, dá-se o nome de convergência condicional. Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 30 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Em outras palavras, a convergência condicional representa a convergência do modelo em direção ao estado estacionário que o Modelo de Solow sugere que aquela economia atingirá, por conta das suas preferências e tecnologia. Em particular, o estado estacionário de uma economia é determinado, no Modelo de Solow, por sua taxa de poupança. Afinal, é a taxa de poupança que define a taxa de investimento na economia: quanto maior a taxa de poupança, maior a taxa de investimento e, consequentemente, maior o estoque de capital no estado estacionário. No entanto, para testar empiricamente a hipótese de convergência, não é suficiente saber o ponto para o qual a economia convergirá. É preciso saber como a economia sai de um estado inicial, diferente do equilíbrio de longo prazo, e atinge o estado estacionário. Em outras palavras, é necessário saber se uma economia que parte de um estado qualquer converge para o estado estacionário, e a forma como ocorre a convergência. Atenção É possível que o processo de convergência preveja overshooting, ou seja, um aumento exagerado. Nesse caso, uma economia que partisse de um estoque de capital inferior ao equilíbrio de longo prazo, veria seu estoque de capital aumentar continuamente, até um nível superior ao estado estacionário. Uma vez atingido esse ponto (superior ao estado estacionário), o estoque de capital tenderia a cair. A queda, por sua vez, poderia ser contínua e suave até o estado estacionário, ou prever novo overshooting (gerando um movimento oscilatório). Uma das vantagens do Modelo de Solow é prever um processo de convergência contínuo e suave, sem overshooting. Luiz Eduardo Geoffroy LuizEduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 31 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Afinal, caso o estoque de capital inicial seja menor do que aquele associado ao equilíbrio de longo prazo gerado pela taxa de poupança vigente, o investimento será maior que o custo de reposição do capital e fará com que o estoque de capital cresça. O estoque de capital crescerá até que o investimento se iguale ao custo de reposição do capital vigente, situação na qual o processo de acumulação de capital será interrompido. Quando isso ocorrer, a economia do modelo terá convergido para o estado estacionário. Enquanto o processo de acumulação de capital ocorre e a economia converge para seu estado estacionário, a taxa de crescimento do produto é maior que a taxa de crescimento de longo prazo (quando ela é igual aos ganhos de produtividade). Ou seja, quanto mais afastada uma economia estiver do estado estacionário, mais rápido é o seu crescimento e, portanto, maior a sua taxa de crescimento econômico. Nesse sentido, se dois países com taxas de poupança e tecnologia similares (que, portanto, tendem aos mesmos níveis de renda per capita) têm diferentes níveis de renda, o país de renda mais baixa apresentará taxas de crescimento maiores que o de renda mais alta. Com isso, ao longo do tempo, a disparidade no nível de renda das duas nações tenderá a diminuir, até que desapareça. Esse processo é conhecido como catching-up. Uma breve observação dos dados globais e regionais de crescimento econômico sugere que a hipótese de convergência condicional é razoável. Países avançados, que hoje apresentam taxas de crescimento baixas, já apresentaram, no passado, taxas de crescimento altas. Pode ser que esse fenômeno seja decorrente do fato de que o estoque de capital desses países está se aproximando do seu equilíbrio de longo prazo, característica do processo de convergência condicional previsto no Modelo de Solow. Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 32 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# No entanto, essa breve observação é insuficiente para testar a teoria. Afinal, ainda que tenha ocorrido uma redução nas taxas de crescimento de diversas economias desenvolvidas, ainda há uma série de países com níveis de renda extremamente baixos que apresentam dificuldades de crescimento. Em que medida o modelo é capaz de explicar esse fenômeno é uma questão empírica que requer uma análise mais detalhada. Seriam essas disparidades explicadas por diferenças na taxa de poupança e nos níveis de produtividade, ou uma falha do modelo em explicar a realidade? A maior dificuldade em responder a essa pergunta está em encontrar regiões cujos níveis de produtividade possam ser considerados iguais (afinal, a taxa de poupança, ainda que com erro, é observável). Por isso, o Modelo de Solow é comumente testado verificando a hipótese de convergência condicional entre regiões de um mesmo país. Afinal, regiões de um mesmo país estão tipicamente sujeitas ao mesmo regime legal, sistema de governo, instituições e tecnologia similares. Da mesma maneira, famílias vivendo em diferentes regiões de um mesmo país tendem a ter mais proximidade cultural e de preferências do que famílias vivendo em distintas regiões do globo. Explorando essa possibilidade de teste da teoria, Barro e Sala-i-Martin (2003) apresentam uma análise detalhada sobre o processo de convergência econômica para os diferentes estados dos Estados Unidos, para diferentes distritos do Japão e para diferentes países da Europa. Como são regiões homogêneas, pode-se, inclusive, testar a ocorrência da convergência absoluta em cada uma delas. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 33 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Análise de convergência absoluta 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 34 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Estados Unidos A análise de Barro e Sala-i-Martin (2003) para os EUA estimou a velocidade de convergência entre os estados norte-americanos, bem como suas regiões, utilizando dados de crescimento econômico para o período compreendido entre 1880 e 2000. A análise considera os dados de todo o período, assim como estima os modelos separadamente, usando os dados em cada intervalo de 10 anos dentro dos 120 anos da amostra. O objetivo das regressões era o de calcular a velocidade de convergência da economia para o estado estacionário. A velocidade de convergência de cada estado pode ser estimada a partir do coeficiente estimado para o logaritmo neperiano da renda per capita inicial desse estado – ou seja, da renda per capita no primeiro período utilizado na regressão (para a série inteira, o período inicial é 1880; para a análise em cada década, o período inicial equivale ao primeiro ano de cada década). A variável dependente é a taxa de crescimento da mesma localidade. De modo geral, os coeficientes das regressões feitas para analisar a convergência entre os estados dos EUA favorecem a hipótese de convergência absoluta: estados mais pobres cresceram a taxas mais elevadas do que estados mais ricos e, portanto, a disparidade de renda per capita entre eles diminuiu ao longo do tempo. No gráfico abaixo, está indicada a relação entre o logaritmo neperiano do nível de renda per capita inicial e a taxa de crescimento anual média para todo o período entre 1880 e 2000. Como é possível observar, regiões que eram mais pobres cresceram a taxas mais elevadas do que as regiões mais ricas do país. Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 35 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Gráfico 1: Regressão para as regiões para o período 1880-2000 Extraído de: Barro e Sala-i-Martin (2003, p. 470) – Economic Growth No gráfico apresentado, o eixo horizontal representa o logaritmo neperiano da renda per capita em 1880. O eixo vertical representa a taxa média de crescimento anual entre 1880 e 2000. É possível observar claramente a relação negativa entre essas duas variáveis. Os estados com maior renda per capita em 1880 são os que apresentaram menores taxas médias de crescimento econômico. Por outro lado, os estados de renda mais baixa em 1880 são os que apresentaram maiores taxas médias de crescimento econômico. Isso favorece a interpretação de que, ao longo desse período, tenha ocorrido convergência absoluta entre os níveis de renda dos estados dos EUA. Pode-se perceber, inclusive, que a dispersão dos dados em relação à reta de regressão é pequena, o que indica uma forte correlação entre as variáveis. A regressão apresentou R^2 de 0,92. Para avaliar a robustez dos resultados, os autores reestimaram o modelo utilizando cada uma das décadas do século XX. À exceção da década de 1920, todas as demais favorecem a hipótese de convergência absoluta. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 36 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Saiba mais Segundo os autores, o comportamento observado durante a década de 1920 pode ser explicado pela forte queda no preço de bens agrícolas: os estados mais pobres costumavam ser aqueles com maior participação da produção agrícola em suas economias e foram os mais prejudicados do período, o que interrompeu, temporariamente, o processo de convergência observado nos demais períodos da amostra. Ou seja, nesse caso, a quebra do padrão de convergência parece ter sido consequência direta de circunstâncias transitórias. Vale destacar tambémque, para as duas últimas décadas do século XX, 1980 e 1990, os níveis de convergência não se mostraram significativos. Prosseguindo na avaliação da robustez dos resultados apresentados, o exercício anterior foi repetido, utilizando não mais dados dos estados norte-americanos, mas de cada uma das regiões do país, de forma a descobrir se as trajetórias de convergência de cada estado foram isoladas ou se são comuns à região a que eles pertencem. No gráfico a seguir, é possível observar o resultado desse exercício, considerando as regiões Oeste, Leste, Sul e Centro-oeste dos EUA. Gráfico 2: Regressão para as regiões dos EUA para o período 1880-2000 Extraído de: Barro e Sala-i-Martin (2003, p. 471) – Economic Growth 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 37 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# No gráfico apresentado, o eixo horizontal representa o logaritmo neperiano da renda per capita em 1880. O eixo vertical representa a taxa média de crescimento anual entre 1880 e 2000. Os resultados reforçam a trajetória de convergência apresentada anteriormente. A região mais rica em 1880 – Oeste – apresentou taxa média de crescimento menor do que a região Sul – região mais pobre com forte presença do setor agrário. Sendo assim, os dados dos EUA, em uma amostra com dados de mais de um século, parecem favorecer robustamente a hipótese de convergência prevista no Modelo de Solow. Japão Resultados similares podem ser encontrados quando se consideram diferentes regiões (prefectures) no Japão. Barro e Sala-i-Martin (2003) fornecem, a partir de dados japoneses, uma análise semelhante àquela apresentada para os EUA. Para o caso japonês, são utilizados dados entre os anos de 1930 e 1990. Não foram realizadas análises por décadas nos primeiros 25 anos da amostra. No entanto, os autores replicaram o exercício para intervalos de 5 anos entre os anos de 1955 e 1990. Assim como no caso dos EUA, a relação entre crescimento médio ao longo do período e nível de renda inicial também reforça a hipótese de convergência absoluta. Curiosamente, de maneira similar aos EUA, a regressão com dados japoneses também apresentou R^2 de 0,92. A relação de convergência entre as prefectures japonesas pode ser observada no gráfico a seguir. A relação negativa do gráfico deixa claro que as prefectures mais ricas em 1930 apresentaram taxas médias de crescimento menores que aquelas com renda mais baixa. Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 38 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Gráfico 3: Regressão para os municípios do Japão para o período 1930-1990 Extraído de: Barro e Sala-i-Martin (2003, p. 471) – Economic Growth 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 39 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# No gráfico apresentado, o eixo horizontal representa o logaritmo neperiano da renda per capita em 1880. O eixo vertical representa a taxa média de crescimento anual entre 1880 e 2000. A análise feita para intervalos de cinco anos a partir de 1955 parece não apresentar, no entanto, a mesma robustez verificada nas regressões por décadas feitas para os estados norte-americanos. A análise dos dados japoneses mostrou estatísticas significativas de convergência para os anos de 1960-65, 1970-75 e 1975-80. Para os demais períodos, os resultados não foram significativos. Segundo Barro e Sala-i-Martin, os dados para a década de 1980 foram marcados por um outlier, a prefecture/região administrativa de Tóquio. Isso pode ter impactado diretamente a qualidade da amostra e prejudicado as regressões para os anos de 1980-85 e 1985-90. Ocorre que, durante essa década, Tóquio apresentou um comportamento muito distante do padrão e, consequentemente, produziu um viés na amostra para essa década específica. Tóquio já era a prefecture mais rica do seu distrito, mas, durante esses anos, foi também a que apresentou maior crescimento econômico. Prefecture Oficialmente, é a Metrópole de Tóquio, que inclui, mas não se limita à cidade. A divisão em regiões administrativas é, grosso modo, semelhante à divisão do Brasil em estados. Em inglês, a região administrativa é chamada de prefecture, mas não corresponde a uma prefeitura, como temos no Brasil. Para testar a robustez dos dados que sugerem a hipótese de convergência, os autores também avaliaram o processo de convergência entre distritos japoneses. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 40 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# No Japão, um conjunto de prefectures compõem um distrito. Assim, incorporar uma variável indicativa do distrito pode mostrar se a convergência ocorre não apenas entre as prefectures, mas também entre os distritos. E, ainda, mostrar se existe convergência entre as prefectures dentro de um mesmo distrito, como foi o caso dos EUA na análise entre estados e regiões. Ao observar a relação obtida entre a taxa média de crescimento anual e o logaritmo neperiano da renda no ano de 1930 para os distritos japoneses, observa-se uma clara relação de convergência. O gráfico a seguir ilustra essa relação. Gráfico 4: Regressão para os distritos do Japão para o período 1930-1990 Extraído de: Barro e Sala-i-Martin (2003, p. 477) – Economic Growth No gráfico apresentado, o eixo horizontal representa o logaritmo neperiano da renda per capita em 1930. O eixo vertical representa a taxa média de crescimento anual entre 1930 e 1990. Os números no interior do gráfico representam os sete maiores distritos japoneses. Fica evidente que os distritos mais ricos nos anos de 1930 são também os distritos que apresentaram menores taxas de crescimento econômico ao longo desses 60 anos. O contrário também é verdadeiro. Os distritos que eram considerados mais pobres são aqueles que apresentaram taxas médias de crescimento maiores. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 41 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Europa O processo de convergência dos diferentes países da Europa pode apresentar resultados interessantes. Isso porque, por um lado, após a Segunda Guerra Mundial, os países europeus passaram por um longo processo de integração econômica, social e política, o que tenderia a reduzir a heterogeneidade entre eles. Por outro lado, existe um limite para essa integração (os países europeus continuam sendo independentes e soberanos, com culturas, línguas e costumes diferentes). Em determinados aspectos, o processo de integração europeu fez com que diferentes regiões da Europa pudessem ser examinadas como parte integrante de um mesmo país. Por meio da União Europeia, os países europeus apresentam, por exemplo, livre comercialização de bens e serviços, e livre mobilidade de capital e pessoas. Esses mesmos países aboliram fronteiras internas e estabeleceram um conjunto de leis comuns a todos eles. Por meio da Zona do Euro, alguns países, inclusive, abandonaram suas moedas em prol de uma moeda comum a todos. Apesar disso, ainda existem diferenças institucionais, legislativas e políticas. Além disso, apesar de muitas barreiras físicas e burocráticas terem sido derrubadas para favorecer maior integração comercial e mobilidade de fatores, barreiras culturais continuam sendo um vetor de heterogeneidade nesse sentido. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 42 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Uma análise de convergência para diferentes regiões do continente europeu permite avaliar se essas heterogeneidades institucionais e culturais impactaram esse processo. Barro e Sala-i-Martin (1991) avaliaram a convergênciapara noventa regiões europeias em oito países: 11 na Alemanha, 11 no Reino Unido, 20 na Itália, 21 na França, 4 na Holanda, 3 na Bélgica, 3 na Dinamarca e 17 na Espanha. Os dados utilizados compreendem o período entre 1950 e 1990. Observando o período analisado, é necessário fazer algumas ressalvas. Etapas importantes do processo de integração europeu ocorreram após o ano de 1990. As fronteiras internas, por exemplo, foram definitivamente abolidas apenas em 1995. A moeda única, o Euro, foi adotada, oficialmente, apenas em 2002. Sendo assim, o período dos dados considerados mostra uma Europa ainda mais heterogênea do que nos dias de hoje. Atenção Os autores não realizaram regressões para avaliar a convergência entre as 90 regiões europeias de maneira isolada. Foram realizadas apenas regressões nas quais foram incorporadas uma variável representativa do país do qual a região faz parte. A relação gráfica mostrada para os estados dos EUA e para as prefectures do Japão também pode ser verificada ao analisar as regiões da Europa, ainda que a correlação seja menor no caso europeu, como mostra o gráfico a seguir. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 43 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Gráfico 5: Regressão para regiões da Europa para o período 1950-1990 Extraído de:Barro e Sala-i-Martin (2003, p. 480) – Economic Growth 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 44 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# No gráfico apresentado, o eixo horizontal representa o logaritmo neperiano da renda per capita em 1950. O eixo vertical representa a taxa média de crescimento anual entre 1950 e 1990. Os números no interior do gráfico representam cada uma das 90 regiões europeias. O gráfico apresentado mostra alguma trajetória de convergência entre as mais de 90 regiões, distribuídas nos oito países europeus. Regiões com rendas per capita mais altas em 1950 apresentaram menores taxas médias de crescimento anual ao longo das quatro décadas seguintes. Por outro lado, regiões com rendas per capita mais baixas nesse mesmo ano apresentaram taxas médias de crescimento anual maiores. É possível verificar, no entanto, que a dispersão dos dados para as regiões europeias é bem maior do que a dispersão encontrada para os dados subnacionais japoneses e norte-americanos. Isso é um indicador de que a correlação entre os níveis de renda e o crescimento econômico é menor do que as correlações encontradas para os EUA e o Japão. De certo modo, isso já era de se esperar, considerando a condição de heterogeneidade em que essas regiões estão inseridas. A heterogeneidade pode promover a ocorrência de “clubes” de convergência. A região, como um todo, não converge necessariamente, mas subgrupos dela, que apresentam características mais homogêneas, convergem (ao menos em algum grau). No caso da Europa, a variável incorporada à regressão, representativa do país no qual cada região está inserida, tem alto poder explicativo. Isso significa que existe clara convergência entre as regiões de um mesmo país, mas não necessariamente entre todas as regiões de diferentes países. Atenção Isso também pode ocorrer com outras economias e países do globo. A estagnação de uma determinada economia não necessariamente quebra a hipótese de convergência, mas pode ser um indicativo de que a convergência não está ocorrendo, tendo em vista grandes heterogeneidades econômicas, políticas e sociais em relação aos países mais avançados. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 45 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Clubes de convergência Neste vídeo, traremos uma abordagem sobre a evidência empírica que parece mostrar que nem todos os países convergem para a renda alta. Na realidade, essa convergência parece estar ligada às condições iniciais de uma economia, o que pode se observar nos clubes de convergência. Embora haja evidência de que existe, de fato, uma trajetória de convergência absoluta entre diferentes regiões, especialmente as que apresentam homogeneidade de condições econômicas, políticas e sociais, existe um grande grupo de países de baixa renda que não conseguem iniciar o processo de convergência para níveis de renda mais alta. Esses países se mantêm estagnados nos seus respectivos níveis de renda e parecem nunca conseguir iniciar um processo consistente e sustentado de crescimento econômico que eleve seus níveis de renda per capita e reduzam as disparidades em relação a países mais avançados. A convergência condicional no modelo de Solow depende basicamente dos níveis de poupança, pois níveis de poupança diferentes levam a economia para estados estacionários diferentes, e, consequentemente, diferentes níveis de renda. Ocorre que inúmeras heterogeneidades entre diferentes economias, além daquelas compreendidas no modelo de Solow, podem impedir que o processo de convergência absoluta aconteça da forma como prevê o modelo. Dentre essas heterogeneidades, pode-se destacar: diferenças nas tecnologias utilizadas no processo de produção, diferenças institucionais, como garantias do Estado de Direito, diferenças no nível de integração comercial. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 46 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Resumindo A disparidade de condições econômicas, políticas e sociais faz com que a convergência tenda a ocorrer entre países com características similares. Em outras palavras, a convergência parece existir, porém ocorre em clubes, tipicamente chamados de clubes de convergência. Falta pouco para atingir seus objetivos. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 47 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Supondo que todos os países tenham parâmetros homogêneos de tecnologia e poupança, é uma das previsões do modelo de Solow que países mais pobres crescem a taxas mais altas que países mais ricos e, a longo prazo, atingem os mesmos níveis de renda. Esse processo se refere à Parabéns! A alternativa E está correta. A convergência absoluta se refere ao processo de catching up, processo no qual economias mais pobres reduzem suas disparidades de renda em relação a economias mais ricas. Questão 2 A convergência condicional. B convergência transitória. C convergência de Solow. D convergência estacionária. E convergência absoluta. Luiz Eduardo Geoffroy 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 48 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# A partir do que foi apresentado a respeito das relações de convergência absoluta para os estados dos EUA, as prefectures do Japão e os países da Europa, é possível concluir que: Parabéns! A alternativa A está correta. As regiões da Europa, mais heterogênea, parecem apresentar uma relação de convergência menos clara e muito dependente do país no qual estão inseridas. A Heterogeneidades institucionais, tecnológicas e produtivas podem impactar negativamente o processo de convergência absoluta dos níveis de renda per capita. B Regiões dos EUA e Japão apresentam convergência absoluta dos níveis de renda per capita, enquanto a convergência típica das regiões europeias é condicional. C EUA e Japão apresentam níveis de renda per capita menores que a Europa. D A Europa se encontra em um processo de divergência absoluta. E Apesar de heterogeneidades institucionais, tecnológicas e produtivas, todas as diferenças de longo prazo no PIB per capita das economias podem ser completamente explicadas pela taxa de poupança. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 49 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html#Considerações finais O Modelo de Solow produziu contribuições teóricas importantes, mas que, por vezes, podem parecer distantes do mundo real. Neste conteúdo, foram apresentadas aplicações empíricas desse modelo, bem como uma análise de aderência de suas principais hipóteses em relação aos dados da economia. A ênfase dessas aplicações empíricas se deu sobre a relevância da produtividade para o crescimento econômico e sobre a hipótese de convergência proposta pelo modelo. Em relação à relevância da produtividade, o módulo 1 mostrou que, do modelo de Solow, é possível derivar a metodologia da contabilidade do crescimento. Essa metodologia é uma importante forma de mensurar indiretamente os ganhos de produtividade de uma economia e sua contribuição para o crescimento econômico. Em relação à hipótese de convergência, estudos para os EUA e Japão mostram que, de fato, regiões mais pobres tendem a apresentar taxas de crescimento econômico mais elevadas, enquanto regiões mais ricas costumam apresentar taxas de crescimento econômico mais baixas. A evidência sugere que, sob homogeneidade política, social e econômica, a hipótese de convergência se sustenta. Nesse caso, economias mais pobres tendem a convergir para o nível de renda de economias mais ricas. 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 50 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# Podcast Ouça, no podcast, uma abordagem a respeito dos aspectos do modelo Solow. Explore + Para aprofundar os conhecimentos adquiridos neste conteúdo, sugerimos a leitura do seguinte livro: ROMER, D. Advanced Macroeconomics. 4. Ed. 2012. Referências BARRO, R.; SALA-I-MARTIN, X. Economic Growth. 2. Ed. Massachussetts Institute of Technology, 2003. BARRO, R.; SALA-I-MARTIN, X. Convergence across states and regions. In: Brookings papers on economic activity, nº 1, 107-182, 1991. CHRISTENSEN, L. R.; CUMMINGS, D.; JORGENSON, D. W. Relative productivity 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 51 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# CHRISTENSEN, L. R.; CUMMINGS, D.; JORGENSON, D. W. Relative productivity levels, 1947-1973: an international comparison. In: European Economic Review, Volume 16, Issue 1, 1980. ELIAS, V. J. Sources of growth: a study of seven latin american economies. San Francisco: ICS Press, 1990. HSIEH, C. What explains the industrial revolution in East Asia? Evidence from the factor markets. In: American Economic Review, 92, jun., 502-526, 2002. JORGENSON, D. W.; GRILICHES, Z. The explanation of productivity change. In: Review of Economic Studies, 34, jul., 249-280, 1967. YOUNG, A. The tyranny of numbers. Confronting the statistical realities of the East Asian growth experience. In: The Quartely Journal of Economics, v. 110, n. 3, p. 641-680, 1995. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material javascript:CriaPDF() 17/01/24, 07:02Aplicação empírica de modelos de crescimento econômico Page 52 of 52https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02380/index.html# O que você achou do conteúdo? Relatar problema
Compartilhar