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Higiene do Trabalho II

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Prévia do material em texto

HIGIENE DO TRABALHO II
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Luciane Eloisa Brandt Benazzi
Indaial - 2020
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
B456h
 Benazzi, Luciane Eloisa Brandt
 Higiene do trabalho II. / Luciane Eloisa Brandt Benazzi. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
 252 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-432-7
 ISBN Digital 978-85-7141-433-4
1. Higiene do trabalho. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 363.110981
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
AGENTES FÍSICOS ......................................................................... 7
CAPÍTULO 2
AGENTES QUÍMICOS ................................................................... 83
CAPÍTULO 3
AGENTES BIOLÓGICOS E ERGONÔMICOS ............................. 161
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico!
É com enorme satisfação que apresentamos a você o material didático que 
direcionará a disciplina Higiene do Trabalho II, abordando assuntos fundamentais 
que fazem parte do contexto diário da segurança e higiene do trabalho.
Vale relembrar que a Higiene do Trabalho, de modo geral, trata do 
reconhecimento, avaliação e controle de agentes ambientais laborais que podem 
causar danos à saúde dos trabalhadores, uma vez que há diversos riscos 
ambientais e organizacionais a que os trabalhadores estão expostos, em função 
de sua inserção nos processos de trabalho.
A natureza da atividade desenvolvida, as características de organização 
e a exposição aos agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos podem 
comprometer a saúde do trabalhador em um curto, médio ou longo prazo, caso 
esses riscos não sejam controlados ou minimizados, tendo em vista que o 
ambiente laboral deve ser adaptado ao trabalhador e não o contrário.
Assim, conhecer profundamente os agentes/riscos, como estes penetram ou 
são absorvidos no corpo do trabalhador e quais as agressões ou doenças que 
podem causar, subsidiam a escolha da melhor proteção individual e coletiva, 
bem como o controle sobre a saúde do trabalhador, sendo essenciais para o 
desenvolvimento dos programas de saúde e segurança do trabalhador.
Nesta direção, o objetivo geral da disciplina é aprimorar seus conhecimentos 
no que se refere à higiene de trabalho, visando à melhoria do seu desempenho 
profissional, fornecendo subsídios para que possa atuar de maneira eficiente e 
em consonância com as legislações vigentes.
A estrutura deste livro está dividida em três capítulos. O primeiro capítulo 
apresenta os agentes físicos, especificamente sobre pressões anormais, umidade, 
radiações ionizantes e não ionizantes. No segundo capítulo, adentra-se de forma 
particular sobre os agentes químicos presentes no ambiente de trabalho e o 
terceiro capítulo trata dos agentes biológicos, dos agentes ergonômicos e sobre 
alguns estudos de casos relativos aos agentes estudados.
Como pode-se constatar, os assuntos são abrangentes e, por isso, não 
se pretende esgotar temas tão complexos, mas apresentar considerações 
relevantes, disponibilizadas nas mais diversas fontes bibliográficas atuais, bem 
como contextualizar e tematizar algumas questões. Por isso, ao longo do livro 
serão indicadas leituras técnicas e complementares, além de vídeos que tratam 
sobre os temas abordados, a fim de que você possa explorá-los com mais 
profundidade, viabilizando um conhecimento ainda mais amplo, tornando-o mais 
qualificado para o mundo do trabalho.
Em cada seção, estarão disponibilizadas atividades de estudo que lhe 
possibilitarão o aprofundamento dos conteúdos, proporcionando, assim, uma 
revisão e reflexão sobre cada um dos agentes discutidos, permitindo verificar o 
quanto você está avançando em seu processo de aprendizagem.
Esperamos que essa obra, a qual foi preparada com muito esmero e 
dedicação, seja bem aproveitada e muito útil na sua prática profissional, bem 
como que você participe de todas as atividades propostas.
Desta forma, agora você é convidado a trilhar os caminhos de novos 
conhecimentos, fazendo deste processo um momento em que seus horizontes 
possam descortinar-se, construindo novos saberes, alinhando a teoria e a prática 
para o seu desenvolvimento profissional ainda mais promissor.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
AGENTES FÍSICOS
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Proporcionar conhecimentos sobre agentes e riscos físicos, especificamente 
sobre pressões anormais, umidade, radiações ionizantes e radiações não 
ionizantes presentes no ambiente de trabalho, orientando e habilitando os 
profissionais para a identificação, a análise e a avaliação dos riscos físicos 
inerentes às várias atividades laborais, bem como seus possíveis impactos e 
medidas preventivas e de correções para que possam trabalhar de maneira 
integrada e contributiva em equipes multidisciplinares com vistas à proteção e à 
prevenção.
� Classificar e avaliar qualitativamente os agentes/riscos físicos pressões 
anormais (hipobáricas e hiperbáricas).
� Identificar o agente/risco físico umidade, bem como sua ocorrência, formas 
avaliativas, normas vigentes, malefícios à saúde do trabalhador e medidas de 
proteção e prevenção.
� Conhecer profundamente os agentes/riscos radiações ionizantes e radiações 
não ionizantes presentes no ambiente ocupacional.
� Reconhecer que estes agentes/riscos (pressões anormais, umidade, radiações 
ionizantes e radiações não ionizantes) são capazes de ocasionar alterações na 
saúde do trabalhador ou afetar o seu conforto e a sua eficiência.
� Indicar medidas de proteção individual e coletiva de acordo com o tipo de risco 
a que o trabalhador estiver exposto, a fim de eliminá-lo ou reduzi-lo em níveis 
aceitáveis.
8
 Higiene do Trabalho II
9
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, abordaremos alguns agentes físicos, como pressões 
anormais, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes. Antes de iniciarmos, 
que tal relembrarmos, de forma sucinta, um pouco sobre os agentes físicos?
 
Vejamos o que a NR-9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos 
Ambientais, através da Portaria MTB nº 871, de 6 de julho de 2017, define sobre 
agentes físicos: “Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia 
a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, 
pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não 
ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom” (BRASIL, 2017).
A NR-9 não indica a umidade como agente físico, uma vez que os agentes 
físicos são, em última análise, alguma forma de energia liberada pelas condições 
dos processos e equipamentos a que será exposto o trabalhador. 
A maior parte da literatura disponível classifica a umidade como agente 
físico, o que justifica sua inserção neste material. Também cabe mencionar que 
não serão abordados o ultrassom e o infrassom neste capítulo.
FIGURA 1 – AGENTES FÍSICOS
FONTE: A autora
Outro fato que devemos levar em consideração é a diferença 
entre agente e risco, pois muitas vezes esses termos são utilizados 
de forma inadequada e até mesmo como sinônimos. Vale lembrar que 
a NR-9, em seu item 9.1.5, considera os agentesfísicos, químicos e 
biológicos, existentes no ambiente de trabalho, como riscos ambientais, 
em decorrência de sua natureza, concentração/intensidade e tempo 
Outro fato que 
devemos levar em 
consideração é 
a diferença entre 
agente e risco, 
pois muitas vezes 
esses termos são 
utilizados de forma 
inadequada e 
até mesmo como 
sinônimos.
10
 Higiene do Trabalho II
de exposição, os quais poderão causar danos à saúde do trabalhador (BRASIL, 
2017). Portanto, a diferença, justamente, reside aí, ou seja, um agente somente 
será um risco, quando esse estiver afetando a saúde do trabalhador.
Neste sentido, os riscos físicos podem comprometer a performance dos 
trabalhadores, que “podem sofrer diversos efeitos na saúde que variam em razão 
da sensibilidade, suscetibilidade e defesa do organismo” (ROSSETE, 2014, p. 
14).
Após esta rápida revisão dos agentes físicos, iniciaremos nossa reflexão 
sobre as pressões anormais. Esperamos que você aproveite bem a seção, 
através da leitura dos conteúdos e participação nas atividades propostas.
2 PRESSÕES ANORMAIS
Os trabalhadores, de modo geral, são influenciados pela pressão do ar, que 
é igual ou muito próxima à pressão atmosférica, no desenvolvimento das suas 
atividades e não sentem sua intensidade, uma vez que estão acostumados com 
ela. Contudo, existem situações especiais em que alguns trabalhadores ficam 
expostos às pressões atmosféricas acima ou abaixo das pressões normais a que 
estamos inseridos, ou seja, desempenham suas atividades laborais em ambientes 
disbáricos. 
De acordo com a Associação Brasileira de Especialistas e Trabalhadores 
Disbáricos (ABRAETD), caso haja a incapacidade do organismo em equilibrar a 
pressão das suas cavidades pneumáticas ou outras, com a pressão ambiental em 
variação, ocorrerão patologias e acidentes disbáricos, sendo que a profundidade 
ou a altitude, o tempo de permanência e a velocidade da transição à atmosfera 
normal são alguns dos fatores de risco (ABRAETD, 2014). 
Conforme Neto (2015), as pressões anormais são classificadas em 
dois tipos: baixas pressões (hipobárica) e altas pressões (hiperbárica), 
as quais veremos a seguir.
Cabe enfatizar que o trabalho em pressões anormais é considerado 
especial pela legislação previdenciária (OLIVEIRA, 2017), bem como 
fatores de riscos do meio ambiente do trabalho, conforme Tabela 23 
da Nota de Documentação Evolutiva - NDE nº 01/2018 - Anexo II, sob os códigos 
01.01.019 - Pressão Hiperbárica e 01.01.020 - Pressão Hipobárica.
As pressões 
anormais são 
classificadas 
em dois tipos: 
baixas pressões 
(hipobárica) e 
altas pressões 
(hiperbárica).
11
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
2.1 BAIXAS PRESSÕES OU 
PRESSÕES HIPOBÁRICAS
As baixas pressões ou pressões hipobáricas são aquelas que se 
situam abaixo da pressão atmosférica normal (a pressão atmosférica 
média no nível do mar mede 760 mm Hg ou 1 ATM), sendo que as 
atividades realizadas em condição hipobárica são aquelas desenvolvidas 
em grandes altitudes. Assim, quanto mais elevada a altitude, menor será 
a pressão barométrica e, consequentemente, menor será a pressão 
parcial de oxigênio (PO2) e dos demais gases (SCALDELAI et al., 2012). 
Contudo, cabe frisar que não importa a altitude, o percentual de O2 
presente no ar segue inalterado, sendo que as únicas alterações são 
nos valores das pressões parciais.
Como exemplos de trabalhadores que atuam em ambiente disbárico 
(pressão atmosférica menor) temos os astronautas, os aeronautas 
(piloto, copiloto, comissário de bordo), os paraquedistas, os alpinistas, 
os montanhistas, as pessoas que trabalham em regiões naturalmente 
altas, entre outros.
Como o organismo humano reage a essa pressão hipobárica? O ar 
atmosférico é uma mistura de diferentes gases, formado essencialmente por 
nitrogênio (78%), oxigênio (21%) e outros gases (1%), e quando estamos 
expostos a elevadas altitudes, há uma redução da pressão parcial de oxigênio 
no organismo (sangue e tecidos corporais), denominada de hipóxia, que, de 
modo geral, pode acarretar alterações fisiológicas e cerebrais no ser humano. 
Assim, o corpo humano, ao ser submetido à exposição a uma altitude elevada, 
fisiologicamente precisa desencadear uma série de modificações e ajustes que 
vão desde o sistema cardiovascular até o músculo esquelético, passando pelos 
sistemas endócrino e imunológico, até chegar ao cérebro, a fim de adaptar-se a 
essa condição hipobárica.
Com a diminuição da pressão atmosférica, o ar se torna rarefeito e, 
consequentemente, há menos oxigênio disponível para ser respirado e entrar nos 
pulmões, fazendo com que a hemoglobina não consiga transportar o oxigênio em 
quantidade suficiente para que as funções fisiológicas corporais se mantenham 
em equilíbrio.
Neste sentido, a atividade laboral em altitude faz com que ocorra perda de 
água corporal, o que aumenta a viscosidade sanguínea, decaindo o volume de 
ejeção e fazendo com que haja um aumento da frequência cardíaca para sanar 
momentaneamente essa queda de volume. 
As baixas pressões 
ou pressões 
hipobáricas são 
aquelas que se 
situam abaixo da 
pressão atmosférica 
normal (a pressão 
atmosférica média 
no nível do mar 
mede 760 mm Hg 
ou 1 ATM), sendo 
que as atividades 
realizadas em 
condição hipobárica 
são aquelas 
desenvolvidas em 
grandes altitudes.
12
 Higiene do Trabalho II
À medida que ocorrem mudanças na fisiologia do nosso organismo devido 
às condições hipobáricas, surgem efeitos fisiopatológicos que podem ir desde 
uma simples fadiga mental e muscular, mal-estar, cefaleia, respiração ofegante, 
prurido, sonolência, desorientação, até uma hemorragia retiniana, hipóxia 
hipobárica, podendo evoluir para um edema pulmonar e/ou edema cerebral, 
levando a graves complicações e, muitas vezes, ao óbito. 
Portanto, grandes altitudes suscitam uma instabilidade da homeostase 
corporal, necessitando que o organismo se ajuste às mudanças fisiológicas 
quando exposto a elevadas altitudes por tempo prolongado, adotando medidas 
compensatórias, cujo processo é denominado de aclimatação.
Diante dessa realidade, especificamente no que se refere aos aeronautas, 
estes estão inseridos em um ambiente laboral seguro e confortável (temperatura, 
pressão e umidade) através das cabines pressurizadas, mantendo a pressão 
abaixo daquela correspondente à altitude na qual a aeronave está voando, 
protegendo a tripulação contra o efeito da hipóxia. No entanto, e se acontecer um 
problema de despressurização ou descompressão?
Primeiramente, é importante relatar que os efeitos causados pela 
despressurização dependerão da rapidez com que a descompressão 
ocorrerá, bem como dos fatores que ocasionaram tal evento, podendo 
acarretar manifestações como: saída brusca do ar dos pulmões; sintomas de 
aeroembolismo (formação de bolhas de nitrogênio no sangue devido à súbita 
diminuição da pressão atmosférica) e aerobarotraumas (traumas decorrentes da 
dificuldade de equalização de pressão interna no ouvido com a externa); confusão 
mental, entre outros.
A exposição à baixa pressão barométrica faz com que haja a expansão 
gasosa nas cavidades corporais, denominada de aerodilatação, podendo levar 
à aerodontalgia (inflamação dental), disfunção da articulação temporomandibular 
(ATM), aerogastralgia e aerocolia (estômago e intestino grosso), barotite média 
e barosinusite (inflamação aguda ou crônica do ouvido médio e seios da face), 
perfuração timpânica e alteração no paladar.
Amplie seus conhecimentos lendo o material “Fisiologia 
da Aviação”, disponível no site da Sociedade Brasileira de 
Medicina Aeroespacial: <https://www.sbma.org.br/copia-dica-
de-almoco>.
13
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
Que tal vermos agora sobre trabalho sob condições hiperbáricas?
2.2 ALTAS PRESSÕES OU PRESSÕES 
HIPERBÁRICAS 
As altas pressões, também denominadas de pressões hiperbáricas, são 
as que se situam acima da pressão atmosférica normal,estando presentes 
nos ambientes abaixo do nível do mar e, de modo artificial, nos ambientes 
pressurizados propositalmente. Por serem consideradas uma atividade de alto 
risco, apresentam uma legislação específica (NR-15 - Anexo 6) a ser obedecida.
Assim, o Anexo 6 da NR-15, em seu item 2.1 (VII), que trata do trabalho sob 
condições hiperbáricas, relata que condição hiperbárica é “qualquer condição em 
que a pressão ambiente seja maior que a atmosférica”, ou seja, é todo trabalho 
realizado em que a pressão é maior do que a do nível do mar.
Conforme a Associação Brasileira de Especialistas e Trabalhadores 
Disbáricos (ABRAETD, 2014), fazem parte das atividades em ambientes com 
pressões hiperbáricas: o mergulho (pesquisa, exploração, trabalhos e reparos 
submarinos, construções subaquáticas, manutenção de embarcações etc.), coleta 
de pérolas, pesca de lagosta, tubulões pressurizados, câmaras hiperbáricas, 
Shields (tatuzões), plataformas de petróleo, mineração, entre outras.
Quem são os que atuam em ambientes disbáricos sob pressão 
hiperbárica?
De acordo com a literatura analisada, temos os mergulhadores (aquaviários); 
homens-rãs; trabalhadores em minas; profissionais que atuam em subterrâneos; 
escavadores; pescadores, especialmente de lagostas e ostras; trabalhadores 
da construção civil pesada; geólogos; metroviários; petroleiros; antropólogos; 
profissionais da área da saúde, especialmente os profissionais hiperbaricistas, que 
atuam em tratamentos com oxigenoterapia hiperbárica, em câmaras hiperbáricas 
multiplace (onde o atendente também entra para a realização do procedimento); 
entre outros.
14
 Higiene do Trabalho II
De modo geral, as altas pressões são encontradas em trabalhos submersos 
ou abaixo do nível do lençol freático, onde são utilizadas pressões elevadas para 
expelir a água do local, sendo que o trabalhador fica submetido a uma pressão 
atmosférica acima do normal, podendo, dessa forma, ocasionar danos à saúde 
caso não sejam levadas em consideração medidas preventivas e de segurança 
(SCALDELAI et al., 2012). É preciso lembrar que os trabalhadores devem estar 
bem preparados e treinados para executar atividades sob alta pressão, uma vez 
que poderão submeter-se a pressões de até 3,4 kgf/cm², a uma profundidade de 
até 30 metros abaixo do nível do solo (ABRAETD, 2014).
Como consequências das altas pressões, podem ocorrer perfuração da 
membrana timpânica, quando o aumento de pressão for brusco; liberação de 
nitrogênio nos tecidos e vasos sanguíneos e até a morte (OLIVEIRA, 2014). 
Além disso, nessas condições, há o risco de doenças descompressivas, tendo 
em vista que, sob pressão, o nitrogênio se solubiliza no organismo e quando a 
descompressão ocorre de forma inadequada, esse nitrogênio se transforma em 
bolhas, causando diversas complicações, dentre elas: pulmonares, cardíacas, 
ósseas e tissulares. É importante relatar que a maioria dessas doenças é tratada 
em câmaras hiperbáricas, com o uso do oxigênio 100% pressurizado, através da 
oxigenoterapia hiperbárica (ABRAETD, 2014).
Já no que se refere aos profissionais hiperbaricistas, os quais não são 
amparados por legislação específica que os respaldem em seus direitos em 
Segurança e Saúde no Trabalho, as principais condições clínicas decorrentes da 
atividade em câmaras hiperbáricas são: barotraumas do ouvido médio; perfuração 
timpânica; otite barotraumática; barotrauma facial; sinusite barotraumática; 
labirintite; embolia traumática; artralgia hiperbárica; doença descompressiva; 
osteonecrose asséptica; intoxicação pelo oxigênio e/ou pelo nitrogênio; síndrome 
neurológica das altas pressões, demonstrando, assim, a vulnerabilidade laboral.
Para saber mais sobre esse assunto, acesse o site da Sociedade 
Brasileira de Medicina Hiperbárica, disponível em: <https://sbmh.
com.br/>.
Outro aspecto que merece destaque é que o Anexo 6 da NR-15 divide a 
condição hiperbárica em dois tipos: trabalhos sob ar comprimido e trabalhos 
submersos, definindo que ambos são passivos de recebimento de adicional 
15
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
de insalubridade (grau máximo). Contudo, referente à periculosidade, a NR-16 
não considera tais condições perigosas, não dando o direito ao adicional de 
periculosidade.
Os trabalhos sob ar comprimido são definidos, pelo Anexo 6 da NR-15, 
como: “[...] os efetuados em ambientes onde o trabalhador é obrigado a suportar 
pressões maiores que a atmosférica e onde se exige cuidadosa descompressão”, 
sendo eles: tubulões de ar comprimido e túneis pressurizados, os quais estão 
muito presentes em atividades da construção civil pesada, construção de pontes, 
viadutos, túneis em terrenos alagadiços, barragens, portos, indústria naval, entre 
outros e que são considerados de alto risco, podendo deixar sequelas irreversíveis 
ou serem fatais.
Trabalhos em túneis e escavações, que seja necessária a perfuração do 
solo, em um determinado momento será encontrada água e para que o trabalho 
se desenvolva de forma satisfatória, será utilizado o ar comprimido, através do 
tubulão (Figura 2), onde o trabalhador desenvolverá sua atividade dentro dele, 
uma vez que é injetado ar sob pressão, evitando que a água entre no local de 
trabalho, mantendo o ambiente seco. Portanto, é um sistema complexo, pois a 
pressão do tubulão deve ser mantida a fim de que não entre água, bem como 
para que o trabalhador não seja descomprimido de repente.
FIGURA 2 – TUBULÕES DE AR COMPRIMIDO: TRABALHADORES 
SOFRENDO AÇÃO DO AGENTE FÍSICO PRESSÕES ANORMAIS
FONTE: https://sites.google.com/site/langeotecniaefundacao/
contato/produtos. Acesso em: 20 abr. 2019.
16
 Higiene do Trabalho II
De acordo com o Anexo 6 da NR-15, tubulão de ar comprimido 
“é uma estrutura vertical que se estende abaixo da superfície da água 
ou solo através da qual os trabalhadores devem descer, entrando 
pela campânula, para uma pressão maior que a atmosférica”. 
Vale ressaltar que o trabalhador é comprimido dentro do tubulão e 
descomprimido quando termina a sua jornada de trabalho, sendo que esse 
processo deve ser muito bem realizado para que não tenha nenhum problema de 
saúde decorrente desse processo, objetivando a preservação da sua integridade 
física.
Diante dessa situação, as atividades realizadas sob ar comprimido são 
consideradas insalubres de grau máximo, sendo que a NR-15 faz uma série de 
orientações/restrições/prescrições relacionadas a esse tipo de atividade. 
Dentre as prescrições, o Anexo 6 (NR-15) relata que o trabalhador não 
pode sofrer mais que uma compressão num período de 24 horas; não pode estar 
exposto à pressão superior a 3,4 kgf/cm2 durante o transcorrer do trabalho, bem 
como não pode exceder oito horas em pressões de trabalho de 0 a 1,0 kgf/cm2; 
seis horas em pressões de 1,1 a 2,5 kgf/cm2 e quatro horas em pressões de 
trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm2. Além disso, o trabalhador deverá ter mais de 18 anos 
e menos de 45 anos de idade, ser submetido a exame médico pré-admissional 
periódico (a cada seis meses) e/ou em caso de ausência por mais de 10 dias ou 
afastamento por doença, ao retornar deverá ser submetido a novo exame, pelo 
médico do trabalho (medicina hiperbárica). Antes da jornada de trabalho deverá 
ser inspecionado pelo médico, não sendo permitido que trabalhadores com sinais 
de afecções das vias respiratórias ou outras moléstias, alcoolizados ou com sinais 
de ingestão de bebidas alcoólicas, desempenhem a função.
Convém enfatizar que, após a descompressão, os trabalhadores são 
obrigados a permanecer por duas horas, no mínimo, no local de trabalho, 
cumprindo um período de observação médica.
A NR-7 (PCMSO), no Quadro II, informa que o trabalhador que estiver em 
condições hiperbáricas deverá fazer radiografia de articulações coxofemorais 
(quadril) e escapuloumerais (ombros), sendo obrigatória por ocasião do exame 
admissional e anualmente. Essa obrigatoriedade ocorre tendo em vista a 
17
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOSCapítulo 1 
possibilidade de osteonecrose (morte de uma parte do osso decorrente da falta 
de irrigação sanguínea), decorrente das bolhas de nitrogênio que formam no 
corpo, devido ao não cumprimento do tempo de descompressão, afetando vários 
órgãos, inclusive os ossos, em especial as extremidades. Já o Anexo 6 da NR-15 
recomenda também a radiografia do joelho desses trabalhadores.
No que se refere ao trabalho submerso, de acordo com o Anexo 6 da NR-
15 (subitem 2.1 - inciso XXXII), é “qualquer trabalho realizado ou conduzido por 
um mergulhador em meio líquido”. O mergulhador é submetido a uma pressão 
atmosférica maior e é exigida uma cuidadosa descompressão, conforme as 
tabelas que constam no Anexo C.
Considera-se mergulhador o profissional qualificado e legalmente habilitado 
para utilização de equipamentos de mergulho, o qual deve passar por exame 
médico específico (admissional e periódico), por profissional qualificado, para o 
exercício da atividade (NR-15 Anexo 6). 
Quais são as normas que regem as atividades submersas? Basicamente, 
são o Anexo 6 da NR-15 (que trata das atividades de mergulho e trabalhos sob 
ar comprimido) e a Norma da Autoridade Marítima para Atividades Subaquáticas 
(NORMAM-15), aprovada pela Portaria 09/2000.
Saiba mais sobre a NORMAM-15. Acesse <https://www.
marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/normam15.
pdf> e amplie seus conhecimentos.
Os Anexos A e B, do Anexo 6 da NR-15, retratam sobre os padrões psicofísicos 
para seleção dos candidatos e para o controle dos profissionais mergulhadores 
em atividade, respectivamente. Para o primeiro grupo são considerados a idade, 
a anamnese e o exame médico, composto por: biometria; aparelhos circulatório, 
respiratório, digestivo e geniturinário; oftalmo-otorrinolaringológico; exame 
neuropsiquiátrico; exames complementares; testes de pressão, de tolerância ao 
oxigênio e aptidão física. Para o segundo grupo, os critérios são os mesmos, com 
algumas modificações.
Conforme NORMAM-15 e o Manual do Trabalho Submerso - normativa 
produzido pelo Grupo Técnico do Ministério do Trabalho e Emprego -, os 
18
 Higiene do Trabalho II
mergulhadores são classificados em dois níveis: mergulhador raso: podendo 
operar em até 50 metros de profundidade, utilizando ar comprimido como 
fonte respiratória, o qual é fornecido através de equipamento autônomo ou 
dependente, quando interligado à superfície e não podendo exceder a quatro 
horas o tempo máximo submerso diário; mergulhador profundo: podendo 
operar em profundidades maiores de 50 metros, com habilitação para operações 
de mergulho que exijam a utilização de mistura respiratória artificial (MRA), 
composta de hélio e oxigênio (HeO2), a fim de evitar o efeito narcótico, bem como 
necessita de um suporte/monitorização dado pela superfície. 
Ainda de acordo com o Manual, há diversas classificações do mergulho. 
Dentre elas, quanto ao tipo de equipamento, podendo ser: a) mergulho 
autônomo: utilizando ar comprimido SCUBA (cilindro), ou seja, a fonte de 
respiração é transportada pelo mergulhador; b) mergulho dependente: a fonte 
respiratória está na superfície (umbilical); c) mergulho com umbilical ligado 
diretamente à superfície: o mergulhador está preso à superfície pela linha de 
vida (para mergulho até 50 metros); d) mergulho com sino aberto (sinete): 
campânula com a parte inferior aberta e provida de estrado; e) mergulho com 
sino de mergulho (fechado): campânula fechada, utilizada para transferir 
os mergulhadores, sob pressão, entre o local de trabalho e a câmara de 
descompressão de superfície. O tempo de fundo deverá ser mantido dentro dos 
limites de mergulho sem descompressão, definidos nas tabelas do Anexo 6.
FIGURA 3 – MERGULHO COM EQUIPAMENTO AUTÔNOMO
FONTE: https://www.opetroleo.com.br/soldador-subaquatico-conheca-profissao-
que-tem-um-dos-maiores-salarios-do-mundo/. Acesso em: 20 abr. 2019.
19
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
FIGURA 4 – MERGULHO DEPENDENTE
FONTE: https://clickpetroleoegas.com.br/profissionais-de-mergulho-sao-
convocados-por-empresa-offshore/ Acesso em: 20 abr. 2019.
Segundo a NORMAM-15, o mergulho profundo é dividido em mergulho de 
intervenção (Bounce Dive) e mergulho saturado.
No mergulho de intervenção é utilizado o sino de mergulho (sino fechado) 
ou sinete (sino aberto), conforme pode ser visualizado nas Figuras 5 e 6. Com sino 
aberto, o tempo de permanência do mergulhador na água não poderá exceder a 
160 minutos e com sino de mergulho, o tempo de fundo não poderá exceder 90 
minutos, (até 90 metros de profundidade); 60 minutos (90 a 120 metros) e 30 
minutos (120 a 130 metros de profundidade), segundo o Anexo 6 da NR-15.
FIGURA 5 – EQUIPAMENTO PROFISSIONAL DO TIPO SINO FECHADO
FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sino_de_mergulho. Acesso em: 20 abr. 2019.
20
 Higiene do Trabalho II
FIGURA 6 – EQUIPAMENTO PROFISSIONAL DO TIPO SINO ABERTO
FONTE: http://www.revistastatus.com.br/2015/02/20/a-
caminho-da-escuridao/. Acesso em: 20 abr. 2019.
Já o mergulho saturado, conforme a NORMAM-15, emprega técnicas de 
saturação, nas quais o indivíduo é exposto à pressão por tempo suficiente para 
que o organismo atinja o limite de absorção de gás inerte, ou seja, ele é saturado 
de nitrogênio. Após, por meio de um sino fechado, ele é realocado para o local 
de trabalho, podendo trabalhar por um período maior (máximo de permanência 
será de 28 dias) e o espaço mínimo entre duas saturações será igual ao tempo 
de saturação, não podendo este período ser menor que 14 dias. O tempo total 
de estada sob saturação, num espaço de 12 meses consecutivos, não poderá 
exceder 120 dias, conforme as regras contidas no Anexo 6.
Nessa perspectiva, o mergulho de saturação é uma atividade em alta 
profundidade, desgastante e perigosa, como a do mergulhador de plataforma 
submarina de exploração de petróleo, por exemplo, o qual submerge a mais de 
300 metros de profundidade, com o objetivo de manipular válvulas nos oleodutos 
ou reparar equipamentos. Agora que já abordamos sobre os tipos de trabalho 
em condições hiperbáricas, vamos ver o que acontece com o organismo diante 
dessas atividades?
Para entendermos sobre esse tema, precisamos compreender um pouco 
sobre a respiração. Em primeiro lugar, respiramos porque necessitamos de 
oxigênio para a manutenção do nosso organismo e para liberar o gás carbônico. 
Para que isso aconteça, a glicose circulante no sangue reage com o oxigênio 
respirado, liberando energia para o funcionamento corporal, sobrando, assim, o 
gás carbônico (eliminado pela expiração) e a água (eliminada pela urina e pelo 
suor). Assim, o oxigênio chega até a célula e reage com a glicose, saindo o 
gás carbônico obtido por essa reação, fazendo com que inspiremos oxigênio e 
expiremos gás carbônico. 
21
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
Como vimos na condição hipobárica, quase 80% do ar que respiramos é 
nitrogênio, mas na respiração usamos o oxigênio. Como entender isso?
O nitrogênio é um gás inerte, pois o corpo humano não o utiliza. Dessa forma, 
a maior parte do ar que respiramos não usamos. Aqui, é importante lembrar que a 
pressão atmosférica do nitrogênio na superfície é de 0,8 ATM (representando 80% 
de 1 ATM). Então, à medida que o trabalhador exerce suas funções num local 
hiperbárico, a pressão relativa do nitrogênio é maior, entrando com mais facilidade 
nitrogênio no corpo (do pulmão para o sangue), sendo que essa quantidade 
depende da pressão e do tempo de exposição sob a pressão. Portanto, quanto 
maior a pressão e/ou o tempo de exposição, maior será a difusão do nitrogênio 
no corpo e, consequentemente, esse nitrogênio com maior pressão espalhado 
pelo corpo gerará a doença descompressiva, assim como poderá provocar efeito 
narcótico.
Podemos dizer que o aparelho auditivo é o mais exigido do corpo devido 
às condições hiperbáricas, uma vez que a pressão empurra o tímpano para 
dentro, ocasionandootalgia (dor de ouvido). Assim, deve-se realizar a manobra 
de Valsalva (pressão com a boca e nariz fechado) para que entre ar pela tuba 
faringotimpânica, a fim de regular/igualar a pressão do ouvido médio e a do ouvido 
externo, fazendo com que o tímpano retorne para a posição neutra (na pressão 
de superfície). Em contrapartida, quando o trabalhador emerge, a pressão do 
ouvido interno que estava elevada quando ele estava submerso, torna-se maior 
do que a pressão externa, esticando o tímpano para fora, sendo que a tuba 
deverá fazer com que o ar saia pela garganta para que o tímpano volte a sua 
posição neutra. Desta forma, o mecanismo de regulagem da pressão realizado 
pela tuba faringotimpânica é essencial para esses trabalhadores para que não 
tenham problemas auditivos.
Como visto anteriormente, o nitrogênio se espalha pelo corpo do trabalhador 
e deve ser eliminado, sendo que o indivíduo precisa ser submetido, de forma 
lenta, a pressões menores, para que, através da respiração, elimine gradualmente 
o excesso de nitrogênio, sendo esse processo denominado de descompressão. 
Todavia, quanto maior a quantidade de nitrogênio no corpo, maior será o 
tempo de descompressão, conforme as Tabelas disponibilizadas no Anexo 6. 
Lembrando que o processo de descompressão serve tanto para o trabalhador sob 
ar comprimido como para o que está submerso.
Assim, os riscos das atividades realizadas sob condições hiperbáricas estão 
relacionados com o momento de compressão e descompressão do trabalhador.
Logo, o trabalhador precisa ser pressurizado e despressurizado 
gradualmente, a fim de equilibrar a pressão dos gases contidos no corpo com 
o ambiente externo, pois se a descompressão for de forma abrupta, gerará 
22
 Higiene do Trabalho II
sintomas, causará dores abdominais, dentárias e nas articulações, rupturas dos 
alvéolos, funcionamento cerebral anormal, paralisia (caso a expansão dos gases 
atingir o sistema nervoso central), embolia gasosa, entre outros, inclusive levando 
ao óbito.
Para entender melhor sobre a atividade de mergulho, assista ao 
vídeo Pesca da Lagosta Nordeste do Brasil. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?time_continue=19&v=e-cLS-SI5_s>.
É oportuno frisar que o Anexo 6 da NR-15, em seu Anexo C, estabelece 
parâmetros para a descompressão como medidas de controle através das 
tabelas, as quais apresentam os mais diversos períodos de trabalho em função da 
pressão (trabalhos sob ar comprimido) e em função da profundidade e do tempo 
(trabalhos submersos), bem como padrões psicofísicos que recomendam a forma 
de tratamento para doença descompressiva e embolia gasosa.
Também é necessário esclarecer que, de acordo com o Anexo II da NDE 
nº 01/2018, Tabela 28, os trabalhos em caixões ou câmaras hiperbáricas (cód. 
09.009); trabalhos em tubulões ou túneis sob ar comprimido (cód. 09.010); 
operações de mergulho com o uso de escafandros ou outros equipamentos (cód. 
09.011); atividades sob ar comprimido (cód. 10.005) e submersas (cód. 10.006) 
são consideradas atividades especiais por exposição aos agentes físicos. Além 
disso, essas atividades são passíveis de aposentaria especial (PPP e LTCAT), 
conforme Decreto 3048/99 em seu Anexo IV (cód. 2.0.5).
Diante dessas considerações, segue um quadro com as doenças 
relacionadas ao trabalho sob ar comprimido, do Ministério da Saúde, através da 
Portaria nº 1339/GM de 18 de novembro de 1999.
QUADRO 1 – DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO: AR COMPRIMIDO
• Otite média não supurativa (H65.9).
• Perfuração da membrana do tímpano (H72 ou S09.2).
• Labirintite (H83.0).
• Otalgia e secreção auditiva (H92-).
• Outros transtornos especificados do ouvido (H93.8).
23
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
• Osteonecrose no “Mal dos Caixões” (M90.3).
• Otite barotraumática (T70.0).
• Sinusite barotraumática (IT70.1).
• “Mal dos Caixões” (Doença da Descompressão) (T70.4).
• Síndrome devido ao deslocamento de ar de uma explosão (T70.8).
FONTE: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1999/
prt1339_18_11_1999.html. Acesso em: 19 ago. 2019.
Como podemos constatar, a lista oficial brasileira de doenças relacionadas 
ao trabalho sob ar comprimido (condições hiperbáricas) refere-se a muitas 
doenças relacionadas ao ouvido, já que é o órgão mais afetado, justificando o 
item 1.3.7, do Anexo 6 da NR-15, que relata que trabalhadores com afecções 
nas vias respiratórias ou outras moléstias (gripe, sinusite) não deverão trabalhar 
em condições hiperbáricas, devendo ser examinados pelo médico antes da 
jornada de trabalho, a fim de detectar tais problemas. Essa lista também 
apresenta a labirintite, a sinusite e o “mal dos caixões” (osteonecrose e doença da 
descompressão). 
É oportuno frisar que a doença da descompressão pode afetar o cérebro e a 
medula espinhal, uma vez que as bolhas de nitrogênio podem se expandir até a 
medula, provocando paralisia dos membros inferiores, como pôde-se comprovar 
com os casos dos pescadores de lagostas ou provocar lesões cerebrais, como 
convulsões, AVC (derrame) e até levar ao óbito, como exemplificado no vídeo 
indicado para assistir. 
Existem, contudo, para as atividades realizadas sob condições hiperbáricas, 
as câmaras hiperbáricas de recompressão e terapêuticas, que têm como finalidade 
a descompressão e o tratamento de doenças descompressivas, respectivamente.
Para as atividades submersas, os mergulhadores devem permanecer dentro 
da câmara hiperbárica por algumas horas antes de realizar sua tarefa, objetivando 
a adaptação a essas condições. Já as câmaras de superfície servem para a 
descompressão dos trabalhadores, seja em decorrência da atividade exercida 
ou para tratamento hiperbárico e há, ainda, as câmaras terapêuticas, as quais 
são utilizadas exclusivamente para o tratamento hiperbárico (oxigenoterapia 
hiperbárica), sendo imprescindível nos casos de doenças descompressivas em 
mergulhadores, operários dos tubulões pressurizados e de outros profissionais 
que trabalham em ambientes hiperbáricos, uma vez que a pressão e o oxigênio 
são a única maneira que se tem para eliminar as bolhas de nitrogênio. Tal atividade 
envolve profissionais da saúde e de áreas multidisciplinares, já mencionados no 
24
 Higiene do Trabalho II
início dessa seção, quando apresentamos as principais patologias ocasionadas 
em profissionais hiperbaricistas. 
Agora, vamos ver como são realizadas as medidas de proteção coletiva para 
as condições hiperbáricas?
Conforme a literatura, pode-se atuar na fonte, modificando-a, ou seja, 
automatizar os processos de grandes riscos, como túneis de metrôs com o 
uso do Shield (tatuzão) ou um robô que realize trabalhos submersos a grandes 
profundidades, isto é, sem a presença de um ser humano. Outra forma é a 
manutenção preventiva dos equipamentos, os quais devem estar em perfeito 
funcionamento, a fim de evitar qualquer risco ao trabalhador, sendo que a NR 
aponta diversos testes que devem ser realizados, com item específico para 
a manutenção dos equipamentos. O treinamento diário é uma das principais 
ações, pois é fundamental que o trabalhador entenda o risco que ele está sendo 
submetido ao desempenhar sua tarefa e suas possíveis consequências.
Você sabia que pesquisas demonstram que os trabalhadores 
de tubulões pressurizados possuem pouco conhecimento sobre as 
normas que regem suas atividades? Você concorda? Um artigo que 
corrobora com isso é “Avaliação do conhecimento das normas de 
segurança no trabalho por trabalhadores em tubulões pressurizados”, 
que está disponível em: <http://www.rbmt.org.br/details/62/en-US/
avaliacao-do-conhecimento-das-normas-de-seguranca-no-trabalho-
por-trabalhadores-em-tubuloes-pressurizados>.
É importante lembrar que o Anexo 6 traz uma série de itens que o trabalhador 
deve seguir antes de realizar a tarefa sob condições hiperbáricas (planejamento, 
preparação, execução).
Relativo aos equipamentos de proteção individual (EPIs), especificamente 
para os mergulhadores, temosos controladores de pressão, tempo e profundidade; 
computadores de mergulho (que controlam profundidade, pressão, realizam 
cálculos de descompressão etc., ou seja, substituindo as tabelas do Anexo 6); 
tanques de ar e ares com misturas adequadas com equipamentos que realmente 
irão protegê-lo da condição hiperbárica. 
Para concluir, no que se refere às medidas de controle relativas ao 
25
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
trabalhador em condições de pressões anormais, o quadro a seguir apresenta um 
resumo destas.
QUADRO 2 – MEDIDAS DE CONTROLE EM CONDIÇÕES DE PRESSÕES ANORMAIS
FONTE: A autora
Consulte a NR-15, Anexo 6 “Trabalho sob condições 
hiperbáricas” e revise com detalhes os cuidados a serem tomados em 
condições hiperbáricas. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.
com.br/legislacao/nr/nr15_anexoVI.htm>. 
Assim, chegamos ao final dessa seção, onde vimos sobre as pressões 
anormais (condições hipobáricas e hiperbáricas), bem como sobre as patologias 
laborais causadas por elas, as normas vigentes e as medidas de controle 
aplicáveis.
Agora, convidamos você a testar os conhecimentos adquiridos.
26
 Higiene do Trabalho II
1 Todo local de trabalho apresenta uma pressão atmosférica, que é 
denominada de pressão normal. Entretanto, existem profissões 
ou ocupações que exigem que o trabalhador esteja em pressões 
diferentes da normal, as quais são denominadas de pressões 
anormais, que podem ser hipobáricas ou hiperbáricas. Sobre o 
assunto, classifique as sentenças em “V” para as verdadeiras e “F” 
para as falsas:
( ) As pressões anormais podem se dar em condições hipobáricas 
(pressões menores que a pressão atmosférica) ou hiperbáricas 
(pressões maiores que a pressão atmosférica), sendo a segunda 
a mais comum. 
( ) Como medida preventiva, no que se refere às atividades em 
condições hiperbáricas, podemos citar o cumprimento ao Anexo 6 
da NR-15, observando, unicamente, as tabelas de descompressão 
para o pessoal envolvido na atividade submersa. 
( ) Quando os trabalhadores estão expostos a uma pressão acima 
da atmosférica normal, como em tubulões a ar comprimido, esses 
devem receber insalubridade de grau máximo. 
( ) É exigida cuidadosa compressão e descompressão, de acordo 
com as tabelas do Anexo 5 da NR-15, sendo que antes de cada 
jornada de trabalho, os trabalhadores deverão ser inspecionados 
pelo médico, bem como o trabalhador não poderá sofrer mais de 
uma compressão num período de 48 horas. 
( ) Nas atividades laborais em grandes altitudes, como no caso dos 
aeronautas, à medida que se ganha altura sobre o nível do mar, 
a pressão total do ar ambiental e a concentração de oxigênio 
diminuem gradualmente. 
( ) Visando monitorar os trabalhadores expostos às pressões 
anormais (condições hiperbáricas, nas avaliações periódicas de 
saúde, deve ser solicitado pelo médico do trabalho radiografia 
das articulações coxofemorais e escapuloumerais como exame 
complementar, de acordo com o que preceitua a NR-7, Quadro II. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) V – V – V – F – V – V.
( ) F – F – V – F – F – V.
( ) V – F – V – F – V – V.
( ) F – V – F – V – V – F.
27
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
3 UMIDADE
Agora, discutiremos sobre o agente físico umidade, considerando os aspectos 
técnicos relativos à segurança, à higiene e à saúde no trabalho, objetivando a 
preservação da saúde do trabalhador exposto a essa condição.
Como já vimos na introdução dos agentes físicos, a umidade 
não faz parte da NR-9 (última atualização em 2017), mas está 
contemplada na NR-15 e em diversas fontes bibliográficas, sendo 
considerada um risco físico pela Portaria nº 25/1994, do Ministério do 
Trabalho e Emprego. 
Quando falamos em umidade, o que vem logo em mente? A maioria das 
pessoas associa a umidade com a quantidade de vapor de água que está 
presente na atmosfera, configurando se o ar está seco ou úmido, ou seja, a 
umidade relativa do ar. No entanto, a umidade, no âmbito laboral, também está 
relacionada às atividades desempenhadas em locais encharcados ou alagados, 
com excessiva umidade, o que pode trazer consequências à saúde do trabalhador, 
como veremos a seguir.
Há de se considerar que a umidade pode ser benéfica ou maléfica para o 
organismo, pois dependerá de como ela está presente no ambiente laboral, ou 
seja, se em maior ou menor quantidade, bem como de que forma o trabalhador 
está exposto a ela. Portanto, aqui abordaremos sobre o excesso de umidade no 
ambiente laboral e quem são os trabalhadores expostos.
3.1 ENTENDENDO A UMIDADE 
Para a NR-15, a umidade está relacionada a um local molhado, encharcado 
ou alagado. O que esses termos significam?
28
 Higiene do Trabalho II
De acordo com o Dicionário On-line de Português: Encharcado: 
que está envolto por charco; imerso em água parada, suja e 
lodacenta. Ensopado; que possui excesso de água. Alagado: que 
está envolto por água em excesso; inundado. 
FONTE: https://www.dicio.com.br. Acesso em: 6 maio 2019.
Assim, o Anexo 10 da NR-15, que aborda sobre umidade, define que as 
atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com 
umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão 
consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local 
de trabalho.
Em suma, o Anexo 10 relata que atividades desempenhadas em locais 
com excessiva umidade são caracterizadas como insalubres, uma vez que 
podem provocar danos à saúde do trabalhador, ou seja, que tem risco para a 
saúde (nocividade), conforme pode ser corroborado com a NR-9 - PPRA (Item 
9.1.5). Portanto, a nocividade tem a ver com a intensidade do agente (o quanto 
o trabalhador está molhado) e com o tempo de exposição (por quanto tempo ele 
está molhado). 
Quem são os trabalhadores que estão expostos a esse agente? Ao 
considerarmos o Anexo 10 da NR-15, podemos dizer que são trabalhadores 
que executam atividades ou operações em locais alagados ou encharcados, 
a exemplo de: rios; riachos; açudes; lagoas; represas; poços subterrâneos; 
tanques e regiões pantanosas (limpadores de riachos/esgotos; atividades de 
pesca, aquicultura); entre outros, conforme podemos visualizar na Figura 7. 
Trabalhadores que desempenham atividades em lavanderias, lavação de veículos, 
frigoríficos, cozinhas, limpeza em geral (predial, urbana), atividade a céu aberto 
(sujeito às intempéries), mineração, construção civil (escavação) etc., também 
estão expostos a esse agente.
29
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
FIGURA 7 – EXEMPLOS DE TRABALHADORES EM LOCAIS COM O AGENTE UMIDADE
FONTE: http://www.cmedicinaocupacional.com.br/site/novidades/
comentando-o-anexo-10-da-nr-15-umidade/. Acesso em: 6 maio 2019.
Convém ressaltar que a base legal para o risco físico umidade está 
contemplada na Lei 6.514/1977 (CLT), no Artigo 200 (Das Outras Medidas 
Especiais de Proteção): V - “proteção contra insolação, calor, frio, umidade 
e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto, com provisão, quanto a este, de 
água potável, alojamento profilaxia de endemias”, bem como o seu adicional de 
insalubridade consta nos Artigos 189 e 190 da CLT.
A NR-21 - Trabalho a Céu Aberto, no item 21.2, relata que “serão exigidas 
medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o 
calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes”. Assim como a CLT, a NR-21 
também está preocupada com a proteção do trabalhador frente ao risco umidade.
Um fato que merece atenção é sobre a diferença entre agente de 
insalubridade e adicional de insalubridade, pois trabalhadores expostos 
à chuva ou um lavador de pratos de um restaurante, por exemplo, estão 
expostos à umidade, mas não são contemplados com o adicional de 
insalubridade. Todavia, independente se o trabalhador faz jus ou não ao 
adicional de insalubridade, deve-se considerar que a umidade pode ser 
umagente agressor à saúde do trabalhador. Portanto, a meta primordial 
é a proteção da saúde do trabalhador, com o devido fornecimento do 
equipamento adequado para a realização da atividade laboral, a fim de 
que não venha sofrer consequências, acarretando danos a sua saúde, e 
não o adicional de insalubridade em si.
No Decreto nº 611/1992, o qual, na época, validou o Anexo do 
Decreto nº 53.831/1964, a umidade permaneceu como condição 
especial de trabalho até 5 de março de 1997. Entretanto, o Decreto nº 
2.172, de 6 de março de 1997, exclui o agente umidade para fins de 
enquadramento de tempo especial, de acordo com o Instituto Nacional 
do Seguro Social (2017).
Um fato que 
merece atenção é 
sobre a diferença 
entre agente de 
insalubridade 
e adicional de 
insalubridade, 
pois trabalhadores 
expostos à chuva 
ou um lavador 
de pratos de 
um restaurante, 
por exemplo, 
estão expostos à 
umidade, mas não 
são contemplados 
com o adicional de 
insalubridade.
30
 Higiene do Trabalho II
Conforme o Anexo II da NDE nº 01/2018, as atividades executadas em 
locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva (cód. 10.009) são 
consideradas atividades especiais por exposição a agentes físicos e o Anexo 
10 da NR considera uma atividade insalubre de grau médio (20% do salário 
mínimo), sendo que a eliminação ou neutralização da insalubridade determinará 
a cessação do pagamento do adicional. A NR-16 não considera a umidade como 
um agente perigoso. 
É importante destacar que a ACGIH (American Conference of 
Governmental Industrial Hygienists) e outros órgãos internacionais, 
como NIOSH (National Institute of Occupational Safety and Health) 
e OSHA (Occupational Safety and Health Administration) não 
estabelecem limites de tolerância para o agente umidade, bem como 
não consideram a umidade como um agente em higiene ambiental 
de forma isolada e que precisa ser tratado especificamente, ou seja, 
diferentemente da legislação brasileira, onde a umidade está prevista 
na NR-15, mais precisamente no Anexo 10, como agente insalubre, 
tendo como principal característica a produção de danos à saúde 
do trabalhador (intensidade e tempo de exposição a esse agente), a 
qual acarretará consequências ao trabalhador, sendo essa análise 
qualitativa, pois depende da percepção visual.
Dessa maneira, embora tenhamos uma legislação específica para 
o adicional de insalubridade frente ao risco umidade, não há uma regra 
clara, ocasionando controvérsias, uma vez que o Anexo 10 é abreviado, 
trazendo pouca informação a respeito da exposição. 
Ao analisarmos a lista de doenças relacionadas ao trabalho do 
Ministério da Saúde (Portaria nº 1.339/1999), o item 27 aborda sobre 
os agentes físicos, químicos ou biológicos que afetam a pele, mas não 
apresenta a umidade como um agente físico, bem como não consta nenhuma 
doença relacionada à umidade nessa listagem. No entanto, a umidade excessiva 
danifica a pele, o que facilita a ação de agentes biológicos, como bactérias, 
fungos, entre outros, ocasionando micoses. Assim, geralmente, a umidade está 
associada a outros agentes ambientais, como o calor, o frio e os riscos biológicos. 
Em consequência disso, as doenças ocupacionais relacionadas à 
umidade se encontram na lista do Ministério da Saúde relativa aos agentes/
riscos biológicos (do Grupo II da Classificação de Schilling), onde constam a 
Dermatofitose (infecções micóticas que afetam a superfície epidérmica, devido 
a fungos dermatófitos) e Outras Micoses Superficiais, devido a trabalhos em 
condições de temperatura elevada e umidade (cozinhas, piscinas e ginásios).
A ACGIH (American 
Conference of 
Governmental 
Industrial Hygienists) 
e outros órgãos 
internacionais, 
como NIOSH 
(National Institute 
of Occupational 
Safety and Health) e 
OSHA (Occupational 
Safety and Health 
Administration) não 
estabelecem limites 
de tolerância para 
o agente umidade, 
bem como não 
consideram a 
umidade como um 
agente em higiene 
ambiental de forma 
isolada e que 
precisa ser tratado 
especificamente
31
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
Também é oportuno relatar que órgãos, como OSHA, NIOSH, 
International Labour Organization (ILO) e European Agency for Safety 
and Health at Work reconhecem a umidade associada ao frio, o que 
pode ocasionar o pé de emersão, degradando os tecidos do pé devido 
a uma exposição prolongada em ambiente úmido ou molhado e com 
temperatura acima do ponto de congelamento (10 a 15 ºC).
Não se pode deixar de mencionar que, além da questão umidade 
e dos agentes micóticos, a água também serve de contaminante para 
esses trabalhadores, uma vez que pode estar poluída, causando 
doenças por bactérias (leptospirose, cólera etc.), por vírus (rotavírus, hepatite 
etc.) e por parasitas (esquistossomose, giárdia etc.).
Tendo em vista que as atividades as quais o trabalhador é exposto ao agente 
umidade são diversas, como vimos anteriormente, no que se refere às medidas 
de proteção coletiva, estas também são variadas, podendo ser através de 
estudo de modificação no processo de trabalho; automação de processos 
de risco; isolamento de processos; revezamento com diminuição do tempo 
de exposição; treinamento; instalações sanitárias adequadas para secagem 
e troca de vestimenta; abrigo contra as intempéries; colocação de ralos para 
escoamento da água, estrado de madeira, entre outras medidas.
Já no que se refere à proteção individual (EPI), esta é essencial, haja 
vista as controvérsias com relação aos geradores do adicional de insalubridade 
e à proteção do trabalhador, que é o fator primordial. Em função disso, o uso 
de vestimentas impermeáveis é imprescindível (macacão e capa), sem 
desconsiderar o calor e o suor, fazendo revezamento e pausa. Além do uso de 
avental, botas e luvas de PVC e perneiras.
Considerando a NR-7, não existem exames específicos que 
detectem se o trabalhador está exposto ao excesso de umidade, sendo 
que o médico do trabalho deverá enfatizar o exame médico para as 
lesões específicas das doenças relacionadas à umidade excessiva, 
especialmente para as patologias dermatológicas, bem como estar 
atento aos sinais e sintomas relatados pelos trabalhadores. Pessoas 
com doenças dermatológicas, alérgicas e com doenças circulatórias 
periféricas devem ser restringidas a exercerem funções sob essas 
condições, pois há a tendência de aumentar esses riscos. Essa NR também 
enfatiza a importância das palestras educativas aos trabalhadores, os quais 
devem conhecer os efeitos da umidade excessiva, as patologias geradas, bem 
como a identificação dos primeiros sinais e sintomas, a fim de buscar atendimento 
médico imediato.
 
Órgãos, como 
OSHA, NIOSH, 
International Labour 
Organization 
(ILO) e European 
Agency for Safety 
and Health at Work 
reconhecem a 
umidade associada 
ao frio.
Considerando a 
NR-7, não existem 
exames específicos 
que detectem se 
o trabalhador está 
exposto ao excesso 
de umidade.
32
 Higiene do Trabalho II
Desta forma, finalizamos a seção, na qual vimos os efeitos da umidade 
excessiva no organismo, as normas aplicáveis à exposição ocupacional e as 
medidas de controle.
Atividades exercidas ou operações executadas em locais com 
excessiva umidade, ou seja, em locais encharcados ou alagados, 
podem acarretar danos à saúde do trabalhador, devendo, desta 
forma, ter uma atenção especial por parte dos profissionais 
prevencionistas, a fim de implantar medidas de proteção.Com base 
no tema umidade excessiva no ambiente laboral, responda:
1 Complete as lacunas a seguir:
a) As atividades laborais desempenhadas em locais com 
_______________ (pouca/excessiva) umidade são 
caracterizadas como ______________ (insalubres/salubres), 
uma vez que podem provocar _____________ (danos/benefícios) 
à saúde do trabalhador. 
b) As atividades ou operações executadas em locais alagados 
ou encharcados estão amparadas pelo Anexo ___________ 
(10/9) da ___________ (NR-13/NR-15), considerandoatividade 
insalubre de grau __________ (médio/máximo).
c) No _____________ (PCMSO/PPRA) em seu Quadro II não 
consta o risco umidade, mas o ______________ (clínico/
médico do trabalho) deve enfatizar as lesões _______________ 
(oculares/dermatológicas).
2 Relacione as colunas de acordo com o controle da exposição do 
trabalhador exposto à umidade excessiva no que se refere às 
medidas de proteção:
I- EPI.
II- EPC.
( ) Colocação de estrado de madeira. 
( ) Uso de avental de borracha.
( ) Macacão impermeável.
( ) Capacitação e treinamento.
33
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) II – I – I – II.
( ) I – I – II – II.
( ) II – I – II – I.
( ) I – II – II – I.
4 INTRODUÇÃO À RadiaçÃO E ÀS 
RADIAÇões IONIZANTES
Agora, abordaremos sobre as radiações do tipo ionizante, sua conceituação; 
ocorrência; efeitos das exposições; limites de tolerância; medidas de controle e 
medidas preventivas, além de apresentar as Normas Regulamentadoras vigentes, 
a fim de proporcionar conhecimento sobre sua aplicação, uso e riscos.
Antes de adentrarmos no assunto específico sobre as radiações ionizantes, 
faremos uma breve revisão sobre radiação.
4.1 INTRODUÇÃO À RADIAÇÃO
Com certeza você já ouviu falar muito em radiação! Já parou para pensar o 
que é radiação? 
Muitos associam a radioatividade fazendo analogia aos acontecimentos 
como o de Fukushima, Chernobyl, Hiroshima e Nagasaki ou a catástrofe nuclear 
brasileira com o césio-137 em Goiânia. Entretanto, é certo que estamos expostos 
a ela a todo momento, sem nem mesmo estarmos conscientes disso, seja no dia 
a dia ou no ambiente laboral, ou seja, a radiação existe em todo lugar, através dos 
raios cósmicos, da radiação terrestre (radônio), da incorporação de radioisótopos 
(alimentos) ou nas exposições ambientais específicas.
A principal radiação e a mais abundante é a luz solar, ou seja, a luz branca, 
que varia do vermelho ao violeta, compondo a luz visível.
É importante lembrarmos que o olho humano somente consegue captar 
radiações de certas frequências, que vai do vermelho (frequência mais baixa e 
34
 Higiene do Trabalho II
comprimento de onda maior) até o violeta (frequência mais alta e comprimento de 
onda menor), conforme pode ser visualizado na Figura 8.
Portanto, a radiação que vemos se encontra dentro desta estreita fração 
do espectro eletromagnético (espectro visível), sendo que acima da frequência 
do violeta existem outras radiações, como a radiação ultravioleta, e abaixo da 
frequência do vermelho existe a radiação infravermelha, por exemplo, as quais 
não são visíveis ao olho humano e que serão vistas detalhadamente adiante.
FIGURA 8 – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_vis%C3%ADvel. Acesso em: 19 ago. 2019.
Veja que, na figura, o espectro eletromagnético é o intervalo de todas 
as possíveis frequências (Hz) e comprimentos de onda (m) da radiação 
eletromagnética, ou seja, ele se estende desde as ondas de alta frequência até as 
de mais baixa frequência e, em contrapartida, o comprimento de onda se estende 
da menor para a maior. 
Convém ressaltar que todas as radiações que veremos durante a nossa 
disciplina serão comparadas às faixas visíveis, isto é, do vermelho ao violeta, 
pois as faixas acima do violeta e abaixo do vermelho são as mais nocivas aos 
trabalhadores, como veremos mais adiante.
Na literatura, podemos constatar diversas definições e classificações sobre 
radiação. Antes disso, que tal iniciarmos com um pouco da história?
Muito antes que a vida surgisse, os materiais radioativos e suas 
radioatividades já existiam na Terra, mas foi somente no final do século XIX que 
noções sobre radiação foram abordadas. A Figura 9 ilustra um breve panorama 
histórico dos precursores da ciência da radiação.
35
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
FIGURA 9 – PIONEIROS DA CIÊNCIA DA RADIAÇÃO
FONTE: A autora
Como podemos constatar na figura, os raios X foram descobertos em 1895, 
pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen, rendendo-lhe, em 1901, o primeiro 
Prêmio Nobel de Física, tendo em vista um grande avanço para a medicina. Em 
1896, Henri Becquerel, cientista francês, descobriu, acidentalmente, o fenômeno 
da radioatividade, após colocar alguns filmes fotográficos em uma gaveta junto 
a fragmentos de um mineral que continha urânio. Em seguida, a química Marie 
Sklodowska Curie deu continuidade à pesquisa sobre radioatividade, tornando-
se a primeira a usar esse termo e, em 1898, junto a seu marido, Pierre Curie, 
identificaram que à medida que o urânio liberava radiação, este transformava-
se em outros elementos, os quais denominaram de polônio e de radium (rádio), 
recebendo o Prêmio Nobel de Física, em 1903, juntamente a Becquerel. Em 1911, 
ela recebeu outro Prêmio Nobel por descobertas na química da radiação.
No início do século XX, em 1903, Ernest Rutherford formulou hipóteses sobre 
as emissões radioativas, após profundos estudos, formulando o primeiro modelo 
atômico criado. Até hoje permanecem suas características (ANDREUCCI, 2013).
Outro fato histórico que merece destaque é que em 1928, durante o 2º 
Congresso Internacional de Radiologia, em Estocolmo, foi estabelecido o 
Comitê Internacional de Proteção aos Raios X e ao Rádio e que durante 
a 2ª Guerra Mundial foi reestruturado e renomeado como Comissão 
Internacional em Proteção Radiológica (International Commission on 
Radiological Protection - ICRP).
Neste momento, você deve estar se perguntando: e qual é a 
definição de radiação? Como dissemos no início, temos diversas 
definições e a que apresentamos é a de Saliba (2015, p. 131): 
Radiação pode ser definida como “ondas eletromagnéticas vibratórias 
que se trasladam no espaço acompanhadas por um campo magnético 
vibratório, com as características de um movimento ondulatório”. Assim, 
as radiações se movimentam no espaço em forma de ondas, dependem 
Radiação pode 
ser definida 
como “ondas 
eletromagnéticas 
vibratórias que se 
trasladam no espaço 
acompanhadas 
por um campo 
magnético 
vibratório, com as 
características de 
um movimento 
ondulatório”.
36
 Higiene do Trabalho II
do comprimento e da frequência da sua onda eletromagnética e “viajam” na 
velocidade da luz.
As radiações são categorizadas em dois tipos de fontes: naturais e artificiais, 
as quais são capazes de realizar ionização em moléculas ou átomos.
 
As radiações de fontes naturais, as quais estão presentes no ambiente 
e não há maneira de evitar a sua exposição, são responsáveis pela maior parte 
das exposições humanas. Dentre elas, temos as fontes terrestres (solo; gás 
radônio - que é a principal fonte de exposição à radiação em todos os tipos de 
minas subterrâneas), fontes em alimentos e bebidas (radionuclídeos) e os raios 
cósmicos, que são a maior fonte natural de exposição externa à radiação e, 
portanto, é pertinente remetermos à altitude, pois o nível de exposição aumenta 
e, consequentemente, afeta os trabalhadores da aviação e astronautas, por 
exemplo.
Você sabia que pessoas que vivem ao nível do mar recebem, 
em média, uma dose efetiva anual de cerca de 0,3 mSv proveniente 
de fontes cósmicas de radiação ou, grosseiramente, 10 - 15% de sua 
dose total proveniente de fontes naturais? (UNEP, 2016).
Profissionais da saúde envolvidos nas áreas de radiações de 
fontes artificiais recebem uma dose efetiva anual média de cerca de 
0,5 mSv (UNEP, 2016).
Já no que se refere às radiações de fontes artificiais, o uso da energia 
do átomo para diversas finalidades, pelos cientistas, aumentou muito nos últimos 
anos, sendo as aplicações médicas as mais prevalentes, seguidas das fontes 
ocupacionais (aplicações industriais; indústrias/usinas nucleares).
A Figura 10 apresenta uma estimativa de dose anual que uma pessoa recebe 
por ano, demonstrando que, em média, a dose anual proveniente de fontes 
naturais é 2,4 mSv,sendo que 2/3 desse valor provêm de substâncias radioativas 
do ar que respiramos, dos alimentos que comemos e da água que bebemos. Já no 
que se refere às fontes artificiais, em média, recebemos 0,65 mSv (UNEP, 2016). 
37
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
FIGURA 10 – EXPOSIÇÕES MÉDIAS DO PÚBLICO POR FONTES DE RADIAÇÃO*
*ESTIMATIVA DE DOSE EFETIVA PARA UMA PESSOA EM UM ANO (MÉDIA MUNDIAL)
FONTE: http://www.ird.gov.br/index.php/publicacoes/download/35-
publicacoes/109-publicacao-das-nacoes-unidas-sobre-efeitos-
da-radiacao-e-fontes. Acesso em: 14 maio 2019.
As radiações estão divididas em dois grupos: a corpuscular ou de partícula e 
a eletromagnética, sendo que o esquema a seguir auxilia a entender melhor o que 
é a radiação.
FIGURA 11 – CLASSIFICAÇÃO DA RADIAÇÃO
FONTE: A autora
38
 Higiene do Trabalho II
Conforme a figura, a radiação, de forma bem concisa, é uma forma de energia, 
podendo estar dividida em radiação corpuscular e radiação eletromagnética.
A radiação corpuscular ou de partícula é formada por um feixe de 
partículas, compostos por elétrons, prótons, nêutrons, partículas alfa, entre 
outras; enquanto que a radiação eletromagnética é uma forma de energia que se 
propaga através de ondas com a combinação de campos elétricos e magnéticos 
oscilantes, viajando no vácuo ou no ar, na mesma velocidade que a luz.
As radiações eletromagnéticas podem ser descritas como ionizantes e 
não ionizantes, dependendo da quantidade de energia e segundo o resultado de 
sua interação com a matéria, sendo denominada de ionizante “quando a radiação 
é superior à energia de ligação dos elétrons de um átomo com o seu núcleo, 
suficiente para arrancar elétrons de seus orbitais e de não ionizante, quando isso 
não ocorre” (INSS, 2017, p. 98).
Saliba (2015) informa que a diferença entre as duas é que a quantidade 
de energia da radiação não ionizante é insuficiente para desalojar elétrons dos 
tecidos do corpo humano. De forma bem simplificada, podemos dizer que o que 
diferencia uma radiação ionizante de uma não ionizante é a frequência da onda, 
comprimento e energia irradiada.
A figura a seguir nos mostra exemplos de diferentes aplicações utilizando 
radiação não ionizante e ionizante, bem como demonstra que a não ionizante 
possui um comprimento de onda eletromagnética maior e uma frequência baixa 
em relação à ionizante. 
FIGURA 12 – EXEMPLOS DE RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE E IONIZANTE
FONTE: https://radioprotecaonapratica.com.br/wp-content/uploads/2017/11/
diferentes_utilizacoes_radiacao.png. Acesso em: 19 ago. 2019.
39
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
Está lembrado dos pioneiros da ciência da radiação? Devido à exposição 
constante e sem os devidos cuidados preventivos, que na época nem se tinha 
conhecimento, eles sofreram alguns efeitos. Henri Becquerel, ao colocar um 
frasco de rádio no bolso, teve danos na pele. Wilhelm Conrad Roentgen, em 
1923, faleceu devido a um câncer no intestino e Marie Curie veio a óbito, em 
1934, devido a uma doença sanguínea.
Atualmente, sabe-se que a energia da radiação pode danificar o tecido 
vivo, causando efeitos biológicos, ou seja, danos tardios e/ou genéticos, quando 
atingem as fitas do ácido desoxirribonucleico (DNA), acarretando alguma 
mutação celular, podendo levar ao câncer. Há também os efeitos imediatos, como 
queimaduras na pele, infertilidade e alopecia (queda de cabelo).
A quantidade de energia da radiação acumulada no tecido é denominada 
de dose, podendo ser expressa de diferentes formas, pois depende de quanto 
o corpo, ou parte do corpo, tenha sido irradiado, bem como a quantidade de 
pessoas expostas e a duração do tempo de exposição.
Desta forma, temos a dose de exposição (X), que é a quantidade de radiação 
transferida para determinada massa de ar; a dose absorvida (D), expressa em 
uma unidade denominada gray (Gy), que é a quantidade de energia da radiação 
absorvida por quilograma de tecido; a dose equivalente ou dose de efeito (H), 
que serve para comparar doses absorvidas resultantes de diferentes tipos de 
radiação, é avaliada em uma unidade chamada sievert (Sv). Há também a dose 
efetiva, que é um indicador da probabilidade de indução de câncer e de efeitos 
genéticos, pois leva em conta a suscetibilidade de causar danos em diferentes 
tecidos e órgãos e a dose efetiva coletiva, resultante de todas as doses efetivas 
recebidas por cada indivíduo em uma população e é expressa em homem.sievert 
(homem.Sv), conforme UNEP (2016) e Pereira (2015).
O UNSCEAR (United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic 
Radiation) avalia informações científicas sobre os efeitos da exposição à radiação 
em humanos e no meio ambiente, utilizando faixas de doses, empregando o termo 
dose alta para maior do que ~1 Gy; dose moderada para ~100 mGy a ~1 Gy; dose 
baixa para ~10 mGy a ~100 mGy e dose muito baixa para menor do que ~10 mGy. 
Para se ter ideia, uma dose maior que 50 Gy danifica o sistema nervoso central de 
tal forma que a morte ocorre em poucos dias. Mesmo doses menores, como uma 
dose de 8 Gy pode provocar diversos sinais e sintomas, como náuseas, vômitos, 
diarreia, salivação, sudorese, cefaleia, fadiga, apatia, letargia, entre outros.
Vale ressaltar que a radiação, por ter diferentes quantidades de energia e 
tipos de partículas, apresenta diferentes poderes de penetração, bem como 
diferentes efeitos na matéria viva. Contudo, veremos mais detalhadamente sobre 
esse tema em outro momento.
40
 Higiene do Trabalho II
Convidamos você a ler o artigo “A Radiação: Má ou Boa”, 
publicado na Revista Internacional em Língua Portuguesa, de 2018, 
o qual está disponível em: <http://rilp-aulp.org/index.php/rilp/article/
view/RILP2018.34.7>.
5 RADIAÇÕES IONIZANTES
Veremos agora, mais especificamente, sobre a radiação ionizante, que 
é definida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) como “energia 
capaz de interagir com a matéria, arrancando elétrons de seus átomos (ionização) 
e modificando as moléculas”, ou seja, essas radiações possuem um poder 
energético elevado, que transformam os átomos ou moléculas em íons, à medida 
que interagem com a matéria. São invisíveis, pois estão numa frequência de onda 
acima do espectro visível. Devido ao seu comprimento de onda e alta frequência 
são capazes de ionizar.
A radiação ionizante se propaga pelo ar e também por contato direto, bem 
como se comporta como a luz, uma vez que emite radiações espalhadas. Há a 
utilização de um colimador, criando um feixe único, concentrando a radiação, 
como quando somos submetidos a um raio X, pois a potência maior ionizante 
vai para a pessoa que está sendo radiografada. Todavia, isso não significa que 
não há radiação no restante do ambiente e, portanto, o profissional que está 
realizando o exame também está exposto, só que em menor quantidade. Outra 
forma de propagação é através do contato direto com a fonte, como o contato 
direto com a gamagrafia industrial, que é uma das principais causas de acidentes 
com trabalhadores.
O que significa ionizante? Devemos lembrar que toda matéria é constituída 
de átomos, os quais são compostos por prótons (carga positiva) e nêutrons (carga 
neutra) que estão inseridos no seu núcleo e, girando em torno desse núcleo, 
existem os elétrons (carga negativa), sendo que todo átomo tem carga neutra, ou 
seja, a mesma quantidade de prótons e elétrons. Desta forma, a ionização ocorre 
quando há uma alteração dessa neutralidade, passando a ter uma carga positiva 
ou negativa, formando um íon, expulsando o elétron da sua órbita. Outro fato 
importante é que a ionização não ocorre somente com as ondas eletromagnéticas, 
mas também com partículas nucleares, que veremos a seguir.
41
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
Cabe ressaltar que o termo nuclear ou energia nuclear é bastante conhecido, 
especialmente no que se refere à usina nuclear, medicina nuclear, arma nuclear e 
gamagrafiaindustrial.
Outro ponto a discutir é sobre as fontes de radiação ionizante. Você lembra 
quais são elas? As fontes geradoras de radiação ionizante são: gás radônio; 
construções e solos; raios cósmicos, comidas e bebidas e fontes artificiais 
(energias nucleares, testes de armas atômicas, atividades médicas, as quais 
são as principais, em especial, o raio X etc.). Além disso, são fontes geradoras: 
atividades de operação e manutenção de reatores nucleares; atividade de 
operação e manutenção de aceleradores de partículas (ex.: radioterapia, 
tratamento de câncer ou fabricação de radiofármaco); atividades de operação 
com aparelhos de raio X; irradiadores de radiação gama (utilizado na radioterapia 
por Cobalto-60 para tratamento de câncer ou para a esterilização de material 
médico e de alimentos, a fim de eliminar os micróbios, entre outros); radiação beta 
(utilizada na medicina, especialmente para tratamento da tireoide com iodo-131) 
ou radiações de nêutrons (através da bomba aceleradora de nêutrons, utilizada 
para o tratamento de tumor da glândula parótida); atividades de medicina nuclear 
(aparelho de cintilografia, por exemplo) e descomissionamentos de instalações 
nucleares, radioativas, de minas, moinhos, usinas de tratamento de minerais 
radioativos.
Portanto, as radiações ionizantes são assim denominadas, tendo em vista 
a produção de ionização nos materiais sobre os quais incidem, bem como são 
provenientes de materiais radioativos, como: raios alfa (α), beta (β) e gama (γ) 
ou através da produção artificial, como raio X (SCALDELAI et al., 2012).
Vamos, agora, conhecer as principais características destas radiações? 
l Partículas alfa (α): são partículas que provêm da emissão do núcleo 
de átomos instáveis, as quais apresentam uma grande quantidade de 
energia em curtas distâncias, o que limita seu poder de penetração, ou 
seja, a radiação alfa é a combinação de dois prótons e dois nêutrons que 
saem do núcleo do átomo, sem que possa penetrar uma folha de papel, 
por exemplo (ver Figura 13). Seus efeitos na exposição humana são 
observados no tecido cutâneo, uma vez que essa radiação é facilmente 
suavizada pela camada superficial da pele. Portanto, a maior parte 
destas partículas não consegue atravessar a camada externa da pele. 
Já em casos de exposição acidental, através de ingestão ou inalação, 
no organismo humano, devido a sua toxidade, torna-se uma fonte de 
exposição interna nos órgãos e tecidos expostos (BREVIGLIERO; 
POSSEBON; SPINELLI, 2017). A radiação alfa é a maior e, por isso, é a 
menos penetrante, tornando-se perigosa se atingir os pulmões ou se for 
42
 Higiene do Trabalho II
ingerido algum material capaz de emiti-la. Seu principal risco quanto aos 
elementos químicos emissores está em sua ingestão (PEREIRA, 2015).
l Partículas beta (β): são partículas emitidas por núcleos de átomos 
instáveis, isto é, a radiação beta é um elétron que parte do núcleo 
atômico. É uma radiação que penetra facilmente na matéria ao ser 
comparada com a alfa; por isso, conseguem atravessar a pele, mas não 
todo o corpo, conforme pode-se visualizar na Figura 13. No que se refere 
aos danos biológicos, a radiação beta pode causar lesões oculares e 
cutâneas (SCALDELAI et al., 2012).
l Radiação gama (γ): são ondas eletromagnéticas de frequência elevada 
e de altíssima energia, que têm origem no núcleo do átomo, com alto 
poder de penetração, inclusive todo o corpo humano, devido a não 
terem massa, devendo ser blindadas por materiais densos (chumbo, 
concreto e aço). É uma radiação que não pode ser percebida, uma 
vez que não envolve partículas. Provocam danos mais profundos no 
organismo humano, tendo em vista seu poder de penetração e nível de 
energia. Portanto, podem causar alterações genéticas, anemia, câncer e 
leucemia, por exemplo (SCALDELAI et al., 2012; PEREIRA, 2015).
l Raio X: é uma onda eletromagnética ionizante não nuclear, pois não 
é produzida no núcleo do átomo e sim num equipamento, através de 
movimentos de elétrons, gerando uma onda eletromagnética de alta 
frequência, a qual é capaz de ionizar. Portanto, não é uma energia 
nuclear, pois não existe no aparelho de raio x um elemento radioativo. 
É uma radiação que atravessa o papel, o corpo humano e o aço, mas 
não penetra o chumbo. São utilizados na área da saúde, em aeroportos 
e diversas outras atividades. Assim, os raios alfa e beta oferecem menor 
risco, tendo em vista que produzem menor penetração no organismo, 
enquanto que o raio gama e os raios X são mais maléficos, uma vez que 
têm alto poder de penetração (SCALDELAI et al., 2012), conforme pode-
se comprovar na figura a seguir.
43
AGENTES FÍSICOSAGENTES FÍSICOS Capítulo 1 
FIGURA 13 – PODER DE PENETRAÇÃO DO RAIO ALFA, BETA E GAMA
FONTE: http://www.eletronuclear.gov.br/Nossas-Atividades/Documents/
EIA/v01_02_caracterizacao.html. Acesso em: 2 abr. 2019.
Há também os nêutrons, produzidos artificialmente e que também podem 
ocorrer naturalmente como componentes da radiação cósmica. Por serem partículas 
eletricamente neutras, eles possuem um alto poder de penetração à medida que 
interagem com material ou tecido.
Desde a descoberta dos raios X por Röntgen e da radioatividade por Becquerel, 
como já mencionado, as radiações ionizantes passaram a ser amplamente utilizadas 
em diversas áreas e são comumente encontradas em serviços de saúde (diagnóstico 
e tratamento médico e diagnóstico odontológico); em indústrias (controle de 
processos, como medição de nível, espessura e gramatura etc.); radiografia industrial 
(avaliação de soldas, peças etc.); agricultura (verificar a ação de fertilizantes, ensaio 
sobre a alimentação do gado, marcação de insetos para eliminação de pragas); 
esterilização de produtos e alimentos; medição de umidade e densidade de solos; 
escâneres de inspeção corporal e de cargas; traçadores radioativos; transporte de 
materiais radioativos; prospecção de petróleo e inúmeras outras aplicações, conforme 
consta na literatura.
Embora algumas aplicações, como na área da saúde, resultassem em 
benefícios para a população, com o uso indiscriminado da radiação ionizante e a 
falta de conhecimento sobre os riscos associados à exposição às fontes radioativas, 
começaram a aparecer os danos advindos dos efeitos biológicos desse tipo de 
radiação.
O que acontece com o trabalhador que está exposto às radiações ionizantes?
44
 Higiene do Trabalho II
5.1 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS 
RADIAÇÕES IONIZANTES
Inicialmente, considerando que todo indivíduo é constituído por sistemas, 
órgãos, tecidos, células e assim por diante, tudo é formado por átomo. Portanto, 
somos formados por átomos e moléculas. Também é importante recordar que o 
principal efeito provocado pela radiação ionizante é a ionização, que é a capacidade 
de arrancar elétrons dos átomos e, consequentemente, transformar o átomo em íon. 
O átomo forma uma molécula; a molécula forma uma substância e esta, por sua 
vez, forma uma célula, sendo que os efeitos biológicos podem acontecer em função 
dessa ionização ocorrida no átomo, que forma a célula. Nesse sentido, a célula é 
basicamente formada por membrana, citoplasma e núcleo, sendo que a radiação 
atua com mais intensidade no núcleo da célula, onde se encontra a molécula do 
DNA, que é a mais importante, não a única, na qual haverá a atuação da radiação. 
Dessa forma, as radiações ionizantes, por serem invisíveis, agirem de forma 
lenta e devido a sua alta energia, podem ser nocivas, pois favorecem reações 
químicas entre os átomos presentes no corpo humano, alterando a estrutura das 
células, causando danos aos órgãos e ao ser humano como um todo. Assim, os 
efeitos biológicos dessa radiação ocorrem quando a radiação translada energia para 
as moléculas das células dos tecidos expostos, ocorrendo em quatro etapas: efeitos 
físicos, químicos, biológicos e orgânicos.
Há que se considerar que os efeitos biológicos das radiações dependem da dose 
ministrada, bem como da distribuição

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