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O Ambiente e as Doenças do Trabalho

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Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
O AMBIENTE E AS 
DOENÇAS DO TRABALHO
Autores: Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo
 Sabino Scipiecz
363.11
A119a Abatepaulo, Antonio Roberto Rodrigues
 O ambiente e as doenças do trabalho / 
 Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo e Sabino Scipiecz. 
 Indaial : Uniasselvi, 2013.
 104 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830-740-0
 1. Segurança do trabalho.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Prof. Márcio Moisés Selhorst
Revisão de Conteúdo: Profa. Talita Cristiane Sutter Freitas
Revisão Gramatical: Profa. Sandra Pottmeier
Revisão Pedagógica: Profa. Bruna Alexandra Franzen
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Copyright © Editora UNIASSELVI 2013
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial.
Possui graduação em Enfermagem pela 
Universidade do Vale do Itajaí (2003), mestrado 
em Saúde e Gestão do Trabalho pela Universidade 
do Vale do Itajaí (2008). Atualmente é professor da 
Faculdade Metropolitana de Blumenau (FAMEBLU/
GRUPO UNIASSELVI). Também é orientador de curso 
na Faculdade de Tecnologia SENAC - Blumenau. Tem 
experiência na área da saúde e gestão, com ênfase 
na saúde pública. No EAD, publicou: biossegurança.
Sabino Scipiecz
Formado em Biomedicina pelo Centro 
Universitário Barão de Mauá. Mestre em Imunologia 
Básica e Aplicada pela Faculdade de Medicina de 
Ribeirão-Preto - FMRP/USP. Coordenador do Curso de 
Biomedicina da Faculdade Metropolitana de Blumenau 
e Delegado do Conselho Regional de Biomedicina - 
CRBM1.
Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7
CAPÍTULO 1
Medicina do Trabalho .................................................................. 9
CAPÍTULO 2
Doenças do Trabalho ................................................................ 31
CAPÍTULO 3
Primeiros Socorros no Ambiente de Trabalho ..................... 67
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Gostaria de desejar boas vindas a você e sucesso em seu aprendizado. 
Espero que esta disciplina possa contribuir com seu desenvolvimento e aperfeiçoar 
o seu saber frente às questões que envolvem a Medicina do Trabalho. Nota-se 
que há uma constante evolução em relação aos cuidados com o trabalhador, 
principalmente no que tange aos aspectos legislativos. Fazer você compreender 
esses aspectos, os riscos aos quais o colaborador está exposto e poder atuar de 
forma preventiva, são os principais objetivos desta disciplina.
Durante os capítulos são sugeridas atividades para que possamos estimulá-lo 
a pensar e a desenvolver o raciocínio de fixação dos conteúdos mais importantes, 
assim como indicações de leitura para complementação do seu saber. É 
importante que haja seu envolvimento e comprometimento para o enriquecimento 
do processo de aprendizagem.
No capítulo 1 você terá a oportunidade de entender um pouco mais sobre 
a Medicina do Trabalho e o contexto legal que a envolve para posteriormente 
seguirmos, no capítulo 2, e entender os riscos a que o trabalhador está exposto em 
suas atividades e o desenvolvimento de algumas doenças do trabalho. Por fim, 
dividiremos com você conhecimentos que lhe permitam compreender e aplicar os 
procedimentos de primeiros socorros em caso de acidentes no setor de trabalho.
Bons Estudos!
Os autores.
CAPÍTULO 1
Medicina do Trabalho
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
  Situar os serviços de Medicina do Trabalho na dinâmica do mercado atual 
(PCMSO).
  Compreender a legislação vigente frente à Medicina do Trabalho.
  Reconhecer e classifi car os riscos ocupacionais.
  Elaborar intervenções preventivas no ambiente de trabalho (Mapas de Risco).
  Capacitar para a utilização adequada dos EPI e EPC.
10
O ambiente e as doenças do trabalho
11
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
ConteXtualiZaçÃo
Saúde e trabalho são conceitos que nos acompanham desde os primórdios 
de nossa história. Prova disso é que estão evidentes em diversos documentos 
ou relatos de civilizações antigas. No mundo em que vivemos, é difícil imaginar a 
saúde e as atividades laborais caminhando separadas. Entretanto, foi exatamente 
o que aconteceu por milênios. Duas das nossas maiores preocupações 
contemporâneas estiveram distantes uma da outra. Essa relação somente 
“surgiu” aos nossos olhos em tempos muito mais recentes, basicamente após a 
Revolução Industrial (século XVIII). E é a partir de então que começamos a 
angariar conhecimento nessa área. Neste capítulo estudaremos a importância da 
medicina do trabalho tanto para o trabalhador quanto para a empresa. 
Dessa forma, como de praxe em todo estudo médico ou laboral, as verdades 
estão em constante atualização (ou mesmo mudança radical), não há certezas 
absolutas, entretanto abordaremos sobre os tipos de riscos ocupacionais 
aos quais os trabalhadores podem ser expostos, as equipes de segurança 
das empresas, o SESMT (Serviço de Engenharia e Segurança e Medicina do 
Trabalho) e suas principais funções. Com afi nco e interesse, você se aprofundará 
no mundo da Medicina do Trabalho e compreenderá conceitos que lhe serão de 
grande serventia em sua prática profi ssional.
Medicina do Trabalho
Atividade de Estudos: 
1) Para iniciarmos nossos estudos, precisamos entender o conceito 
mais básico frente à defi nição sobre Medicina do Trabalho. Você 
conseguiria descrever o que sabe sobre Medicina do Trabalho 
antes de escrevermos sobre o tema?
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12
O ambiente e as doenças do trabalho
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Antes de respondermos à pergunta acima, precisamos entender um pouco 
da história e da organização dos serviços de saúde nos ambientes de trabalho. 
A Revolução Industrial transformou o trabalho artesanal em uma 
produção de larga escala. A dedicação do homem ao trabalho chegava 
ao seu limite de exaustão, o que fez com que surgissem intervenções 
para o cuidado com os trabalhadores da época (SCHILLING, 1981). 
O ano de 1830 foi um marco para a Medicina do Trabalho e quando 
ela de fato ocorreu. A história se resume quando um empresário do 
ramo têxtil resolve colocar o seu médico particular para cuidar de seus 
empregados na tentativa de oferecer-lhes melhores condições de 
trabalho (NOGUEIRA, 1984). Porém, somente após mais de um século, 
mais precisamente no ano de 1953, a Organização Internacional do 
Trabalho cria a denominação de Medicina do Trabalho. Com o passar 
de alguns anos, principalmente no período pós - II Guerra, nota-se que 
a preocupação não deveria ser somente com a saúde do trabalhador, 
mas com o ambiente em que ele desenvolve suas atividades.Surge, 
então, o termo Saúde Ocupacional, a qual se desenvolve ou é aplicada 
por equipes multiprofi ssionais e interdisciplinares (MENDES; COSTA 
DIAS, 1991). 
A Saúde Ocupacional tem como objetivos principais:
- a promoção e manutenção do bem-estar físico, mental e social 
dos trabalhadores em todas as ocupações; 
- a prevenção, entre os trabalhadores, de doenças ocupacionais 
causadas por suas condições de trabalho;
- a proteção dos trabalhadores em seus empregos, dos riscos 
resultantes de fatores adversos à saúde;
O ano de 1830 
foi um marco 
para a Medicina 
do Trabalho e 
quando ela de fato 
ocorreu. A história 
se resume quando 
um empresário do 
ramo têxtil resolve 
colocar o seu 
médico particular 
para cuidar de 
seus empregados 
na tentativa de 
oferecer-lhes 
melhores condições 
de trabalho 
(NOGUEIRA, 
1984).
13
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
- a colocação e conservação (manutenção) dos trabalhadores nos 
ambientes ocupacionais adaptados às suas aptidões fi siológicas 
e psicológicas;
- a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem ao seu 
próprio trabalho.
A medicina é uma das áreas que age nesse processo, com 
funções e deveres pré-estabelecidos ao profi ssional médico. Este 
faz parte de uma grande equipe que forma os pilares da saúde 
ocupacional, associado a engenheiros de segurança do trabalho, 
profi ssionais de estatística, ergonomia, toxicologia etc.
Fonte: Disponível em: <http://unimedvivasaude.com.br/saudeocupacional/
saude_ocupacional.html>. Acesso em: 20 abr. 2013.
A Medicina do Trabalho é o ramo da medicina que se preocupa com a saúde 
física e mental do trabalhador, tendo em vista protegê-lo dos riscos de agentes 
nocivos e acidentes inerentes à sua ocupação, aumentando assim o rendimento 
de seu trabalho (VIEIRA, 2008).
Logo, o exercício correto da defi nição supracitada é benéfi co para todos os 
constituintes do meio de trabalho, desde trabalhador e empregador até o poder 
público que fortalece sua economia.
Inicialmente a Medicina do Trabalho seguia os mesmos passos da medicina 
em geral, tratava-se de uma especialidade que atuava somente depois de 
estabelecido o dano, ou seja, com um foco curativo. Historicamente o Brasil tem 
poucas pesquisas científi cas sobre Medicina do Trabalho ou Saúde Ocupacional, 
muitos dos trabalhos e pesquisas surgiram após a década de 1990, fato que 
demonstra que a preocupação e o cuidado com a saúde do trabalhador é algo 
recente em nosso país (SANTANA, 2006). 
O advento das pesquisas impulsionou a prevenção e a promoção da 
saúde aproximando-as da Saúde Pública (da qual hoje em dia é praticamente 
indissociável). Hoje, pode-se dizer que, em nosso país, a Saúde Ocupacional tem 
um caráter mais preventivo do que curativo.
Segundo Vieira (2008), cabe à Medicina do Trabalho:
• Reconhecer as doenças profi ssionais e formular hipóteses para as suas 
causas (conteúdos que serão abordados a seguir).
14
O ambiente e as doenças do trabalho
• Acompanhamento e supervisão médica dos trabalhadores.
• Propor medidas que eliminem ou minimizem os agentes nocivos no ambiente 
de trabalho.
• Educação para a saúde dos trabalhadores.
E, para cumprir todas as requisições acima, utilizam-se de:
• Exames médicos.
• Assistência médica.
• Educação de higiene em geral.
• Avaliação ambiental constante (em conjunto com a Engenharia de Segurança).
O médico do trabalho deve ter conhecimento do ambiente de trabalho, além 
dos processos industriais (sempre mantendo confi dencialidade, desde que isso 
não afete a saúde dos trabalhadores). Isso permite que se possa atuar como 
fi scalizador ativo no ambiente (MENDES; COSTA DIAS, 1991). Deve, também, 
como princípio ético, manter o sigilo em relação às informações de prontuário e 
avaliações de saúde, que sempre devem ser registradas em prontuário. Esses 
dados somente podem ser revelados mediante a autorização expressa do 
trabalhador. Lembre-se: o paciente é o dono do prontuário!
O estabelecimento de Medicina do Trabalho de determinada empresa recebe 
o nome de “Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho – 
SESMT” e deve ter articulação com outros setores responsáveis pelo cumprimento 
das ações sugeridas. O médico do trabalho chefi a o Serviço de Medicina do 
Trabalho (SMT), não respondendo pelos demais serviços (Engenharia de 
Segurança, Higiene, Ergonomia etc.). A equipe de Segurança do Trabalho de 
uma empresa é formada por uma equipe multidisciplinar composta por Técnico 
de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do 
Trabalho e Enfermeiro do Trabalho (BRASIL, 1983). 
O SESMT estuda e aplica medidas relacionadas à Segurança 
do Trabalho, tais como: a higiene pessoal, o controle de riscos em 
máquinas e equipamentos, a elaboração de treinamentos específi cos 
relacionados ao ambiente entre outros (BRASIL, 1983). Dependendo 
da condição socioeconômica de cada região, o SMT terá um caráter 
assistencialista ou preventivo. Em regiões carentes (onde há pouco 
acesso ao serviço de saúde), o SMT deveria se ocupar de todas as 
questões relacionadas à saúde dos trabalhadores. Em regiões mais 
desenvolvidas, há a tendência à prevenção. Muitas vezes, vemos 
que as pequenas empresas acabam contratando serviços médicos 
 O pessoal efetivo 
da equipe médica 
e paramédica 
(assim como a 
estrutura física 
do SMT) baseia-
se no número de 
trabalhadores e 
no risco oferecido 
pelas atividades da 
empresa.
15
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
terceirizados, visto que a organização de um serviço próprio resultaria em 
difi culdades administrativas ou fi nanceiras. O pessoal efetivo da equipe médica 
e paramédica (assim como a estrutura física do SMT) baseia-se no número de 
trabalhadores e no risco oferecido pelas atividades da empresa. 
Figura 1 - Estrutura do Efetivo Médico do Serviço de Segurança e Medicina do Trabalho
Fonte: Brasil (1987).
Não podemos deixar de mencionar a importância da organização de um 
serviço de emergência, capaz de oferecer atendimento imediato a ocorrências 
graves que envolvam risco de vida. 
Ao SESMT cabe a elaboração do “Programa de Controle Médico e Saúde 
Ocupacional – PCMSO”, que consiste na realização de consultas médicas com 
data e frequência estipulada a partir dos níveis de risco a que determinado cargo 
se expõe. Isso, é claro, sempre em constante intercomunicação com os demais 
profi ssionais da Saúde Ocupacional. Por exemplo, trabalhadores expostos à 
radiação frequente necessitam realizar exames e consultas periódicas para 
verifi car se há algum distúrbio decorrente da exposição radioativa (BRASIL, 1983).
16
O ambiente e as doenças do trabalho
Alguns PCMSO mais abrangentes incluem ainda ações educativas, 
novamente evidenciando o caráter de prevenção e promoção da saúde da 
Medicina do Trabalho. O ensino em primeiros-socorros deve ser assunto 
constante, levando-se em consideração sempre o padrão de riscos ambientais da 
empresa (BRASIL, 1994).
O PCMSO abrange, basicamente, os seguintes exames:
• Admissional: realizado antes da admissão de qualquer empregado.
• Periódico: com frequência determinada por riscos ocupacionais e idade.
• Demissional: para todos os demitidos, que não tenham feito o periódico nos 
90 dias que antecedem a saída da empresa.
• Retorno ao trabalho: nos empregados que retornam ao trabalho após ausência 
superior a 30 dias (doença, acidente, parto etc.).
• Mudança de função: quando o empregado trocar de função (fi cando, assim, 
sujeito a novos riscos ambientais).
A consulta médica dos exames acima consiste basicamente de avaliação 
clínica, abrangendo história ocupacional e exames físicos e mentais, além da 
solicitação e interpretação de exames complementares específi cos (audiometria, 
radiografi a, hemograma etc.) de acordo com o risco ao qual o trabalhador está 
exposto.
Após cada exame médico realizado, o médico deve emitir o Atestado de 
Saúde Ocupacional – ASO, sempre em duas vias. Uma via é enviada ao local de 
trabalho, outra fi ca com o trabalhador(BRASIL, 1994). 
Em sua grande maioria, o ASO contém informações básicas do trabalhador 
e a sua condição para realização de determinada função de trabalho, ou seja, 
se está apto ou inapto. Imagine que você queira contratar um digitador que na 
consulta médica apresenta uma lesão crônica no punho. Você acha que ele 
estaria apto para função? Sendo assim, de nada adianta a realização de todas 
essas consultas sem a análise dos dados para a possível tomada de decisões 
quanto a mudanças que visem ampliar a saúde do trabalhador. 
17
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
Convido você a se inteirar um pouco mais sobre a história da 
Medicina do Trabalho no Brasil e a realizar a leitura de dois artigos: 
SANTANA, Vilma Souza. Saúde do trabalhador no Brasil: 
Pesquisa na pós-graduação. Rev Saúde Pública, 2006; 40 (N Esp). 
MENDES, R; COSTA DIAS, Da Medicina do Trabalho a Saúde 
do Trabalhador. Rev. Saúde Pública, São Paulo, 1991.
ProGrama de PreVençÃo de Riscos 
Ambientais
A determinação dos riscos existentes na empresa deve constar no “Programa 
de Prevenção de Riscos Ambientais” – PPRA, a ser elaborado pelo profi ssional da 
área de Segurança e Saúde do Trabalho ou até mesmo pela Equipe de Prevenção 
de Acidentes (BRASIL, 2013).
É de se esperar que, pela vasta gama de atividades laborais existentes 
atualmente, vários também sejam esses riscos. Segundo Mastroeni (2005), os 
riscos ambientais são divididos em:
1 - Riscos Físicos: riscos físicos são aqueles que podem provocar algum 
tipo de dano mediante a variação de energia. Os mais comuns aos quais somos 
submetidos são: ruídos, vibrações, pressão, calor e radiações.
Talvez um dos casos mais polêmicos da interferência do ruído 
na comunidade seja o do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo 
(SP). Situado em meio a uma grande zona residencial, já tem seu 
horário de funcionamento limitado entre 6h e 23h, mas, mesmo 
assim, a comunidade continua a reivindicar novas medidas para a 
redução do ruído. Veja mais em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/
brasil/sp/2012-07-13/justica -extingue-acao-que-pedia-medidas-
contra-ruido-do-aeroporto-de-congonhas.html>. Acesso em: 11 
jun. 2013.
18
O ambiente e as doenças do trabalho
2 - Riscos Químicos: O contaminante químico pode ser considerado como 
toda substância que uma vez manuseada, seja no estado sólido, líquido ou 
gasoso, poderá entrar em contato com o organismo humano e ser prejudicial.
3 - Riscos Biológicos: são aqueles que podem provocar danos mediante à 
exposição a microrganismos, tais como: vírus, bactérias, fungos, entre outros. 
Certamente, esses tipos de riscos estão presentes em maior proporção nas áreas 
hospitalares e ambulatoriais.
4 - Riscos Ergonômicos: são aqueles relacionados ao espaço 
físico e ao ambiente de trabalho propriamente dito. Muitas vezes o 
trabalhador tem que se adaptar às instalações do ambiente, quando 
deveria ocorrer o contrário. As principais complicações de saúde 
mediante a exposição a esse tipo de risco são as lesões por esforço 
repetitivo e erros posturais.
5 - Riscos de Acidente: Os riscos de acidentes muitas vezes 
se correlacionam com os riscos ergonômicos. A presença de 
fi os desencapados, locais de descarte de lixo inadequados, má 
preservação dos maquinários, uso de materiais com prazo de validade 
ultrapassado, entre outros, são situações que colocam o colaborador 
em risco de acidente.
O objetivo principal do PPRA é levantar os riscos de saúde existentes 
em uma empresa e propor mecanismos de controle e prevenção 
(BRASIL, 2013). No entanto, nem todos os riscos podem ser eliminados 
e eles são o objeto de controle pelo PCMSO. Portanto, sem o PPRA não 
existe PCMSO, devendo ambos estar permanentemente ativos.
MaPa de Riscos
A obrigatoriedade do mapa de risco surgiu com a regulamentação do 
projeto da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA pela Norma 
Regulamentadora NR-5 que dispõe sobre a obrigatoriedade de enumeração e 
reconhecimento dos riscos em um determinado ambiente de trabalho (BRASIL, 
1994). Essa entidade tem como objetivo observar e relatar condições de risco 
nos ambientes de trabalho e solicitar medidas para reduzir os riscos existentes 
e/ou neutralizá-los, além de discutir os acidentes ocorridos. Em alguns casos, 
mesmo com a instalação da CIPA, as empresas buscam instituições terceirizadas 
ou profi ssionais mais especializados para melhor identifi cação dos riscos locais 
(FREITAS; SÁ, 2003).
O objetivo principal 
do PPRA é levantar 
os riscos de saúde 
existentes em 
uma empresa e 
propor mecanismos 
de controle 
e prevenção 
(BRASIL, 2013). No 
entanto, nem todos 
os riscos podem 
ser eliminados 
e eles são o 
objeto de controle 
pelo PCMSO. 
Portanto, sem o 
PPRA não existe 
PCMSO, devendo 
ambos estar 
permanentemente 
ativos.
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MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
Uma das obrigações da CIPA é o mapeamento dos riscos do local de 
trabalho. O mapa de risco nada mais é do que uma representação gráfi ca de 
como os trabalhadores percebem seu ambiente de trabalho em relação aos riscos 
que estão expostos (BRASIL, 2011). 
Para construção de um mapa de risco, basicamente desenha-se uma planta 
baixa do ambiente de trabalho, sobre a qual os trabalhadores enumeram os riscos. 
Embora a complexidade demonstrativa e riqueza de detalhes da planta baixa 
utilizada para mapeamento dos riscos sejam variáveis, se faz necessário ter clareza 
no apontamento dos tipos de risco e grau de periculosidade frente à exposição.
Os riscos são representados no mapa através de círculos de diferentes 
cores (dependendo do seu Agente Ambiental) e em três tamanhos (proporcional 
à gravidade do risco: pequeno, médio e grande). Devem estar próximos à fonte 
geradora do risco e ser explicativos, de forma que qualquer trabalhador do local 
tenha a possibilidade de reconhecer o risco ao qual é exposto e atuar para a 
manutenção do bem-estar individual e coletivo. 
Quanto à coloração, segue-se o padrão abaixo:
• Verde: riscos físicos.
• Vermelho: riscos químicos.
• Marrom: riscos biológicos.
• Amarelo: riscos ergonômicos.
• Azul: risco de acidentes.
Dentro dos círculos, deve constar o número de trabalhadores expostos ao 
risco em questão e o agente específi co. Se numa seção houver vários riscos 
físicos da mesma intensidade, deve-se fazer apenas um círculo e citar os agentes 
específi cos (exemplo: ruído + vibração + calor). Isso vale para os outros tipos de 
agentes. Se houver vários riscos de agentes diferentes e da mesma intensidade, 
pode-se dividir o mesmo círculo em diversas cores. O mapa de riscos é então 
encaminhado ao SESMT, que deverá utilizá-los como fonte de dados para a 
elaboração do PPRA.
20
O ambiente e as doenças do trabalho
Figura 2 - Modelo de Construção do Mapa de Risco
Fonte: Os autores.
Figura 3 - Modelo de Mapa de Risco
Fonte: Disponível em: <http://protecaoradiologica.unifesp.br/
download/GerRrisLab.pdf>. Acesso em: 02 maio 2013.
21
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
Os mapas de risco devem ser colocados em locais com pouca 
poluição visual, para que possam ser visíveis. É importante ter um 
mapa de risco para cada sala e este deve fi car no interior da sala 
em questão. Além disso, deve-se ter um mapa de risco global da 
empresa, o qual deve ser disposto em murais de áreas comuns 
(HÖKERBERG et al, 2006).
O mapeamento dos riscos contribui de forma signifi cativa para 
a diminuição dos acidentes de trabalho. Sabe-se que os acidentes 
de trabalho acarretam em prejuízos, tanto para a empresa quanto 
para o trabalhador e até mesmo para a sociedade em geral. Dentre 
os prejuízos poderíamos citar: o gasto da empresa com o salário do 
trabalhador afastado (primeiros quinze dias após o afastamento), 
paralisação ou redução na produção do colaborador, cobertura de 
licenças médicas, possíveis sequelas (depressão, traumas, restrições 
físicas). Do ponto de vista social, é importante lembrar que mediante 
o afastamento do trabalhador é o imposto da sociedade que arca com 
seu afastamento.
Ao ocorrer umacidente de trabalho este deve ser registrado 
pela CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). A CAT e os 
benefícios dela decorrentes são registrados no banco de dados da 
Previdência Social (Dataprev), permitindo a elaboração de relatório 
dos registros compilados no Anuário Estatístico da Previdência 
Social (CORREA; ASSUNÇÃO, 2003).
Em um primeiro momento os custos preventivos parecem realmente onerar 
os orçamentos da empresa, porém os gastos para com o trabalhador acidentado 
e/ou afastado é certamente maior. As boas práticas de gestão de saúde e 
segurança no trabalho das empresas contribuem para a proteção contra os 
riscos presentes no ambiente de trabalho, prevenindo e reduzindo acidentes. 
Quando há essa consciência empresarial o trabalhador sente-se seguro e, acima 
de tudo, respeitado. Certamente a empresa que detém um plano de prevenção 
de acidentes, faz com que haja uma menor rotatividade de colaboradores e, 
por consequência, maior rendimento e lucratividade pelo produto que oferta 
(CORREA; ASSUNÇÃO, 2003). 
Os mapas de risco 
devem ser colocados 
em locais com pouca 
poluição visual, para 
que possam ser 
visíveis. É importante 
ter um mapa de 
risco para cada sala 
e este deve fi car 
no interior da sala 
em questão. Além 
disso, deve-se ter 
um mapa de risco 
global da empresa, 
o qual deve ser 
disposto em murais 
de áreas comuns 
(HÖKERBERG et al, 
2006).
22
O ambiente e as doenças do trabalho
Atividade de Estudos: 
1) Que tal fi nalizarmos este tópico com você elaborando o mapa de 
risco de seu ambiente de trabalho? Vá em frente...
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Figura 4 - Fluxograma de Ações para Garantia de Saúde do Trabalhador
Fonte: Os autores.
RelaçÃo de Causa e EFeito
Como você deve imaginar, é de suma importância haver uma ligação clara 
entre o fator causador (risco) e o efeito (acidente ou doença do trabalho). Mas, 
como exemplifi car isso para entendermos melhor? Pensemos no seguinte: o 
Código Civil e a Constituição Brasileira garantem que todo dano causado a outra 
23
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
pessoa (mesmo exclusivamente moral) é considerado um ato ilícito. Concluímos, 
dessa forma, ser passível de punição (se houver culpa). Ademais, além da punição, 
há a obrigatoriedade legal de reparação do dano causado (BRASIL, 2013).
Revisemos, então, alguns conceitos dos parágrafos acima que nos soam 
comuns e perdem-se entre as outras palavras, mas que no estudo atual não 
podem passar despercebidos:
O dano é a lesão física ou moral que acomete o trabalhador. No estudo atual, 
divide-se basicamente em acidente de trabalho, doenças profi ssionais e doenças 
do trabalho (que equiparam-se para fi ns legais):
De acordo com o artigo 19 da Lei n. 8213 (1991) “acidente de trabalho é 
aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando 
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.
As doenças profi ssionais são aquelas produzidas ou desencadeadas pelo 
exercício do trabalho peculiar à determinada atividade. Como exemplo, podemos 
citar o desenvolvimento de saturnismo (intoxicação pelo chumbo) (MINOZZO et 
al, 2008).
Já as doenças do trabalho são aquelas adquiridas ou desencadeadas em 
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e que com ele se 
relacione diretamente. Dessa maneira, podemos associá-las mais ao próprio 
ambiente de trabalho. É o caso do trabalhador com perda auditiva induzida por 
ruído (VIEIRA, 2008).
Devemos ressaltar, entretanto, que não podem ser caracterizadas como 
patologias do trabalho as doenças: 
• Degenerativas.
• Inerentes a determinados grupos etários.
• Que não produzam incapacidade laboral.
• Endêmicas (salvo comprovação de exposição ou contato direto determinado 
pela natureza do trabalho).
Como mencionado anteriormente, a defi nição de acidente do trabalho é mais 
ampla do que se imagina, incluindo, de acordo com Vieira (2008):
• Acidentes no local e horário de trabalho: agressões, sabotagem, terrorismo, 
desabamentos, inundações, incêndios e outras catástrofes.
24
O ambiente e as doenças do trabalho
• Contaminações acidentais do empregado no exercício de sua atividade.
• Acidentes FORA do local e horário de trabalho, desde que:
• Sob ordem ou realização de serviço sob autoridade da empresa.
• Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar 
prejuízo ou proporcionar proveito.
• Em viagem a serviço da empresa (inclusive a estudos), independente do meio 
de locomoção (inclui veículo de propriedade do trabalhador).
• No percurso entre a residência e o local de trabalho (e vice-versa), qualquer 
que seja o meio de locomoção.
Não podemos esquecer ainda que qualquer acidente que venha a ocorrer 
nos períodos de refeição, descanso ou por ocasião de satisfação de necessidades 
fi siológicas, no local de trabalho ou durante o trabalho, é considerado acidente de 
trabalho (SALIBA, 2008).
Obrigação de extrema importância para a empresa é o preenchimento da 
“Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT”, que deve ser preenchida mesmo 
que não ocorra o afastamento do trabalho. Há o prazo de um dia útil após o 
acidente para o encaminhamento à autoridade competente. Se houver morte, a 
CAT deve ser enviada imediatamente (BRASIL, 1999).
Agora, para haver culpa, é necessário que se estabeleça uma relação entre 
o fator causador e o dano. Essa relação é chamada de nexo de causalidade. Sua 
apuração pode ser simples (no caso de acidentes do trabalho) ou um processo 
dispendioso e detalhado, que envolve análise dos processos de trabalho, 
ambiente, intensidade e concentração dos agentes, entre outros. Para fi ns de 
indenização do trabalhador, quem realiza essa avaliação é a perícia médica do 
INSS (BRASIL, 1999).
A instalação de equipes de prevenção de acidentes, a elaboração de mapa 
de riscos, os treinamentos e capacitações oferecidos pela empresa somente 
fazem sentido se houver a participação do colaborador. A execução das tarefas de 
forma contrária às normas de segurança, isso é, a violação de um procedimento 
aceito como seguro pode levar a ocorrência de um acidente. Portanto, os atos 
inseguros no trabalho provocam a grande maioria dos acidentes; não raro o 
trabalhador atua de forma inadequada em seu ambiente de trabalho e acaba por 
negligenciar algumas ações, tais como: o não desligar das máquinas, abrir um 
frasco com substância química em local inadequado, não utilizar capacetes em 
uma obra, entre outros. Portanto, as medidas preventivas somente fazem sentido 
se houver uma adesão e aplicação mútua dos colaboradores.
25
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
As condições inseguras são consideradas falhas técnicas que, presentes no 
ambiente de trabalho, comprometem a segurança dos trabalhadores e a própria 
segurança das instalações e dos equipamentos. Não se deve confundir a condição 
insegura com o risco inerente a certas operações. Por exemplo, a corrente 
elétrica é um risco inerente a trabalhos que envolvem eletricidade ou instalações 
elétricas; a eletricidade, no entanto, não pode ser considerada uma condição 
insegura, por ser perigosa. Instalações mal feitas ou improvisadas, fi os expostos, 
são condições inseguras; a energia elétrica em si, não. A energiaelétrica, quando 
devidamente isolada das pessoas, passa a ser um risco controlado e não constitui 
uma condição insegura.
As pessoas que trabalham num ambiente desorganizado sentem uma 
sensação de mal-estar que poderá tornar-se um agravante de um estado 
emocional já perturbado por outros problemas. Esse estado psicológico poderá 
afetar o relacionamento dos trabalhadores e expô-los ao risco de acidentes, além 
de prejudicar a produção da empresa.
Um acidente de trabalho é determinado por muitos fatores dos quais nem 
sempre percebemos ou cujo efeito não entendemos em muitas situações. Por 
outro lado, quando desencadeado, dá origem a enormes consequências. Para 
além da incidência econômica e da problemática dos custos, existem muitas 
consequências indiretas dos acidentes. Em todos os casos, qualquer acidente tem 
sempre consequências individuais, familiares, sociais e econômicas, conforme 
vimos anteriormente (FREITAS, 2013). 
Uma das consequências do desconhecimento do impacto do trabalho sobre 
a saúde é a inexistência de respostas organizadas por parte do SUS e do próprio 
Ministério do Trabalho em relação à sua prevenção e ao seu controle. O princípio 
da integralidade, que deveria ser assumido como um dos pilares da estruturação 
dos sistemas de saúde locais, regionais e nacional, é atingido de modo frontal.
EQuiPamentos de ProteçÃo 
IndiViduais (EPI) e EQuiPamentos de 
ProteçÃo ColetiVa (EPC)
Os equipamentos de proteção, sejam eles individuais ou coletivos, certamente 
são os principais elementos que auxiliam na manutenção da integridade física 
do trabalhador. A Equipe de Prevenção de Acidentes, as capacitações oferecidas 
pela empresa, os mapas de risco, certamente são fundamentais, porém os 
equipamentos de proteção, realmente são os “salva-vidas” do colaborador. 
26
O ambiente e as doenças do trabalho
Por ser uma medida preventiva, mais uma vez se faz necessária a 
conscientização do colaborador para que seja utilizada de maneira correta frente 
ao ambiente de trabalho que ocupa. O fato de haver uma legislação que obriga o 
uso do cinto de segurança, somente terá efi cácia se houver uma ação humana para 
seu bom uso. Os EPI muitas vezes deixam de ser utilizados pela autoconfi ança do 
colaborador e é nesse momento que os acidentes acontecem. Além dos EPI, temos 
que relatar sobre a importância dos EPC. Uma capela de segurança química, fi ltros 
de ar para substâncias químicas, extintores de incêndio, chuveiros de emergência, 
placas sinalizadoras, são exemplos de equipamentos que contribuem para a 
proteção de todos os colaboradores de um local de trabalho.
O empregador deve fornecer os equipamentos de proteção individual de 
forma gratuita aos empregados e deve treiná-los para que façam o uso de maneira 
adequada, conforme a Norma Regulamentadora 06 (BRASIL, 2010). Esses 
equipamentos devem ser adequados às atividades exercidas pelos empregados. O 
empregador também deve assegurar que seu uso seja obrigatório, controlando de 
forma contínua o uso pelo colaborador. É claro que para cada atividade 
laboral teremos os equipamentos de proteção sugeridos. Portanto, 
primeiro se faz uma análise do trabalho a ser desenvolvido, tentar 
correlacioná-lo à construção do mapa de risco e, posteriormente, defi ni-
se qual o tipo de equipamento de proteção que deverá ser utilizado.
Todos os equipamentos devem ser vistoriados quanto à sua 
integridade e validade. Os equipamentos que não garantem a segurança 
de seus empregadores devem ser substituídos imediatamente. 
Os colaboradores devem usar os equipamentos de proteção 
individuais apenas para a fi nalidade a que se destina e devem 
se responsabilizar pela sua conservação e ao perceberem que o 
equipamento apresente qualquer defeito, devem comunicar o fato ao 
seu superior direto.
Quantos profi ssionais da saúde não deixam o ambiente 
hospitalar de aventais brancos?. Muitas vezes não os retiram até 
mesmo para suas refeições. Nesse momento ele deixa de ser um 
importante EPI e passa a ser um potencial transmissor de vírus e 
bactérias trazidos do interior hospitalar. EPI deve ser utilizado 
somente no local de trabalho. Pense nisso!
Os colaboradores 
devem usar os 
equipamentos de 
proteção individuais 
apenas para a 
fi nalidade a que se 
destina e devem se 
responsabilizar pela 
sua conservação 
e ao perceberem 
que o equipamento 
apresente qualquer 
defeito, devem 
comunicar o fato ao 
seu superior direto.
27
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
Abaixo, alguns dos EPI e EPC utilizados nas empresas:
Figura 5 - Exemplos de Equipamento de Proteção Individual (EPI)
Fonte: Os autores, adaptado de: Disponível em: <http://www.unifal-mg.
edu.br/riscosquimicos/node/72>. Acesso em: 10 abr. 2013.
1 - O capacete de proteção: Utilizado para proteção da cabeça do empregado 
contra agentes meteorológicos (trabalho a céu aberto) e trabalho em 
local confi nado, impactos provenientes de queda ou projeção de objetos, 
queimaduras, choque elétrico e irradiação solar. 
2 - Capacete com viseira: tem como principal função proteger o crânio e a 
face, principalmente os olhos. Importante para quem manuseia substâncias 
químicas ou equipamentos que possam gerar estilhaços.
3 - Óculos de segurança: Utilizado para proteção dos olhos contra impactos 
mecânicos, partículas volantes e raios ultravioletas. 
4 - Protetor auditivo: Utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades e nos 
locais que apresentem ruídos excessivos.
5 - Protetor auditivo tipo plug: Utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades 
e nos locais que apresentem ruídos excessivos.
6 - Respirador (máscara) descartável e com oxigênio: Utilizado para proteção 
respiratória em atividades e locais que apresentem tal necessidade, em 
atendimento a Instrução Normativa Nº 1 de 11/04/1994 – (Programa de 
Proteção Respiratória Recomendações/Seleção e Uso de Respiradores). 
7 - Luva isolante de borracha: Utilizada para proteção das mãos e braços do 
empregado contra choque em trabalhos e atividades com circuitos elétricos 
energizados.
8 - Calçados de proteção: Utilizado para proteção dos pés contra torção, 
escoriações, derrapagens e umidade. 
28
O ambiente e as doenças do trabalho
Figura 6 - Equipamentos de Proteção Coletiva
Fonte: Os autores, adaptado de: Disponível em: <http://www.unifal-mg.
edu.br/riscosquimicos/node/72>. Acesso em: 10 abr. 2013.
1 - Extintores de incêndio, fi tas para isolamento de área, cones e chuveiro de 
emergência: os extintores são instrumentos fundamentais para o combate 
de pequenos focos de incêndio. As fi tas de isolamento de área contribuem 
para que haja um acesso restrito de pessoas em um determinado local, 
muito utilizado em obras e também para preservação de cena de algum 
crime. Os cones são importantes sinalizadores e podem tanto alertar 
o colaborador para algo como servir de barreira de acesso. Por fi m, o 
chuveiro de emergência é fundamental para banhos rápidos após acidentes 
químicos. 
2 - Capela de Segurança: impede que haja a dissipação de vapores advindos 
de reações químicas. Algumas capelas também podem fornecer proteção 
biológica, portanto impedem a dissipação de bactérias e vírus em um 
determinado ambiente.
3 - Placas sinalizadoras dos riscos: permitem que haja uma rápida identifi cação 
dos principais perigos e riscos do local, mantendo o colaborador sempre alerta 
e distante do local indicado.
AlGumas ConsideraçÕes
A Medicina do Trabalho precisa ser associada a uma cultura voltada à 
compreensão, à análise e à defesa do ambiente de trabalho. Dessa forma, é 
possível construir uma visão voltada à proteção e à segurança para resguardar e 
preservar a vida onde quer que ela esteja presente.
Empresas de todas as áreas passaram a prestar mais atenção ao ambiente 
de trabalho, já que para se obter clientes externos satisfeitos, necessitam-se de 
colaboradores também satisfeitos. 
29
MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1
As exigências dos clientes tornam-se um ponto a ser revisto e melhorado 
pelas empresas, a fi mde que elas percebam que um ambiente de qualidade leva 
à satisfação. A empresa pode propiciar os aspectos para a melhoria do ambiente, 
porém se não houver comprometimento dos funcionários, difi cilmente será 
alcançado o objetivo proposto que, na maioria das vezes, é a permanência fi rme 
num mercado cada vez mais competitivo. 
ReFerÊncias
BRASIL. NR 4 – Norma Regulamentadora 4. Serviços Especializados em 
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, 1983.
_____. Lei 8213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios 
da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 1991
_____. NR 7 – Norma Regulamentadora 7. Programa de Controle de Medicina 
e Saúde Ocupacional, 1994.
_____. Portaria Nº 5.051, de 26 de fevereiro de 1999. Ministério da Previdência 
e Assistência Social, 1999.
_____. NR 6 – Norma Regulamentadora 6. Equipamentos de Proteção 
Individual, 2010.
_____. NR 5 – Norma Regulamentadora 5. Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes, 2011. 
_____. NR 9 – Norma Regulamentadora 9. Programa Interno de Prevenção de 
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Participativo na Questão dos Agrotóxicos. In: PERES, F. MOREIRA, J. C. (org.). 
É veneno ou é remédio? Agrotóxicos, Saúde e Ambiente. Rio de Janeiro: Fiocruz; 
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30
O ambiente e as doenças do trabalho
HÖKERBERG, Y. H. M.; SANTOS, M. A. B. dos; PASSOS, S. R. L.; 
ROZEMBERG B.; COTIAS, P. M. T.; ALVES, L.; MATTOS, U. A. O. O Processo 
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MASTROENI, M. F. Biossegurança Aplicada a Laboratórios e Serviços de 
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SALIBA, T. M. Curso Básico de Biossegurança e Higiene Ocupacional. 2. ed. 
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VIEIRA, S. I. Manual de Saúde e Segurança do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 
2008.
CAPÍTULO 2
Doenças do Trabalho
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
  Conhecer os tipos de riscos de exposição do trabalhador.
  Entender o desenvolvimento das principais patologias laborais.
  Reconhecer os possíveis riscos em diferentes locais de trabalho e ambiente 
de trabalho.
32
O ambiente e as doenças do trabalho
33
DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
ConteXtualiZaçÃo
Atualmente as exigências para com o cumprimento das atividades laborais 
têm sido cada vez mais imperiosas. Muitos trabalhos exigem jornadas maiores, 
troca de turnos, exposição frequente a riscos, enfi m, vários são os fatores do 
ambiente do trabalho que podem comprometer a saúde do trabalhador.
A construção de um edifício somente se torna possível devido à atividade 
humana de pessoas que possuem capacidade e, porque não dizer, coragem 
de fi car horas nas alturas. As cirurgias somente são possíveis pela atuação 
médica, os produtos industrializados surgem devido à atuação humana. Enfi m, 
se analisarmos a fundo, não existe uma ocupação humana que não contenha um 
determinado risco iminente de sua atuação.
O presente capítulo não tem a intenção de condenar as atividades laborais, 
mas sim, fazê-lo entender que embora não possamos excluir os riscos laborais 
de nossas vidas, podemos minimizá-los e contribuir para que o trabalhador 
desenvolva suas atividades em condições adequadas de saúde, tais como: boas 
horas de descanso, uso dos equipamentos de proteção, sabedoria frente aos 
riscos a que é exposto para assim preveni-los, manter um ambiente de trabalho 
sociável e com condições de boa convivência entre os trabalhadores, entre outros.
Portanto, o presente capítulo permitirá a você compreender a classifi cação 
dos riscos ocupacionais, a constituição adequada do nosso organismo e como 
a exposição aos riscos dos mais diversos ambientes de trabalho, podem 
desencadear as doenças relacionadas ao trabalho.
HistÓrico do Trabalho
Prezado (a) pós-graduando (a), é notória, em nossa vida diária, a dedicação 
da maior parte do nosso tempo ao desenvolvimento de atividades laborais que 
contemplam não somente uma realização pessoal, como também a garantia do 
sustento fi nanceiro individual ou familiar. É praticamente impossível separarmos 
o desenvolvimento social do trabalho humano. A construção de uma sociedade 
sustentável, em todos os aspectos, é baseada no incremento do trabalho. 
O trabalho acompanha o homem desde o início da civilização sendo assim, 
desvincular trabalho de sociedade é algo extremamente difícil, pois um leva a 
evolução do outro. Desde a sociedade mais primitiva até a contemporânea está 
implícita a atividade laboral que, entre outros objetivos, serve como alicerce para 
o crescimento humano e o progresso social.
34
O ambiente e as doenças do trabalho
Mas afi nal, o que é trabalho? Se fossemos realizar uma pesquisa, nos 
mais diversos dicionários, livros-textos ou sites de busca, teríamos várias 
defi nições dessa palavra. Para auxiliá-lo nos estudos, mencionoamos aqui um 
resumo das várias fontes. Trabalho trata-se de uma determinada ocupação 
que exige uma aplicação coordenada de separarmos o desenvolvimento social 
do trabalho humano. A palavra trabalho advém do latim (TRIPALIUM) que 
fazia alusão a um instrumento de tortura formado por três estacas. Ou seja, 
o trabalho sempre foi visto como algo ruim, que demanda esforços para sua 
realização (BONZATTO, 2011).
O desenvolvimento de toda e qualquer atividade laboral emana uma 
condição favorável de saúde, para que todo esforço exigido, seja ele 
físico ou mental (horas a frente do computador, carregamento de peso, 
fi car muito tempo em uma mesma posição) possa ser correspondido. A 
preocupação com a saúde do trabalhador e a prevenção de acidentes 
é algo relatado inclusive em trechos bíblicos, mediante a indicação 
da construção de parapeitos no decorrer de algumas edifi cações 
(SANTANA, 2006). Prevenir o desenvolvimento de doenças e/ou 
auxiliar na recuperação do indivíduo frente a alguma patologia, torna-se 
algo de extrema valia para que este pos sa ter uma maior dedicação e 
consequentemente melhor rendimento em suas atividades.
Ao descrever sobre saúde do trabalhador ou doenças ocupacionais, 
se faz importante mencionar o trabalho desenvolvido por Ramazzini, 
no século XVII, o qual foi um dos primeiros autores a descrever sobre 
questões importantes que deveriam ser obtidas junto ao trabalhador na tentativa 
de prevenir o desenvolvimento de doenças no trabalho (SANTANA, 2006).
SANTANA, Vilma Souza. Saúde do trabalhador no Brasil: 
Pesquisa na pós-graduação. Rev. Saúde Pública, 2006; 40(N 
Esp):101-111 – a autora descreve em sua obra os pontos e 
sequências históricas mais importantes no que tange aos cuidados 
com a saúde do trabalhador. Segundo a autora correlação e a 
preocupação dos acidentesdo trabalho e saúde do trabalhador 
somente começaram a de fato se desenvolver após o século XIX, 
inclusive no Brasil mediante os movimentos antiescravitas.
A preocupação 
com a saúde do 
trabalhador e a 
prevenção de 
acidentes é algo 
relatado inclusive 
em trechos 
bíblicos, mediante 
a indicação 
da construção 
de parapeitos 
no decorrer 
de algumas 
edifi cações 
(SANTANA, 2006).
35
DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
O Que É SaÚde e Doença?
Antes de iniciarmos o texto, convido você a tentar defi nir o que é saúde e o 
que é doença.
Atividades de Estudos: 
1) Nesse momento, é interessante que você tente descrever o que 
sabe sem nenhum tipo de consulta.
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2) Que tal agora realizar uma consulta no dicionário ou fontes 
literárias e comparar com o que descreveu?
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é defi nida como 
um completo bem-estar físico, psíquico e social do indivíduo, de maneira que este 
possa desfrutar e/ou usufruir de sua vida em boas condições. Ou seja, tudo aquilo 
que acomete o indivíduo de maneira que o impeça de gozar de um bem-estar 
pode ser considerado como doença. Temos que tomar cuidado para que não nos 
percamos do foco do estudo. Mediante a defi nição acima, podemos afi rmar que 
doença trata-se de um transtorno que compromete o bem-estar físico, psíquico, 
mental e social de um indivíduo podendo ou não afetar àqueles de sua convivência.
36
O ambiente e as doenças do trabalho
Uma vez que conseguimos defi nir o conceito de saúde e doença, 
agora podemos seguir para o próximo passo: entender um pouco sobre a 
constituição do organismo humano e seu funcionamento, pois somente assim, 
teremos a capacidade assimilar e entender o agravo de cada doença frente ao 
desenvolvimento das atividades trabalhistas.
Embora o curso não seja para que você se especialize no funcionamento do 
corpo humano, se faz importante entender tais processos. Que tal uma viagem na 
máquina mais perfeitamente projetada?
O OrGanismo Humano
Toda essa estrutura que vemos com a capacidade de pensar, locomover, 
comer, beber, festejar e trabalhar, nada mais é do que um emaranhado de 
diferentes células (menor unidade formadora do organismo humano) que 
trabalham e se diferenciam de maneira ordenada. São praticamente 10 trilhões 
de células que se unem para fazer com que essa máquina funcione (ALBERTS, 
2006). Mais fantástico do que isso é saber que todos nós surgimos de uma única 
célula advinda da união de um óvulo materno e um espermatozoide paterno, união 
essa que dá origem a uma célula pluripotente, também conhecida como célula-
tronco e que terá a possibilidade de originar toda e qualquer célula do organismo 
humano, sendo, portanto responsável por toda sua constituição.
A célula-tronco originada multiplica-se e desenvolve-se com objetivo de 
originar diversas células diferenciadas para realização de funções específi cas. 
Algumas células são especializadas em se contrair (músculo), outras em nos 
defender (leucócitos), outras em transportar oxigênio (hemácias). Assim como a 
divisão de trabalhos de uma empresa onde cada setor é constituído de pessoas 
diferentes que realizam funções diferentes, nossas células se reúnem em vários 
grupos para divisão das atividades orgânicas. A célula recepcionista, a célula 
telefonista, a célula do almoxarifado, a célula diretora, de maneira que o sucesso 
dessa empresa depende da boa convivência entre as diferentes células e os 
diferentes setores, se um falhar compromete o andamento de todo o processo. É 
exatamente isso que acontece quando sofremos algum tipo de doença ou dano, 
aquilo que enxergamos macroscopicamente (sintomas) é consequência de danos 
ocorridos em inúmeras células microscópicas (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005).
Para formação do corpo humano é importante se ter em mente que várias 
células no organismo vão se unir para formar um determinado tecido (tecido 
muscular, ósseo, conjuntivo, epitelial e nervoso), vários tecidos se unem para 
constituir um determinado órgão (pulmão, coração, cérebro etc.), vários órgãos 
37
DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
unem-se para constituir um sistema (muscular, cardíaco, urinários etc.) e, vários 
sistemas formam um organismo, no nosso caso, o corpo humano. Obviamente 
toda essa organização deve se comunicar para que cada compartimento 
desenvolva suas funções corretamente. Essa comunicação é feita mediante 
a produção de diversas substâncias que são conduzidas por nossa corrente 
sanguínea a toda e qualquer parte do organismo.
Muito bem, uma vez defi nido o signifi cado de saúde, o signifi cado de 
doença e a constituição básica do organismo humano, podemos dar seguimento 
aos nossos estudos e realizar a classifi cação dos riscos presentes em nossas 
atividades diárias.
Figura 7 - Células Pluripotentes
Fonte: Disponível em: <http://coisaspraver.blogspot.com.br/2013/02/celulas-
tronco-o-que-sao-o-que-e-para.html>. Acesso em: 10 mar. 2013.
ClassiFicaçÃo dos Riscos Ambientais e 
as Doenças Relacionadas ao Trabalho
Antes de iniciarmos a descrição dos riscos que todo e qualquer tipo de trabalho 
possa apresentar, se faz importante reconhecer que não existe trabalho 100% 
seguro, com ausência de riscos. Pensemos em um hospital, como trabalhar todos 
os dias sem se expor aos riscos de contaminação ali existentes? Como proceder 
a pintura de um edifício ignorando sua altura? O que buscamos é minimizar os 
38
O ambiente e as doenças do trabalho
perigos inerentes de cada exercício profi ssional aplicando de maneira preventiva 
as ações que possam contribuir para o bem estar do trabalhador. Só há uma 
maneira de aplicarmos medidas preventivas: conhecendo como as doenças se 
desenvolvem. Obviamente são inúmeras as patologias que podem ocorrer em um 
dia a dia de trabalho e seria uma tarefa difícil descrevê-las todas aqui. Sendo assim, 
descreveremos algumas patologias correlacionadas com o ambiente de trabalho.
Segundo Brasil (2011), que trata do PPRA (Programa de Prevenção de 
Riscos Ambientais), os riscos ocupacionais podem ser classifi cados de uma 
maneira geral em físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes. Portanto, 
não somente a natureza do trabalho, mas o ambiente onde ele é desenvolvido 
contribui para que haja uma maior ou menor exposição aos riscos supracitados. 
Não precisamos sofi sticar exemplos para entender e identifi car as possibilidades 
de acidentes que podem ocorrer em um determinado ambiente. Já parou para 
pensar quanta coisa você poderia fazer diferente para evitar acidentes dentro da 
própria casa? 
As legislações trabalhistas buscam estabelecer limites de intensidade ou 
tempo de exposição aos respectivos riscos, tais como: a quantidade de decibéis 
que um trabalhador pode ser exposto, exposição a produtos químicos, entre 
outros (BRASIL, 2011). Vale ressaltar que os limites retratam de uma maneira 
geral cada um dos indivíduos supostamente expostos aos riscos, esses índices 
de tolerância podem sofrer variações de indivíduo para indivíduo. Uns podem 
suportar mais o frio, os efeitosde radiações, as exposições ao calor, os esforços 
repetitivos do que outros. 
Riscos FÍsicos
Segundo Hirata, Hirata e Mancini (2011), riscos físicos são aqueles que 
podem provocar algum tipo de dano mediante variação de energia. Os mais 
comuns riscos físicos aos quais somos submetidos são:
Calor
Nós, seres humanos, somos considerados animais homeotérmicos, ou seja, 
temos a capacidade de regular nossa temperatura mediante a temperatura a qual 
somos expostos (AIRES, 1998). Você certamente já frequentou a praia ou tomou 
um banho de piscina em dias de 40oC. Certamente um pintor, um metalúrgico 
já trabalhou por horas exposto a temperatura semelhante. Se nesse momento 
colocássemos um termômetro para medir sua temperatura você estaria com 
36,5oC, ou seja, nossa temperatura fi siológica (normal). A estrutura anatômica 
39
DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
responsável por regular a temperatura corpórea é uma glândula localizada no 
diencéfalo (parte do cérebro) chamada de hipotálamo. Esse processo regulatório é 
de suma importância, pois todas as reações metabólicas e químicas que ocorrem 
no organismo são dependentes de funções enzimáticas do interior das células, 
as quais somente funcionarão em temperatura ótima (AIRES, 1998). Portanto, 
toda vez que formos expostos a altas temperaturas ou exigirmos muito de nossa 
máquina humana, tenderemos a uma sobrecarga desse sistema regulador. 
Quando a exposição ao calor torna-se demasiada, frequente e intensa, (caso 
de trabalhadores de fornalhas em fundições, por exemplo), nosso organismo 
tentará equilibrar o ambiente interno e externo impedindo que haja uma elevação 
da temperatura corpórea e seus eventuais prejuízos.
A elevação da temperatura externa ocasiona um processo conhecido como 
vasodilatação (aumento do calibre dos vasos sanguíneos) que por consequência 
aumenta o fl uxo sanguíneo e a concentração de células sanguíneas no local. 
Essa resposta do organismo à exposição a altas temperaturas provoca uma perda 
de calor para o meio e permite que seja mantida a temperatura interna do corpo 
em seus índices fi siológicos.
Embora esse mecanismo fi siológico funcione muito bem, ele tem seu limite 
de ação que, quando ultrapassado, acaba por não dissipar o calor corpóreo 
de forma adequada eleva o indivíduo a uma perda de concentração, fadiga, 
sonolência, queda de pressão (principalmente devido à vasodilatação extrema) 
e desidratação ocasionada pelo aumento da sudorese (perda de água pelo suor). 
Há de se ter extremo cuidado para com estes sintomas, caso contrário pode-se 
passar do desconforto para o óbito devido a danos celulares irreversíveis.
Frio
Assim como a exposição ao calor extremo, a exposição ao frio também tem 
suas consequências. Como relatado, nosso organismo dispõe de mecanismos 
para manter a temperatura corpórea adequada. Toda vez que formos expostos 
ao frio, a sensação térmica será interpretada pelo nosso Sistema Nervoso que 
iniciará uma série de respostas frente ao estímulo. Um dos mais conhecidos é 
o tremor, que são contrações musculares que ocorrem involuntariamente para 
gerar calor, como se fosse uma atividade física forçada. O que acontece quando 
você faz uma caminhada? Exatamente, você sua! Isso ocorre devido à contração 
muscular e o ritmo cardíaco aumentado que gera calor (AIRES, 1998).
Outro fator visível mediante a exposição ao frio é o “roxear” das extremidades 
(principalmente dedos das mãos e pés), devido à vasoconstrição (diminuição do 
calibre dos vasos sanguíneos) desencadeada pelo frio. Se você lembrar, sempre 
40
O ambiente e as doenças do trabalho
que estamos em um período de frio nossos pés e nossas mãos são os locais 
mais gelados do corpo, isso se dá devido à vasoconstrição e menor irrigação 
sanguínea no local (AIRES, 1998).
Os graus de lesões e sintomas vão variar de acordo com o tempo de 
exposição e a intensidade ao frio que foi exposto. Porém, independente do grau 
de sintomas, estes são inicialmente desencadeados pela alteração na circulação 
sanguínea local (vasoconstrição). Se não chega sangue em um determinado tecido 
do organismo, não chega oxigênio e, sem oxigênio, nossas células começam a 
morrer. Por isso, é muito comum pessoas que são expostas ao frio intenso terem 
o congelamento de membros inferiores seguido de gangrena (KUMAR; FAUSTO; 
ABBAS, 2005). 
Gangrena: é uma complicação de uma necrose isquêmica 
(falta de suprimento sanguíneo, e consequente falta de oxigênio) 
das extremidades (braço, mão, perna, pé), e seguida de invasão 
bacteriana e putrefação. Clostridium perfringens é a espécie 
bacteriana mais comum envolvida na gangrena, mas outros 
Clostrídios e várias outras bactérias também podem crescer nos 
ferimentos ou em qualquer parte do corpo que tenha sua circulação 
interferida ou impedida (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005).
A vasoconstrição desencadeada pela exposição frequente ao frio ocasiona 
a morte celular pela falta de suprimento sanguíneo (muito comum em alpinistas 
de geleiras). Alterações vasculares são responsáveis por cerca de 80% das 
amputações em membros inferiores, as quais, em sua grande maioria, são 
realizadas devido à morte do tecido local por falta de vascularização na tentativa 
de evitar a contaminação bacteriana (CARVALHO et al, 2005).
Outra situação bastante difundida frente à exposição ao frio extremo é 
a hipotermia (queda da temperatura corpórea). Quando nossos mecanismos 
fi siológicos não conseguem mais suprir a demanda de calor exigida pelo corpo, 
nossa temperatura começa a baixar. Considera-se estado de hipotermia quando 
a temperatura diminui em 1 a 2oC em relação a temperatura fi siológica (36,5oC). 
Nesse momento inicia-se a sensação de dor e tremor intenso. Conforme, o 
tempo de exposição ao frio aumenta, a sensibilidade diminui e os tecidos podem 
começar a morrer devido à falta de irrigação sanguínea. Em graus extremos, 
ocorre a parada cardiorespiratória e morte.
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DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
Radiação
Assim como mencionado anteriormente, direcionaremos nossas explicações no 
que tange aos danos orgânicos causados pela exposição à radiação. 
Leitura do capítulo que relata sobre os riscos físicos do livro 
MASTROENI, Marco F. Biossegurança Aplicada a Laboratórios 
e Serviços de Saúde. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
Radiação, do ponto de vista físico, é considerada a propagação de energia 
em um determinado meio que possa produzir algum efeito sobre a matéria. Elas 
podem ser divididas em basicamente dois tipos: ionizante (raios alfa, beta, gamma 
e X) e não ionizante (ultravioleta e infravermelho) (HENEINE, 2007).
Detectar a exposição à radiação e os limites de tolerância para tal é de suma 
importância, pois seus efeitos são acumulativos e podem se manifestar após 
longo tempo de exposição, sendo prejudicial à saúde humana. 
No início desse capítulo colocamos que não existem trabalhos 100% seguros. 
Talvez os profi ssionais que exercem suas funções em ambientes radioativos 
sejam àqueles com maior propensão a nocividade. Atualmente a radiação é de 
suma importância para vários setores, principalmente no auxílio ao diagnóstico 
e tratamento médico (radiografi as, medicina nuclear, radioterapia etc.) fato que 
coloca os trabalhadores em risco iminente e requer cuidados demasiados, não 
só individual como também coletivo. Diferente do paciente que recebe sua dose 
e radiação para fi ns diagnósticos e, em seguida, sai do ambiente radioativo, os 
profi ssionais desta área fi cam diariamente expostos a inúmeras descargas de 
radiação, sendo assim, torna-se necessário o uso constante dos equipamentos de 
proteção individuais (coletes de chumbo) e coletivos (sala com parede baritada).
Você deve se perguntar a razão dessa nocividade, correto? Para uma 
resposta coerente ao seu questionamento, se faz necessário esclarecermos 
alguns conceitos.
Toda informação genética necessária para que nosso organismo trabalhe 
corretamente estão armazenadas em nosso DNA – ácido desoxirribonucléico. 
Esse material genético fi caarmazenado na forma de cromossomos em estruturas 
localizadas no interior de nossas células denominadas de núcleo (ALBERTS, 
2006). São esses elementos que garantem a hereditariedade de nossos pais 
42
O ambiente e as doenças do trabalho
para nós, de nós para nossos fi lhos e assim sucessivamente. Basicamente 
e do ponto de vista genético, podemos dividir nossas células em dois tipos: as 
somáticas e as germinativas (gametas). Ambas são constituídas, dentre outros 
elementos, de DNA. Estruturalmente o DNA é constituído de uma sequência 
ordenada de moléculas denominadas de nucleotídeos (adenina, guanina, citosina 
e timina), sendo sua função altamente dependente de como este material esta 
sequenciado. Além de armazenar as características genéticas de cada ser vivo, o 
DNA tem como função promover a produção de proteínas em nosso organismo, 
ou seja, para cada proteína que nós produzimos há uma sequência específi ca 
de DNA (gene). Mediante a produção de proteínas o DNA controla o potencial 
metabólico e de multiplicação celular de maneira que ocorra de forma ordenada e 
extremamente controlada (ALBERTS, 2006). 
Você deve estar se perguntando neste momento: Qual a relação do DNA 
com a exposição radioativa? 
Toda vez que somos colocados em contato com radiações, sejam elas 
ionizantes ou não ionizantes, podemos ter nossa sequência de nucleotídeos 
alterada mediante a quebra de ligações químicas (mutação). Portanto, se alteramos 
a sequência de nucleotídeos, começamos a produzir proteínas defeituosas e o 
controle metabólico e de multiplicação celular atua de forma desordenada. As células 
perdem sua função e se multiplicam de forma desregulada (ALBERTS, 2006).
Lembrando do que comentamos no início do nosso capítulo, se alteramos 
células, alteramos tecidos, se alteramos tecidos, alteramos órgãos, se alteramos 
órgãos, alteramos sistemas que por consequência altera o funcionamento de um 
determinado organismo. Mediante a alteração da sequência de nucleotídeos 
denomina-se a ocorrência de uma mutação a qual pode desencadear o surgimento 
do câncer (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005).
Nucleotídeo: é a menor molécula formadora do DNA. Uma 
molécula de DNA é constituída por inúmeros nucleotídeos, os quais 
devem obedecer a uma sequência dentro da molécula para sua 
correta função (ALBERTS, 2006).
Não é possível prever como, quando, onde ou até mesmo se pessoas 
submetidas à radiação desenvolverão algum tipo de câncer. Quando a neoplasina 
se desenvolve anos mais tarde, fi ca difícil até mesmo determinar se a exposição à 
radiação foi realmente o fator desencadeador da doença. 
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DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
Vale ressaltar que algumas células são mais susceptíveis a ação da radiação 
do que outras e que, não somente a área afetada diretamente pela radiação pode 
sofrer com o desenvolvimento de tumores, mas é fato que as áreas mais expostas 
diretamente aos efeitos radioativos detêm maior chance para o desenvolvimento 
tumoral. 
A exposição à radiação pode ter efeitos imediatos ou cumulativos. Quando 
se tem uma exposição excessiva à radiação, ás células podem sofrer danos 
irreversíveis e levar o indivíduo à morte quase que instantaneamente. Lembremo-
nos do famoso caso brasileiro que ocorreu no Estado de Goiás, onde crianças 
foram expostas a materiais radioativos (Césio 137) advindos de um aparelho 
de radioterapia (ALMEIDA, 2012). Quando se tem um efeito acumulativo, além 
da possibilidade de desenvolver o câncer pode ser que as células germinativas 
(que dão origem ao óvulo e espermatozoide) sejam afetadas e, se isso acontece, 
há possibilidade de os fi lhos dessas pessoas que foram expostas sofrerem com 
algum tipo de mutação. Porém, certifi car a possibilidade de um indivíduo exposto 
à radiação transmitir os efeitos aos seus descendentes é algo impossível de 
mensurar.
Pressão
De forma simples, podemos dizer que pressão é a relação de força para 
com uma determinada área (HENEINE, 2007). Para que possamos entender o 
foco do nosso estudo, temos que levar em consideração a pressão atmosférica 
e uma relação muito simples: quanto mais longe do solo menor será a pressão 
e quanto mais perto, maior será a pressão. Mergulhadores são sempre expostos 
a pressões muito altas, enquanto alpinistas sofrem com pressões muito baixas. 
Você já deve ter subido ou descido as inúmeras serras que temos pelo Brasil 
e certamente sentiu seu ouvido “fechar”. O que ocorre nestes casos é uma 
diferença de pressão entre o ouvido interno e externo fazendo com que haja uma 
alteração da membrana timpânica e isso nos dá a sensação de que estamos 
surdos (HENEINE, 2007).
A membrana timpânica é uma estrutura que ao entrar em 
contato com uma determinada frequência sonora, vibra e transmite 
esse som para o ouvido interno (DANGELO, 2005).
44
O ambiente e as doenças do trabalho
Os maiores riscos frente à variação de pressão certamente envolve pessoas 
que trabalham sob alta pressão tais como: mergulhadores, tripulações de 
submarinos, operários de túbulos pneumáticos na construção civil etc. Você já 
tentou abrir uma garrafa de refrigerante de maneira abrupta? O que acontece? 
Exato! Formação de bolhas. Todas essas bolhas estavam de certa forma dentro da 
garrafa, porém a pressão ali exercida fazia com que esses gases permanecessem 
em meio líquido, quando houve uma variação de pressão: Boom! Agora imagine o 
que aconteceria com nosso corpo frente a uma variação de pressão como essa? 
Voltemos para a mesma garrafa de refrigerante, porém agora, vamos abri-la 
bem lentamente. O que você notou? Exato! Não houve formação de bolhas. É 
justamente por isso que quando formos submetidos à variação de pressão esta 
deve acontecer lentamente tanto para pressurizar quanto para despressurizar. 
Toda essa preocupação está correlacionada a moléculas que em nosso 
organismo, devido à pressão, estão na forma líquida, mas que podem se 
transformar em compostos gasosos mediante uma variação abrupta, tais como 
o nitrogênio e oxigênio, causando o que é conhecido como embolia (KUMAR; 
FAUSTO; ABBAS, 2005). 
Embolia é uma massa sólida, líquida ou gasosa que é 
transportada pelo sangue e que pode obstruir os vasos sanguíneos, 
causando a falência de órgãos vitais (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 
2005).
Fisiologicamente o nitrogênio, que é uma substância tóxica para o 
organismo é eliminado principalmente na forma de ureia mediante o processo de 
metabolismo hepático e fi ltração renal (HENRY, 2008). Como mencionado, isso 
somente é possível devido ao elemento de nitrogênio estar sob a forma líquida. 
Quando há uma alteração de pressão o nitrogênio passa para sua forma gasosa 
e o organismo perde sua capacidade de eliminá-lo na forma de ureia, fato que 
contribui para a ocorrência de embolia e risco de morte.
As mudanças abruptas de pressão também podem ocasionar o rompimento 
da membrana timpânica e causar distúrbios na audição (ABC DA SAÚDE, 2013). 
Por fi m, cavidades e órgãos do corpo também podem sofrer com essa alteração 
mediante dilatações ou rompimentos que impeçam seu funcionamento adequado. 
Um dos exemplos mais graves em relação a isso é quando o pulmão perde sua 
capacidade de infl ar e, consequentemente, realizar as trocas gasosas necessárias 
para nossa respiração (LAMBERT; HANSEN, 2007).
45
DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
Em nossa circulação existem células denominadas hemácias. As hemácias 
são constituídas de grande quantidade de hemoglobina que é uma molécula 
proteica com capacidade de ligação ao oxigênio e ao gás carbônico. Sendo assim, 
no momento que realizamos a respiração celular, as hemácias carregam oxigênio 
para os tecidos e trazem o gás carbônico dos tecidos para ser expelido para o 
meio externo. Quando indivíduos são submetidos a situações de baixa pressão 
atmosférica, o oxigênio tende a se dissipar no ambiente difi cultando sua obtenção 
pelo processo de respiração normal. Com uma disposição de oxigênio menor, o 
transporte deste gás para o interior das células fi ca prejudicado e a oxigenação 
dostecidos e principalmente do cérebro fi ca depreciada. O estado de hipóxia 
(diminuição de oxigênio tecidual) estimula um maior ritmo cardíaco, debilidade 
motora e diminuição da capacidade responsiva, gerando inclusive desmaios. 
Dependendo do grau dehipóxia podem ser observadas lesões teciduais mais 
graves que levem a edemas cerebrais e consequente à morte (HENRY, 2008).
Ruídos
A surdez devido à exposição a ruídos é a doença ocupacional mais comum 
dentre as hoje conhecidas. O processo de audição basicamente ocorre em três 
estágios (AIRES, 1998):
1 - Captação das vibrações sonoras pelo ouvido externo, o qual amplifi ca os 
sinais sonoros.
2 - A membrana timpânica localizada no ouvido médio emite os sinais sonoros 
para os ossículos mediante sua vibração. Os ossículos facilitaram a 
transmissão dos sinais para o ouvido interno transformando energia sonora 
em hidráulica.
3 - O ouvido interno, através da cóclea, possui um conjunto de membranas 
sensíveis que captam a energia gerada e transmitem ao cérebro.
A pessoa exposta a ruídos contínuos e intensos acaba por lesionar a região 
do ouvido interno que perde a capacidade de transmissão dos estímulos ao 
cérebro gerando sintomas de surdez. Praticamente 100% dos casos de surdez 
são fi siologicamente irreversíveis (HENEINE, 2007).
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O ambiente e as doenças do trabalho
Figura 8 - Limites de tolerância a ruídos
Fonte: Brasil (2011).
Vibrações
As vibrações estão presentes em várias atividades laborais. A exposição às 
vibrações pode ser localizada (principalmente em membros superiores e inferiores) 
ou corpórea (dano principal na coluna vertebral). Trabalhadores com esforços 
manuais constantes (madeireiros, pedreiros, operadores de retroescavadeiras 
etc.) estão submetidos a frequentes lesões por conta das vibrações excessivas.
A patologia mais conhecida é denominada de Síndrome da Vibração de 
Mãos e Braços. A síndrome surge pela exposição constante à vibração, tendo 
como um dos primeiros sintomas o branqueamento dos membros, a diminuição 
da sensibilidade e a sensação de formigamento devido à queda do potencial de 
irrigação sanguínea. Mediante a manutenção do esforço por longos períodos de 
tempo há um maior comprometimento vascular e nervoso sendo que, em casos 
mais extremos, corre-se o risco de amputação de partes do membro pela morte 
do tecido, desenvolvimento de gangrena e risco de infarto, fatores que exigem o 
afastamento do trabalhador de suas funções (HAGBERG, 2004).
Outra conseqüência da exposição às vibrações é a síndrome do carpo ou 
lesão por esforço repetitivo. A síndrome ocorre devido ao comprometimento do 
nervo radial que passa pelo antebraço e inerva as mãos. Essa patologia impede 
o desenvolvimento de tarefas simples e delicadas como passar a linha em uma 
agulha, pegar uma moeda do chão, abotoar o botão da camisa, além de gerar 
intensas dores. Indivíduos expostos frequentemente a ações repetidas em seu 
trabalho (digitadores, pedreiros, costureiras, domésticas entre outros) podem ser 
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DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
acometidos pela síndrome do carpo. Embora haja chance de tratamento, muitas 
vezes se faz necessário um processo cirúrgico (OLIVEIRA, 2000). 
Riscos Químicos
O contaminante químico pode ser considerado como toda substância que uma 
vez manuseada seja no estado sólido, líquido ou gasoso poderá entrar em contato 
com o organismo humano e ser prejudicial (HIRATA, HIRATA e MANCINI 2011).
Segundo Hirata, Hirata e Mancini (2011), as diversas substâncias químicas 
podem ser enquadradas nos seguintes grupos: tóxicas, irritantes, oxidantes, 
corrosivas, voláteis e infl amáveis, estando na forma gasosa, liquefeita ou sólida. 
De acordo com a natureza do composto, têm-se as exigências de biossegurança 
necessárias para boas condições de trabalho. Elementos que exibem toxicidades 
na forma de gás possuem maior periculosidade, pois se comportam como 
inimigos invisíveis. A potencialidade dos efeitos que uma substância química pode 
provocar é diretamente proporcional ao tempo de exposição e dose recebida (Da 
Fonseca, De Marchi, Da Fonseca, 2000), 2000).
Para entender os efeitos posteriores da exposição aos agentes químicos 
é importante saber qual a via de entrada e qual o tipo de tecido mais afetado, 
podendo gerar efeitos locais ou sistêmicos. Os agentes químicos podem penetrar 
no organismo por diversas vias, tais quais:
• Oral: substâncias químicas que se encontram no estado sólido ou líquido. 
Os efeitos podem ser gastrointestinais ou sistêmicos quando absorvidos pela 
corrente sanguínea.
Atividade de Estudos: 
1) Procure alguma referência literária e liste ao menos cinco 
elementos químicos que poderiam ser ingeridos pela via oral e 
causar danos ao organismo.
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O ambiente e as doenças do trabalho
• Tópica e Mucosas: geralmente o composto químico adentra pelas células 
da epiderme (pele) ou pelas mucosas (boca, laringe, faringe, traqueia, entre 
outras). 
Atividade de Estudos: 
1) Procure alguma referência literária e liste ao menos cinco 
elementos químicos que poderiam interagir com a pele e 
mucosas.
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• Aérea: nesse caso trata-se do contato com compostos químicos voláteis e 
que são inalados mediante o processo respiratório. A toxicidade do agente 
químico pelas vias aéreas é considerada a mais perigosa de todas, devido à 
rápida passagem para a circulação sanguínea.
Atividade de Estudos: 
1) Procure em alguma referência literária e liste ao menos cinco 
elementos químicos que poderiam interagir com VIAS AÉREAS.
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DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2
Quando um determinado agente químico é absorvido e cai na corrente 
circulatória, ele precisa ligar-se a algum componente celular específi co para que 
consiga gerar a toxicidade celular. O exemplo mais comum é a teoria chave-
fechadura (ALBERTS, 2006). Um determinado cadeado somente consegue ser 
aberto quando em contato com sua chave específi ca, correto? Esse é o mesmo 
princípio para os reagentes químicos, eles somente manifestarão efeitos no 
organismo quando ligarem-se a uma determinada região celular específi ca 
(enzimas, receptores de membrana, etc.). Isso acarretará em distúrbios 
bioquímicos sérios e, muitas vezes, irreversíveis. Certos compostos químicos, 
quando na circulação sanguínea, serão metabolizados pelo fígado, nosso principal 
órgão metabólico. Devido a isso, muitas vezes, o fígado é um dos órgãos mais 
acometidos pelos processos de intoxicação (HENRY, 2008).
Muito bem, uma vez realizada uma introdução frente aos compostos 
químicos, agora dividiremos os principais agentes químicos envolvidos com 
acidentes de trabalho.
Metais Pesados
Os metais pesados são substâncias químicas altamente reativas e com 
alto poder tóxico quando no organismo, pois tem pouco ou nenhum potencial 
de metabolização hepática. O fato de não sofrerem metabolização faz com que 
permaneçam circulantes ou acumulados

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