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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO Autores: Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo Sabino Scipiecz 363.11 A119a Abatepaulo, Antonio Roberto Rodrigues O ambiente e as doenças do trabalho / Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo e Sabino Scipiecz. Indaial : Uniasselvi, 2013. 104 p. : il ISBN 978-85-7830-740-0 1. Segurança do trabalho. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Prof. Márcio Moisés Selhorst Revisão de Conteúdo: Profa. Talita Cristiane Sutter Freitas Revisão Gramatical: Profa. Sandra Pottmeier Revisão Pedagógica: Profa. Bruna Alexandra Franzen Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © Editora UNIASSELVI 2013 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. Possui graduação em Enfermagem pela Universidade do Vale do Itajaí (2003), mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho pela Universidade do Vale do Itajaí (2008). Atualmente é professor da Faculdade Metropolitana de Blumenau (FAMEBLU/ GRUPO UNIASSELVI). Também é orientador de curso na Faculdade de Tecnologia SENAC - Blumenau. Tem experiência na área da saúde e gestão, com ênfase na saúde pública. No EAD, publicou: biossegurança. Sabino Scipiecz Formado em Biomedicina pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Mestre em Imunologia Básica e Aplicada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão-Preto - FMRP/USP. Coordenador do Curso de Biomedicina da Faculdade Metropolitana de Blumenau e Delegado do Conselho Regional de Biomedicina - CRBM1. Antonio Roberto Rodrigues Abatepaulo Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7 CAPÍTULO 1 Medicina do Trabalho .................................................................. 9 CAPÍTULO 2 Doenças do Trabalho ................................................................ 31 CAPÍTULO 3 Primeiros Socorros no Ambiente de Trabalho ..................... 67 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): Gostaria de desejar boas vindas a você e sucesso em seu aprendizado. Espero que esta disciplina possa contribuir com seu desenvolvimento e aperfeiçoar o seu saber frente às questões que envolvem a Medicina do Trabalho. Nota-se que há uma constante evolução em relação aos cuidados com o trabalhador, principalmente no que tange aos aspectos legislativos. Fazer você compreender esses aspectos, os riscos aos quais o colaborador está exposto e poder atuar de forma preventiva, são os principais objetivos desta disciplina. Durante os capítulos são sugeridas atividades para que possamos estimulá-lo a pensar e a desenvolver o raciocínio de fixação dos conteúdos mais importantes, assim como indicações de leitura para complementação do seu saber. É importante que haja seu envolvimento e comprometimento para o enriquecimento do processo de aprendizagem. No capítulo 1 você terá a oportunidade de entender um pouco mais sobre a Medicina do Trabalho e o contexto legal que a envolve para posteriormente seguirmos, no capítulo 2, e entender os riscos a que o trabalhador está exposto em suas atividades e o desenvolvimento de algumas doenças do trabalho. Por fim, dividiremos com você conhecimentos que lhe permitam compreender e aplicar os procedimentos de primeiros socorros em caso de acidentes no setor de trabalho. Bons Estudos! Os autores. CAPÍTULO 1 Medicina do Trabalho A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Situar os serviços de Medicina do Trabalho na dinâmica do mercado atual (PCMSO). Compreender a legislação vigente frente à Medicina do Trabalho. Reconhecer e classifi car os riscos ocupacionais. Elaborar intervenções preventivas no ambiente de trabalho (Mapas de Risco). Capacitar para a utilização adequada dos EPI e EPC. 10 O ambiente e as doenças do trabalho 11 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 ConteXtualiZaçÃo Saúde e trabalho são conceitos que nos acompanham desde os primórdios de nossa história. Prova disso é que estão evidentes em diversos documentos ou relatos de civilizações antigas. No mundo em que vivemos, é difícil imaginar a saúde e as atividades laborais caminhando separadas. Entretanto, foi exatamente o que aconteceu por milênios. Duas das nossas maiores preocupações contemporâneas estiveram distantes uma da outra. Essa relação somente “surgiu” aos nossos olhos em tempos muito mais recentes, basicamente após a Revolução Industrial (século XVIII). E é a partir de então que começamos a angariar conhecimento nessa área. Neste capítulo estudaremos a importância da medicina do trabalho tanto para o trabalhador quanto para a empresa. Dessa forma, como de praxe em todo estudo médico ou laboral, as verdades estão em constante atualização (ou mesmo mudança radical), não há certezas absolutas, entretanto abordaremos sobre os tipos de riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores podem ser expostos, as equipes de segurança das empresas, o SESMT (Serviço de Engenharia e Segurança e Medicina do Trabalho) e suas principais funções. Com afi nco e interesse, você se aprofundará no mundo da Medicina do Trabalho e compreenderá conceitos que lhe serão de grande serventia em sua prática profi ssional. Medicina do Trabalho Atividade de Estudos: 1) Para iniciarmos nossos estudos, precisamos entender o conceito mais básico frente à defi nição sobre Medicina do Trabalho. Você conseguiria descrever o que sabe sobre Medicina do Trabalho antes de escrevermos sobre o tema? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 12 O ambiente e as doenças do trabalho __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Antes de respondermos à pergunta acima, precisamos entender um pouco da história e da organização dos serviços de saúde nos ambientes de trabalho. A Revolução Industrial transformou o trabalho artesanal em uma produção de larga escala. A dedicação do homem ao trabalho chegava ao seu limite de exaustão, o que fez com que surgissem intervenções para o cuidado com os trabalhadores da época (SCHILLING, 1981). O ano de 1830 foi um marco para a Medicina do Trabalho e quando ela de fato ocorreu. A história se resume quando um empresário do ramo têxtil resolve colocar o seu médico particular para cuidar de seus empregados na tentativa de oferecer-lhes melhores condições de trabalho (NOGUEIRA, 1984). Porém, somente após mais de um século, mais precisamente no ano de 1953, a Organização Internacional do Trabalho cria a denominação de Medicina do Trabalho. Com o passar de alguns anos, principalmente no período pós - II Guerra, nota-se que a preocupação não deveria ser somente com a saúde do trabalhador, mas com o ambiente em que ele desenvolve suas atividades.Surge, então, o termo Saúde Ocupacional, a qual se desenvolve ou é aplicada por equipes multiprofi ssionais e interdisciplinares (MENDES; COSTA DIAS, 1991). A Saúde Ocupacional tem como objetivos principais: - a promoção e manutenção do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações; - a prevenção, entre os trabalhadores, de doenças ocupacionais causadas por suas condições de trabalho; - a proteção dos trabalhadores em seus empregos, dos riscos resultantes de fatores adversos à saúde; O ano de 1830 foi um marco para a Medicina do Trabalho e quando ela de fato ocorreu. A história se resume quando um empresário do ramo têxtil resolve colocar o seu médico particular para cuidar de seus empregados na tentativa de oferecer-lhes melhores condições de trabalho (NOGUEIRA, 1984). 13 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 - a colocação e conservação (manutenção) dos trabalhadores nos ambientes ocupacionais adaptados às suas aptidões fi siológicas e psicológicas; - a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem ao seu próprio trabalho. A medicina é uma das áreas que age nesse processo, com funções e deveres pré-estabelecidos ao profi ssional médico. Este faz parte de uma grande equipe que forma os pilares da saúde ocupacional, associado a engenheiros de segurança do trabalho, profi ssionais de estatística, ergonomia, toxicologia etc. Fonte: Disponível em: <http://unimedvivasaude.com.br/saudeocupacional/ saude_ocupacional.html>. Acesso em: 20 abr. 2013. A Medicina do Trabalho é o ramo da medicina que se preocupa com a saúde física e mental do trabalhador, tendo em vista protegê-lo dos riscos de agentes nocivos e acidentes inerentes à sua ocupação, aumentando assim o rendimento de seu trabalho (VIEIRA, 2008). Logo, o exercício correto da defi nição supracitada é benéfi co para todos os constituintes do meio de trabalho, desde trabalhador e empregador até o poder público que fortalece sua economia. Inicialmente a Medicina do Trabalho seguia os mesmos passos da medicina em geral, tratava-se de uma especialidade que atuava somente depois de estabelecido o dano, ou seja, com um foco curativo. Historicamente o Brasil tem poucas pesquisas científi cas sobre Medicina do Trabalho ou Saúde Ocupacional, muitos dos trabalhos e pesquisas surgiram após a década de 1990, fato que demonstra que a preocupação e o cuidado com a saúde do trabalhador é algo recente em nosso país (SANTANA, 2006). O advento das pesquisas impulsionou a prevenção e a promoção da saúde aproximando-as da Saúde Pública (da qual hoje em dia é praticamente indissociável). Hoje, pode-se dizer que, em nosso país, a Saúde Ocupacional tem um caráter mais preventivo do que curativo. Segundo Vieira (2008), cabe à Medicina do Trabalho: • Reconhecer as doenças profi ssionais e formular hipóteses para as suas causas (conteúdos que serão abordados a seguir). 14 O ambiente e as doenças do trabalho • Acompanhamento e supervisão médica dos trabalhadores. • Propor medidas que eliminem ou minimizem os agentes nocivos no ambiente de trabalho. • Educação para a saúde dos trabalhadores. E, para cumprir todas as requisições acima, utilizam-se de: • Exames médicos. • Assistência médica. • Educação de higiene em geral. • Avaliação ambiental constante (em conjunto com a Engenharia de Segurança). O médico do trabalho deve ter conhecimento do ambiente de trabalho, além dos processos industriais (sempre mantendo confi dencialidade, desde que isso não afete a saúde dos trabalhadores). Isso permite que se possa atuar como fi scalizador ativo no ambiente (MENDES; COSTA DIAS, 1991). Deve, também, como princípio ético, manter o sigilo em relação às informações de prontuário e avaliações de saúde, que sempre devem ser registradas em prontuário. Esses dados somente podem ser revelados mediante a autorização expressa do trabalhador. Lembre-se: o paciente é o dono do prontuário! O estabelecimento de Medicina do Trabalho de determinada empresa recebe o nome de “Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT” e deve ter articulação com outros setores responsáveis pelo cumprimento das ações sugeridas. O médico do trabalho chefi a o Serviço de Medicina do Trabalho (SMT), não respondendo pelos demais serviços (Engenharia de Segurança, Higiene, Ergonomia etc.). A equipe de Segurança do Trabalho de uma empresa é formada por uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho (BRASIL, 1983). O SESMT estuda e aplica medidas relacionadas à Segurança do Trabalho, tais como: a higiene pessoal, o controle de riscos em máquinas e equipamentos, a elaboração de treinamentos específi cos relacionados ao ambiente entre outros (BRASIL, 1983). Dependendo da condição socioeconômica de cada região, o SMT terá um caráter assistencialista ou preventivo. Em regiões carentes (onde há pouco acesso ao serviço de saúde), o SMT deveria se ocupar de todas as questões relacionadas à saúde dos trabalhadores. Em regiões mais desenvolvidas, há a tendência à prevenção. Muitas vezes, vemos que as pequenas empresas acabam contratando serviços médicos O pessoal efetivo da equipe médica e paramédica (assim como a estrutura física do SMT) baseia- se no número de trabalhadores e no risco oferecido pelas atividades da empresa. 15 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 terceirizados, visto que a organização de um serviço próprio resultaria em difi culdades administrativas ou fi nanceiras. O pessoal efetivo da equipe médica e paramédica (assim como a estrutura física do SMT) baseia-se no número de trabalhadores e no risco oferecido pelas atividades da empresa. Figura 1 - Estrutura do Efetivo Médico do Serviço de Segurança e Medicina do Trabalho Fonte: Brasil (1987). Não podemos deixar de mencionar a importância da organização de um serviço de emergência, capaz de oferecer atendimento imediato a ocorrências graves que envolvam risco de vida. Ao SESMT cabe a elaboração do “Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO”, que consiste na realização de consultas médicas com data e frequência estipulada a partir dos níveis de risco a que determinado cargo se expõe. Isso, é claro, sempre em constante intercomunicação com os demais profi ssionais da Saúde Ocupacional. Por exemplo, trabalhadores expostos à radiação frequente necessitam realizar exames e consultas periódicas para verifi car se há algum distúrbio decorrente da exposição radioativa (BRASIL, 1983). 16 O ambiente e as doenças do trabalho Alguns PCMSO mais abrangentes incluem ainda ações educativas, novamente evidenciando o caráter de prevenção e promoção da saúde da Medicina do Trabalho. O ensino em primeiros-socorros deve ser assunto constante, levando-se em consideração sempre o padrão de riscos ambientais da empresa (BRASIL, 1994). O PCMSO abrange, basicamente, os seguintes exames: • Admissional: realizado antes da admissão de qualquer empregado. • Periódico: com frequência determinada por riscos ocupacionais e idade. • Demissional: para todos os demitidos, que não tenham feito o periódico nos 90 dias que antecedem a saída da empresa. • Retorno ao trabalho: nos empregados que retornam ao trabalho após ausência superior a 30 dias (doença, acidente, parto etc.). • Mudança de função: quando o empregado trocar de função (fi cando, assim, sujeito a novos riscos ambientais). A consulta médica dos exames acima consiste basicamente de avaliação clínica, abrangendo história ocupacional e exames físicos e mentais, além da solicitação e interpretação de exames complementares específi cos (audiometria, radiografi a, hemograma etc.) de acordo com o risco ao qual o trabalhador está exposto. Após cada exame médico realizado, o médico deve emitir o Atestado de Saúde Ocupacional – ASO, sempre em duas vias. Uma via é enviada ao local de trabalho, outra fi ca com o trabalhador(BRASIL, 1994). Em sua grande maioria, o ASO contém informações básicas do trabalhador e a sua condição para realização de determinada função de trabalho, ou seja, se está apto ou inapto. Imagine que você queira contratar um digitador que na consulta médica apresenta uma lesão crônica no punho. Você acha que ele estaria apto para função? Sendo assim, de nada adianta a realização de todas essas consultas sem a análise dos dados para a possível tomada de decisões quanto a mudanças que visem ampliar a saúde do trabalhador. 17 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 Convido você a se inteirar um pouco mais sobre a história da Medicina do Trabalho no Brasil e a realizar a leitura de dois artigos: SANTANA, Vilma Souza. Saúde do trabalhador no Brasil: Pesquisa na pós-graduação. Rev Saúde Pública, 2006; 40 (N Esp). MENDES, R; COSTA DIAS, Da Medicina do Trabalho a Saúde do Trabalhador. Rev. Saúde Pública, São Paulo, 1991. ProGrama de PreVençÃo de Riscos Ambientais A determinação dos riscos existentes na empresa deve constar no “Programa de Prevenção de Riscos Ambientais” – PPRA, a ser elaborado pelo profi ssional da área de Segurança e Saúde do Trabalho ou até mesmo pela Equipe de Prevenção de Acidentes (BRASIL, 2013). É de se esperar que, pela vasta gama de atividades laborais existentes atualmente, vários também sejam esses riscos. Segundo Mastroeni (2005), os riscos ambientais são divididos em: 1 - Riscos Físicos: riscos físicos são aqueles que podem provocar algum tipo de dano mediante a variação de energia. Os mais comuns aos quais somos submetidos são: ruídos, vibrações, pressão, calor e radiações. Talvez um dos casos mais polêmicos da interferência do ruído na comunidade seja o do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP). Situado em meio a uma grande zona residencial, já tem seu horário de funcionamento limitado entre 6h e 23h, mas, mesmo assim, a comunidade continua a reivindicar novas medidas para a redução do ruído. Veja mais em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/ brasil/sp/2012-07-13/justica -extingue-acao-que-pedia-medidas- contra-ruido-do-aeroporto-de-congonhas.html>. Acesso em: 11 jun. 2013. 18 O ambiente e as doenças do trabalho 2 - Riscos Químicos: O contaminante químico pode ser considerado como toda substância que uma vez manuseada, seja no estado sólido, líquido ou gasoso, poderá entrar em contato com o organismo humano e ser prejudicial. 3 - Riscos Biológicos: são aqueles que podem provocar danos mediante à exposição a microrganismos, tais como: vírus, bactérias, fungos, entre outros. Certamente, esses tipos de riscos estão presentes em maior proporção nas áreas hospitalares e ambulatoriais. 4 - Riscos Ergonômicos: são aqueles relacionados ao espaço físico e ao ambiente de trabalho propriamente dito. Muitas vezes o trabalhador tem que se adaptar às instalações do ambiente, quando deveria ocorrer o contrário. As principais complicações de saúde mediante a exposição a esse tipo de risco são as lesões por esforço repetitivo e erros posturais. 5 - Riscos de Acidente: Os riscos de acidentes muitas vezes se correlacionam com os riscos ergonômicos. A presença de fi os desencapados, locais de descarte de lixo inadequados, má preservação dos maquinários, uso de materiais com prazo de validade ultrapassado, entre outros, são situações que colocam o colaborador em risco de acidente. O objetivo principal do PPRA é levantar os riscos de saúde existentes em uma empresa e propor mecanismos de controle e prevenção (BRASIL, 2013). No entanto, nem todos os riscos podem ser eliminados e eles são o objeto de controle pelo PCMSO. Portanto, sem o PPRA não existe PCMSO, devendo ambos estar permanentemente ativos. MaPa de Riscos A obrigatoriedade do mapa de risco surgiu com a regulamentação do projeto da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA pela Norma Regulamentadora NR-5 que dispõe sobre a obrigatoriedade de enumeração e reconhecimento dos riscos em um determinado ambiente de trabalho (BRASIL, 1994). Essa entidade tem como objetivo observar e relatar condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar medidas para reduzir os riscos existentes e/ou neutralizá-los, além de discutir os acidentes ocorridos. Em alguns casos, mesmo com a instalação da CIPA, as empresas buscam instituições terceirizadas ou profi ssionais mais especializados para melhor identifi cação dos riscos locais (FREITAS; SÁ, 2003). O objetivo principal do PPRA é levantar os riscos de saúde existentes em uma empresa e propor mecanismos de controle e prevenção (BRASIL, 2013). No entanto, nem todos os riscos podem ser eliminados e eles são o objeto de controle pelo PCMSO. Portanto, sem o PPRA não existe PCMSO, devendo ambos estar permanentemente ativos. 19 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 Uma das obrigações da CIPA é o mapeamento dos riscos do local de trabalho. O mapa de risco nada mais é do que uma representação gráfi ca de como os trabalhadores percebem seu ambiente de trabalho em relação aos riscos que estão expostos (BRASIL, 2011). Para construção de um mapa de risco, basicamente desenha-se uma planta baixa do ambiente de trabalho, sobre a qual os trabalhadores enumeram os riscos. Embora a complexidade demonstrativa e riqueza de detalhes da planta baixa utilizada para mapeamento dos riscos sejam variáveis, se faz necessário ter clareza no apontamento dos tipos de risco e grau de periculosidade frente à exposição. Os riscos são representados no mapa através de círculos de diferentes cores (dependendo do seu Agente Ambiental) e em três tamanhos (proporcional à gravidade do risco: pequeno, médio e grande). Devem estar próximos à fonte geradora do risco e ser explicativos, de forma que qualquer trabalhador do local tenha a possibilidade de reconhecer o risco ao qual é exposto e atuar para a manutenção do bem-estar individual e coletivo. Quanto à coloração, segue-se o padrão abaixo: • Verde: riscos físicos. • Vermelho: riscos químicos. • Marrom: riscos biológicos. • Amarelo: riscos ergonômicos. • Azul: risco de acidentes. Dentro dos círculos, deve constar o número de trabalhadores expostos ao risco em questão e o agente específi co. Se numa seção houver vários riscos físicos da mesma intensidade, deve-se fazer apenas um círculo e citar os agentes específi cos (exemplo: ruído + vibração + calor). Isso vale para os outros tipos de agentes. Se houver vários riscos de agentes diferentes e da mesma intensidade, pode-se dividir o mesmo círculo em diversas cores. O mapa de riscos é então encaminhado ao SESMT, que deverá utilizá-los como fonte de dados para a elaboração do PPRA. 20 O ambiente e as doenças do trabalho Figura 2 - Modelo de Construção do Mapa de Risco Fonte: Os autores. Figura 3 - Modelo de Mapa de Risco Fonte: Disponível em: <http://protecaoradiologica.unifesp.br/ download/GerRrisLab.pdf>. Acesso em: 02 maio 2013. 21 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 Os mapas de risco devem ser colocados em locais com pouca poluição visual, para que possam ser visíveis. É importante ter um mapa de risco para cada sala e este deve fi car no interior da sala em questão. Além disso, deve-se ter um mapa de risco global da empresa, o qual deve ser disposto em murais de áreas comuns (HÖKERBERG et al, 2006). O mapeamento dos riscos contribui de forma signifi cativa para a diminuição dos acidentes de trabalho. Sabe-se que os acidentes de trabalho acarretam em prejuízos, tanto para a empresa quanto para o trabalhador e até mesmo para a sociedade em geral. Dentre os prejuízos poderíamos citar: o gasto da empresa com o salário do trabalhador afastado (primeiros quinze dias após o afastamento), paralisação ou redução na produção do colaborador, cobertura de licenças médicas, possíveis sequelas (depressão, traumas, restrições físicas). Do ponto de vista social, é importante lembrar que mediante o afastamento do trabalhador é o imposto da sociedade que arca com seu afastamento. Ao ocorrer umacidente de trabalho este deve ser registrado pela CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho). A CAT e os benefícios dela decorrentes são registrados no banco de dados da Previdência Social (Dataprev), permitindo a elaboração de relatório dos registros compilados no Anuário Estatístico da Previdência Social (CORREA; ASSUNÇÃO, 2003). Em um primeiro momento os custos preventivos parecem realmente onerar os orçamentos da empresa, porém os gastos para com o trabalhador acidentado e/ou afastado é certamente maior. As boas práticas de gestão de saúde e segurança no trabalho das empresas contribuem para a proteção contra os riscos presentes no ambiente de trabalho, prevenindo e reduzindo acidentes. Quando há essa consciência empresarial o trabalhador sente-se seguro e, acima de tudo, respeitado. Certamente a empresa que detém um plano de prevenção de acidentes, faz com que haja uma menor rotatividade de colaboradores e, por consequência, maior rendimento e lucratividade pelo produto que oferta (CORREA; ASSUNÇÃO, 2003). Os mapas de risco devem ser colocados em locais com pouca poluição visual, para que possam ser visíveis. É importante ter um mapa de risco para cada sala e este deve fi car no interior da sala em questão. Além disso, deve-se ter um mapa de risco global da empresa, o qual deve ser disposto em murais de áreas comuns (HÖKERBERG et al, 2006). 22 O ambiente e as doenças do trabalho Atividade de Estudos: 1) Que tal fi nalizarmos este tópico com você elaborando o mapa de risco de seu ambiente de trabalho? Vá em frente... __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Figura 4 - Fluxograma de Ações para Garantia de Saúde do Trabalhador Fonte: Os autores. RelaçÃo de Causa e EFeito Como você deve imaginar, é de suma importância haver uma ligação clara entre o fator causador (risco) e o efeito (acidente ou doença do trabalho). Mas, como exemplifi car isso para entendermos melhor? Pensemos no seguinte: o Código Civil e a Constituição Brasileira garantem que todo dano causado a outra 23 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 pessoa (mesmo exclusivamente moral) é considerado um ato ilícito. Concluímos, dessa forma, ser passível de punição (se houver culpa). Ademais, além da punição, há a obrigatoriedade legal de reparação do dano causado (BRASIL, 2013). Revisemos, então, alguns conceitos dos parágrafos acima que nos soam comuns e perdem-se entre as outras palavras, mas que no estudo atual não podem passar despercebidos: O dano é a lesão física ou moral que acomete o trabalhador. No estudo atual, divide-se basicamente em acidente de trabalho, doenças profi ssionais e doenças do trabalho (que equiparam-se para fi ns legais): De acordo com o artigo 19 da Lei n. 8213 (1991) “acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. As doenças profi ssionais são aquelas produzidas ou desencadeadas pelo exercício do trabalho peculiar à determinada atividade. Como exemplo, podemos citar o desenvolvimento de saturnismo (intoxicação pelo chumbo) (MINOZZO et al, 2008). Já as doenças do trabalho são aquelas adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e que com ele se relacione diretamente. Dessa maneira, podemos associá-las mais ao próprio ambiente de trabalho. É o caso do trabalhador com perda auditiva induzida por ruído (VIEIRA, 2008). Devemos ressaltar, entretanto, que não podem ser caracterizadas como patologias do trabalho as doenças: • Degenerativas. • Inerentes a determinados grupos etários. • Que não produzam incapacidade laboral. • Endêmicas (salvo comprovação de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho). Como mencionado anteriormente, a defi nição de acidente do trabalho é mais ampla do que se imagina, incluindo, de acordo com Vieira (2008): • Acidentes no local e horário de trabalho: agressões, sabotagem, terrorismo, desabamentos, inundações, incêndios e outras catástrofes. 24 O ambiente e as doenças do trabalho • Contaminações acidentais do empregado no exercício de sua atividade. • Acidentes FORA do local e horário de trabalho, desde que: • Sob ordem ou realização de serviço sob autoridade da empresa. • Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito. • Em viagem a serviço da empresa (inclusive a estudos), independente do meio de locomoção (inclui veículo de propriedade do trabalhador). • No percurso entre a residência e o local de trabalho (e vice-versa), qualquer que seja o meio de locomoção. Não podemos esquecer ainda que qualquer acidente que venha a ocorrer nos períodos de refeição, descanso ou por ocasião de satisfação de necessidades fi siológicas, no local de trabalho ou durante o trabalho, é considerado acidente de trabalho (SALIBA, 2008). Obrigação de extrema importância para a empresa é o preenchimento da “Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT”, que deve ser preenchida mesmo que não ocorra o afastamento do trabalho. Há o prazo de um dia útil após o acidente para o encaminhamento à autoridade competente. Se houver morte, a CAT deve ser enviada imediatamente (BRASIL, 1999). Agora, para haver culpa, é necessário que se estabeleça uma relação entre o fator causador e o dano. Essa relação é chamada de nexo de causalidade. Sua apuração pode ser simples (no caso de acidentes do trabalho) ou um processo dispendioso e detalhado, que envolve análise dos processos de trabalho, ambiente, intensidade e concentração dos agentes, entre outros. Para fi ns de indenização do trabalhador, quem realiza essa avaliação é a perícia médica do INSS (BRASIL, 1999). A instalação de equipes de prevenção de acidentes, a elaboração de mapa de riscos, os treinamentos e capacitações oferecidos pela empresa somente fazem sentido se houver a participação do colaborador. A execução das tarefas de forma contrária às normas de segurança, isso é, a violação de um procedimento aceito como seguro pode levar a ocorrência de um acidente. Portanto, os atos inseguros no trabalho provocam a grande maioria dos acidentes; não raro o trabalhador atua de forma inadequada em seu ambiente de trabalho e acaba por negligenciar algumas ações, tais como: o não desligar das máquinas, abrir um frasco com substância química em local inadequado, não utilizar capacetes em uma obra, entre outros. Portanto, as medidas preventivas somente fazem sentido se houver uma adesão e aplicação mútua dos colaboradores. 25 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 As condições inseguras são consideradas falhas técnicas que, presentes no ambiente de trabalho, comprometem a segurança dos trabalhadores e a própria segurança das instalações e dos equipamentos. Não se deve confundir a condição insegura com o risco inerente a certas operações. Por exemplo, a corrente elétrica é um risco inerente a trabalhos que envolvem eletricidade ou instalações elétricas; a eletricidade, no entanto, não pode ser considerada uma condição insegura, por ser perigosa. Instalações mal feitas ou improvisadas, fi os expostos, são condições inseguras; a energia elétrica em si, não. A energiaelétrica, quando devidamente isolada das pessoas, passa a ser um risco controlado e não constitui uma condição insegura. As pessoas que trabalham num ambiente desorganizado sentem uma sensação de mal-estar que poderá tornar-se um agravante de um estado emocional já perturbado por outros problemas. Esse estado psicológico poderá afetar o relacionamento dos trabalhadores e expô-los ao risco de acidentes, além de prejudicar a produção da empresa. Um acidente de trabalho é determinado por muitos fatores dos quais nem sempre percebemos ou cujo efeito não entendemos em muitas situações. Por outro lado, quando desencadeado, dá origem a enormes consequências. Para além da incidência econômica e da problemática dos custos, existem muitas consequências indiretas dos acidentes. Em todos os casos, qualquer acidente tem sempre consequências individuais, familiares, sociais e econômicas, conforme vimos anteriormente (FREITAS, 2013). Uma das consequências do desconhecimento do impacto do trabalho sobre a saúde é a inexistência de respostas organizadas por parte do SUS e do próprio Ministério do Trabalho em relação à sua prevenção e ao seu controle. O princípio da integralidade, que deveria ser assumido como um dos pilares da estruturação dos sistemas de saúde locais, regionais e nacional, é atingido de modo frontal. EQuiPamentos de ProteçÃo IndiViduais (EPI) e EQuiPamentos de ProteçÃo ColetiVa (EPC) Os equipamentos de proteção, sejam eles individuais ou coletivos, certamente são os principais elementos que auxiliam na manutenção da integridade física do trabalhador. A Equipe de Prevenção de Acidentes, as capacitações oferecidas pela empresa, os mapas de risco, certamente são fundamentais, porém os equipamentos de proteção, realmente são os “salva-vidas” do colaborador. 26 O ambiente e as doenças do trabalho Por ser uma medida preventiva, mais uma vez se faz necessária a conscientização do colaborador para que seja utilizada de maneira correta frente ao ambiente de trabalho que ocupa. O fato de haver uma legislação que obriga o uso do cinto de segurança, somente terá efi cácia se houver uma ação humana para seu bom uso. Os EPI muitas vezes deixam de ser utilizados pela autoconfi ança do colaborador e é nesse momento que os acidentes acontecem. Além dos EPI, temos que relatar sobre a importância dos EPC. Uma capela de segurança química, fi ltros de ar para substâncias químicas, extintores de incêndio, chuveiros de emergência, placas sinalizadoras, são exemplos de equipamentos que contribuem para a proteção de todos os colaboradores de um local de trabalho. O empregador deve fornecer os equipamentos de proteção individual de forma gratuita aos empregados e deve treiná-los para que façam o uso de maneira adequada, conforme a Norma Regulamentadora 06 (BRASIL, 2010). Esses equipamentos devem ser adequados às atividades exercidas pelos empregados. O empregador também deve assegurar que seu uso seja obrigatório, controlando de forma contínua o uso pelo colaborador. É claro que para cada atividade laboral teremos os equipamentos de proteção sugeridos. Portanto, primeiro se faz uma análise do trabalho a ser desenvolvido, tentar correlacioná-lo à construção do mapa de risco e, posteriormente, defi ni- se qual o tipo de equipamento de proteção que deverá ser utilizado. Todos os equipamentos devem ser vistoriados quanto à sua integridade e validade. Os equipamentos que não garantem a segurança de seus empregadores devem ser substituídos imediatamente. Os colaboradores devem usar os equipamentos de proteção individuais apenas para a fi nalidade a que se destina e devem se responsabilizar pela sua conservação e ao perceberem que o equipamento apresente qualquer defeito, devem comunicar o fato ao seu superior direto. Quantos profi ssionais da saúde não deixam o ambiente hospitalar de aventais brancos?. Muitas vezes não os retiram até mesmo para suas refeições. Nesse momento ele deixa de ser um importante EPI e passa a ser um potencial transmissor de vírus e bactérias trazidos do interior hospitalar. EPI deve ser utilizado somente no local de trabalho. Pense nisso! Os colaboradores devem usar os equipamentos de proteção individuais apenas para a fi nalidade a que se destina e devem se responsabilizar pela sua conservação e ao perceberem que o equipamento apresente qualquer defeito, devem comunicar o fato ao seu superior direto. 27 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 Abaixo, alguns dos EPI e EPC utilizados nas empresas: Figura 5 - Exemplos de Equipamento de Proteção Individual (EPI) Fonte: Os autores, adaptado de: Disponível em: <http://www.unifal-mg. edu.br/riscosquimicos/node/72>. Acesso em: 10 abr. 2013. 1 - O capacete de proteção: Utilizado para proteção da cabeça do empregado contra agentes meteorológicos (trabalho a céu aberto) e trabalho em local confi nado, impactos provenientes de queda ou projeção de objetos, queimaduras, choque elétrico e irradiação solar. 2 - Capacete com viseira: tem como principal função proteger o crânio e a face, principalmente os olhos. Importante para quem manuseia substâncias químicas ou equipamentos que possam gerar estilhaços. 3 - Óculos de segurança: Utilizado para proteção dos olhos contra impactos mecânicos, partículas volantes e raios ultravioletas. 4 - Protetor auditivo: Utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem ruídos excessivos. 5 - Protetor auditivo tipo plug: Utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem ruídos excessivos. 6 - Respirador (máscara) descartável e com oxigênio: Utilizado para proteção respiratória em atividades e locais que apresentem tal necessidade, em atendimento a Instrução Normativa Nº 1 de 11/04/1994 – (Programa de Proteção Respiratória Recomendações/Seleção e Uso de Respiradores). 7 - Luva isolante de borracha: Utilizada para proteção das mãos e braços do empregado contra choque em trabalhos e atividades com circuitos elétricos energizados. 8 - Calçados de proteção: Utilizado para proteção dos pés contra torção, escoriações, derrapagens e umidade. 28 O ambiente e as doenças do trabalho Figura 6 - Equipamentos de Proteção Coletiva Fonte: Os autores, adaptado de: Disponível em: <http://www.unifal-mg. edu.br/riscosquimicos/node/72>. Acesso em: 10 abr. 2013. 1 - Extintores de incêndio, fi tas para isolamento de área, cones e chuveiro de emergência: os extintores são instrumentos fundamentais para o combate de pequenos focos de incêndio. As fi tas de isolamento de área contribuem para que haja um acesso restrito de pessoas em um determinado local, muito utilizado em obras e também para preservação de cena de algum crime. Os cones são importantes sinalizadores e podem tanto alertar o colaborador para algo como servir de barreira de acesso. Por fi m, o chuveiro de emergência é fundamental para banhos rápidos após acidentes químicos. 2 - Capela de Segurança: impede que haja a dissipação de vapores advindos de reações químicas. Algumas capelas também podem fornecer proteção biológica, portanto impedem a dissipação de bactérias e vírus em um determinado ambiente. 3 - Placas sinalizadoras dos riscos: permitem que haja uma rápida identifi cação dos principais perigos e riscos do local, mantendo o colaborador sempre alerta e distante do local indicado. AlGumas ConsideraçÕes A Medicina do Trabalho precisa ser associada a uma cultura voltada à compreensão, à análise e à defesa do ambiente de trabalho. Dessa forma, é possível construir uma visão voltada à proteção e à segurança para resguardar e preservar a vida onde quer que ela esteja presente. Empresas de todas as áreas passaram a prestar mais atenção ao ambiente de trabalho, já que para se obter clientes externos satisfeitos, necessitam-se de colaboradores também satisfeitos. 29 MEDICINA DO TRABALHOCapítulo 1 As exigências dos clientes tornam-se um ponto a ser revisto e melhorado pelas empresas, a fi mde que elas percebam que um ambiente de qualidade leva à satisfação. A empresa pode propiciar os aspectos para a melhoria do ambiente, porém se não houver comprometimento dos funcionários, difi cilmente será alcançado o objetivo proposto que, na maioria das vezes, é a permanência fi rme num mercado cada vez mais competitivo. ReFerÊncias BRASIL. NR 4 – Norma Regulamentadora 4. Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, 1983. _____. Lei 8213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 1991 _____. NR 7 – Norma Regulamentadora 7. Programa de Controle de Medicina e Saúde Ocupacional, 1994. _____. Portaria Nº 5.051, de 26 de fevereiro de 1999. Ministério da Previdência e Assistência Social, 1999. _____. NR 6 – Norma Regulamentadora 6. Equipamentos de Proteção Individual, 2010. _____. NR 5 – Norma Regulamentadora 5. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, 2011. _____. NR 9 – Norma Regulamentadora 9. Programa Interno de Prevenção de Acidentes, 2013. CORREA, P. R. L.; ASSUNÇÃO, A. A. A subnotifi cação de mortes por acidentes de trabalho: estudo de três bancos de dados. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 2003; 12 (4). FREITAS, C.; SÁ, I. M. B. Por um Gerenciamento de Riscos Integrado e Participativo na Questão dos Agrotóxicos. In: PERES, F. MOREIRA, J. C. (org.). É veneno ou é remédio? Agrotóxicos, Saúde e Ambiente. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. FREITAS, D. Acidente de Trabalho: Causas e suas Consequências. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,acidente-de-trabalho-causas-e- suas-consequencias,34481.html>. Acesso em: 31 maio 2013. 30 O ambiente e as doenças do trabalho HÖKERBERG, Y. H. M.; SANTOS, M. A. B. dos; PASSOS, S. R. L.; ROZEMBERG B.; COTIAS, P. M. T.; ALVES, L.; MATTOS, U. A. O. O Processo de Construção de Mapas de Risco em um Hospital Público. Ciência & Saúde Coletiva, 11(2), 2006. MASTROENI, M. F. Biossegurança Aplicada a Laboratórios e Serviços de Saúde. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. MENDES, R. COSTA DIAS, E. Da Medicina do Trabalho a Saúde do Trabalhador. Rev. Saúde Pública, São Paulo, 1991. MINOZZO, R. et al. Plumbemia em Trabalhadores da Indústria de Reciclagem de Baterias Automotivas da Grande Porto Alegre, RS. J. Bras. Patol. Med. Lab., Rio de Janeiro, v. 44, n. 6, dez. 2008. NOGUEIRA, D. P. Incorporação da Saúde Ocupacional à Rede Primária de Saúde. Rev. Saúde públ. São Paulo, 1984. OLIVEIRA, J. A. A.; TEIXEIRA, S. M. F. (Im) Previdência Social: 60 anos de história da previdência no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1986. SALIBA, T. M. Curso Básico de Biossegurança e Higiene Ocupacional. 2. ed. São Paulo: LTr, 2008. SANTANA, V. S. Saúde do Trabalhador no Brasil: Pesquisa na Pós-Graduação. Rev Saúde Pública. 40 (N. Esp.), 2006. SCHILLING, R. S. F. Developments in Occupational Health. In: SCHILLING, R. S. F., ed. Occupational Health Practice. 2nd ed. London, Butherworths, 1981. p. 3-26. VIEIRA, S. I. Manual de Saúde e Segurança do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2008. CAPÍTULO 2 Doenças do Trabalho A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer os tipos de riscos de exposição do trabalhador. Entender o desenvolvimento das principais patologias laborais. Reconhecer os possíveis riscos em diferentes locais de trabalho e ambiente de trabalho. 32 O ambiente e as doenças do trabalho 33 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 ConteXtualiZaçÃo Atualmente as exigências para com o cumprimento das atividades laborais têm sido cada vez mais imperiosas. Muitos trabalhos exigem jornadas maiores, troca de turnos, exposição frequente a riscos, enfi m, vários são os fatores do ambiente do trabalho que podem comprometer a saúde do trabalhador. A construção de um edifício somente se torna possível devido à atividade humana de pessoas que possuem capacidade e, porque não dizer, coragem de fi car horas nas alturas. As cirurgias somente são possíveis pela atuação médica, os produtos industrializados surgem devido à atuação humana. Enfi m, se analisarmos a fundo, não existe uma ocupação humana que não contenha um determinado risco iminente de sua atuação. O presente capítulo não tem a intenção de condenar as atividades laborais, mas sim, fazê-lo entender que embora não possamos excluir os riscos laborais de nossas vidas, podemos minimizá-los e contribuir para que o trabalhador desenvolva suas atividades em condições adequadas de saúde, tais como: boas horas de descanso, uso dos equipamentos de proteção, sabedoria frente aos riscos a que é exposto para assim preveni-los, manter um ambiente de trabalho sociável e com condições de boa convivência entre os trabalhadores, entre outros. Portanto, o presente capítulo permitirá a você compreender a classifi cação dos riscos ocupacionais, a constituição adequada do nosso organismo e como a exposição aos riscos dos mais diversos ambientes de trabalho, podem desencadear as doenças relacionadas ao trabalho. HistÓrico do Trabalho Prezado (a) pós-graduando (a), é notória, em nossa vida diária, a dedicação da maior parte do nosso tempo ao desenvolvimento de atividades laborais que contemplam não somente uma realização pessoal, como também a garantia do sustento fi nanceiro individual ou familiar. É praticamente impossível separarmos o desenvolvimento social do trabalho humano. A construção de uma sociedade sustentável, em todos os aspectos, é baseada no incremento do trabalho. O trabalho acompanha o homem desde o início da civilização sendo assim, desvincular trabalho de sociedade é algo extremamente difícil, pois um leva a evolução do outro. Desde a sociedade mais primitiva até a contemporânea está implícita a atividade laboral que, entre outros objetivos, serve como alicerce para o crescimento humano e o progresso social. 34 O ambiente e as doenças do trabalho Mas afi nal, o que é trabalho? Se fossemos realizar uma pesquisa, nos mais diversos dicionários, livros-textos ou sites de busca, teríamos várias defi nições dessa palavra. Para auxiliá-lo nos estudos, mencionoamos aqui um resumo das várias fontes. Trabalho trata-se de uma determinada ocupação que exige uma aplicação coordenada de separarmos o desenvolvimento social do trabalho humano. A palavra trabalho advém do latim (TRIPALIUM) que fazia alusão a um instrumento de tortura formado por três estacas. Ou seja, o trabalho sempre foi visto como algo ruim, que demanda esforços para sua realização (BONZATTO, 2011). O desenvolvimento de toda e qualquer atividade laboral emana uma condição favorável de saúde, para que todo esforço exigido, seja ele físico ou mental (horas a frente do computador, carregamento de peso, fi car muito tempo em uma mesma posição) possa ser correspondido. A preocupação com a saúde do trabalhador e a prevenção de acidentes é algo relatado inclusive em trechos bíblicos, mediante a indicação da construção de parapeitos no decorrer de algumas edifi cações (SANTANA, 2006). Prevenir o desenvolvimento de doenças e/ou auxiliar na recuperação do indivíduo frente a alguma patologia, torna-se algo de extrema valia para que este pos sa ter uma maior dedicação e consequentemente melhor rendimento em suas atividades. Ao descrever sobre saúde do trabalhador ou doenças ocupacionais, se faz importante mencionar o trabalho desenvolvido por Ramazzini, no século XVII, o qual foi um dos primeiros autores a descrever sobre questões importantes que deveriam ser obtidas junto ao trabalhador na tentativa de prevenir o desenvolvimento de doenças no trabalho (SANTANA, 2006). SANTANA, Vilma Souza. Saúde do trabalhador no Brasil: Pesquisa na pós-graduação. Rev. Saúde Pública, 2006; 40(N Esp):101-111 – a autora descreve em sua obra os pontos e sequências históricas mais importantes no que tange aos cuidados com a saúde do trabalhador. Segundo a autora correlação e a preocupação dos acidentesdo trabalho e saúde do trabalhador somente começaram a de fato se desenvolver após o século XIX, inclusive no Brasil mediante os movimentos antiescravitas. A preocupação com a saúde do trabalhador e a prevenção de acidentes é algo relatado inclusive em trechos bíblicos, mediante a indicação da construção de parapeitos no decorrer de algumas edifi cações (SANTANA, 2006). 35 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 O Que É SaÚde e Doença? Antes de iniciarmos o texto, convido você a tentar defi nir o que é saúde e o que é doença. Atividades de Estudos: 1) Nesse momento, é interessante que você tente descrever o que sabe sem nenhum tipo de consulta. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Que tal agora realizar uma consulta no dicionário ou fontes literárias e comparar com o que descreveu? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é defi nida como um completo bem-estar físico, psíquico e social do indivíduo, de maneira que este possa desfrutar e/ou usufruir de sua vida em boas condições. Ou seja, tudo aquilo que acomete o indivíduo de maneira que o impeça de gozar de um bem-estar pode ser considerado como doença. Temos que tomar cuidado para que não nos percamos do foco do estudo. Mediante a defi nição acima, podemos afi rmar que doença trata-se de um transtorno que compromete o bem-estar físico, psíquico, mental e social de um indivíduo podendo ou não afetar àqueles de sua convivência. 36 O ambiente e as doenças do trabalho Uma vez que conseguimos defi nir o conceito de saúde e doença, agora podemos seguir para o próximo passo: entender um pouco sobre a constituição do organismo humano e seu funcionamento, pois somente assim, teremos a capacidade assimilar e entender o agravo de cada doença frente ao desenvolvimento das atividades trabalhistas. Embora o curso não seja para que você se especialize no funcionamento do corpo humano, se faz importante entender tais processos. Que tal uma viagem na máquina mais perfeitamente projetada? O OrGanismo Humano Toda essa estrutura que vemos com a capacidade de pensar, locomover, comer, beber, festejar e trabalhar, nada mais é do que um emaranhado de diferentes células (menor unidade formadora do organismo humano) que trabalham e se diferenciam de maneira ordenada. São praticamente 10 trilhões de células que se unem para fazer com que essa máquina funcione (ALBERTS, 2006). Mais fantástico do que isso é saber que todos nós surgimos de uma única célula advinda da união de um óvulo materno e um espermatozoide paterno, união essa que dá origem a uma célula pluripotente, também conhecida como célula- tronco e que terá a possibilidade de originar toda e qualquer célula do organismo humano, sendo, portanto responsável por toda sua constituição. A célula-tronco originada multiplica-se e desenvolve-se com objetivo de originar diversas células diferenciadas para realização de funções específi cas. Algumas células são especializadas em se contrair (músculo), outras em nos defender (leucócitos), outras em transportar oxigênio (hemácias). Assim como a divisão de trabalhos de uma empresa onde cada setor é constituído de pessoas diferentes que realizam funções diferentes, nossas células se reúnem em vários grupos para divisão das atividades orgânicas. A célula recepcionista, a célula telefonista, a célula do almoxarifado, a célula diretora, de maneira que o sucesso dessa empresa depende da boa convivência entre as diferentes células e os diferentes setores, se um falhar compromete o andamento de todo o processo. É exatamente isso que acontece quando sofremos algum tipo de doença ou dano, aquilo que enxergamos macroscopicamente (sintomas) é consequência de danos ocorridos em inúmeras células microscópicas (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005). Para formação do corpo humano é importante se ter em mente que várias células no organismo vão se unir para formar um determinado tecido (tecido muscular, ósseo, conjuntivo, epitelial e nervoso), vários tecidos se unem para constituir um determinado órgão (pulmão, coração, cérebro etc.), vários órgãos 37 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 unem-se para constituir um sistema (muscular, cardíaco, urinários etc.) e, vários sistemas formam um organismo, no nosso caso, o corpo humano. Obviamente toda essa organização deve se comunicar para que cada compartimento desenvolva suas funções corretamente. Essa comunicação é feita mediante a produção de diversas substâncias que são conduzidas por nossa corrente sanguínea a toda e qualquer parte do organismo. Muito bem, uma vez defi nido o signifi cado de saúde, o signifi cado de doença e a constituição básica do organismo humano, podemos dar seguimento aos nossos estudos e realizar a classifi cação dos riscos presentes em nossas atividades diárias. Figura 7 - Células Pluripotentes Fonte: Disponível em: <http://coisaspraver.blogspot.com.br/2013/02/celulas- tronco-o-que-sao-o-que-e-para.html>. Acesso em: 10 mar. 2013. ClassiFicaçÃo dos Riscos Ambientais e as Doenças Relacionadas ao Trabalho Antes de iniciarmos a descrição dos riscos que todo e qualquer tipo de trabalho possa apresentar, se faz importante reconhecer que não existe trabalho 100% seguro, com ausência de riscos. Pensemos em um hospital, como trabalhar todos os dias sem se expor aos riscos de contaminação ali existentes? Como proceder a pintura de um edifício ignorando sua altura? O que buscamos é minimizar os 38 O ambiente e as doenças do trabalho perigos inerentes de cada exercício profi ssional aplicando de maneira preventiva as ações que possam contribuir para o bem estar do trabalhador. Só há uma maneira de aplicarmos medidas preventivas: conhecendo como as doenças se desenvolvem. Obviamente são inúmeras as patologias que podem ocorrer em um dia a dia de trabalho e seria uma tarefa difícil descrevê-las todas aqui. Sendo assim, descreveremos algumas patologias correlacionadas com o ambiente de trabalho. Segundo Brasil (2011), que trata do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), os riscos ocupacionais podem ser classifi cados de uma maneira geral em físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes. Portanto, não somente a natureza do trabalho, mas o ambiente onde ele é desenvolvido contribui para que haja uma maior ou menor exposição aos riscos supracitados. Não precisamos sofi sticar exemplos para entender e identifi car as possibilidades de acidentes que podem ocorrer em um determinado ambiente. Já parou para pensar quanta coisa você poderia fazer diferente para evitar acidentes dentro da própria casa? As legislações trabalhistas buscam estabelecer limites de intensidade ou tempo de exposição aos respectivos riscos, tais como: a quantidade de decibéis que um trabalhador pode ser exposto, exposição a produtos químicos, entre outros (BRASIL, 2011). Vale ressaltar que os limites retratam de uma maneira geral cada um dos indivíduos supostamente expostos aos riscos, esses índices de tolerância podem sofrer variações de indivíduo para indivíduo. Uns podem suportar mais o frio, os efeitosde radiações, as exposições ao calor, os esforços repetitivos do que outros. Riscos FÍsicos Segundo Hirata, Hirata e Mancini (2011), riscos físicos são aqueles que podem provocar algum tipo de dano mediante variação de energia. Os mais comuns riscos físicos aos quais somos submetidos são: Calor Nós, seres humanos, somos considerados animais homeotérmicos, ou seja, temos a capacidade de regular nossa temperatura mediante a temperatura a qual somos expostos (AIRES, 1998). Você certamente já frequentou a praia ou tomou um banho de piscina em dias de 40oC. Certamente um pintor, um metalúrgico já trabalhou por horas exposto a temperatura semelhante. Se nesse momento colocássemos um termômetro para medir sua temperatura você estaria com 36,5oC, ou seja, nossa temperatura fi siológica (normal). A estrutura anatômica 39 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 responsável por regular a temperatura corpórea é uma glândula localizada no diencéfalo (parte do cérebro) chamada de hipotálamo. Esse processo regulatório é de suma importância, pois todas as reações metabólicas e químicas que ocorrem no organismo são dependentes de funções enzimáticas do interior das células, as quais somente funcionarão em temperatura ótima (AIRES, 1998). Portanto, toda vez que formos expostos a altas temperaturas ou exigirmos muito de nossa máquina humana, tenderemos a uma sobrecarga desse sistema regulador. Quando a exposição ao calor torna-se demasiada, frequente e intensa, (caso de trabalhadores de fornalhas em fundições, por exemplo), nosso organismo tentará equilibrar o ambiente interno e externo impedindo que haja uma elevação da temperatura corpórea e seus eventuais prejuízos. A elevação da temperatura externa ocasiona um processo conhecido como vasodilatação (aumento do calibre dos vasos sanguíneos) que por consequência aumenta o fl uxo sanguíneo e a concentração de células sanguíneas no local. Essa resposta do organismo à exposição a altas temperaturas provoca uma perda de calor para o meio e permite que seja mantida a temperatura interna do corpo em seus índices fi siológicos. Embora esse mecanismo fi siológico funcione muito bem, ele tem seu limite de ação que, quando ultrapassado, acaba por não dissipar o calor corpóreo de forma adequada eleva o indivíduo a uma perda de concentração, fadiga, sonolência, queda de pressão (principalmente devido à vasodilatação extrema) e desidratação ocasionada pelo aumento da sudorese (perda de água pelo suor). Há de se ter extremo cuidado para com estes sintomas, caso contrário pode-se passar do desconforto para o óbito devido a danos celulares irreversíveis. Frio Assim como a exposição ao calor extremo, a exposição ao frio também tem suas consequências. Como relatado, nosso organismo dispõe de mecanismos para manter a temperatura corpórea adequada. Toda vez que formos expostos ao frio, a sensação térmica será interpretada pelo nosso Sistema Nervoso que iniciará uma série de respostas frente ao estímulo. Um dos mais conhecidos é o tremor, que são contrações musculares que ocorrem involuntariamente para gerar calor, como se fosse uma atividade física forçada. O que acontece quando você faz uma caminhada? Exatamente, você sua! Isso ocorre devido à contração muscular e o ritmo cardíaco aumentado que gera calor (AIRES, 1998). Outro fator visível mediante a exposição ao frio é o “roxear” das extremidades (principalmente dedos das mãos e pés), devido à vasoconstrição (diminuição do calibre dos vasos sanguíneos) desencadeada pelo frio. Se você lembrar, sempre 40 O ambiente e as doenças do trabalho que estamos em um período de frio nossos pés e nossas mãos são os locais mais gelados do corpo, isso se dá devido à vasoconstrição e menor irrigação sanguínea no local (AIRES, 1998). Os graus de lesões e sintomas vão variar de acordo com o tempo de exposição e a intensidade ao frio que foi exposto. Porém, independente do grau de sintomas, estes são inicialmente desencadeados pela alteração na circulação sanguínea local (vasoconstrição). Se não chega sangue em um determinado tecido do organismo, não chega oxigênio e, sem oxigênio, nossas células começam a morrer. Por isso, é muito comum pessoas que são expostas ao frio intenso terem o congelamento de membros inferiores seguido de gangrena (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005). Gangrena: é uma complicação de uma necrose isquêmica (falta de suprimento sanguíneo, e consequente falta de oxigênio) das extremidades (braço, mão, perna, pé), e seguida de invasão bacteriana e putrefação. Clostridium perfringens é a espécie bacteriana mais comum envolvida na gangrena, mas outros Clostrídios e várias outras bactérias também podem crescer nos ferimentos ou em qualquer parte do corpo que tenha sua circulação interferida ou impedida (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005). A vasoconstrição desencadeada pela exposição frequente ao frio ocasiona a morte celular pela falta de suprimento sanguíneo (muito comum em alpinistas de geleiras). Alterações vasculares são responsáveis por cerca de 80% das amputações em membros inferiores, as quais, em sua grande maioria, são realizadas devido à morte do tecido local por falta de vascularização na tentativa de evitar a contaminação bacteriana (CARVALHO et al, 2005). Outra situação bastante difundida frente à exposição ao frio extremo é a hipotermia (queda da temperatura corpórea). Quando nossos mecanismos fi siológicos não conseguem mais suprir a demanda de calor exigida pelo corpo, nossa temperatura começa a baixar. Considera-se estado de hipotermia quando a temperatura diminui em 1 a 2oC em relação a temperatura fi siológica (36,5oC). Nesse momento inicia-se a sensação de dor e tremor intenso. Conforme, o tempo de exposição ao frio aumenta, a sensibilidade diminui e os tecidos podem começar a morrer devido à falta de irrigação sanguínea. Em graus extremos, ocorre a parada cardiorespiratória e morte. 41 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 Radiação Assim como mencionado anteriormente, direcionaremos nossas explicações no que tange aos danos orgânicos causados pela exposição à radiação. Leitura do capítulo que relata sobre os riscos físicos do livro MASTROENI, Marco F. Biossegurança Aplicada a Laboratórios e Serviços de Saúde. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. Radiação, do ponto de vista físico, é considerada a propagação de energia em um determinado meio que possa produzir algum efeito sobre a matéria. Elas podem ser divididas em basicamente dois tipos: ionizante (raios alfa, beta, gamma e X) e não ionizante (ultravioleta e infravermelho) (HENEINE, 2007). Detectar a exposição à radiação e os limites de tolerância para tal é de suma importância, pois seus efeitos são acumulativos e podem se manifestar após longo tempo de exposição, sendo prejudicial à saúde humana. No início desse capítulo colocamos que não existem trabalhos 100% seguros. Talvez os profi ssionais que exercem suas funções em ambientes radioativos sejam àqueles com maior propensão a nocividade. Atualmente a radiação é de suma importância para vários setores, principalmente no auxílio ao diagnóstico e tratamento médico (radiografi as, medicina nuclear, radioterapia etc.) fato que coloca os trabalhadores em risco iminente e requer cuidados demasiados, não só individual como também coletivo. Diferente do paciente que recebe sua dose e radiação para fi ns diagnósticos e, em seguida, sai do ambiente radioativo, os profi ssionais desta área fi cam diariamente expostos a inúmeras descargas de radiação, sendo assim, torna-se necessário o uso constante dos equipamentos de proteção individuais (coletes de chumbo) e coletivos (sala com parede baritada). Você deve se perguntar a razão dessa nocividade, correto? Para uma resposta coerente ao seu questionamento, se faz necessário esclarecermos alguns conceitos. Toda informação genética necessária para que nosso organismo trabalhe corretamente estão armazenadas em nosso DNA – ácido desoxirribonucléico. Esse material genético fi caarmazenado na forma de cromossomos em estruturas localizadas no interior de nossas células denominadas de núcleo (ALBERTS, 2006). São esses elementos que garantem a hereditariedade de nossos pais 42 O ambiente e as doenças do trabalho para nós, de nós para nossos fi lhos e assim sucessivamente. Basicamente e do ponto de vista genético, podemos dividir nossas células em dois tipos: as somáticas e as germinativas (gametas). Ambas são constituídas, dentre outros elementos, de DNA. Estruturalmente o DNA é constituído de uma sequência ordenada de moléculas denominadas de nucleotídeos (adenina, guanina, citosina e timina), sendo sua função altamente dependente de como este material esta sequenciado. Além de armazenar as características genéticas de cada ser vivo, o DNA tem como função promover a produção de proteínas em nosso organismo, ou seja, para cada proteína que nós produzimos há uma sequência específi ca de DNA (gene). Mediante a produção de proteínas o DNA controla o potencial metabólico e de multiplicação celular de maneira que ocorra de forma ordenada e extremamente controlada (ALBERTS, 2006). Você deve estar se perguntando neste momento: Qual a relação do DNA com a exposição radioativa? Toda vez que somos colocados em contato com radiações, sejam elas ionizantes ou não ionizantes, podemos ter nossa sequência de nucleotídeos alterada mediante a quebra de ligações químicas (mutação). Portanto, se alteramos a sequência de nucleotídeos, começamos a produzir proteínas defeituosas e o controle metabólico e de multiplicação celular atua de forma desordenada. As células perdem sua função e se multiplicam de forma desregulada (ALBERTS, 2006). Lembrando do que comentamos no início do nosso capítulo, se alteramos células, alteramos tecidos, se alteramos tecidos, alteramos órgãos, se alteramos órgãos, alteramos sistemas que por consequência altera o funcionamento de um determinado organismo. Mediante a alteração da sequência de nucleotídeos denomina-se a ocorrência de uma mutação a qual pode desencadear o surgimento do câncer (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005). Nucleotídeo: é a menor molécula formadora do DNA. Uma molécula de DNA é constituída por inúmeros nucleotídeos, os quais devem obedecer a uma sequência dentro da molécula para sua correta função (ALBERTS, 2006). Não é possível prever como, quando, onde ou até mesmo se pessoas submetidas à radiação desenvolverão algum tipo de câncer. Quando a neoplasina se desenvolve anos mais tarde, fi ca difícil até mesmo determinar se a exposição à radiação foi realmente o fator desencadeador da doença. 43 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 Vale ressaltar que algumas células são mais susceptíveis a ação da radiação do que outras e que, não somente a área afetada diretamente pela radiação pode sofrer com o desenvolvimento de tumores, mas é fato que as áreas mais expostas diretamente aos efeitos radioativos detêm maior chance para o desenvolvimento tumoral. A exposição à radiação pode ter efeitos imediatos ou cumulativos. Quando se tem uma exposição excessiva à radiação, ás células podem sofrer danos irreversíveis e levar o indivíduo à morte quase que instantaneamente. Lembremo- nos do famoso caso brasileiro que ocorreu no Estado de Goiás, onde crianças foram expostas a materiais radioativos (Césio 137) advindos de um aparelho de radioterapia (ALMEIDA, 2012). Quando se tem um efeito acumulativo, além da possibilidade de desenvolver o câncer pode ser que as células germinativas (que dão origem ao óvulo e espermatozoide) sejam afetadas e, se isso acontece, há possibilidade de os fi lhos dessas pessoas que foram expostas sofrerem com algum tipo de mutação. Porém, certifi car a possibilidade de um indivíduo exposto à radiação transmitir os efeitos aos seus descendentes é algo impossível de mensurar. Pressão De forma simples, podemos dizer que pressão é a relação de força para com uma determinada área (HENEINE, 2007). Para que possamos entender o foco do nosso estudo, temos que levar em consideração a pressão atmosférica e uma relação muito simples: quanto mais longe do solo menor será a pressão e quanto mais perto, maior será a pressão. Mergulhadores são sempre expostos a pressões muito altas, enquanto alpinistas sofrem com pressões muito baixas. Você já deve ter subido ou descido as inúmeras serras que temos pelo Brasil e certamente sentiu seu ouvido “fechar”. O que ocorre nestes casos é uma diferença de pressão entre o ouvido interno e externo fazendo com que haja uma alteração da membrana timpânica e isso nos dá a sensação de que estamos surdos (HENEINE, 2007). A membrana timpânica é uma estrutura que ao entrar em contato com uma determinada frequência sonora, vibra e transmite esse som para o ouvido interno (DANGELO, 2005). 44 O ambiente e as doenças do trabalho Os maiores riscos frente à variação de pressão certamente envolve pessoas que trabalham sob alta pressão tais como: mergulhadores, tripulações de submarinos, operários de túbulos pneumáticos na construção civil etc. Você já tentou abrir uma garrafa de refrigerante de maneira abrupta? O que acontece? Exato! Formação de bolhas. Todas essas bolhas estavam de certa forma dentro da garrafa, porém a pressão ali exercida fazia com que esses gases permanecessem em meio líquido, quando houve uma variação de pressão: Boom! Agora imagine o que aconteceria com nosso corpo frente a uma variação de pressão como essa? Voltemos para a mesma garrafa de refrigerante, porém agora, vamos abri-la bem lentamente. O que você notou? Exato! Não houve formação de bolhas. É justamente por isso que quando formos submetidos à variação de pressão esta deve acontecer lentamente tanto para pressurizar quanto para despressurizar. Toda essa preocupação está correlacionada a moléculas que em nosso organismo, devido à pressão, estão na forma líquida, mas que podem se transformar em compostos gasosos mediante uma variação abrupta, tais como o nitrogênio e oxigênio, causando o que é conhecido como embolia (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005). Embolia é uma massa sólida, líquida ou gasosa que é transportada pelo sangue e que pode obstruir os vasos sanguíneos, causando a falência de órgãos vitais (KUMAR; FAUSTO; ABBAS, 2005). Fisiologicamente o nitrogênio, que é uma substância tóxica para o organismo é eliminado principalmente na forma de ureia mediante o processo de metabolismo hepático e fi ltração renal (HENRY, 2008). Como mencionado, isso somente é possível devido ao elemento de nitrogênio estar sob a forma líquida. Quando há uma alteração de pressão o nitrogênio passa para sua forma gasosa e o organismo perde sua capacidade de eliminá-lo na forma de ureia, fato que contribui para a ocorrência de embolia e risco de morte. As mudanças abruptas de pressão também podem ocasionar o rompimento da membrana timpânica e causar distúrbios na audição (ABC DA SAÚDE, 2013). Por fi m, cavidades e órgãos do corpo também podem sofrer com essa alteração mediante dilatações ou rompimentos que impeçam seu funcionamento adequado. Um dos exemplos mais graves em relação a isso é quando o pulmão perde sua capacidade de infl ar e, consequentemente, realizar as trocas gasosas necessárias para nossa respiração (LAMBERT; HANSEN, 2007). 45 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 Em nossa circulação existem células denominadas hemácias. As hemácias são constituídas de grande quantidade de hemoglobina que é uma molécula proteica com capacidade de ligação ao oxigênio e ao gás carbônico. Sendo assim, no momento que realizamos a respiração celular, as hemácias carregam oxigênio para os tecidos e trazem o gás carbônico dos tecidos para ser expelido para o meio externo. Quando indivíduos são submetidos a situações de baixa pressão atmosférica, o oxigênio tende a se dissipar no ambiente difi cultando sua obtenção pelo processo de respiração normal. Com uma disposição de oxigênio menor, o transporte deste gás para o interior das células fi ca prejudicado e a oxigenação dostecidos e principalmente do cérebro fi ca depreciada. O estado de hipóxia (diminuição de oxigênio tecidual) estimula um maior ritmo cardíaco, debilidade motora e diminuição da capacidade responsiva, gerando inclusive desmaios. Dependendo do grau dehipóxia podem ser observadas lesões teciduais mais graves que levem a edemas cerebrais e consequente à morte (HENRY, 2008). Ruídos A surdez devido à exposição a ruídos é a doença ocupacional mais comum dentre as hoje conhecidas. O processo de audição basicamente ocorre em três estágios (AIRES, 1998): 1 - Captação das vibrações sonoras pelo ouvido externo, o qual amplifi ca os sinais sonoros. 2 - A membrana timpânica localizada no ouvido médio emite os sinais sonoros para os ossículos mediante sua vibração. Os ossículos facilitaram a transmissão dos sinais para o ouvido interno transformando energia sonora em hidráulica. 3 - O ouvido interno, através da cóclea, possui um conjunto de membranas sensíveis que captam a energia gerada e transmitem ao cérebro. A pessoa exposta a ruídos contínuos e intensos acaba por lesionar a região do ouvido interno que perde a capacidade de transmissão dos estímulos ao cérebro gerando sintomas de surdez. Praticamente 100% dos casos de surdez são fi siologicamente irreversíveis (HENEINE, 2007). 46 O ambiente e as doenças do trabalho Figura 8 - Limites de tolerância a ruídos Fonte: Brasil (2011). Vibrações As vibrações estão presentes em várias atividades laborais. A exposição às vibrações pode ser localizada (principalmente em membros superiores e inferiores) ou corpórea (dano principal na coluna vertebral). Trabalhadores com esforços manuais constantes (madeireiros, pedreiros, operadores de retroescavadeiras etc.) estão submetidos a frequentes lesões por conta das vibrações excessivas. A patologia mais conhecida é denominada de Síndrome da Vibração de Mãos e Braços. A síndrome surge pela exposição constante à vibração, tendo como um dos primeiros sintomas o branqueamento dos membros, a diminuição da sensibilidade e a sensação de formigamento devido à queda do potencial de irrigação sanguínea. Mediante a manutenção do esforço por longos períodos de tempo há um maior comprometimento vascular e nervoso sendo que, em casos mais extremos, corre-se o risco de amputação de partes do membro pela morte do tecido, desenvolvimento de gangrena e risco de infarto, fatores que exigem o afastamento do trabalhador de suas funções (HAGBERG, 2004). Outra conseqüência da exposição às vibrações é a síndrome do carpo ou lesão por esforço repetitivo. A síndrome ocorre devido ao comprometimento do nervo radial que passa pelo antebraço e inerva as mãos. Essa patologia impede o desenvolvimento de tarefas simples e delicadas como passar a linha em uma agulha, pegar uma moeda do chão, abotoar o botão da camisa, além de gerar intensas dores. Indivíduos expostos frequentemente a ações repetidas em seu trabalho (digitadores, pedreiros, costureiras, domésticas entre outros) podem ser 47 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 acometidos pela síndrome do carpo. Embora haja chance de tratamento, muitas vezes se faz necessário um processo cirúrgico (OLIVEIRA, 2000). Riscos Químicos O contaminante químico pode ser considerado como toda substância que uma vez manuseada seja no estado sólido, líquido ou gasoso poderá entrar em contato com o organismo humano e ser prejudicial (HIRATA, HIRATA e MANCINI 2011). Segundo Hirata, Hirata e Mancini (2011), as diversas substâncias químicas podem ser enquadradas nos seguintes grupos: tóxicas, irritantes, oxidantes, corrosivas, voláteis e infl amáveis, estando na forma gasosa, liquefeita ou sólida. De acordo com a natureza do composto, têm-se as exigências de biossegurança necessárias para boas condições de trabalho. Elementos que exibem toxicidades na forma de gás possuem maior periculosidade, pois se comportam como inimigos invisíveis. A potencialidade dos efeitos que uma substância química pode provocar é diretamente proporcional ao tempo de exposição e dose recebida (Da Fonseca, De Marchi, Da Fonseca, 2000), 2000). Para entender os efeitos posteriores da exposição aos agentes químicos é importante saber qual a via de entrada e qual o tipo de tecido mais afetado, podendo gerar efeitos locais ou sistêmicos. Os agentes químicos podem penetrar no organismo por diversas vias, tais quais: • Oral: substâncias químicas que se encontram no estado sólido ou líquido. Os efeitos podem ser gastrointestinais ou sistêmicos quando absorvidos pela corrente sanguínea. Atividade de Estudos: 1) Procure alguma referência literária e liste ao menos cinco elementos químicos que poderiam ser ingeridos pela via oral e causar danos ao organismo. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 48 O ambiente e as doenças do trabalho • Tópica e Mucosas: geralmente o composto químico adentra pelas células da epiderme (pele) ou pelas mucosas (boca, laringe, faringe, traqueia, entre outras). Atividade de Estudos: 1) Procure alguma referência literária e liste ao menos cinco elementos químicos que poderiam interagir com a pele e mucosas. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ • Aérea: nesse caso trata-se do contato com compostos químicos voláteis e que são inalados mediante o processo respiratório. A toxicidade do agente químico pelas vias aéreas é considerada a mais perigosa de todas, devido à rápida passagem para a circulação sanguínea. Atividade de Estudos: 1) Procure em alguma referência literária e liste ao menos cinco elementos químicos que poderiam interagir com VIAS AÉREAS. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 49 DOENÇAS DO TRABALHOCapítulo 2 Quando um determinado agente químico é absorvido e cai na corrente circulatória, ele precisa ligar-se a algum componente celular específi co para que consiga gerar a toxicidade celular. O exemplo mais comum é a teoria chave- fechadura (ALBERTS, 2006). Um determinado cadeado somente consegue ser aberto quando em contato com sua chave específi ca, correto? Esse é o mesmo princípio para os reagentes químicos, eles somente manifestarão efeitos no organismo quando ligarem-se a uma determinada região celular específi ca (enzimas, receptores de membrana, etc.). Isso acarretará em distúrbios bioquímicos sérios e, muitas vezes, irreversíveis. Certos compostos químicos, quando na circulação sanguínea, serão metabolizados pelo fígado, nosso principal órgão metabólico. Devido a isso, muitas vezes, o fígado é um dos órgãos mais acometidos pelos processos de intoxicação (HENRY, 2008). Muito bem, uma vez realizada uma introdução frente aos compostos químicos, agora dividiremos os principais agentes químicos envolvidos com acidentes de trabalho. Metais Pesados Os metais pesados são substâncias químicas altamente reativas e com alto poder tóxico quando no organismo, pois tem pouco ou nenhum potencial de metabolização hepática. O fato de não sofrerem metabolização faz com que permaneçam circulantes ou acumulados
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