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Direito Tributário 8º. Período Profº. Gabriel de Araujo Sandri Fontes Formais do Direito Tributário – Unidade 3 Competência Tributária Constituição – Discriminação das competências tributárias não cria tributos – Carta de Competências Da CRFB decorre a rigidez do Sistema Tributário Nacional Direções ao STN: partilha de competências – União, Estados, Municípios e Distrito Federal dela decorre o direito individual do contribuinte – só se submete à obrigação se for constitucional só pode ser instituído ou majorado tributo dentro das delimitações constitucionais Competência Comum Ex.: impostos, taxas e contribuições de melhoria (art. 145, CF) ATENÇÃO – o termo “comum” se refere à espécie genericamente considerada. No caso dos impostos, há campos de atuação específica art. 153 impostos de competência privativa da União art. 155 impostos de competência privativa dos Estados e Distrito Federal art. 156 impostos de competência privativa dos Municípios (DF – art. 32) Competência Concorrente Art. 24 CF “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;” Cada pessoa política deve respeitar as diretrizes constitucionais e as normas gerais em matéria tributária disciplinadas pelo CTN para exercê-la Competência – Conceito, exercício e titularidade Competência tributária – atividade legiferante Conceito a aptidão para editar leis que, abstratamente, instituam tributos Exercício encerra-se com a edição da lei Titularidade o exercício da competência tributária, no Brasil, é reservada privativamente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios – só eles podem legislar Características Privatividade: a CF reservou faixas de competência tributárias exclusivas outorgada competência a uma pessoa há vedação da exploração desse mesmo campo de atuação a quaisquer outras Indelegabilidade: art. 7º, caput, CTN – a competência não pode ser renunciada nem delegada Pode até deixar de exercitá-la, porém, não lhe é autorizado transferir a terceira pessoa ... Incaducabilidade: o seu exercício não se encontra submetido à observância de um prazo fatal Inalterabilidade: há delimitação constitucional não pode ser ampliada Irrenunciabilidade: não pode ser renunciada, no todo ou em parte, vez que se trata de matéria de Direito Público Constitucional, logo, naturalmente, indisponível Facultatividade: seu exercício por parte da Pessoa Política não é obrigatório, de modo que a exerce se quiser decorrência natural de sua incaducabilidade Competência Tributária x Capacidade Tributária Ativa A competência tributária esgota-se com a lei e, após sua edição, só podemos falar em capacidade tributária ativa. Capacidade tributária ativa objetivamente, consiste na prerrogativa de alguém apresentar-se como credor [sujeito ativo] de uma obrigação tributária - atividade arrecadatória e fiscalizatória Todo Ente possuidor de competência tributária detém capacidade tributária ativa, embora a recíproca não seja verdadeira ... A capacidade tributária ativa, diferentemente da competência tributária, pode ser delegada a terceiros e encontra-se submetida a um prazo decadencial quinquenal [CTN, art. 173]. Ex.: ao instituir um imposto de sua competência, um Município, por intermédio de sua Câmara de Vereadores, está exercendo a competência tributária que lhe fora constitucionalmente confiada. Depois de instituído, cessa-se a competência, sendo que daí para frente toda atividade arrecadatória e fiscalizatória representam manifestações do exercício da capacidade tributária ativa, passíveis de delegação [art. 7º do CTN], e naturalmente caducável [CTN, art. 173], vez que um contribuinte não pode se tornar refém eternamente do Fisco por crédito não constituído em tempo hábil. Parafiscalidade É parafiscal todo tributo que, por força de delegação da capacidade tributária ativa [legalmente atribuída pelo titular da competência tributária], é arrecadado e fiscalizado por terceira pessoa [pública ou privada], perseguidora de finalidades públicas ou de interesse público, as quais passam a dispor dessa receita para a consecução dos seus objetivos Ex. OAB, CRM, SESC, SENAI etc. Bitributação x Bis in idem Bitributação - quando duas ou mais Pessoas Políticas tributam uma mesma hipótese de incidência ou base de cálculo Há invasão de competência! Exceção: os impostos extraordinários (art. 154, II, CF) Ex.: a União não pode instituir um adicional de IPTU, mediante a criação de novo imposto federal incidente sobre o valor venal da propriedade predial e territorial urbana Bis in idem - instituição de um tributo de idêntica natureza a outro preexistente por uma mesma Pessoa Política ... Eis o traço diferencial entre uma e outra. No bis in idem o encargo adicional é criado pela mesma pessoa jurídica de direito público interno, o que inocorre na bitributação, que pressupõe a instituição de um mesmo tributo por pessoas distintas. A nossa ordem jurídica, cumpre advertir, admite o bis in idem, desde que observados os princípios basilares aplicáveis ao caso e, obviamente, quando de explícita recepção constitucional [v.g., PIS e COFINS instituídos pela União, contribuições que possuem idêntica hipótese de incidência e base e cálculo]. Constituição Lei Complementar Lei Ordinária Medida Provisória Tratados ou Convenções Internacionais Resolução Decretos e Regulamentos Normas Complementares Fontes Formais de Direito Tributário Constituição Base material primária Fixa o sistema de fontes formais e materiais do ordenamento jurídico Discriminação das competências tributárias Classificação das espécies tributárias Desenho da regra-matriz dos tributos Limitação ao poder de tributar Princípios Fundamento de validade das demais normas Poder de fulminar as normas supervenientes contra si incompatíveis Revoga as normas pré-constitucionais também incompatíveis Não cria tributos Não exerce o papel de uma norma de incidência Carta de competências tributárias Princípio constitucional implícito da continuidade da ordem jurídica Recepção das normas compatíveis ... Lei Complementar Distingue-se da Lei Ordinário pelos aspectos materiais e formais Aspecto material Reserva constitucional de matérias (Ex. art. 146, 148, 153, inc.VII, 154, inc. I, entre outros) Aspecto formal Quórum qualificado de aprovação (art. 69, da CRFB/88) – maioria absoluta dos integrantes (não simplesmente dos presentes) da(s) casa(s) legislativa(s) ... Leis complementares ontológicas vs. Leis complementares formais A escolha da Lei complementar não está ao talante do legislador infraconstitucional Conjunção de elementos Reserva legal qualificada Quórum especial de aprovação ... Quando respeitar os critérios ontológico-formais da Leis Complementar, deterá posição hierárquica superior à Legislação Ordinária (Lei Ordinária, Medida Provisória e Lei Delegada) Com efeito, pouco importa o grau hierárquico destas espécies de leis, porque na matéria reservada à primeira, a segunda não pode adentrar Código Tributário Nacional como Lei Complementar Lei nº. 5.172/66 - CTN “Lei sobre leis de tributação” Art. 146, da CRFB/88 Lei complementar intercalar (fundamenta a validade de outros atos normativos) À época da sua edição (25/10/66) não existia a previsão de matérias reservadas à Lei Complementar (Constituição de 1946) Lei formalmente ordinária mas materialmente complementar – Recepção pelas Constituições de 1967 e 1988 Continuidade da ordem jurídica Lei Ordinária Fonte por excelência do Direito Princípio da Legalidade (art. 5º., inc. II, da CRFB/88) Estado Democrático de Direito Princípio Democrático Salvo disposição diversa (Lei Complementar), compete à Lei Ordinária a prerrogativa de instituir ou aumentar tributos (art. 150, inc. I, da CRFB/88) ... Competênciaexclusiva do Poder Legislativo Princípio da estrita legalidade tributária Para criar um tributo, indispensável que seus dados essenciais venham previstos em Lei Ordinária Hipótese de incidência Base de cálculo Alíquota Sujeito passivo Momento da consumação da hipótese de incidência ... Sentidos emprestados ao vocábulo “lei” Sentido formal “Ato normativo produzido pelo Poder Legislativo segundo forma prescrita na Constituição, gerando direitos e deveres em nível imediatamente infraconstitucional” (Michel Temer) Sentido material “Ato normativo prescritor de uma situação jurídica hipotética, individualizadora de um tipo, um modelo, um comando” (Alexandre Macedo Tavares) Amplitude semântica do desígnio “lei” Sentido amplo Qualquer ato normativo ajustável ao conceito de lei em sentido formal “ou” material Sentido estrito Exige a presença do sentido formal e material ... Medida Provisória Art. 62, da CRFB/88 Binômio relevância e urgência Editada pelo Presidente da República Equivalente à Lei Ordinária (“força de lei”) Possibilidade de instituir ou majorar tributos nos termos do art. 62, §2º., da CRFB/88 Exceto para aqueles que demandam Lei Complementar Tratados ou Convenções Internacionais Celebrados pelo Presidente da República (art. 84, inc. VIII, da CRFB/88) Iter processualístico Negociação, conclusão e assinatura do tratado (Presidente) Aprovação pelo Congresso Nacional, por Decreto Legislativo (art. 49, inc. I, da CRFB/88) Check and balance Promulgação presidencial Em regra, são celebrados para elidir a bitributação Quando não tratam de Direito Humanos, detêm hierarquia ordinária ... Art. 98, do CTN. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Leis especiais não revogam lei gerais! Detêm preferência de aplicação concreta Resolução Competência privativa do Congresso Nacional. Senado e Câmara Finalidade Delegar ao Presidente autorização – Lei Delegada (art. 68, §2º., da CRFB/88) Suspender, no todo ou em parte, lei declarada inconstitucional pelo STF (art. 52, inc. X, da CRFB/88) Fixar a alíquota de alguns tributos Mínimas e máximas do ICMS, para operações internas e para as mesmas operações, visando resolver conflito específico entre Estados (art. 155, §2º., inc. V, alíneas “a” e “b”, da CRFB/88) Máximas do ITCMD (art. 155, §1º., inc. IV, da CRFB/88) ... Decretos e Regulamentos Art. 84, inc. IV, da CRFB/88. Compete privativamente ao Presidente da República: sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. Pelo princípio da simetria, aplica-se aos Governadores e Prefeitos São leis em sentido material Carecem do sentido formal porque não aprovadas pelo Poder Legislativo ... Suporte legal às leis a que se subordinam Esta subordinação já denota sua hierarquia inferior à própria Lei Ordinária Não podem inovar originariamente o ordenamento jurídico Quanto mais no campo tributário! (princípio da legalidade e da tipicidade cerrada) Devem ser secudum legem Não podem ir além da lei Não podem ir contra a lei (contra legem) Ser editado com intuito de preencher suas lacunas (praeter legem) Coadjuvante da lei Fazer referência a tudo que se revelar importante para conferir a fiel execução da lei impositiva fiscal Não pode incluir em seu bojo mais do que o estritamente necessário para tais fins ... ... Art. 99, do CTN. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. ... “Logo, a criação ex novo de um tributo e a determinação dos aspectos material, temporal, espacial, pessoal e quantitativo da norma jurídica de incidência tributária, e/ou majoração de um tributo preexistente, configuram matérias reservadas ao exclusivo talante de uma lei (de regra ordinária), nunca podendo ser confiados à legislação delegada, e menos ainda para a potestade regulamentar” (Alexandre Macedo Tavares) Normas Complementares Não confundir com a Lei Complementar! Art. 100, do CTN. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. ... Lei em sentido material Por veicularem prescrições normativas São formalmente atos administrativos Encampam o rol da denominada legislação tributária (art. 96, do CTN) Bom final de semana a todos!
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