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SALES, Aricelia Cantanhede. FAZENDO CASAS DE TAIPA: etnografia do processo de construção das casas de taipa em Central do Maranhão/MA-Brasil.

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1 
 
 
2 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO ARTÍSTICA 
DEPARTAMENTO DE ARTES 
 
 
 
ARICÉLIA CANTANHÊDE SALES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“FAZENDO CASAS DE TAIPA”: etnografia do processo de construção das casas de 
taipa de Central do Maranhão – MA/Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2012 
3 
 
ARICÉLIA CANTANHÊDE SALES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“FAZENDO CASAS DE TAIPA”: etnografia do processo de construção das casas de 
taipa de Central do Maranhão – MA/Brasil. 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Educação Artística da Universidade Federal 
do Maranhão para obtenção do grau de 
Licenciatura em Educação Artística. 
Orientador: Prof. Dr. Eugênio Araújo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2012 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sales, Aricelia Cantanhede. 
“Fazendo casas de taipa”: etnografia do processo de construção das 
casas de taipa de Central do Maranhão-MA/Aricelia Cantanhede 
Sales. -2012. 
122f. 
Impresso por computador (fotocópia). 
Orientador: Eugênio Araújo. 
Monografia (Graduação)-Universidade Federal do Maranhão, 
curso de Licenciatura em Educação Artística, 2013. 
1.Moradia popular-taipa-Maranhão. 2. Casa de taipa-Central do 
Maranhão. 3.Etnografia. I. Título. 
CDU 728.1 (1-21) (812.1) 
5 
 
ARICÉLIA CANTANHÊDE SALES 
 
 
 
 
 
 
“FAZENDO CASAS DE TAIPA”: etnografia do processo de construção das casas de 
taipa de Central do Maranhão – MA/Brasil. 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Educação Artística da Universidade Federal 
do Maranhão para obtenção do grau de 
Licenciatura em Educação Artística. 
 
 
Aprovada em 12/03 /2013. 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
Profº. Dr. Eugênio Araújo (Orientador). 
Departamento Artes/UFMA 
 
 
 
 
Profª Elisene Castro Matos 
Mestre em Ciências Sociais 
Departamento Artes/UFMA 
 
 
 
 
Profº. Esp. Gersino dos Santos Martins 
Departamento de Artes/UFMA 
6 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À Célia Mª N. Cantanhede, minha mãe. 
Aos meus avós, José Eloy Cantanhede e Ariadnes Nunes com os 
quais convivi durante a infância, e obtive grande aprendizado. 
A Silvestre Cantanhede, querido tio-avô e padrinho. 
À toda minha família. 
8 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A toda comunidade centralense. 
À Maria de Lurdes Paixão Macedo Barbosa, Maciria Nunes, Sr. José Raimundo (Zé 
Cinzento), D. Marinete, e ao Senhor José de Ribamar (Sr. Poçu). E todos entrevistados. À 
Secretaria de Educação de Central do Maranhão. 
Ao Sr. José Maria Pires (Presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Orlando 
Munis)Agrovila. 
A toda turma PROEB-UFMA Ciências Exatas de Central do Maranhão (2011- 2012). À 
Associação de Cultura Popular e Recreação de Central do Maranhão (ACPRCEMA) 
Aos moradores do Lar Universitário Rosa Amélia Gomes Bogéa, Casa do Estudante 
Universitário do Maranhão (CEUMA) e Residência Universitária da Universidade federal do 
Maranhão (REUFMA). 
Aos monitores do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (CCPDVF) período de 
2008 a 2010. 
Ao Mestre Jandir Gonçalves e Sebastião Cardozo, diretores da “Casa de Nhozinho” e “Casa 
da Fésta” respectivamente. 
Aos professores do Curso de Licenciatura em Educação Artística/ Artes Visuais- UFMA, em 
especial aos professores Profº Eugênio Araújo, pelo longo período de orientação, Profº. Paulo 
Cezar, Profª. Mércia, Profª. Isabel Costa, Profª Elisene, Profº. Marcelo do Espírito Santo, 
Profº Gersino, Profº. Norton Fonseca, Profº Murilo Santos, Profª Luisa, Profº Donato e Profº 
Lobato. 
Aos amigos que conheci durante a graduação, em especial à: Dácia Nayana, Zeneide, Rosiane 
de Jesus Cardoso, Valéria França, Karla Andrea, Dinalva Garcez dos Anjos, Marcos Antonio, 
Luis Felix, Andrea Frazão, Adriana Manfredini, Thaline Sampaio, Adriano Kilala, Lilian 
Brito, Raphael Brito, Heriverto Nunes, Luciana Joudy, Diego Jorge Lobato, João Deyvid 
Almeida, Walter Rodrigues, Fernanda Nilbre, Elisangela Verde, e tantos outros. 
Ao amigo Marcos Aurélio Rodrigues, turismólogo da Secretaria de Estado do Turismo, pelas 
informações prestadas e pelo apoio à pesquisa. 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Casa de Taipa 
 
Minha casa de paus de carnaúba, construída 
com meses de trabalho, foi trocada depois 
noutro agasalho, quando as cascas dos paus 
viraram fubá. A madeira de cima ficou puba. 
Frágeis restos de tábua de assoalho arrearam 
por cima do cascalho,como hastes de pau que 
alguém derruba. No restante das varas do 
caniço, ficou marca dos dias de serviço que a 
minha família trabalhou. 
Oh! Que pena meu Deus, como fui 
tolo! Me mudei para a casa de tijolo e minha 
casa de taipa se acabou. 
 
Geraldo Alves 
 
“[...] a habitação geralmente se torna um 
símbolo visível de identidade cultural.” 
 
Felix M. Keesing 
10 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
Pesquisa de natureza etnográfica, tendo como objetivo registrar o processo de construção de 
casas populares construídas através da técnica vernacular da taipa, realizadas na cidade de 
Central do Maranhão em suas dimensões: ambiental, social, cultural e de manejo. Situa o 
município de Central do Maranhão na Meso-Região Norte do Litoral Ocidental do Maranhão-
Brasil, a 399 km (via terrestre) e 145 km (via Ferry boat) da capital São Luís. Apresenta 
levantamentos históricos de utilização da técnica da taipa no mundo, no Brasil e no 
Maranhão. Descreve os procedimentos metodológicos adotados para a realização da pesquisa 
ressaltando que a abordagem adotada foi qualitativa e que inicialmente foi realizada pesquisa 
bibliográfica para auxiliar na compreensão do tema e em seguida a pesquisa de campo. 
Buscou-se retratar os aspectos do conhecimento tradicional de aplicação do método 
construtivo sendo empregados em tempo real e também em presença de mutirões solidários. 
Analisa as etapas do processo de construção das moradias populares de taipa na referida 
cidade. Apresenta a hipótese de que com desenvolvimento da cidade, principalmente no 
campo econômico, este processo de construção vem sendo gradualmente esquecido na 
comunidade e ou parcialmente substituído por formas de construção que empregam o uso de 
materiais industrializados e emprego de mão- de- obra qualificada. 
Palavras-Chave: Etnografia. Processo de construção. Taipa. Central do Maranhão. 
Conhecimento tradicional. Mutirões. Solidariedade. 
11 
 
 
 
 
 
RÉSUMÉ 
 
 
 
La recherche ethnographique, visant à enregistrer le processus de construction de logements 
construite selon une technique vernaculaire à l'aide de boue, qui s'est tenue dans la ville de 
Central Maranhão dans sa gestion environnementale, sociale et culturelle. Se trouve la ville de 
Maranhão dans la région centrale à mi-côte Nord Ouest du Maranhão-Brésil, 399 km (terre) 
au 145 km (via Ferry-boat ) à partir de la capitale, San Luis. Il présente des enquêtes 
historiques de l'utilisation de la technique du pisé dans le monde, au Brésil et au Maranhão. 
Décrit les procédures méthodologiques adoptées pour la recherche en soulignant que 
l'approche était initialement la recherche qualitative et bibliographiques pour aider à 
comprendre le thème et alors le champ de recherche. Nous avons cherché à dépeindre les 
aspects du savoir traditionnel pour l'application de la méthode de construction étant utilisé 
en temps réel et aussi dans la présence des forces de travail dans la solidarité. Analyse étapes 
de la construction de la boue de logementsabordables dans cette ville. Il présente l'hypothèse 
que le développement de la ville, en particulier dans le domaine économique, ce processus de 
construction est peu à peu oublié ou dans la communauté et partiellement remplacé par des 
formes de construction qui emploient l'utilisation de matériaux industriels et de l'emploi de 
main-d'œuvre qualifiée. 
 
Mots-clés: ethnographie. Construire processus. Taipa. Central Maranhão. Les connaissances 
traditionnelles. Le travail bénévole. Solidarité. 
12 
 
LISTA DE FOTOS 
Foto 01: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Central do Maranhão. ........ 23 
Foto 02: Ruínas da Usina Joaquim Antônio, estrutura da Chaminé .............................. 23 
Foto 03: Mapa de localização. ...................................................................................... 25 
Foto 04: Feira de Municipal. ....................................................................................... 26 
Foto 05: Boi de Carnaval ............................................................................................ .28 
Foto 06: Dança do Baralho. ......................................................................................... .28 
Foto 0 7: Sarameu. ...................................................................................................... .28 
Foto 08: Encontro da MA 006 e MA 21. ..................................................................... .29 
Foto 09: Estrutura Urbanizada da Feira de Central do Maranhão. ................................ .29 
Foto10: Comércio com residência margem da MA 211. .............................................. .30 
Foto11: Comércio com residência, margem da MA 006. ............................................. .30 
Foto 12: Entrada da cidade de Central do Maranhão. ................................................... 30 
Foto13: Projeto de Assentamento Abelardo Ribeiro. .................................................... 32 
Foto14: Projeto de Assentamento Abelardo Ribeiro. ................................................... 32 
Foto 15: Casa de Adobe. Localidade Centro. ............................................................... .42 
Foto 16: Ruínas de casa em Adobe com detalhe das paredes. ...................................... 42 
Foto 17: Casa abandonada localizada no Centro Urbano. ............................................ 46 
Foto18: Casa abandonada. Localidade Cantagalo. ........................................................ 46 
Foto 19: Tapera na localidade Colônia ......................................................................... 46 
Foto 20: Ruínas na localidade Monte Carmo. ...............................................................46 
Foto 21: Casa de alvenaria ........................................................................................... 47 
Foto 22: Casa em alvenarias. ........................................................................................ 47 
Foto 23: Contraste, residências de alvenaria e residência em taipa. .............................. 48 
Foto24: Contraste, residências de alvenaria e residência em taipa. ............................... .48 
Foto 25: Sequência de seis casas com telhados em duas águas. .................................... .48 
Foto 26: Casa de alvenaria com telhados em quatro águas, planta quadrangular ......... ..48 
Foto 27: Casa de taipa em planta retangular com telhado em fibras naturais em duas 
águas. Localidade Colônia...............................................................................................49 
Foto 28: Casa de taipa. Proximidades da Agrovila de 5 pavimentos, com telhados em 
fibras naturais. ............................................................................................................ 49 
Foto 29: Casa de taipa. Localidade Cantagalo.............................................................. 49 
Foto 30: Casa de taipa. Localidade Uruguaiana ............................................................ 49 
Foto 31: Casas de taipa. Localidade Uruguaiana .......................................................... 49 
13 
 
Foto 32: Casa de taipa. Localidade Morada Nova ......................................................... .49 
Foto 33: Casa de taipa. Localidade Santa Maria ........................................................... .50 
Foto 34: Casa de taipa com reboco em barro. ............................................................... .50 
Foto 35: Casa de taipa de telhado em fibras naturais. ................................................... .51 
Foto 36: Casa de taipa com telhado em cerâmica, localidade Cantagalo...........................51 
Foto 37 (vista frontal) e 38 (vista lateral) : Casa de fibras naturais. ................................ 53 
Foto 39: Casa de fibras naturais abandonada, localidade Cantagalo. .............................. 53 
Foto 40: Casinha de Quintal. (Cozinha externa). ........................................................... 53 
Foto 41 e 42: Reunião de participantes. Localidade Santa Rosa. .................................... 56 
Foto 43: Jovens aguardando início dos trabalhos. .......................................................... 58 
Foto 44: Crianças em tapagem. Localidade Estiva dos Oliveiras. ................................... 58 
Foto 45 : Crianças em atividade.Localidade Santa Maria ............................................... 58 
Foto 46: Crianças em atividade.Localidade Estiva dos Oliveiras. ................................. 58 
Foto 47: Terreno em estado natural. Localidade Estiva dos Oliveiras. ........................... 64 
Foto 48: Terreno semi- limpo, localidade Santa Maria................................................... 64 
Foto 49: Terreno limpo, proximidades da localidade Uruguaina. ................................... 65 
Foto50: Pequeno açude, proximidades da localidade Uruguaina. ................................... 65 
Foto 51: Ferramentas utilizadas na fase de adequação. .................................................. 66 
Foto 52: Esteios para armação de casa. Localidade Estiva dos Oliveiras. ....................... 67 
Foto 53: Casa “armada” localidade Estiva dos Oliveiras...................................................69 
Foto 54: Casa armada na localidade Uruguaiana........................................................... .69 
Foto 55: Ferramentas de armações de casas de taipa .................................................... .70 
Foto 56: Cipó Curuapé /Curuapé com detalhe em corte transversal............................... 71 
Foto 57: Amarradura com Cipó Curuapé/Curapé. Localidade Estiva dos Oliveiras. ....... 71 
Foto 58: Homem envarando sua própria casa. Localidade Cocal. ................................... 72 
Foto 59: Varas............................................................................................................... 72 
Foto 60: Fixação de varas com pregos. .......................................................................... 74 
Foto 61: Encontro de varas no canto da casa ................................................................. 74 
Foto 62: Casa envarada e parcialmente coberta. Localidade Estiva dos Oliveiras. .......... 74 
Foto 63: Pindoval . Localidade Colônia ......................................................................... 75 
Foto 64: Fechos de palha. Localidade Cantagalo. .......................................................... .77 
Foto 65: Menina abrindo a palha. (O estalar da palha). Localidade Estiva dos Oliveiras.77 
Foto 66: Folículos de folhas da palmeira babaçu (palha aberta).......................................77 
Foto 67: Detalhe, envira vermelha. ............................................................................... 77 
14 
 
Foto 68: Barbante em nylon. ........................................................................................ 78 
Foto 69: Início de cobertura na localidade Cantagalo.....................................................79 
Foto70: Homens fixando a primeira fila de palha nos caibos. Localidade Cantagalo. .... 79 
Foto71: Disposição de homens na realização de cobertura ............................................. 79 
Foto 72:Detalhe de amarraduras da palha com envira. Localidade Estiva dos Oliveiras.80 
Foto73 e 74: Cobertura de casas. Localidade Estiva dos Oliveiras. ............................... 80 
Foto 75 e 76: Mulheres entregando palha. ..................................................................... 81 
Foto 77: Cobertura na localidade Estiva dos Oliveiras. .................................................. 81 
Foto 78: Abastecimento de palha................................................................................... 82 
Foto 79: Mulher realizando a tarefa de abastecimento de palhas. ................................... 82 
Foto 80: Homem servindo bebida. ................................................................................ 82 
Foto 81 : Bebidas. ......................................................................................................... 83 
Fotos 82 e 83: Detalhe na finalização das coberturas com “palha braba”/“palha braba”..84 
Fotos 84 e 85 : Cobertura de Casinha de Quintal ( Cozinha externa). ............................ 84 
Foto 86: Disposição de homens na cobertura ................................................................. 85 
Foto87: Cipó Tracuá ..................................................................................................... 85 
Foto 88: Cipó Tracuá em rolo, detalhe corte transversal. ............................................... 86 
Foto 89: Ambiente natural do cipó tracuá ...................................................................... 86 
Foto 90: Destaque para as raízes aéreas do Tracuá que descem acompanhando o corpo da 
palmácea até chegar ao chão..............................................................................................86 
Foto 91:Detalhe da disposição das raízes do Tracuá, utilizadas nas amarraduras... ...... ..86 
Foto 92: Barreiro. .......................................................................................................... 87 
Fotos 93, 94, 95, 96, 97, 98: Ferramentas utilizadas na etapa da tapagem de casas. ........ 89 
Foto 99: Homens cavando o barreiro. Localidade Santa Maria ...................................... 90 
Foto 100: Tapagem, localidade Estiva dos Oliveiras. .................................................... .90 
Foto 101: Mulheres enchendo água. Localidade Santa Maria........................................ 91 
Foto 102: Homens em atividade do enchimento da água. Estiva dos Oliveiras. .............. 91 
Foto 103: Adicionamento da água na cratera “cuvão”.................................................... 91 
Foto 104:Mistura do barro com a água ......................................................................... .91 
Foto 105: Barreiros preparando barro. .......................................................................... .92 
Foto106: O barro no banguê ......................................................................................... .92 
Foto107: Banguezeiros deslocando o barro ao seu ponto de destino. ............................ .92 
Foto108: Tapadores retirando barro deixando pelos banguezeiros. ............................... .92 
Foto 109: Tapadores retirando barro deixando pelos banguezeiros. ............................. ..92 
15 
 
Foto 110: Homens retirando porções de barro com as mãos. ....................................... 92 
Foto 111: Crianças participando da ação da tapagem. .................................................. 93 
Foto 112: Homem acomodando o barro na parede ....................................................... 94 
Foto 113: Detalhe da acomodação do barro na estrutura das varas. .............................. 94 
Fotos 114 e 115: Construção da parede de barro. ......................................................... 94 
Foto 116: Parede de casa tapada Estiva dos Oliveiras. ................................................. 94 
Foto 117: Vista interna de casa tapada na localidade Cantagalo. .................................. 94 
Foto 118: Detalhe de estrutura de parede de casa na localidade Santa Maria. ............... 95 
Foto 119: Estrutura de parede de casa tapada , localidade Cantagalo. .......................... 95 
Foto 120 : Estrutura de parede com acabamento de revestimento(embuçado) Localidade 
Colonia ....................................................................................................................... 96 
Foto 121: Estrutura de parede com revestimento gasto, localidade Colônia. ................. 96 
Foto 122: Detalhe de parede com revestimento. Localidade Centro. ............................ 96 
Foto123: Detalhe do embuçado gasto com o tempo ..................................................... 96 
Fotos 124 e 125 Improvisação espaço para a cozinha. ................................................ 97 
Fotos 126 e 127: Mulheres cozinhando. ...................................................................... 98 
Foto 128 e 129: Mulheres almoçando. ........................................................................ 98 
Foto 130: Casa de taipa. Localidade Centro. .............................................................. 101 
Foto 131: Casas de taipa com telhado em cerâmica ................................................... 101 
Foto 132: Casa de taipa. Localidade Santa Maria ......................................................101 
Foto 133: Casa de taipa. Localidade Santa Maria ......................................................101 
Foto 134: Casa de taipa. Localidade Cantagalo. ........................................................ 102 
Foto 135: Casa de taipa. Localidade Colônia ............................................................. 102 
Foto 136: Telhado duplo (telha cerâmica e palha do babaçu).Localidade Cantagalo. 102 
Foto 137: Casa de taipa. Morada Nova ......................................................................102 
Foto 138: Estrutura da maquete em argila “casa de taipa” (fase de construção) .......... 111 
Foto 139: Maquete em argila concluída ..................................................................... 111 
16 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
FIGURA 01: Esquema em planta baixa quadrangular simples de 4 cômodos. .............. 51 
FIGURA 02: Esquema de planta baixa quadrangular ...................................................51 
FIGURA 03: Esboço de estrutura de armação de casas com planta retangular com oito 
esteios principais de sustentação, 10 caibros, travessão, vigas, pontalete, grades e 
beirais. ........................................................................................................................ 68 
FIGURA 04: Esboço de estrutura de casa armada e envarada ...................................... 73 
FIGURA 05: Estudos para formas humanizadas. ....................................................... .112 
FIGURA 06: Painel O Adequar. ................................................................................ .113 
FIGURA 07: Painel Cobertura de casa ...................................................................... .113 
FIGURA 08: Painel O Estalar da palha ..................................................................... .113 
FIGURA 09: Painel A Armação. ............................................................................... .113 
FIGURA 10: Painel A Lição 2. ..................................................................................113 
FIGURA 11: Painel A Cozinha. ................................................................................ .113 
FIGURA 12: Painel O Almoço................................................................................. ..113 
FIGURA 13: Painel Mulheres com água ....................................................................114 
FIGURA 14: Painel A Lição 1. ................................................................................. .114 
FIGURA 15: Painel Moça com balde d´água ............................................................ ..114 
FIGURA 16: Painel O Envarar. ................................................................................ ..114 
FIGURA 17: Painel O Mutirão.......................................................................................114 
FIGURA 18: Banner de Apresentação da Série ........................................................ ..114 
17 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 18 
 
1 BREVE HISTÓRIA DE CENTRAL DO MARANHÃO....................................................22 
1.1 População, aspectos históricos e econômicos. ................................................................. 24 
1.2 Central do Maranhão: um panorama atual. ..................................................................... 25 
1.2.1 A feira de Central do Maranhão. ..................................................................................... 26 
1.2.2 Aspectos Culturais. ......................................................................................................... 27 
1.2.3 A Paisagem Urbana......................................................................................................... 28 
2 A CASA DE BARRO ....................................................................................................... 33 
2.1 Construções de habitações com o barro, um pouco de história. ........................................ 33 
2.2 Características e técnicas de construções de moradias com o barro. ................................ 34 
2.2.1 Vantagens e desvantagens do uso do barro em construções. ........................................... 36 
2.3 A taipa no mundo, no Brasil e no Maranhão. ................................................................... 43 
2.3.1 A taipa em Central do Maranhão. .................................................................................... 44 
2.3.1.1 Estrutura e características das moradias de Central do Maranhão. ................................47 
3 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DAS CASAS DE TAIPA NA CIDADE DE CENTRAL 
DO MARANHÃO .................................................................................................................. 56 
3.1 A solidariedade presente no processo de construção. ....................................................... ..59 
3.2 Etapas de realização da construção da casa de taipa na cidade de Central do Maranhão.....62 
3.2.1 Adequação. ................................................................................................................... 64 
3.2.2 Armação. ...................................................................................................................... 66 
3.2.3 Envaramento. ............................................................................................................... 72 
3.2.4 Cobertura...................................................................................................................... 75 
3.2.5 Tapagem. ...................................................................................................................... 87 
4 A RESISTÊNCIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E SUAS INOVAÇÕES....99 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................103 
REFERÊNCIAS 
APÊNDICES 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Meu interesse em estudar as questões culturais se iniciou em 2004 quando 
participei da fundação de uma entidade sem fins lucrativos, intitulada Associação de Cultura 
Popular e Recreação de Central do Maranhão (ACPRCEMA), como primeira- secretária e 
também coordenadora de atividades artísticas desta entidade. Em seguida, fortaleceu-se com 
meu ingresso no curso de graduação em Educação Artística em 2006, onde conheci a 
Antropologia. Nascia ali uma forte ligação e construção de um pensamento mais crítico a 
respeito dos fazeres do homem, suas relações com o meio, enfim, seus valores individuais e 
coletivos. Com meu ingresso no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho 
(CCPDVF), na função de mediadora cultural do acervo do museu “Casa da Festa” em 2008, 
decidi me aprofundar nos estudos da cultura popular maranhense, principalmente as 
manifestações de minha região de origem, buscando entender como o homem se identifica no 
grupo social em que está inserido. E, foi este pensamento que me impulsionou à investigação 
dos processos arcaicos de construção de moradias, especialmente das casas de taipa no 
município de Central do Maranhão-MA, que atualmente se caracteriza pela de transição da 
condição rural para o urbano. 
Muita coisa está em jogo na construção de uma casa a partir de técnicas antigas. O 
que é a taipa? Qual a sua história? Como eram feitas as casas de taipa no passado e como são 
feitas hoje? Quais as motivações para ainda continuar construindo casas de taipa? Como se 
mobiliza a mão-de-obra para tal? E, mais : como a técnica construtiva observada em 
Central/MA inclui o sistema de mutirão, o nde, como e quando acontece? Estes foram 
alguns questionamentos que nortearam a referida pesquisa. 
Durante as férias acadêmicas de final de ano, ao rever a família comumente ouvia 
comentários tais como: “- Fulano vai tapar a casa dele!”, ou então “- Cicrano vai cobrir 
sua casa!”. Estes relatos me faziam recordar a infância, período que mais tempo convivi 
naquela cidade e presenciava os mais velhos participando de ações como estas. Comecei 
então a conversar com as pessoas que assumiam funções nestes eventos, muitos dos quais são 
meus próprios parentes, o que facilitou a boa conversação. E, à medida que os mais velhos 
me relatavam o modo como era realizado em tempos atrás, um tanto mais curiosa ficava. 
Decidi então, escolher este tema para minha monografia. 
19 
 
O objetivo principal desta pesquisa é registrar o processo de construção das casas 
de taipa na cidade de Central do Maranhão – MA/Brasil, construídas através da técnica 
vernacular1 da taipa- de- mão, assim como também as relações sócio-culturais e solidárias 
nela envolvida. Para tal fim, serão utilizadas fontes bibliográficas, entrevistas com agentes do 
evento e registros fotográficos captados durante a pesquisa de campo. 
A pesquisa foi realizada em três etapas, a primeira constituiu-se da busca prévia 
de referências sobre o tema. A segunda compreendeu a realização de visitas e 
acompanhamento da execução das etapas de construção com registros fotográficos, filmagens 
e coleta de depoimentos. Com esse propósito foram realizadas duas visitas à Central do 
Maranhão com duração de três meses cada uma: de Dezembro de 2010 a Fevereiro de 2011 e 
de Dezembro de 2011 a Fevereiro de 2012. E, três visitas de menor duração durante o 
decorrer do ano de 2012. 
A última etapa se refere à organização dos dados, comparação com registros , das 
referências e construção da redação monográfica. As dificuldades foram surgindo no 
desenrolar da pesquisa com relação aos instrumentos para coleta dos depoimentos, gravações 
e custeio das viagens aos povoados do município. Adquiri uma câmera digital e um celular 
com gravação de voz, mas as viagens aos povoados se mostraram inviáveis, o que resultou 
na aplicação da pesquisa de campo apenas em localidades mais próximas ao centro da cidade 
de Central do Maranhão. Com relação à captação dos depoimentos, registros fotográficos e 
vídeos, as pessoas entrevistadas mostravam-se tímidas e inibidas ao serem fotografadas ou 
filmadas, ou ainda nas gravações de entrevistas. Algumas vezes tive de escrever o que 
falavam para que se sentissem mais a vontade. 
Outra dificuldade enfrentadafoi com relação à identificação dos materiais 
utilizados durante o processo de construção em seu meio natural, devido à escassez e a 
distância a ser percorrida, não foi possível realizar o registro fotográfico, a exemplo dos tipos 
de cipós utilizados nas amarras em seu ambiente natural, e de árvores classificadas como 
mais adequadas para a feitura de uma casa de taipa. 
 
 
1 Vernacular diz-se daquilo que é próprio do lugar, ou seja, em que se empregam materiais e recursos do próprio 
ambiente em que a edificação é construída, conjunto de saberes empíricos herdados dos antepassados: LIMA, 
Junior Genival. Arquitetura Vernacular Praieira. Recife: Animarte Consultoria, 2007 p. 4. 
20 
 
Foi uma tarefa árdua e cansativa. O resultado obtido é um registro histórico- social 
e etnográfico do processo da construção das moradias populares de taipa na Cidade de 
Central do Maranhão, que vai além do descrever e registrar etapas e a técnica utilizada neste 
método construtivo, leva em consideração o sentimento compartilhado entre os participantes 
que transmitem de geração a geração o sentido da solidariedade, de mestres da construção 
popular, que reúnem em suas mãos materiais abundantes e os transformam em abrigos de 
famílias inteiras. 
Nesta pesquisa a etnografia é utilizada como abordagem da investigação 
científica. 
 
De fato o método etnográfico encontra sua especificidade em ser 
desenvolvido no âmbito da disciplina antropológica, sendo composto de 
técnicas e de procedimentos de coletas de dados associados a uma prática do 
trabalho de campo a partir de uma convivência mais ou menos prolongada 
do (a) pesquisador(a) junto ao grupo social a ser estudado. A prática da 
pesquisa de campo etnográfica responde, pois a uma demanda científica de 
produção de dados de conhecimento antropológico a partir de uma inter-
relação entre o(a) pesquisador(a) e o(s) sujeito(s) pesquisados que interagem 
no contexto recorrendo primordialmente as técnicas de pesquisa da 
observação direta, de conversas informais e formais, as entrevistas não-
diretivas, etc. 2 
 
A observação, registros (foto/vídeo) e a descrição são utilizadas como 
ferramentas para analisar a participação ativa das pessoas envolvidas no processo de 
construção. Busca-se desse modo, revelar o envolvimento destes na transmissão dos saberes e 
práticas através da relação: pessoas x instrumentos/materiais + Divisão do 
trabalho/comunidade= resultado/objeto. 
Na referida pesquisa segue-se a seguinte organização: 
No capítulo 1 temos um breve histórico da cidade hoje chamada Central do 
Maranhão, surgida com o desenvolvimento econômico proporcionado pela produção da cana 
de açúcar do Engenho Joaquim Antônio. Aspectos da população e manifestações culturais 
centralenses, um panorama atual da cidade e suas paisagens urbanas. 
Buscando entender sobre as técnicas construtivas tradicionais que utilizam o barro 
como matéria prima, no capítulo 2, levantaremos dados acerca do seu histórico, 
características construtivas, vantagens e desvantagens do barro em construções, principais 
 
 
 
2 CARVALHO DA, Ana Luiza Rocha & ECKERT, Cornélia. Etnografia: saberes e práticas. Artigo publicado 
no livro “Ciências Humanas: pesquisa e método”. Porto Alegre: Editora da Universidade, 2008.p.1 Disponível 
digitalmente em: <http//www.seer.ufrgs.br/iluminuras/article/download/9301/5371> Acesso em 16 Jan.2013 as 
08:47 h. Formato PDF. 
http://www.seer.ufrgs.br/iluminuras/article/download/9301/5371
21 
 
técnicas e ainda, registros da utilização da técnica da taipa no mundo, no Brasil, no Maranhão 
e na cidade de Central do Maranhão. 
No capítulo 3 conheceremos as etapas que compõem o processo de construção de 
uma moradia de taipa (Taipa de Mão) na referida cidade, a partir de registros fotográficos, 
depoimentos, entrevistas e relatos que nos mostram o sentimento de solidariedade. Assim 
como as características do envolvimento humano por meio da coletividade presente nas 
atividades, matérias primas e ferramentas utilizadas. 
No capítulo 4, temos a discussão da resistência da prática da construção da taipa 
de mão em sua forma tradicional, através da cooperação das pessoas da comunidade em 
mutirões para este fim. E ainda, as inovações de concepção das casas de taipa, como 
alternativas impostas por condições econômicas e sociais da atualidade. Finalizamos com o 
capítulo 5, onde apresentamos as considerações finais do processo de pesquisa e percepções 
obtidas com o trabalho realizado. 
22 
 
1 BREVE HISTÓRIA DE CENTRAL DO MARANHÃO 
 
Central do Maranhão foi reconhecida como município através da Lei Nº 6.175, de 
10 de novembro de 19943. Até então era apenas um povoado pertencente ao território do 
município de Mirinzal – MA, e chamava-se Usina Joaquim Antônio4, devido ao nome do 
proprietário de um grande engenho de produção de cana-de-açúcar datado do início da 
segunda metade do século XIX, que se localizava na região. 
Da estrutura administrativa do antigo engenho, resultou a célula mater que deu 
origem a cidade. Dos prédios importantes que resistiram ao tempo, destaca-se a Gerência 
Grande (antiga morada dos senhores), a Capelinha que mais tarde tornou-se a igreja matriz da 
cidade (Foto 01), a estrutura da Chaminé da Usina (Foto02), popularmente chamada de 
bueiro. 
 
Foto 01: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Central do Maranhão, 
originada a partir da capelinha construída no mesmo local destinada inicialmente a Nª 
Senhora da Soledade. 
 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, ano 2011. 
 
 
3 Estado do Maranhão: Diário Oficial Executivo Ano LXXXVIII Nº215, São Luís, Quinta-Feira, 10 de 
Novembro de 1994. Ed. 50 paginas. 
4 
Fundador da Fazenda Pindaíba, que mais tarde, conhecida por Usina Joaquim António, tornou-se a mais 
importante produtora de açúcar da região e a segunda maior do estado, perdendo apenas para a região do 
Pindaré. Joaquim Antônio Viana formou-se em engenharia Hidráulica na Holanda e de regresso, instalou-se na 
próspera região onde fundou a dita fazenda. SANTOS, Agnaldo Reis dos. A história da Usina Joaquim 
Antônio: A mão-de-obra empregada, sucessão administrativa e sua contribuição para a formação do 
município de Central do Maranhão. Monografia do Curso de Especialização em História do Maranhão, 
UEMA. São Luís, 2006 p. 16. 
23 
 
 
 
Foto 02: Ruínas da Usina Joaquim Antonio, estrutura da Chaminé, 
também chamada pelos mais idosos de “bueiro”. 
 
 Fonte: Pesquisa de campo, Aricelia C. Sales, ano 2011. 
 
 
-Daquele bueiro [chaminé] saia fumaça... Ali tinha um apito que apitava na 
hora de pegar e largar o serviço, era três vezes no dia... Que dava de ouvir da 
outra banda, aí a gente sabia “– Oh... engenho está chamando gente!” Todas 
as compras a gente ia fazer lá na Quitanda Grande, não faltava nada! Lá 
tinha de tudo! Essa Quitanda Grande era do dono da terra! E, a Gerência era 
a casa onde eles ficavam.5 
 
Em conversa com nosos entrevistados, principalemnte aqueles de mais idade, é 
muito comum no destaque de suas vivências, serem citados estes espaços , hoje históricos. 
Um exemplo disso é o trecho da conversa destacado acima, onde observamos, um outro 
espaço que atualemnte não existe mais fisicamente. Mas, está presente na memória de muitos 
habitantes. Neste relato, podemos observar algumas características do lugar chamado “ 
Quitanda Grande” uma espécie de comércio que existiu local próximo de onde hoje é ralizada 
a Feira Regional. 
 
____________________________ 
5 Entrevista como Silvestre Cantanhede. Central do Maranhão- MA. 21/01/2012. 
24 
 
1.1 A População, aspectos históricos e econômicos. 
 
A população centralense apresenta-se em maior número afro-descendente devido 
ao histórico do lugar se desenvolver no entorno da Usina Joaquim Antônio que utilizava mão- 
de- obra escrava, em seu períodoáureo de produção. Segundo Santos (2006 apud LIMA, 
Carlos, 1986), os africanos que foram transportados para esta região eram identificados em 
três grupos principais: sudaneses, (Nagôiorubas), Sudaneses Islamizados (Haussas, Mandigas) 
e Bantus (Angola, Congo, Moçambique). E, a abolição deste sistema de exploração 
escravocrata representou uma drástica mudança para o sistema econômico da época, e um 
golpe aos senhores da região: 
 
Os proprietários das empresas açucareiras e de outras lavouras estavam 
acostumados à mão de obra escrava e não se prepararam adequadamente 
para a abolição da escravatura e achavam que se ela viesse eles seriam 
recompensados. No Maranhão não foi diferente, os usineiros e fazendeiros 
com a perda de seus escravos viram seus lucros migrarem. Os engenhos que 
sobreviveram passaram a tomar empréstimos, pagando altas taxas de juros, 
penhorando seus bens, sendo, que muitos deles não conseguiram pagar suas 
dívidas no prazo determinado, aumentando os juros e correção, tiveram de 
entrar em falência, o custo operacional dos campos, das máquinas, das 
vendas e a carga tributária tornaram os engenhos inoperantes.[... ] O 
Engenho Joaquim Antônio passou pelas mãos de outros proprietários até 
chegar à sua falência total, o que só ocorreu em 19626. 
 
A abolição da escravatura fez surgir na região outra forma de atividade 
econômica. O serviço no grande engenho passou a ser assalariado e a alimentação que antes 
era oferecida pelo proprietário do engenho agora era adquirida exclusivamente pelos próprios 
trabalhadores na Quitanda Grande e no livre comércio que ser formou nas proximidades da 
Usina, que originou a Feira Municipal. De acordo com o mesmo autor ,a feira foi o elo entre a 
Usina e o surgimento da cidade de Central do Maranhão. 
Com a falência do engenho, parte das propriedades dos senhores da terra foi 
abandonada ou deixada para os negros, de onde fizeram surgir povoamentos e comunidades 
negras na região, hoje tidas como Remanescentes de Quilombos, e de acordo com a 
ACONERUQ (Associação de Comunidades Negras Rurais e Quilombos do Maranhão) 
somam-se 26 Remanescentes de Quilombos nesta Região. 
 
 
 
 
 
 
6 SANTOS, A. R. Op. Cit. p. 27 
25 
 
1.2 Central do Maranhão: um panorama atual. 
 
 
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, través do CENSO 2010 
revela que Central do Maranhão possui atualmente 7.887 mil habitantes distribuídos em 30 
povoados de seu território de 319, 051 Km² pertencentes à região do Litoral Ocidental 
Maranhense (Foto 03). Sua principal cultura agrícola é a lavoura com destaque para a cana-
de-açúcar, da qual é produzida a aguardente chamada “azulzinha maranhense”, além do 
cultivo de arroz, milho, mandioca e feijão. Também identificamos a criação de aves e 
suínos, a pesca artesanal, e coleta de caranguejos e sirís nos manguezais da região. Peixes 
fritos, galinha caipira, mocotó, baião de dois, farinha d’água, cozidão, arroz de tocinho, sururu 
em torta, no caldo ou no palitó, vinho de juçara, buriti bacaba, bolo de tapioca, canjica, 
pamonha, fubá de milho, batata doce, cará, piqui, cacau, pitomba, macaúba, bacuri e outros, 
compõem o cardápio e enriquecem a oferta de comestíveis da culinária local. 
 
Foto 03: Mapa de localização de Central do Maranhão. 
 
 Fonte: Arquivo pessoal. Imagem digitalizada. Aricelia C. Sales, 2011. 
26 
 
1.2.1 A feira de Central do Maranhão. 
 
A Feira de Central (Foto 04) era um grande mercado ao ar livre historicamente 
associada à Usina Joaquim Antônio. Passou por grandes transformações, e hoje dispõe de 
dois galpões. Em um localizam-se vários boxes de comercialização de gêneros diversos, e o 
outro destinado à comercialização de peixes e carnes. Conta com uma área livre pavimentada 
para camelôs e comerciantes etc. 
Considerada ponto de maior circulação comercial da região, atualmente é 
realizada sempre aos domingos por comerciantes locais e de outras regiões que se mobilizam 
para realizar suas vendas e moradores da região (sede, povoados e municípios vizinhos) 
deslocam-se para fazer suas compras. 
A feira, também desenvolve um papel social importante. Historicamente as 
pessoas associam a dia do Domingo (dia na qual é realizada) como o dia propício para 
reencontrar amigos e familiares que residem nas localidades mais distantes, e que chegam a 
sede para as compras. É também o espaço utilizado para repasse de informações, notícias e 
convites para festividades, festejos de tambor de crioula ou outra manifestação cultural, e é 
claro, convites para participar de etapas do processo de construção de uma casa de taipa, 
assim como também realizar encomendas de matérias utilizadas na construção a exemplo das 
madeiras, varas e das palhas. 
 
Foto 04: Feira de Municipal de Central do Maranhão-MA. 
 
Fonte: Pesquisa de Campo. Aricelia C. Sales, ano 2011. 
27 
 
 
1.2.2 Aspectos Culturais 
 
Como expressão cultural destaca-se o Bumba-meu-boi do sotaque de Zabumba7 
que é característico da região, o Tambor de Crioula, Pastores, O Forró de Caixa8, a Quadrilha 
Caipira, a Dança Portuguesa, Dança do Coco, Cacuriá, Blocos Carnavalescos e Escolas de 
Samba, Dança Cigana, Boi de Carnaval (Foto 05), Casinha da Roça, Festejo do Divino 
Espírito Santo, a Dança do Baralho (Foto 06) e o Sarameu (Foto 07) 9. 
Suas principias datas festivas são: dia 08 de Dezembro realização do Festejo de N. 
Senhora da Conceição (padroeira da cidade), o Carnaval, Semana Santa, São João e o 
aniversário do município (10 de Novembro). 
Central do Maranhão é uma cidade culturalmente rica, mais carente de 
investimentos que possam valorizar tais manifestações, de forma que mantenha os grupos 
existentes e resgate os que já deixaram de existir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Uma das 5 (cinco) variações de bumba-meu-boi encontradas no Maranhão. Os grupos de boi de Zabumba mais 
antigos da cidade de Central do Maranhão são: Bumbam boi dois irmãos, liderado por 
D. Moriça e Bumba boi de Sinésio Mondego. 
8 Mais conhecida por Bambaê de Caixa em outras regiões, o Forró de Caixa em Central é uma dança de roda 
acompanhada por instrumentos de percussão chamado caixas. A dança apresenta coreografia complexa com 
reviravoltas bruscas que exigem agilidade dos participantes que dançam vários estilos, como por exemplo: valsa, 
lelê e chorado. 
9 O boizinho de carnaval (Foto 05) l, trata-se da brincadeira de boi que sai às ruas arrastando multidões no 
período carnavalesco de Central do Maranhão. “Casinha da Roça” na verdade um carro de corso organizado por 
“populares” cujo tema é a vida na roça. Configura-se como uma cabana de palha inteiriça, tridimensional, 
ocupada por seus habitantes e visitantes, movida a samba (geralmente um tambor de crioula). ARAÚJO. 
Eugênio. Não deixe o samba morrer: um estudo histórico e etnográfico sobre o carnaval de São Luis: 
Edições UFMA/PREXAE/DAC, 2001 (pag. 78) Em Central do Maranhão esta manifestação tem como principal 
representante a casinha da Roça da localidade Cantagalo, que por forças maiores neste carnaval de 2012 não saiu 
nas ruas. A Dança do Baralho é uma dança tradicional e antiga na região, por muito tempo esquecida na 
memória dos mais velhos. Em 2010, sob a liderança da Sr.ª Maria de Lurdes Paixão, a dança foi resgatada com a 
proposta da reciclagem de matérias e criou-se o grupo “Baralho Artesanal de Central do Maranhão” (Foto06) 
Caracteriza-se pelo uso das caixas como instrumento acompanhado de um chocalho de lata. O Sarameu (Foto07) 
é uma manifestação popular na região, pertencente ao período carnavalesco. Semelhante a um bloco de rua, seus 
participantes saem pelas ruas da cidade ao som de cantigas carnavalescas que são cantadas e acompanhadas com 
toque de litros e garrafas de vidro, por este motivo muitos chamam a manifestação de bate-litro. 
 
28 
 
Foto 05: Boi de Carnaval. 
 
 
Fonte: Pesquisa de campo.Aricelia C. 
Sales, ano 2012. 
Foto 06: Dança do Baralho. 
 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, ano 
2012. 
 
Foto 07: Sarameu pelas ruas de Central do Maranhão. 
 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, ano 2012. 
 
 
 
 
1.2.3 A paisagem urbana. 
 
A paisagem urbana de Central do Maranhão concentra-se principalmente na sede 
do município. Desde sua emancipação, o município, tem passado por grandes transformações 
no campo da economia e da habitação. A maior parte das construções ditas da arquitetura 
profissional se concentra principalmente na Av. Governador Antonio Dino (MA 211), que se 
liga a MA 006 (Foto 08) e, em ruas próximas a estas. É nestas vias principais que estão 
localizadas também as construções históricas da Igreja Matriz de Nossa Senhora da 
Conceição, as ruínas da Usina Joaquim Antônio, a antiga “Casa da Gerência” ainda habitada, 
e o onde localizava-se a chamada “Quitanda velha” que segundo relatos, teve toda a sua 
estrutura alterada, sendo hoje o espaço onde situa-se a escola estadual José Roberto Viana. 
 
 
29 
 
Também encontramos nas margens destas vias, ou em ruas diretamente ligadas a 
estas, construções mais recentes, tais como: Praças, escolas municipais, estrutura urbanizada 
da Feira Municipal (Foto 09), e estabelecimentos comerciais de vários gêneros (alguns 
comércios apresentam-se em construção de dois ou mais pavimentos sendo o superior a 
moradia do comerciante), com nos mostra as fotos 10 e 11, o posto de saúde, estádio de 
futebol, farmácias, unidade dos correios, unidades de acesso serviço de bancos (Caixa 
Econômica, Bradesco, Banco do Brasil), o ginásio esportivo do município, a sede da 
prefeitura, a biblioteca municipal, a câmara municipal o hospital municipal, o cemitério e o 
Balneário Açude. Estes últimos localizados logo na entrada da cidade (Foto 12). 
 
 Foto 08: Encontro da MA 006 e MA 211, Av. Gov. Antonio Dino- Central do Maranhão). 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, ano 2012 
Foto 09: Estrutura Urbanizada da Feira de Central do Maranhão. 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, ano 2012 
 
 
30 
 
Foto10: Comércio com residência, margem da MA 211 
 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, 2012. 
 
 
Foto 11: Comércio com residência, margem da MA 006. 
 
 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales , ano 2012.
31 
 
Foto 12: Entrada da cidade, localização de espaços públicos municipais 
 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, 2012. 
 
Outro ponto que marca a paisagem urbana da cidade de Central do Maranhão é a 
presença do conjunto habitacional Orlando Muniz, comumente chamado Agrovila (Fotos 13 e 
14) logo na entrada da cidade, construído a partir do projeto de assentamento (P. A. Abelardo 
Ribeiro) iniciado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária- INCRA/MA no 
ano de 1995, em conjunto com a prefeitura municipal. Estas casas caracterizam-se por se 
apresentar em dois padrões: O primeiro, implantado na margem esquerda da MA 006, possui 
área total de 48 m², planta retangular simples com 4 pavimentos ( 1 sala, 1 cozinha, 2 quartos) 
e, o segundo modelo implantado, a margem direita, possui área de 57 m², planta retangular 
com 6 pavimentos ( 1 sala, 1 cozinha, 2 quartos e 1 banheiro e 1 terraço) diferindo-se do 
primeiro por apresentar uma área externa livre (terraço) e ainda banheiro interno. Os dois 
modelos de casas possuem telhado em duas águas10. 
Do ponto de vista sócio-cultural, são casas totalmente impessoais e sem traços de 
individualidade e peculiaridade da familia que o habita, tal como a posição da casa, 
localização, quantidade e disposição dos cômodos da casa. Para Fathy (1982), estes aspectos 
são abordados como atividade criativa, diferindo-se em dois momentos distintos: a concepção 
virtual ou imaginária e a concepção real (construção). “cada família construirá sua própria 
casa de acordo com suas próprias necessidades e a transformará numa obra de arte viva” 11. 
 
10Informações obtidas durante exploração de campo com registro fotográfico e confirmadas em visita realizada 
ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária- INCRA. São Luis- MA, em 22/10/2012. 
11FATHY, Hassan. Construindo com o povo Arquitetura para os pobres. Rio de Janeiro: Forense 
Universitária. 1982, p.48. 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, 2012. 
Foto13: Projeto de Assentamento PA Abelardo Ribeiro. Conjunto Agrovila, loteamento 
margem esquerda da MA 006. 
 
 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales, 2012. 
 
 
 
Foto 14: Projeto de Assentamento PA Abelardo Ribeiro. Conjunto Agrovila 2, loteamento 
margem direita da MA 006. 
 
33 
 
2 A CASA DE BARRO 
 
Desde a Pré-história, o homem buscou se utilizar dos meios naturais acessíveis 
para sua sobrevivência. Logo entendeu que não poderia mais ficar preso às cavernas, e ao 
deixá-las desenvolveu técnicas para construir seus próprios abrigos com materiais abundantes 
no novo habitat (água, barro, vegetação e ossos de animais pré- históricos, etc..), assim como 
também criar utensílios em cerâmica e outros materiais para reserva de água e de alimentos, 
objetos de adornos e ferramentas necessárias para sua vida, e que são hoje objetos de estudos 
científicos. 
Desta forma, o homem deixou o nomadismo para fixar-se em um local propício 
para o cultivo grãos e domesticação de animais para consumo e/ ou trabalho. Assim surgiram 
os primitivos grupos sociais (comunidades). E, à medida que sua necessidade exigia, a 
técnica (modo de execução) aprimorava-se. 
 
2.1 Construções de habitações com o barro, um pouco de história. 
 
Na história da arquitetura, mais precisamente na antiguidade (Grécia antiga) 
observa-se uma grande preocupação no registro das grandiosas construções, e poucos autores 
referem-se às construções de pequeno porte e /ou rurais feitas com materiais inferiores, como, 
por exemplo: pouco é citado sobre o Megaron Micênio, caracterizado por ser uma sala 
principal dos templos da Civilização Micênica, de início construída em madeira e/ou adobe, 
assim como as cabanas onde moravam os mais pobres, localizadas fora das muralhas das 
cidadelas. Que posteriormente, deu lugar a grandiosas e complexas construções, “As paredes 
eram de tijolos secos ao sol ou de madeira, o chão era de terra batida e o telhado, plano, era 
em geral recoberto de palha” 12. 
Estas características também foram encontradas em livro de relatos bíblicos que 
apontam o perfil das moradias dos mais pobres, onde suas pequenas casas possuíam telhados 
planos apoiados em vigas de madeira e paredes construídas com tijolos de barro acrescido 
de pedras irregulares13. 
Outros povos também nos mostram registros de uso deste material que datam de 
mais de 8.000 anos atrás. “Todas as culturas antigas utilizaram a terra como material de 
 
 
 
12 Visita a site, disponível em < http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0187> Acesso em 19 Set. 2012 as 05: 
16hs. 
13Bíblia Ilustrada: Bíblia sagrada com enciclopédia. Sociedade Bíblica do Brasil-Barueri, 
São Paulo;Tradução: Susana Klassen e Vanderlei Ortigoza. Edição em português. 2011. p. 130. 
http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0187
34 
 
construção não só em moradias” 14. Destacam-se construções no Turcomenistão e Assíria. No 
Egito a utilização do adobe, e no Irã construção com técnica similar. A própria Muralha da 
China é um exemplo existente nos dias atuais com intervenções no passar dos séculos. “A 
grande muralha da China foi construída há 4.000 anos, inicialmente toda com taipa, e 
posteriormente foi enchapada com pedras naturais e ladrilhos, dando uma aparência de 
muralha de pedra 15 . 
 
2.2 Características e Técnicas de construções de moradias com o barro. 
 
Segundo Legen (2004), chamamos de barroa mescla de argila, limo, areia, e 
agregados maiores, originário da decomposição de rochas sob a ação da água e do ar. O 
mesmo autor nos afirma serem necessárias escavações em diversos lugares para se adquirir 
um material de boa qualidade, e que estes se localizam abaixo da camada denominada de terra 
vegetal e ainda nos classifica os melhores tipos para construções por sua coloração16. 
 
 Cor Negra (Gordurosa) e Cor Branca (Arenosa) - Não servem para utilização 
 Cor Vermelha e Cor Castanha- Servem 
 Cor Amarela- claro –É a melhor 
Com respeito da classificação de Legen (2004), observamos em Fricke (1981) a 
existência de barros “magros” ou “curtos” e barros “gordos” e afirma ainda que esta definição 
esteja diretamente relacionada à condição da maleabilidade da massa proporcionada pelo 
tamanho dos grãos17. 
São várias as técnicas que se valem do barro para a construção de moradias. E 
vários são os autores da área da arquitetura que nos revelam suas definições e utilização. As 
mais conhecidas e aplicadas são: o adobe, pau-a-pique, pães de barro e a taipa com suas 
variações. 
Segundo Silva Filho(2007) adobe é um termo de origem árabe attobi, que 
significa tijolo de terra crua. Sendo este produzido artesanalmente com barro misturado a 
cascalho, fibras vegetais, crinas e esterco de animais 18. O bolo resultante desta mistura é 
prensado com em uma forma de madeira e, depois de seco à sombra. Não ocorre a queima ou 
cozimento. Possui forma de um paralelepípedo e são maiores que os tijolos queimados. 
 
14Disponível em< http// www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2004-1/arq.../historico.htm> Acesso em 25 Jul. 
2012 as 23h31minhs. 
15Idem. 
16LENGEN, Johan Van. Manual do Arquiteto Descalço. Rio de Janeiro: Tribal livros, 2004.p. 298. 
17FRICKE, Johann. A Cerâmica. Coleção Habitat: 2ª Edição Brasileira. Martins Fontes Tradução de Maria 
do Carmo Cary. Título Original: Arbeiten Mit ton. Lisboa. 1981.p.8. 
18SILVA FILHO, Olavo Pereira da. Carnaúba, pedra e barro na Capitania de São José do Piauí.-Belo 
Horizonte : Ed do Autor, Vol. III, 2007. p.168. 
http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2004-1/arq.../historico.htm
35 
 
Sempre foi usado como alternativa na impossibilidade do uso do tijolo queimado. 
O mesmo autor nos revela ser o Pau-a-pique uma estrutura constituída por varas 
(bambus) verticais e horizontais amarradas com cipós e preenchida com barro cru ou barro e 
pedras. Observa-se que seu conceito se confunde com o da taipa, e o próprio autor chama esta 
estrutura também de taipa de sebe, como é mais conhecida na região do Piauí. 
A técnica de Pães de Barro é conhecida por serem moldadas bolas de barro, são 
agrupados sem utilização de argamassa, onde um buraco é feito com os dedos na face exterior 
de cada um para melhorar a aderência da argamassa do reboco que se coloca posteriormente 
em ambos os lados e polida com uma pedra plana. São colocadas de três a cinco fileiras por 
dia. Depois da secagem da parede, aplicam-se várias camadas de reboco de barro ou de cal. 19 
A Taipa, de acordo com Legen (2004) se caracteriza pela construção de paredes 
feitas de barro amassado e calcado, pode esta se classificar em: taipa de pilão e taipa de mão. 
A primeira, também é chamada “piloada” devido ao fato de serem usadas peças chamdas de 
“pilões”. 
Consiste em comprimir a terra em fôrmas de madeira no formato de uma 
grande caixa chamada taipal. O material é socado e compactado com auxilio 
dos pilões e disposto em camadas de aproximadamente quinze centímetros 
de altura horizontalmente. Essas camadas são reduzidas à metade da altura 
pelo processo de piloamento. Quando a terra pilada atinge mais ou menos 
2/3 da altura do taipal, recebe, transversalmente, pequenos paus roliços 
envolvidos em folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios 
cilíndricos denominados "cabodás" que permitem o ancoramento do taipal 
em nova posição.20 
 
Na segunda, o mesmo autor identificou uma trama formada por peças de madeira 
dispostas de forma vertical e horizontal onde é inserido e encaixado o barro moldado com a 
ajuda das próprias mãos. Maia (2009 apud Caser, 1999) nos revela um conceito semelhante. 
 
 
A estrutura de madeira é formada por esteios ligados entre si, por 
vigas horizontais inferiores e vigas superiores. Os esteios podem ficar 
diretamente assentados no chão ou apoiados sobre alicerces de pedra 
ou alvenaria. As peças desta estrutura podem ficar aparentes ou serem 
rebocadas. Concluída a estrutura, começam a ser feitas as vedações 
das paredes. O barro utilizado é amassado com os pés à medida que é 
 
 
 
 
19Disponível em< http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2004-1/arq_terra/index2.htm> Acesso em 05Jul. 
2010 as 17h00min. 
20Segundo LENGEN, Johan Van. . Manual do Arquiteto Descalço. Rio de Janeiro: Tribal livros, 2004. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Madeira_(material)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cent%C3%ADmetro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Altura
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bananeira
http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2004-1/arq_terra/index2.htm
36 
 
adicionada água, até obter uma mistura homogênea, sendo adicionado crina 
animal ou palha pra evitar trincas e aumentar a coesão do solo. É feito então 
o lançamento do barro e deixado secar naturalmente. 21 
 
Um terceiro autor nos conceitua a taipa de forma simplificada, e não menos 
importante. Barreto (2010) diz ser a taipa uma técnica de construção com terra crua, na forma 
de barro amassado22, e complementa que o motivo da existência de variações de taipa se 
explica por ser este um material abundante em muitas partes do mundo e que sua apresentação 
ganha valores regionais, ou seja, adaptação de variados materiais. “-As variedades da taipa, 
divergem, portanto, na forma como é feita a armação e na maneira como o barro preparado 
é aplicado.” 23 Este conceito nos acompanhará durante as observações de campo. 
 
2.2.1-Vantagens e desvantagens do uso do barro em construções. 
 
O barro por ser um material natural, oferece muitos benefícios ao homem quando 
aplicado na construção de moradias, e, mas ainda quando comparado a matérias 
industrializados utilizados na construção. Vantagens e desvantagens podem ser observadas na 
utilização desta matéria nas construções, citamos aqui algumas de acordo com BARBOSA & 
MATTONE (2002) .24 
 O barro utilizado para construir uma nova moradia normalmente provém de 
outra, ou ainda se utiliza o tipo de barro encontrado em regiões próximas. Com 
isso economiza custos com transporte e nos atenta para ponto que é sua 
capacidade de reutilização. 
 Contribui para a purificação do ar e funciona como isolante térmico mantendo 
a temperatura interior da casa amena e agradável. 
 Excelente regulador de umidade, o barro tem a propriedade de expelir e 
armazenar água devido à alta capilaridade de suas moléculas. 
 O barro preserva a madeira e outros materiais orgânicos dentro de sua mistura. 
Por isso quanto mais camadas de barro houver sobre a estrutura de madeira 
melhor preservada será de ataque de fungos e insetos como o cupim. E isto se 
refle na durabilidade da construção. 
 
 
21MAIA [Rafael Torres]; COBRA BARRETO [Maurício Guillermo]; FOLZ [Rosana Rita].Avaliação de 
Desempenho das vedações de taipa de mão executadas em duas Edificações-protótipo. Caso: Unidades 
Experimentais 001 e 002 –EESC/USP. Artigo apresentado no V Encontro Nacional e III Encontro Latino 
Americano sobre edificações e comunidades sustentáveis. Recife, 2009. p3 
22BARRETO, Demis Ian Sbroglia. Arquitetura popular do Brasil. Demis Ian Sbroglia Barreto... [et al.].-1.ed.-
Rio de Janeiro: Bom Texto,2010.p.94. 
23 Idem. p.95. 
24BARBOSA, Normando & MATTONE, Robert. Construção com Terra Crua. I Seminário Ibero- Americano 
de Construção com Terra. Salvador/BA, 2002. p. 01. 
37 
 
 Diminui a contaminação ambiental, em relação a outros materiais o barro não 
produz degradação ambiental. O barro deve ser protegido principalmente contra as chuvas, principalmente 
enquanto estiver úmido. 
 O barro não é um material de construção padronizado. Podem ser encontrados 
vários tipos de acordo com a região. 
 Ao secar, o barro se contrai e podem aparecer brechas, que necessitam reparos 
com nova camada de barro para preencher caso contrario, pode se tornar moradia 
para insetos a exemplo do chamado Barbeiro. 
 
Ao relacionarmos os pontos destacados pelos autores, notamos uma maior 
possibilidade de vantagens de utilização desta matéria que as desvantagens. E relacionando a 
teoria com a pesquisa de campo realizada em Central do Maranhão, percebi muitos pontos de 
aproximação e convergência. Por exemplo, a questão do barateamento dos custos devido à 
utilização de material recolhido nas proximidades da futura construção o que se resume no 
fácil acesso. A sensação de frescor também foi relatada por muitos moradores em entrevista. 
Com relação a utilização do material ao período do ano, e por ser este um 
material que deve ser protegido da chuva durante a construção, nos relato coletados 
observamos a preferência pelo verão, mas que não necessariamente se restringe a ele. “-No 
verão, por que no inverno é ruim, mas tens uns que mesmo no inverno eles vão 
pelejando,vão construindo, chuva vai derribando, eles levantam de novo e assim vai” 25. 
Um ponto de convergência nota-se ao que se diz respeito presença de insetos que podem 
alojar-se em frestas que surgem após contração do barro a exemplo do “Barbeiro”. O barbeiro 
facilmente associado às habitações populares é o inseto transmissor da Doença de Chagas26, 
que de acordo com especialistas se alojaria entre as frestas deixadas pelo trabalho de envaramento e 
recheio de barro nas moradias de taipa e pau-a-pique principalmente. 
. 
_________________________________________ 
25 Entrevista com Maria do Carmo Moraes Sá. Central do Maranhão-MA. 17/01/2012. 
26A doença de Chagas é assim denominada em homenagem ao seu descobridor, o médico brasileiro Carlos 
Justiniano Ribeiro das Chagas. Foi descoberta em 1909. É causada por um parasita do gênero Trypanosoma. Sua 
transmissão se dá principalmente pelo inseto “barbeiro”, conhecido também como “chupança”, “chupão”, 
“fincão”, “bicudo”, “procotó” etc. O agente causador é um protozoário denominado Trypanosoma cruzi. Os 
tripanossomos se multiplicam no intestino do “barbeiro”, sendo eliminados pelas fezes que o “barbeiro” deposita 
sobre a pele da pessoa, enquanto suga o sangue. Geralmente, abrigam-se em locais muito próximos à fonte de 
alimento e podem ser encontrados na mata, escondidos em ninhos de pássaros, toca de animais, casca de tronco 
de árvore, montes de lenha e embaixo de pedras. A picada do inseto provoca coceira e o ato de coçar facilita a 
penetração do tripanossomo pelo local da picada. O Tripanosoma. Cruzi, também pode penetrar no organismo 
humano pela mucosa dos olhos, nariz e boca ou por feridas ou cortes recentes existentes na pele. Outras formas 
de transmissão são: transfusão de sangue (caso o doador seja portador da doença); transmissão congênita da mãe 
doente para o filho via placenta; e ingestão de alimentos contaminados. Os principais sintomas da doença de 
Chagas são febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos, aumento do fígado 
e do baço. Disponível em <http://www.jornalpequeno.com.br/2008/4/18/Pagina76989.htm>Acesso em 
09Mar.2012. 
http://www.jornalpequeno.com.br/2008/4/18/Pagina76989.htm
38 
 
Durante um bom tempo o governo fez campanhas contra as casas de taipa, como 
se elas fossem uma das principais causas de disseminação da doença, estimulando a população 
a deixar de construí-las. Mas, pelo observado em campo é que a maioria das residências 
recebe uma segunda camada de barro, o chamado “embuçado” uma espécie de reboco natural 
com o mesmo material barroso usado na construção das paredes o que evita a o surgimento de 
brechas com tanta facilidade. E este revestimento influi diretamente também na durabilidade e 
preservação da madeira como citado pelos autores BARBOSA & MATTONE (2002). 
E ainda, com base em questionário aplicado em entrevistas sobre o conhecimento 
a respeito da doença, do inseto transmissor, e de casos na família não só da doença de Chagas, 
mas também de outras doenças relacionadas ao fato de viver em moradia de taipa, como por 
exemplo, alergia a poeira. Conclui-se que não há indícios de aparecimento de casos da Doença 
de Chagas, todas as famílias visitadas negaram a existência da doença em seu meio, assim 
como qualquer outra relacionada à moradia de taipa. “-Não, graças a Deus, nunca adoeci de 
picada desse inseto” 27. 
-Doença dessa aqui não! Desde que eu nasci eu nasci em uma casa de taipa, 
e até hoje moro em casa de taipa, sou feliz. Isso tudo existe (se referindo às 
doenças), mas eu nunca vi aqui!... Agora tem pessoas que são alérgicas à 
poeira, tudo bem, mas ainda não chegou ao meu conhecimento um caso por 
aqui! Eu vejo muito falar sobre ele (barbeiro), mas nunca vi e lá em casa não 
tem espaço para ele não!28 
 
Para confirmar estas informações, visitamos o Núcleo local de Vigilância 
Sanitária, Vigilância Epidemiológica e Controle de Doenças criado durante o período em que 
o município ainda não havia sido emancipado de Mirinzal e, posterior a sua emancipação, foi 
reinaugurado no ano 2004, pela então prefeitura Municipal de Central do Maranhão. O Sr. 
Domingos, que exerce a função de Guarda de Epidemiologia, nos relata: 
 
-Eu trabalho aqui desde que este posto foi criado, isso há uns 20 anos. Aqui 
era um sub-distrito da SUCAN (Superintendência de Campanhas de Saúde 
Pública ) de Mirinzal, já existia antes mesmo de Central ser município. Já 
houve um caso aqui de Doença de Chagas. Isso foi pouco tempo depois da 
cidade ser considerada município. É considerado um caso isolado porque 
desde então não houve mais casos desse. Foi no povoado São José, passando 
da ponte do Bisal. A pessoa morava em casa de taipa. Mas o caso é que ele 
bebia muito, bebia que ficava dormindo no chão, aí ele adoeceu desta 
doença, não se tratou e chegou a falecer29. 
 
 
 
 
_______________________________ 
 27Entrevista com Maria do Carmo Moraes Sá. Central do Maranhão/MA. 17/01/2012 
 28Entrevista com José Ribamar Santos. Central do Maranhão/MA. 21/01/2011. 
 29Entrevista com o Sr. Domingos José da Cunha. Central do Maranhão/MA. 30/01/2012 
39 
 
 
Analisando o caso, podemos concluir de fato que a doença foi causada não 
exclusivamente pela casa de taipa e sim pelo estilo de vida da pessoa, que contribuiu para o 
agravamento da doença e em conseqüência disso sua morte. Mais decisivo para ocorrência da 
doença parece ser os hábitos de higiene e quando diagnosticada precocemente pode ser 
tratada e curada. 
Portanto não podemos afirmar que existe uma relação direta entre Doença de 
Chagas e casas de taipa no município de Central do Maranhão, não se configurando isso um 
motivo para que a população abandonasse tal sistema de construção “... os relatos dos 
sanitaristas expressam uma visão elitista, viciada pelas concepções higienísticas e 
preconceituosas”30. Embora a incidência de casos seja observável em outras localidades, 
realmente não é esse o nosso caso. Em Central do Maranhão, o abandono gradual das casas de 
taipa parece estar mais relacionado com questões de conforto e economia. 
Com relação ao material “barro” utilizado, segundo depoimentos coletados em 
campo, confirma-se o citado por Legen, quanto à classificação da terra de cor- amarelo-claro 
popularmente chamada na região de “barro Massapê” como a melhor a ser empregada nas 
construções das casas, “- O barro melhor é o barro Massapê, ele é amarelo. Ah! ele é bom, 
não tem areia, é só o barro mesmo” 31. 
Como descrito pelos autores o barro não é um material padronizado, a exemplo 
disso temos as 4 variações mais contrastantes entresi, recolhidas durante expedições nas 
localidades visitadas de Central do Maranhão . Observa-se que apesar dos relatos nos 
confirmarem ter uma preferência, não só este é usado. As amostras foram coletadas de ruínas, 
casas abandonadas e de barreiros utilizados para construção de novas moradias. 
 Amostra A: Material coletado na localidade Santa Maria, região do baixo, 
proximidades de áreas alagadas. Apresenta tonalidade escura. 
 Amostra B: Material coletado na localidade do Centro. Apresenta tonalidade 
avermelhada. 
 Amostra C: Material coletado na localidade Santa Maria, região das áreas mais 
elevadas. Apresenta tonalidade alaranjada. 
 Amostra D: Material coletado na localidade Monte Carmo, tonalidade também 
encontrada em regiões da localidade Colônia. Tonalidade de barro mais clara 
encontrada. 
 
 
 
30PINTO, Isabel Teresa. O Mutirão Urbano: Da Solidariedade a exploração, Artigo. Fortaleza - CE, 2010. p 2. 
31 Entrevista com Silvestre Cantanhede. Central do Maranhão/MA. 21/01/2012. 
40 
 
 
Amostra A Amostra B 
 
Amostra C Amostra D 
 
Identifica-se neste ponto a disponibilidade de determinado tipo de barro a cada 
localidade pesquisada e que sua variação está relacionada a proximidades de áreas 
elevadas ou áreas baixas com terrenos alagados (Amostra A) que é composto também pela 
mistura de raízes de plantas. 
Das técnicas construtivas anteriormente mencionadas pelos autores, foram 
identificadas na cidade de Central do Maranhão além da utilização da técnica da taipa em sua 
forma de taipa de mão, vestígios da utilização da técnica de adobe nas localidades Centro, 
Estiva dos Oliveiras e Cantagalo. 
Na região do Centro, foi encontrada uma casa de adobe fechada há anos (Foto 15), 
que segundo vizinhos, teria sido construída por volta da década de 70 e se encontra em 
perfeito estado de conservação. Seus proprietários, e parentes destes não foram localizados 
para mais informações. 
Na localidade Estiva dos Oliveiras, não possível encontrar o vestígio físico para 
registro fotográfico das construções que haviam na localidade, mas a partir de relatos 
pudemos identificar as características da utilização da técnica, como nos relatos do senhor 
José Carvalho, 59 anos. 
 
 
 
41 
 
-Quando eu me entendi, não existia casa de tijolo aqui, era só de taipa, 
depois inventaram um tal de “adobro” (adobe)! Ele era de barro cru, tinha 
uma forma, onde se colocava o barro, gente colocava pra secar e depois 
usava massa de barro mole para fixar um no outro na hora de fazer a parede, 
não tinha cimento! Eram uns blocos grandes e grossos !...Parece que era 
umas cinco casas de “adobro” (adobe) aqui! Ali, na Vila Nova, quem vai para 
Guimarães até um tempo atrás existia casa de adobe também! 
 
Já na localidade Cantagalo, foi encontrado as ruínas do que teria sido uma casa de 
adobe com barro em coloração avermelhada (Foto16). Em busca dos proprietários, nos foi 
informado seu atual endereço. Haviam se mudado para a localidade Cocal. Fomos ao 
encontro destes, e encontramos a senhora Cleuza, proprietária da antiga casa de adobe. Um 
tanto surpresa com o interesse na história da casa, não nos revelou seu sobrenome e outras 
informações pessoais, mais concordou em relatar como foi a construção da sua casa de adobe. 
-O adobe, ele é feito só no verão, por que ele é grosso para secar. É usado só 
o barro misturado com água até ficar bem “ligado”, aí é posto na forma 
de adobe, e posto para secar na sombra. O barro tem de estar no ponto 
certo, por que também se ficar muito ligado ele racha todinho, e o barro 
bom é aquele que tem pouca areia. Foram utilizados ali cerca de 3.500 
adobes, levou uns 15 dias, só nos sábados e domingos que gente fazia o 
adobe. Ali trabalhou eu, meu marido, meu cunhado e meus filhos. A gente 
não queria fazer de taipa. Conversamos com Seu Eloy, ele sugeriu que 
fizéssemos de adobe. Nesse período morava-mos lá em Santa Maria, e lá 
tinha a casa do Seu Ataíde que era de adobe. Então resolvemos fazer de 
adobe, só que meu marido não sabia fazer, mas eu tinha um cunhado que já 
tinha feito e sabia como fazer, aí nos fizemos as fôrmas de madeira e os 
adobes. O reboco, o ideal é fazer de barro mesmo, mas tem gente que faz de 
cimento mas, este não segura. O telhado foi de Pau d´arco tirado na região e 
os esteios eram de Maçaranduba.32 
 
Ao analisarmos os relatos dos entrevistados nota-se, que a técnica de adobe 
empregada na região de Central se vale da utilização apenas do barro misturado à água, não 
sendo necessário o acréscimo de outros elementos como cascalho, fibras vegetais e outros, 
como mencionado pelos autores. Revelando assim uma forma peculiar da construção em 
adobe na região, e da mesma forma ocorre com a taipa. 
 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________________________ 
32Entrevista com D. Cleuza (Sobrenome não informado).Localidade Cocal.Central do Maranhão 07/09/2012. 
42 
 
Foto 15: Casa de Adobe na localidade Centro –Central do Maranhão/MA. 
Fonte: Pesquisa de Campo. Aricelia C. Sales, ano 2012. 
 
 
Foto 16: Ruínas de casa em Adobe com detalhe das paredes preservadas 
tomadas pela vegetação local na localidade Cantagalo 
Fonte: Pesquisa de campo. Aricelia C. Sales. 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
2.3 A taipa no mundo, no Brasil e no Maranhão. 
 
 
Fernandes (2008) destaca a utilização da taipa em estruturas militares e em fortes 
de concentração para batalhas. Para a autora, esta técnica é relativamente recente na história 
das construções, e que atualmente julga-se ter evoluído. 
 
Na Península Ibérica conhece-se o uso de taipa militar em estruturas 
defensivas desde o séc. X, durante o designado período de domínio 
muçulmano, fortificações como as de Alcácer do Sal, Juromenha, Moura, 
Paderne ou Silves são exemplos desse tipo no sul de Portugal. Na história da 
Península Ibérica, a taipa é, no entanto já referenciada em textos árabes 
desde o séc. VIII, em construções defensivas de acampamentos militares e 
alcáçovas como a de Badajoz. Referências ou documentos anteriores são 
também conhecidos. Do Mediterrâneo ao Oriente e mais tarde do Pacífico ao 
Indico a taipa foi um sistema utilizado ao longo da história e que durou até 
meados do séc. XX, tendo sido posteriormente recuperada, melhorada e 
mecanizada para construção contemporânea. Hoje a taipa é utilizada em 
locais onde historicamente não se conhecia o seu emprego. 33 
Silva (1998) nos afirma que técnica construtiva da taipa chegou ao Brasil através 
dos portugueses no período da colonização, e que dos prédios aqui construídos muitos não 
suportaram ao tempo, e outros foram reconstruídos com emprego de outros materiais. Ainda 
sim temos em diversas partes do Brasil exemplos na arquitetura do emprego desta técnica. E 
de acordo com Fernandes, o Brasil é o país da América latina que apresenta maior patrimônio 
construído em taipa. Esta técnica abandonada há anos foi recuperada e emerge em diversos 
estados sob formas alternativas e sustentáveis de construção. 
No Maranhão, as primeiras grandes construções foram feitas basicamente de 
madeira e barro. 
 
[...] das edificações portuguesas do Séc. XVII nenhuma chegou por inteiro 
aos nossos dias. Igrejas e edificações ou mesmo os prédios públicos, como o 
Palácio dos Governadores, construídos em taipa e vara, e de taipa de pilão, 
tão forte, que equivalia à mesma pedra e cal, mas vulnerável à ação das 
chuvas, desapareceram ou foram substancialmente alterados em tempos 
posteriores. 34 
 
 
 
 
 
 
33FERNANDES, Maria. A taipa no mundo. Artigo apresentado no seminário de “Construção e Recuperação
 de Edifícios em Taipa”. Almodóvar, Espanha, 2008 Disponível
 em<http //www.uc.pt/uid/cea/cyberarq/numero001> Acesso em 20 Mai.2012 as 16:00 h.Formato PDF. 
34SILVA, Olavo Pereira. Arquitetura luso-brasileira no Maranhão-2ª Edição. Belo Horizonte. Editora 
Formato. 1998.

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