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Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular RESTAURAÇÃO DE DENTES ENDODONTICAMENTE TRATADOS INTRODUÇÃO Dentes tratados endodonticamente, devido ao acesso e preparo do canal radicular, possui perda de estruturas importantes de reforço como, por exemplo, cristas marginais. Também, passam por mudanças na suas propriedades biomecânicas como a propriedade de resiliência. Não é raro a gente passar, na clínica, por situações assim, em que há grande perda de estrutura coronária. Esse dente já apresentava uma coroa, em que não sobrou nada de remanescente. Era um restauração deficiente, que foi realizada com pino provisório e vivia soltando e o paciente procurou para realizar um tratamento mais definitivo. Isso, também, é um ponto mito importante que a gente precisa prestar a atenção na hora de decidir de como conduzir um caso como esse. Outra situação são dentes que já apresentam restauração classe III e tratamento endodôntico, então, além dessa restauração substituindo a estrutura dentária perdida tem esse amplo acesso coronário. Hoje em dia a endodontia busca ser mais conservadora, então, o tamanho dessa abertura coronária já está sendo reduzida, com o objetivo de preservar, ao máximo, a estrutura do dente. Preservar estrutura dentária: Procurar intervir o mínimo, só quando realmente necessário. E no momento dessa intervenção, devemos realizá-la com muito critério e cautela. O nosso objetivo é sempre preservar estrutura e manter a vitalidade do dente, somente, quando não for possível a gente realizará o tratamento radical. Quando o dente cai nesse tratamento restaurador, ele acaba entrando em um ciclo, o qual muitos autores chamam de Ciclo da Morte. Quando uma restauração é realizada ela foi feita porque houve a perda de estrutura dentária. CICLO DA MORTE Então, que medidas devem ser tomadas: Detectar precocemente a instalação da doença: se o paciente está em alto risco de cárie, a gente deve intervir imediatamente, para evitar a evolução doença. Quando já existe a doença instalada e uma cavidade: a gente deve intervir, para que ela não evolua e perca mais estrutura dentária, quando a restauração é colocada, ela pode falhar e nesse momento ela deve ser substituída, e com isso a gente vai ter mais desgaste da estrutura dentária. Nem toda falha em restauração precisa ser substituída: a resina composta é um material que aceita realização de reparo. Então, às vezes, um repolimento já resolve o problema. Não justifica você remover toda a restauração só por haver, por exemplo, uma pigmentação marginal. Problemas com cor, a resina composta é um material que mancha, é inerente dela, e em alguns pacientes isso ocorre muito rápido, porque consomem muitos alimentos pigmentados, a gente em uma situação dessa, não vai tirar toda a restauração, pois desse jeito a gente está colocando esse dente no ciclo da morte. Então, sempre cogitar um reparo dessa restauração. Falta de suporte do material restaurador: quando a gente se depara com uma situação que não tem mais estrutura para manter essa restauração, não tem suporte, a gente cogite em colocar um pino retentor intrarradicular. PINOS OU RETENTORES INTRARRADICULARES Objetivo: Promover retenção: quando eu não tenho mais suporte eu preciso de uma maneira de reter esse material para receber a restauração. Pode ser uma restauração definitiva ou um material de preenchimento. Um dos retentores mais comuns, e ainda utilizados, é o Núcleo Metálico Fundido. NÚCLEO METÁLICO FUNDIDO (NMF) É um retentor rígido, feito de metal, que vai ser colocado no interior do conduto radicular e cimentado, não adesivamente e sim, geralmente, com cimento de fosfato de zinco, por exemplo. Então ele inclui essa porção radicular e a porção coronária, a qual é o núcleo de preenchimento. Esse tipo de retentor exige um desgaste maior, principalmente, da porção radicular, porque eu preciso modelar o conduto para entrada desse retentor. Então, a gente sacrifica mais ainda a estrutura já está fragilizada. Por ser metal, apresenta propriedades muito diferentes da estrutura dentária, principalmente, o módulo de elasticidade, que é muito diferente da dentina, isso vai ser importante na hora que esse dente começa a Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular receber forças mastigatórias. A distribuição da força é bem diferente, quando a gente tem um retentor metálico. Confecção: Para confeccionar esse tipo de retentor, a gente precisa modelar o canal, moldá-lo, geralmente com resina acrílica. Isso vai para laboratório, para esse padrão de resina acrílica que ele copiou no interior do conduto, ele vai ser fundido em metal e lá no laboratório, já confeccionado esse núcleo, o dente vai ser preparado e o pino cimentado. Nesse caso o remanescente era, praticamente nada, então, esse dente vai receber uma coroa protética (metalocerâmica ou metal free) em cima desse núcleo metálico fundido. O núcleo metálico fundido exige uma etapa laboratorial, o que implica em mais sessões clínicas. Na primeira sessão eu preciso modelar, moldar o canal. Isso vai para o laboratório. O pino volta para ser cimentado, então, o tempo é aumentado e o custo do laboratório também está incluído. PINO DE FIBRA DE VIDRO (PFV) São pinos pré-fabricados, e são os mais utilizados no mercado. Os pinos pré-fabricados não dependem de etapa laboratorial e nós vamos selecionar o mais adequado para cada caso. Existem diversos tipos de pinos, com diversas conicidades, diversos calibres, e nós vamos selecionar o que mais se adapta a cada situação. Da mesma maneira que o metálico, ele vai ser colocado no interior do conduto radicular, no entanto, será cimentado adesivamente (cimento resinoso), e o núcleo de preenchimento será confeccionado com Resina composta. A gente vê que esse dente tem um remanescente pequeno de estrutura coronária, e vai receber uma coroa protética. Pergunta: Existe diferença no desgaste do remanescente tanto para o pino metálico, quanto para o pino de fibra de vidro? Ao realizar o preparo do conduto para receber um retentor metálico precisamos dar uma conformação nesse canal, porque ele vai ser feito fora do conduto e vai ser colocado ali dentro, eu preciso de eixo de inserção para ele. Ele deve ocupar todo o espaço do conduto, eu devo ter uma espessura mínima de cimento. Então, muitas vezes esse preparo tem que ser mais expulsivo e isso vai desgastar muito mais da estrutura, principalmente do remanescente radicular, o qual já está fragilizado por conta do tratamento endodôntico. Pino metálico facilita o aparecimento de trincas? As trincas, na verdade, estão relacionadas a fratura radicular. Quando temos falha na cimentação de um pino, seja ele metálico ou de fibra de vidro, pode levar a uma fratura radicular. Vantagens dos pinos de fibra de vidro: É semelhante com a estrutura dentária (propriedades mecânicas como o módulo de elasticidade). Isso implica nas formas que a força se distribui nessa raiz, dessa forma há menos risco de fratura. Mas não há um consenso, muito trabalhos falam que não há diferença na quantidade de fraturas para o uso dos pinos metálicos e de fibra de vidro. Pensando de forma lógica, o pino de metal fundido é muito diferente da estrutura do dente, então, quando está sujeito a forças, pode causar uma fratura em algum momento, porque as propriedades mecânicas são bem diferentes das do dente como, por exemplo, o módulo de elasticidade. Perguntas: O pino reforça a estrutura do dente tratado endodonticamente? NÃO, o nome já diz é um Retentor, a ideia é reter. E reter o que? O material restaurador direto ou indireto, então, ele não promove reforço. Por que isso tem que estar bem claro para gente? Para que não sair colocando pino em todo dente tratado endodonticamenteOs retentores radiculares minimizam a complexidade de fraturas coronárias? Sim. O dente tratado endodonticamente possui ponto de fulcro/alavanca no nível de crista óssea, então, se ocorrer uma fratura haverá uma invasão do espaço biológico, o que quer dizer que a resolução dessa caso será mais difícil e o prognóstico é pior. Quando um pino é cimentado no interior do conduto, esse ponto de alavanca muda, para uma porção mais coronária, levando a uma fratura supra gengival, que é mais fácil de resolver e o prognóstico é melhor. Mas isso é discutível. A física explica isso, mas clinicamente nem sempre é verdade, então, muitas vezes, com o pino, irá ter uma fratura em nível radicular, cuja possibilidade de restaurar esse dente não existe mais, ele acaba sendo perdido. OUTROS PINOS Existem outros tipos de pinos pré-fabricados: Pino de Fibra de Carbono; Pino de Fibra de Quartzo. O de fibra de carbono geralmente é mais escuro, então ele caiu em desuso e o que mais utilizado mesmo, é o PFV. Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular INDICAÇÃO DE PINOS INTRARRADICULARES Precisa-se ter muito critério na hora de pôr um pino, não é todo dente que precisa, e tem correntes que defendem que nenhum dente precisa do pino, que dá para restaurar o dente, fazer o núcleo de preenchimento, sem um retentor intrarradicular. Então quando está indicado? (sem discutir se é metálico ou de fibra de vidro, ainda porque, não há um consenso de quem é melhor) DENTES ANTERIORES COM GRANDE PERDA TECIDUAL Nesta imagem observamos uma destruição grande da coroa. Não há suporte para um material restaurador, então, eu preciso de retenção adicional, a qual é conferida pela cimentação de um pino. DENTES POSTERIORES COM GRANDE PERDA TECIDUAL Apesar de ser considerado um dente posterior, ele está sujeito a forças parecidas com as dos dentes anteriores – forças oblíquas e horizontais. Temos que considerar também se esse dente está envolvido em função oclusal, por exemplo, se eu tenho uma função de grupo, esse pré-molar vai estar envolvido. Então, esse é um ponto a se considerar para colocar um retentor ou não. DENTES COM RAÍZES FRAGILIZADAS Durante o tratamento endodôntico foi feito um preparo muito amplo, sobrou pouco remanescente radicular. Quando a gente coloca um pino, nessa situação, ele deve ocupar toda porção, eu não posso deixar um espaço muito grande entre o pino e as paredes da raiz, senão vai ficar ou um espaço não preenchido ou uma espessura de cimento muito grande. DENTES POSTERIORES COM GRANDE DESTRUIÇÃO E QUE PRECISA DE UMA ANCORAGEM PARA REALIZAÇÃO DE UMA RESTAURAÇÃO Quando possui pouca retenção para uma restauração. Em dentes posteriore isso é mais discutível ainda, a gente não tem uma indicação tão grande de colocação de pino se comparando a dentes anteriores. Diante de uma situação dessa, para escolher o melhor tratamento temos que levar em conta vários critérios. A colocação desse pino precisa trazer benefícios, dos quais podemos citar a retenção do material restaurador. QUANTIDADE DE ESTRUTURA CORONÁRIA REMANESCENTE Quando tivermos alguma porção de estrutura coronária (mesmo que pouco) já é um ponto positivo, pois teremos um efeito chamado: Efeito Férula Já é um suporte, já é uma forma de reter mesmo que pouco. Se tivéssemos menos estrutura que nessa imagem a situação começaria a piorar. Eu considero bom, um Efeito Férula com uma altura de 2mm. Em uma situação como essa, há quem diga que não precisa por pino, porque você conta com esse Efeito Férula, o que já gera uma discussão de colocar ou não o pino. Para mim, nessa situação, acho plausível colocar, porque há uma grande perda da estrutura e esse pino vai contribuir na retenção do material, que nesse caso será uma coroa. CONDIÇÃO E MORFOLOGIA DA DENTINA RADICULAR REMANESCENTE O retentor/pino deve preencher a maior área possível do canal radicular, por isso que as vezes a técnica (estratégia para confecção do pino) mudará, para que eu possa preencher toda essa área e, consequentemente, ter uma menor área de preenchimento do cimento. Por isso, eu tenho que escolher o pino adequado para cada situação, não posso dizer que eu só tenho desse tipo, então, é ele que eu vou colocar, não, você tem que colocar aquele que ocupe mais, preencha mais. Nesta imagem, observamos que na porção apical o pino está bem travado, preenchendo toda a estrutura, então, ele está se adaptando muito bem. Conforme vamos recuando para a porção coronal vejo um espaço, o que não é legal. Para isso, a gente pode contar com pinos que tenham conicidades diferentes, então, ele pode ter um diâmetro maior nessa porção coronária e ir diminuindo, conforme vai para a porção mais apical, de modo, que eu preencha da melhor forma possível essa porção mais coronal. LOCALIZAÇÃO DO DENTE NA ARCADA Se é anterior ou posterior, se está envolvido em função oclusal ou não. Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular DENTE ANTERIOR: Dentes anteriores estão mais sujeitos a forças oblíquas/horizontais, além das tensões de cisalhamento, por isso há uma maior indicação de pinos em dentes anteriores. Aqui dois dentes anteriores, um incisivo central e um lateral que vão precisar de coroa. Vemos um pino metálico que já estava lá. O paciente buscou tratamento, pois queria melhorar a estética, ele usava coroas muito antigas (metalocerâmico). Havia uma desadaptação que justificava a substituição dessas restaurações. Outro ponto controverso é esse, eu já tenho o NFM, eu preciso tirar ele para colocar um de PFV, por conta das suas propriedades mais semelhantes ao do dente? Primeira coisa, não necessariamente ele vai ser substituído por ser um NMF. Eu tenho que avaliar radiograficamente – vendo como ele está colocado ali – se ele tem o tamanho adequado, e nem sempre ele precisa ser substituído. Se for necessária a substituição, teremos dificuldade, pois é muito difícil remover um NMF, sem falar das chances de um acidente catastrófico na hora de remover, podendo ocorrer uma fratura, especialmente, se for um dente que tem uma espessura muito fina de remanescente radicular. Com materiais que temos hoje, cerâmicas mais opacas, capazes de mascarar um pino metálico, pois uma das justificativas de substituição é a estética, não justifica eu trocar o NMF por PFV, porque eu tenho materiais capazes de mascará-lo, não irá aparecer esse fundo metálico, as coroas não ficarão diferentes por causa do pino de metal. Neste outro caso, Não trocamos o pino metálico e vemos uma estética favorável. As vezes por ser metal ele vai oxidar e pigmentar a mucosa (como vemos no dente 12), nessa imagem há um leve acinzentamento na cervical, isso não tem como se resolver nem trocando o pino, então, eu não vou trocá-lo só por conta disso. Uma cerâmica mais opaca mascarara o fundo metálico, pode ser feito de Zircônia ou Silicato de Lítio, as quais darão esse resultado estético favorável com NMF. DENTE POSTERIOR: PRÉ MOLARES Quando temos um dente posterior temos um comportamento diferente, especialmente nos pré- molares que estão envolvidos em função de desoclusão em grupo. E também estão sujeitos a cargas horizontais Quando um pré-molar com grande perda de estrutura, vemos paredes finas vestibular e lingual, que é um ponto que nos faz considerar o uso de um pino. A porção cervical de um pré-molar é bem mais estreita do que de um molar, e então escolhemos um pino mais estreito. DENTE POSTERIOR: MOLARES Os molares estão mais sujeitos à forças verticais durante a mastigação. Então, quando não houver necessidade de colocar o retentor para dar ancoragem no material restaurador, a gente sempre vai cogitar, primeiramente, abordagens mais conservadoras, por exemplo, realizar restaurações indiretasde recobrimento e proteção de cúspide, sem a necessidade de colocar o pino. Então, a gente pode lançar mão de uma onlay/overlay, sem a colocação de um retentor. Quando pensamos em uma coroa, as coisas mudam um pouco, isso significa que destruição é muito maior, o remanescente é muito menor, e avaliando a necessidade de colocar o retentor para promover retenção, não reforço. Em um dente anterior, geralmente, eu tenho um conduto e é só nele que cimento o retentor, quando é um molar, eu tenho mais de um conduto e, geralmente, o pino vai ser cimentado apenas em um conduto – nos molares superiores, geralmente, é a raiz palatina e nos inferiores na raiz distal. EXPECTATIVA ESTÉTICA DO PACIENTE PFV possui estética mais favorável, e é compatível com a resina composta, sendo mais indicado quando vamos realizar uma restauração em resina composta. Porém, nem todo dente que vai receber uma faceta precisa, necessariamente, ter um retentor intrarradicular. Forças Oblíquas/ Horizontais Tensões de Cisalhamento Forças Verticais Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular Quando é uma coroa, a gente tem que lembrar de avaliar o quanto que sobrou de remanescente radicular, se eu tenho um Efeito Férula considerável, uma altura boa de remanescente, o que é mais favorável. OCLUSÃO Overbite: são pacientes candidatos a receber o retentor. Função oclusal: como eu já falei, nós devemos avaliar se esse dente está envolvido em guia de desoclusão, pois estão mais sujeitos a cargas. Então, eu preciso cogita que ele vai precisar do retentor. Hábitos parafuncionais: pacientes com, por exemplo, Bruxismo estão o tempo inteiro sujeitando esses dentes a cargas. Então, a gente dá uma atenção especial nesses casos na hora de decidir se colocará ou não, o retentor. NMF VERSUS PFV Atualmente a gente usa mais os de PFV, por várias questões, as quais são: uma Módulo de elasticidade mais próximo da dentina; Questão estética; Não envolve uma fase laboratorial, podendo em uma sessão poder realizar a cimentação desse pino. Em relação ao NMF pode ser feito, em dentes posteriores se for indicado a colocação de um retentor, a questão estética já não é tão importante, então, nele talvez eu possa utilizar um NMF. No entanto, decidir por conta de risco de fratura, a literatura ainda é controversa sobre isso, tem muita discussão. Então o PFV é o mais utilizado, baseado nisso que a gente sabe, mas os estudos dão condição para nós optarmos em usar só o NMF ou PFV. SEQUÊNCIA CLÍNICA - PFV Dente com grande destruição das estrutura coronária. Há porção radicular que proporcionará um efeito Férula, mostrando que ainda há algum suporte. No entanto, nesse caso será feito instalação de uma coroa, para devolver função e estética, então optamos pela colocação de um PFV. 1. ENCERAMENTO E CONFECÇÃO DE GUIA Como eu vou fazer uma coroa a gente vai ter um enceramento e um planejamento para isso. Com esse enceramento a gente pode fazer a confecção de uma guia que vai nos ajudar depois, na sequência operatória. 2. TOMADA DE DECISÕES Quanto eu devo desobturar e que tamanho deve ter esse pino? Então a gente precisa manter um selamento apical, eu não vou tirar todo material obturador, pois eu preciso garantir qualidade no tratamento endodôntico, esse Selamento será de no mínimo 4mm. Então, eu vou desobturar, sempre acompanhando radiograficamente, para ver se está tudo certo. O pino deve ter, idealmente, 2/3 ou 3/4 de suporte ósseo e no mínimo ter um comprimento igual ao da coroa clínica. Pergunta: Se for um dente que está com problema periodontal, perda óssea, pode ser que a gente contraindique um pino? Você tem que avaliar, primeiro, o tratamento endodôntico deve estar satisfatório, se tiver lesão ele deverá ser retratado e a gente só vai colocar o pino em uma situação ideal, ou seja, quando tiver ausência de inflamação, o nível de suporte ósseo adequado e a qualidade do tratamento endodôntico. O pino não vai resolver uma situação de lesão. Então, a extensão do preparo é de 2/3 do comprimento da raiz, suportada por osso. Aqui, se eu dividir essa raiz em três, eu preciso ter inserção óssea de 2/3 (marcado em vermelho), servindo de suporte ósseo. Quando eu tenho só isso de suporte ósseo (marcado em azul), eu posso cogitar a realização de um aumento de coroa, para que eu tenha o Efeito Férula. Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular 3. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA Quando a gente vai começar o procedimento a primeira coisa a ser feita é avaliar a condição radiográfica desse dente, se o tratamento endodôntico está bem feito, tem ausência de lesão, suporte ósseo etc. se tiver tudo certo, vou partir para sequência de cimentação desse pino. Na radiografia nós vamos medir o dente: Nesse exemplo aqui, o dente tem um comprimento de 20mm. Uma coroa clínica de comprimento igual a 9mm e uma porção radicular com comprimento igual a 11mm. Considerando, que eu irei deixar 4mm de selamento de material obturador, temos que fazer a conta de quanto temos que desobturar, que nesse caso será igual a 16mm. Na hora de fazer a desobturaçao, eu tenho que ir acompanhando com a radiografia, o que vai guiar o sentido da desobturação é o próprio canal, a gente vai seguindo a anatomia del. Mas, as vezes, durante o procedimento você perde o rumo (linha vermelha) e vai indo até perfurar. Se isso acontecer, tratar essa perfuração é complicadíssimo, então, devemos tomar cuidado. Se você está desobturando, está saindo guta- percha, está certo, se parar de sair a guta, para e radiografa, pode-se radiografar, inclusive, com a broca dentro, para ver se você está na direção certa. Quando não se tem experiência, é interessante ir acompanhando radiograficamente. Além da direção, temos que conferir o comprimento, pois se você tirar todo o selamento, não é favorável. Na broca Gates ou Largo, que a gente usa para fazer essa desobturação, coloca sempre o cursor, o qual deve estar no comprimento que eu quero. No caso do exemplo, eu quero desobturar 16mm, então, eu vou colocar meu cursor no 16mm, quando eu chegar na referência que eu medi, eu vou garantir os 4mm de selamento. Na broca Gates ou Largo, que a gente usa para fazer essa desobturação, coloca sempre o cursor, o qual deve estar no comprimento que eu quero. No caso do exemplo, eu quero desobturar 16mm, então, eu vou colocar meu cursor no 16mm, quando eu chegar na referência que eu medi, eu vou garantir os 4mm de selamento. 4. DESOBTURAÇÃO E ESCOLHA DO PINO A gente vai promovendo essa desobturação, primeiro com brocas Gates e Largo, as quais têm a ponta inativa, o que evita a ocorrência de acidentes. Depois disso, a gente vai precisar conformar esse canal de acordo com o tipo de pino que será usado, considerando o quanto eu tenho de remanescente e o espaço que eu tenho para esse pino preencher, e eu vou selecionar aquele que preencha bem esse espaço, não pode sambando dentro do canal. Eu nunca vou pensar em colocar qualquer pino, somente respeitando o comprimento, e com o cimento eu preencho o que está faltando, é errado pois o pino é que tem que preencher e não o cimento. Depois de selecionado o pino, cada um deles irão ter as sequências de brocas, que confere a conformação do canal, de acordo com o pino a ser utilizado. Os pinos têm números – n°1, n°2, n°3…— isso, geralmente, refere-se ao diâmetro, as brocas referentes a cada pino vão dar o formato certo para o canal. Então, aqui nessa broca, o cursor deve ser usado, mesmo depois que você usou a primeira broca, então, sempre coloque o cursor para trabalhar no comprimento, inclusive, essa atenção deve ser dada até na hora de fazer o travamento do pino, o qual a gente coloca com a pinça até o seu travamento e depois tira semtirar a pinça do lugar e mede, para checar se está no comprimento. Se não tiver são duas situações – ou o pino que você selecionou não é ideal para aquele caso ou você não usou a broca certa e não deu a conformação correta para esse canal receber o pino. Então uma radiografia pode ser feita com o pino na posição, para você conferir se ele está adequado, se ele está preenchendo o espaço e a quantidade do selamento. Então, dá para fazer a radiografia tanto com a broca, quanto com o pino, fazendo a prova, na endo isso é feito quando vai fazer a obturação. Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular Então uma situação ideal é essa, fiz a desobturação, mantive o nível de selamento adequado, coloquei o pino e ele está ocupando todo o espaço. Eu não posso ter um espaço aqui (marcado em vermelho), ficar um espaço vazio entra o pino e guta-percha. Se você perceber que não está chegando no comprimento, mas o pino vê uma adaptação razoável do pino, você tem que pegar a broca do pino e descer um pouquinho mais, até chegar no comprimento. Na imagem o comprimento está certo. 5. IRRIGAÇÃO E LIMPEZA DO CANAL Como a gente terminou essa parte e está tudo certo, pino encaixado, conferi na radiografia, eu vou seguir para a etapa de cimentação desse pino. Antes de fazer isso, a gente vai irrigar e limpar o canal, pois ele irá passar por um procedimento adesivo. Existe um erro nessa imagem, pois o dente não está isolado, então, todos esse procedimento deve ser feito sobre isolamento absoluto. Então, depois que você tirou a restauração provisória, você vai acessar o canal tratado, e a ideia desse tratamento endodôntico é fazer toda a descontaminação do canal e selar ele, para evitar uma nova contaminação. Se o dente foi tem tratamento de endo e não foi restaurado, ou essa restauração caiu e o paciente não procurou atendimento para fazer essa restauração e a embocadura do canal está a muito tempo exposto, há uma indicação de se fazer o retratamento, pois o canal está exposto ao maio e, provavelmente, teve uma contaminação. Então, porque eu vou fazer, na dentística, sem isolamento e na endo foi feito com bastante cuidado, para evitar contaminação, desse modo, o dente deve estar isolado, desde o acesso, desobturação, cimentação. 6. CORTE DO PINO Antes da cimentação desse pino, ele vai ser cortado no comprimento desejado, pois quando você corta um pino já cimentado, você vai acusar vibrações, o que já vai estressando a camada adesiva. Aquela guia que apareceu lá no começo, ajuda nessa hora, para eu saber onde cortar esse pino, porque assim nós conseguimos fazer o corte respeitando a anatomia e o comprimento. Na região demarca em vermelho tem um formato de chanfro, feito por uma ponta diamantada. Nessa imagem, já está tudo certo, o pino já foi cortado, então, eu já seguiria para a cimentação dele. Até onde você corta coronalmente? Se você deixar ultrapassando aqui, você ultrapassa o limite. Essa guia foi feita lá no enceramento, a partir do provisório. Então, você vai respeitar aqui a anatomia e o comprimento, por isso a gente pega e marcar aqui o corte, respeitando a configuração desejada. Você vai deixar para “fora” o suficiente que der para fazer um núcleo de preenchimento. 7. TÉCNICA PINO ANATÔMICO Na situação anterior, o pino estava bem adaptado, mas nem sempre isso vai acontecer. Nessa situação eu posso utilizar uma técnica diferente que é um pino anatômico, ou seja, eu vou deixá-lo exatamente no formato desse conduto. Aqui uma situação, a qual tem muito espaço para ser preenchido com cimento e isso não á legal. Então, eu vou poder anatomizar esse pino. Aqui outra situação, o pino chegou no comprimento, mas na cervical sobrou muito espaço. Se eu for ter de usar um pino de maior calibre, eu vou ter que desgastar mais estrutura, o que não se justifica. Se a gente tem uma possibilidade de fazer alguma coisa para não desgastar o dente, é óbvio que eu vou fazer isso, então ao invés de desgastar eu vou tentar adaptar o pino. O espaço demarcado em vermelho, seria tudo preenchido com cimento, o que não é o ideal. Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular O pino que estava naquele formato da imagem acima, agora está no formato certo do conduto radicular, então elevai preencher todo aquele espaço. Agora um exemplo com isolamento absoluto. Nesta imagem estamos fazendo a desobturação e o preparo com a broca adequada para o pino. Essa anatomização é feita com resina composta, o pino aceita isso, ele vai ser cimentado com cimento resinoso, então, ele me aceita moldá-lo com resina composta. PASSO A PASSO 1. Isolamento Absoluto: Preciso isolar o conduto para a resina não se aderir, a gente faz isso com m gel hidrossolúvel, não é para colocar vaselina. Quando eu vou fazer NMF eu posso colocar vaselina e colocar a resina acrílica dentro do conduto com o pino também de acrílico para fazer a modelagem, que depois vai para laboratório. No entanto, quando nós vamos fazer essa sequência direta como no PFV, eu vou isolar bem o conduto com o gel hidrossolúvel, a gente coloca bastante gel no microbrush. 2. Limpeza do pino: Após o isolamento do canal, eu vou partir para o preparo do pino, pois eu vou colocar resina composta para anatomizá-lo, eu preciso garantir uma boa adesão da resina. Então, primeira coisa, esse pino precisa ser limpo com álcool. Depois a gente faz o tratamento da superfície, com ácido fosfórico 37% – o mesmo usado para condicionamento ácido em esmalte e dentina – a gente faz a aplicação desse ácido no pino de 15 a 30 segundos, em toda a extensão do pino que vai receber a resina composta. 3. Aplicação do Silano (agente de união) Feito isso, vou enxaguar e secar o pino, então, eu vou fazer a aplicação do agente de união que é o silano e deixá-lo quietinho, por 60 segundos. Esperado esse tempo jogar jato de ar, para evaporar a água que foi gerado durante essa reação, é sugerido que esse ar seja quente, por exemplo, de um secador de cabelo. 4. Aplicação do Adesivo e Fotopolimerização Eu vou aplicar o adesivo, pois eu vou colocar resina composta, então, precisa do sistema adesivo. Então, eu aplico e fotopolimerizo, e a ponteira do foto deve estar o mais próximo, fotopolimerizando todo a sua extensão. Dá para ver na imagem acima, que há uma condição de luz através do pino, mas dá para ver que a intensidade da luz que está chegando, onde está mais perto da ponteira, qual podia estar bem mais perto, é bem diferente da luz que está chegando lá do lado da pinça. Então, a gente já começa tirar algumas conclusões, como a de que a luz passa, ou seja, o foto transmite luz, mas quanto? Será que é a mesma intensidade na extensão dele? Na imagem já dá para ver que não, então, isso vai ser crítico na hora de cimentar. Aí a gente já começa a pensar com o que esse pino deve ser cimentado. Será que a luz chega até a ponta da raiz quando a estamos modelando o pino dentro do conduto? Então, que tipo de material eu vou usar para fazer essa cimentação? 8. ANTATOMIZAÇÃO COM RESINA COMPOSTA Agora sim, a gente vai colocar uma resina composta, conformá- la bem, ao redor desse pino e colocá-lo dentro do canal, para modelarmos o pino na anatomia do conduto. Então, está bem isolado, cheio de gel, eu vou inserir esse pino dentro do conduto. Se extravasar – como está na imagem da direita– não tem problema, isso pode acontecer. Agora eu vou fotopolimerizar – novamente na imagem o foto está muito longe – vamos polimerizar, mas não em abundância, pois vai dificultar na hora de tirar. Então, você vai polimerizar um pouco o pino e Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular retirá-lo do canal, para fazer a fotopolimerização completa, que agora vai ser em abundância,para ter a melhor conversão, possível. 9. CONFECCIONAR NÚCLEO DE PREENCHIMENTO Feito isso, eu já posso partir para o núcleo de preenchimento. Então, eu vou fazer esse núcleo com a mesma resina composta, já dando o mesmo formato do prepara para a coroa que vai ser cimentada aí. Esse pino não foi cortado, será cortado agora. Então, ele não está cimentado, eu só tenho a resina, agora eu vou cortar. Agora seguir com o preparo da coroa. Por fim, o pino e o núcleo de preenchimento estão finalizados. Todo esse processo ocorreu para fazer um pino anatomizado (técnica de pino anatomizado). Na outra técnica o processo será o mesmo (exceto aplicação de resina composta): Limpar com álcool, fazer a aplicação do ácido fosfórico, lavar, secar, o silano, adesivo e fotopolimerização – depois disso que ele seria cimentado. 10. CIMENTAÇÃO DO PINO NMF: Cimento de fosfato de zinco PFV: cimento resinoso dual (cimentado adesivamente) Cimento fotopolimerizável – ideal para a região que a luz alcança – mas aonde a luz não chega com tanta intensidade, é interessante que a polimerização ocorra quimicamente, esse é o cimento chamado Dual. Quais os tipos de cimento resinoso? Fotopolimerizável: não é uma opção para cimentação de pino, por conta que a luz não vai alcançar toda a extensão do pino, então, usar cimento foto você está fadado ao fracasso. Dual: Autopolimerizável (químico). CIMENTAÇÃO COM CIMENTO RESINOSO DUAL EM CLIKER SEM PONTEIRA E SEM AUTOMITURA Não serve para fazer núcleo de preenchimento, ele é somente para cimentação. Sequência de utilização: 1. Remover a coroa e o pino provisórios; 2. Limpar o conduto; 3. Lavar com água ou soro; 4. Secar; 5. Aplicar a camada do adesivo (no exemplo ele está usando single Bond universal); 6. Remove o excesso do adesivo, 7. Jato de ar (para o solvente); 8. Manipular o cimento: esse é de manipular, em um bloquinho você dá um clique e ele solta a proporção de pasta base e pasta catalizadora, deve-se manipular em uma tempo certo para não polimerizar; 9. Colocar o cimento na Centrix; 10. Preencher o canal: aqui ele fala para não usar lentulo. Eu recomendo colocar o pino girando; 11. Remover o excesso: pois você vai fazer o núcleo com uma resina composta; 12. Polimerização: aguardando 6 minutos, nesse exemplo. Pergunta O cimento provisório da coroa provisória, seria a CIV C? Não, pois com o CIV C você vai arranjar um problema, porque você já deixou o canal instrumentado para receber o pino e foi lá tacou um CIV C, o cimento de ionômero de vidro tem adesão a estrutura dentária, na hora de tirá-lo – já difícil retirar da coroa sem desgastar dente, imagina dentro do conduto – você vai mudar a conformação do canal e desadaptará o pino. Então, NÃO, cimento provisório nunca irá ser CIV. O cimento provisório usado pode ser hidróxido de cálcio, por exemplo, tem que tomar cuidado para que não contenha Eugenol, porque ele interfere na polimerização de materiais resinosos CIMENTO AUTOADESIVO O que é um material autoadesivo? Você não precisa fazer nenhum tipo de preparo adesivo no dente, então, você simplesmente lava (não pode ser clorexidina), e vai secar, removendo excesso de umidade e aplica o cimento. Ele economiza tempo, porque não têm todo queles preparos, você pode colocar o cimento direto. Dentística Estágio I - Aula 12- Retentor intrarradicular Ele também se apresenta na forma de auto mistura e de clicker, mas eu acho que eles não existem no Brasil, só o de manipular. Por que ele é auto adesivo? Como será a composição dele para possibilitar isso? Pensem na estratégia que é usado em adesivos auto condicionantes, eles possuem primer ácido, que vai modificar a smear layer, vai provocar uma desmineralização, para depois vir o adesivo em cima e penetrar essa desmineralização que foi promovida. O cimento resinoso tem esse mesmo princípio, ele tem monômeros acídicos que vão promover essa desmineralização e a infiltração do cimento, como o cimento não tem duas partes, um primer e um bond, vai ser uma coisa só. Será que usar ácido com o auto adesivo melhora o piora a adesão? Ele já tem um perfil ácido, você não vai fazer um condicionamento e entrar lá, de novo, com uma coisa que provoca a desmineralização para infiltrar com o cimento. Lembrando que não existe um primer ácido no cimento, na composição dele já tem ácido. Não pode limpar com clorexidina, por quê? Porque a composição vai interferir no cimento, o melhor é lavar com água ou soro. CONCLUSÃO Os estudos recentes não concordam no benefício de usar ou o PFV ou NMF. Não existe evidências em diferenças entre o PFV e NMF, em dentes anteriores e posteriores, sobre o descolmento do pino, ou fraturas radiculares. Então, não dá para seber quem é melhor em relação à fratura. Uma coisa que é bem diferente, apesar do que os artigos mostram, é o manchamento da gengiva. Se você vai colocar um pino em dente anterior, é mais indicado fazer o PFV Ao pensar em trocar um pino, pensar primeiramente na função e, depois, na estética Vai resolver o caso de maneira adequada? Eu vou estar abrindo mão de função de um tratamento confiável para fazer uma coisa que só vai me dar uma melhora estética? Então, em questão estética eu faria um PFV em anterior. Tempo clínico, também, visto que o metálico é mais chato de fazer. Você vai ter que modelar e moldar o canal com resina acrílica, não é tão fáciil de fazer, tem que ir para o laboratório, tem todo esse tempo de ir voltar, o paciente fica com provisório, então, é uma vantagem do PFV. Então, atualmente, a tendência é utilizar cada vez mais o PFV, e os estudos que estão sendo feito, vão incluí- lo em acompanhamento a longo prazo. Atualmente, a gente tem que levar em conta, todos aqueles critérios que foram comentado, principalmente, a quantidade de remanescente dentário, a maior indicação dos pinos é essa, para promover a retenção do material restaurador.