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CM – Terapia Intensiva Neurointensivismo e Ética Médica Cecilia Antonieta 1 NEUROINTENSIVISMO E ÉTICA MÉDICA NEUROINTENSIVISMO PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA Protocolos de morte encefálica. BRASIL “whole brain death”. Hemisférios + tronco. Mais seguro e específico (100%). OBJETIVO diagnóstico de morte encefálica. Impedir tratamentos fúteis. Coma não perceptivo + ausência de reatividade supraespinal + apneia persistente E presença de lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e capaz de causar morte encefálica (catástrofe neurológica – imagem). Observação hospitalar de, pelo menos, 6 horas e, se causa primária da ME for encefalopatia hipóxico- isquêmica, 24 horas. Estabilidade clínica. T > 35 PAM ≥ 65 para adultos SatO2 > 94%. Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnostico: DHE, distúrbio ácido-básico, endócrino, intoxicação; hipotermia central (temp < 35˚C). *hipernatremia – se causa neurológica FÁRMACOS CONFUNDIDORES se infusão contínua e hi- potermia. Aguardar 4-5 meias-vidas. Intervalo Medicamento Meia-vida Dose única Infusão contínua Midazolam 2h 6h 10h Fentanil 2h 6h 10h Propofol 2h 6h 10h Quetamina 2h30min 7h30min 12h30min Etomidato 3h 9h 15h Succinilcolina 10min 30min 50min Aguardar > 5 meias-vidas se: insuficiência hepática ou renal, hipotermia terapêutica, suspeita de intoxicação, metabolização comprometida. *Preferir estudos de fluxo sanguíneo cerebral. 2 EXAMES CLÍNICOS 2 médicos diferentes não envolvidos com transplantes e capacitados: Pelo menos um 1 ano de atendimento de pacientes em coma e 10 protocolos de ME; ou 1 ano de experiencia em pacientes comatosos e curso de capacitação. Um preferencialmente: neurologia/neurocirurgia, neurope- diatra, medicina intensiva ou medicina de emergência. INTERVALO ENTRE OS EXAMES 7 dias a 2 meses incompletos 24 horas. 2 meses a 24 meses incompletos 12 horas. Acima de 2 anos 1 hora. COMA APERCEPTIVO estímulo doloroso (4 membros + axial). AUSÊNCIA DE REFLEXOS DE TRONCO VESTÍBULO-CALÓRICO sempre que não puder testar em pelo menos um dos lados, não é possível prosseguir com o protocolo de morte encefálica. Via aferente VIII. Via eferente VI e III. FOTOMOTOR E CONSENSUAL Ausência pupilas médio-fixas. Via aferente II. Via eferente III. CORNEOPALPEBRAL Via aferente V. Via eferente VII. ÓCULOCEFÁLICO Ausência olhos de boneca Via aferente VIII. Via eferente VI e III. TOSSE aspiração traqueal. Vias aferente e efevrente X (vago). TESTE DE APNEIA Ausência de movimentos respiratórios com a estimula- ção máxima do centro respiratório por hipercapnia – PaCO2 > 55 mmHg. Ausência de resposta de quimiorreceptores bulbares. Interromper se: movimento respiratório, hipoxemia, instável não manejável com suporte. EXAME COMPLEMENTAR Obrigatório. Busca demonstrar: § Ausência de fluxo sanguíneo – angiografia cerebral e doppler transcraniano. § Ausência de atividade elétrica – eletroencefalograma CM – Terapia Intensiva Neurointensivismo e Ética Médica Cecilia Antonieta 2 § Ausência de metabolismo/perfusão – cintilografia, SPECT cerebral. ÓBITO O dia e horário do óbito correspondem ao horário da realização da última prova. HIPERTENSÃO INTRACRANIANA Pressão intracraniana (PIC) acima de 22 mmHg por mais 5 min (sustentada) sem interferência de causas externas. FISIOPATOLOGIA doutrina de Monro-Kellie. Crânio é um compartimento fechado com baixa compla- ência dos 3 componentes (sangue, líquor e parênquima). Pequeno aumento de volume resulta em grande aumento de pressão. ETIOLOGIAS LESÕES INTRACRANIANAS COM EFEITO DE MASSA TCE (HSD, HED), tumores primários ou secundários, hemorra- gias intraparenquimatosas. AUEMNTO DO VOLUME CEREBRAL edema citotóxico, edema vasogênico (cerebral sanguíneo). AUMENTO DO VOLUME DO LÍQUIDO CEFALORRAQUI- DIANO hidrocefalia. CLÍNICA Dor de cabeça, papiledema, vômitos em jato, alterações visuais, posturas patológicas de descerebração e decor- ticação, rebaixamento do nível de consciência com ne- cessidade de suporte invasiva para garantir via área. Tríade de Cushing bradicardia com HAS e bradipneias (com ritmos respiratórios alterados). CONDUTA MONITORIZAÇÃO Cateter de PIC – TCE grave + lesão cerebral à TC. Associada a DVE – drenagem de LCR e análises bioquim. *Sem evidência para tumores, meningite ou AVC. ALVO PIC < 22. PIC > 30 lesão cerebral provável. PREVENÇÃO DE LESÕES SECUNDÁRIAS para todos os pacientes. § Cabeceira elevada e centrada; § Posicionar adequadamente colar cervical e TOT; § Preferir cateter central femoral em fase aguda; § Evitar hipotensão – PAS > 110 com PAM 80-90 mmHg; § Se PIC: PPC 60-70; § SpO2 ≥ 94%; § Sedoanalgesia; § Normocapnia (PaCO2 35-40 mmHg); § Evitar hiponatremia (LSN); § Normotermia (T 35-37,8 ˚C); § Euglicemia (140-185 mg/dl). AÇÃO FRENTE À PIORA DE PRESSÃO INTRACRANIANA § Reavaliar medidas básicas; § Progredir intervenções das linhas de tratamento; § Avaliar abordagem cirúrgica – neurocirurgião + equipe de UTI. PRIMEIRA LINHA § Terapia osmótica – manitol e NaCl 20%; § IOT + sedação com RASS -5; § Normocapnia (pCO2 35-40 mmHg). SEGUNDA LINHA § Rever medidas de 1ª linha; § Repetir TC (Efeito de massa?); § Considerar monitorização invasiva; § DVE e drenagem liquórica; § Hiperventilação leve (pCO2 30-35 mmHg por curtos períodos) se herniação. TERCEIRA LINHA § Rever medidas de 1ª e 2ª linha; § Repetir TC; § Monitorização invasiva; § Hiperventilação moderada (pCO2 25-30 mmHg); § Coma barbitúrico; § Hipotermia terapêutica; § Avaliar craniectomia descompressiva; § Avaliar indicação de cuidados paliativos. CUIDADOS DE FIM DE VIDA Todo paciente no momento do diagnóstico de uma con- dição incurável com potencial ameaçador aa vida. Concomitância com terapias modificadoras de doença. DECISAO COMPARTILHADA § Conversar sobre prognóstico; § Planejamento terapêutico; § Entender a evolução das doenças – trajetórias. DECISÃO MÉDICA decidir sobre medidas invasivas e su- porte avançado de vida. Estabelecer proporcionalidade do tratamento. Levar em consideração: CM – Terapia Intensiva Neurointensivismo e Ética Médica Cecilia Antonieta 3 § Diretivas antecipadas de vontade de paciente (vontade do paciente para guiar o tratamento médico nas decisões sobre o fim de vida prevalece sobre a vontade da família), § Irreversibilidade da doença, § Escalas de funcionalidade e prognóstico (PPI). Sinais gerais de mau prognóstico declínio funcional pro- gressivo, aumento da dependência; sucessivas interna- ções não planejadas; doença avançada, falha de respos- ta à terapêutica; perda de peso progressiva; albumina sérica < 2,5 g/dl. ESCALA DE PERFORMANCES KPS, PPS e ECOG. ECOG 0 atividade normal. 1 sintomas de doença, mas deambula e realiza suas atividades normalmente. 2 fora do leita mais de 50% do tempo. 3 no leito mais de 50% do tempo, carente de cuidados intensivos. 4 restrito ao leito. MUDANÇA DO FOCO NA DOENÇA PARA FOCO NA PESSOA § Escuta ativa; § Acessar valores e preferencias; § Priorização de conforto (avaliar necessidade de analgesia, sedação, controle de sintomas); § Suspender medicações ou medidas que não tragam benefícios. ACOLHIMENTO DA FAMÍLIA E ATENÇAO AO LUTO COMUNICAÇAO DE MÁS NOTÍCIAS Protocolo SPIKES. SETTING UP – PREPARAÇÃO preparar a reunião. PERCEPTION – PERCEPÇÃO ouvir o que o paciente e familiares têm a dizer. INVITATION – CONVITE perguntar o quanto o paciente e familiares querem saber. KNOWLEDGE – CONHECIMENTO comunicar a má notícia. EMOTION – EMOÇÃO acolher. STRATEGY AND SUMMARY – ESTRATÉGIA E RESUMO negociar, programar os próximos passos e esclarecer as dúvidas. ASPECTOS MÉDICOS LEGAIS EUTANÁSIA provocação da morte de paciente terminal ou portador de doença incurável, através de ato de terceiro, praticada por sentimento de piedade. DISTANÁSIA prolongamento artificial davida, causando somente sofrimento sem gerar benefício. ORTOTANÁSIA morte como desfecho natural da vida. Procura-se garantir o bem-estar e a dignidade em seu viver e morrer. MISTANÁSIA morte por falta de assistência. PRINCÍPIOS MÉDICOS BENEFICÊNCIA fazer o bem. NÃO MALEFICÊNCIA não fazer o mal. JUSTIÇA garantir equidade. AUTONOMIA CONTROLE DE SINTOMAS Garantir qualidade de vida e dignidade e aliviar o sofrimento. PRINCIPAIS SINTOMAS dor, dispneia, náuseas e vômitos, constipação intestinal. DOR Aspectos físicos, psicológicos, espirituais – dor total. Associar analgésicos simples com opioides. Fracos codeína tramadol. Fortes morfina, patch de fentanil. Evitar anti-inflamatórios de longa data. OUTROS radioterapia anti-álgica, cirurgia, quimiotera- pia, corticoide (HIC, infiltração de partes moles, compressão nervosa, hepatomegalia), antidepressivos e anticonvulsiv- antes, bifosfonatos (dor óssea). EFEITOS COLATERAIS DE OPIÓIDES constipação, mioclonias, sonolência, xerostomia, náuseas e vômitos. DISPENIA Altamente prevalente, multifatorial detectar e tratar a causa, identificar fatores psicológicos. Cerco do silêncio § Entender a motivação da família em manter o cerco. § Cuidado para não haver quebra de vínculo. § É direito do paciente saber sobre diagnóstico e prognóstico. § Oferecer equipe multiprofissional. Planejar o momento da informação. CM – Terapia Intensiva Neurointensivismo e Ética Médica Cecilia Antonieta 4 PRIMEIRA LINHA opioides em doses baixas. Oxigenoterapia Ansiolíticos Medidas de controle de secreção (atropina, propantelina, escopolamina, botox), medidas ambientais. Refratários – sedação com benzodiazepínico. Intubação paliativa é uma possibilidade em qualquer contexto. SEDAÇÃO PALIATIVA Alívio de sintomas refratários no fim de vida, Não abrevia o tempo de vida. Pode ser: contínua ou intermitente, superficial ou profunda, reversível.
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