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SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS E EQUIPAMENTOS SUBMARINOS Elaboração Samuel José Casarin Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................................................................................... 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ................................................................................................. 5 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................................. 7 UNIDADE I SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS ........................................................................................................................................................ 9 CAPÍTULO 1 SISTEMAS SUBMARINOS: INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES GERAIS ................................................................................................. 10 CAPÍTULO 2 FORÇA DE TRABALHO ....................................................................................................................................................................................... 18 UNIDADE II ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO .......................................................................................................................................................... 33 CAPÍTULO 1 MONITORAMENTO ............................................................................................................................................................................................. 34 CAPÍTULO 2 AUDITORIA, ACIDENTES E RISCOS ............................................................................................................................................................. 44 UNIDADE III OPERAÇÕES SUBMARINAS ........................................................................................................................................................................................... 55 CAPÍTULO 1 FABRICAÇÃO E INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS SUBMARINOS .............................................................................................. 56 CAPÍTULO 2 VIDA ÚTIL, REUTILIZAÇÃO E DESCOMISSIONAMENTO .................................................................................................................... 76 UNIDADE IV NORMAS E ESTUDOS DE CASOS (EC) ...................................................................................................................................................................... 88 CAPÍTULO 1 NORMAS GERAIS, PROTOCOLOS DE SEGURANÇA ............................................................................................................................ 89 CAPÍTULO 2 ESTUDOS DE CASOS (EC) ............................................................................................................................................................................. 108 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................................................................... 126 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................................................... 127 4 APRESENTAÇÃO Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/ conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 INTRODUÇÃO O avanço das tecnologias permitiu ao homem explorar diferentes tipos de ambiente. Os oceanos ocupam cerca de 70% da área do planeta, e embora as áreas costeiras sejam as mais urbanizadas, o acesso ao mar depende da possibilidade de transcender a dificuldade enfrentada em seu uso. A pesca e a navegação são consideradas as primeiras atividades realizadas nas águas e até hoje são realizadas, entretanto seu desenvolvimento cresceu, e novas áreas e técnicas foram sendo descobertas e implantadas. Nesse sentido, novas possibilidades foram surgindo, como exemplo a exploração do petróleo, que atualmente ocorre em todos os oceanos do planeta e em áreas cada vez mais profundas. Essa atividade acarreta um conjunto de operações submarinas, tanto em sua implantação, como em sua manutenção. Além disso, áreas portuárias, que dão suporte à navegação, independentemente do objetivo, também estão se desenvolvendo cada vez mais e em diferentes áreas. Esse desenvolvimento das atividades marítimas é inegável, e acarreta diversas etapas e diferentes tipos de operações, seja em área terrestre, seja em área marítima. Assim, a segurança nessas operações, por um determinado tempo, foi considerada gargalo tecnológico. Para solucionar essa questão, normas, leis e tratados foram sendo desenvolvidos com o objetivo de minimizar os riscos e acidentes decorrentes de tais atividades. Cabe ressaltar aqui que as atividades em ambiente marinho requerem um conjunto de ações e protocolos para garantir ao profissional que atua nesse ambiente plena segurança. Dentreesses profissionais, destacamos os mergulhadores, bombeiros que fazem buscas em rios, lagoas etc., profissionais de portos que operam equipamentos de manutenção em diversas áreas portuárias submersas, aqueles que trabalham em plataformas offshore, entre outros. Há de se considerar, ainda, a necessidade de uso de equipamentos apropriados para as mais diversas tarefas, visto que há questões de insalubridade, sendo que há normas regulamentadoras para amparar o profissional, e serão apresentadas algumas ao longo dos conteúdos deste material. Nesta disciplina, iremos conhecer um pouco mais sobre a segurança em operações submarinas e equipamentos submarinos. Ao final, você será capaz de reconhecer qual o nível de segurança com a qual uma operação está sendo realizada. Além disso, poderá entender quais equipamentos submarinos são utilizados. Bons estudos! 8 INTRODUÇÃO Objetivos » Conhecer os sistemas de segurança em operações submarinas. » Conhecer características da força de trabalho em ambientes submarinos. » Entender as técnicas de monitoramento, medição e alertas de segurança em operações no fundo oceânico. » Conhecer e identificar os elementos críticos de segurança, análise de risco e suas normas. » Conhecer as características dos equipamentos de segurança (EPI) e equipamentos de mergulho. » Saber aplicar técnicas de soldagem, de instalação e procedimentos operacionais. » Saber conceitos e aplicações de descomissionamento, desativação e reutilização. » Conhecer e saber aplicar as principais normas gerais referentes a protocolo de segurança. 9 UNIDADE I SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS Primeiramente, o que podemos entender por “segurança em operações submarinas”? Cabe aqui uma reflexão sobre o ambiente de trabalho e as condições oferecidas pelas empresas ao profissional para a realização das suas tarefas. Segurança é um requisito para as mais variadas atividades, desde uma simples caminhada na rua, na qual espera- se que o poder público garanta um conjunto de sinalizações, conservação dos locais e normas que permitam ao pedestre um passeio seguro. Logo, isso passa também para praticamente todas as atividades profissionais. Mas voltando ao entendimento de “segurança em operações submarinas”, há uma série de normas e regulamentações estabelecidas por empresas (Petrobras, por exemplo), por agências governamentais (ANP – Agência Nacional do Petróleo, por exemplo) e por entidades como o Corpo de Bombeiros, que estabelecem padrões a serem seguidos para salvaguardar todos os profissionais que trabalham em condições submersas em águas marítimas ou não. Não podemos nos esquecer também de programas de capacitação. Nesta primeira unidade do seu Caderno de Estudos, você irá estudar os sistemas e dispositivos de segurança em operações submarinas. Será feita uma abordagem geral de sistemas submarinos focando conceitos importantes e aspectos relacionados ao ambiente de trabalho oceânico, fatores humanos (técnicos e psicológicos), dando ênfase à importância da qualificação, treinamento e desempenho de pessoal. 10 CAPÍTULO 1 Sistemas submarinos: introdução e definições gerais Os sistemas submarinos são instalados para servir a diversos serviços e com diversos objetivos, seja como sustentação (estacas), canais condutores de fluidos (pipelines), sejam cabos submarinos (telecomunicações). Nesta seção, você irá conhecer um pouco mais sobre os tipos de sistemas submarinos e suas estruturas. A Figura 1 ilustra um esquema geral de um sistema submarino utilizado para atender à exploração de petróleo. Figura 1. Visão geral de um sistema submarino. PLEM (PipeLine End Manifold) PLET (PipeLine End Termination). Fonte: Mendes et al. (s/d, p.158). Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/1526/2/A%20set.35_Mercado%20e%20 aspectos%20t%c3%a9cnicos%20dos%20sistemas_P.pdf. Tais sistemas, como o conjunto apresentado na Figura 1, por exemplo, realizam a retirada e algumas etapas necessárias à produção do petróleo. De tal estrutura, temos alguns componentes principais, listados a seguir: Cabeça de poço submarina A cabeça de poço (Figura 2) gerencia o fluxo do óleo em direção ao sistema coletor, suporta e/ou fixa os equipamentos na coluna de produção. Possui a forma de carretel e permite o acesso na coluna ao longo da operação durante o ciclo de vida do poço. Pode estar instalado no leito marinho, na plataforma ou, ainda, em alguma estrutura terrestre, associado ou não à árvore de Natal. 11 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I Figura 2. Exemplo de cabeça de poço. Fonte: Mendes et al. (s/d, p. 159). Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/1526/2/A%20set.35_Mercado%20e%20 aspectos%20t%c3%a9cnicos%20dos%20sistemas_P.pdf. Árvore de Natal molhada A árvore de Natal molhada (Figura 3) é uma estrutura cuja finalidade é controlar a vazão de fluidos produzidos pelo poço até a plataforma de produção, e a vazão de água de injeção ou gás natural da plataforma para o reservatório. Dentro de sua constituição há válvulas, linhas de fluxo e elementos de controle, e normalmente está localizada no leito marinho, associada ou não à cabeça de poço. Além do controle de vazão, também é possível realizar medições de parâmetros tais como pressão do poço, temperatura e volume de areia produzida, informações imprescindíveis para mitigar os danos e minimizar possíveis riscos de vazamentos. Existem tipos diferentes de árvores de Natal molhada, cuja escolha dependerá de sua utilização, bem como das especificações de cada uma delas, o fato é que tanto as árvores de Natal horizontais quanto as verticais possuem vantagens e desvantagens, de acordo com cada projeto. Uma curiosidade: os moradores de uma cidade norte-americana rica em petróleo, nos longínquos anos 1930, batizaram de “Árvore de Natal” um equipamento da plataforma offshore que se encontrava coberta pela neve e estava parecida a um pinheiro de Natal. Quando esse equipamento passou a ser instalado no fundo do mar, junto aos primeiros poços de petróleo submarinos, o termo “molhada” foi incorporado e ficou até hoje conhecido como “Árvore de Natal Molhada” (PETROBRAS, 2015). 12 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS Figura 3. Árvore de Natal molhada horizontal. Fonte: Mendes et al. (s/d, p.161). Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/1526/2/A%20set.35_Mercado%20e%20 aspectos%20t%c3%a9cnicos%20dos%20sistemas_P.pdf. Manifold O manifold é um conjunto de válvulas e acessórios que serve para direcionar a produção de vários poços para um duto coletor, o qual conduz a produção total para uma unidade de produção. Esse tipo de equipamento ajuda a reduzir o número de linhas (dutos) conectadas à plataforma, além de diminuir o comprimento total das linhas de poços usadas num sistema de produção. Pode também ser usado para permitir que um grupo de poços compartilhe sistemas de injeção de água e “gas lift” (elevação de óleo e gás até a superfície por meio de gás pressurizado). Um modelo de manifold segue ilustrado na figura 4. Figura 4. Manifold. Fonte: Petrobras (2015). Disponível em: https://petrobras.com.br/data/files/C7/33/34/1E/EB77D410A86DF1D461D2B8A8/Foto%20 Manifold%20Roncador_tratada.jpg. 13 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I Linhas flexíveis Ilustrada na figura 5, as linhas flexíveis são elementos que levam os fluidos produzidos nos poços de petróleo para unidades de produção. Essas linhas flexíveis são utilizadas em todos os tipos de sistema submarino que faz coleta de fluido. A principal aplicação desses dispositivos consiste em interligar unidades para que seja possível fazer operações de injeção ou de descarte desses fluidos em reservatórios específicos ou, ainda, para fins de exportação dessa produção para fora do ambiente submerso. Apesar do termo “linhas”, tem geometria tubular, alternando camadas de materiais metálicos e não metálicos. Nas suas extremidades, existem conectoresque permitem a união de outros equipamentos, tais como as árvores de Natal molhadas a manifolds ou risers. Figura 5. Duto ou flexível. Fonte: Mendes et al. (s/d, p.163). Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/1526/2/A%20set.35_Mercado%20e%20 aspectos%20t%c3%a9cnicos%20dos%20sistemas_P.pdf. PLET e PLEM – Equipamentos de interligação » PLETs (Pipeline End Termination): tais como as linhas flexíveis, os PLETs realizam a junção submarina entre dutos rígidos e flexíveis ou entre um duto e um equipamento submarino. » PLEMs (Pipeline End Manifold): também permitem a interligação entre dutos, porém são instalados nas extremidades de um trecho de duto. A figura 6 dá uma ideia da dimensão desses equipamentos de interligação. 14 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS Figura 6. Equipamento de interligação do tipo PLEM. Fonte: Petrobras, 2015. Disponível em: https://petrobras.com.br/data/files/61/96/4B/66/7C77D410A86DF1D461D2B8A8/PLEM_tratada.jpg. Umbilicais Os umbilicais eletro-hidráulicos (figura 7) são conjuntos de mangueiras e cabos elétricos, utilizados para operar remotamente equipamentos e válvulas submarinos, injetar produtos químicos e monitorar parâmetros operacionais (temperatura e pressão) de poços. Figura 7. Umbilicais. Fonte: Petrobras, 2015. Disponível em: https://petrobras.com.br/data/files/C4/07/64/8B/8C77D410A86DF1D461D2B8A8/Foto %20do%20Umbilical_tratada.jpg. Embora um tanto quanto óbvio, todos os equipamentos apresentados até aqui exigem profissionais capacitados e habilitados tanto para sua instalação como para sua inspeção e manutenção. Como se tratam de operações de risco, questões de segurança são cruciais e devem seguir normas rigorosas. Todo o complexo de um sistema submarino deve estar sujeito a um sistema de controle (para que tal complexo funcione de acordo com suas funções previstas) e um sistema de alimentação que forneça a energia necessária para que todos os equipamentos instalados 15 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I possam operar, pois sem energia nada funciona. Vamos conhecer, preliminarmente, o sistema de controle. Sistema de controle submarino Trata-se de um sistema complexo, que monitora e transmite para a plataforma variáveis associadas à produção: pressão, temperatura, areia no sistema etc., conforme mostra a figura 8. Além disso, o sistema de controle submarino serve para operar as válvulas das árvores de Natal molhadas, de manifolds e de tubulações submersas. Figura 8. Esquema de um sistema de controle submarino. Fonte: Mendes et al. (s/d, p.165). Disponível em: https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/1526/2/A%20set.35_Mercado%20e%20 aspectos%20t%c3%a9cnicos%20dos%20sistemas_P.pdf. O esquema da figura 8 é considerado o coração dos sistemas submarinos de produção. Mesmo tendo um custo relativamente baixo, impõe um alto padrão de confiabilidade e disponibilidade. O seu layout deve ser o mais adequado possível para que sejam realizadas economias nas instalações de tubos, conectores e cabeamento. Tal sistema de controle pode ser classificado em: » Hidráulico. » Elétrico. » Eletro-hidráulico (mais comum). 16 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS As principais partes de um sistema de controle envolvem: » Unidade hidráulica: responsável pelo fornecimento contínuo de fluido hidráulico desprovido de resíduos às válvulas remotamente operadas. » Unidade de alimentação elétrica: permite alimentação elétrica contínua aos consumidores do sistema submarino. » Estação de controle: possibilita a interface entre o operador da plataforma e os equipamentos do sistema submarino. » Módulo de controle submarino: realiza a comunicação entre a estação de controle e ANM/manifold do arranjo submarino. Em se tratando de segurança do sistema e seus operadores, a unidade hidráulica deve ter um dimensionamento rigoroso, pois é por ela que as válvulas operadas de forma remota são acionadas para abrir e fechar. Sistema de alimentação A principal função do sistema de alimentação é gerar, transmitir e distribuir energia para os equipamentos do sistema submarino. Esse sistema de alimentação pode ser do tipo hidráulico ou elétrico. No caso específico do sistema de alimentação elétrico – o mais utilizado –, a energia é gerada por uma estação em terra ou por meio de turbogeradores instalados na plataforma. Considerando que não é desejável a interrupção do fornecimento de energia, uma UPS – fonte ininterrupta de energia – é empregada. Os umbilicais são os responsáveis pela transmissão de energia, partindo da unidade de alimentação elétrica indo até o sistema submarino de distribuição. A distribuição de energia elétrica permite a interligação dos terminais submarinos aos umbilicais a cada um dos poços de produção. A alimentação de um elemento específico é garantida por cabos elétricos dedicados. Os grandes produtores/extratores de petróleo, como a Noruega (Mar do Norte) e Brasil (Costa Atlântica Brasileira) utilizam modernos equipamentos para processamento primário de petróleo, os quais são desenvolvidos para as seguintes operações, segundo Mendes et al. (s/d): » Separação submarina água-óleo: separação da água livre produzida juntamente com o petróleo. 17 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I » Desidratação supersônica submarina de gás natural: remoção de moléculas de água dispersas no gás natural. » Compressão submarina de gás natural: compressão do gás natural para exportação para terra. » Injeção submarina de água bruta ou de água produzida: captação e filtração de água do mar para posterior injeção em reservatórios de petróleo ou reinjeção de água produzida no reservatório do qual foi extraída. A produção desses equipamentos ainda está em fase de testes em escala industrial, porém o desafio é adaptar tais equipamentos às condições de pressão, temperatura e contaminantes dos reservatórios localizados em águas profundas e ultraprofundas. Para concluirmos este capítulo, a figura 9 ilustra todo o complexo de uma instalação submarina para extração de petróleo e as unidades de controle de todo esse sistema distribuídos em uma plataforma fixa, uma plataforma semissubmersível e um navio de produção e estocagem. Figura 9. Sistema de produção submarino. Fonte: Noguchi, 2014, p.19. Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3643/1/CT_CEAUT_V_2014_07.pdf. 18 CAPÍTULO 2 Força de trabalho Ambiente de trabalho e fatores humanos Trabalhar em alto-mar (figura 10), mais especificamente no fundo do mar, pode ser algo ao mesmo tempo fascinante e amedrontador. Fascinante devido ao desafio, à paisagem submarina; amedrontador devido ao alto risco característico desse tipo de atividade, pois envolve fatores físicos e emocionais (ou psíquicos) do profissional, além, é claro, de uma enorme capacitação para exercer tal atividade. Figura 10. Mergulhador profissional. Fonte: French, 2021. Disponível em: https://www.thedrinksbusiness.com/content/uploads/2021/03/iStock-1074854148-640x427.jpg. Quando se fala em trabalhar no fundo do mar, não podemos nos limitar a operações de instalações, manutenção e inspeção de equipamentos. Atividades instigantes como a de prospectar embarcações naufragadas a tempos, objetos e até bombas de guerras como algumas da Segunda Guerra Mundial que não explodiram e, vejam, até cervejas envelhecidas debaixo d’água atraem profissionais mergulhadores (vide em “Thieves steal 600-litres of beer that was ageing underwater”, disponível em: https://www. thedrinksbusiness.com/2021/03/thieves-steal-600-litres-of-beer-that-was-ageing- underwater/. Acesso em: 03 ago. 2021). Quais as principais características da água do mar? O ambiente marinho, com toda sua beleza e diversidade de espécies, pode ser considerado um local de alta periculosidade para se desenvolver uma tarefa, a mais simples que possamos imaginar. Em primeiro lugar, o trabalhador deve ser um exímio nadador, pois19 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I o movimento das águas marinhas pode ser um fator complicador. A água do mar tem o problema de elevada salinidade, temperatura variável (nesse caso depende, é claro, de questões geográficas), existência de peixes agressivos (tubarões e orcas, por exemplo, ou até mesmo algas tóxicas), luminosidade limitada, entre outros fatores adversos. À medida que o trabalho a ser realizado está localizado em maiores profundidades, o fator pressão da água é e deve ser considerado um problema crítico; na volta à superfície, existe a necessidade de uma despressurização lenta a fim de evitar problemas de embolia. Conforme é definido pelo Manual MSD (s/d), embolia gasosa arterial é um processo de obstrução do fornecimento de sangue para os órgãos devido à ocorrência de bolhas na artéria. A perda de consciência do mergulhador pode ocorrer depois de algum tempo (minutos) após ser atingida a superfície; além desse problema, o mergulhador poderá ter sintomas similares àqueles que se observa em acidentes vasculares cerebrais. Veremos, a seguir, algumas das principais propriedades/características da água dos mares que afetam o processo de trabalho nesse tipo de ambiente: 1. Propriedades moleculares. 2. Pressão. 3. Propriedades térmicas. 4. Salinidade e condutividade. 5. Densidade. 6. Som no mar – propriedades acústicas. 7. Luz no mar – propriedades óticas. 8. Gelo no mar. Propriedades moleculares da água do mar Na água doce, a máxima densidade ocorre a 4°C e não no ponto de congelamento. Por sua vez, na água salgada o ponto de congelamento ocorre abaixo de 0°C. Calores de fusão e de evaporação são dois conceitos importantes para a água do mar, porque a água troca de estado de líquido (oceano) para vapor d’água (atmosfera) e para gelo nas regiões polares. À medida que a água do mar é aquecida, a atividade molecular aumenta, ocorre expansão térmica, e a densidade diminui. 20 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS Pressão A pressão oceânica é geralmente expressa em dbar (decibar). Um decibar não é uma unidade de pressão SI, portanto é definido exatamente igual a 100.000 Pa. É aproximadamente igual à pressão atmosférica na Terra ao nível do mar. A força do gradiente de pressão é orientada da alta para a baixa pressão. O gradiente de pressão é orientado na direção oposta. Vale dizer que a força do gradiente de pressão ocorre quando existe uma diferença de pressão entre 2 pontos. Equilíbrio hidrostático pode ser entendido como sendo o balanço entre a força da gravidade e a força (ou gradiente) de pressão exercido na vertical. Sendo assim, segundo Cirano (2004), há um equilíbrio entre a força da gravidade e a força do gradiente de pressão: uma é direcionada para baixo (a da gravidade) e a outra para cima, se anulando mutuamente. Assim, de acordo com o volume de massa de água, a pressão em determinada profundidade é definida por esse volume. A tabela 1 a seguir mostra uma comparação de pressão em [dbar] e a correspondente profundidade do mar em [m]. Tabela 1. Comparação de pressão em [dbar] e a correspondente profundidade do mar em [m]. Pressão [dbar] Profundidade [m] Diferença (%)* 0 0 0 100 99 1 200 198 1 300 297 1 500 495 1 1000 990 1 1500 1453 1,1 2000 1975 1,3 3000 2956 1,5 4000 3932 1,7 5000 4904 1,9 6000 5872 2,1 (*) (% diferença de pressão) = [(pressão – profundidade)/pressão]x100 Fonte: Adaptado de Cirano (2004, pp.8/79). Disponível em: http://www.mcirano.ufba.br/ftp/aulas/FISB24/ppt/fisb24_capitulo3.pdf. O transdutor é o aparelho usado para medir a pressão submarina e sua precisão é tal que suas indicações são usadas para definir outras propriedades que dependem dessa variável (pressão). Ao longo de centenas de quilômetros medidos na direção horizontal 21 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I da superfície oceânica, nota-se diferenças de pressão de 1 dbar. São essas diferenças de pressão que geram as correntes oceânicas. Propriedades térmicas da água do mar Uma das características mais importantes das águas dos mares é a sua temperatura, que pode apresentar variações entre -1,7oC (temperatura de congelamento) até 30oC. Até o ano de 1990, usava-se a escala IPTS-68 (Escala Prática Internacional de Temperatura de 1968), mas a partir desse ano passou-se a usar o ITS-90 (Escala Internacional de Temperatura de 1990) para medir a temperatura da água do mar. A temperatura da água do mar é medida através de termistores, que possuem precisão entre 0,0005°C a 0,001°C e possuem também uma acuracidade de 0,002°C. As radiações térmicas infravermelhas são detectadas através de satélites. Uma temperatura que tem grande importância é a chamada “temperatura potencial”, que é a temperatura que uma parcela de água teria se ela fosse movida adiabaticamente para uma outra pressão. Uma parcela de água que se move de uma maior pressão para uma menor pressão se expande e tem sua temperatura reduzida. Essas alterações da temperatura não têm relação com fontes de calor, seja na superfície, seja no fundo do mar. O gradiente de temperatura adiabático na atmosfera seca é cerca de 9,8°C/km. No oceano, esse gradiente é de 0,1 a 0,2°C/km. Quando definida em relação à superfície do mar, a temperatura potencial é sempre inferior à temperatura, exceto para a superfície do mar, onde o valor é igual. Salinidade e condutividade A água do mar é uma solução que contém a maioria dos elementos conhecidos. Os componentes mais abundantes, analisados em relação ao percentual da massa total de elementos dissolvidos, incluem os seguintes íons: cloro (55%), sódio (30,7%), sulfato (7,7%), magnésio (3,6%), cálcio (1,2%) e potássio (1,1%). Esses íons somados representam 99,3% da massa total. As diferenças na concentração dos sais dissolvidos nos oceanos resultam dos processos de evaporação e diluição devido ao aporte de água doce pelas chuvas e rios. A salinidade pode ser determinada através da clorinidade, pela titulação com nitrato de prata. A relação empírica vigente entre salinidade e clorinidade é dada por: Salinidade (S) = 1,80655 x clorinidade 22 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS Vale ressaltar que as definições de salinidade baseadas em análises químicas não são mais utilizadas pois foram substituídas pelas definições baseadas na condutividade elétrica da água do mar. A Escala Prática de Salinidade (PSS 78) é o atual algoritmo utilizado para calcular a salinidade. Segundo a PSS 78, o algoritmo é valido para as seguintes condições: -2°C ≤ T ≤ 35°C 2 ≤ S ≤ 42 0 m ≤ profundidade ≤ 10000 m Vale lembrar que a condutividade elétrica da água do mar depende do seu grau de salinidade e da temperatura. O ano de 2010 marca uma nova definição para a salinidade do mar, denominada “salinidade absoluta” que, de uma forma geral, retoma a definição original de salinidade, baseada na relação entre a massa de substâncias dissolvidas e a massa total de uma parcela da água do mar. Densidade A densidade da água pura, sem salinidade, a 4°C e a pressão atmosférica é de 1000 kg/ m3. No oceano, esses valores variam de 1021 kg/m3 (pressão atmosférica) até 1070 kg/m3 (pressão de 10000 db). Uma ferramenta online para calcular a densidade fica disponível no link http:// fermi.jhuapl.edu/denscalc.html. Acesso em: 20 out. 2021. O diagrama da figura 11 mostra como a densidade da água do mar varia com a temperatura e com a salinidade. http://fermi.jhuapl.edu/denscalc.html http://fermi.jhuapl.edu/denscalc.html 23 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I Figura 11. Variação da densidade com a temperatura e a salinidade da água do mar. Fonte: Cirano (2004, pp.34/79). Disponível em: http://www.mcirano.ufba.br/ftp/aulas/FISB24/ppt/fisb24_capitulo3.pdf. No gráfico da figura 11, os valores de densidade da água do mar estão indicados nas linhas curvas. O gráfico mostra também a localização da máxima densidade (Temp. of max. density) e do ponto de congelamento (freezing point), a pressãoatmosférica para a água do mar em função da temperatura e da salinidade. A densidade da água tende a aumentar com a elevação da pressão devido ao fato de a água ser uma substância compressível. Ressalte-se que a água fria é mais compressível que a água quente; sendo assim, quando duas porções de água de igual densidade, mas características termo-halinas diferentes, submergem à mesma pressão, a porção fria da água apresentará maior densidade. Observação: águas com caraterísticas termo-halinas implicam em uma parcela quente e mais salgada e a outra fria e menos salgada de água. Caso os oceanos não fossem constituídos de água salgada, o conceito de densidade potencial seria suficiente para definir uma superfície isentrópica que é uma superfície onde uma parcela de água pode se mover adiabaticamente, ou seja, sem o aporte de calor ou sal. Um parâmetro associado a densidade é a estabilidade estática (E), que é a medida da tendência de uma coluna d’água retornar a sua posição original após uma perturbação. Essa propriedade está relacionada com a estratificação, em que a estabilidade é maior se a coluna d’água for mais estratificada. Uma coluna d’água é considerada estável se uma parcela de água que se move para cima/baixo por uma distância curta retorna a sua posição original. 24 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS Uma coluna d’água pode ser classificada em: » Estável: E > 0 » Neutra: E =0 » Instável: E < 0 Som no mar – propriedades acústicas No oceano, enquanto só podemos enxergar objetos num raio de 50 m (olho humano) a 1000 m (penetração da luz medida por instrumentos), a propagação do som pode ser detectada ao longo de vastas distâncias. A velocidade do som (vs) na água do mar pode ser estimada segundo a relação: vs = 1448,96 + 4,59 T – 0.053 T2 + 1,34 (S – 35) + 0,016 P Em que: » vs = velocidade do som [m/s] » T = temperatura da água do mar [oC] » S = salinidade da água do mar [adimensional] » P = pressão [dbar] A região da coluna d’água que apresenta as menores velocidades de propagação do som é denominada de canal SOFAR (Sound Fixing and Ranging Channel). Nesse canal, ondas direcionadas em ângulos moderados em relação à horizontal são refratadas para baixo e para cima e continuam a oscilar ao longo da região da profundidade de mínima velocidade. Ondas direcionadas em ângulos mais acentuados não serão canalizadas, podendo ser refletidas no fundo ou na superfície. Ondas emitidas em baixas frequências podem viajar por distâncias consideráveis (milhares de quilômetros) ao longo do canal SOFAR, o que permite, por exemplo, a localização de submarinos. Uma das técnicas para se localizar e observar objetos sólidos no mar é o uso do som. Um dos instrumentos mais utilizados para mensurar a profundidade dos oceanos são as ecossondas. Um dos tipos de ecossondas que permite detectar a profundidade e a direção 25 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I de deslocamento de um submarino é o SONAR (Sound Navigation and Ranging), capaz de captá-lo a centenas de metros de profundidade. Vejamos alguns tipos de sonares: » Sonares sidescan: aplicados para determinar a estrutura do fundo oceânico e para localizar navios naufragados. » Swallow floats: são flutuadores de subsuperfície que podem ser rastreados acusticamente e fornecem informações importantes sobre as correntes profundas. » ADCP (Acoustic Doppler Currentmeter Profiler): servem para medir a velocidade das correntes. São do tipo perfiladores de correntes. Luz no mar – propriedades óticas Em profundidades de 100 metros (ou mais), que constitui uma das camadas superficiais dos oceanos, a luz visível é capaz de interagir com moléculas e substâncias dissolvidas ou suspensas na água do mar. A radiação da luz emergente dos oceanos é medida por instrumentos acima da superfície do mar, dentre eles os satélites. A observação da cor dos oceanos por satélites pode então ser relacionada a processos como: abundância de fitoplâncton, carbono orgânico particulado, material em suspensão etc. A região conhecida como zona fótica ou eufótica, que se destaca em uma profundidade de até 100 metros, é a parte oceânica onde ocorre o fenômeno da fotossíntese. Uma característica marcante dessa região é que, quando uma energia de onda curta penetra no oceano (o oceano absorve a luz em distâncias muito menores, quando comparado com a atmosfera) parte dela é espalhada e uma grande parte é absorvida, visto que a luz do sol apresenta comportamentos diferentes na água e no ar. Para o olho, a cor do mar varia desde o azul escuro, passando pelo verde e chegando até o amarelo esverdeado. Em linhas gerais, o azul escuro é uma cor característica de regiões tropicais e equatoriais, principalmente onde a produção biológica é pequena. Em altas latitudes, a cor muda de azul-esverdeado para verde (regiões polares). Áreas costeiras são geralmente esverdeadas. Se existe fitoplâncton na água, a clorofila absorve a luz azul e também a vermelha, o que faz com que a água fique verde. Em regiões costeiras, os rios carregam substâncias orgânicas, o que enfatiza a tonalidade amarelo-esverdeada. 26 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS A cor da água do mar e a profundidade de penetração da luz eram avaliadas através do disco de Secchi. Atualmente, isso foi substituído por instrumentos que medem a penetração da luz e a transparência em vários comprimentos de onda, assim como a fluorescência (emissão de luz por uma substância que absorveu luz). A cor do oceano está relacionada à reflectância e pode ser utilizada para a avaliação de várias quantidades, tais como: clorofila, carbono orgânico particulado etc. Algumas definições relativas à emissão de luz são importantes de se conhecer. Dentre elas, destacamos: » Radiância: é fluxo de energia da luz por unidade de área e por unidade de esterradiano (W/ sr.m2). » Irradiância: é o total de radiância que chega a um determinado ponto (W/ m2). Esta quantidade é dividida: i) na irradiância que vem de baixo do ponto de observação (upwelling irradiance) e; ii) na irradiância que vem de cima do ponto de observação (downwelling irradiance). » Reflectância: é a razão entre estas duas quantidades, ou seja, é a luz que emerge do oceano. » Photosynthetically Available Radiation (PAR): radiação disponível para a fotossíntese. Gelo no mar O gelo no mar tem duas origens: o congelamento da água do mar e o gelo que se quebra de glaciares. O gelo marinho é importante, pois: » altera as transferências de calor e momento entre a atmosfera e o oceano; » é um isolante térmico; » amortece as ondas superficiais; » altera a estrutura da temperatura e a salinidade da camada superficial em função do degelo/congelamento; » oferece um impedimento para a navegação; » a cobertura de gelo influencia o clima global por causa da sua alta refletividade, ou seja, seu alto albedo. 27 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I O processo inicial de congelamento é diferente entre a água doce/salobra e a água mais salgada, uma vez que a temperatura que a água atinge a sua máxima densidade varia com a salinidade. No estágio inicial da formação dos cristais de gelo, o sal é rejeitado e aumenta a densidade da água que está nas vizinhanças. Parte desse sal tem uma tendência para afundar, mas uma outra parcela fica aprisionada nos cristais, formando as células de salmoura (brine cells). Com a continuidade do congelamento, a salmoura vai ficando mais salgada e esse processo é chamado de rejeição da salmoura (brine rejection). A densidade da água pura a 0°C é de 999,9 kg/m3, enquanto a do gelo puro é de 916,8 kg/m3. No entanto, no caso do gelo marinho, a densidade pode ser maior (se a salmoura ficar armazenada nos cristais de gelo) ou menor (se a salmoura escapar e for substituída dor bolhas de gás) do que a densidade do gelo puro. O gelo marinho geralmente flutua com cerca de 5/6 da sua espessura abaixo da superfície e apenas 1/6acima da superfície. Sendo assim, pequenas elevações que aparecem na superfície do gelo estão associadas a feições muito mais pronunciadas em subsuperfície. O gelo marinho pode ser dividido nas seguintes categorias: » Gelo rápido (associado ao litoral). » Bloco de gelo (sazonal a multianual, com alguns intervalos entre si). » Calota de gelo (mais espesso e na maioria multianual). Várias forças atuam no gelo, entre elas: » A tensão do vento na superfície. » As forças de atrito em função do arrasto na parte inferior da plataforma de gelo. » O efeito da força de Coriolis. » As colisões. Existem regiões de geleiras onde há determinadas faixas (vãos) entre os blocos de gelo por onde circula água. Essas faixas, a céu aberto, são locais de troca de calor entre o 28 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS oceano e a atmosfera, visto que o gelo funciona como um bom isolante térmico. Por sua vez, os leads, pequenos espaços criados pelos movimentos do gelo, surgem de forma aleatória. As polínias são áreas abertas de água de tamanhos maiores que os leads e ocorrem com mais frequência. Qualificação, treinamento e desempenho de pessoal Por tudo que foi exposto no item anterior, pode-se notar que o ambiente de trabalho no meio submarino apresenta características peculiares — a água do mar em particular — que exigem do profissional um conjunto de qualificações, treinamento e desempenho. A profissão de mergulhador profissional existe no mundo todo, mas para trabalhar no Brasil como mergulhador profissional, a sua certificação precisa ser reconhecida pela Marinha. No caso de trabalhar em outro país, é necessário analisar se o curso feito no Brasil é reconhecido pelo IMCA – The International Marine Contractors Association, associação comercial formada por membros que operam nas indústrias de construção offshore. Mas, mesmo assim, para trabalhar em outro país é bem provável que seja obrigatório participar de treinamentos adicionais para validar a certificação de mergulhador profissional (PAIVA, 2017). A profissão de mergulhador profissional é considerada pela ONU como a mais perigosa do mundo, principalmente o mergulho saturado, realizado em plataformas de petróleo. Segundo a OSHA (Occupational Safety and Health Administration), ocorrem de 6 a 13 acidentes fatais com mergulhadores profissionais por ano no mundo. Ainda segundo esse órgão, os mergulhadores profissionais de hoje estão expostos não apenas à possibilidade de afogamento, mas também a uma variedade de riscos para a segurança e saúde no trabalho, tais como riscos respiratórios e circulatórios, e ferimentos físicos decorrentes da operação de equipamentos pesados sob a água. O mergulhador profissional raso é responsável por executar serviços debaixo d’água, como conectar tubulações, fazer soldas, realizar limpeza de estruturas subaquáticas como navios etc. Ou seja, a rotina de um mergulhador profissional lembra muito a rotina de um operário de fábrica, mas embaixo d’água. O mergulhador está quase sempre com ferramentas na mão, apertando ou inspecionando alguma coisa, limpando um casco de um navio, ou até quebrando rochas e estruturas em concreto com um martelo pneumático. 29 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE I A categoria de “mergulhador profissional raso” pode trabalhar até 50 metros de profundidade. Depois dessa profundidade, é considerado mergulho profundo e requer outros treinamentos. Um mergulhador raso pode chegar a ficar até mais de 6 horas submerso e geralmente trabalha em águas com uma baixa visibilidade ou até mesmo nula. Como mergulhador raso, pode-se trabalhar em portos, seja limpando o casco e os hélices dos navios, seja em obras subaquáticas, como a construção de uma ponte ou uma barragem. No entanto, as ferramentas são pesadas e o trabalho requer um bom preparo físico. Muitas vezes, o mergulhador profissional faz mergulhos descompressivos e, por isso, precisa fazer paradas de descompressão para eliminar o excesso de nitrogênio acumulado em seu corpo. Isso aumenta ainda mais o risco de acidente. Segundo Paiva (2017), para se tornar um mergulhador profissional aqui no Brasil o candidato deve começar pelo curso de mergulhador profissional raso, que atualmente é ministrado por apenas duas (2) escolas: a Divers University (https://diversuniversity. com.br/) e o Senai. Para participar do curso, o candidato deve ter ensino médio completo e mais de 18 anos, além de fazer um exame médico-hiperbárico específico para a atividade mergulho e diversas provas de resistência e apneia. No curso de mergulhador raso, tem-se aulas sobre equipamentos de mergulho, teoria do mergulho, marinharia, RCP e primeiros socorros, medicina hiperbárica, planejamento de mergulho e uma introdução aos trabalhos subaquáticos. O curso tem uma duração média de 3 meses, mas para entrar no mercado de trabalho, ainda é necessário fazer alguns cursos de especialização nas áreas que deseja trabalhar como mergulhador. Por exemplo, o candidato pode optar por um curso de filmagem subaquática para os serviços de inspeção, cursos de corte e solda submersa, ou até de montagem e manutenção de estruturas oceânicas. A Petrobras faz as seguintes exigências para contratar um mergulhador profissional para trabalhar em suas plataformas offshore, segundo o site CPG (2021): » Curso de Mergulhador Profissional. » Possuir CREA/ CFT (Conselho Federal dos Técnicos Industriais) ativo. 30 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS » Curso Técnico em Eletrotécnica, Elétrica, Automação, Eletromecânica, Mecatrônica. » Qualificação Abendi EV, PE, PM e ACFM. Algumas empresas do setor de exploração offshore de petróleo e gás (como é o caso da Petrobras) exigem que os profissionais tenham o Curso Básico de Segurança de Plataforma (CBSP), bem como o Treinamento de Escape de Aeronaves (HUET) e apresentem o ASO (Atestado de Saúde Ocupacional). Embora possa parecer uma atividade masculina, o mergulho profissional é também uma atividade profissional feminina. No caso das mulheres, algumas características particulares do gênero podem afetar o desempenho nesse tipo de atividade, dentre os quais destacam-se: menstruação durante o mergulho, anticoncepção, tensão pré-menstrual, gravidez e implantes mamários. Para saber mais sobre esses tópicos, consulte a seguinte bibliografia: BRASIL. Corpo de Bombeiros Militar. Manual de Mergulho Autônimo. Bombeiros de Goiás. Cap. 3 – A mulher no mergulho (pp.76-85). Disponível em: https://www. bombeiros.go.gov.br/wp-content/uploads/2012/09/mergulho.pdf. Acesso em: 5 ago. 2021. Vale a pena conferir esse assunto e outros temas interessantes abordados pelo Manual: alterações fisiológicas no mergulho, efeitos da pressão em ambientes subaquáticos, fisiologia do mergulho (ouvido, aparelho circulatório e respiratório, cavidades nasais e seios da face) etc. Este capítulo foca, como conteúdo principal, o trabalho no fundo mar. No entanto, quando falamos de “força de trabalho” em operações oceânicas (submarinas ou não), há de se levar em conta aspectos da rotina de quem trabalha em uma plataforma offshore. Uma rotina de quem trabalha em plataformas offshore é o termo “trabalho embarcado”. Essa atividade exige que o profissional trabalhe em uma espécie de rodízio, sendo que ele deverá permanecer na plataforma por um determinado tempo 30 dias seguidos, por exemplo — alternado com o mesmo período em terra. Um engenheiro de petróleo, por exemplo, antes de iniciar suas atividades profissionais em uma plataforma de produção de petróleo, precisará fazer cursos que são pré-requisitos globais: como sobreviver no mar, como apagar incêndio, primeiros socorros e até como sair de um helicóptero (meio de transporte até a plataforma). Nas semanas em que estiver embarcado, esse profissional terá que adaptar seu calendário diário: não haverá feriados, finais de semana etc., pois são dias de trabalho intenso, 31 SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS | UNIDADE Isem folgas. Assim, um fator a ser superado está relacionado a passar tanto tempo longe dos familiares e amigos, nesta rotina de trabalho em alto-mar. Nas sondas, trabalha-se em média 12 horas por dia, e para os cargos de coordenação, é preciso estar disponível 24 horas por dia. Treinamento e crescimento profissional Como em diversos setores produtivos, observa-se no petroleiro um gap de profissionais entre os mais novos e os mais velhos, o que faz com que as empresas invistam em gente para cobrir as pessoas que vão se aposentar. Esse setor é um dos que mais investe na formação dos seus profissionais; além de engenheiros, há também geólogos, físicos, biólogos e tantos outros das mais diversas áreas. Outra curiosidade no trabalho nas plataformas está no fato de poder trabalhar com pessoas de diferentes culturas, não ter medo de mudar de país e perceber que o trabalho em alto-mar nas plataformas de petróleo tem impacto na economia global. O setor está em evidência e aposta no desenvolvimento dos profissionais. É comum que as operadoras (como a Shell ou a Petrobrás, por exemplo) financiem os estudos das pessoas fora, além de ter uma quantidade imensa de cursos internos. Para saber mais sobre a rotina e os desafios de se trabalhar em uma plataforma offshore, acesse o link do artigo “A dura rotina nas plataformas”, disponível em: https://www.portalviu.com.br/negocios/dura-rotina-nas-plataformas. Acesso em: 10 set. 2021. Materiais NORM/TENORM Um problema que muitas vezes é negligenciado nas plataformas offshore se refere ao acúmulo de material NORM/TENORM. Segundo Santiago (2021): » NORM = naturally occurring radioactive materials (materiais radioativos de ocorrência natural). » TENORM = technologically enhanced naturally occurring radioactive materials (materiais radioativos de ocorrência natural tecnologicamente concentrados). Com o passar do tempo, o material NORM/TENORM se acumula nas linhas, válvulas, filtros, vasos e tanques de carga de uma plataforma offshore. Esse material tem potencial para criar campos de radiação cujos valores de dose ultrapassam os limites seguros estabelecidos pela CNEN para IOEs – Indivíduos Ocupacionalmente Expostos (20mSv/ 32 UNIDADE I | SEGURANÇA EM OPERAÇÕES SUBMARINAS ano ou, 10,0 µSv/h) e, principalmente, para o público em geral (1mSv/ano ou, 0,5µSv/h). Isso pode trazer sérios danos à saúde, além de ser ilegal! Para evitar correr esses riscos, existem alguns procedimentos de rotina em radioproteção a serem adotados, como apresentados a seguir. Segundo Santiago (2019), é essencial que a planta seja monitorada, no mínimo, semestralmente. Existem empresas que realizam o serviço de inspeção para identificar não conformidades. Além disso, as áreas controladas devem ser isoladas e sinalizadas para que apenas as pessoas autorizadas possam ter acesso. Deve ser fornecido também o controle de dose ocupacional para os envolvidos nas atividades da plataforma. Além disso, é fundamental realizar, periodicamente, o serviço de limpeza do ativo offshore e, se for o caso, a sua descontaminação! O material radioativo gerado após esse processo só deve ficar armazenado na plataforma pelo tempo necessário levado para encontrar a destinação final dele. Chegamos ao final desta primeira unidade da disciplina de “Segurança Em Operações Submarinas E Equipamentos Submarinos”, na qual no primeiro capítulo foram apresentadas introduções e definições gerais de sistemas submarinos, com destaque para instalações de prospecção de petróleo em alto-mar. Você conheceu definições gerais introdutórias, tais como cabeça de poço submarino, árvore de Natal molhada, manifold, linhas flexíveis, equipamentos de interligação (PLET e PLEM) e umbilicais. Viu, ainda, sistemas de controle submarino (elétrico, hidráulico eletro-hidráulico) e sistemas de alimentação de energia aos equipamentos submersos. No segundo capítulo, foram abordados aspectos importantes da atividade profissional de mergulhador, dando ênfase ao ambiente de trabalho (a água do mar) e aos requisitos de qualificação, treinamento e desempenho profissional. 33 UNIDADE II ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO Nesta segunda unidade, serão apresentados tópicos relacionados a ações que visam à melhoria na segurança e melhor desempenho dos equipamentos instalados, que garantam segurança e eficiência. Para isso, aspectos relacionados a monitoramento do sistema de equipamentos submarinos, com alertas de segurança e atendimento a conformidades previstas em normas, são fatores indispensáveis à segurança dos equipamentos e dos trabalhadores que lá atuam. Além disso, questões de auditoria, investigação de acidentes, elementos críticos de segurança e análise de risco serão abordados aqui. Uma das formas de se buscar melhoria e desempenho (no sentido de eficiência) está na constante aplicação de ferramentas de monitoramento de sistemas, equipamentos e as atividades dos profissionais envolvidos. Monitorar é o ato de acompanhar alguma coisa (objeto) ou pessoa para consideração. O monitoramento (ato de monitorar) envolve análise de informações fornecidas por instrumentos técnicos em uma operação. Áreas de risco de acidentes ou incidentes, como parte de aspectos de melhoria e desempenho, também pedem ações de auditoria especializada, independente, realizadas por órgãos competentes, capaz de auditar sistemas submarinos de produção dentro de normas legais, buscando, através de relatórios técnicos, apontar pontos a serem melhorados em todos os sistemas e, consequentemente, melhorar aspectos de segurança geral. 34 CAPÍTULO 1 Monitoramento Desempenho Antes de tratarmos de monitoramento, vamos falar um pouco sobre desempenho, pois todo agente da área de Segurança e Saúde do Trabalho deve estar a par das práticas que elevem a eficiência e eficácia das atividades laborais e permitam dar suporte à tomada de decisão. A On Safety (2016) estabelece sete práticas para gerenciar o desempenho da segurança do trabalho. São elas: » Folha de verificação: essa ferramenta permite a organização, simplificação e otimização dos registros das informações que são obtidas sobre instalações e operações industriais, máquinas e equipamentos, auditorias, inspeções visuais e checklists. » Diagrama de pareto: trata-se de uma ferramenta de desempenho que faz a divisão e torna prioritárias situações específicas em relação às peculiaridades do nível de riscos de acidentes, custos em SST, penalidades ou multas no ambiente de trabalho ou requisitos não conformes. » Diagrama de causa e efeito: o uso dessa ferramenta auxilia a identificação das causas e fontes dos principais riscos de acidentes de trabalho. Permite monitorar situações que possam promover feitos indesejados do ponto de vista da segurança do trabalho. » Histogramas: a prática do uso de histogramas permite realizar avaliações da distribuição de acidentes de trabalho, dos riscos ambientais e da exposição a agentes físicos (ruído, temperatura, iluminação etc.). » Diagrama de dispersão (correlação): por essa prática, é possível associar a exposição a agentes insalubres de qualquer natureza, com o tempo de realização dos serviços especiais, fixados pelas normas regulamentadoras. » Fluxograma: trata-se de um tipo de gráfico que sustenta a construção de Procedimentos Operacionais Padrão (POP) ou Instruções de Trabalho (IT) na área de SST. 35 ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO | UNIDADE II » Controle estatístico de processo: também conhecido por Cartas de Controle, por essa ferramenta pode ser possível monitorar o desempenho de uma determinada variável: ruídos, temperatura, iluminação etc., que estejam vinculados a um processo ou ambiente industrial. Monitoramento A figura 8, apresentada anteriormente, mostra um esquema de um sistema de controle submarino. Esse sistema de controle é vital para que todos os equipamentos possam funcionar de forma adequada, garantindo a operação regular do sistema. Como já foi vistopreviamente, o sistema de controle de um sistema de produção submarino é responsável pela atuação das válvulas e monitoramento dos sensores de equipamentos submarinos, como manifold e árvore de Natal molhada. Para travar e destravar conectores e permitir o escoamento dos fluidos de produção e de injeção química, água e gás, existem as válvulas atuadoras. Para a obtenção de um sistema eficiente em um projeto de sistemas de controle, é muito importante a seleção da localização e distribuição dos seus dispositivos, pois esses fatores estão intimamente relacionados com os custos de operação e construção. Assim, para se conseguir reduzir a quantidade de cabos, tubulações, conectores, manobras de instalação e operações de recuperação para manutenção faz-se indispensável um projeto de qualidade. Quando se trata de redução de custos, há de se considerar que apenas os cabos umbilicais alcançam cerca de 8% do custo do desenvolvimento de um sistema de produção. Estima-se que o custo final de desenvolvimento de um campo de produção está na casa de milhares (podendo chegar a bilhões) de dólares. Por isso seu monitoramento é algo indispensável. Os tipos básicos de sistemas de controle de um sistema de produção submarino são, segundo Noguchi (2014, p. 20), os seguintes: I. Hidráulico direto: este é o tipo mais antigo e, portanto, o menos complexo dos sistemas existentes. Para cada atuador, há uma linha de função hidráulica originada na superfície para acioná-la. Dois ou mais atuadores podem compartilhar a mesma linha, porém a atuação de ambos é simultânea. Por ser o tipo mais simples, sua aplicação é indicada para águas rasas; em campos complexos e profundos, sua aplicação não é recomendada, por 36 UNIDADE II | ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO causa do elevado tempo de atuação das válvulas que pode demandar horas. As principais vantagens desse tipo de sistema de controle são: baixo custo de implementação, alta confiabilidade (os componentes críticos ficam na superfície) e facilidade de manutenção. No Brasil, é o sistema mais utilizado com monitoramento direto (um par trançado de condutores para cada sensor do sistema). Por necessitar de cabos umbilicais com mais vias, esse sistema tem um forte impacto no custo de um projeto. II. Hidráulico pilotado: trata-se de um sistema que possui uma linha dedicada para cada atuador, ou conjunto de atuadores com atuação simultânea. Apesar disso, trata-se de um módulo de controle submarino simples com válvulas piloto e acumuladores de pressão conectados aos circuitos hidráulicos para uma pressurização mais rápida, pois a pressão hidráulica armazenada encontra-se no leito marinho. Apresenta vantagens similares às do sistema de controle hidráulico direto, porém em um nível mais leve, e é considerado como sendo um sistema de atuação lenta. III. Hidráulico sequencial: nesse modelo, observa-se uma sequência fixa de abertura de válvulas que são atuadas por uma única linha de pressão regulada. Assim que a pressão atinge um valor predeterminado, a primeira válvula, ou conjunto de válvulas, abrirá e as demais válvulas abrirão em valores superiores também predeterminados. Essa técnica permite um menor tempo de resposta comparado aos dos sistemas anteriores, e também a existência de menos mangueiras conectadas ao cabo umbilical. O fato de haver uma sequência fixa de abertura de válvulas torna-se sua principal desvantagem. IV. Eletro-hidráulico multiplexado: esse tipo é ideal para ser utilizado em águas de grandes profundidades, daí sua aplicação em campos do pré-sal no Brasil. Seu módulo de controle submarino eletro-hidráulico é mais complexo do que o do sistema hidráulico pilotado. Esse sistema é responsável pelo monitoramento do sistema elétrico e realiza a atuação hidráulica das válvulas; o controle dessa atuação é executado por sinais elétricos multiplexados por meio de um único condutor elétrico. No cabo umbilical, existe um número mínimo de linhas elétricas e mangueiras hidráulicas, suficiente para transportar pressão hidráulica (normalmente linhas de alta e baixa pressão) e sinal e potência elétricos. O módulo de controle submarino armazena a pressão hidráulica em seus acumuladores e, com ela, atua as válvulas dos equipamentos submarinos em pouco tempo. O curto tempo de atuação 37 ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO | UNIDADE II das válvulas constitui uma das principais vantagens desse sistema. Porém o custo desse sistema é mais elevado, e somente se torna economicamente vantajoso quando opera com cabos umbilicais muito extensos. O fato de os equipamentos críticos ficarem no fundo do mar, o que torna reparos e manutenção mais difíceis, é um ponto desfavorável. V. Elétrico: esse tipo de controle utiliza válvulas elétricas além do controle elétrico, o que o torna o mais complexo dentre os modelos vistos aqui. O sistema submarino recebe apenas sinal e potência elétrica. O custo do cabo umbilical e o tempo de atuação das válvulas é o menor de todos. Devido ao fato de ser um sistema relativamente novo, ainda é pouco utilizado. Apresenta também poucas alternativas de contornar um problema caso haja falha nos equipamentos. Vejamos agora um elemento muito empregado para monitoramento de sistemas submarinos — o módulo de controle submarino. Um Módulo de Controle Submarino (Subsea Control Module – SCM), apresentado na figura 12, é um equipamento submarino hermeticamente fechado em um único envelope com pressão compensada que é instalado em diversos equipamentos submarinos eletro-hidráulicos para controlá-los e monitorá-los. Dentre suas principais funções, tem-se atuação dos atuadores e monitoramento dos sensores de campo. Figura 12. Módulo de controle submarino. Fonte: Ouronegro (2019). Disponível em: https://ouronegro.com.br/wp-content/uploads/2019/04/AKER_perspectiva-branco_cortada.png. Os módulos de controle submarinos são utilizados principalmente para diminuir o tempo de abertura das válvulas dos equipamentos submarinos, pois, com esse módulo, parte do equipamento de controle que ficaria na superfície (no caso de sistemas que não utilizam módulos de controle submarinos) fica no fundo do mar. 38 UNIDADE II | ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO Por exemplo, em um sistema de controle multiplexado, pode-se armazenar pressão hidráulica dentro de módulos de controle submarinos no ambiente submarino para que eles atuem as válvulas do sistema submarino diretamente com esta, através de sinais elétricos vindos da cabine de controle mestre na superfície. Algumas empresas, como a Ouro Negro (2019) desenvolveram sistemas de monitoramento de risers flexíveis utilizando sensores de fibra-ótica. O monitoramento de risers flexíveis pode ser entendido através do vídeo institucional da Ouro Negro “MODA_port”, disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=VmXB5xl-Lbg&t=171s. Assista e confira! A figura 13 ilustra como o monitoramento de risers flexíveis pode ser feito por meio de um navio. Figura 13. Monitoramento de risers flexíveis. Fonte: Ouro Negro. Disponível em: http://ouronegro.com.br/wp-content/uploads/revslider/monit-risers/ouronegro_still-01_recorte.jpg. Na figura 13, destacam-se: sistema de monitoramento analítico (1), retrofit (2), spy hole (3) e radar (4). Vamos ver brevemente a função de cada um dos dispositivos indicados na figura 13. 1. Sistema de monitoramento analítico: a partir de análises de sinais dinâmicos captados, é possível monitorar e identificar problemas de rupturas de arames das armaduras externas de tração e na parte interna também. Faz análise de fadiga e análise de falhas. 39 ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO | UNIDADE II 2. Retrofit: o monitoramento é feito por um conjunto de hardware e software instalado na unidade offshore e permite identificar o estado dos arames da armadura externa de tração, indicando se houve ou não ruptura. 3. Spy hole: é instalado durante a fabricação do riser pelo fabricante. Os sensores são alocados entre o conectordo spy hole e o pull in do riser, levado então para o campo offshore e conectado à plataforma. Esse dispositivo envia os primeiros sinais que acusam os indícios iniciais de danos nos risers. O monitoramento de operações submarinas realizadas por mergulhadores, ou mesmo aquelas tarefas realizadas por robôs, pode ter o acompanhamento com filmagens, apoio e fotos com mergulhadores e ROV. O monitoramento via filmagens e fotos é de enorme importância e é muito empregado nas operações submarinas, dando suporte a inspeções de integridade de estruturas submersas, investigações geotécnicas para análise de superfície do fundo do mar, análise de riscos e perigos geológicos (falhas no fundo submarino, deslizamentos etc.), levantamento de rotas de dutos, resgate de embarcações naufragadas etc. Para esse tipo de monitoramento, o uso de ROVs (tripulado ou não) é muito comum. Vamos conhecer com um pouco mais de detalhes o ROV – remotely operated underwater vehicle (figura 14). Figura 14. Veículo submarino operado remotamente ou ROV (remotely operated underwater vehicle). Fonte: ECA Group. Disponível em: https://www.ecagroup.com/media-picture/5226-754-473-eca-group-rov-h800-or.jpg. Entre as principais aplicações dos ROVs no meio submarino, destacam-se: » Observação, inspeção e vigilância submarina. » Recuperação de objetos. » Inspeção de destroços. 40 UNIDADE II | ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO » Levantamento do fundo do mar. » Busca e resgate. » Vigilância do porto: levantamento do fundo do mar. » Levantamento do fundo do mar costeiro. » Proteção offshore: pesquisa em águas rasas para proteção da plataforma. » Proteção do porto. » Proteção costeira. » Recuperação de caixa preta. Os ROVs são ideais para avaliações das condições do solo submarino e no auxílio de inspeção em estruturas submersas. O que chama a atenção nesses equipamentos é a sua câmera de alta definição que, mesmo em elevadas profundezas de operação, proporcionam imagens de excelente qualidade, facilitando o trabalho de monitoramento. Isso pode ser conferido no vídeo “ECA Group - H800 Remotely Operated Vehicle”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=838mvNQ- 124&t=114s. Em se tratando de segurança em operações submarinas, o uso de ROVs não pode ser negligenciado, visto que são utilizados para realizar e supervisionar a montagem de equipamentos de exploração e produção em grandes profundidades, dispensando ao mergulhador, mesmo sendo profissional e habilitado, atuar em situação de alto risco. Os ROVs são minissubmarinos de observação do fundo do mar à distância, equipados com câmeras de vídeo e sensores. Eles são operados por controle remoto. Em terra firme ou dentro de uma embarcação, o piloto vê por onde o robô submarino passa, através das imagens geradas pelo ROV, que são transmitidas em tempo real em um monitor de TV. Os microssubmarinos são importantes por serem pequenos e proporcionarem movimentos perfeitos ao navegarem pelo fundo do mar, podendo chegar aonde os mergulhadores não alcançam, locais em que o espaço é restrito, como tubulações e partes de navios naufragados. Por isso, auxiliam no trabalho desses profissionais, principalmente em casos que ofereçam riscos. Entre os maiores avanços tecnológicos, destacam-se o uso de umbilicais ultrafinos e de propulsores magneticamente acoplados, além dos acessórios adequados às operações offshore, como manilhas e ganchos ROV, resultando em maior facilidade e segurança de operação. 41 ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO | UNIDADE II No Brasil, os ROVs podem ser aplicados no setor de petróleo e gás, com a exploração de recursos em águas profundas e ainda na área portuária, em inspeções de cascos de navios e do cais. O profissional, piloto de ROV, também pode atuar em operações de segurança, inspeção de obras de engenharia sob a água e missões de resgate subaquático (QUALITY FIX, 2021). Já foram relacionadas as principais aplicações de ROVs no ambiente submarino. No entanto, a ECA Group (2018) elenca uma outra série de aplicações do ROV no setor marítimo em geral, a saber: » Inspeções e pesquisas subaquáticas: levantamento geológico do fundo do mar. » Limpeza de estruturas imersas (barragens hidrólicas, fazendas eólicas, fazendas de peixes, turbinas): levantamento durante a limpeza da tela ou operações de dragagem. » Cabos de energia e telecomunicações: inspeção e monitoramento de cabos. » Cabos de energia e telecomunicações: rastreamento de cabos e rastreamento de cabos enterrados. » Rastreamento de cabos e tubos. » Levantamento de tubos e cabos. » UWILD (underwater inspection in lieu of drydocking) (segundo Oceaneering, [20--]) em tradução livre “inspeção subaquática em vez de docagem seca”. » Levantamento de pipeline para desenvolvimento de campo. » Inspeção de tubulação para gerenciamento de integridade de ativos. » Detecção CBRN (Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais) para vigilância costeira. » Detecção CBRN para área CBRN. A seguir, serão descritos, em conformidade com o que regula a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), os procedimentos de alerta de segurança e conformidades legais. Compete ao operador do sistema submarino: » Estabelecer, implementar e documentar procedimentos e métodos para monitorar e medir regularmente as características principais das operações e atividades que possam causar acidentes. 42 UNIDADE II | ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO » Os procedimentos deverão incluir o registro das informações, o método de acompanhamento do desempenho, os controles operacionais pertinentes, a conformidade com as metas e objetivos de segurança operacional e a periodicidade de medição e controle. » Deverá, também, designar um responsável pelo acompanhamento de cada Indicador de desempenho. » Avaliar periodicamente se os indicadores de desempenho estão atingindo as metas estabelecidas. » Quando o indicador estiver abaixo da meta estabelecida, devem ser tomadas ações para seu reestabelecimento, compatíveis com os riscos envolvidos. » O prazo estabelecido para cada ação deve ser compatível com o risco envolvido. » Deverá ser designado um responsável pelo acompanhamento de cada ação. » Comparar informações de desempenho entre sistemas submarinos, internos e externos à empresa, quando disponíveis. Quanto a alertas de segurança, o operador do sistema submarino deverá: » Criar um banco de dados com os alertas de segurança recebidos e emitidos. » Avaliar a aplicabilidade dos alertas de segurança recebidos. » Implementar as ações pertinentes compatíveis com os riscos envolvidos. Quanto à conformidade legal, o operador do sistema submarino deverá: » Estabelecer e implementar procedimentos para avaliação periódica da legislação e regulamentos pertinentes à segurança operacional e ao meio ambiente. » Acompanhar e garantir o cumprimento dos requisitos legais aplicáveis ao sistema submarino e pertinentes à segurança operacional e ao meio ambiente, bem como designar responsáveis pela implementação deles. Ainda em relação a questões envolvendo ações de monitoramento dos sistemas submarinos, a fim de garantir aspectos de segurança, a ANP – Agência Nacional 43 ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO | UNIDADE II de Petróleo tem um papel importante no gerenciamento da integridade de dutos submarinos (Oliveira, 2019). O sistema SGSS (Segurança Operacional de Sistemas Submarinos) opera dentro da seguinte abrangência: » Sistemas de coleta de produção offshore. » Sistema de escoamento da produção offshore. » Trechos submersos de dutos terrestres. » Umbilicais. » Unidades de processamento submarino. No entanto, o sistema SGSS é excludente nas seguintes situações: » Trechos internos de unidades marítimas de perfuração e produção. » Mangotes. » Poços do sistema de coleta da produção. » Árvores de Natal molhada. » Risers de produção com completação seca. » Early productions risers (algocomo “risers de primeiras produções”). Segundo Oliveira (2019), dentre os dutos abrangidos pela SGSS, cerca de 95% são da Petrobrás, como o ilustrado na figura 15. Figura 15. Duto submarino de campo petrolífero. Fonte: Nogueira (2019). Disponível em: https://clickpetroleoegas.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Duto-Submarino- Petr%C3%B3leo-860x484.jpg.webp. 44 CAPÍTULO 2 Auditoria, acidentes e riscos Neste segundo capítulo desta unidade, serão apresentados alguns tópicos relacionados a procedimentos de auditoria quando se trabalha com questões de segurança, considerando eventuais ocorrência de acidentes, formas de investigação, análise de elementos críticos de segurança no ambiente submarino, análise de risco e normas pertinentes. Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que todos os procedimentos para a realização de atividades relacionadas no parágrafo anterior são regulamentados pelo “Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional de Sistemas Submarinos (SGSS)”, nos seus capítulos 12 a 16. Auditoria Segundo o Regulamento SGSS, o objetivo de uma auditoria é estabelecer e aplicar mecanismos para avaliar a eficácia da implementação e o funcionamento do sistema de gerenciamento da segurança operacional, determinando se os procedimentos são oportunos, completos, atualizados e aplicados em conformidade com a política da empresa, com as melhores práticas da indústria e com os requisitos contidos nesse regulamento técnico, através da execução de auditorias. No caso das plataformas de petróleo da Petrobras, a ANP – Agência Nacional de Petróleo é o órgão oficial do governo federal responsável pela realização de auditorias e emissão de relatórios anuais de segurança operacional das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural. Esses relatórios ficam disponíveis para consulta pública na internet. O relatório do ano de 2015, por exemplo, está disponível em: http://www.anp.gov.br/images/ Relatorios_SSM/Relatorio_-anual_2015.pdf. Acesso em: 9 ago. 2021. » Segundo o relatório citado acima, a ANP é o órgão responsável pela fiscalização das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural, de acordo com o previsto na Lei n. 9.478/1997. Dentre suas atribuições, figura como competência da Superintendência de Segurança Operacional e Meio Ambiente (SSM) a fiscalização da execução das atividades de exploração e produção no que diz respeito à segurança operacional. » O regime de segurança operacional para as instalações de perfuração e produção de petróleo e gás natural foi instituído através da Resolução ANP 45 ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO | UNIDADE II n. 43/2007, que introduziu o Sistema de Gestão de Segurança Operacional (SGSO). Posteriormente, foram elaborados outros instrumentos regulatórios, estabelecendo os respectivos regimes de segurança operacional para campos terrestres (Resolução ANP n. 02/2010), dutos terrestres (Resolução ANP n. 06/2011) e sistemas submarinos (Resolução ANP n. 41/2015), tornando mais robusta a estrutura regulatória estabelecida pela ANP e aumentando o escopo de atuação da ANP no âmbito da segurança operacional das atividades de exploração e produção. Alinhada ao processo evolutivo do arcabouço regulatório, a anterior Coordenadoria de Segurança Operacional ganhou status de Superintendência em 2012, através da fusão com a Coordenadoria de Meio Ambiente, sendo atualmente estruturada em seis coordenações e um núcleo: » Coordenação de Perfuração (CPERF): responsável pelas atividades de fiscalização em sondas de perfuração, nas atividades de construção, intervenção e abandono de poços, bem como na gestão do projeto de poços relacionados. » Coordenação de Produção (CPROD): responsável pelas atividades de fiscalização das instalações de produção marítimas. » Coordenação de Dutos e Produção Onshore (CDPO): responsável pelas atividades de fiscalização das instalações de produção terrestre, dutos e sistemas submarinos. » Coordenação de Meio Ambiente (CMA): responsável pelas atividades de fiscalização das instalações de exploração e produção com base em requisitos ambientais. » Coordenação de Investigação de Incidentes e Análise de Desempenho (CIIAD): responsável pelas investigações de incidentes em instalações de exploração e produção conduzidas pela ANP e pela análise de desempenho dos agentes regulados. » Coordenação de Processos Administrativos e Sancionatórios (CPAS): responsável pela instrução dos processos sancionatórios. » Núcleo Administrativo (NADM): responsável pela organização do acervo processual e demais fluxos de apoio administrativos à Superintendência. 46 UNIDADE II | ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO No cumprimento de sua missão institucional, a SSM atua preventivamente, através da análise documental e de ações de fiscalização no formato de auditoria, buscando aprimorar a aderência regulatória por parte dos agentes regulados que realizam atividades de exploração e produção, imprimindo a necessidade da melhoria contínua do gerenciamento da segurança operacional. Já as ações reativas da ANP são focadas na análise e na investigação dos incidentes ocorridos nas instalações, que produzem recomendações aos agentes regulados com a finalidade de prevenir a recorrência de situações indesejáveis e/ou indicam necessidades de melhoria do arcabouço regulatório por parte da agência. No planejamento das ações de fiscalização, são utilizados critérios baseados em risco e informações das instalações em operação, utilizando indicadores de desempenho reativos e preventivos para fundamentar a tomada de decisão e orientar a escolha das instalações que serão fiscalizadas. Os grandes fundamentos da ação da ANP em segurança operacional são a prevenção e melhoria contínua de sua indústria, privilegiando um ambiente onde todos os agentes compreendam seu papel no contexto do desenvolvimento da cultura de segurança. Nesse sentido, as não conformidades encontradas a bordo são prioritariamente apontadas em caráter orientativo e com prazo definido para saneamento, de acordo com o risco envolvido em cada caso. Somente quando são observadas situações em que as atividades realizadas por parte dos agentes regulados não estão adequadas ao esperado pela ANP é que se aplica o viés punitivo da ação regulatória, através da aplicação de multas. Medidas de interrupção das atividades de exploração e produção são adotadas nas situações críticas, nas quais um risco grave e iminente é evidenciado. Ao identificar não conformidades críticas (desvios que possam gerar risco grave e iminente às pessoas, ao meio ambiente, à instalação ou às operações), a Superintendência de Segurança Operacional e Meio Ambiente, através dos seus auditores, lavra o auto de infração de interdição (total ou parcial, conforme o caso) da instalação ou unidade operacional auditada. Somente após a correção das não conformidades que ensejaram a interdição da unidade é que os operadores são autorizados a retornar com as atividades da unidade, sem prejuízo do processo administrativo para a aplicação de multas. Dentre as principais causas da aplicação de multas, destacam-se: » O não atendimento aos prazos estabelecidos para o saneamento de não conformidades identificadas em ações de fiscalização realizadas pela ANP. 47 ASPECTOS DE MELHORIA E DESEMPENHO | UNIDADE II » O descumprimento de notificações expedidas pela ANP. » A não comunicação à ANP sobre a ocorrência de incidentes operacionais. » Não conformidades evidenciadas durante as investigações de incidentes realizadas pela ANP. Só a título de ilustração, o gráfico da figura 16 mostra os valores das multas aplicadas pela ANP e total pago pelos agentes fiscalizados, de 2009 a 2015. Figura 16. Valores das multas aplicadas pela ANP e total pago pelos agentes fiscalizados, de 2009 a 2015. ‘ Fonte: Relatório Anual 2015 ANP (2015, p. 65). Disponível em: http://www.anp.gov.br/images/Relatorios_SSM/Relatorio_-anual_2015.pdf.
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