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NUTRIÇÃO150 que deve ter, seu estado de saúde, idade e gasto calórico diário, o que será analisado mais adiante. Resumo da classificação dos macronutrientes A Tabela 5.2 apresenta um resumo das principais caracte- rísticas dos macronutrientes. A partir dela, comentaremos tipos e fontes, calor de combustão, coeficiente de digesti- bilidade, calor líquido, funções principais e outros elemen- tos relacionados com os macronutrientes. Natureza, tipos e fontes dos macronutrientes A partir da importância dos macronutrientes como base para a elaboração de um programa de alimentação, apre- sentam-se a seguir os tipos e as fontes que os caracterizam. Natureza, tipos e fontes de carboidratos A estrutura básica de uma molécula simples de açúcar é composta por uma cadeia de 3 a 7 átomos de carbono com hidrogênio e oxigênio, em uma relação de dois para um. A glicose, o mais comum dos açúcares simples, contém uma cadeia de seis carbonos na forma: C6H12O6. Há mais de 200 tipos de carboidratos na natureza. Os mais comuns são os monossacarídeos, os oligossacarídeos e os polissacarídeos. Monossacarídeos � Glicose: também chamada de dextrose ou açúcar. Forma-se como um açúcar natural nos alimentos ou produz-se no organismo como resultado da in- gestão de carboidratos mais complexos. A glicose pode ser utilizada diretamente pela célula para ob- ter energia, armazenada como glicogênio nos mús- culos e no fígado ou transformada em gordura, para armazenar energia no corpo, 95% dela na forma de triglicerídeos. � Frutose: também chamada de açúcar da fruta, está presente em grandes quantidades nas frutas e no mel e é o mais doce dos açúcares simples. Embora parte da quantidade de frutose seja absorvida dire- tamente do trato intestinal para o sangue, ela é toda convertida em glicose. � Galactose: não é encontrada facilmente na natureza e é produzida a partir do açúcar do leite nas glându- las mamárias dos animais mamíferos. No corpo, a galactose converte-se em glicose para o metabolismo energético. Oligossacarídeos São os dissacarídeos ou açúcares duplos, formados pela combinação de duas moléculas de monossacarídeos. Os monossacarídeos e os dissacarídeos formam o que se deno- mina habitualmente de açúcares simples. Esses açúcares são encontrados sob várias formas: açúcar mascavo, açúcar refinado, dextrose, mel e adoçantes naturais. Os três principais dissacarídeos são: � Sacarose: é a união entre glicose e frutose. É o dissa- carídeo dietético mais comum e contribui com até 25% da quantidade total de calorias ingeridas de car- boidratos. Encontra-se em diferentes tipos de açúcar e é produzida a partir do açúcar da beterraba e da cana, do xarope de bordo e do mel. � Lactose: é a união entre glicose e galactose. Encon- tra-se de forma natural apenas no leite. Pode ser processada artificialmente. � Maltose: obtém-se da união entre duas glicoses. Po- demos encontrá-la em produtos derivados do malte e de cereais que germinam. Polissacarídeos Três ou mais açúcares simples formam um polissacarídeo. De fato, 300 a 26 mil moléculas de monossacarídeos podem unir-se ou polimerizar-se para formar um polissacarídeo. Geralmente, há duas classificações de polissacarídeos: vege- tais e animais. � Polissacarídeos vegetais. As duas formas principais são o amido e a celulose. – Amido: é a forma mais familiar de polissacarídeo vegetal. Encontra-se nas sementes, no milho, no arroz e nos diversos cereais dos quais são feitos o pão e as massas. Existem grandes quantidades nas ervilhas, nos feijões, nas batatas e nas raízes, servindo como depósito de energia importante para as plantas. O amido vegetal representa apro- ximadamente 50% do total de carboidratos da dieta norte-americana. – Celulose: a maioria dos materiais fibrosos que resistem às enzimas digestivas constitui outra Tabela 5.1 Percentual de distribuição dos macronutrientes Carboidratos 55-60% Lipídeos 25-30% (2/3 poliinsaturados e monoinsaturados) Proteínas 12-15% O aporte diário de proteínas deve ser de 0,8 a 0,9 g/kg de peso, aproximadamente, no adulto. 151MEDICINA DO ESPORTE forma de polissacarídeos. Encontra-se exclusiva- mente nas plantas e constitui a parte estrutural das folhas, nos talos, nas raízes, nas sementes e nas cascas de frutas. Está presente na aveia, nos feijões, nas ervilhas, nas cenouras e em diferentes frutas. Ainda que tecnicamente não seja um ali- mento, a fibra dietética é muito importante na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis. � Polissacarídeos animais. O glicogênio é o polissacarí- deo sintetizado a partir da glicose e armazenado nos tecidos animais. Em homens bem-nutridos, estão armazenados entre 375 a 475 g de carboidratos. Des- tes, aproximadamente 325 g são glicogênio muscu- lar, 110 g são glicogênio hepático e só 15 a 20 g estão presentes como glicose sangüínea. Uma vez que cada grama de glicogênio contém 4 kcal de energia, uma pessoa comum armazena entre 1.500 e 2.000 kcal nas ligações das moléculas dos carboidratos. Fatores que influenciam a síntese e a degradação do glicogênio Existem vários fatores que determinam o ritmo e a quanti- dade da síntese e da degradação do glicogênio. Durante o exercício, os carboidratos armazenados como glicogênio muscular são utilizados como fonte de energia para o mús- culo que está realizando a atividade e no qual o glicogênio está armazenado. No fígado, ao contrário, o glicogênio é Tabela 5.2 Resumo da classificação dos macronutrientes Carboidratos Lipídeos Proteínas Natureza Tipos e fontes Calor de combustão Coeficiente de digestibilidade Calor líquido Recomendações do percentual total na dieta Funções principais Relação com aporte de energia durante o exercício C, H, O2 1. Monossacarídeos Glicose Frutose Galactose 2. Oligossacarídeos Sacarose Lactose Maltose 3. Polissacarídeos Amido Celulose Glicogênio 4,2 kcal/g 98% 4 kcal/g 55-60% 1. Fonte principal de energia 2. Poupa degradação de proteínas 3. Poupa metabolismo de gorduras 4. Combustível do sistema nervoso central Glicose-glicogênio Combustão principal C, H, O2 1. Gorduras simples Triglicerídeos (95%) Ácidos graxos saturados Ácidos graxos insaturados 2. Gorduras compostas (Gordura simples + glicolipídeos) Fosfolipídeos Lipoproteínas (HDL-C, LDL-C, VLDL-C) 3. Gorduras derivadas (Gorduras simples + gorduras compostas) Colesterol (exógeno e endógeno) 9,4 kcal/g 95% 9 kcal/g 25-30% (2/3 poliinsaturadas e monoinsaturadas) 1. Elevado armazenamento e aporte de energia 2. Protege os órgãos vitais 3. Isolamento do frio 4. Portadoras de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) Durante o exercício leve ou moderado, aporta 50% da energia. Quando o exercício se prolonga, aporta 80% C, H, O2, N, P, Fe Aminoácidos. São 20. 1. Aminoácidos essenciais (são 8) Não são produzidos pelo corpo, são absorvidos pela alimentação 2. Aminoácidos não-essenciais Formam-se no corpo 5,65 kcal/g 92% 4 kcal/g 12-15% 1. Síntese e reparação de tecidos 2. Transmissão de caracteres hereditários 3. Regulação do equilíbrio ácido-básico 4. Fonte de energia Aporta energia durante o exercício de longa duração e/ou quando há depleção da reserva de glicogênio NUTRIÇÃO152 reconvertido em glicose (glicogenólise), e esta é transporta- da pelo sangue para ser utilizada nos músculos em ativi- dade, o que proporciona um abastecimento rápido de gli- cose para a contração muscular durante todas as formas de trabalho. Quando o glicogênio está esgotado, por restri- ções dietéticas e/ou pela prática de exercícios, a síntese de glicose tende a aumentar a partir dos componentes estrutu- rais de outros alimentos, especialmente as proteínas. Esse processo denomina-se glicogênese. Os hormônios, sobretudo a insulina, desempenham um importante papel na regulação das reservas de glicogênio muscular e hepático mediante o controle dos níveis de açúcar circulante no sangue. O glicogênio muscular e a glicose sangüínea constitu- em os principais combustíveis usados durante a prática in- tensa de exercícios. A reserva de glicogêniodo corpo tam- bém desempenha um papel importante no equilíbrio ener- gético durante exercícios moderados prolongados. Natureza, tipos e fontes de gorduras ou lipídeos Uma molécula de gordura possui os mesmos elementos estruturais que as moléculas dos carboidratos, exceto no que se refere à ligação dos átomos específicos, a qual é dife- rente. A proporção de hidrogênio para oxigênio é conside- ravelmente mais alta em um composto de gordura. Por exemplo, a gordura comum estearina tem a fórmula C57H157O6. Tipos e fontes As gorduras são sintetizadas pelas plantas e pelos animais. Podem ser classificadas em três grupos: gorduras simples ou neutras, gorduras compostas e gorduras derivadas. � Gorduras simples. Freqüentemente se denominam as gorduras simples de gorduras neutras. São forma- das por uma molécula de glicerol e três de ácidos graxos. Dividem-se em triglicerídeos, ácidos graxos saturados e ácidos graxos insaturados. – Triglicerídeos: constituem a gordura mais abun- dante do corpo, representando 95% da gordura armazenada. Durante exercícios leves ou mode- rados prolongados, os triglicerídeos fornecem uma grande quantidade de energia. – Ácidos graxos saturados: contêm tantos átomos de hidrogênio quanto quimicamente possível, portanto, diz-se que a molécula é saturada em relação ao hidrogênio. As gorduras saturadas es- tão presentes principalmente na carne animal, na gema do ovo, nas gorduras lácteas e no queijo. O consumo exagerado dessas gorduras foi rela- cionado com o desenvolvimento de doenças co- ronarianas e doenças crônicas não-transmissíveis. – Ácidos graxos insaturados: contêm menos áto- mos de hidrogênio ligados à cadeia de carbono. Em vez disso, os átomos estão unidos por ligações duplas e são denominados insaturados ou poliin- saturados, em relação ao hidrogênio. Geralmente têm origem vegetal (óleo de oliva, óleo de amen- doim), mas os peixes contêm óleo ômega 3, que é um ácido graxo poliinsaturado. Os ácidos gra- xos insaturados são importantes em uma dieta balanceada. � Gorduras compostas. São formadas por uma gordura neutra (simples) em combinação com outras subs- tâncias químicas, como os fosfolipídeos (são impor- tantes para a coagulação do sangue e para a estrutura das bainhas isolantes localizadas em torno das fibras nervosas), os glicolipídeos e as lipoproteínas (consti- tuem a principal forma de transporte das gorduras no sangue e dividem-se em HDL-C, LDL- C, VLDL-C). � Gorduras derivadas. Esse grupo de gorduras inclui substâncias derivadas de gorduras simples e compos- tas. A mais conhecida é o colesterol, um esterol que não contém ácidos graxos porém possui algumas ca- racterísticas físicas e químicas das gorduras, portan- to, do ponto de vista dietético, é considerado uma gordura. O colesterol está presente em todas as célu- las e é obtido pela alimentação (colesterol exógeno) ou sintetizado dentro da célula (colesterol endóge- no). A fonte mais rica dessa gordura na alimentação é a gema do ovo, sendo também abundante nas carnes vermelhas e nos laticínios. Não está presente em ne- nhum alimento de origem vegetal. Recomenda-se não ingerir mais do que 300 mg de colesterol por dia. Natureza, tipos e fontes de proteínas São semelhantes aos carboidratos e às gorduras, uma vez que contêm carbono, hidrogênio e oxigênio. No entanto, diferem dessas substâncias porque também contêm nitro- gênio (aproximadamente 16% da molécula), enxofre, ferro e fósforo. Da mesma maneira que o glicogênio, formado pela união de muitas subunidades mais simples de glicose, também as moléculas de proteínas são polimerizadas por seus “tijolos”, os aminoácidos. O corpo requer 20 aminoá- cidos diferentes, cada um dos quais contém um radical ami- no (NH2) e um radical ácido orgânico chamado grupo car- boxila (COOH). Além desses dois radicais, os aminoácidos contêm uma cadeia lateral que lhes fornece suas caracte- rísticas químicas particulares. Existe um número quase in- finito de combinações para os 20 aminoácidos; portanto, existe um número quase infinito de estruturas protéicas possíveis. Capa Natureza, tipos e fontes dos macronutrientes Natureza, tipos e fontes de carboidratos Monossacarídeos Oligossacarídeos Polissacarídeos Polissacarídeos vegetais Polissacarídeos animais Fatores que influenciam a síntese e a degradação do glicogênio Natureza, tipos e fontes de gorduras ou lipídeos Tipos e fontes Gorduras simples Gorduras compostas Gorduras derivadas
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