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Aula 13 Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (Todos os cargos) Professores: Carlos Xavier, Felipe Petrachini 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 200 AULA 13: Princípios da Administração Pública. Governança e governabilidade, prestação de contas. Controle do patrimônio público. Lei de diretrizes orçamentárias. Administração gerencial. Decreto Lei nº 200/1967. Administração e governo – distinções. Convergências e diferença entre gestão pública e privada. Ética no serviço. Sumário 1. Palavras iniciais. .................................................................................................................................. 2 2. Princípios da Administração Pública. ................................................................................................... 3 3. Controle - patrimônio público............................................................................................................... 8 4. Ética no serviço público - conceitos iniciais. ......................................................................................... 9 4.1. Ética profissional, empresarial e gestão da ética. ..............................................................................14 4.2. Decreto 1.171/1994 .........................................................................................................................17 5. Governabilidade, Governança e Accountability (prestação de contas) ..................................................35 6. Estado, Governo e Administração Pública. ..........................................................................................41 7. Convergências e diferenças entre gestão pública e privada. ..................................................................44 8. Os três modelos de Administração Pública: patrimonialista, burocrática e gerencial/NGP. ...................48 9. Evolução da Administração Pública no Brasil desde 1930 / Reformas Administrativas. .......................58 9.1. A Reforma Administrativa da década de 1930. ................................................................................59 9.2. Rumo a uma Administração Gerencial - Reforma de 1967 e outros. .................................................64 9.3. A Redemocratização e a Administração Pública Brasileira em 1985. ...............................................73 9.4. As Mudanças do Governo Collor .....................................................................................................74 9.5. O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) ........................................................75 9.6. A Revitalização do Estado (Governo Lula) ......................................................................................87 10. Lei de Diretrizes Orçamentárias - Prof. Sérgio Mendes ....................................................................91 11. Questões Comentadas....................................................................................................................100 12. Lista de Questões ..........................................................................................................................162 13. Gabarito ........................................................................................................................................200 14. Bibliografia ...................................................................................................................................200 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 200 1. Palavras iniciais. Oi pessoal! Finalmente chegamos à nossa última aula! Espero que tenham aproveitado muito o curso, e que consigam um ótimo resultado no concurso do TRT-RO e AC. Hoje estudaremos vários temas de administração pública, por isso a aula será mais longa do que o normal. Por conta dos tópicos "administração gerencial" e "decreto-lei 200/1967" teremos que estudar os três modelos de administração pública (patrimonialista, burocrático e gerencial), porque se não você fica sem referência para entender o último (que deverá ser o foco do seu concurso!). As videoaulas de hoje serão sobre esses temas mais importantes (modelos de administração e evolução da administração pública), não abordando os temas mais simples, que estarão apenas no PDF. Além disso, estudaremos os movimentos de reforma gerencial no Brasil desde o DASP (burocrático), passando pelo DL 200/67 (gerencial) e várias outras inflexões ao longo do tempo. Tudo isso é importante para que você ganhe referências mentais, mas o mais importante mesmo é memorizar toda a parte dos movimentos gerenciais. Recomendo ainda uma leitura "seca" do DL 200/67: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm Um forte abraço e sucesso! Prof. Carlos Xavier www.facebook.com/professorcarlosxavier 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 200 Observação importante: Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos. 2. Princípios da Administração Pública. Os princípios basilares que orientam a atividade da Administração Pública encontram base na Constituição de 1988 e em outras normas legais. Alguns deles são explícitos e outros implícitos, como veremos a seguir. Como o foco aqui é a abordagem dos princípios dentro de uma visão da administração, e não do direito administrativo, apresentarei o conteúdo de forma mais objetiva, diferente do que alguns colegas do direito administrativo fariam. Saiba, desde já, que não há uma hierarquia entre os princípios. Todos eles devem ser aplicados em conjunto pelo agente público. Princípios explícitos da Administração Pública no Brasil (Art. 37, CF): 1. Legalidade:todos os atos da administração pública devem estar em conformidade com a lei e suas previsões. Não basta aos atos uma busca por não infringir qualquer lei, como acontece para qualquer pessoa, é preciso ainda que eles estejam em conformidade com a lei, ou seja, o agente só pode 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 200 fazer o que é previsto em lei, enquanto o particular pode fazer tudo, desde que não esteja proibido por nenhuma lei. 2. Impessoalidade: a administração pública deve ser impessoal. Isso traz dois significados distintos ao mesmo tempo: 1) os atos da administração devem ser voltados ao interesse público, tratados de maneira objetiva, não favorecendo ou desfavorecendo quaisquer interesses ou pessoas em especial. As normas devem ser interpretadas e executadas sempre na busca do atingimento dos seus fins - trata-se do antigo princípio da finalidade; 2) os atos devem ser impessoais em relação a quem os praticou, não sendopossível o seu uso para a promoção do agente público como o "promotor" dos atos. 3. Moralidade:ao agente público não basta o cumprimento da lei em sentido impositivo. É preciso também que seus atos estejam de acordo com a ética e moral que se espera de quem presta serviço público à sociedade. 4. Publicidade: para que um ato da administração gere efeitos jurídicos é preciso que ele tenha publicidade para que a sociedade possa conhecê-lo. Nenhum ato é válido sem a devida publicidade. Atos e fatos da administração devem ser conhecidos dos seus públicos impactados, para que sua impessoalidade possa ser garantida. Isso não quer dizer que todos os atos devem ser publicados no diário oficial... já imaginou a confusão que seria? Geralmente se consideram como exceções os casos de segurança nacional, os de investigação policial e os atos internos da administração. Na verdade, para cada ato haverá uma forma apropriada de publicidade - o que não cabe ser discutido aqui. Em alguns casos será necessária publicação no Diário Oficial da União, em outros, a publicação no portal interno do órgão ou entidade é o suficiente, etc. Lembrem: a publicidade é fundamental para a 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 200 legalidade do ato, especialmente no externo. Em sua ausência a administração deverá anular o ato por falta de legitimidade e moralidade. 5. Eficiência: trata-se do princípio constitucional explícito adicionado à Constituição Federal pela Emenda Constitucional n. 19 de 1998. Esse princípio foi incluído à Carta Magna para que reste clara a importância da boa prestação do serviço público, de forma econômica, racional e equilibrada, sem desperdícios. Não basta atender às necessidades da sociedade. É preciso que isso seja feito da melhor forma possível, ao menor custo e dentro do menor prazo possível. Eles constituem o famoso LIMPE: Legalidade / Impessoalidade / Moralidade / Publicidade / Eficiência. É importante destacar ainda os princípios explícitos na Lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo), dispensando repetição dos já mencionados pela CF: 1. Motivação: traduz a obrigação do agente público de deixar claras as razões (motivos) dos seus atos para que tenham validade, sejam atos discricionários ou vinculados. 2. Razoabilidade e proporcionalidade: a razoabilidade permite ao agente agir ou não, dentro de determinadas condições, sendo razoável nessa decisão. A proporcionalidade, por sua vez, está ligada à intensidade da ação tomada pelo agente, devendo ser proporcional à situação enfrentada. 3. Segurança jurídica: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. É preciso que haja segurança jurídica! 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 200 4. Supremacia do interesse público: havendo conflito entre o interesse público e o privado, prevalecerá o primeiro, resguardados o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (segurança jurídica). 5. Ampla defesa e contraditório: trata-se de uma consequência do princípio do devido processo legal. A ampla defesa é aquele que permite o uso de todos os meios de provas e recursos previstos em lei para o exercício do direito de defesa. O contraditório é o direito de se contradizer dados existentes, sendo essencial para o exercício da ampla defesa. Em conjunto, possibilitam o devido processo legal. Importante destacar que os princípios explícitos da Lei 9.784/99 apresentados acima também constituem princípios implícitos da Constituição Federal. Falemos agora de alguns outros princípios implícitos da Administração Pública brasileira: 1. Indisponibilidade do interesse público: os bens e interesses públicos não pertencem à administração pública, mas sim à coletividade, por isso é vedado ao agente público a prática de atos que impliquem renúncia à direitos e poderes da Administração. Além disso, a Administração não pode alienar bem público com destinação pública já definida. 2. Autotutela: trata-se do dever da Administração de rever os seus próprios atos quando constatar erros e vícios, sem necessidade de provocação judicial para isso, restaurando a regularidade da situação. Pode se dar por meio da anulação (com efeitos ex tunc, desfazendo-se as relações jurídicas desde 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 200 a prática do ato, por vício de legalidade), ou por meio de revogação (com efeitos ex nunc, tornando inválido o ato a partir de sua revogação, por via unicamente administrativa, por conveniência e oportunidade). Cabe destacar a possibilidade de anulação judicial de ato administrativo, desde que haja provocação de interessado. 3. Continuidade dos serviços públicos: este princípio visa não prejudicar o atendimento à população através da continuidade da prestação de serviços públicos essenciais, não havendo razão que justifique sua interrupção. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 200 3. Controle - patrimônio público. O Patrimônio Público é o conjunto de bens e direitos e obrigações, tangíveis ou intangíveis, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou representante de um fluxo de benefícios inerente à prestação dos serviços públicos, à exploração econômica de atividades pelo setor público. O estudo deste tópico pode ser realizado pela contabilidade pública, que realiza os registros de ingressos e saídas patrimoniais e o controle posterior do patrimônio por meio do levantamento de inventários de bens (levantamento físico de bens existentes) e do balanço patrimonial (o que não é o tópico central aqui!). Por outro lado, o controle do patrimônio público também se dá por meio do controle da administração pública, exercido internamente por cada órgão e externamente pelo respectivo tribunal de contas - tópico normalmente estudado pelo Direito Administrativo (o que também não é o foco...) Como o tópico foi cobrado dentro de "noções de administração", o razoável é que sua cobrança seja muito mais calcada no exercício da função de controle da ciência administrativa, o que já abordamos em profundidade na aula 01 deste curso. Há alguma confusão da banca na colocação deste tópico aqui, inclusive quando se compara a cobrança histórica do tema "controle", que possui várias vertentes distintas. Na verdade, deveria ter colocado esta observação e informado sobre este conteúdo desde a aula 01, onde estudamos controle. Assim, não há assunto adicional pertinente a ser estudado adicionalmente sobre isso. Por isso, vamos ao próximo tópico da aula de hoje... 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 200 4. Ética no serviçopúblico - conceitos iniciais. Muito se ouve falar hoje em dia sobre a necessidade das pessoas e organizações agirem com ética. Essa preocupação busca atentar para que as pessoas não ajam de maneira considerada “errada” pelo grupo social. Mas será que é isso mesmo que significa ética? Trata-se de um conceito recente ou que já existe há muito tempo? Quando surgiu este conceito? São muitas questões sobre o assunto, não é pessoal?! Vamos começar sabendo que a preocupação com a ética é algo tão antigo quanto as interações sociais entre seres humanos enquanto animais racionais. Desde o surgimento das primeiras sociedades, reflexões eram feitas sobre os princípios básicos que deveriam guiar o comportamento das pessoas. Mas é só a partir do Século IV a.C que começa a se falar em ética enquanto um conceito a ser estudado. Naquele tempo, os pensadores gregos Sócrates, Platão e Aristóteles se debruçaram sobre uma reflexão do que seria o bem e o mal na sociedade humana, como discernir a justiça da injustiça, a beleza da feiura, etc. A Ética, naquele momento, surgiu como um ramo da filosofia que buscava distinguir o bem e o mal com base numa reflexão, encontrando princípios supostamente universais que deveriam pautar a conduta humana. Para ser mais específicos, vamos ver uma definição de dicionário. Segundo o Dicionário Michaelis, ética deriva do grego (ethiké) e significa: sf (gr ethiké) 1 Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. É ciência normativa que serve de base à filosofia prática. 2 Conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão; 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 200 deontologia. (...) É. social: parte prática da filosofia social, que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade. Sobre este mesmo assunto, Lacombe (2009) afirma que ética refere- se aos: 1. princípios, padrões e valores sobre o que é bom e mau, o que é certo e errado, o que se espera das condutas das pessoas, estabelecendo, assim, padrões de conduta e de julgamento moral. 2. Obrigações e deveres que governam a ação individual. Perceba que tudo que é bom, certo e esperado do comportamento das pessoas é considerado “ético”. O que é mau, errado e não esperado como padrão de conduta é considerado “antiético”. - Mas como é possível discernir perfeitamente o que é certo do que é errado para que se possa estabelecer a ética? -Justamente por meio dos princípios éticos! Perceba pelas definições de ética que foram apresentadas que o conceito de moral já começa a surgir... - E o que é “moral”? O dicionário Michaelis define moral como, entre outras coisas: 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 200 adj (lat morale) 1 Relativo à moralidade, aos bons costumes. 2 Que procede conforme à honestidade e à justiça, que tem bons costumes. 3 Favorável aos bons costumes. (...) Veja que Moral deriva do latim (morale) e é um conceito associado aos bons costumes, ao contrário da ética que é um conceito mais amplo, associado a princípios básicos sobre os ideais da conduta humana. Sobre moralidade, Lacombe (2009) diz trata-se de um conceito ligado ao: Conjunto de princípios e valores, que fornece um quadro de referências para se determinar o que é certo e a forma como se deve viver, reconhecido pelas pessoas de determinada sociedade. Ao falar em “princípios e valores” Lacombe implica que a moral é decorrente da ética. Além disso, a moralidade é reconhecida pelas pessoas de determinado grupo social, de modo que as pessoas não a adquirem pela reflexão intelectual, mas por absorção da moral da sociedade onde elas se inserem. Por exemplo, em alguns lugares do mundo o comportamento de uma mulher colocar um biquíni e ir à praia seria considerado contra a moral, enquanto em outros (como no Brasil) é algo comum e aceito por toda a sociedade! 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 200 A moral, deste modo, está mais ligada às práticas da sociedade do que aos princípios fundamentais e valores, mas também se influencia por estes últimos - uma vez que decorre da ética. Os valores, por sua vez, são à base do comportamento das pessoas, representando as justificativas para cada uma de suas atitudes perante a vida. Como você deve ter percebido, os valores estão ligados tanto à ética quanto à moral, representando a sua base. Os valores podem ser individuais ou coletivos. Os valores individuais são aqueles que servem de base para o comportamento de um individuo, enquanto os valores coletivos são compartilhados por membros de uma sociedade, deixando claro, para todos, alguns princípios básicos aceitos por um grupo. Com todas essas explicações em mente, vamos agora ver o que diz Lacombe (2006) sobre “valor”, nesta acepção que estamos estudando: Valor. 1 princípio ou preceito que compõe um quadro de referência capaz de orientar as ações humanas supondo-se a existência de múltiplos padrões éticos e múltiplas prioridades de necessidades. (...) Perceba que, para Lacombe, o valor pressupõe a existência de múltiplos padrões éticos, ou seja, é possível que o raciocínio leve à múltiplas formas de ver a ética. Os valores serviriam para distinguir, em cada grupo social, qual o padrão ético aceitável! - e as virtudes, Prof. Carlos Xavier, o que seriam? Virtude é uma palavra que deriva do latim virtute ou ainda virtus, significando as qualidades humanas de praticar o bem em sua comunidade 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 200 com base na responsabilidade e na moral. Vamos ver algumas definições sobre virtudes retiradas do Dicionário Michaelis de língua portuguesa: 1 Hábito de praticar o bem, o que é justo; excelência moral; probidade, retidão. 2 Boa qualidade moral. 3 O conjunto de todas as boas qualidades morais. As virtudes, então, estariam ligadas aos comportamentos reconhecidos socialmente como dentro da moral! Vamos fazer um quadro geral sobre os conceitos que estudamos até agora: Ética Moral Valores Virtudes Relativa aos princípios adquiridos pela reflexão intelectual. O indivíduo se impõe por meio de seus valores. É mais abrangente que a moral e tende a ser universal. Relativa aos costumes adquiridos pelo individuo na sociedade onde vive. É mais aberta a mudança do que a ética. É relativa às práticas culturais, sendo imposta pela sociedade ao indivíduo. Decorre da ética. São os princípios básicos para a reflexão ética e a decisão sobre qual ética seguir. Estão nos indivíduos e nas sociedades. Prática de comportamentos considerados “positivos” ou “justos” pela moralidade de uma sociedade. Vamos agora ao próximo tópico de nossa aula: ética profissional, empresarial e gestão da ética. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoriae Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 200 4.1. Ética profissional, empresarial e gestão da ética. A ética profissional e empresarial acontecem quando os indivíduos e organizações se comportam de acordo com os valores e princípios aceitos como sendo éticos. Para Maximiano (2004) a ética pessoal e profissional está muito mais relacionada a como as pessoas se tratam umas as outras no contexto do ambiente de trabalho, enquanto a ética na administração de uma organização está ligada especialmente a como a organização lida com seus funcionários. Cabe destacar, entretanto, que a ética empresarial também diz respeito a como a organização lida com a sociedade, com outras organizações competidoras e com os seus stakeholders em geral. OBS.: Stakeholder é um termo que representa os vários públicos interessados em uma organização, como os clientes, os fornecedores, os acionistas, o governo, etc. - E como a ética é gerida nas organizações, para que a própria organização e as suas pessoas tenham comportamentos éticos? - R.: Através dos códigos de ética! Os “códigos de ética são conjuntos de normas de conduta que procuram oferecer diretrizes para decisões e estabelecer a diferença entre certo e errado” (Maximiano, 2004, p. 433). 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 200 Neste sentido, os códigos de ética permitem que as pessoas e a organização tenham princípios básicos para nortear os seus comportamentos no dia-a-dia, especialmente quando eles se encontram em uma “zona cinzenta”, ou seja, quando não há clareza sobre se determinado comportamento é visto como positivo ou negativo frente aos princípios da organização e da sociedade! Vamos imaginar uma situação: um vendedor está preocupado em bater sua meta de vendas. Por conta disso, ao atender um cliente, resolve oferecer produtos que claramente não são uma solução para suas necessidades. O vendedor sabe disso, mas acha que é mais fácil conseguir vender aquele produto do que um outro, que resolveria a necessidade do cliente mas que é bem mais caro. Ele estaria agindo de maneira “certa” ao priorizar sua necessidade do que a do cliente? Certamente um código de ética poderia esclarecer isso ao dizer que a organização deve buscar resolver a necessidade do cliente! Na verdade, os códigos de ética surgem como consequência de uma nova visão sobre as organizações, que devem preocupar-se cada vez mais com a sociedade como um todo e com fazer as coisas da maneira correta - em oposição a uma visão tradicional que acreditava que as organizações deveriam buscar apenas o lucro. Hoje em dia, o lucro é importante, mas ele não é tudo! É preciso atingir os objetivos com eficácia e eficiência, mas também é fundamental que as coisas sejam feitas dentro de padrões éticos aceitáveis, sem agressões despropositadas e com base em princípios sólidos. Chiavenato (2011, p.574-575) afirma que duas providências são necessárias para que o código de ética estimule decisões e comportamentos éticos das pessoas: 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 200 1. As organizações devem comunicar o seu código de ética a todos os seus parceiros, isto é, às pessoas dentro e fora da organização. 2. As organizações devem cobrar continuamente comportamentos éticos de seus parceiros, pelo respeito a seus valores básicos ou adotando práticas transparente de negócios. Podemos entender, destas observações, que nada adianta ter um código de ética e não comunicar-lhe claramente para todos aqueles que são atingidos por suas disposições. Além disso, não basta ter um código de ética na prateleira, é importante que ele seja praticado no dia a dia. Para isso as organizações devem cobrar constantemente o respeito aos valores básicos propostos em seu Código de Ética. Com base nisso, vamos ver como a Administração Pública utiliza seu código de ética para nortear o comportamento da organização e de seus profissionais no próximo tópico. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 200 4.2. Decreto 1.171/1994 Este tópico não foi expressamente cobrado no seu Edital, mas dado o nível de cobrança em provas anteriores da FCC e a simplicidade do tema, é uma boa ideia que você possa responder questões sobre ele, já que está englobado na ideia de estudo da ética na administração pública. O ideal é que façamos uma leitura comentada do referido Decreto, apontando e reforçando os pontos mais importantes para sua prova. Para facilitar a compreensão, trarei a versão atualizada e compilada. Em primeiro lugar, cabe destacar que o decreto apresenta o Código de Ética a ser seguido por todos os servidores públicos civis do Poder Executivo Federal. Assim, ele não é aplicado aos militares, mas apenas aos civis. Além disso, não se aplica aos poderes legislativo e judiciário, mas apenas ao executivo. Por fim, é apenas aplicável aos servidores da União, e não aos dos Estados e Municípios. Trata-se de conjunto de regras a serem seguidas por estes servidores em seus órgãos e entidades de lotação e exercício. Cada unidade deverá ter uma comissão de ética constituído por três empregados ou servidores permanentes/efetivos. Tais comissões não poderão ser integradas por profissionais temporários, terceirizados ou apenas comissionados. Em suas disposições iniciais o Decreto 1.171/1994 apresenta o seguinte: DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 200 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992, DECRETA: Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa. Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunicada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da República, com a indicação dos respectivos membros titulares e suplentes. Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° da República. ITAMAR FRANCO Romildo Canhim 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof.Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 200 Olhando com cuidado, os pontos importantes do corpo do Decreto nós já discutimos antes de sua apresentação. Cabe agora estudarmos o seu anexo, que traz o código de ética propriamente dito. Ao trabalho! ANEXO Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal CAPÍTULO I Seção I Das Regras Deontológicas I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 200 Nessa primeira passagem, percebe-se que o Código de Ética se inicia pelo estudo das “regras deontológicas”. Importante conhecer o significado da expressão, que nada mais é do que o conjunto de regras morais, deveres e obrigações gerais a serem respeitadas pelas pessoas que devem seguir determinado Código de Ética. Assim, Os 13 princípios que serão apresentados nesta parte do Código são a base das regras a serem seguidas pelos Servidores Públicos Civís do Poder Executivo Federal. É fundamental destacar que o Código de Ética aponta que o servidor público deverá seguir suas regras morais tanto no exercício do cargo quanto fora dele. Ou seja, servidor público civil do poder executivo federal que atenta as normas morais previstas no código de ética fora do serviço, em seu horário livre, no final de semana, nas férias, etc., também estará infringindo o Código de Ética e a própria moralidade no exercício de cargo público. As bases fundamentais para o elemento ético da conduta do servidor público vai muito além do que está previsto no Código de Ética, devendo passar também por uma reflexão com base nos princípios da administração pública brasileira: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (LIMPE) (CF, art 37 caput). No mesmo sentido, o servidor precisa ser honesto, justo, correto (probo), para não realizar atos de improbidade administrativa - que importam na suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. (CF, art 37, parágrafo 4º) Vamos em frente: III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 200 a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência, em fator de legalidade. V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio. VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional. VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar. VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 200 hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. No trecho acima, chamo a atenção para alguns pontos: A moralidade implica não só seguir regras, mas também buscar a efetividade da ação pública, buscando promover atos que tenham a finalidade pública em mente, mas sempre dentro da legalidade. O cumprimento das regras e leis representa restrição à ação pública (que ainda assim deve ser cumprida!), e não uma finalidade por si só. Mais uma vez o código de ética afirma que aspectos da vida privada do indivíduo podem influenciar no seu bom conceito social. Meu feeling diz que esse trecho pode ser especialmente importante em sua prova... A publicidade é base para qualquer ação pública, exceto em casos específicos e em processos previamente declarados sigilosos. Os casos possíveis de sigilo são: segurança nacional, investigações policiais e interesse superior do Estado/Administração Pública. É dever do servidor público oferecer sempre a verdade, mesmo que ela tenha uma “notícia ruim” para o interessado ou para a própria administração pública! Continuemos: 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 200 IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente gravedano moral aos usuários dos serviços públicos. XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública. XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 200 sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. Essa última parte das regras deontológicas é mais simples, reforçando apenas alguns aspectos gerais, destacando-se: O servidor deve buscar a eficiência para que não haja espera dos cidadãos sobre uma solução, sob pena de verdadeiro dano moral aos usuários do serviço público. É fundamental o respeito à legalidade e à hierarquia. O servidor atenta contra a moral pela falta injustificada ao trabalho. Não se trata de simples afronta as regras, mas verdadeira desmoralização do serviço público - o que não deve acontecer. Vamos agora estudar os principais deveres do servidor público que derivam das regras deotológicas já apresentadas: Seção II Dos Principais Deveres do Servidor Público XIV - São deveres fundamentais do servidor público: a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular; b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 200 qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum; d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo; e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o público; f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços públicos; g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 200 favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida e da segurança coletiva; l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema; m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos mais adequados à sua organização e distribuição; o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum; p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função; q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções; r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 200 s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito; t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos; u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei; v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento. Vou reforçar para vocês os principais pontos, que me parecem mais relevantes para a prova sobre os principais deveres do servidor público civil do poder executivo federal: Sempre que houver duas opções disponíveis, todas dentro da legalidade, é fundamental que se escolha por aquela que melhor atenderia o bem comum. Prestações de contas devem ser oferecidas sempre no prazo, sem qualquer tido de atraso ou “enrolação”. É fundamental que se busque dar atenção e estar disponível para as pessoas no serviço, visando o bom trabalho. Ainda assim, é preciso ter em conta que pessoas são diferentes e que essas diferenças devem ser respeitadas sem preconceito e com esforço para que se faça compreender adequadamente. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 200 É preciso respeitar as ordens do superior hierárquico, desde que dentro da legalidade e da finalidade devida. Caso esta não seja a realidade, é preciso ter coragem para representar contra os superiores que dão ordens ilegais ou imorais. Eventual pressão emanada do superior, ou de qualquer outra pessoa, para obtenção de favores, vantagens ou benesses indevidas por conta de ilagalidade, imoralidade ou aética, deve ser resistida fortemente pelo servidor. Além disso, deve ter força para denunciá-las. Caso o servidor saiba de qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, DEVE comunicar ao seu superior e EXIGIRprovidências. O servidor tem OBRIGAÇÃO moral de manter limpo e organizado o seu local de trabalho. O servidor tem OBRIGAÇÃO de participar de movimentos e estudos para melhoria do trabalho. As roupas utilizadas não são mera escolha do servidor. Elas devem ser adequadas ao que se espera para aquele ambiente profissional. É dever do servidor buscar atualizar-se sempre quanto às normas e leis que regem o seu trabalho, não havendo espaço para simplesmente se dizer que não conhecia uma regra porque esta nunca lhe foi apresentada. É seu dever buscar esta atualização. O servidor não só não pode dificultar a fiscalização do seu trabalho, como ela deve ser facilitada! Os poderes que o servidor tem como consequência do cargo devem ser exercidos com moderação, nunca devendo ser exercidos quando estiverem contrários aos interesses LEGÍTIMOS dos usuários e administrados. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 200 Caso a finalidade de uma ação não seja a pública, o servidor não deve exercer sua função! É dever do servidor também divulgar o Código de Ética. Agora vamos estudar quais as vedações ao servidor público, também derivadas das regras deontológicas: Seção III Das Vedações ao Servidor Público XV - E vedado ao servidor público; a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles dependam; c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão; d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material; 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 200 e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências; i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos; j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular; l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público; m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 200 o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso. A lista de proibições, como você já viu, é mais expressiva e direta que as demais. Vou reforçar aquilo que vejo como mais importante, em outras palavras. É uma boa fonte de revisão: O cargo e a função pública não podem nunca ser utilizados para favorecer uma pessoa sobre as demais, nem o próprio servidor, nem terceiros. Prejudicar a reputação de qualquer pessoa não será aceito. Não se pode ser conivente com infrações éticas por nenhuma razão, nem mesmo por amizade e solidariedade aos colegas. Caso haja desvios, é fundamental que se denuncie. Se você conhecer técnicas que melhorem seu trabalho, é obrigação utilizá-las. Relações pessoais de amizade, inimizade, etc. não podem interferir nos relacionamentos profissionais de forma nenhuma. Pedir ou receber qualquer tipo de benefício em troca do seu trabalho é uma infração. O mesmo vale se o benefício for pedido ou recebido por qualquer outra pessoa em troca do seu trabalho! Alterar ou deturpar documentos, além de iludir pessoas, não serão comportamentos aceitos. É proibido usar servidor para atender interesse que não seja o público! 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 200 Retirar qualquer documento ou propriedade do Poder Público de suas instalações, sem autorização legal, é infração. Assim, nada de levar pastas e documentos do trabalho para terminar em casa sem autorização expressa do chefe, ok!? =) Se você sabe de algo em virtude exclusiva do trabalho, não pode utilizar esta informação para ter vantagem para você ou qualquer outra pessoa. Ir trabalhar bêbado é proibido. Além disso, é proibido estar bêbado habitualmente mesmo fora do horário do serviço. Estar de acordo e participar de instituições contra a moral, honestidade e dignidade da pessoa humana, mesmo que fora do horário de trabalho e sem nenhuma relação com o serviço, também é proibido. Também não se pode estar ligado a atividades de trabalho aéticas ou empreendimentos “duvidosos”. Por fim, estudemos o que o Decreto diz sobre as comissões de ética a serem criadas em todos os órgãos pertinentes (Administração Pública Federal - Civil - Poder Executivo): CAPÍTULO II DAS COMISSÕES DE ÉTICA XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 200 servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura. XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira do servidor público. XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso. XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidorpúblico todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado. Algumas pessoas devem ter notado que faltam alguns itens acima. É porque vários foram revogados e não precisam ser estudados por nós. Vamos entender o que os que sobraram colocam sobre as comissões de ética: Todos os órgãos/entidades devem criar Comissões de Ética. Lembrem-se, trata-se de locais onde haja servidores civis, 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 200 federais, do Poder Executivo. Além disso, qualquer entidade que esteja exercendo atribuições delegadas pelo Poder Público também devem possuir tais comissões. Os “servidores públicos” passíveis de avaliação ética são todas as pessoas naturais que prestam serviço público ligado diretamente ou indiretamente ao Poder Estatal, nos mais diversos tipos de vínculos possíveis. A Comissão de Ética é a estrutura que orienta e aconselha sobre ética profissional no órgão. É ela ainda que deve conhecer os casos concretos de violação ética pelos servidores, para análise sobre possível censura ética. A punição aplicada pela Comissão de Ética é a censura ética, que deverá ser necessariamente fundamentado e assinado pelos membros da Comissão. Caso haja membro faltoso, ele deve ser notificado do que ocorreu. Uma vez feitos os registros sobre a conduta ética do servidor, a Comissão de Ética é quem envia esses registros para o setor responsável pela carreira do servidor, para que conste em seus assentamentos sua conduta, podendo influenciar a possibilidade de promoções e outros procedimentos a depender da carreira. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 200 5. Governabilidade, Governança e Accountability (prestação de contas) O conceito de governança aplicado ao setor público geralmente é cobrado em questões de concurso em provas de administração pública e as questões geralmente cobram suas características em comparação com os conceitos de governabilidade e accountability, já que, sob diferentes perspectivas, os três conceitos encontram-se ligados entre si. Antes de entender o significado de governança corporativa, vamos ver o que significa governança na gestão pública de uma forma geral: O conceito de governança aparece de forma sistemática na literatura contemporânea. Nestas obras, este termo apresenta diversos conceitos. De forma geral, pode-se considerar que governança pode ser definida como a forma com que os recursos econômicos e sociais de um país são gerenciados, com vistas a promover o desenvolvimento, sendo esta a visão apresentada pelo Banco Mundial, com a qual vários autores de administração pública concordam. É, em outras palavras a organização do Estado e o uso de ferramentas de gestão para a melhor gestão da máquina administrativa. A ascensão de valores neoliberais e esvaziamento das funções do Estado, como consequência da crise do seu papel de provedor de bem estar social são considerados forças propulsoras do movimento da Governança no setor público. Nessa linha, o Banco Mundial passou a impor práticas de governança para que países em crise pudessem captar recursos financeiros junto a ele. Uma boa governança pública está apoiada em quatro princípios: relações éticas, conformidade, transparência do setor público, e uma efetiva prestação de contas. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 200 A existência de relações éticas permite que as ações tomadas pelos governos sejam tidas de interesse da própria sociedade, e não de grupos organizados para se beneficiar do poder do Estado. A conformidade do que é prometido com o que é cumprido, assim como daquilo que está previsto em leis e regulamentos com o que é efetivamente executado pela administração pública, reforça a legitimidade necessária no uso dos recursos públicos, reforçando a governabilidade. Transparência e prestação de contas são dois conceitos intimamente ligados, e constituem base para que a existência de relações éticas e a conformidade sejam comunicadas ao cidadão, conceito que evoluiu e passou a constituir o accountability, que veremos mais à diante. O uso de práticas de governança no setor público exige que todas as organizações públicas sejam transparentes e responsáveis por suas atividades, tendo o dever de prestar conta de tudo que fazem, para que o cidadão possa saber se os recursos públicos estão sendo empregados corretamente e que finalidades estão sendo alcançadas com eles. O que se obtêm pela transparência e prestação de contas é o efetivo controle da administração pública pela população. A aplicação de práticas de governança no setor público favorece o processo de desenvolvimento econômico e democrático dos países, uma vez que seus princípios dão ao cidadão comum a possibilidade de participar e influenciar nos processos de tomada de decisão pública, o que finda por tornar mais democráticas e representativas as relações entre o Estado e sua população. O conceito de governança corporativa aplicado ao setor público, por sua vez, é oriundo das teorias gerenciais da administração privada, acentuando a necessidade de eficácia e responsabilização dos gestores para a prestação de contas (mais uma vez, aproxima-se do accountability). 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 200 A governança corporativa diz respeito, essencialmente, a como as corporações são administradas, e é perfeitamente aplicável ao setor público. A necessidade de prestação de contas da administração pública traz latente o fato de que a responsabilização não pode esperar investigações, devendo haver medidas para coibir o comportamento não ético dos agentes públicos em geral. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define este conceito da seguinte forma: Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade. Em sua essência, a governança corporativa busca separar a propriedade da organização de sua gestão, permitindo uma gestão profissionalizada e que busca o sucesso da organização no longo prazo, buscando atender às demandas das suas várias partes interessadas, não apenas dos acionistas. Segundo o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa doIBGC, os princípios básicos da Governança Corporativa são: Transparência (desejo de disponibilizar informações para as partes interessadas); 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 200 Equidade (tratamento justo às partes interessadas); Prestação de Contas (trata-se de assumir as consequências dos atos e omissões do gestor, conceito associado ao accountability); Responsabilidade corporativa (os negócios e operações da organização devem incorporar aspectos de ordem social e ambiental, zelando pela sustentabilidade organizacional no longo prazo). Você deve ter em mente que estes princípios são aplicáveis às organizações públicas! Para que a boa governança possa ser utilizada nas organizações e para que ela possa efetivamente separar a propriedade da gestão, é de grande importância a existência de um conselho de administração. Os seus membros são indicados pelos proprietários da organização e buscam agir como um elo entre a propriedade e a gestão, decidindo em prol da organização e da totalidade das partes interessadas. Neste sentido, é possível dizer que ele é o principal componente do sistema de governança de uma organização, sendo o guardião do objeto social e do sistema de governança corporativa. Matias-Pereira (2010), cita Marques (2005), reforçando que a boa governança corporativa, seja no setor público ou privado, exige: Clara identificação e articulação das definições de responsabilidade; Uma compreensão real do relacionamento entre as partes interessadas da organização e sua estrutura de administrar os recursos e entregar os resultados; Suporte para a administração, particularmente de alto nível. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 200 Note que, em todos os três itens apresentados como exigências para uma boa governança corporativa, fica clara a necessidade de uma estrutura organizacional adequada para as definições de responsabilidade, para o relacionamento entre os stakeholders (partes interessadas), para alcance dos resultados e para a administração profissional de nível estratégico. O mesmo autor, ao discutir a importância da prestação de contas para o conceito de governança corporativa no setor público, aponta que a governança do setor público é constituída pelos seguintes elementos: (1) responsabilidade em atender a sociedade; (2) supervisão; (3) controle; e (4) assistência social. Aquele mesmo autor informa que os fatores essenciais que contribuem para uma governança corporativa sólida são: 1. Estrutura administrativa; 2. Ambiente administrativo; 3. Administração de risco; 4. Conformidade e complacência; 5. Monitoramento e avaliação de desempenho; 6. Responsabilidade em prestar contas; 7. Conformidade versus desempenho. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 200 Agora que vocês já aprenderam sobre governança e governança corporativa no setor público, gostaria de fazer uma breve revisão sobre o que é governabilidade e accountability. Vocês vão ver que, indiretamente, já tratamos deles quando falamos de governança: • Governabilidade é a capacidade política de governar. Trata-se da capacidade política de governar derivada da legitimidade exercida pelo governo e do grau de exercício da autoridade política para fazer-acontecer as decisões. São as condições sistêmicas que possibilitam o poder a um determinado governo perante sua sociedade. Está associada portanto à capacidade de um governo reunir em torno de suas ações os vários interesses de diferentes membros da sociedade que, a princípio, possuem interesses conflitantes. Note que a governança é um instrumento/meio/forma através da qual o governo exerce sua governabilidade. • Accountability é um termo ligado à responsabilização/prestação de contas e controle dos gestores públicos e suas decisões. É um termo associado à transparência e às prestações de contas dos gestores perante diferentes públicos. Os principais tipos de accountability mencionados na literatura e cobrados em prova são: Accountability vertical: quando ocorre perante a população, principalmente por meio do voto em eleições ou da transparência da gestão e suas dimensões de esforço e resultado, pressupondo o controle por desiguais; Accountability horizontal: quando ocorre entre órgãos ou Poderes, seja pelo sistema de freios e contrapesos ou por meio de tribunais de contas, controladorias e órgãos de fiscalização, que acompanham e responsabilizam os gestores públicos, tendo autonomia para tal 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 200 Accountability Social (ou societal): está ligado às associações de cidadãos, imprensa ou mecanismos institucionais representativos de interesses sociais, como o Ministério Público. Pode ser considerado um tipo de accountability vertical. Accountability Fiscal: não é dos mais mencionados, mas já vi em prova. É voltado para a fiscalização dos recursos financeiros gerenciado pelos organismos internacionais, pelos Estados que lá colocaram os seus recursos. 6. Estado, Governo e Administração Pública. Muitas pessoas usam erroneamente os termos Governo, Estado e Administração Pública como sinônimos, apesar de haver claras diferenças entre os seus conceitos básicos. Seu Edital não falou em "estado", mas é importante conhecermos também como ele se encaixa nessa discussão! 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 200 Existem diferentes definições para Estado. De forma mais ampla, com foco em concursos, podemos definir Estado como uma pessoa jurídica de direito público interno (e também internacional), detendo soberania interna e externa sobre um determinado território. De modo similar, trata-se de uma nação politicamente organizada em torno de um território soberano. Um ponto marcante sobre o Estado em sua acepção moderna, é que cabe apenas a ele o uso do poder político, ou seja, das leis para coagir as pessoas a agirem conforme se espera. Em outras palavras, é só o Estado quem pode impor o cumprimento de leis, normas e regulamentos para a população através da ameaça de punições no caso de descumprimento. A doutrina costuma afirmar que o Estado moderno deve possuir os seguintes elementos: povo, território e governo soberano. Em vez de “governo soberano” é possível se falar em dois elementos: poder e soberania. Apesar disso, já existe grande discussão doutrinária para a qual o requisito da soberania deve ser retirado. Na verdade, a soberania já serviu como discurso para o desrespeito a direitos humanos fundamentais. Hoje em dia, tratados internacionais sobre direitos humanos já são aceitos como normas suplementares à constituição (como no Brasil), por isso a soberania fica relativizada. Além disso,a globalização, ao possibilitar aos Estados nacionais a criação de blocos supranacionais para representá-los em aspectos tais como assuntos militares (OTAN), econômicos (ALCA), etc., também abrem mão de sua soberania em prol destes organismos. Agora que já entendemos os aspectos mais essenciais sobre o Estado, vamos estudar o Governo: O Governo pode ser definido como a condução política dos negócios públicos, sendo uma expressão política de comando, iniciativa, fixação dos objetivos do Estado e manutenção da ordem jurídica vigente. Trata ainda da condução das políticas públicas, das diretrizes para construção do país, etc. Em outras palavras, o Governo é o modo pelo qual o Estado é administrado. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 200 Assim como nos casos anteriores, a “Administração Pública” também pode ser definida sob diferentes perspectivas. Em sentido formal, ela é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos definidos pelo Governo. Em sentido material, ela é o conjunto das funções necessárias à prestação dos serviços públicos. Em sua acepção operacional, ela é o desempenho permanente dos serviços do Estado para si ou para o atendimento das necessidades da sociedade. A Administração Pública é, então, todo o aparelhamento do Estado voltado para a satisfação das necessidades coletivas. Comparando a atuação do Estado, Governo e da Administração Pública, é possível perceber que o Estado é a pessoa jurídica duradoura e soberana, que possui um governo e uma administração pública. O governo, por sua vez, é responsável por orientar politicamente o caminho a ser percorrido pela administração pública, que nada mais é do que uma atividade neutra, normalmente vinculada à técnica ou às leis, que implementa as decisões políticas tomadas pelo governo em relação ao Estado nacional. Diferentemente do Governo, a Administração Pública não pratica atos de governo, mas sim atos de execução que podem possuir maior ou menor autonomia funcional, mas que devem estar sempre em consonância com os atos de governo. Enquanto os atos de governo representam a vontade política do governante, os atos de execução da administração representam a execução técnico-administrativa das atividades inerentes ao Estado. Exemplos típicos de atos de governo (também chamados de atos de soberania), são a declaração de guerra e a celebração da paz entre Estados. Já atos administrativos são corriqueiros no dia-a-dia da Administração, tendo como exemplos a emissão de autorizações e licenças para que particulares possam exercer determinadas atividades, e a contratação de empresas das mais diversas naturezas para fornecer produtos e serviços à Administração Pública. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 200 Conclui-se que, apesar de serem utilizados indiscriminadamente como sinônimos, os termos Estado, Governo e Administração Pública representam conceitos muito diferentes. No que diz respeito aos atos típicos do Governo e da Administração, eles possuem diferentes naturezas, os primeiros mais ligados às decisões políticas e os segundos às decisões técnico-jurídicas da própria Administração. 7. Convergências e diferenças entre gestão pública e privada. Gestão pública e privada são diferentes entre si. Claramente, enquanto a boa gestão pública busca o bem social, a gestão privada trabalha a organização para maximizar o lucro. Apesar disso, muitas ferramentas modernas de administração podem ser utilizadas pela gestão em ambos os 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 200 contextos. O que se verifica é que há não só divergências, como também convergências entre a gestão pública e a privada. Infelizmente não há uma lista única de pontos de convergência e divergência que seja amplamente aceita, mas podemos estudar os elementos que mais se destacam no estudo desse assunto. Tendo isso em mente, verifica-se que as principais convergências entre a gestão pública e a privada são: Ambas se utilizam de técnicas modernas da administração; Ambas devem se preocupar com a satisfação das necessidades dos seus respectivos clientes - que são diferentes em cada um dos casos; Ambas possuem ambientes interno e externo que influenciam no comportamento da organização; Ambas devem se preocupar com a produtividade, eficiência, eficácia e efetividade de suas ações (entre outros); O que se percebe também é que as teorias organizacionais são aplicáveis a ambas, sendo necessário, em alguns casos, uma certa adaptação devido às diferenças existentes entre uma e outra. As diferenças mais marcantes entre as duas gestões são 1) a lógica não-lucrativa do Poder Público; 2) a legalidade aplicada ao setor público é diferente daquela do setor privado, já que ao agente público só é permitido fazer o que está previsto em Lei, enquanto ao privado é permitido fazer tudo que não é proibido por Lei; 3) o cliente do setor privado paga por cada produto/serviço que compra, enquanto o cidadão contribui com o pagamento de tributos para a prestação 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 200 do serviço público, independente de desejar fazê-lo ou de utilizar o serviço prestado. Além disso, como estamos estudando para um concurso público, devem ser destacadas as principais diferenças segundo proposto pelo Instrumento de Avaliação da Gestão Pública - Ciclo 2010, do Gespública: a) Enquanto as organizações do mercado são conduzidas pela autonomia da vontade privada, as organizações públicas são regidas pela supremacia do interesse público e pela obrigação da continuidade da prestação do serviço público. b) O controle social é requisito essencial para a administração pública contemporânea em regimes democráticos, o que implica em garantia de transparência de suas ações e atos e na institucionalização de canais de participação social, enquanto as organizações privadas estão fortemente orientadas para a preservação e proteção dos interesses corporativos. c) A administração pública não pode fazer acepção de pessoas, deve tratar a todos igualmente e com qualidade. O tratamento diferenciado restringe-se apenas aos casos previstos em lei. Por outro lado, as organizações privadas utilizam estratégias de segmentação de “mercado”, estabelecendo diferenciais de tratamento para clientes preferenciais. d) As organizações privadas buscam o lucro financeiro e formas de garantir a sustentabilidade do negócio. A administração pública busca gerar valor para a sociedade e formas de garantir o desenvolvimento sustentável, sem perder de vista a obrigação de utilizar os recursos de forma eficiente. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 13 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 200 e) A atividade pública é financiada
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