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Aula 11 Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (Todos os cargos) Professores: Carlos Xavier, Felipe Petrachini 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 117 AULA 11: Gestão por competências. Cultura e Clima. Conteúdo 1. Palavras Iniciais. .................................................................................................................................. 2 2. Visão geral sobre competências e sua gestão. ....................................................................................... 3 2.1. Da noção de competência à gestão por competências. ......................................................................20 2.2. Mapeamento e descrição de competências. ......................................................................................24 2.3. Principais instrumentos para suprir a lacuna de competências. .........................................................28 3. Cultura organizacional. .......................................................................................................................30 3.1. Vantagens e desvantagens da cultura organizacional. .......................................................................46 4. Clima organizacional. .........................................................................................................................48 5. Questões comentadas ..........................................................................................................................54 6. Lista de questões .................................................................................................................................93 7. Gabarito ............................................................................................................................................116 8. Bibliografia Principal ........................................................................................................................116 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 117 1. Palavras Iniciais. Oi meus amigos! Vamos para mais uma aula de administração. Hoje estudaremos a gestão por competências, a cultura e o clima organizacional. Bons estudos! Prof. Carlos Xavier www.facebook.com/professorcarlosxavier Observação importante: Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 117 2. Visão geral sobre competências e sua gestão. Para entender a gestão por competências, em primeiro lugar, você precisa entender que este assunto ainda é alvo de uma ampla discussão acadêmica, possuindo definições diferentes (e as vezes divergentes), de acordo com cada autor que discute o assunto. Assim, para evitar surpresas, a ideia é que esta aula traga para vocês vários conceitos, todos passíveis de serem cobrados em prova. Além disto, você deve manter a mente aberta para o uso de palavras, expressões e perspectivas diferentes na hora da prova, buscando associar aos conceitos apresentados nesta aula. Tenha em mente ainda que os conhecimentos que serão abordados aqui são aplicáveis ao setor público, que pode gerir as pessoas por competências!Isto dito, vamos começar pelas primeiras discussões sobre competências: Em 1973 o debate sobre competências na organização foi iniciado por McClelland, que diferenciou competências de aptidões, habilidades e conhecimentos. Naquele contexto as aptidões eram tidas como os talentos naturais que uma pessoa possui; as habilidades seriam uma demonstração do talento na prática; os conhecimentos eram aquilo que a pessoa precisava saber para que pudesse exercer bem determinada tarefa no seu trabalho. Com base nesta perspectiva inicial é que se desenvolveu o conceito mais frequente de competências. O conceito de competências e gestão por competências passou a ser amplamente utilizado, sendo aprofundado desde a década de 1990, mas continua em plena evolução até hoje. Hoje, é comum que se estabeleça que competências são o somatório dos conhecimentos, habilidades e atitudes dos indivíduos que fazem com que eles possuam uma performance elevada no desempenho de seu trabalho. Perceba que este conceito trata de competências são individuais, e não organizacionais! 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 117 Assim, pode-se dizer que competências individuais = CHA: (C) Conhecimentos; (H) Habilidades; (A) Atitudes. E o que significa cada um desses pontos? Vamos ver: Conhecimentos: constituem o saber de um profissional. Representam o que a pessoa precisa saber para realizar uma determinada tarefa. São informações adquiridas por meio da educação, treinamento e desenvolvimento profissional e da experiência de cada um. Por exemplo, um mecânico de Habilidades Atitudes Conhecimentos Competência 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 117 automóveis precisa saber como funcionam os sistemas mecânicos para que possa trabalhar no reparo de um carro! Habilidades: representam o saber-fazer (know-how) do profissional. Trata-se da capacidade que o profissional tem de utilizar o conhecimento que possui e as ferramentas e equipamentos que dispõe na realização de suas tarefas. Muitas vezes é possível comprová-las por meio de provas de proficiência, certificados, etc.. As habilidades são adquiridas por meio de cursos técnicos, leitura, estudos e pela prática do trabalho. Por exemplo: ao mecânico de automóveis mencionado no ponto anterior não basta ter os conhecimentos sobre o funcionamento dos componentes do automóvel, sendo preciso também que ele saiba como operar as máquinas e ferramentas utilizadas na prática. A habilidade do mecânico será comprovada se ele souber consertar o automóvel quebrado! Trata-se do saber-fazer, ou know-how! Atitudes: é o querer-fazer do indivíduo (chamado por alguns autores de "saber ser")! As atitudes são as ações dos indivíduos em determinadas situações, em relação ao trabalho, as pessoas, etc. No exemplo do mecânico de automóveis, não adianta nada ele ter o conhecimento sobre mecânica e saber utilizar esse conhecimento para consertar os automóveis, se ele não tiver a atitude de trabalhar utilizando seus conhecimentos e habilidades. Um mecânico com ótimo conhecimento pode simplesmente não gostar de trabalhar, ficando apenas “enrolando” no trabalho. Esta seria uma atitude negativa e que não agregaria valor ao cliente. 5294949423452949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 117 Além dos CHAs, as características pessoais dos indivíduos também geram um importante impacto sobre diferentes tipos de competências no seu trabalho. Geralmente essas características podem ser classificadas em quatro: 1. A execução da tarefa em si: trata-se das características que estão ligadas as aptidões necessárias para as tarefas que serão executadas no cargo. Inclui competências como: atenção concentrada (foco em detalhes), atenção dispersa (visão ampla das coisas), aptidão numérica, verbal, espacial, etc. 2. Interdependência com outras tarefas: trata-se de características ou aptidões relacionadas com a execução de outras tarefas, além das que serão executadas. Inclui competências como atenção dispersa e abrangente, facilidade de coordenação, resistência aos conflitos, etc. 3. Interdependência com outras pessoas: são os aspectos que se relacionam com a necessidade de realizar contatos com outras pessoas. Inclui competências como: capacidade de colaboração e cooperação, liderança, capacidade de comunicação, etc. 4. Interdependência com a própria organização: são as características que devem ser observadas para serem compatíveis com os (1) objetivos da própria organização onde se irá trabalhar ou (2) de sua unidade de negócio ou mesmo departamento. Trata-se, neste caso, de uma comparação entre as competências exigidas pela organização e as competências disponíveis no indivíduo. No começo, a discussão acadêmica estava centrada sobre a própria noção de competências. Depois, passou a tratar da gestão de competências, 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 117 uma forma de gerenciar as competências existentes nos funcionários da organização, por meio de instrumentos de gestão de pessoas. Com o tempo, o conceito evoluiu e muitos autores passaram a falar de gestão por competências, como uma forma de gerenciar as organizações, seus processos e estratégias com base nas competências necessárias (na organização e suas pessoas). Assim, percebe-se que realizar a gestão por competências de forma estratégica está ligado a conseguir agregar, desenvolver e aplicar da melhor maneira as competências na organização, permitindo que ela possa agregar valor para o cliente! Para isso, o uso dos conhecimentos, habilidades e atitudes dos indivíduos na organização é fundamental! Essa perspectiva passa a considerar que não basta a existência dos C.H.A., mas é preciso também um novo ponto para as competências: a entrega de resultados estratégicos! Sob esta perspectiva, deve-se pensar que as competências representam, no dia a dia, a capacidade de atingir os resultados desejados, com a menor utilização de recursos possíveis, seja de tempo, finanças, materiais, pessoal, etc.. Assim, um profissional com competência (ou competente) seria aquele que consegue atingir o resultado conforme esperado usando a menor quantidade de recursos possível. Este seria um profissional eficiente e eficaz ao mesmo tempo! Uma vez que trabalha com foco nos resultados e no longo prazo, é notável ainda que a gestão por competências trabalha alinhando as competências da organização e seus membros às necessidades derivadas da própria estratégia organizacional. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 117 - Mas Carlos, sempre ouvi falar que gestão de/por competências = CHA. Pelo que estou vendo, não é só isso... - Resposta: Exatamente! Se fosse, seria muito bom! Na verdade, como disse ao iniciar a aula, não existe uma única definição de gestão por competências que sirva para todos os casos. Infelizmente as bancas podem cobrar qualquer coisa, vinda de centenas de autores sobre o assunto! Elas até mudam de opinião sobre o tema! - Carlos, e como eu faço então? - Mantenha a cabeça aberta!!! Ao longo da aula veremos outras definições de competências, entre outros assuntos associados. Neste sentido, veja, por exemplo, a definição de competências apresentada por Fleury (2002), em uma obra que muitas bancas costumam cobrar: Definimos, assim, competência: um saber agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agregue valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. Veja, na definição de Fleury (2002) apresentada acima, que ela vai muito além de definir competências como a simples soma de conhecimentos, 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 117 habilidades e atitudes. Para ela, as competências precisam ser responsáveis e reconhecidas, ou seja, devem ser propositalmente utilizadas e devem ser percebidas pelas outras pessoas e pela organização. Além disso, elas devem agregar valor tanto para a organização quanto para os indivíduos possuidores das competências. Esta visão integra a competência do individuo e da organização, consideradas ao mesmo tempo. Por isso, se a banca disser que existem competências não reconhecidas e que não agregam valor diretamente, seja para o indivíduo, seja para a organização, você já sabe que a fundamentação mais provável seria a que estamos discutindo agora. Assim, isto estaria errado! Uma vez apresentados os conceitos das competências individuais (muitíssimo cobrados em concurso), já começamos uma expansão que vai muito além delas... RUAS et al (apud Medeiros, 2006), propôs os seguintes conceitos gerais: Competências organizacionais: são as competências coletivas, que aparecem sob a forma de processos de produção e/ou atendimento, nos quais estão incorporados conhecimentos tácitos e explícitos, sistemas e procedimentos de trabalho, entre outros elementos menos visíveis como princípios, valores e culturas dominantes na organização. Estas competências estariam presentes em todas as áreas da organização, em formas e intensidades diferente; Competências organizacionais básicas: são as competências coletivas que se desdobram em todo o espaço organizacional e que contribuem decisivamente para a sobrevivência da organização, porém, não para a sua diferenciação; 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 117 Competências organizacionais seletivas: são competências coletivas que geram diferenciação. Este conceito segue o mesmo princípio de core competence. No fundo, observando o que diz o referido autor, percebe-se basicamente que ele dá o nome de “competências organizacionais” para aquelas que são da coletividade da organização, dividindo-as em básicas (que são as que servem de base/suporte na organização) e seletivas (que são as que geram a diferenciação da organização no mercado – de forma similar às core competences, que veremos logo à seguir. Chiavenato (2007), por sua vez, fala em uma verdadeira “cascata de competências” necessárias para que as organizações possamcriar valor para a organização. Para ele, essa cascata se organiza da seguinte forma: Fonte: Chiavenato (2007) Competências Essenciais (core competences) Competências funcionais (competências de cada área de atividade) Competências gerenciais (Competências de cada executivo) Competências individuais (Competências de cada pessoa) 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 117 Nessa “cascata”, as competências superiores precisam das competências inferiores para se sustentar. As competências mais abaixo são tidas como base da “cascata”. Vamos então entender o que seriam cada uma dessas competências. O primeiro deles é o conceito de core competence, de Prahalad e Hamel, geralmente traduzido para o português como competências essenciais. Sobre elas, Boas e Andrade (2009), esclarecem que: (...) as competências organizacionais compõem um conjunto de recursos na forma de conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos, gerenciais e valores que a organização possui. Esse conjunto possibilita que a organização tenha a capacidade de combinar, misturar e integrar recursos, produtos e serviços, de maneira a se colocar de forma competitiva no mercado (...) Essas competências seriam parte da essência da organização, de sua alma, criando vantagens competitivas e agregando valor para o cliente. Elas seriam facilmente perceptíveis pelos consumidores dos produtos e serviços da organização através do valor provido pelos seus produtos e serviços, sendo difíceis de ser imitadas pela concorrência. Elas derivam da integração das competências que se situam “hierarquicamente” abaixo delas, na cascata de competências, resultando de suas sinergias e de uma perspectiva sistêmica das mesmas. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 117 Chiavenato (2007) destaca que as competências essenciais apresentam quatro características básicas: 1. Propiciam uma forte vantagem competitiva para o negócio da empresa. 2. São indispensáveis para o sucesso da empresa. Constituem os fatores críticos do sucesso empresarial. Um fator crítico é aquele sem o qual o sucesso não acontece. 3. São singulares, específicas e próprias da empresa. Definem aquilo que a empresa sabe fazer melhor do que as outras. Em outras palavras, caracterizam a empresa. 4. São de difícil imitação pelas demais empresas. Sua complexidade decorre do fato de que são criadas, desenvolvidas, integradas e articuladas de uma maneira que dificilmente as outras empresas podem copiar e imitar. O seu arranjo também é singular e próprio de cada empresa. Além dessas características básicas, Fleury (2002) lembra que as competências essenciais possuem três características marcantes sobre a competitividade organizacional: 1ª) valor percebido pelo cliente; 2ª) diferenciação entre concorrentes; 3ª) capacidade de expansão para a empresa. Em outras palavras, as competências essenciais permitem a oferta de valor para o cliente. São elas que possibilitam que a organização se diferencie dos concorrentes justamente por meio do valor provido. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 117 Além disso, elas permitem que a organização possa aproveitar novas oportunidades de expansão, já que se constituem uma força competitiva relevante. Com isso em mente, vamos entender o que são as competências funcionais. Elas são as competências específicas de cada área da organização, servindo como base para o surgimento das competências essenciais. As competências funcionais possibilitam que as partes da organização (departamentos, diretorias, etc.) possam desempenhar suas funções especializadas, pois congregam o que é necessário para possibilitar esta especialização. As competências gerenciais, por sua vez, relacionam-se ao trabalho gerencial dos executivos. Trata-se das competências que ele deve possuir para atuar como gestor de pessoas. Uma classificação apresentada (da Training House) por Chiavenato (2007) propõe que as competências gerenciais podem ser agruparas da seguinte forma: Competências relacionadas com as pessoas o Comunicações: ouvir e dar ideias; dar informações claras; obter informações imparciais. o Supervisão: treinamento, orientação e delegação; avaliação de pessoal e desempenho; disciplina e aconselhamento. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 117 Competências relacionadas com o trabalho: o Administração: administração do tempo e priorização; estabelecimento de meta e padrões; planejamento e programação de trabalhos. o Raciocínio: identificação e solução de problemas; tomada de decisões e pesar riscos; pensar clara e analiticamente. As competências individuais, por fim, são aquelas que as pessoas devem ter para que possam atuar com sucesso na organização. Você pode associá-las aos conhecimentos, habilidades e atitudes que vimos no inicio da aula e aos resultados obtidos por meio de sua aplicação na prática profissional. Sobre as competências individuais, Boas e Andrade (2009), esclarecem que elas podem ser divididas em categorias distintas dos CHA que já foram explicados. Eles afirmam que, para Resende (2000), existem as seguintes competências: Competências técnicas: de domínio de alguns especialistas (p. ex.,: saber dirigir carretas); Competências intelectuais: relacionadas com a aplicação de aptidões mentais (p. ex., ter presença de espírito e discernimento); Competências relacionais: envolvem habilidades práticas de relações e interações (p. ex., saber relacionar-se em diversos níveis); Competências sociais e políticas: envolvem relações e participações na sociedade (p. ex., saber exercer influência em grupos sociais); 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 117 Competências didático-pedagógicas: voltadas para a educação e o ensino em vários níveis (p. ex., saber educar e treinar obtendo resultados positivos); Competências metodológicas: habilidade na aplicação de técnicas e meios de organizar atividades e trabalhos (p. ex., saber definir roteiros e fluxos de serviços); Competências de liderança: reúnem habilidades pessoais e conhecimentos de técnicas de influenciar e conduzir pessoas na vida pessoal e profissional (p. ex., saber organizar e conduzir grupos comunitários). É preciso ter em mente ainda que, segundo Dalton e Thompson (1993, apud Dutra, 2008), o desenvolvimento dos profissionais, sob a gestão por competências, passa por diferentes etapas, ligadas ao nível de complexidade de atuação do indivíduo: 1) aprendiz (quando se desenvolvem atividades estruturadas, podendo inovar apenas dentro de limites preestabelecidos); 2) profissional independente (quando se atua de forma independente, entregando resultadosindependentemente de uma supervisão específica para isso); 3) mentor e integrador (quando o profissional lidera grupos e é responsável por desenvolver outras pessoas, orientando técnica e administrativamente e assumindo a supervisão formal de grupos e projetos); 4) diretor ou estrategista (quando o profissional passa a ser responsável pela direção estratégica da organização, podendo representá-la em todos os níveis internos e perante pessoas e instituições externas). Tendo encerrado a visão sobre competências individuais, gerenciais, funcionais e organizacionais, outra perspectiva considera que as competências 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 117 podem ser de quatro tipos, conforme apresentadas por Boas e Andrade (2009): Diferenciais: consideradas estratégicas, pois estabelecem a vantagem competitiva da empresa. São identificadas no estabelecimento da missão empresarial e descritas de forma genérica. São constituídas por um conjunto de capacitações que auxiliam a empresa a alcançar seus resultados e fazer o diferencial no mercado. Essenciais: são aquelas identificadas e definidas como as mais importantes para o sucesso do negócio e devem ser percebidas pelos clientes. Básicas: as necessárias para manter a organização funcionando. São percebidas no ambiente interno; estimulam e alicerçam o clima de produtividade. Terceirizáveis: as que não estão ligadas à atividade- fim da organização e que podem ser repassadas a fontes externas com maior competência e valor agregado. Fleury (2004, apud Mills, 2002), por sua vez, fala em diferentes tipos de competências, conforme apresentado no quadro a seguir: Competências essenciais Competências e atividades mais elevadas, no nível corporativo, que são chave para a sobrevivência da empresa e centrais para sua estratégia. Competências distintivas Competências e atividades que os clientes reconhecem como diferenciadoras de seus concorrentes e que provêm vantagens competitivas. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 117 Competências organizacionais ou das unidades de negócio. Competências e atividades-chave, esperadas de cada unidade de negócios da empresa. Competências de suporte. Atividade que é valiosa para apoiar um leque de competências. Capacidades dinâmicas. Capacidade de uma empresa de adaptar suas competências pelo tempo. É diretamente relacionada aos recursos importantes para a mudança. Fonte: Fleury (2004, apud Mills, 2002) É possível falar também em tipos de competências necessárias em função de sua relevância para a organização ao longo do tempo. Sob este critério, elas podem ser classificadas em emergentes, declinantes, estáveis e transitórias: Competências emergentes seriam aquelas que estão emergindo e se tornando mais importantes para a organização, havendo uma tendência de ampliação desta importância. Competências declinantes estariam em uma tendência oposta as emergentes: elas se tornam cada vez menos relevantes. Competências estáveis são aquelas cuja importância para a organização é relativamente estável; Competências transitórias são aquelas que só são importantes em algum momento específico, como na resolução de uma crise, por exemplo. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 117 Carvalho, Nascimento e Serafim (2012), por sua vez, falam em competências conceituais, técnicas e interpessoais. Para eles: Conceituais - envolvem conhecimentos, domínio de julgamentos e caracterizações que dão sustentação aos aspectos de habilidades técnicas, humanas, gerenciais e a atitudes, bem como a responsabilidades e experiências no que se refere à maneira de realizar algo. Técnicas - compreendem o domínio de sistemas, métodos, técnicas e de processos específicos para determinada área de trabalho. Interpessoais - consideram os aspectos que incluem relacionamento, comunicação e interação entre as pessoas, atentando para as atitudes e valores pessoais de forma eficaz. Neste sentido, os profissionais da cúpula organizacional necessitam de mais competências conceituais do que os outros, para compreender a realidade da organização como um todo. Profissionais da gerência em geral e que trabalham intensivamente em equipe necessitam ter bem desenvolvidas suas competências interpessoais, enquanto os profissionais da área operacional utilizam mais intensamente as suas habilidades técnicas. Além destas visões de competência, reproduzo a seguir uma série de definições mostrada por Boas e Andrade (2009) sobre o assunto. Tenha sempre em mente que esta lista é apenas um exemplo, para que você possa aprender, mantendo sua mente aberta para este assunto! Vamos vê-la: 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 117 Autor Conceitos Vasconcelos e Pagnonceli (2001) Qualidade e/ou habilidade marcante que, efetivamente, cria benefícios, conquistando e fidelizando o cliente. Ruas (2001) Conjunto de habilidades, tecnologias, culturas e valores, percebido pelos clientes e pelo acionista, e que faz a diferença em relação à sociedade. Materializa-se num conjunto peculiar de know-how, o qual é atemporal, duradouro, porém dinâmico e que constitui fonte para vantagem competitiva (mais do que ser vantagem competitiva), servindo de base para a capacidade de expansão da empresa. Goddard (1997) Conjunto de características que marcam o sistema de crenças (valores), o estilo de comportamento e o desenho estrutural da empresa. Ullrich (2000) Aprendizado coletivo na organização, especialmente no que diz respeito a como coordenar as diversas habilidades de produção e integrar as múltiplas correntes da tecnologia. Lei et al. (2001) Conjunto central de insights de definição e de solução de problemas que possibilitará à empresa criar alternativas de crescimento estratégico potencialmente idiossincráticas e para lidar, ao menos parcialmente, com seu ambiente. Tampoe (1994) Subsistema técnico ou de gerenciamento que integra diversas tecnologias, processos, recursos e conhecimentos para gerar produtos e serviços sustentáveis, vantagem competitiva única e valor agregado para uma organização. Fonte: Adaptado de Boas e Andrade (2009) 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 117 2.1. Da noção de competência à gestão por competências. Com todos estes conceitos em mente, fica claro que tanto competências quanto gestão por competências não representam um conceito fechado e pré-determinado. Ao contrário, trata-se de um assunto mais aberto, com diferentes abordagens. Saindo da noção de competências para a gestão por competências, a ideia que se sobressai é a utilização das contribuições dos funcionários, grupos, áreas, departamentos e da organização como um todo para contribuir como desempenho do todo organizacional. Independentemente da abordagem adotada, a gestão por competências buscará alinhar as competências dos funcionários e da organização à estratégia organizacional. Esta deverá buscar adquirir ou desenvolver as competências necessárias no longo prazo tanto para os seus colaboradores em suas carreiras quanto para a organização no seu futuro. Sobre este assunto, Carvalho, Nascimento e Serafim (2012) definem gestão por competências da seguinte forma: Consiste no instrumento que identifica as competências indispensáveis, incluindo conhecimentos e habilidades determinantes da eficiência e eficácia profissional, além de apontar as falhas ou deficiências de qualificação para atividades ou serviços especiais, proporcionando meios para aprimorar sua competência. Como consequência, optamos por um quadro formado de profissionais mais habilidosos e bem- sucedidos, possuidores de senso de responsabilidade e 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 117 autogestão mais acentuado e com probabilidade de obter desempenho superior. De uma forma mais ampla, podemos pensar em gestão por competências como a prática organizacional que busca identificar, desenvolver e adquirir as competências necessárias para que o desempenho global da organização possa ser melhorado. Como as competências estão, em grande parte, assentadas nas pessoas, é a partir das competências individuais que o desempenho individual é melhorado, gerando consequências nas competências e no desempenho organizacional. A ideia geral é que as competências individuais possam ser desenvolvidas de modo que as pessoas possam assumir responsabilidades cada vez maiores e atribuições com nível crescente de complexidade, aumentando as competências, o desempenho individual e organizacional. O foco está na trajetória futura do funcionário e da organização, e não nas necessidades atuais do espaço ocupacional (visão ampliada de cargo, para incluir as competências necessárias para realização de tarefas e entrega de resultados associados, visando o sucesso da organização)! Para Boas e Andrade (2009), a gestão por competências deverá passar por diferentes etapas: 1. Formulação da estratégia: é nessa etapa que a organização elabora o seu planejamento estratégico. Como a gestão por competências utiliza a estratégia da organização como base para adquirir e desenvolver competências, o planejamento estratégico é considerado como um passo da própria gestão por competências; 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 117 2. Definição dos indicadores de desempenho: é nesta etapa que os indicadores que possibilitarão à organização o acompanhamento da operacionalização de sua estratégia serão definidos. 3. Definição das metas: os indicadores apontam como deverá ser monitorado o desempenho da organização. As metas indicam qual o padrão de desempenho esperado, considerando as métricas definidas nos indicadores; 4. Mapeamento das competências: nesta etapa a organização deve identificar as competências que já possui, as competências necessárias para a execução de sua estratégia e, por fim, o gap (diferença ou lacuna) entre as competências atuais e as necessárias. Além disso, é importante que as competências identificadas nos funcionários sirvam de retroação (feedback) para que os mesmos possam identificar sua relação com as demandas organizacionais, tomando atitudes para seu autodesenvolvimento. 5. Planejamento de ações de gestão de pessoas (e sua implementação): se as competências atuais forem menores do que as necessárias, deverão ser tomadas decisões para acabar ou minimizar este gap. É nesta etapa que isto acontece. Como se pode ver, o mapeamento de competências é a base para que esta etapa possa ser bem realizada. 6. Feedback (retroação): é nessa etapa que se verifica se as ações decididas na etapa anterior foram ou não efetivas para minimizar o gap de competências, conforme desejado. Você deve ter em mente ainda que, logo após a retroação de informações para o processo de gestão de competências, considera-se que o 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 117 ciclo deve ser reiniciado, buscando-se uma constante adaptação das competências organizacionais às suas necessidades estratégicas. Tenha atenção: outras visões podem pensar de forma diferente. É possível, por exemplo, que as etapas 1, 2, e 3 (mencionadas acima) sejam consideradas parte do planejamento estratégico, e a gestão por competências se inicie apenas com o mapeamento das competências! Importante considerar ainda o que Pagès et al (1993) chamaram de objetivação e individualização. Objetivação refere-se à tradução, em termos quantitativos, o desempenho e as competências do indivíduo, buscando estimar o quanto sua contribuição ajuda no atingimento dos objetivos da organização. A individualização, por sua vez, é a estratégia de evitar a mobilização de trabalhadores por meio de reivindicações coletivas, por meio do reforço aos aspectos individuais. Na visão de Brandão e Guimarães (2001), o uso da gestão por competências, dessa forma, constituiria verdadeiro mecanismo de controle social e da manutenção das estruturas de poder sendo, mais do que instrumento de gestão estratégica, um exercício do pragmatismo de gestão. Como trata-se de um tema em plana construção, há a possibilidade de a banca encontrar algum modelo específico de qualquer outro autor e cobrá-lo na prova, além de visões diferentes sobre o papel das competências e sua gestão... - Carlos, e se isso acontecer na minha prova, o que eu faço? - Resposta: Se isso acontecer, tente identificar elementos que te ajudem a decifrar a questão para poder marcar! - Vamos em frente com o assunto... 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 117 2.2. Mapeamento e descrição de competências. Um ponto que deve ser destacado para o estudo da gestão por competências para concurso é a necessidade do correto mapeamento de competências necessárias e existentes. Para isso, é fundamental a realização da descrição das competências organizacionais e individuais necessárias. Essa descrição acontece com base no planejamento estratégico da organização, considerando opinião de especialistas, de chefes nos diferentes graus da hierarquia e do próprio funcionário. É importante que as competências descritas sejam objetivas e observáveis para que possam ser consideradas competências. Declarações de competências genéricas, fora dos critérios de objetividade e possibilidade de observação, tais como "conhecer os clientes e suas ideias sobre os produtos" fazem com que as pessoas tendam a dar a interpretação que melhor lhes convém, por isso devem ser evitadas. Já afirmações específicas e que demonstram ação, como "apresentar os benefícios dos produtos aos clientes, tendo em mente as objeções mais comuns ao fechamento de vendas" são consideradas competências. Para que se possa construir boas descrições de competências, é importante que: Sejam utilizados verbos de ação, que representem comportamentos observáveis como analisar, selecionar, comunicar, avaliar, fazer, organizar, formular, etc.; As descrições sejam validadas pelas partes interessadas e por pessoas-chave da organização, para evitar erros e inconsistências; Validar a compreensão das competências com os funcionários, para garantir que todos entendam quais as competências descritas. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 117 Por outro lado, é importante evitar realizar descrições de competências que: Sejam longas, cheias de termos técnicos ou de difícil compreensão pelas pessoas; Sejam ambíguas, permitindo mais de uma interpretação; Possuam obviedades e irrelevâncias; Apresentem a mesma informação mais de uma vez; Apresentem abstrações (lembre-se: é preciso ser o mais objetivo possível!) Utilize verbos que não expressam ações, tais como saber, apreciar, acreditar, pensar, etc. Tendo como base esses vários critérios para a correta descrição das competências, os responsáveis pelo mapeamento podem utilizar-se das seguintes técnicas para levantar dados sobre as competências necessárias: Análise da estratégia da organização para que sejam identificados com clareza e objetividade o que se deseja para o futuro da organização; Realização de entrevistas com os trabalhadores da organização para identificar as situações e desafios enfrentados no dia a dia. Normalmente se utiliza para incorporar a visão dos funcionários àquilo que já foi observado no planejamento estratégico. Observação do trabalho dos funcionários para identificar as competências que as pessoas e grupos de trabalho demonstram no dia a dia, e sua importância para atingir os resultados pretendidos. Quando comparado com a entrevista, tem como grande vantagem a possibilidade de verificação 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 117 prática das competências necessárias, que poderiam ser omitidas pelos funcionários. Utilização de questionários para identificar as competências necessária, estabelecendo a descrição correta das competências e a aplicação dos questionários. Os respondentes podem avaliar, por exemplo, o grau de importância de cada competência descrita para o seu trabalho. Em termos de técnica, é possível se utilizar de diferentes escalas de medição, tais como o diferencial semântico (significados opostos colocados em cada lado de um formulário para que o funcionário aponte, para uma competência, se é "MUITO IMPORTANTE" ou "NADA IMPORTANTE", por exemplo); Escala de Likert para que o respondente aponte o grau de importância de 1 a 5, como "1 - nada importante, 2- pouco importante, 3 - medianamente importante, 4 - muito importante, 5 - totalmente importante"; Escala comparativa para se comparar importância de uma competência com outra; Escala de ordenação para que o respondente crie uma ordem de importância para as competências descritas. A literatura especializada sugere a inclusão de dados sobre o respondente ao final do questionário, para que se possa realizar tratamentos estatísticos em relação aos seus dados (gênero, idade, renda, instrução, cargo, perfil profissional, tempo de organização, etc.). Uso de simulações para realizar suposições sobre o futuro do trabalho e do ambiente, para que se possa identificar as competências no mapeamento. Já na identificação das competências existentes geralmente é realizada por meio da avaliação de desempenho dos funcionários (por 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 117 competências), buscando se identificar as competências já existentes na organização. Ela envolve essencialmente a verificação da evolução do funcionário na carreira por meio do seu nível em uma determinada competência, ou pela obtenção de uma nova competência. Além disso, as metas estabelecidas também são importantes. Há uma preocupação com uma avaliação integral de conhecimentos, habilidades, atitudes, capacidade de mobilizar recursos e resultados obtidos, assim como a capacidade de desenvolver novas competências. Geralmente está associada à avaliação 360 graus, mas este modelo não é o único, sendo inclusive um modelo não recomendado para avaliar as competências técnicas. É importante lembrar ainda que o mapeamento só está completo quando se identifica também a lacuna (gap) de competências, sendo este a diferença entre as competências necessárias e as competências existentes na organização. Como consequência de uma avaliação de desempenho por competências e da identificação das competências necessárias (ou seja, do gap de competências) é possível se obter informações para decisões sobre investimentos em treinamento e desenvolvimento de pessoas, criação de um banco de talentos para desenvolvimento na carreira, estabelecimento das pessoas que mais merecem promoções na carreira, demissões, rotações de cargos, competências necessárias em processos seletivos, etc. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 117 2.3. Principais instrumentos para suprir a lacuna de competências. Considerando tudo o que estudamos até agora você precisa saber que a gestão por competências realizará ações necessárias para a superação da lacuna de competências, tais como: Impactos da avaliação de desempenho por competências: a prova pode considerar que a avaliação de desempenho é, por si só, um instrumento para suprir a lacuna de competências, já que ela identifica as competências atuais!! Recrutamento e seleção por competências: busca das competências existentes no candidato e da sua capacidade de desenvolver novas competências que sejam úteis para a organização no longo prazo, considerando a trajetória que o funcionário poderá percorrer na organização, e não apenas as necessidades do cargo atual; Capacitação por competências: realização de ações de capacitação voltadas para a superação das lacunas de competências. O foco é compreender que o funcionário terá uma trilha de aprendizagem que o conduzirá para os cargos futuros na carreira, e que a organização deve estar focada em desenvolvê-lo para essas futuras atribuições. Ainda assim, o treinamento para o cargo atual não deixa de ser realizado. Ele só deixa de ser o foco, que passa a ser nas ações de desenvolvimento de longo prazo. Certificação por competências: em vez de buscar certificar os funcionários de maneira tradicional, por simples cursos que buscam transmitir conhecimentos, as organizações buscam que seus funcionários sejam certificados em competências que se provem uteis, que realmente possibilitem a entrega de resultados relevantes para a organização. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 117 Definição de cargos por competências: busca-se o agrupamentodos cargos tradicionais de mesmo nível de complexidade, com conhecimentos e áreas de atuação segmentados, em cargos mais amplos, com maior espaço de atuação do funcionários. Os novos cargos possuem maior "espaço ocupacional", ou seja, tarefas mais interessantes, complexas, desafiadoras e motivadoras para os funcionários. O modelo de gestão por competências privilegia a noção de espaço ocupacional sobre a noção tradicional de cargos. Remuneração por competências: a remuneração deixa de ser paga simplesmente com uma parcela fixa mais uma parcela variável pelo esforço desempenhado. Na remuneração por competências têm-se a definição de faixas salariais amplas (chamadas broadbands) com base nas competências apresentadas pelos funcionários em relação as competências desejadas. Além disso, a parcela variável também considera as competências adquiridas dentro do escopo do plano de desenvolvimento de competências da organização. Trata-se de um modelo mais adotado com base na definição de cargos mais amplos, com ampliação do espaço ocupacional. Nesse caso, na remuneração serão considerados elementos como: novos conhecimentos adquiridos pelo funcionário, de acordo com o plano de capacitação da organização, habilidades úteis para o sucesso, proatividade, valor agregado para a organização, resultados entregues, etc. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 117 3. Cultura organizacional. Cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos por meio de valores, normas, atitudes e expectativas compartilhadas na organização. Ela representa o modo institucionalizado de pensar e agir da organização, sendo perceptível na forma que seus funcionários se comportam, na forma de realizar negócios, na lealdade dos funcionários, etc.. Trata-se das normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros da organização, direcionando suas ações para os objetivos organizacionais. Deste modo, os padrões culturais agem como um mecanismo de controle organizacional mais sutil do que os tradicionais. A sua prova pode cobrar uma versão mais interpretativa sobre cultura organizacional. Nesse sentido, é importante conhecer a definição de Schein sobre cultura organizacional para ver como ela pode ser definida de forma diferente em sua prova: “É o modelo de pressupostos básicos que um grupo assimilou na medida em que resolveu os seus problemas de adaptação externa e integração interna e que, por ter sido suficientemente eficaz, foi considerado válido e repassado (ensinado) aos demais (novos) membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas.” Há diversas classificações para a cultura organizacional. Quanto ao foco no indivíduo ou no grupo/equipes, podemos dizer que elas podem ser coletivistas ou individualistas. Culturas coletivistas são aquelas para as quais o grupo é mais importante que o indivíduo. É o caso da cultura nacional japonesa. No outro lado do espectro, encontram-se as culturas individualistas, 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 117 que estão mais centradas nos indivíduos, e não na coletividade. É o caso da cultura nacional norte-americana. A depender se a cultura é mais coletivista ou individualista, ela exercerá controle sobre o comportamento dos indivíduos de diferentes maneiras. No caso das culturas coletivistas, a pressão social externa é a principal forma de controle exercida pela cultura sobre seus indivíduos, sobretudo de forma implícita nos comportamentos dos membros do grupo, como quando um colega "olha de lado" para o outro que sempre chega atrasado. Nas culturas individualistas, por sua vez, é comum que o próprio indivíduo realiza o seu controle, por isso chamado de controle interno. O sentimento de culpa exerce papel primordial, dando destaque ao autorrespeito que os indivíduos sentem. Ainda assim, neste tipo de cultura, é comum a existência de mecanismos explícitos de avaliação de desempenho. Na visão de Charles Handy (1976, apud Estrada, 2001) as organizações podem ter quatro tipos de cultura, de forma geral: Tido de cultura Descrição Cultura do Poder Normalmente encontrado em pequenas empresas e depende de uma fonte central de poder. É uma cultura com poucas regras, procedimentos e burocracia, controle centralizado, e decisões baseadas no equilíbrio de influências de poder entre os membros. São organizações fortes e orgulhosas, reagindo bem a ameças e perigos, mas que dependem dos indivíduos com mais poder, pois a organização se torna reflexo deles. Para o sucesso de longo prazo, é preciso tomar cuidados no processo sucessório. Há muita confiança no indivíduo e pouca em comitês. O foco é no resultado e há tolerância quanto aos meios. O poder dos recursos e o poder pessoal são a base do poder na organização. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 117 Cultura de Papéis É uma organização mais burocrática, com funções especializadas e fortes por si só. Seu desenho se assemelha a um templo grego, onde cada área é uma das grandes colunas que sustenta a organização. Nela, os papeis desempenhados e o trabalho em si são mais importantes que o indivíduo. O foco é no trabalho padronizado, sem risco, especializado. Estas organizações apresentam sucesso em ambientes estáveis, mas são frágeis em ambientes instáveis, por serem lentas na adaptação. Economias de escala são mais importantes do que flexibilidade, e especialização é mais importante que inovação. Cultura de tarefa É orientada para trabalhos específicos, tarefas e projetos, reunindo recursos apropriados para realizá-los. Há influência do poder pessoal e da posição, mas o peso maior está no poder do especialista em cada tarefa (poder de perito). O trabalho em equipe é valorizado para que se possa unir o grupo, aumentando sua eficiência e identificando o objetivo da organização com o do indivíduo. É um tipo de cultura relevante para dar flexibilidade e sensibilidade em relação ao ambiente. Há dificuldades no controle destas organizações, que é mantido pela alta gerência através da distribuição de projetos, pessoas e recursos. Cultura da pessoa É voltada para o indivíduo. Nela, a organização existe para ajudar os indivíduos que estão nela, atendendo aos interesses de cada um. Controle e hierarquia só funcionam se houver consentimento mútuo, já que os indivíduos podem sair da organização, mas dificilmente ela pode excluir os indivíduos. A influência das pessoas é difusa e os peritos exercem o poder quando necessário. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 117 É comum encontrar indivíduos que preferem esta cultura, mas que trabalham em organizações com outras culturas, já que este tipo é raro. Fonte: Organizado pelo autor com base em Estrada, 2001. Estrada (2001) menciona ainda a cultura da inovação, introduzida por Luiz Gaj (1990). Segundo ele: Cultura da Inovação A organização que tem este tipo de cultura aceita e estimula a criatividade.A inovação está dirigida aos negócios. A finalidade de cada negócio é clara e os recursos são alocados de acordo com as prioridades estabelecidas. Pela ótica desta cultura, podemos deduzir que poderão também existir estágios de cultura que estarão ligados aos estágios de desenvolvimento da organização. Desta forma durante a evolução da organização é possível que a cultura se modifique lentamente até atingir as formas atuais. DAFT (2003, p.297) propõe outras tipologias para a cultura organizacional, especificamente: cultura de adaptabilidade/iniciativa; cultura de Missão, Cultura de Clã e Cultura Burocrática. Ele considera que dois fatores influenciam a cultura: o grau de estabilidade/flexibilidade exigido pelo ambiente e o foco estratégico ser interno ou externo. Vejamos detalhes: Tido de cultura Descrição Cultura de adaptabilidade / iniciativa Possui foco no ambiente externo, sendo flexível para atender as necessidades dos clientes. Valoriza inovação, criatividade e riscos, estimulando a detecção e reação aos fatores do ambiente. Exemplos de organizações que 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 117 costumam adotar esse tipo de cultura são as empresas de marketing, de cosméticos e eletrônica. Cultura de Missão Apresenta estabilidade no seu direcionamento, mas busca atender os clientes externos. Não possui necessidade de mudança rápida na sua atuação. Costuma haver visão clara dos objetivos e metas, funcionários responsáveis por desempenho, prêmios para alcance das metas, gerentes que moldam o comportamento pela concepção e comunicação da organização, elevada competitividade e orientação para os lucros. Cultura de Clã Foco interno, no envolvimento e participação dos próprios funcionários, mas tendo em conta a necessidade de se adaptar a mudanças rápidas no ambiente externo, o que exige flexibilidade. Nessa cultura, considera-se que as necessidades dos funcionários são um caminho para o alto desempenho, crença dos gestores de que o envolvimento e participação aumentam a responsabilidade, o comprometimento, e a valorização da criatividade dos funcionários. Exemplos comuns dessa cultura são as empresas de moda e varejo. Cultura Burocrática Possui foco interno e é voltada para a estabilidade na sua relação com o ambiente. Alguns elementos a caracterizam, tais como símbolos, heróis e cerimônias como forma de transmissão de uma cultura estável. É voltada para a eficiência, cumprimento de políticas e metas. Alguns funcionários veem essa cultura como opressiva e controladora. Fonte: Organizado pelo autor com base em Daft, 2003. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 117 Em outras palavras, para facilitar sua memorização: Necessidade do ambiente --->> ------------------- Flexibilidade Estabilidade Foco estratégico externo Cultura de Iniciativa / Adaptabilidade Cultura de Missão Foco estratégico interno Cultura de Clã Cultura Burocrática Fonte: Elaborado pelo autor. Pode-se afirmar ainda que a cultura pode ser forte ou fraca. A cultura forte é aquela que é compartilhada por todos os membros da organização, havendo pouca divergência de opiniões sobre seus pontos principais e alto impacto sobre o comportamento dos funcionários. A cultura fraca é aquela que não está amplamente enraizada em todos os membros, por isso eles possuem várias divergências sobre suas questões culturais centrais, gerando baixo impacto no comportamento dos funcionários. A cultura organizacional pode ser ainda adaptativa ou conservadora. Culturas adaptativas possuem características que fazem com que elas se adaptem mais facilmente a mudanças de padrões, paradigmas, normas, comportamentos, etc. As culturas conservadoras são justamente o contrário: favorecem a manutenção das coisas do jeito que estão. Nela, as ideias certas são as que já existem, os paradigmas devem ser mantidos, etc. Aprofundando mais a discussão, precisamos entender o que está dentro das culturas organizacionais. Robbins et al. (2010) argumentam que 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 117 existem sete características essenciais que ajudam a capturar a essência da cultura de uma organização. Para considerá-las, é preciso entender que, para cada uma delas, as organizações podem dar muita ou pouca ênfase, existindo inúmeros pontos intermediários entre esses dois extremos. As sete características estão dispostas a seguir: 1. Grau de inovação: trata-se do grau de estimulo dado aos funcionários para que sejam inovadores e assumam o risco da inovação; 2. Atenção aos detalhes: trata-se da precisão, análise e cuidado com os detalhes que se espera dos funcionários; 3. Orientação para resultados: trata-se do grau no qual o foco da direção está direcionado aos resultados e não aos processos e técnicas utilizados para alcançá-los; 4. Foco na pessoa: trata-se do grau em que a direção da organização considera o impacto de suas decisões sobre o seu pessoal durante o processo de tomada de decisões; 5. Foco na equipe: trata-se do grau em que a organização do trabalho está mais voltada para as equipes e não para os indivíduos; 6. Agressividade: trata-se do grau de agressividade e competitividade das pessoas na organização, em oposição à tranquilidade que poderia existir; 7. Estabilidade: trata-se do grau de estabilidade enfatizada pela organização, que busca a manutenção do status quo ao invés do crescimento organizacional. Devemos entender ainda que a cultura não é uniforme por toda a organização, havendo uma cultura dominante - que representa os valores essenciais compartilhados pela maioria dos membros da organização - e subculturas - que são valores compartilhados por grupos específicos da organização. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 117 Uma empresa famosa por possuir uma cultura agressiva, pouco estável e com orientação para resultados é a AMBEV. Tratam-se de traços marcantes de sua cultura dominante. Apesar disso, a subcultura de um centro de pesquisas da empresa é substancialmente diferente daquela de uma base de distribuição de bebidas, uma vez que, na primeira, o foco pode recair mais sobre a valorização da inovação, enquanto na segunda, a necessidade de inovação será menor e, potencialmente, esse valor estará menos enraizado. Alguns aspectos da cultura organizacional são mais facilmente perceptíveis do que outros. Voltemos ao caso da AMBEV. A estratégia de remunerar os executivos por meios de grandes bônus associados aos resultados é facilmente perceptível e associável à sua orientação para os resultados. Apesar disso, certos comportamentos do grupo de funcionários, que podem “deixar de fora” as pessoas que não apresentam desempenho satisfatório, podem existir em culturas desse tipo, mas são de difícil detecção. O caso da AMBEV deixa claro ainda uma outra coisa: as organizações podem criar conscientemente a sua própria cultura de diferentes formas, partindo, muitas vezes, da visão dos lideres organizacionais,da missão organizacional, dos valores organizacionais, dos padrões e princípios estabelecidos pela alta cúpula organizacional ou pelos fundadores. A AMBEV é competitiva e orientada para resultados por conta de uma decisão empresarial, que serviu de base para a criação de mecanismos que fortalecessem estes aspectos em sua cultura organizacional. Você deve ter em mente também que a cultura organizacional possui diferentes dimensões. Kanaane (1999) considera que a cultura organizacional como sendo composta de três dimensões: Material: é uma dimensão relativa ao sistema produtivo da organização. Psicossocial: dimensão relativa ao sistema de comunicação e à forma de interação dos membros da organização. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 117 Ideológica: é a dimensão relativa ao sistema de valores da organização. Um outro ponto bastante cobrado em concursos é o iceberg da cultura organizacional. Os aspectos formais e visíveis e os informais e invisíveis da cultura organizacional formam o iceberg da cultura organizacional que possui, no topo, os aspectos visíveis da cultura organizacional, enquanto vários outros aspectos estão submersos abaixo da “linha d’água”. O iceberg é apresentado na figura a seguir: Pessoal, vocês devem ter em mente ainda que o iceberg pode ser estruturado em função dos níveis dos componentes da cultura organizacional, que são 3: Aspectos formais e visíveis Estrutura organizacional Títulos e descrições de cargos Objetivos e estratégias Tecnologia e práticas da organização Políticas e diretrizes explicitas da empresa Métodos e procedimentos utilizados Outras questões visíveis Aspectos informais e invisíveis Valores Expectativas Padrões de influência e poder Percepções e atitudes das pessoas Sentimentos e normas de grupos Interações informais típicas Normas de como agir em grupo Afetividade Etc. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 117 1. Artefatos: São visíveis, superficiais e perceptíveis. Quando eu penso em “artefatos” penso em antiguidades de colecionadores, como vasos antigos, por exemplo, que nada mais são do que artefatos da cultura que os produziu. Assim é certeza de acertar na prova: eles são visíveis! Representam o primeiro nível da cultura organizacional. Símbolos, heróis, lemas, eventos da organização são exemplos de artefatos. No caso da AMBEV, poderíamos pensar nos treinamentos dados ao funcionário para vender cada vez mais e nos prêmios em dinheiro e em benefícios para funcionários de alta performance. 2. Valores compartilhados: Eles não são visíveis, pois estão enraizados nas pessoas. Constituem o segundo nível da cultura organizacional e funcionam como justificativas para o seu comportamento. Como já vimos, o valor de agressividade e foco nos resultados é dominante na AMBEV. Os valores geralmente são explicitados na estratégia empresarial, representando aquilo que é importante para nortear a organização no caminho para o sucesso. Não custa nada dizer: NÃO se trata de dinheiro, pessoal. 3. Pressuposições básicas: É o terceiro nível da cultura organizacional, sendo o mais intimo, profundo e oculto da cultura. É aqui que se encontram as crenças inconcientes, percepções, tabus, sentimentos e pressuposições básicas que regem o pensamento das pessoas. Muitas vezes a 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 117 maneira de se fazer as coisas na organização é regida pelas pressuposições básicas Destaco outros importantes elementos da cultura: Tecnologia: é o conjunto de conhecimentos e ferramentas utilizadas para resolver os problemas e executar tarefas; Símbolos: são artefatos representados por comportamentos, objetos e imagens que carregam mensagem e significados; Heróis: são artefatos da cultura que servem como imagem do sucesso obtido por algum indivíduo em algum momento crucial para a organização. Geralmente são representados pelos fundadores ou por algum executivo ou funcionário de elevada relevância para o sucesso passado e presente da organização, servindo como forma de comunicar a cultura. É importante destacar que, para que se realize um diagnóstico cultural na organização, diversos instrumentos devem ser utilizados a fim de capturar os diversos aspectos da cultura organizacional. Entre eles, destacam- se as entrevistas, pesquisas de opinião, questionários, observação, análise de documentos, pesquisa etnográfica e outras técnicas quantitativas e qualitativas. Quanto à aprendizagem da cultura organizacional pelos funcionários, ela se dá através de diferentes formas. As mais importantes para a aprendizagem da cultura são as histórias, rituais, símbolos e linguagem. Vamos ver cada uma delas: Histórias e mitos: São constituídas pelos contos e histórias sobre o fundador da organização, memórias sobre momentos críticos para a organização, regras de conduta, etc. Na cultura 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 117 organizacional, os acertos e erros da organização no passado são a base para a legitimação das práticas atuais. Rituais: São sequencias de atividades repetitivas na organização que reforçam a forma de pensar e agir vigente e os valores organizacionais. Sob outra perspectiva, considera-se que ritual é um conjunto de técnicas e comportamentos padronizados que lida com ansiedades, mas que raramente produz consequências práticas (Trice e Beyr, 1985, apud Huppes, 2008). Eles reforçam quais são os objetivos mais importantes, quais as pessoas que são importantes e quais são dispensáveis (Robbins, 2010). Símbolos materiais: A organização física do local de trabalho, a arquitetura, o tamanho dos móveis e o layout do escritório, etc., tudo isso ajuda a definir o grau de diferenciação entre as pessoas e os comportamentos tipicamente aceitos. Constituem a comunicação não verbal da organização. Linguagem: a linguagem é um meio de identificação efetivo das pessoas dentro de uma cultura ou subcultura da organização. Formas de falar, gírias próprias, tons de fala, maior ou menor formalização da linguagem, etc. fazem parte da cultura organizacional e, para pertencer ao grupo, os indivíduos devem estar adequados também à linguagem adotada. Ritos: são atividades mais elaboradas, dramáticas e planejadas que consolodam várias formas de expressão cultural em um evento e que têm consequências práticas expressivas (Trice e Beyer, 1985, apud Huppes, 2008). Para Beyer e Harrison o ritos podem ser de diferentes tipos, conforme apresentado no quadro: 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 117 Tipos de ritos Exemplos Manifestação, consequências sociais expressivas Exemplos de possíveis consequênciasexpressivas Ritos de passagem Iniciação e treinamento básico no Exército dos EUA Facilidade de transição de pessoas dentro dos papéis sociais e estatutos que são novos para estas - Minimizar mudanças nas formas como as pessoas cumprem seus papéis sociais - Restabelecer o equilíbrio nas relações sociais em andamento Ritos de degradação Substituição de altos executivos Dissolução das identidades sociais e do seu poder - Acusar publicamente a presença de um problema existente e os seus detalhes - Defender as fronteiras do grupo através da redefinição de quem permanece e de quem não pertence mais ao mesmo - Reafirma a importância social e o valor dos papeis envolvidos Ritos de reforço ou confirmação Seminários da Mary Kay Cosmetics Reforço das estruturas sociais e do seu poder - Divulgar as boas notícias sobre a organização - Proporcionar o reconhecimento público das pessoas para as suas realizações e motivas outros esforços semelhantes - Habilitar a organização para levar algum crédito por realizações individuais - Enfatizar os valores sociais relacionados à performance dos papéis sociais Ritos de renovação ou reprodução Atividades de desenvolvimento organizacional e assistência ao empregado. Remodelagem das estruturas sociais e melhoria nas suas formas de funcionamento - Tranquilizar os membros de que alguma coisa está sendo feita no que diz respeito à solução dos problemas - Disfarçar a natureza dos problemas - Adiar o reconhecimento do problema - Focar a atenção em alguns problemas em função de outros - Legitimar e reforçar os sistemas existentes de poder e autoridade 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 117 Ritos de redução de conflitos Negociação coletiva Redução dos conflitos e da agressividade - Desviar a atenção para a solução de problemas - Compartilhamento dos conflitos e dos seus efeitos perturbadores - Restabelecimento do equilíbrio em relações sociais perturbadas Ritos de integração Festa de Natal do escritório Encoraja e revive sentimentos - Permite a manifestação de emoções e do afrouxamento temporário de várias normas - Reafirmar e reiterar, através do contraste, a correção moral das normas habituais. Fonte: elaborado pelo autor com base em Huppes (2008) Ainda sobre ritos, vamos ver o que Huppes (2008) diz de cada um dos tipos existentes: Os ritos de passagem são utilizados, principalmente, na entrada e inserção do indivíduo no meio organizacional, quando esse passa pela fase primária de socialização. Também são adequadamente empregados na mudança de papéis e status profissional, facilitando a transição dos indivíduos. Os ritos de degradação estão associados à dissolução de identidades sociais e perda de poder de um indivíduo. Geralmente, este, além de ter sua imagem denegrida e associada a algum fracasso, é excluído do cargo ou status que ocupa. Já os ritos de reforço ou confirmação, ao contrário dos ritos de degradação, têm como objetivo divulgar e exteriorizar os resultados positivos e o sucesso, fortalecendo identidades socia is e seu poder. Dessa forma, 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 117 estes ritos estimulam a motivação dos membros da organização. Os ritos de renovação ou reprodução são os que se relacionam ao fortalecimento das atividades de crescimento e desenvolvimento gerencial e organizacional. Devido à instabilidade do contexto organizacional, esses ritos vêm sendo utilizados de forma intensa pelas empresas. Os ritos de redução de conflitos são vistos como uma forma de criar meios para a convergência de opiniões ou posições organizacionais com a finalidade de reduzir os conflitos e agressões. Os ritos de integração encorajam, revivem e enaltecem os sentimentos comuns, procurando criar espaço para uma integração de diversas correntes distintas, em torno de um objetivo único, de acordo com as necessidades e expectativas da organização. Esse tipo de rito agrega e mantém os indivíduos em um sistema social. Como foi visto, a cultura exerce forte influencia sobre a organização como um todo. Destaco ainda que a cultura organizacional também exerce forte impacto sobre o seu desempenho econômico. Em ambientes bastante competitivos, onde as mudanças e incertezas são predominantes, é notável que a cultura pode exercer um impacto mais forte sobre o desempenho e os resultados organizacionais do que o aspecto físico da estrutura, seus sistemas e estratégias utilizados. Se a cultura for compatível com esse ambiente, favorecerá o bom desempenho. Se não for, poderá levar a organização a um desempenho ruim. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 117 Na verdade, em ambientes turbulentos, a cultura deve ser mobilizada em seus aspectos mais apropriados com o objetivo de ajudar a organização a enfrentar a realidade de curto prazo que se apresenta. Se a cultura se mostrar inadequada para a realidade organizacional de longo prazo, ela poderá ser modificada, apesar de se tratar de uma mudança difícil e demorada. As culturas só mudam no médio e no longo prazo, pois demoram muito para sofrer modificações por conta de seu caráter profundamente arraigado nas pessoas. Além disso, mesmo mudando, há uma tendência de que a cultura mantenha a sua “personalidade”, que são os seus traços e valores mais profundos. Sobre este assunto, você deve saber ainda que o fato da cultura organizacional ser profundamente arraigada e difícil de ser modificada pode constituir uma importante barreira à mudança organizacional, especialmente em culturas fortes (e não fracas) e conservadoras (e não adaptativas). - OK Carlos, mas o que é cultura empresarial? - R.: O termo cultura empresarial é, muitas vezes, tido como sinônimo de cultura organizacional, mas podemos dizer que ele é mais específico. Deve ser destacado que por ser empresarial este conceito de cultura está relacionado diretamente com empresas, que são organizações que exploram economicamente alguma atividade, ou seja, que visam o lucro. Assim como a cultura organizacional é marcada pelos aspectos culturais do ambiente como um todo, a cultura de uma empresa também é marcada por aspectos externos, em especial do seu ramo de atividade. Assim, ela possui tanto aspectos internos quanto externos. 52949494234 52949494234 - Ricardo Lopes Noções de Administração Pública p/ TRT-RO e AC (todos os cargos) - Teoria e Exercícios. Prof. Carlos Xavier - Aula 11 Prof. Carlos Xavier www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 117 Bancos comerciais, por exemplo, costumam partilhar aspectos culturais voltados para o desempenho e cumprimento de metas e para a interação com os clientes, por exemplo. Além disso, podemos dizer ainda que a empresa, é uma cultura organizacional única, com suas próprias características, representadas na forma de pensar e de agir de seus colaboradores, diferenciando-se das demais. Com isso em mente, vamos revisar rapidamente as principais vantagens e desvantagens da cultura organizacional. 3.1. Vantagens e desvantagens da cultura organizacional. Neste tópico, vou destacar rapidamente as principais
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