Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
01 anuário Textos completos do Caseto (2021-2022) em claracorbelhe.gal Clara Corbelhe, julho 2023 Edita: Espaço Clara Corbelhe, entidade social sem ânimo lucrativo, com CIF G42990275, inscrita com número 2021/024525-1ª do Rexistro Central de Asociacións da Xunta de Galicia. Santiago de Compostela (Galiza). info@claracorbelhe.gal www.claracorbelhe.gal ISSN: 2951-6986 Tipo de letra: Atlantica Serif, Marcos Dopico Staff Wide, R-Typography Imagem original da capa/contracapa: Romero. Corcubiom, 1921 Impressão Sacauntos Coop. Gráfica És livre para copiar, distribuir, exibir e executar a obra, sob as seguintes condições; • Atribuição. A utilizadora deve dar credito à autora original, da forma especializada polas autoras ou polo licenciante. • Partilha nos termos da mesma licença. Se alterares, transformares o criares outra obra com base nesta, só poderás distribuir a obra resultante através de uma licença idêntica a esta. • Uso não comercial. Não podes utilizar esta obra para fins comerciais. Sumário Prólogo Pensamento crítico e transformaçom social: onde estamos e que podemos fazer? Isaac Lourido O Caseto Galiza e os novos casticismos culturais: unha segunda Transición? Pablo Pesado Pensamento e militância: desencontros e reencontros Antom Santos Loita anticolonial ou loita hexemónica? Os marcos estratéxicos do nacionalismo galego Pedro M. Rey-Araújo Un ciclo sobre unha páxina en branco Daniel Rodríguez Cao Alén do país das merendiñas: por unha crítica emancipadora da representación cultural da alimentación na Galiza María Liñeira 9 21 23 31 39 47 55 Psicogeografia do cinema galego: política, ruralismo e vanguarda Alberte Pagán Que queiram, que não, ‘Espanha’ é uma nação! A espanholidade como dispositivo de poder e controlo Borxa Colmenero Cara a unha filosofía galega: éthnos, institución e vida Roberto Abuín Se tocan a unha, tócannos a todas: o asasinato de Samuel e a resposta colectiva Ana Amigo Ventureira Así nos pasan pola pedra: a dominación social na Galiza Isidro Dubert Para uma (re)interpretação do surto do ILG José João Rodríguez Rodrigues Unha copla para abrir xanelas: regueifa e transformación política Sara P. Marchena A tradución da cultura galega ao inglés: internacionalización ou performance? Laura Linares A «vivenda normalizada» como instrumento de colonialidade: o caso dos planos de desmantelamento dos asentamentos precarios galegos Cristina Botana A guitarra, viola, violão: um instrumento galego Isabel Rei Samartim 63 71 79 87 95 103 113 121 129 137 Poderia o Bloque Nacionalista Galego empregar a bandeira sem estrela com normalidade? De bandeiras e radicalismos fetichistas César Caramês Olhares compartidos: um diálogo entre fotografias de mulheres labregas galegas Lucybeth Arruda A memesfera galega em Instagram: abraçar a heteroglossia Daniel Amarelo Un Pacífico Occidental español: o papel da antropoloxía na Galiza autonómica Pablo Pesado O trans nos corenta anos de Orgullos na Galiza Daniela Ferrández Pérez A novela galega sobre a fin da Cuba colonial española en 1898: A Campaña da Caprecórneca de Luís Otero y Pimentel Olivia Rodríguez González Onde o mundo se chama Casaio Lara Barros Alfaro Sobre as autoras 145 153 163 171 179 187 193 201 Prólogo Pensamento crítico e transformaçom social: onde estamos e que podemos fazer? Isaac Lourido Em abril de 2010, no blogue Quantas letras para um rio apareceu publicado um post sobre «Redes: Conhecimento fora da academia». Naquele texto, produzido por uma equipa de que eu fazia parte, era mencionado um conjunto de iniciativas que, um pouco por toda a Galiza e com meios, objetivos e horizontes de trabalho bastante dife- rentes, tinham em comum o estímulo do pensamento crítico e umha certa abertura ao trabalho colaborativo e à pedagogia social, fora das margens do trabalho estritamente partidário. Entre eles, os grupos de estudo criados em centros sociais como A Fouce (Bertamirans) ou o Mádia Leva (Lugo), a atividade regular da Escola Popular Galega, o núcleo de projetos organizados à volta da Universidade Invisíbel (Teatro Resoante, Proxecto Derriba, Caosmosis, Ergosfera, Virus Her- menéutico), passando pola atividade híbrida, a meio caminho entre o ativismo e a formaçom, de centros sociais como o corunhês Atréu (que acolhia umha Asemblea de Precarias en Formación ou umha Rede de Dereitos Sociais). Também eram referidos projetos mais vi- rados para a intersecçom entre pensamento crítico e criaçom artís- tica, como Baleiro ou Alg-a, bem como outros que pretendim criar 10 01 anuário dinámicas pedagógicas horizontais, como a Universidade Popular de Corcubiom ou a desenvolvida por PreSOS Galiza em Compostela. Quem quiger verificar o estado daqueles projetos treze anos mais tarde, encontrará que praticamente todos eles se encontram hoje em dia, e muitos desde há bastante tempo, desativados. Umha das causas principais é o peculiar ritmo de funcionamento histórico dos movi- mentos sociais, que tendem a alternar momentos de expansom com momentos de contraçom, sempre em dependência, em boa medida pola sua natureza antagonista, das mutaçons que as várias formas de hegemonia adotam em cada momento histórico. Mas para melhor compreender o declínio de todos estes projetos –e, podemos adiantar já, a ausência na atualidade de umha rede tam heterogénea e dispersa por todo o território como a existente em finais da primeira década do século XXI– parece necessário levar em conta um conjunto alargado e complexo de fatores. Que foi o que aconteceu entre 2010 e 2023 da perspetiva dos movi- mentos sociais críticos e da produçom de um pensamento antagonis- ta? Parece impossível negar o grande impacto que a chamada Grande Recessom tivo nom só em relaçom ao tipo de iniciativas referidas mas, em geral, ao conjunto das classes trabalhadoras e das grandes maio- rias sociais. Grande Recessom para a qual, já agora, a esquerda crítica parece nom ter acabado de construir umha análise e umha narrativa minimamente consensual: crise verdadeira do sistema financeiro e político ou estafa a grande escala?, canto de cisne do capitalismo ou manobra do próprio sistema para fortalecer a sua própria hegemonia? Dentre os seus efeitos, talvez o mais importante para o foco colocado neste texto seja a precarizaçom geral das condiçons de vida das pes- soas (experimentada, cada vez mais, nom apenas como precariedade 11Isaac Lourido no plano económico, como também nos cuidados, na saúde e na in- tegraçom social) e a agudizaçom de umha tendência migratória que nunca deixara de estar mais ou menos presente e que, como é sabido, costuma notar-se com mais intensidade nas camadas mais novas da sociedade. Mas há outros fatores que podem ser levados em conta, com maior ou menor peso, mas que afetárom diretamente alguns dos projetos e redes que, nos inícios da década passada, se mostravam preocupadas pola produçom de um pensamento crítico na cena cultural e ativista galega. Um desses fatores foi a repressom do estado contra vários movi- mentos políticos e, especialmente, contra o setor do independentismo que se tinha mostrado mais decidido na tentativa de construir e de socializar, dentro de uns determinados limites, um novo quadro ideo- lógico para o arredismo, adequado para a Galiza de inícios do século XXI e desligado sem complexos de determinadas ortodoxias paralisan- tes. Essa vaga repressiva nom apenas privou de liberdade agentes fun- damentais, como também fragilizou notavelmente redes militantes, espaços de encontro e de trabalho, até o ponto de fazer desaparecer muitos deles, e limitou decisivamente a necessária renovaçom gera- cional, numha dinâmica que, infelizmente, ainda nom conseguiu ser restaurada. Para a análise do mesmo período histórico, nom pode deixar de ser referida a descapitalizaçom experimentadapor vários movimentos sociais no contexto do chamado «assalto institucional», quer dizer, da aposta de determinados agentes, setores e redes por umha par- ticipaçom alegadamente crítica no jogo eleitoral e no governo das instituiçons, nomeadamente na escala local, mas nom só. Essa expe- riência tivo umha versom galega suficientemente conhecida, ainda 12 01 anuário que talvez ainda insuficientemente estudada, avaliada e ponderada nos seus efeitos –há, porém, alguns bons textos neste livro sobre isso, como os assinados por Daniel R. Cao ou Adrián Búa e Jonathan Davies. O que parece claro é que vários dos projetos militantes ou das redes ativistas de que surgírom um número nada desprezível dos novos qua- dros políticos para esta estratégia política acabárom por desaparecer e, o que é talvez mais importante, que para esses agentes se tratou de um caminho sem retorno, sem possibilidade real de reincorporaçom a cenários de participaçom social e intelectuais desligados das margens institucionais. Por outro lado, a veloz mutaçom do espaço virtual –pouco tem a ver a Internet de 2010 com a de 2023– e o seu reforço como paradigma he- gemónico nos planos informativo, comunicativo e discursivo acabaram por mudar significativamente o sentido da participaçom política. É este um paradigma disperso e difuso, mas muito eficaz nas suas possibili- dades para aplicar o controlo, a censura e as várias formas de homoge- neizaçom intelectual, bem como tremendamente limitado nas suas possibilidades contra-hegemónicas. Se há umha década [...] Se há umha década, para projetos como os mencionados, a Internet funcionava em boa medida como como mais um canal de divulgaçom social e como ferramenta para o armazenamento e a partilha de materiais (a luta pola cultura livre foi intensa naquel primeiro decénio, mas parece hoje em dia arrombada ou distorcida no seu sentido último), no período mais recente parece ter-se consolidado o paradigma da participaçom política virtual como mais umha possibilidade factível e reconhecida, quando nom a privilegiada por alguns projetos. A capacidade para chegar a um número mais alargado de pessoas, para comunicar pessoas afastadas fisicamente ou até para favorecer a conciliaçom entre as esferas política 13 pessoal e laboral ou académica nom parecem até este momento com- pensar os vários défices detetados nesta virtualizaçom da militância: dificuldades para o desenvolvimento de debates produtivos, descui- do dos afetos e incremento da violência discursiva, inflaçom de egos normalmente masculinos e desconexom das realidades e dos conflitos sociais materiais e tangíveis. Várias das dinâmicas agora referidas, como é bem sabido, vírom-se intensificadas pola pandemia da COVID-19. Outro acontecimento para que a esquerda crítica parece continuar sem ter umha análise crítica suficientemente fundamentada, fora a constataçom de umha certa mudança de época, talvez assente numha abstrata desconfiança para com a infalibilidade do ser humano e na necessidade de umha visom estratégica em em que a relaçom ser humano-planeta se configure com propostas radicalmente antagónicas às conhecidas, também às promovidas pola esquerda mais clássica. O que parece claro é que o confinamento e as outras políticas restritivas aplicadas ao conjunto da populaçom conseguírom quebrar dinâmicas consolidadas de encontro, camaradagem, co-aprendizagem e açom de rua, até o ponto de compro- meter a viabilidade de um número significativo de espaços militantes, físicos ou institucionais. Fôrom talvez os feminismos, movimentos com maior capacidade transformadora e de agregaçom social do nosso tempo, quem melhor soubêrom enfrentar alguns dos entraves que o último lustro colocou para o necessário dinamismo do pensamento e da açom política. O extenso e sólido trabalho sobre a esfera dos cuidados, a capacidade de adaptaçom a contextos adversos e mutáveis, a aposta por meca- nismos amplos de inclusom (ainda à custa, se calhar, de umha certa indefiniçom ideológica e estratégica), o uso de táticas ativistas diver- Isaac Lourido 14 01 anuário sas e heterogéneas, com horizontes de eficácia específicos em cada contexto, parecem ser o fruto de um demorado trabalho de reflexom coletiva dos feminismos galegos em múltiplos níveis. Sem esquecer as dinâmicas de funcionamento ordinário dos coletivos consolidados ou as tensons próprias dos foros partilhados para as açons a mais grande escala, nestes últimos anos vimos aparecer –só citaremos alguns exem- plos dispersos– espaços de pensamento como a Asociación de Estudos Laborais Feministas (Aselafem) e iniciativas no plano da comunicaçom como a Revirada-Revista Feminista Galega, a consolidaçom de A Sega como espaço de crítica literária e cultural ou a emergência de nume- rosos clubes de leitura feminista um pouco por todo o território. Tudo isto constitui, sem dúvida, o reverso desse balanço mais incerto que até agora foi sendo apresentado. Se regressarmos por um momento ao post inicialmente referido, observaremos que aparecia enquadrado no contexto de umha crítica à universidade que surgia da chamada Declaraçom de Bolonha. Esta declaraçom intervinha de maneira decisiva na configuraçom dos pla- nos de estudos a nível europeu, na planificaçom da docência e, em menor medida, no âmbito da investigaçom. Como sabemos, o novo quadro foi denunciado pola tendência à mercantilizaçom dos saberes e pola cedência global aos interesses do capitalismo num âmbito de prospeçom tam decisivo para os mercados laborais como o do ensino superior. De algumha maneira, fazia-se referência à existência dessas redes de pensamento crítico fora da academia como espaços neces- sários e como horizontes de esperança, frente a umha universidade em que toda produçom intelectual disruptiva com o estado de cousas estava em vias de esgotamento ou, diretamente, era impossível de ser levada a cabo. 15 O certo é que, mais de umha década depois, o trabalho docente e investigador precarizou-se notavelmente no ensino superior, o que de certa maneira pareceu provocar umha diminuiçom da universidade como esfera de reproduçom social e, ainda, como âmbito de disputa de poder, agora talvez redistribuído em espaços mais diversificados de incidência social. A universidade nom deixou de ser, obviamente, umha instituiçom estruturalmente hierárquica, que refrata com as suas espe- cificidades as hegemonias e as desigualdades (também os conflitos) da sociedade em que se insere. Mas podemos afirmar, como parecia querer deslizar-se no post comentado, que fôrom eliminadas as margens para levar a cabo qualquer classe de investigaçom crítica no seu interior? Todo parece indicar que umha sentença desse tipo seria bastante re- ducionista e nom acabaria de representar umha visom completa do panorama investigador galego na atualidade. A pesquisa diretamente ligada à reproduçom da hegemonia política e económica, ou à adaptaçom à mesma, continua plenamente vigente. Mas a heterogeneizaçom dos grupos e das experiências sociais que nu- trem os corpos docentes e investigadores, a multiplicaçom das pessoas que investiga a um ou outro nível (TFG, TFM, teses de doutoramento), o crescimento dos grupos de investigaçom nas várias áreas e universida- des ou a maior conexom com corpus teóricos, metodológicos e projetos desenvolvidos noutras partes do mundo, tem favorecido a existência de determinadas margens –especialmente nas áreas das artes, as hu- manidades e as ciências sociais, mas nom só– em que se pratica umha investigaçom de alento crítico e potencialmente transformador. Dentro de uns relativamente estreitos limites institucionais, precarizada, mui- tas vezes autocomplacente, insuficientemente financiada, coutada nos apoios para a transferência social? Nom o negaremos. Isaac Lourido 16 01 anuário O surgimento do projeto Clara Corbelhe podemos integrá-lo,por- tanto, na convergência de dous tipos de experiência a que até agora figemos referência: a dos movimentos sociais e militantes em período de refluxo e a da investigaçom antagonista que sobrevive nas margens da instituiçom universitária, bem na Galiza bem em universidades de outras partes do mundo. O agrupamento tem um caráter relativamente inédito no nosso espaço social e o potencial inegável que resulta da fusom do melhor de ambos os dous polos referidos: a capacidade para a assimilaçom e a formulaçom de arquiteturas teóricas e concetuais que permitam umha compreensom crítica da realidade social, da parte académica, e a ligaçom mais direta aos conflitos sociais da perspetiva da co-participaçom, a conscientizaçom e o trabalho ativista, da parte movimentista e militante. Da trajetória inicial da Clara Corbelhe podemos retirar, ainda, umha inovadora diversificaçom dos horizontes e dos ritmos de funcionamen- to, bem como do trabalho de socializaçom do projeto: a ediçom anual da revista em formato papel para a leitura mais profunda e sossegada de conteúdos ligados a um tema monográfico, a publicaçom periódica de artigos com diversos focos e temáticas no seu site, um uso tempe- rado e razoável das redes sociais e umha atividade presencial, corpo a corpo, mais do que notável, quer nas jornadas organizadas quer nas apresentaçons realizadas por diferentes pontos da geografia galega. Po- demos conceder ainda outros valores à iniciativa, como o alargamento das disciplinas convencionalmente associadas ao pensamento crítico na cultura galega contemporánea, que transbordam agora os limites das humanidades e das ciências sociais nas suas definiçons mais estritas. Nom menos importante é a constituiçom da Clara Corbelhe como espaço de encontro, antes que como foro de adoutrinamento ou de 17 reproduçom grupal, que nom só permite o debate, mas o promove de maneira explícita. Veja-se, para o caso, e apenas como exemplo, o in- teressante confronto entre as teses colonialistas assumidas por umha maioria do soberanismo galego, a hipótese hegemónica postulada por Pedro Rey Araújo, o regresso à Crítica da Economia Política e ao inter- nacionalismo proletário defendido por Jorge Seijo e Sergio Pena ou a exploraçom das teorias decoloniais, na sua aplicabilidade a diferentes aspetos da realidade galega, ensaiadas por Javier de Pablo e por Keina Espiñeira e Antía Pérez-Caramés. Seria excessivo, no entanto, depositar todas as nossas esperanças num único projeto, por muito sólidas e promissoras que as suas bases podam resultar. A produçom de um contra-espaço público que funcio- ne como alternativa crítica ao espaço público oficialmente legitimado, só poderá afiançar-se a partir de um ecossistema heterogéneo que funcione com agendas próprias e que consiga situar-se no plano in- telectual fora da cultura da normalizaçom gestada nas últimas quatro décadas. Existem hoje em dia vimes e peças para esse ecossistema, no qual poderíamos integrar o trabalho constante dos centros sociais (embora com umha rede em mudança a respeito da existente 15 anos atrás); os contributos de meios já veteranos do independentismo como o Galiza Livre ou o Novas da Galiza e outros meios críticos como O Salto; a continuidade de revistas académicas especializadas, como a já histórica Murguia, juntamente com outras iniciativas recentes e com horizontes de trabalho singulares, como a Mazarelos; o trabalho que continuam a fazer no plano editorial iniciativas também notórias como a Laiovento, à qual se têm somado nos últimos anos produtos notáveis da Através Editora ou da Axóuxere; sem esquecer as várias redes dos movimentos feministas antes referidas ou o que se pode Isaac Lourido 18 01 anuário derivar de projetos a meio caminho entre o académico, o institucio- nal e o social, como o Máis Nunca Máis, que contribuem de umha outra maneira à historizaçom crítica de processos sociais ignorados nas agendas investigativas e partidárias fora de usos ritualizados ou eleitoralistas. Poderíamos dizer que os desafios fundamentais para este novo ecossistema de produçom de um pensamento crítico antagonista – feminista, anti-capitalista e com perspetiva nacional– estám na sua consolidaçom nos prazos curto e médio e, doutro ponto de vista, na socializaçom e agregaçom de pessoas à sua volta. Contudo, será decisiva também a capacidade para construir interfaces suficientemente sólidas com os conflitos sociais nas diferentes escalas e com a açom social mais imediata. Muita da produçom académica e intelectual crítica, situada numha determinada semiosfera político-cultural galega, tem consi- derado os conflitos sociais, os processos de resistência ou, em menor medida, os dispositivos de dominaçom como objeto de estudo. Mas perguntemo-nos: em que medida essa produçom tem sido útil para os próprios movimentos sociais, no sentido mais concreto e material que consigamos imaginar? Poderá produzir este ecossistema, por co- locar um exemplo de atualidade, um pensamento crítico sólido sobre a dita ofensiva eólica, a questom energética e a emergência climática, ao serviço das comunidades que enfrentam o problema de maneira mais direta e, ainda, com umha perspetiva geral que seja significativa em termos sócio-históricos? Nessa interface bidirecional, nesse trânsito tam poucas vezes explo- rado com êxito, entre o interesse social maioritário e o trabalho intelec- tual, entre o militante e o académico, entre o materialmente prático e o teórico, entre a urgência tática imediata e a reflexom de médio e longo 19 prazo, entre o exercício da justiça social e o pensamento antagonista, joga-se umha parte significativa do futuro desse ecossistema que agora mesmo pouco mais do que imaginamos e, mais em concreto, deste nó da Clara Corbelhe que hoje saudamos com alegria, com esperança e com forças renovadas. Isaac Lourido O Caseto Galiza e os novos casticismos culturais: unha segunda Transición? Pablo Pesado Palavras-chave: cultura, estado, imaginário. Desde a chegada ao executivo español do PSOE e UP en 2018 parece estar a producirse un súbito interese estatal por Galiza. E con «estatal» refírome aos públicos localizados no Estado, mais tamén, e isto é espe- cialmente relevante, ao Estado en si. Non é infrecuente que este interese sexa celebrado publicamente, chegando a ser proxectado como síntoma dunha inminente homologación entre a produción cultural galega e a española. Eu querería propor, no entanto, unha lectura diferente. Os síntomas deste interese español son ubicuos e afectan varios ámbitos do cultural. Destacan, por exemplo, a poesía, a literatura in- fanto-xuvenil, o cine ou a música. No entanto, talvez o feito que maior celebración concitou nos últimos anos foi o retorno da premiabilidade literaria galega. Despois de varias décadas en que as autoras galegas tiveron un acceso restrito ao circuíto de premios organizados desde o propio Estado, sucedéronse varios Premios Nacionales de Literatura Es- pañola na modalidade de poesía (Pilar Pallarés por Tempo fósil en 2019, Olga Novo por Feliz Idade en 2020), aos cales aínda poderiamos acrecen- tar outros como o Premio Nacional de Poesía Joven Miguel Hernández concedido a Alba Cid por Atlas en 2020. Unha concentración tan alta de 24 01 anuário premios estatais en autorías galegas é inédita desde a primeira metade dos anos oitenta. Do punto de vista da socioloxía da literatura, unha variación tal nos criterios de canonicidade debe levar a interrogación. Nese prazo aproximativo de cinco anos tamén asistimos a un au- mento dos produtos fílmicos –tanto películas como series– que toman Galiza por escenario, malia teren un público albo español e o castelán por lingua orixinal. Vallan como exemplo Fariña (2018), Vivir sin per- miso (2018), Elisa y Marcela (2019), La isla de las mentiras (2020), Néboa (2020), El desordenque dejas (2020). Repárese en que nesa listaxe hai produtos desenvolvidos con capital privado, mais tamén con apoio económico estatal e autonómico, ou mesmo desenvolvemento directo a través de RTVE. Non só parece ter aumentado a cantidade dese tipo de obras, senón que estas gozan dunha visibilidade e dunha atención público-crítica difícil de imaxinar hai unha década. Do mesmo modo que acontecía cos premios literarios, a proliferación deste tipo de pro- dutos audiovisuais lembra o acontecido na década de oitenta, durante a cal se produciu unha enxurrada de adaptacións televisivas dalgúns dos clásicos modernos da literatura en castelán que tomaron a Galiza como escenario, incluíndo: Los gozos y las sombras de Gonzalo Torrente Ba- llester (1982), Los pazos de Ulloa de Emilia Pardo Bazán (1985) e Divinas palabras de Ramón del Valle-Inclán (1987). Non por acaso, a nova vaga fílmica iniciada arredor do 2018 semella continuar os tropos caracte- rísticos da súa predecesora, reiterando as vellas ideas do pretendido isolamento, teluricidade e condición premoderna da Galiza. Nestes últimos cinco anos tamén tivo lugar en distintos puntos do Estado a aparición de propostas que mesturan músicas populares con formatos urbanos ou electrónicos. Vallan como exemplos Rosalía, C. Tangana, Rodrigo Cuevas, Califato ¾ ou Maria Arnal i Marcel Bagés. 25Pablo Pesado O xornalismo cultural español non só está a ser especialmente recep- tivo con estes formatos, mais tamén está a encadralos mediante uns parámetros de longa tradición no discurso unionista: a presentación de España como unha unión universal de culturas locais, unha «unión de pobos españois». Poden exemplificar esta tendencia os seguintes titulares: ‘El siglo XXI suena a folclore español’ (La Razón), ‘El orgullo de lo popular revoluciona la música española’ (El País), ‘Ser castizo es guay’ (El Mundo), ‘Bienvenidos a la folktrónica’ (La Vanguardia). En todos os artigos nomeados comparecen artistas galegas, proxectadas como representantes autonómicas nese novo foro das rexións. É o caso de Tanxungueiras mais, sobre todo, de Baiuca, quen no seu novo LP Em- bruxo (2021) retorna sobre os lugares comúns dunha Galiza sobrenatural que xa foran moi rendíbeis como vía de acceso a mercados españois na década dos oitenta. O caso da música patentiza que non estamos apenas perante un inte- rese estatal por Galiza, senón perante unha nova imaxinación territorial española que procura asignar novos significados a espazos considera- dos como territorios, rexións ou culturas. Significados que son, de resto, asimétricos entre eles. Non debería sorprender que, dentro desta vaga, as artistas máis valorizadas sexan aquelas que reivindican inventarios culturais centrais ao nacionalismo español do século xx –do flamenco ao casticismo madrileño. Trátase, en suma, de crear unha distribución correcta e non-conflitiva do que noutrora fora denominado «los pueblos de España», mais tamén de promover unha nova identidade superior que funcione como central e común. O feito de que produtos como Solpor (2018) de Baiuca adoiten ser consumidos na Galiza mediante pa- rámetros patrióticos abre unha pregunta de difícil resposta: hai nestes novos casticismos tamén posibilidades emancipatorias ou estamos a 26 01 anuário colaborar cun proceso de subordinación cultural? Resulta clarificador o feito de que nestas últimas semanas as cancións Figa (Tanxugueiras) e Veleno (Baiuca) fosen preseleccionadas pola sondaxe La elección interna 2022 de Eurovision Spain como candidatas ideais para representaren España en Eurovisión. En tempos de inestabilidade política, e moi particularmente cando esta atinxe a contestación da soberanía dun Estado-nación, proliferan os produtos culturais que representan –e de regra exotizan– os seus rivais. Dispomos dunha nutrida produción académica que documenta o labor efectuado neste sentido polas diversas institucións culturais do Estado español. Desde os inicios do período democrático, o Ministerio de Cultura y Deporte foi mobilizado como instrumento para fomentar a denominada «cohesión social e nacional», erixida como obxectivo prioritario da política cultural, tal e como estudou Luisa Elena Delgado en La nación singular: Fantasías de la normalidad democrática española (1996–2011) (2014). É o que, en redaccións de estilo máis amábel, aparece tamén como «fomento da riqueza lingüístico-cultural española». Fóra da recepción entusiasmada do xornalismo cultural español por esta nova vaga de neo-casticismos rexionais, as pegadas dunha axencia go- bernamental –tamén, aliás, autonómica– non son difíciles de rastrexar: na participación directa de RTVE ou na subvención directa do Ministerio de Cultura y Deporte, na concesión de premios organizados polo pro- pio Estado ou na creación de produtos que formulan encadramentos políticos determinados, como documentarios ou eventos culturais –ho- menaxes, foros e encontros literarios, por exemplo. En termos xerais, a acción da institución cultural española foi e é produtiva en dúas áreas distintas. Por unha banda, selecciona imaxes dóciles dos seus rivais internos e promociona os produtos e axentes 27 máis comprometidos coa súa difusión. Sirva como exemplo a serie de documentarios Un país para escucharlo (2019–2021), emitida en La 2, que proxecta sobre o mapa autonómico/provincial español a tradicional retórica da riqueza cultural interna –aquí especificamente musical. Por outra banda, a institucionalidade cultural española emprega distincións simbólicas –como os premios literarios– para proxectar unha aparencia de multiculturalidade e persuadir as elites das nacións dominadas de que existe un escenario futuro máis favorábel para elas –que parece estar sempre a piques de chegar. Este tipo de políticas son tamén usadas para o Estado se lexitimar perante Europa, especialmente nun momento en que pairan profundas dúbidas sobre a súa democraticidade. Pensemos na creación de España Global en 2018 como instrumento para contrarrestar ese diagnóstico no escenario internacional. É nesta liña, acho, que pode- ría ser lido o crecemento da premiabilidade galega, mais tamén outras accións recentes como o programa de eventos culturais Afinidades elec- tivas, destinado a pór en valor «la pluralidad lingüística de nuestro país». Se se acepta que existe, no mínimo, unha participación estatal neste recoñecemento galego recente, e que esta participación baliza unha conflituosidade non resolta, cabe preguntar en que pode consistir esta última. A resposta máis inmediata serían as demandas autodeterminis- tas das tres nacións sen Estado clásicas que, de diversas maneiras e en distintos graos, coñeceron nos últimos anos un momento de marcada oposicionalidade. Para o noso caso, o crecemento do Bloque Nacio- nalista Galego nas eleccións estatais e nacionais e a desaparición de Unidas Podemos do Parlamento de Galicia son balizas de que o control do nacionalismo de Estado sobre a Galiza podería estar comezando a cambalear. Sería errado, porén, non conectarmos tamén esta relectura espacial coa maior representación de partidos rexionalistas e a aparición Pablo Pesado 28 01 anuário de Teruel Existe no parlamento español, o reartellamento do andalucis- mo político, o debate sobre a fiscalidade madrileña ou o da oficialidade do asturiano. Unha das tarefas herdadas polo executivo do PSOE e UP en 2018 foi a de tentar reconciliar estas tensións territoriais internas. O campo cultural funciona neste contexto como a cola con que o todo nacional español tenta permanecer unificado. Fica por saber se a combinación entre distincións simbólicas estatais e neo-casticismos rexionais ser- virá para alicerzar o modelo autonomista cunha eficacia comparábel á que tiveron as estratexias culturais nos tempos da Transición. Hai, con certeza, vectores políticos nas obras galegaspróximas ao neo-casticis- mo que parecen presentar resistencia, e visíbeis esforzos colectivos por inserilas en coordenadas contestatarias. A popularidade de cancións como Oie Gayego do dúo Verto baliza unha tensión, mais esta poderá ser anulada baixo unha oposicionalidade fraca do tipo Galiza-Madrid que é parte da lóxica, ao cabo, deste autonomismo neo-castizo. Hai, por outra banda, mostras cumpridas de produtos audiovisuais capaces de actuaren por fóra das coordenadas identitarias incentivadas desde o Estado –de Dhogs (2017) de Andrés Goteira a O neto de Mirazo (2021) de C. Mirazo. Mais as institucións culturais españolas teñen unha delonga- da experiencia como mecanismos de control, para alén de cumpridas partidas orzamentarias e a colaboración de grandes conglomerados me- diáticos. Sabemos, por tanto, que se trata dun combate moi desigual no que cómpre ficarmos cautos. A aceptación de imaxinarios (do máxico ao folclórico) que profundan nos procesos de rexionalización en curso pode xerar dinámicas desmobilizadoras. Teremos que meditar se paga a pena celebrarmos un recoñecemento que nunca nos levará (porque xa nunca nos levou) demasiado lonxe. 29 Bibliografia Delgado, L. E. 2014. La nación singular: Fantasías de la normalidad democrática española (1996–2011). Madrid: Siglo XXI. Pablo Pesado Pensamento e militância: desencontros e reencontros Antom Santos Palavras-chave: ação, inteletualidade, militância. Há um certo apriorismo que confronta açom a contemplaçom, inter- vençom a reflexom, e, desde que a esquerda intelectual se institucio- nalizou nas universidades de Ocidente, militância a pensamento. Este desencontro, que é real, nom deixa, porém, de ser umha meia verdade que pode entupir umha realidade histórica mui contraditória. De origem latina, a palavra «militante» procede do latim militans, isto é: «o que se prepara para umha guerra». Na sua aceçom literal ou figurada, transmite fogosidade, entrega, apaixonamento, mas também perigo. Umha atividade, e umha disposiçom de ânimo, em aparência distantes do exercício da reflexom que, na tradiçom europeia e nor- teamericana, é frio, cerebral, sossegado e distante, apoiado num certo desinteresse com as partes, em certa neutralidade vigilante. Por isso o pensador tivo o seu habitat natural na placidez dos gabinetes universi- tários ou, como muito, na redaçom do jornal. Na literatura galega, um pequeno relato captou melhor que qualquer ensaio este abismo entre o coraçom e a cabeça, ou entre o ator e o espectador. Em Crónica de Nós (1980) de Xosé Luis Méndez Ferrín, o erudito míope de óculos grossos do conto «Episodio de caza» fantasia numha biblioteca do franquismo 32 01 anuário com cenas guerrilheiras que nunca viverá: «pos os lentes montados en cuncha, docemente retomas a lectura e a análise (...) porque ti non aban- donache máis que en soños a túa coviña de mediocre espectador de actos alleos e as cousas relatadas non tiveron lugar». Na nossa história, como temos assinalado noutra ocasiom, a acusaçom do galeguismo mo- derado contra o arredismo apontou ao défice intelectual deste último, protagonizado por opinadores ousados que nom tinham competência nas letras nem na análise política. Blanco Amor dedicara estas palavras aos militantes da Sociedade Nazonalista Pondal na imprensa emigran- te: «Escrever nom é o seu, evidentemente «dediquem-se» a raparem barbas, venderem tartám, pintarem tápias, venderem leite e biscoitos de baunilha, empacotarem sapatos, venderem chafalonias, pintarem cartazes de cinema ou encerarem pisos… é o seu ofício, nom pretendam umha outra cousa» (a cita pode atoparse na biografia de Blanco Amor que escreveu Gonzalo Allegue (1993)). Nom sempre fôrom assim as cousas. Na história, o exercício do pen- samento mais elevado combinou muitas vezes com o rigor do choque, mesmo violento, que fôrom da mao de maneira natural. Na Europa clássica, o dramaturgo Esquilo, premiado muitas vezes como grande escritor e conhecedor insuperável da natureza humana, nom fijo gravar na sua lápida méritos literários, senom a afouteza na guerra contra os persas: «do seu valor que fale o afamado bosque de Maratom/ e o Medo de longa cabeleira, que bem o provou». Em tempos menos recuados, um escritor fracassado em vida como Miguel de Cervantes lembrava nas suas Novelas ejemplares como episódio marcante da sua vida o ter participado «na mais memorável e alta ocasiom que vírom os passados séculos... militando debaixo das vencedoras bandeiras do filho do raio da guerra». Esta alusom a batalhas remotas pode semelhar anacronismo 33Antom Santos e, sem embargo, qualquer vista de olhos às grandes estórias da militân- cia esquerdista e nacionalista no mundo contemporâneo deita traços semelhantes: desclassamento, escrita de géneros diversos mesturados um pouco azarosamente em funçom das vicissitudes biográficas, par- ticipaçom na primeira fila das batalhas políticas e relaçom acidentada com as letras. Nos pensadores de famílias abastadas, conduzindo a sua produçom intelectual longe das estruturas da comunicaçom dominan- tes (universidades ou imprensa comercial). No caso dos militantes pro- cedentes do proletariado sem formaçom académica, esforço pola alfa- betizaçom autodidata e conversom em autores de referência no espaço dos movimentos sociais, com pouca ou nula homologaçom académica. Um grande exemplo entre milhares temo-lo na nossa própria tradiçom independentista, quando um canteiro de Sebil, Johám Jesus Gonçález Gómez se fai advogado, novelista, teórico e, finalmente, militante al- çado em armas frente o golpe em 1936. Letra impressa, reflexom, açom No seu ensaio Escrito en Euskadi. Revolución y cultura (1976–1982), Al- fonso Sastre acunhou um termo afortunado, «camarada escuro», para aludir a essa figura paradigmática do movimento obreiro que, desde o anonimato e o trabalho abnegado, sempre coletivamente, ajudava a erguer poderosas organizaçons populares. A escuridade e o trabalho silandeiro, sem rúbrica pessoal, pareciam representar o contraponto ao intelectual progressista burguês, associado ao sucesso individual, a fama e os frutos do génio solitário. Na sua produçom jornalística, Sastre ainda complementava esta tese, mas esclarecendo que por duro, sujo e prosaico que fosse o labor político, este era, por riba de todo, intelectual: o exercício constante dum pensamento orientado à açom, ainda que 34 01 anuário por vezes nom deixasse pegada escrita. Levando ao extremo esta filo- sofia, o pensador marxista italiano Amadeo Bordiga, que poucas vezes assinava com o seu nome, teorizou contra a noçom de autor, e defendeu que eram os textos anónimos, baixo assinatura coletiva, os que melhor encarnavam o sentido coletivo da classe. Luzes e sombras Na reconstruçom da militância anarquista contemporânea que fai no seu livro Cabezas de tormenta:ensayos sobre lo ingobernable (2004), Christian Ferrer aproxima muitos protótipos da cultura libertária a umha espécie de «santidade laica». Nela, a entrega a um ideário e a sensibilidade pola justiça social funde-se com a procura dumha vida mais real e mais autêntica, e as arelas de formaçom e produçom inte- lectual atopam aqui um lugar muito natural. A promoçom da leitura, o ateneísmo e os grupos de estudo, a cultura do choque de ideias e a reflexom autónoma som alguns dos alicerces que iriam constituir um ser humano substancialmente diferente. Com apoiatura estatal, seme- lhante propósito representa a ideia socialista do «homem novo», sín- tese de elevada moralidade, habilidade técnica e manual, e gosto pola cultura, modelo que logo perdeu a batalha contra a ânsia consumista e a libertaçom dos desejos das democracias liberais. Nas últimas décadas, e em contraposiçom à tendência alcista dos integrismos religiosos nascidos na periferia, o modelo da entrega de raiz ilustrada parece abalar. Os compromissosa longo prazo –em todas as ordens, e também no das adesons coletivas– enfraquecêrom-se de tal modo que pugérom em causa mesmo as instituiçons que considerá- vamos mais inamovíveis. As paixons políticas ocidentais nom desapa- recêrom, porém, formulam-se maioritariamente a modo de explosom 35 pontual, emissom incontinente de opinions, ou súbitas modas partidá- rias que empurram milhares numha direçom, pouco antes de mudarem bruscamente de sentido. Por outra parte, vimos como as condiçons que propiciavam o pensa- mento sofriam um certo deterioramento, o que também influi na capa- cidade de enxergar a vida em chave militante. A revoluçom tecnológica pujo nas nossas maos a biblioteca universal, um sonho que os devan- ceiros nem podiam conceber. Mas, ao mesmo tempo, isto arredou-nos do espaço natural do pensamento. Até a reflexom orientada à açom precisa de dous elementos: silêncio e prazos longos. Na permanente balbúrdia, a produçom de pensamento confunde-se com a produçom mediática: imediatez, necessidade imperiosa de audiências, impacto emocional e procura ansiosa da originalidade, num jogo de híper-con- corrência esgotador. Lastros e futuros Mas nom nos enganemos: a militância, como todas as mostras da ex- celência humana –científica, literária, artística, moral– foi sempre rara, excecional, e por isso tam valiosa. Mesmo sem existir o consumismo, a internet e as redes sociais, as causas coletivas teriam que enfrentar-se aos mesmos processos de degeneraçom que padecêrom há douscentos, cem ou cinquenta anos: em muitas ocasions, a lealdade a umha ideia virou simples adesom a umha estrutura burocrática que fornece con- solo, proteçom de grupo, ou mesmo emprego; noutras, o pensamento criativo e realmente revolucionário sacrificou-se à pura autojustificaçom da própria sigla, de mao de assalariados da letra impressa. Em dinâmi- cas que tam bem conhecemos, os espaços da esquerda virárom umha e outra vez em cenáculos abafantes para as luitas das vaidades e aquelas Antom Santos 36 01 anuário arelas de promoçom pessoal que, na sociedade mais convencional, se exprimem no mercado. Como todo bem escasso, frágil, valioso, a militância é algo que deve ser cultivado e promovido, no canto de deitá-la ao lixo cinicamente por utópica; e se se torce e degenera, nom devêssemos cair na simples soluçom de culpar só os grandes males do nosso tempo –o capitalismo, o patriarcado, a sociedade líquida– do seu deterioramento, evadindo as próprias responsabilidades das gentes que as protagonizam; mas ter presente que as pessoas somos realidades muito pequenas e defeituo- sas empenhadas por vezes em grandíssimas empresas, com o risco de falência que isso acarreta. Tem futuro a militáncia? Tem futuro a implicaçom em corpo e alma combinada com o esforço do pensar? Nom o sabemos, mas esperamos que sim. As novas promoçons galegas, com um nível de formaçom téc- nica e académica que assombraria qualquer familiar nosso nascido há um século, podem ser umha canteira inesgotável para pôr saberes e destreza, organizadamente, ao serviço do comum. Dim os céticos, com razom, que com o avanço da qualificaçom recuou também a capacidade para o entendimento coletivo, e que na hoje chamada «geraçom de cristal» se esvaeceu aquela disposiçom a encarar à adversidade que foi sempre a melhor garantia de todo movimento. No horizonte, porém, assomam desafios enormes que nos vam transformar de raiz: o caos climático, o fascismo rearmado, os direitos em recuo, indicam-nos às claras que a formaçom nom o vai ser todo. Cumprirá cooperar, cumprirá organizar-se, e cumprirá assumir que a dureza virará numha exigência para habitar estes tempos com esperança e dignidade. 37 Bibliografia Allegue, G. 1993. Eduardo Blanco Amor: diante dun xuiz ausente. Vigo: Editorial Nigra. Ferrer, C. 2004. Cabezas de tormenta: ensayos sobre lo ingobernable. Buenos Aires: Utopía Libertaria. Méndez Ferrín, X. L. 1980. Crónica de Nós. Vigo: Edicións Xerais. Sastre, A. 1982. Escrito en Euskadi: Revolución y cultura (1977–1982). Madrid: Revolución. Antom Santos Loita anticolonial ou loita hexemónica? Os cadros estratéxicos do nacionalismo galego Pedro M. Rey-Araújo Palavras-chave: hegemonia, libertação nacional, soberanismo. Toda intervención política ven sempre encadrada nun cadro estratéxico que lle outorga sentido. A concepción que de si mesmo ten o suxeito po- lítico en cuestión, a identidade e natureza do seu adversario, os obxec- tivos últimos da súa loita, ou a súa relación con outros eixos de conflito veñen determinados, aínda que sexa implicitamente, por estes cadros. Ao longo das últimas décadas, o principal cadro de sentido que guiou as accións do soberanismo galego foi o que aquí denominamos a «hi- pótese colonial». Certamente, ao seu abeiro artellouse un movemen- to de masas que, hoxe en día, se atopa en condicións de disputarlle a hexemonía social aos sectores dirixentes do país. Porén, nun momento no cal o soberanismo se atopa electoralmente en alza, entendemos que é urxente artellar un debate en profundidade sobre o encadramento interpretativo e estratéxico que ha de informar a praxe política do sobe- ranismo galego nos vindeiros anos. Cun ánimo abertamente polémico, tomamos partido. Entendemos que a «hipótese colonial» non constitúe un cadro axeitado para pensar a transformación do país nunha liña emancipatoria e que, no seu lugar, cómpre situármonos baixo o que aquí denominamos unha «hipótese hexemónica». 40 01 anuário A hipótese colonial e os seus perigos A publicación hai case medio século d’O atraso económico de Galicia, por Xosé Manuel Beiras (1972), constitúe o fito fundacional da «hipótese colonial» no noso país. Alí postulábase que unha Galiza desartellada, dividida entre un sector rural precapitalista, mero produtor dos seus medios de subsistencia, por unha banda, e un sector urbano illado e pouco industrializado, pola outra, constituía unha «colonia interior» do Estado español. Provedora de recursos naturais, humanos e finan- ceiros, da súa inclusión subordinada naquel resultarían unha econo- mía subdesenvolvida e tecnicamente atrasada, así como unha esfera cultural alienada. Malia ter Beiras acometido sucesivas reformulacións das súas teses orixinais, a «hipótese colonial» atopou a súa formulación mais cohe- rente na obra do economista Ramom López-Suevos. Na súa obra Do capitalismo colonial (1979) desbótase o cualificativo de «interior» no relativo á situación colonial da Galiza a respecto de España, a cal tería a súa concreción no entrecruzamento da «opresión política, o asoballa- mento cultural e a explotación económica». Como corolario, a ruptura co Estado español emerxía como condición sine qua non para acadar a emancipación das clases populares do país. En suma, a «hipótese colonial» forneceríanos dun suxeito político xa constituído, a nación galega, malia que alienado; un inimigo petrifi- cado, España, espello invertido da nosa situación; e un obxectivo claro e redentor, a independencia. Con poucas variacións, este esquema se- gue a informar as teses políticas da UPG, tal e como unha ollada ás Te- ses do XV Congreso da Unión do Povo Galego. Autodeterminación para a Galiza. Existir e Avanzar, aprobadas no seu XV congreso, celebrado en Febreiro de 2020, revela. Porén, unha vez constatada a súa vixencia, 41Pedro M. Rey-Araújo cómpre preguntármonos: que efectos ten o ubicar a nosa praxe política baixo as cordenadas da «hipótese colonial»? Ao noso entender, o seu é un cadro reducionista, conservador, derrotista e elitista. Vexamos. A «hipótese colonial» é reducionista, pois condensa a complexa ma- deixa de relacións transnacionais nas cales se sitúa a Galiza contem- poránea nunha relación biunívoca entre a Galiza e España. Por unha banda, tórnase incapaz de discernir cales dos males do país atopan a súa explicación, efectivamente, nanosa inclusión diferencial no Estado español, e cales son froito da dinámicas capitalistas transnacionais. O declive inexorable da industria manufactureira constitúe un exemplo paradigmático destas últimas. Por outra banda, impídenos levar conta das relacións de dominación que o noso país exerce sobre outros te- rritorios. A relación que a sobre-explotación laboral no sueste asiático garda cos altos salarios que Inditex paga na súa sede central é, aquí, un bo exemplo. A «hipótese colonial» é conservadora, pois proxecta unha Galiza idealizada a cal habería que protexer, sendo a relación de exterioridade que garda co Estado español a principal causa do seu esmorecemento. Por unha banda, ao operar politicamente sobre unha Galiza idealizada, deslindada da realmente existente, oclúe os procesos sociais aos cales habería que responder e, por extensión, non atina a ofertar solucións axeitadas ás tensións ocasionadas por aqueles. Por outra banda, é con- servadora en tanto que opera sobre unha idealización, a Galiza mono- lingüe de mariñeiras e labregas, á cal escapan moitas das transforma- cións acontecidas nestas décadas. Sendo unha proxección desligada do presente, incapaz de se incardinar en moitas das contradicións sociais que hoxe en día percorren a sociedade galega, amósase incapaz de in- terceder nas liñas de conflito existentes. Así, ao non proxectar unha 42 01 anuário Galiza futura máis ca dun xeito negativo, non é quen de conectar cos anhelos de transformación existentes. A «hipótese colonial» é derrotista, pois orienta a súa praxe polí- tica cara á conservación dunha Galiza sometida a procesos aos cales poñerlles coto non resulta posíbel. A Galiza do futuro poderá ser de moitos xeitos posibles, mais decididamente non coma aquela que xa foi. Concibir o Estado español como omnipotente, abafante e ubicuo, como a causa última dos problemas do país, lévanos inexorabelmente cara unha cultura de resistencia auto-compracente coas derrotas que se nos inflixen. Finalmente, a «hipótese colonial» é elitista, en tanto que opera poli- ticamente sobre unha división das xentes do país entre cidadáns libera- dos e conscientes, por unha banda, e suxeitos colonizados e alienados, pola outra. Configura así unha vangarda que entende a política coma unha arte da «revelación», do descubrimento das verdades pre-discur- sivas a individuos velados por unha ideoloxía entendida como «falsa conciencia», en troques de considerar a ideoloxía como unha cosmo- visión, unha concepción estruturada do existente na cal se simplifican, mistifican ou mesmo oclúen as contradicións sociais existentes, mais sempre en aberta tensión con elas. Por unha construción hexemónica da Galiza por vir Sen dúbida, situármonos ao abeiro da «hipótese colonial» ten unha compoñente tranquilizadora en tanto que nos permite construír unha praxe política sobre unha serie de certezas: a dun suxeito xa constituído, malia que aínda non se manifestara en plenitude tras séculos de oprobio; a dun antagonista a quen derrocar, malia ás veces semellar omnipotente; a dunha meta a cal, de acadármola, restituirá a plenitude ausente dunha 43 Galiza finalmente reconciliada consigo mesma. Porén, entendemos que facer política emancipatoria obriga a rachar con estas certezas. No seu lugar, seguindo a estela de pensadores como Antonio Gramsci, Ernesto Laclau ou Stuart Hall, entendemos que o sentido que adquira todo conflito e/ou identidade social se atopa sempre en dispu- ta, podendo declinarse mesmo de formas antagónicas. Neste sentido, do artellamento de diversos conflitos por parte de actores concretos emerxerán imaxinarios que os condensen ao mesmo tempo que petri- fiquen unha orientación concreta dos mesmos. No caso que nos ocupa, a construción dun imaxinario nacional galego é un terreo en disputa que pode servir tanto á emancipación das clases populares do país como ao seu sometemento aos ditados das clases dominantes, como tamén teñen sinalado Roi Pérez (2021) e Carlos Calvo Varela (2020) en artigos recentemente publicados en A Xanela e O salto respectivamente. Primeiramente, é preciso levar conta de que non hai unha transposi- ción directa, pura e non mediada, de ningunha dinámica social no terreo político. O que un conflito social, o que sexa, logre irromper na escena política é sempre resultado dun esforzo de politización desenvolvido por actores concretos, idea que xa desenvolvera Ramón Máiz (1996) no seu artigo «Nación de Breogán: oportunidades políticas y estrategias enmarcadoras en el movimiento nacionalista gallego (1886–1996)», publicado na Revista de Estudios Políticos. Do anterior derívase que os suxeitos políticos tampouco están nunca constituídos nun terreo previo ou anterior á propia contenda política, sexa aquel a lingua, a terra, ou as relacións capitalistas de produción. Falemos da mocidade, da clase social, ou da nación, tanto ten: a súa existencia como suxeito político será sempre froito dun proceso inconcluso de politización e agregación de conflitos particulares. Pedro M. Rey-Araújo 44 01 anuário Baixo esta óptica, un imaxinario nacional-popular ten que incardi- narse, necesariamente, nos diversos conflitos que percorren a Galiza contemporánea, malia moitos deles desbordar o cadro das relacións entre Galiza e España. É preciso disputar a subordinación simbólico-cul- tural do país no cadro do Estado afirmando que a súa defensa pode facerse en dúas linguas, conscientes de que as experiencias de descla- samento e de esquecemento da propia historia son parte constitutiva da Galiza crioula que habitamos. É preciso loitar contra a precariedade que asolaga o mercado laboral galego entendendo que é en grande me- dida efecto das dinámicas que afectan ao capitalismo global, mediado pola singular posición que ocupa o Estado español no seo da UE, mais interrogando como se concretan estas dinámicas nun país avellentado, xeograficamente desartellado, e cunha longa tradición migratoria. É preciso loitar contra o desmantelamento industrial no noso país, mais sen esquecer que o problema da baixa rendibilidade por mor da sobrea- cumulación de capital industrial é un problema global, e de esquivas solucións hoxe en día. É preciso loitar contra a emerxencia climática, sendo un problema común ao globo enteiro, mais tendo en conta como no noso país se declina mediante a preponderancia adquirida pola ex- plotación dos recursos naturais ou a invasión dos montes por especies foráneas. É preciso, finalmente, participar das loitas contra as múlti- ples discriminacións que sofren as mulleres polo mero feito de selo, así como contra a distribución xenerizada tanto de roles sociais como das responsabilidades pola reprodución da vida. En suma, da implicación nos conflitos actuais, declinándoos debidamente en función das parti- cularidades do noso país, habería de resultar un imaxinario compartido no cal a protección do país apareza ligada á protección da vida, na forma non tanto dunha Galiza á cal protexer, senón dunha Galiza á cal aspirar. 45 Se, seguindo Poulantzas no seu Estado, poder y socialismo (1978) entendemos o Estado (multi-escalar, no noso caso), como unha «con- densación material da relación de forzas existente», é preciso desbotar o entendemento do Estado como algo que se ten ou non para concibilo como un terreo de loita, poroso e heteroxéneo, no cal é preciso par- ticipar para torcer a relación de forzas en favor das clases populares do país. É preciso, pois, fuxir das certezas que nos proveen os cadros aprehendidos e xa explorados para confrontar os riscos, mesturanzas e contradicións inherentes á acción política mesma. A política non consiste en gardar purezas senón, máis ben, e non terlle medo a em- porcar as mans. Pedro M. Rey-Araújo 46 01 anuário Bibliografia Calvo Varela, C. 2020. ‘Feijoo, o PPdG e a hegemonia’. El Salto Diario,29 de Xuño de 2020. Beiras, X. M. 2020 [1972]. O atraso económico da Galiza. (4a ed.). Santiago de Compostela: Laiovento. López-Suevos, R. 1979. Do capitalismo colonial. Santiago de Compos- tela: Edicións do Cerne. Máiz, R. 1996. ‘Nación de Breogán. Oportunidades políticas y estrate- gias enmarcadoras en el movimiento nacionalista gallego (1886-1996)’. Revista de Estudios Políticos, 92, Abril-Xuño, 33–75. Pérez, R. 2021. ‘Galicia: entre a política e a moral. Galeguismo e po- sibilidades contrahexemónicas no reino de Feijóo’. A Xanela, 21 de Xaneiro de 2021. Poulantzas, N. 2000 [1978]. State, power, socialism. Londres: Verso. Unión do Povo Galego. 2020. Teses do XV Congreso da Unión do Povo Galego. Autodeterminación para a Galiza. Existir e avanzar. Accesíbel en: https://www.calameo.com/books/000471136e1723cb0fff6 Un ciclo sobre unha páxina en branco Daniel Rodríguez Cao Palavras-chave: ciclos políticos, estratégia, organização. «Hai outros mundos, pero están neste». Paul Éluard O 12 de xullo de 2020, tras a maior caída electoral rexistrada na historia contemporánea de Galiza, superando as do PCG e Coalición Galega, chega ao seu fin o ciclo iniciado no ano 2012 coa irrupción de Alternativa Galega de Esquerdas no Parlamento galego. A desaparición de Galicia en Común, que apenas consigue achegarse ao 4% de voto, pese a ser herdeira directa dos 14 deputados de En Marea do ano 2016, marca a fin do proceso. O relato construído sobre esta caída baseouse no argumento da existencia de múltiples diferenzas internas que, trasladadas á opi- nión pública, transmitiron unha imaxe de caos e falta de credibilidade. Sempre segundo este relato, estas diferenzas no seo da coalición serían a causa fundamental da desfeita electoral. Porén, este é un eufemis- mo reiterado e accesíbel que encobre outro tipo de carencias de índole política e organizativa, para as que cómpre unha explicación máis de- longada. A caída veu revelar as enormes inconsistencias existentes –e nalgúns casos deliberadas– nunha opción electoral que até o momento 48 01 anuário fora unha fórmula de suceso en termos cuantitativos. As ditas inconsis- tencias non eran recentes, senón mutacións dos erros cometidos nas primeiras fases da implantación e presentes até o final. A división temporal das ditas fases poderíase trazar fundamental- mente en tres etapas: A primeira, que transcorreu de 2012 a 2015, comezou coa irrupción de AGE no Parlamento Galego. Este foi un momento marcado pola in- sistencia en dous principios discursivos. O primeiro é o da impugnación constante, co obxectivo de dar continuidade institucional ás mobili- zacións do 15M. Tal principio cristalizou nunha actitude de protesta continua e de deslexitimación do discurso dominante. O segundo veu determinado pola necesidade da atinxir grandes acordos entre forzas distintas arredor unicamente dun programa electoral, ao tempo que se anunciaba unha oposición máis contenciosa que a realizada por PSOE e BNG na lexislatura 2009-2012. Unha segunda etapa, a transcorrida entre os anos 2015 e 2019, es- tivo marcada pola tentativa de tradución do discurso impugnatorio á toma de posicións de goberno nas eleccións municipais de 2015 e, pos- teriormente, nas autonómicas de 2016. Nesta fase téntase solucionar algunhas das maiores eivas do proceso, como o era a cuestión fulcral de construír algún tipo de organicidade arredor da representación ins- titucional. Na terceira e última etapa, xa nos anos 2019 e 2020, abandónase toda tendencia impugnatoria ou gobernista, para os esforzos centrárense unicamente en actuar como caixa de resonancia do goberno de coali- ción entre PSOE e UP formado tras as eleccións de novembro de 2019. Esta fase veu sendo a manifestación última do esgotamento das dúas anteriores e chegouse a ela logo do impacto producido pola derrota 49Daniel Rodríguez Cao nas municipais de 2019, que lle extirpan a este espazo electoral o seu meirande capital simbólico: o goberno das tres cidades da provincia da Coruña. Os distintos cambios que marcaron a transición entre a primeira e a segunda fase obedecen a cuestións moi conxunturais. Na inicial, exis- tía a necesidade de tradución institucional do 15M e a oportunidade de aproveitar as situacións de crise nos partidos de oposición ao PP. Cumpría responder, asemade, á debilidade dos gobernos locais do Par- tido Popular, da que derivou en parte o éxito electoral nas municipais de 2015. A ambos os dous factores sumouse a necesidade de incorpo- rar máis e novos actores. Mais tamén foron determinantes un feixe de elementos endóxenos que explican a chegada á fase final de colapso. Enuméroos a seguir. En primeiro lugar, cómpre considerar a cuestión do proxecto político. Para alén das conxunturas que levan a calquera forza a ir evolucionando na súa axenda en función dos ciclos, a falta de capacidade para superar o momento inicial de impugnación, é dicir, de ter constituído unha opción electoral para protestar, fixo imposíbel xerar un único discurso recoñecíbel para o público. Isto deixa ao descuberto dous problemas: a dificultade para evolucionar discursivamente, o que converte o relato en predicíbel, e tamén a ausencia dun «plan» a longo prazo, plasma- do nun proxecto real e realista, que aterre esa impugnación e achegue solucións e iniciativa. A falta desa evolución impide acompasar as grandes batallas dis- cursivas coa política do día a día. Sirva como proba disto que non son as grandes batallas culturais e ideolóxicas da dereita as que derrotan os gobernos municipais das Mareas, que estaban moito máis cómodas discutindo co adversario sobre Venezuela que sobre a recollida do lixo. 50 01 anuário Tamén se deixou ver a falta dun horizonte estratéxico claro e comparti- do. Os horizontes estratéxicos, os grandes ideoloxemas que conforman o ADN das organizacións políticas, son necesarios por moitas razóns. Xeran afinidades, dotan dunha identidade, cohesionan e atraen per- soas e achegan un programa de acción –un sentido común– tanto á organización como á súa contorna. A carencia dese horizonte levou a apostar todo este potencial de atracción aos grandes impactos comu- nicativos, nun estado de campaña constante, moi marcado pola actua- lidade. Mais a actualidade non sempre dá de si para unha sucesión de golpes de efecto. A teima nesta táctica, que resultou cómoda no inicio porque había liderados moi capaces de atraer atención, tamén impediu unha adaptación da axenda aos tempos correntes. Malia isto ser así, mantívose o carácter contencioso cando as demandas e os tempos do electorado aparentaban ser radicalmente distintos. Cómpre lembrar que o arco temporal referido comeza nun momento en que os catro esta- dos do sur de Europa habitan a ameaza de seren «rescatados» pola UE, pero mantense nos momentos en que existe unha percepción cidadá de relativa recuperación económica. O discurso feito para a emerxencia parecía valer tamén para a falta dela. A falta dese horizonte compartido tamén se explica pola colisión de conceptos moi distintos sobre o país. Neste conxunto houbo lugar para actores que procuraban outras formas de intervir no país, ao que lle outorgan a condición de nación ou, como mínimo, de entidade política. Mais había tamén outros actores que consideran a política autonómica –e a política feita no territorio da autonomía– unha cuestión menor e indisociábel da dinámica do Estado. A grande e vella pregunta sobre a sociedade nova desexada quedou, por tanto, sen resolver. 51 Nun segundo lugar, cómpre reflexionar sobre a necesidade de orga- nización, outra cuestión clásica e dificilmente disociábel da anterior. No comezo, esta cuestión tivo unha considerábel centralidade no relato, quizais pola fascinación de época coa experiencia grega de Syriza, o vector da confluencia. Confluencia para protestar ou confluencia para gañar, peroconfluencia entendida como a conformación de frontes electorais de organizacións de esquerdas. Esta confluencia atravesou dous momentos: o da coalición AGE e o do partido En Marea. Na pri- meira fase maniféstase xa algunha tensión arredor da necesidade de construír organicidade –apertura–, o que rematará callando na posterior constitución de En Marea, de adscrición individual e con máis actores. Sendo estes dous os de maior interese, ao ser o terceiro, Galicia en Co- mún, un mero acordo de cotas entre distintas forzas. Durante ambos os momentos maniféstase o fracaso a respecto dun dos ítems máis reiterados durante o 2012: a necesidade de mudar a cultura partidaria da esquerda en Galiza. E faino en varios aspectos. Por unha banda, a anunciada tentativa de modificar a relación entre representante e representado que, porén, non evitou a ruptura constante do mandato outorgado e a reiterada división de grupos institucionais. Por outra banda, a carencia total de mecanismos culturais de resolución de conflitos, eiva que se manifestou con maior intensidade na época de En Marea. Por último, cabería salientar o esgotamento do relato da unidade, que en moitas ocasións xerou a imaxe de que en calquera das fases se estaba perante un acordo unicamente táctico ou electoral, non político. Seguindo coa organización, a outrora deostada cultura partidaria es- taba fundamentada nunha lóxica de diálogo e negociación que nunca se manifestou, sendo imposíbel resolver ningún asunto sen ser por maio- Daniel Rodríguez Cao 52 01 anuário ría. Esta dificultade viuse agravada polo feito de que nunca se chegou a conseguir que a apelada adscrición individual se chegase a manifestar. Isto deu lugar a unha lóxica de polos e de cotas nos órganos colexiados. Esta disfunción chegou a ter certas semellanzas (sobre o papel) coa da representación galega do PSOE: un poder local forte por un lado, unha dirección nacional polo outro, e por riba de ambos unha representación no Congreso totalmente autonomizada –tema non exento de conflito– das dinámicas do conxunto. Esta forma organizativa, filla da guerra relampo, foi tamén inimiga do repouso e da pausa, de natureza impaciente e con dificultades para comprender que os liderados precisan tempo, mesmo para ser subs- tituídos. As grandes asociacións de persoas sostéñense, achamos, en base á integración e comprensión das contradicións, non no debate constante. O resultado da carencia de organización produciu unha feble capi- larización na sociedade, o que deixa un único terreo onde dar a batalla: a esfera pública e institucional. Isto xerou unha obsesión coa táctica e unha disonancia notábel entre a capacidade para dirixirse a grandes faixas do electorado e, en paralelo, xerar unha base militante. Tentouse innovar neste sentido, a través da creación dunha figura pensada para aquelas persoas con menos posibilidades para achegar compromiso político, os asinantes/inscritos, que virían substituír a tarefa áspera e cotián do militante. Mais tal feito non conseguiu que se achegasen máis persoas de xeito activo ao proxecto. Sen ser este un axioma aplicábel á totalidade de organizacións que o compuxeron, si o é ao espazo no seu conxunto. Abrollou deste xeito un problema sobrevido: a inexistencia de de- fensas, xa que as estruturas organizativas ademais de dotar de inicia- 53 tiva, tamén teñen unha función de abrigo nun ambiente hostil. Sirva como exemplo disto a dificultade das Mareas municipais para sosterse unicamente sobre a andamiaxe propia, sen un polo nacional que lles conferise certo soporte desde fóra, algo que non lle ocorría ao resto dos seus competidores. Programa, proxecto e organización. A política denominada «nova» xurdiu ao abeiro de grandes mobilizacións para impugnar o estado de cousas, pero tamén querendo experimentar novas maneiras de oporse a elas. Como se fose un paradoxo, non foron problemas novos, senón dos chamados «clásicos» os que a acabaron entrampando. Un ciclo no que se quixo innovar pero no que puido máis a turbulencia e acabouse anhelando a solidez. O que ficou atrás non é a fin de traxecto dunha se- rie de organizacións, senón o dun fenómeno: a política relampo. Tempo para a pausa, o longo prazo e as certezas. Daniel Rodríguez Cao Alén do país das merendiñas: por unha crítica emancipadora da representación cultural da alimentación na Galiza María Liñeira Palavras-chave: alimentação, cultura, imaginário. O estabelecemento de relacións afectivas, discursivas e materiais co que comemos e bebemos constitúe unha experiencia universal. De aí que a alimentación, en tanto que conxunto de materialidades e dis- cursos, xogue un papel fundamental na construción, mantemento e cohesión de comunidades humanas. A galega non é unha excepción. Exemplos disto hainos a moreas. Probabelmente os máis coñecidos e problemáticos fiquen nas campañas publicitarias de GADIS, «Vivamos como galegos» (Bap & Conde, 2007–presente). A xenialidade da idea principal desta campaña e das súas varias mutacións radica en explotar a idea, firmemente asentada dentro e fóra da comunidade, de que na Galiza a comida é abundante, auténtica e apetitosa, para así publicitar de modo indirecto unha empresa de alimentación. Esta é, folga dicilo, unha construción intereseira da alimentación na Galiza que semella ser un estereotipo colonial. A teórica Parama Roy afirma en Alimentary Tracts: Appetites, Aversions, and the Post- colonial (2010) que «a política colonial falaba a miúdo nunha lingua indiscutibelmente visceral». Talmente como as estereotípicas voces do turismo estatal que resoan no tema «Oie Gayego» de Verto, que se unen 56 01 anuário ás arquetípicas señoras de clase media-baixa à la GADIS e ás migrantas, que viaxamos con comida na maleta. Da nosa habelencia para desenlear os diferentes intereses que con- flúen nestas ideas de abundancia, autenticidade e pracer depende que sexamos quen ou non de elaborar unha crítica cultural sobre a alimen- tación na Galiza que fomente prácticas sociais emancipadoras, espe- cialmente nos vectores nacional e de xénero. Ademais, había ser un exercicio de autocrítica que nos axudase a entender os mecanismos do noso privilexio, branco e colonial. Ese que nos permitiu apropiarnos do café latinoamericano, o cacao de Fernando Poo e o polbo marroquí e pasalos, así fose por despiste, como galegos. A diferenza doutros marcadores identitarios, como a lingua e a senti- mentalidade, sobre os que existe debate social, a alimentación é un es- pazo de consenso. De aí os innúmeros réditos políticos que leva xerado a exitosa manipulación das prácticas alimentarias galegas. No seu traballo sobre o fraguismo no volume A Companion to Galician Culture (2014), Noa Rios Bergantinhos fala da «cultura do polbo e a gaita». Por conta de asistir a numerosos actos nos que había de comer e beber, a Gerardo Fernández Albor, primeiro presidente da Xunta de Galicia (1982–1986), quedoulle o alcuño de «O Merendiñas». Un profesor meu de lingua galega que vestía polo con bandeira española ao pescozo falaba da Ga- liza como «o país das merendiñas». Á parroquia de adolescentes que asistiamos ás súas aulas escapábasenos a fina análise da primeira etapa da autonomía, pero entendiamos igualmente que era unha frase des- pectiva para falar dun modo de socialización autóctono. No seu pers- picaz ensaio Um país a la gallega. Galiza no NO-DO franquista (Através, 2021), a antropóloga Beatriz Busto Miramontes describe como, durante o período franquista, a comida ocupou un espazo privilexiado dentro 57María Liñeira do que ela denomina galaiquismo, ou sexa, o discurso colonial sobre a res galega. Mais a cuestión da alimentación como chave da galeguidade tamén antecede o franquismo. En 1929 o gastrónomo Dionisio Pérez, máis coñecido como Post-Thebussem, falaba na Guía del buen comer español de que«en ninguna otra región de España [como en Galicia] se siente tan intensamente ‘la alegría de comer’». A min interésame a relación entre a alimentación e a produción cul- tural na Galiza. Polo momento, o seu estudo tense cinguido sobre todo á literatura popular e ás figuras de Álvaro Cunqueiro e Emilia Pardo Bazán, con algunha honrosa excepción, como un artigo do estudoso José María Rodríguez García sobre o pan negro na obra de Xosé Nei- ras Vilas e Manuel Rivas. A análise crítica da representación artística e cultural da alimentación na Galiza, sobre todo na contemporaneidade, pode axudarnos a elaborar unha crítica cultural emancipadora a nivel material e discursivo, especialmente se nos pensamos como suxeitos nacionais e de xénero. O que segue é apenas un feixe de trazos que tal análise podería presentar. Un percorrido pola produción cultural galega móstranos un grande interese polo traballo, especialmente feminino, relacionado coa alimen- tación. A conserva do peixe aparece, por exemplo, no poemario Baleas e baleas (1988) de Luisa Castro, o documental Doli, Doli, Doli... As con- serveiras. Un rexistro de traballo (2011) de Uqui Permuy, a peza teatral As do peixe (2014) de Cándido Pazó, e a premiada curtametraxe Matria (2017), posteriormente longametraxe, de Álvaro Gago. Nelas preséntan- se personaxes de mulleres proletarizadas, traballadoras incansábeis, a miúdo nais. A historia do traballo alimentario feminino é un coitelo de dobre gume. Por un lado, serve para reivindicar o papel das traballadoras na 58 01 anuário industria alimentaria galega. Por outro lado, reifica a asociación entre a feminidade e o traballo alimenticio, así for doméstico ou industrial. Ademais, solápase coa idea, de circulación global, de que os suxeitos galegos son bos traballadores. Así o facía notar Margarita Ledo Andión no seu prólogo para o volume colectivo A foresta e as árbores. Para unha historia do cinema en lingua galega, a propósito da afirmación de Enrique Castelló Mayo nun capítulo do volume de que «filmar o traballo» é o mesmo que «filmar Galiza». Coido que a sociedade galega, especialmen- te as mulleres, debemos reivindicar ademais o noso dereito á preguiza. Como tamén convén repensar a relación entre a galeguidade e a cultu- ra da carne. A webserie Monstras (2020) e a peza teatral Santa Inés (2020) das feministas Corentena Producións e A Feroz teatro respectivamente reflexionan sobre a ideoloxía patriarcal que subxace á cultura da carne, responsábel da obxectificación de animais e mulleres. Que contunden- cia política posúe a escena na que Inés (interpretada por Inés Salvado Gontad) se marca cun coitelo os cortes de carne na pel mentres De Vacas cantan os nomes dos cortes en «Lamentario Agnorum» (Soundcloud, 2019). Disto xa falara Roberto Vidal Bolaño en Cochos. Relatorio valeroso en dous tempos, un prólogo, e un epílogo, para porca e actor en cativerio (estreada en 1987, publicada en 1992). En xeral, interprétase como unha peza sobre a emigración galega á Alemaña a finais dos 60. Óbviase que é, sobre todo, o relato da dominación masculina dunha figura feminina: a porca Rosiña. A obsesión do emigrante Sebas por comer «porco de con- fianza» lévao a infrinxir a lei e, en última instancia, a matarse, cal porco. O noso mundo (e a comunidade galega dentro del) precisa pensar sobre a cultura da carne con urxencia. Nun momento climático do filme Nación (2020) de Margarita Ledo Andión aparece unha reflexión neste sentido. Tres mulleres (unha pícara, unha adulta e unha vella) cantan 59 uns versos do grupo infantil Migallas: «Se pan de millo has merendar, pensa o traballo que hai detrás». O canto acompaña o traballo de debullar millo para as galiñas e os coellos da maior delas, a queer Nieves, ex-traballadora da Pontesa. Son un resumo sucinto da tese deste filme, que documenta a loita laboral das traballadoras: «sobrepasar a cerca fainos nación». Neste caso, a cerca tamén é a que divide consumidoras e produtoras. Sobrepasala supón ser consciente dos pasos da cadea alimenticia. Se habemos comer carne, leite, ovos debemos pensar como mellor facelo e asumir o que implica. Ao pensarmos no poder subversivo da alimentación, tardamos pou- co en dar coa bebida e as drogas. Na súa lista da «comida da alma do grupo étnico galego» en A lume manso. Estudios sobre historia social da alimentación en Galicia, Xavier Castro inclúe a augardente canda o caldo, as castañas, o bacallao, o polbo, as sardiñas e o viño. Asociada ás masculinidades de clase baixa, a augardente conserva o potencial subversivo de épocas pasadas. De aí o efecto da performance que O Leo i Arremecághona levou a cabo con Suspiros de Kaña (1998), parodia punk de «Suspiros de España» (1938). De aí que beban augardente as tres fillas bravas, fillas da silveira, que interpretan Patricia de Lorenzo, Mónica García e Arantza Villar en As fillas bravas (2014) e n’As fillas bravas e o mito de Casandra (2020), pezas teatrais que reivindican modelos femi- ninos do rural afastados das arquetípicas mulleres galegas, cociñeiras serviciais, dos anuncios de GADIS. Ao final de «Muinheira de interior» (2020), videoclip do dúo Boyanka Kostova, unha das mozas das agrupacións folclóricas participantes lanza un cóctel molotov contra o horizonte, por riba da cámara, que seme- lla estar dentro dunha botella de Anís El Mono, un licor feminizado debido ao seu uso na repostería galega. Ou se cadra é unha botella de María Liñeira 60 01 anuário augardente branca e de herbas, dado que as botellas boas se reutilizan para elaborar licores caseiros. Este videoclip combina ideas e imaxes que se entenden como tradicionais e modernas: a muiñeira e o trap, os traxes tradicionais e os tenis, os grupos folclóricos e o espazo distópico do Porto de Morás en Xove, cos seus dolos de cemento armado e Alcoa no pensamento. Esta moza seria sérvese de elementos icónicos da ga- leguidade e da domesticidade para mandar a tomar polo saco tantas e tantas cousas. A súa actitude seméllame un útil punto de partida para repensarmos o que comemos e bebemos e producimos para que outras coman e beban. 61 Bibliografia Busto Miramontes, B. 2021. Un país a la gallega. Galiza no NO-DO franquista. Santiago de Compostela: Através Editora. Castro, X. 1999. A Lume Manso. Estudios sobre historia social da ali- mentación en Galicia. Vigo: Xerais. Ledo Andión, M. (ed.) 2019. Para una historia do cinema en lingua galega. 2, A foresta e os árbores. Vigo: Galaxia. Ríos Bergantinhos, N. 2014. ‘Contemporary Galizan politics. The end of a cycle?’. Em Miguélez Carballeira, H. (ed.) A companion to Galician culture, pp. 196-212. Woodbridge: Tamesis. Roy, P. 2010. Alimentary tracts. Appetites, aversions, and the post- colonial. Durham e Londres: Duke University Press. Vidal Bolaño, R. 1992. Cochos. Relatorio valeroso en dous tempos, un prólogo, e un epílogo, para porca e actor en cautiverio. Barcelona: Sotelo Blanco. María Liñeira Psicogeografia do cinema galego: política, ruralismo e vanguarda Alberte Pagán Palavras-chave: cultura, imaginário, soberanismo. No centenário da constituiçom do grupo Nós a produtora Beli Martínez acertadamente comparava o Novo Cinema Galego com a geraçom Nós: am- bos movimentos ostentam «discursos de modernidade nun país con certo atraso e certo complexo de inferioridade». A inovaçom formal e o experi- mentalismo do Novo Cinema Galego, como a literatura do grupo Nós, tem vocaçom internacional e é quem de falar de tu a tu com a vanguarda global. Com o surgimento do novo cinema a Galiza deixou de ser objeto (cenário de produçons alheas) para por primeira vez erigir-se em sujeito e falar com voz própria, deixando atrás modelos narrativos importados e dramaturgias comerciais (a Monoforma, na nomenclatura de Peter Watkins) e superando o realismo social como modo único de repre- sentaçom.
Compartilhar