Buscar

A_guitarra_viola_violao_um_instrumento_g

Prévia do material em texto

01 anuário 
Textos completos do Caseto (2021-2022)
em claracorbelhe.gal
Clara Corbelhe, julho 2023
Edita:
Espaço Clara Corbelhe, entidade social sem ânimo 
lucrativo, com CIF G42990275, inscrita com número 
2021/024525-1ª do Rexistro Central de Asociacións 
da Xunta de Galicia. Santiago de Compostela (Galiza).
info@claracorbelhe.gal
www.claracorbelhe.gal
ISSN: 2951-6986
Tipo de letra:
Atlantica Serif, Marcos Dopico
Staff Wide, R-Typography
Imagem original da capa/contracapa:
Romero. Corcubiom, 1921
Impressão
Sacauntos Coop. Gráfica
És livre para copiar, distribuir, exibir e executar a obra, 
sob as seguintes condições;
•	 Atribuição. A utilizadora deve dar credito à 
autora original, da forma especializada polas 
autoras ou polo licenciante.
•	 Partilha nos termos da mesma licença. Se 
alterares, transformares o criares outra obra 
com base nesta, só poderás distribuir a obra 
resultante através de uma licença idêntica a esta.
•	 Uso não comercial. Não podes utilizar esta obra 
para fins comerciais.
Sumário
Prólogo
Pensamento crítico e transformaçom social: onde estamos 
e que podemos fazer?
Isaac Lourido
O Caseto
Galiza e os novos casticismos culturais: unha segunda 
Transición? 
Pablo Pesado
Pensamento e militância: desencontros e reencontros
Antom Santos
Loita anticolonial ou loita hexemónica? Os marcos estratéxicos 
do nacionalismo galego
Pedro M. Rey-Araújo
Un ciclo sobre unha páxina en branco
Daniel Rodríguez Cao
Alén do país das merendiñas: por unha crítica emancipadora 
da representación cultural da alimentación na Galiza
María Liñeira
9
21
23
31
 39
47
55
Psicogeografia do cinema galego: política, ruralismo 
e vanguarda
Alberte Pagán
Que queiram, que não, ‘Espanha’ é uma nação! 
A espanholidade como dispositivo de poder e controlo
Borxa Colmenero
Cara a unha filosofía galega: éthnos, institución e vida
Roberto Abuín
Se tocan a unha, tócannos a todas: o asasinato de Samuel 
e a resposta colectiva
Ana Amigo Ventureira
Así nos pasan pola pedra: a dominación social na Galiza
Isidro Dubert
Para uma (re)interpretação do surto do ILG
José João Rodríguez Rodrigues
Unha copla para abrir xanelas: regueifa e transformación 
política
Sara P. Marchena
A tradución da cultura galega ao inglés: internacionalización 
ou performance?
Laura Linares
A «vivenda normalizada» como instrumento de colonialidade: 
o caso dos planos de desmantelamento dos asentamentos 
precarios galegos
Cristina Botana
A guitarra, viola, violão: um instrumento galego
Isabel Rei Samartim
63
71
79
87
95
103
113
121
129
137
Poderia o Bloque Nacionalista Galego empregar a bandeira 
sem estrela com normalidade? De bandeiras e radicalismos 
fetichistas
César Caramês
Olhares compartidos: um diálogo entre fotografias de 
mulheres labregas galegas
Lucybeth Arruda
A memesfera galega em Instagram: abraçar a heteroglossia
Daniel Amarelo
Un Pacífico Occidental español: o papel da antropoloxía na 
Galiza autonómica
Pablo Pesado
O trans nos corenta anos de Orgullos na Galiza
Daniela Ferrández Pérez
A novela galega sobre a fin da Cuba colonial española en 1898: 
A Campaña da Caprecórneca de Luís Otero y Pimentel
Olivia Rodríguez González
Onde o mundo se chama Casaio
Lara Barros Alfaro
Sobre as autoras
145
153
163
171
179
187
193
201
Prólogo
Pensamento crítico e transformaçom social: onde 
estamos e que podemos fazer?
Isaac Lourido
Em abril de 2010, no blogue Quantas letras para um rio apareceu 
publicado um post sobre «Redes: Conhecimento fora da academia». 
Naquele texto, produzido por uma equipa de que eu fazia parte, era 
mencionado um conjunto de iniciativas que, um pouco por toda a 
Galiza e com meios, objetivos e horizontes de trabalho bastante dife-
rentes, tinham em comum o estímulo do pensamento crítico e umha 
certa abertura ao trabalho colaborativo e à pedagogia social, fora das 
margens do trabalho estritamente partidário. Entre eles, os grupos 
de estudo criados em centros sociais como A Fouce (Bertamirans) ou 
o Mádia Leva (Lugo), a atividade regular da Escola Popular Galega, 
o núcleo de projetos organizados à volta da Universidade Invisíbel 
(Teatro Resoante, Proxecto Derriba, Caosmosis, Ergosfera, Virus Her-
menéutico), passando pola atividade híbrida, a meio caminho entre 
o ativismo e a formaçom, de centros sociais como o corunhês Atréu 
(que acolhia umha Asemblea de Precarias en Formación ou umha 
Rede de Dereitos Sociais). Também eram referidos projetos mais vi-
rados para a intersecçom entre pensamento crítico e criaçom artís-
tica, como Baleiro ou Alg-a, bem como outros que pretendim criar 
10 01 anuário 
dinámicas pedagógicas horizontais, como a Universidade Popular 
de Corcubiom ou a desenvolvida por PreSOS Galiza em Compostela.
Quem quiger verificar o estado daqueles projetos treze anos mais 
tarde, encontrará que praticamente todos eles se encontram hoje em 
dia, e muitos desde há bastante tempo, desativados. Umha das causas 
principais é o peculiar ritmo de funcionamento histórico dos movi-
mentos sociais, que tendem a alternar momentos de expansom com 
momentos de contraçom, sempre em dependência, em boa medida 
pola sua natureza antagonista, das mutaçons que as várias formas de 
hegemonia adotam em cada momento histórico. Mas para melhor 
compreender o declínio de todos estes projetos –e, podemos adiantar 
já, a ausência na atualidade de umha rede tam heterogénea e dispersa 
por todo o território como a existente em finais da primeira década do 
século XXI– parece necessário levar em conta um conjunto alargado e 
complexo de fatores.
Que foi o que aconteceu entre 2010 e 2023 da perspetiva dos movi-
mentos sociais críticos e da produçom de um pensamento antagonis-
ta? Parece impossível negar o grande impacto que a chamada Grande 
Recessom tivo nom só em relaçom ao tipo de iniciativas referidas mas, 
em geral, ao conjunto das classes trabalhadoras e das grandes maio-
rias sociais. Grande Recessom para a qual, já agora, a esquerda crítica 
parece nom ter acabado de construir umha análise e umha narrativa 
minimamente consensual: crise verdadeira do sistema financeiro e 
político ou estafa a grande escala?, canto de cisne do capitalismo ou 
manobra do próprio sistema para fortalecer a sua própria hegemonia? 
Dentre os seus efeitos, talvez o mais importante para o foco colocado 
neste texto seja a precarizaçom geral das condiçons de vida das pes-
soas (experimentada, cada vez mais, nom apenas como precariedade 
11Isaac Lourido
no plano económico, como também nos cuidados, na saúde e na in-
tegraçom social) e a agudizaçom de umha tendência migratória que 
nunca deixara de estar mais ou menos presente e que, como é sabido, 
costuma notar-se com mais intensidade nas camadas mais novas da 
sociedade.
Mas há outros fatores que podem ser levados em conta, com maior 
ou menor peso, mas que afetárom diretamente alguns dos projetos e 
redes que, nos inícios da década passada, se mostravam preocupadas 
pola produçom de um pensamento crítico na cena cultural e ativista 
galega. Um desses fatores foi a repressom do estado contra vários movi-
mentos políticos e, especialmente, contra o setor do independentismo 
que se tinha mostrado mais decidido na tentativa de construir e de 
socializar, dentro de uns determinados limites, um novo quadro ideo-
lógico para o arredismo, adequado para a Galiza de inícios do século 
XXI e desligado sem complexos de determinadas ortodoxias paralisan-
tes. Essa vaga repressiva nom apenas privou de liberdade agentes fun-
damentais, como também fragilizou notavelmente redes militantes, 
espaços de encontro e de trabalho, até o ponto de fazer desaparecer 
muitos deles, e limitou decisivamente a necessária renovaçom gera-
cional, numha dinâmica que, infelizmente, ainda nom conseguiu ser 
restaurada.
Para a análise do mesmo período histórico, nom pode deixar de ser 
referida a descapitalizaçom experimentadapor vários movimentos 
sociais no contexto do chamado «assalto institucional», quer dizer, 
da aposta de determinados agentes, setores e redes por umha par-
ticipaçom alegadamente crítica no jogo eleitoral e no governo das 
instituiçons, nomeadamente na escala local, mas nom só. Essa expe-
riência tivo umha versom galega suficientemente conhecida, ainda 
12 01 anuário 
que talvez ainda insuficientemente estudada, avaliada e ponderada 
nos seus efeitos –há, porém, alguns bons textos neste livro sobre isso, 
como os assinados por Daniel R. Cao ou Adrián Búa e Jonathan Davies. 
O que parece claro é que vários dos projetos militantes ou das redes 
ativistas de que surgírom um número nada desprezível dos novos qua-
dros políticos para esta estratégia política acabárom por desaparecer 
e, o que é talvez mais importante, que para esses agentes se tratou de 
um caminho sem retorno, sem possibilidade real de reincorporaçom a 
cenários de participaçom social e intelectuais desligados das margens 
institucionais.
Por outro lado, a veloz mutaçom do espaço virtual –pouco tem a ver 
a Internet de 2010 com a de 2023– e o seu reforço como paradigma he-
gemónico nos planos informativo, comunicativo e discursivo acabaram 
por mudar significativamente o sentido da participaçom política. É este 
um paradigma disperso e difuso, mas muito eficaz nas suas possibili-
dades para aplicar o controlo, a censura e as várias formas de homoge-
neizaçom intelectual, bem como tremendamente limitado nas suas 
possibilidades contra-hegemónicas. Se há umha década [...] Se há umha 
década, para projetos como os mencionados, a Internet funcionava em 
boa medida como como mais um canal de divulgaçom social e como 
ferramenta para o armazenamento e a partilha de materiais (a luta pola 
cultura livre foi intensa naquel primeiro decénio, mas parece hoje em 
dia arrombada ou distorcida no seu sentido último), no período mais 
recente parece ter-se consolidado o paradigma da participaçom política 
virtual como mais umha possibilidade factível e reconhecida, quando 
nom a privilegiada por alguns projetos. A capacidade para chegar a um 
número mais alargado de pessoas, para comunicar pessoas afastadas 
fisicamente ou até para favorecer a conciliaçom entre as esferas política 
13
pessoal e laboral ou académica nom parecem até este momento com-
pensar os vários défices detetados nesta virtualizaçom da militância: 
dificuldades para o desenvolvimento de debates produtivos, descui-
do dos afetos e incremento da violência discursiva, inflaçom de egos 
normalmente masculinos e desconexom das realidades e dos conflitos 
sociais materiais e tangíveis.
Várias das dinâmicas agora referidas, como é bem sabido, vírom-se 
intensificadas pola pandemia da COVID-19. Outro acontecimento para 
que a esquerda crítica parece continuar sem ter umha análise crítica 
suficientemente fundamentada, fora a constataçom de umha certa 
mudança de época, talvez assente numha abstrata desconfiança para 
com a infalibilidade do ser humano e na necessidade de umha visom 
estratégica em em que a relaçom ser humano-planeta se configure 
com propostas radicalmente antagónicas às conhecidas, também às 
promovidas pola esquerda mais clássica. O que parece claro é que o 
confinamento e as outras políticas restritivas aplicadas ao conjunto da 
populaçom conseguírom quebrar dinâmicas consolidadas de encontro, 
camaradagem, co-aprendizagem e açom de rua, até o ponto de compro-
meter a viabilidade de um número significativo de espaços militantes, 
físicos ou institucionais.
Fôrom talvez os feminismos, movimentos com maior capacidade 
transformadora e de agregaçom social do nosso tempo, quem melhor 
soubêrom enfrentar alguns dos entraves que o último lustro colocou 
para o necessário dinamismo do pensamento e da açom política. O 
extenso e sólido trabalho sobre a esfera dos cuidados, a capacidade 
de adaptaçom a contextos adversos e mutáveis, a aposta por meca-
nismos amplos de inclusom (ainda à custa, se calhar, de umha certa 
indefiniçom ideológica e estratégica), o uso de táticas ativistas diver-
Isaac Lourido
14 01 anuário 
sas e heterogéneas, com horizontes de eficácia específicos em cada 
contexto, parecem ser o fruto de um demorado trabalho de reflexom 
coletiva dos feminismos galegos em múltiplos níveis. Sem esquecer as 
dinâmicas de funcionamento ordinário dos coletivos consolidados ou 
as tensons próprias dos foros partilhados para as açons a mais grande 
escala, nestes últimos anos vimos aparecer –só citaremos alguns exem-
plos dispersos– espaços de pensamento como a Asociación de Estudos 
Laborais Feministas (Aselafem) e iniciativas no plano da comunicaçom 
como a Revirada-Revista Feminista Galega, a consolidaçom de A Sega 
como espaço de crítica literária e cultural ou a emergência de nume-
rosos clubes de leitura feminista um pouco por todo o território. Tudo 
isto constitui, sem dúvida, o reverso desse balanço mais incerto que até 
agora foi sendo apresentado.
Se regressarmos por um momento ao post inicialmente referido, 
observaremos que aparecia enquadrado no contexto de umha crítica 
à universidade que surgia da chamada Declaraçom de Bolonha. Esta 
declaraçom intervinha de maneira decisiva na configuraçom dos pla-
nos de estudos a nível europeu, na planificaçom da docência e, em 
menor medida, no âmbito da investigaçom. Como sabemos, o novo 
quadro foi denunciado pola tendência à mercantilizaçom dos saberes 
e pola cedência global aos interesses do capitalismo num âmbito de 
prospeçom tam decisivo para os mercados laborais como o do ensino 
superior. De algumha maneira, fazia-se referência à existência dessas 
redes de pensamento crítico fora da academia como espaços neces-
sários e como horizontes de esperança, frente a umha universidade 
em que toda produçom intelectual disruptiva com o estado de cousas 
estava em vias de esgotamento ou, diretamente, era impossível de ser 
levada a cabo.
15
O certo é que, mais de umha década depois, o trabalho docente e 
investigador precarizou-se notavelmente no ensino superior, o que de 
certa maneira pareceu provocar umha diminuiçom da universidade 
como esfera de reproduçom social e, ainda, como âmbito de disputa 
de poder, agora talvez redistribuído em espaços mais diversificados de 
incidência social. A universidade nom deixou de ser, obviamente, umha 
instituiçom estruturalmente hierárquica, que refrata com as suas espe-
cificidades as hegemonias e as desigualdades (também os conflitos) da 
sociedade em que se insere. Mas podemos afirmar, como parecia querer 
deslizar-se no post comentado, que fôrom eliminadas as margens para 
levar a cabo qualquer classe de investigaçom crítica no seu interior? 
Todo parece indicar que umha sentença desse tipo seria bastante re-
ducionista e nom acabaria de representar umha visom completa do 
panorama investigador galego na atualidade.
A pesquisa diretamente ligada à reproduçom da hegemonia política 
e económica, ou à adaptaçom à mesma, continua plenamente vigente. 
Mas a heterogeneizaçom dos grupos e das experiências sociais que nu-
trem os corpos docentes e investigadores, a multiplicaçom das pessoas 
que investiga a um ou outro nível (TFG, TFM, teses de doutoramento), o 
crescimento dos grupos de investigaçom nas várias áreas e universida-
des ou a maior conexom com corpus teóricos, metodológicos e projetos 
desenvolvidos noutras partes do mundo, tem favorecido a existência 
de determinadas margens –especialmente nas áreas das artes, as hu-
manidades e as ciências sociais, mas nom só– em que se pratica umha 
investigaçom de alento crítico e potencialmente transformador. Dentro 
de uns relativamente estreitos limites institucionais, precarizada, mui-
tas vezes autocomplacente, insuficientemente financiada, coutada nos 
apoios para a transferência social? Nom o negaremos.
Isaac Lourido
16 01 anuário 
O surgimento do projeto Clara Corbelhe podemos integrá-lo,por-
tanto, na convergência de dous tipos de experiência a que até agora 
figemos referência: a dos movimentos sociais e militantes em período 
de refluxo e a da investigaçom antagonista que sobrevive nas margens 
da instituiçom universitária, bem na Galiza bem em universidades de 
outras partes do mundo. O agrupamento tem um caráter relativamente 
inédito no nosso espaço social e o potencial inegável que resulta da 
fusom do melhor de ambos os dous polos referidos: a capacidade para 
a assimilaçom e a formulaçom de arquiteturas teóricas e concetuais 
que permitam umha compreensom crítica da realidade social, da parte 
académica, e a ligaçom mais direta aos conflitos sociais da perspetiva 
da co-participaçom, a conscientizaçom e o trabalho ativista, da parte 
movimentista e militante.
Da trajetória inicial da Clara Corbelhe podemos retirar, ainda, umha 
inovadora diversificaçom dos horizontes e dos ritmos de funcionamen-
to, bem como do trabalho de socializaçom do projeto: a ediçom anual 
da revista em formato papel para a leitura mais profunda e sossegada 
de conteúdos ligados a um tema monográfico, a publicaçom periódica 
de artigos com diversos focos e temáticas no seu site, um uso tempe-
rado e razoável das redes sociais e umha atividade presencial, corpo a 
corpo, mais do que notável, quer nas jornadas organizadas quer nas 
apresentaçons realizadas por diferentes pontos da geografia galega. Po-
demos conceder ainda outros valores à iniciativa, como o alargamento 
das disciplinas convencionalmente associadas ao pensamento crítico 
na cultura galega contemporánea, que transbordam agora os limites das 
humanidades e das ciências sociais nas suas definiçons mais estritas.
Nom menos importante é a constituiçom da Clara Corbelhe como 
espaço de encontro, antes que como foro de adoutrinamento ou de 
17
reproduçom grupal, que nom só permite o debate, mas o promove de 
maneira explícita. Veja-se, para o caso, e apenas como exemplo, o in-
teressante confronto entre as teses colonialistas assumidas por umha 
maioria do soberanismo galego, a hipótese hegemónica postulada por 
Pedro Rey Araújo, o regresso à Crítica da Economia Política e ao inter-
nacionalismo proletário defendido por Jorge Seijo e Sergio Pena ou a 
exploraçom das teorias decoloniais, na sua aplicabilidade a diferentes 
aspetos da realidade galega, ensaiadas por Javier de Pablo e por Keina 
Espiñeira e Antía Pérez-Caramés.
Seria excessivo, no entanto, depositar todas as nossas esperanças 
num único projeto, por muito sólidas e promissoras que as suas bases 
podam resultar. A produçom de um contra-espaço público que funcio-
ne como alternativa crítica ao espaço público oficialmente legitimado, 
só poderá afiançar-se a partir de um ecossistema heterogéneo que 
funcione com agendas próprias e que consiga situar-se no plano in-
telectual fora da cultura da normalizaçom gestada nas últimas quatro 
décadas. Existem hoje em dia vimes e peças para esse ecossistema, 
no qual poderíamos integrar o trabalho constante dos centros sociais 
(embora com umha rede em mudança a respeito da existente 15 anos 
atrás); os contributos de meios já veteranos do independentismo como 
o Galiza Livre ou o Novas da Galiza e outros meios críticos como O 
Salto; a continuidade de revistas académicas especializadas, como 
a já histórica Murguia, juntamente com outras iniciativas recentes e 
com horizontes de trabalho singulares, como a Mazarelos; o trabalho 
que continuam a fazer no plano editorial iniciativas também notórias 
como a Laiovento, à qual se têm somado nos últimos anos produtos 
notáveis da Através Editora ou da Axóuxere; sem esquecer as várias 
redes dos movimentos feministas antes referidas ou o que se pode 
Isaac Lourido
18 01 anuário 
derivar de projetos a meio caminho entre o académico, o institucio-
nal e o social, como o Máis Nunca Máis, que contribuem de umha 
outra maneira à historizaçom crítica de processos sociais ignorados 
nas agendas investigativas e partidárias fora de usos ritualizados ou 
eleitoralistas.
Poderíamos dizer que os desafios fundamentais para este novo 
ecossistema de produçom de um pensamento crítico antagonista –
feminista, anti-capitalista e com perspetiva nacional– estám na sua 
consolidaçom nos prazos curto e médio e, doutro ponto de vista, na 
socializaçom e agregaçom de pessoas à sua volta. Contudo, será decisiva 
também a capacidade para construir interfaces suficientemente sólidas 
com os conflitos sociais nas diferentes escalas e com a açom social mais 
imediata. Muita da produçom académica e intelectual crítica, situada 
numha determinada semiosfera político-cultural galega, tem consi-
derado os conflitos sociais, os processos de resistência ou, em menor 
medida, os dispositivos de dominaçom como objeto de estudo. Mas 
perguntemo-nos: em que medida essa produçom tem sido útil para 
os próprios movimentos sociais, no sentido mais concreto e material 
que consigamos imaginar? Poderá produzir este ecossistema, por co-
locar um exemplo de atualidade, um pensamento crítico sólido sobre 
a dita ofensiva eólica, a questom energética e a emergência climática, 
ao serviço das comunidades que enfrentam o problema de maneira 
mais direta e, ainda, com umha perspetiva geral que seja significativa 
em termos sócio-históricos?
Nessa interface bidirecional, nesse trânsito tam poucas vezes explo-
rado com êxito, entre o interesse social maioritário e o trabalho intelec-
tual, entre o militante e o académico, entre o materialmente prático e o 
teórico, entre a urgência tática imediata e a reflexom de médio e longo 
19
prazo, entre o exercício da justiça social e o pensamento antagonista, 
joga-se umha parte significativa do futuro desse ecossistema que agora 
mesmo pouco mais do que imaginamos e, mais em concreto, deste nó 
da Clara Corbelhe que hoje saudamos com alegria, com esperança e 
com forças renovadas.
Isaac Lourido
O Caseto
Galiza e os novos casticismos culturais: unha 
segunda Transición?
Pablo Pesado
Palavras-chave: cultura, estado, imaginário.
Desde a chegada ao executivo español do PSOE e UP en 2018 parece 
estar a producirse un súbito interese estatal por Galiza. E con «estatal» 
refírome aos públicos localizados no Estado, mais tamén, e isto é espe-
cialmente relevante, ao Estado en si. Non é infrecuente que este interese 
sexa celebrado publicamente, chegando a ser proxectado como síntoma 
dunha inminente homologación entre a produción cultural galega e a 
española. Eu querería propor, no entanto, unha lectura diferente.
Os síntomas deste interese español son ubicuos e afectan varios 
ámbitos do cultural. Destacan, por exemplo, a poesía, a literatura in-
fanto-xuvenil, o cine ou a música. No entanto, talvez o feito que maior 
celebración concitou nos últimos anos foi o retorno da premiabilidade 
literaria galega. Despois de varias décadas en que as autoras galegas 
tiveron un acceso restrito ao circuíto de premios organizados desde o 
propio Estado, sucedéronse varios Premios Nacionales de Literatura Es-
pañola na modalidade de poesía (Pilar Pallarés por Tempo fósil en 2019, 
Olga Novo por Feliz Idade en 2020), aos cales aínda poderiamos acrecen-
tar outros como o Premio Nacional de Poesía Joven Miguel Hernández 
concedido a Alba Cid por Atlas en 2020. Unha concentración tan alta de 
24 01 anuário 
premios estatais en autorías galegas é inédita desde a primeira metade 
dos anos oitenta. Do punto de vista da socioloxía da literatura, unha 
variación tal nos criterios de canonicidade debe levar a interrogación. 
Nese prazo aproximativo de cinco anos tamén asistimos a un au-
mento dos produtos fílmicos –tanto películas como series– que toman 
Galiza por escenario, malia teren un público albo español e o castelán 
por lingua orixinal. Vallan como exemplo Fariña (2018), Vivir sin per-
miso (2018), Elisa y Marcela (2019), La isla de las mentiras (2020), Néboa 
(2020), El desordenque dejas (2020). Repárese en que nesa listaxe hai 
produtos desenvolvidos con capital privado, mais tamén con apoio 
económico estatal e autonómico, ou mesmo desenvolvemento directo 
a través de RTVE. Non só parece ter aumentado a cantidade dese tipo 
de obras, senón que estas gozan dunha visibilidade e dunha atención 
público-crítica difícil de imaxinar hai unha década. Do mesmo modo 
que acontecía cos premios literarios, a proliferación deste tipo de pro-
dutos audiovisuais lembra o acontecido na década de oitenta, durante a 
cal se produciu unha enxurrada de adaptacións televisivas dalgúns dos 
clásicos modernos da literatura en castelán que tomaron a Galiza como 
escenario, incluíndo: Los gozos y las sombras de Gonzalo Torrente Ba-
llester (1982), Los pazos de Ulloa de Emilia Pardo Bazán (1985) e Divinas 
palabras de Ramón del Valle-Inclán (1987). Non por acaso, a nova vaga 
fílmica iniciada arredor do 2018 semella continuar os tropos caracte-
rísticos da súa predecesora, reiterando as vellas ideas do pretendido 
isolamento, teluricidade e condición premoderna da Galiza.
Nestes últimos cinco anos tamén tivo lugar en distintos puntos 
do Estado a aparición de propostas que mesturan músicas populares 
con formatos urbanos ou electrónicos. Vallan como exemplos Rosalía, 
C. Tangana, Rodrigo Cuevas, Califato ¾ ou Maria Arnal i Marcel Bagés. 
25Pablo Pesado
O xornalismo cultural español non só está a ser especialmente recep-
tivo con estes formatos, mais tamén está a encadralos mediante uns 
parámetros de longa tradición no discurso unionista: a presentación 
de España como unha unión universal de culturas locais, unha «unión 
de pobos españois». Poden exemplificar esta tendencia os seguintes 
titulares: ‘El siglo XXI suena a folclore español’ (La Razón), ‘El orgullo 
de lo popular revoluciona la música española’ (El País), ‘Ser castizo es 
guay’ (El Mundo), ‘Bienvenidos a la folktrónica’ (La Vanguardia). En todos 
os artigos nomeados comparecen artistas galegas, proxectadas como 
representantes autonómicas nese novo foro das rexións. É o caso de 
Tanxungueiras mais, sobre todo, de Baiuca, quen no seu novo LP Em-
bruxo (2021) retorna sobre os lugares comúns dunha Galiza sobrenatural 
que xa foran moi rendíbeis como vía de acceso a mercados españois na 
década dos oitenta. 
O caso da música patentiza que non estamos apenas perante un inte-
rese estatal por Galiza, senón perante unha nova imaxinación territorial 
española que procura asignar novos significados a espazos considera-
dos como territorios, rexións ou culturas. Significados que son, de resto, 
asimétricos entre eles. Non debería sorprender que, dentro desta vaga, 
as artistas máis valorizadas sexan aquelas que reivindican inventarios 
culturais centrais ao nacionalismo español do século xx –do flamenco 
ao casticismo madrileño. Trátase, en suma, de crear unha distribución 
correcta e non-conflitiva do que noutrora fora denominado «los pueblos 
de España», mais tamén de promover unha nova identidade superior 
que funcione como central e común. O feito de que produtos como 
Solpor (2018) de Baiuca adoiten ser consumidos na Galiza mediante pa-
rámetros patrióticos abre unha pregunta de difícil resposta: hai nestes 
novos casticismos tamén posibilidades emancipatorias ou estamos a 
26 01 anuário 
colaborar cun proceso de subordinación cultural? Resulta clarificador o 
feito de que nestas últimas semanas as cancións Figa (Tanxugueiras) e 
Veleno (Baiuca) fosen preseleccionadas pola sondaxe La elección interna 
2022 de Eurovision Spain como candidatas ideais para representaren 
España en Eurovisión.
En tempos de inestabilidade política, e moi particularmente cando 
esta atinxe a contestación da soberanía dun Estado-nación, proliferan 
os produtos culturais que representan –e de regra exotizan– os seus 
rivais. Dispomos dunha nutrida produción académica que documenta 
o labor efectuado neste sentido polas diversas institucións culturais do 
Estado español. Desde os inicios do período democrático, o Ministerio 
de Cultura y Deporte foi mobilizado como instrumento para fomentar 
a denominada «cohesión social e nacional», erixida como obxectivo 
prioritario da política cultural, tal e como estudou Luisa Elena Delgado 
en La nación singular: Fantasías de la normalidad democrática española 
(1996–2011) (2014). É o que, en redaccións de estilo máis amábel, aparece 
tamén como «fomento da riqueza lingüístico-cultural española». Fóra 
da recepción entusiasmada do xornalismo cultural español por esta 
nova vaga de neo-casticismos rexionais, as pegadas dunha axencia go-
bernamental –tamén, aliás, autonómica– non son difíciles de rastrexar: 
na participación directa de RTVE ou na subvención directa do Ministerio 
de Cultura y Deporte, na concesión de premios organizados polo pro-
pio Estado ou na creación de produtos que formulan encadramentos 
políticos determinados, como documentarios ou eventos culturais –ho-
menaxes, foros e encontros literarios, por exemplo.
En termos xerais, a acción da institución cultural española foi e é 
produtiva en dúas áreas distintas. Por unha banda, selecciona imaxes 
dóciles dos seus rivais internos e promociona os produtos e axentes 
27
máis comprometidos coa súa difusión. Sirva como exemplo a serie de 
documentarios Un país para escucharlo (2019–2021), emitida en La 2, 
que proxecta sobre o mapa autonómico/provincial español a tradicional 
retórica da riqueza cultural interna –aquí especificamente musical. Por 
outra banda, a institucionalidade cultural española emprega distincións 
simbólicas –como os premios literarios– para proxectar unha aparencia 
de multiculturalidade e persuadir as elites das nacións dominadas de 
que existe un escenario futuro máis favorábel para elas –que parece estar 
sempre a piques de chegar. Este tipo de políticas son tamén usadas para o 
Estado se lexitimar perante Europa, especialmente nun momento en que 
pairan profundas dúbidas sobre a súa democraticidade. Pensemos na 
creación de España Global en 2018 como instrumento para contrarrestar 
ese diagnóstico no escenario internacional. É nesta liña, acho, que pode-
ría ser lido o crecemento da premiabilidade galega, mais tamén outras 
accións recentes como o programa de eventos culturais Afinidades elec-
tivas, destinado a pór en valor «la pluralidad lingüística de nuestro país».
Se se acepta que existe, no mínimo, unha participación estatal neste 
recoñecemento galego recente, e que esta participación baliza unha 
conflituosidade non resolta, cabe preguntar en que pode consistir esta 
última. A resposta máis inmediata serían as demandas autodeterminis-
tas das tres nacións sen Estado clásicas que, de diversas maneiras e en 
distintos graos, coñeceron nos últimos anos un momento de marcada 
oposicionalidade. Para o noso caso, o crecemento do Bloque Nacio-
nalista Galego nas eleccións estatais e nacionais e a desaparición de 
Unidas Podemos do Parlamento de Galicia son balizas de que o control 
do nacionalismo de Estado sobre a Galiza podería estar comezando a 
cambalear. Sería errado, porén, non conectarmos tamén esta relectura 
espacial coa maior representación de partidos rexionalistas e a aparición 
Pablo Pesado
28 01 anuário 
de Teruel Existe no parlamento español, o reartellamento do andalucis-
mo político, o debate sobre a fiscalidade madrileña ou o da oficialidade 
do asturiano.
Unha das tarefas herdadas polo executivo do PSOE e UP en 2018 
foi a de tentar reconciliar estas tensións territoriais internas. O campo 
cultural funciona neste contexto como a cola con que o todo nacional 
español tenta permanecer unificado. Fica por saber se a combinación 
entre distincións simbólicas estatais e neo-casticismos rexionais ser-
virá para alicerzar o modelo autonomista cunha eficacia comparábel á 
que tiveron as estratexias culturais nos tempos da Transición. Hai, con 
certeza, vectores políticos nas obras galegaspróximas ao neo-casticis-
mo que parecen presentar resistencia, e visíbeis esforzos colectivos por 
inserilas en coordenadas contestatarias. A popularidade de cancións 
como Oie Gayego do dúo Verto baliza unha tensión, mais esta poderá 
ser anulada baixo unha oposicionalidade fraca do tipo Galiza-Madrid 
que é parte da lóxica, ao cabo, deste autonomismo neo-castizo. Hai, por 
outra banda, mostras cumpridas de produtos audiovisuais capaces de 
actuaren por fóra das coordenadas identitarias incentivadas desde o 
Estado –de Dhogs (2017) de Andrés Goteira a O neto de Mirazo (2021) de 
C. Mirazo. Mais as institucións culturais españolas teñen unha delonga-
da experiencia como mecanismos de control, para alén de cumpridas 
partidas orzamentarias e a colaboración de grandes conglomerados me-
diáticos. Sabemos, por tanto, que se trata dun combate moi desigual no 
que cómpre ficarmos cautos. A aceptación de imaxinarios (do máxico 
ao folclórico) que profundan nos procesos de rexionalización en curso 
pode xerar dinámicas desmobilizadoras. Teremos que meditar se paga 
a pena celebrarmos un recoñecemento que nunca nos levará (porque 
xa nunca nos levou) demasiado lonxe.
29
Bibliografia
Delgado, L. E. 2014. La nación singular: Fantasías de la normalidad 
democrática española (1996–2011). Madrid: Siglo XXI. 
Pablo Pesado
Pensamento e militância: desencontros e 
reencontros
Antom Santos
Palavras-chave: ação, inteletualidade, militância.
Há um certo apriorismo que confronta açom a contemplaçom, inter-
vençom a reflexom, e, desde que a esquerda intelectual se institucio-
nalizou nas universidades de Ocidente, militância a pensamento. Este 
desencontro, que é real, nom deixa, porém, de ser umha meia verdade 
que pode entupir umha realidade histórica mui contraditória.
De origem latina, a palavra «militante» procede do latim militans, 
isto é: «o que se prepara para umha guerra». Na sua aceçom literal ou 
figurada, transmite fogosidade, entrega, apaixonamento, mas também 
perigo. Umha atividade, e umha disposiçom de ânimo, em aparência 
distantes do exercício da reflexom que, na tradiçom europeia e nor-
teamericana, é frio, cerebral, sossegado e distante, apoiado num certo 
desinteresse com as partes, em certa neutralidade vigilante. Por isso o 
pensador tivo o seu habitat natural na placidez dos gabinetes universi-
tários ou, como muito, na redaçom do jornal. Na literatura galega, um 
pequeno relato captou melhor que qualquer ensaio este abismo entre 
o coraçom e a cabeça, ou entre o ator e o espectador. Em Crónica de Nós 
(1980) de Xosé Luis Méndez Ferrín, o erudito míope de óculos grossos 
do conto «Episodio de caza» fantasia numha biblioteca do franquismo 
32 01 anuário 
com cenas guerrilheiras que nunca viverá: «pos os lentes montados en 
cuncha, docemente retomas a lectura e a análise (...) porque ti non aban-
donache máis que en soños a túa coviña de mediocre espectador de 
actos alleos e as cousas relatadas non tiveron lugar». Na nossa história, 
como temos assinalado noutra ocasiom, a acusaçom do galeguismo mo-
derado contra o arredismo apontou ao défice intelectual deste último, 
protagonizado por opinadores ousados que nom tinham competência 
nas letras nem na análise política. Blanco Amor dedicara estas palavras 
aos militantes da Sociedade Nazonalista Pondal na imprensa emigran-
te: «Escrever nom é o seu, evidentemente «dediquem-se» a raparem 
barbas, venderem tartám, pintarem tápias, venderem leite e biscoitos 
de baunilha, empacotarem sapatos, venderem chafalonias, pintarem 
cartazes de cinema ou encerarem pisos… é o seu ofício, nom pretendam 
umha outra cousa» (a cita pode atoparse na biografia de Blanco Amor 
que escreveu Gonzalo Allegue (1993)).
Nom sempre fôrom assim as cousas. Na história, o exercício do pen-
samento mais elevado combinou muitas vezes com o rigor do choque, 
mesmo violento, que fôrom da mao de maneira natural. Na Europa 
clássica, o dramaturgo Esquilo, premiado muitas vezes como grande 
escritor e conhecedor insuperável da natureza humana, nom fijo gravar 
na sua lápida méritos literários, senom a afouteza na guerra contra os 
persas: «do seu valor que fale o afamado bosque de Maratom/ e o Medo 
de longa cabeleira, que bem o provou». Em tempos menos recuados, 
um escritor fracassado em vida como Miguel de Cervantes lembrava 
nas suas Novelas ejemplares como episódio marcante da sua vida o ter 
participado «na mais memorável e alta ocasiom que vírom os passados 
séculos... militando debaixo das vencedoras bandeiras do filho do raio 
da guerra». Esta alusom a batalhas remotas pode semelhar anacronismo 
33Antom Santos
e, sem embargo, qualquer vista de olhos às grandes estórias da militân-
cia esquerdista e nacionalista no mundo contemporâneo deita traços 
semelhantes: desclassamento, escrita de géneros diversos mesturados 
um pouco azarosamente em funçom das vicissitudes biográficas, par-
ticipaçom na primeira fila das batalhas políticas e relaçom acidentada 
com as letras. Nos pensadores de famílias abastadas, conduzindo a sua 
produçom intelectual longe das estruturas da comunicaçom dominan-
tes (universidades ou imprensa comercial). No caso dos militantes pro-
cedentes do proletariado sem formaçom académica, esforço pola alfa-
betizaçom autodidata e conversom em autores de referência no espaço 
dos movimentos sociais, com pouca ou nula homologaçom académica. 
Um grande exemplo entre milhares temo-lo na nossa própria tradiçom 
independentista, quando um canteiro de Sebil, Johám Jesus Gonçález 
Gómez se fai advogado, novelista, teórico e, finalmente, militante al-
çado em armas frente o golpe em 1936.
Letra impressa, reflexom, açom
No seu ensaio Escrito en Euskadi. Revolución y cultura (1976–1982), Al-
fonso Sastre acunhou um termo afortunado, «camarada escuro», para 
aludir a essa figura paradigmática do movimento obreiro que, desde 
o anonimato e o trabalho abnegado, sempre coletivamente, ajudava 
a erguer poderosas organizaçons populares. A escuridade e o trabalho 
silandeiro, sem rúbrica pessoal, pareciam representar o contraponto 
ao intelectual progressista burguês, associado ao sucesso individual, a 
fama e os frutos do génio solitário. Na sua produçom jornalística, Sastre 
ainda complementava esta tese, mas esclarecendo que por duro, sujo e 
prosaico que fosse o labor político, este era, por riba de todo, intelectual: 
o exercício constante dum pensamento orientado à açom, ainda que 
34 01 anuário 
por vezes nom deixasse pegada escrita. Levando ao extremo esta filo-
sofia, o pensador marxista italiano Amadeo Bordiga, que poucas vezes 
assinava com o seu nome, teorizou contra a noçom de autor, e defendeu 
que eram os textos anónimos, baixo assinatura coletiva, os que melhor 
encarnavam o sentido coletivo da classe.
Luzes e sombras
Na reconstruçom da militância anarquista contemporânea que fai no 
seu livro Cabezas de tormenta:ensayos sobre lo ingobernable (2004), 
Christian Ferrer aproxima muitos protótipos da cultura libertária a 
umha espécie de «santidade laica». Nela, a entrega a um ideário e a 
sensibilidade pola justiça social funde-se com a procura dumha vida 
mais real e mais autêntica, e as arelas de formaçom e produçom inte-
lectual atopam aqui um lugar muito natural. A promoçom da leitura, 
o ateneísmo e os grupos de estudo, a cultura do choque de ideias e a 
reflexom autónoma som alguns dos alicerces que iriam constituir um 
ser humano substancialmente diferente. Com apoiatura estatal, seme-
lhante propósito representa a ideia socialista do «homem novo», sín-
tese de elevada moralidade, habilidade técnica e manual, e gosto pola 
cultura, modelo que logo perdeu a batalha contra a ânsia consumista e 
a libertaçom dos desejos das democracias liberais.
Nas últimas décadas, e em contraposiçom à tendência alcista dos 
integrismos religiosos nascidos na periferia, o modelo da entrega de 
raiz ilustrada parece abalar. Os compromissosa longo prazo –em todas 
as ordens, e também no das adesons coletivas– enfraquecêrom-se de 
tal modo que pugérom em causa mesmo as instituiçons que considerá-
vamos mais inamovíveis. As paixons políticas ocidentais nom desapa-
recêrom, porém, formulam-se maioritariamente a modo de explosom 
35
pontual, emissom incontinente de opinions, ou súbitas modas partidá-
rias que empurram milhares numha direçom, pouco antes de mudarem 
bruscamente de sentido. 
Por outra parte, vimos como as condiçons que propiciavam o pensa-
mento sofriam um certo deterioramento, o que também influi na capa-
cidade de enxergar a vida em chave militante. A revoluçom tecnológica 
pujo nas nossas maos a biblioteca universal, um sonho que os devan-
ceiros nem podiam conceber. Mas, ao mesmo tempo, isto arredou-nos 
do espaço natural do pensamento. Até a reflexom orientada à açom 
precisa de dous elementos: silêncio e prazos longos. Na permanente 
balbúrdia, a produçom de pensamento confunde-se com a produçom 
mediática: imediatez, necessidade imperiosa de audiências, impacto 
emocional e procura ansiosa da originalidade, num jogo de híper-con-
corrência esgotador.
Lastros e futuros
Mas nom nos enganemos: a militância, como todas as mostras da ex-
celência humana –científica, literária, artística, moral– foi sempre rara, 
excecional, e por isso tam valiosa. Mesmo sem existir o consumismo, a 
internet e as redes sociais, as causas coletivas teriam que enfrentar-se 
aos mesmos processos de degeneraçom que padecêrom há douscentos, 
cem ou cinquenta anos: em muitas ocasions, a lealdade a umha ideia 
virou simples adesom a umha estrutura burocrática que fornece con-
solo, proteçom de grupo, ou mesmo emprego; noutras, o pensamento 
criativo e realmente revolucionário sacrificou-se à pura autojustificaçom 
da própria sigla, de mao de assalariados da letra impressa. Em dinâmi-
cas que tam bem conhecemos, os espaços da esquerda virárom umha e 
outra vez em cenáculos abafantes para as luitas das vaidades e aquelas 
Antom Santos
36 01 anuário 
arelas de promoçom pessoal que, na sociedade mais convencional, se 
exprimem no mercado.
Como todo bem escasso, frágil, valioso, a militância é algo que deve 
ser cultivado e promovido, no canto de deitá-la ao lixo cinicamente 
por utópica; e se se torce e degenera, nom devêssemos cair na simples 
soluçom de culpar só os grandes males do nosso tempo –o capitalismo, 
o patriarcado, a sociedade líquida– do seu deterioramento, evadindo as 
próprias responsabilidades das gentes que as protagonizam; mas ter 
presente que as pessoas somos realidades muito pequenas e defeituo-
sas empenhadas por vezes em grandíssimas empresas, com o risco de 
falência que isso acarreta.
Tem futuro a militáncia? Tem futuro a implicaçom em corpo e alma 
combinada com o esforço do pensar? Nom o sabemos, mas esperamos 
que sim. As novas promoçons galegas, com um nível de formaçom téc-
nica e académica que assombraria qualquer familiar nosso nascido há 
um século, podem ser umha canteira inesgotável para pôr saberes e 
destreza, organizadamente, ao serviço do comum. Dim os céticos, com 
razom, que com o avanço da qualificaçom recuou também a capacidade 
para o entendimento coletivo, e que na hoje chamada «geraçom de 
cristal» se esvaeceu aquela disposiçom a encarar à adversidade que foi 
sempre a melhor garantia de todo movimento. No horizonte, porém, 
assomam desafios enormes que nos vam transformar de raiz: o caos 
climático, o fascismo rearmado, os direitos em recuo, indicam-nos às 
claras que a formaçom nom o vai ser todo. Cumprirá cooperar, cumprirá 
organizar-se, e cumprirá assumir que a dureza virará numha exigência 
para habitar estes tempos com esperança e dignidade.
37
Bibliografia
Allegue, G. 1993. Eduardo Blanco Amor: diante dun xuiz ausente. 
Vigo: Editorial Nigra.
Ferrer, C. 2004. Cabezas de tormenta: ensayos sobre lo ingobernable.
Buenos Aires: Utopía Libertaria.
Méndez Ferrín, X. L. 1980. Crónica de Nós. Vigo: Edicións Xerais. 
Sastre, A. 1982. Escrito en Euskadi: Revolución y cultura (1977–1982). 
Madrid: Revolución.
Antom Santos
Loita anticolonial ou loita hexemónica? 
Os cadros estratéxicos do nacionalismo galego
Pedro M. Rey-Araújo
Palavras-chave: hegemonia, libertação nacional, soberanismo.
Toda intervención política ven sempre encadrada nun cadro estratéxico 
que lle outorga sentido. A concepción que de si mesmo ten o suxeito po-
lítico en cuestión, a identidade e natureza do seu adversario, os obxec-
tivos últimos da súa loita, ou a súa relación con outros eixos de conflito 
veñen determinados, aínda que sexa implicitamente, por estes cadros. 
Ao longo das últimas décadas, o principal cadro de sentido que guiou 
as accións do soberanismo galego foi o que aquí denominamos a «hi-
pótese colonial». Certamente, ao seu abeiro artellouse un movemen-
to de masas que, hoxe en día, se atopa en condicións de disputarlle a 
hexemonía social aos sectores dirixentes do país. Porén, nun momento 
no cal o soberanismo se atopa electoralmente en alza, entendemos que 
é urxente artellar un debate en profundidade sobre o encadramento 
interpretativo e estratéxico que ha de informar a praxe política do sobe-
ranismo galego nos vindeiros anos. Cun ánimo abertamente polémico, 
tomamos partido. Entendemos que a «hipótese colonial» non constitúe 
un cadro axeitado para pensar a transformación do país nunha liña 
emancipatoria e que, no seu lugar, cómpre situármonos baixo o que 
aquí denominamos unha «hipótese hexemónica».
40 01 anuário 
A hipótese colonial e os seus perigos
A publicación hai case medio século d’O atraso económico de Galicia, 
por Xosé Manuel Beiras (1972), constitúe o fito fundacional da «hipótese 
colonial» no noso país. Alí postulábase que unha Galiza desartellada, 
dividida entre un sector rural precapitalista, mero produtor dos seus 
medios de subsistencia, por unha banda, e un sector urbano illado e 
pouco industrializado, pola outra, constituía unha «colonia interior» 
do Estado español. Provedora de recursos naturais, humanos e finan-
ceiros, da súa inclusión subordinada naquel resultarían unha econo-
mía subdesenvolvida e tecnicamente atrasada, así como unha esfera 
cultural alienada. 
Malia ter Beiras acometido sucesivas reformulacións das súas teses 
orixinais, a «hipótese colonial» atopou a súa formulación mais cohe-
rente na obra do economista Ramom López-Suevos. Na súa obra Do 
capitalismo colonial (1979) desbótase o cualificativo de «interior» no 
relativo á situación colonial da Galiza a respecto de España, a cal tería a 
súa concreción no entrecruzamento da «opresión política, o asoballa-
mento cultural e a explotación económica». Como corolario, a ruptura 
co Estado español emerxía como condición sine qua non para acadar a 
emancipación das clases populares do país. 
En suma, a «hipótese colonial» forneceríanos dun suxeito político 
xa constituído, a nación galega, malia que alienado; un inimigo petrifi-
cado, España, espello invertido da nosa situación; e un obxectivo claro 
e redentor, a independencia. Con poucas variacións, este esquema se-
gue a informar as teses políticas da UPG, tal e como unha ollada ás Te-
ses do XV Congreso da Unión do Povo Galego. Autodeterminación para 
a Galiza. Existir e Avanzar, aprobadas no seu XV congreso, celebrado 
en Febreiro de 2020, revela. Porén, unha vez constatada a súa vixencia, 
41Pedro M. Rey-Araújo
cómpre preguntármonos: que efectos ten o ubicar a nosa praxe política 
baixo as cordenadas da «hipótese colonial»? Ao noso entender, o seu 
é un cadro reducionista, conservador, derrotista e elitista. Vexamos.
A «hipótese colonial» é reducionista, pois condensa a complexa ma-
deixa de relacións transnacionais nas cales se sitúa a Galiza contem-
poránea nunha relación biunívoca entre a Galiza e España. Por unha 
banda, tórnase incapaz de discernir cales dos males do país atopan a 
súa explicación, efectivamente, nanosa inclusión diferencial no Estado 
español, e cales son froito da dinámicas capitalistas transnacionais. O 
declive inexorable da industria manufactureira constitúe un exemplo 
paradigmático destas últimas. Por outra banda, impídenos levar conta 
das relacións de dominación que o noso país exerce sobre outros te-
rritorios. A relación que a sobre-explotación laboral no sueste asiático 
garda cos altos salarios que Inditex paga na súa sede central é, aquí, un 
bo exemplo.
A «hipótese colonial» é conservadora, pois proxecta unha Galiza 
idealizada a cal habería que protexer, sendo a relación de exterioridade 
que garda co Estado español a principal causa do seu esmorecemento. 
Por unha banda, ao operar politicamente sobre unha Galiza idealizada, 
deslindada da realmente existente, oclúe os procesos sociais aos cales 
habería que responder e, por extensión, non atina a ofertar solucións 
axeitadas ás tensións ocasionadas por aqueles. Por outra banda, é con-
servadora en tanto que opera sobre unha idealización, a Galiza mono-
lingüe de mariñeiras e labregas, á cal escapan moitas das transforma-
cións acontecidas nestas décadas. Sendo unha proxección desligada do 
presente, incapaz de se incardinar en moitas das contradicións sociais 
que hoxe en día percorren a sociedade galega, amósase incapaz de in-
terceder nas liñas de conflito existentes. Así, ao non proxectar unha 
42 01 anuário 
Galiza futura máis ca dun xeito negativo, non é quen de conectar cos 
anhelos de transformación existentes. 
A «hipótese colonial» é derrotista, pois orienta a súa praxe polí-
tica cara á conservación dunha Galiza sometida a procesos aos cales 
poñerlles coto non resulta posíbel. A Galiza do futuro poderá ser de 
moitos xeitos posibles, mais decididamente non coma aquela que xa 
foi. Concibir o Estado español como omnipotente, abafante e ubicuo, 
como a causa última dos problemas do país, lévanos inexorabelmente 
cara unha cultura de resistencia auto-compracente coas derrotas que 
se nos inflixen. 
Finalmente, a «hipótese colonial» é elitista, en tanto que opera poli-
ticamente sobre unha división das xentes do país entre cidadáns libera-
dos e conscientes, por unha banda, e suxeitos colonizados e alienados, 
pola outra. Configura así unha vangarda que entende a política coma 
unha arte da «revelación», do descubrimento das verdades pre-discur-
sivas a individuos velados por unha ideoloxía entendida como «falsa 
conciencia», en troques de considerar a ideoloxía como unha cosmo-
visión, unha concepción estruturada do existente na cal se simplifican, 
mistifican ou mesmo oclúen as contradicións sociais existentes, mais 
sempre en aberta tensión con elas. 
Por unha construción hexemónica da Galiza por vir
Sen dúbida, situármonos ao abeiro da «hipótese colonial» ten unha 
compoñente tranquilizadora en tanto que nos permite construír unha 
praxe política sobre unha serie de certezas: a dun suxeito xa constituído, 
malia que aínda non se manifestara en plenitude tras séculos de oprobio; 
a dun antagonista a quen derrocar, malia ás veces semellar omnipotente; 
a dunha meta a cal, de acadármola, restituirá a plenitude ausente dunha 
43
Galiza finalmente reconciliada consigo mesma. Porén, entendemos que 
facer política emancipatoria obriga a rachar con estas certezas. 
No seu lugar, seguindo a estela de pensadores como Antonio 
Gramsci, Ernesto Laclau ou Stuart Hall, entendemos que o sentido que 
adquira todo conflito e/ou identidade social se atopa sempre en dispu-
ta, podendo declinarse mesmo de formas antagónicas. Neste sentido, 
do artellamento de diversos conflitos por parte de actores concretos 
emerxerán imaxinarios que os condensen ao mesmo tempo que petri-
fiquen unha orientación concreta dos mesmos. No caso que nos ocupa, 
a construción dun imaxinario nacional galego é un terreo en disputa 
que pode servir tanto á emancipación das clases populares do país como 
ao seu sometemento aos ditados das clases dominantes, como tamén 
teñen sinalado Roi Pérez (2021) e Carlos Calvo Varela (2020) en artigos 
recentemente publicados en A Xanela e O salto respectivamente. 
Primeiramente, é preciso levar conta de que non hai unha transposi-
ción directa, pura e non mediada, de ningunha dinámica social no terreo 
político. O que un conflito social, o que sexa, logre irromper na escena 
política é sempre resultado dun esforzo de politización desenvolvido 
por actores concretos, idea que xa desenvolvera Ramón Máiz (1996) no 
seu artigo «Nación de Breogán: oportunidades políticas y estrategias 
enmarcadoras en el movimiento nacionalista gallego (1886–1996)», 
publicado na Revista de Estudios Políticos. Do anterior derívase que os 
suxeitos políticos tampouco están nunca constituídos nun terreo previo 
ou anterior á propia contenda política, sexa aquel a lingua, a terra, ou 
as relacións capitalistas de produción. Falemos da mocidade, da clase 
social, ou da nación, tanto ten: a súa existencia como suxeito político 
será sempre froito dun proceso inconcluso de politización e agregación 
de conflitos particulares. 
Pedro M. Rey-Araújo
44 01 anuário 
Baixo esta óptica, un imaxinario nacional-popular ten que incardi-
narse, necesariamente, nos diversos conflitos que percorren a Galiza 
contemporánea, malia moitos deles desbordar o cadro das relacións 
entre Galiza e España. É preciso disputar a subordinación simbólico-cul-
tural do país no cadro do Estado afirmando que a súa defensa pode 
facerse en dúas linguas, conscientes de que as experiencias de descla-
samento e de esquecemento da propia historia son parte constitutiva 
da Galiza crioula que habitamos. É preciso loitar contra a precariedade 
que asolaga o mercado laboral galego entendendo que é en grande me-
dida efecto das dinámicas que afectan ao capitalismo global, mediado 
pola singular posición que ocupa o Estado español no seo da UE, mais 
interrogando como se concretan estas dinámicas nun país avellentado, 
xeograficamente desartellado, e cunha longa tradición migratoria. É 
preciso loitar contra o desmantelamento industrial no noso país, mais 
sen esquecer que o problema da baixa rendibilidade por mor da sobrea-
cumulación de capital industrial é un problema global, e de esquivas 
solucións hoxe en día. É preciso loitar contra a emerxencia climática, 
sendo un problema común ao globo enteiro, mais tendo en conta como 
no noso país se declina mediante a preponderancia adquirida pola ex-
plotación dos recursos naturais ou a invasión dos montes por especies 
foráneas. É preciso, finalmente, participar das loitas contra as múlti-
ples discriminacións que sofren as mulleres polo mero feito de selo, así 
como contra a distribución xenerizada tanto de roles sociais como das 
responsabilidades pola reprodución da vida. En suma, da implicación 
nos conflitos actuais, declinándoos debidamente en función das parti-
cularidades do noso país, habería de resultar un imaxinario compartido 
no cal a protección do país apareza ligada á protección da vida, na forma 
non tanto dunha Galiza á cal protexer, senón dunha Galiza á cal aspirar. 
45
Se, seguindo Poulantzas no seu Estado, poder y socialismo (1978) 
entendemos o Estado (multi-escalar, no noso caso), como unha «con-
densación material da relación de forzas existente», é preciso desbotar 
o entendemento do Estado como algo que se ten ou non para concibilo 
como un terreo de loita, poroso e heteroxéneo, no cal é preciso par-
ticipar para torcer a relación de forzas en favor das clases populares 
do país. É preciso, pois, fuxir das certezas que nos proveen os cadros 
aprehendidos e xa explorados para confrontar os riscos, mesturanzas 
e contradicións inherentes á acción política mesma. A política non 
consiste en gardar purezas senón, máis ben, e non terlle medo a em-
porcar as mans. 
Pedro M. Rey-Araújo
46 01 anuário 
Bibliografia
Calvo Varela, C. 2020. ‘Feijoo, o PPdG e a hegemonia’. El Salto Diario,29 de Xuño de 2020. 
Beiras, X. M. 2020 [1972]. O atraso económico da Galiza. (4a ed.). 
Santiago de Compostela: Laiovento.
López-Suevos, R. 1979. Do capitalismo colonial. Santiago de Compos-
tela: Edicións do Cerne.
Máiz, R. 1996. ‘Nación de Breogán. Oportunidades políticas y estrate-
gias enmarcadoras en el movimiento nacionalista gallego (1886-1996)’. 
Revista de Estudios Políticos, 92, Abril-Xuño, 33–75.
Pérez, R. 2021. ‘Galicia: entre a política e a moral. Galeguismo e po-
sibilidades contrahexemónicas no reino de  Feijóo’. A Xanela, 21 de 
Xaneiro de 2021. 
Poulantzas, N. 2000 [1978]. State, power, socialism. Londres: Verso.
Unión do Povo Galego. 2020. Teses do XV Congreso da Unión do Povo 
Galego. Autodeterminación para a Galiza. Existir e avanzar. Accesíbel 
en: https://www.calameo.com/books/000471136e1723cb0fff6
Un ciclo sobre unha páxina en branco
Daniel Rodríguez Cao
Palavras-chave: ciclos políticos, estratégia, organização.
«Hai outros mundos, pero están neste».
Paul Éluard
O 12 de xullo de 2020, tras a maior caída electoral rexistrada na historia 
contemporánea de Galiza, superando as do PCG e Coalición Galega, 
chega ao seu fin o ciclo iniciado no ano 2012 coa irrupción de Alternativa 
Galega de Esquerdas no Parlamento galego. A desaparición de Galicia 
en Común, que apenas consigue achegarse ao 4% de voto, pese a ser 
herdeira directa dos 14 deputados de En Marea do ano 2016, marca a fin 
do proceso. O relato construído sobre esta caída baseouse no argumento 
da existencia de múltiples diferenzas internas que, trasladadas á opi-
nión pública, transmitiron unha imaxe de caos e falta de credibilidade. 
Sempre segundo este relato, estas diferenzas no seo da coalición serían 
a causa fundamental da desfeita electoral. Porén, este é un eufemis-
mo reiterado e accesíbel que encobre outro tipo de carencias de índole 
política e organizativa, para as que cómpre unha explicación máis de-
longada. A caída veu revelar as enormes inconsistencias existentes –e 
nalgúns casos deliberadas– nunha opción electoral que até o momento 
48 01 anuário 
fora unha fórmula de suceso en termos cuantitativos. As ditas inconsis-
tencias non eran recentes, senón mutacións dos erros cometidos nas 
primeiras fases da implantación e presentes até o final.
A división temporal das ditas fases poderíase trazar fundamental-
mente en tres etapas: 
A primeira, que transcorreu de 2012 a 2015, comezou coa irrupción 
de AGE no Parlamento Galego. Este foi un momento marcado pola in-
sistencia en dous principios discursivos. O primeiro é o da impugnación 
constante, co obxectivo de dar continuidade institucional ás mobili-
zacións do 15M. Tal principio cristalizou nunha actitude de protesta 
continua e de deslexitimación do discurso dominante. O segundo veu 
determinado pola necesidade da atinxir grandes acordos entre forzas 
distintas arredor unicamente dun programa electoral, ao tempo que se 
anunciaba unha oposición máis contenciosa que a realizada por PSOE 
e BNG na lexislatura 2009-2012.
Unha segunda etapa, a transcorrida entre os anos 2015 e 2019, es-
tivo marcada pola tentativa de tradución do discurso impugnatorio á 
toma de posicións de goberno nas eleccións municipais de 2015 e, pos-
teriormente, nas autonómicas de 2016. Nesta fase téntase solucionar 
algunhas das maiores eivas do proceso, como o era a cuestión fulcral 
de construír algún tipo de organicidade arredor da representación ins-
titucional.
Na terceira e última etapa, xa nos anos 2019 e 2020, abandónase toda 
tendencia impugnatoria ou gobernista, para os esforzos centrárense 
unicamente en actuar como caixa de resonancia do goberno de coali-
ción entre PSOE e UP formado tras as eleccións de novembro de 2019. 
Esta fase veu sendo a manifestación última do esgotamento das dúas 
anteriores e chegouse a ela logo do impacto producido pola derrota 
49Daniel Rodríguez Cao
nas municipais de 2019, que lle extirpan a este espazo electoral o seu 
meirande capital simbólico: o goberno das tres cidades da provincia 
da Coruña. 
Os distintos cambios que marcaron a transición entre a primeira e a 
segunda fase obedecen a cuestións moi conxunturais. Na inicial, exis-
tía a necesidade de tradución institucional do 15M e a oportunidade 
de aproveitar as situacións de crise nos partidos de oposición ao PP. 
Cumpría responder, asemade, á debilidade dos gobernos locais do Par-
tido Popular, da que derivou en parte o éxito electoral nas municipais 
de 2015. A ambos os dous factores sumouse a necesidade de incorpo-
rar máis e novos actores. Mais tamén foron determinantes un feixe de 
elementos endóxenos que explican a chegada á fase final de colapso. 
Enuméroos a seguir.
En primeiro lugar, cómpre considerar a cuestión do proxecto político. 
Para alén das conxunturas que levan a calquera forza a ir evolucionando 
na súa axenda en función dos ciclos, a falta de capacidade para superar 
o momento inicial de impugnación, é dicir, de ter constituído unha 
opción electoral para protestar, fixo imposíbel xerar un único discurso 
recoñecíbel para o público. Isto deixa ao descuberto dous problemas: a 
dificultade para evolucionar discursivamente, o que converte o relato 
en predicíbel, e tamén a ausencia dun «plan» a longo prazo, plasma-
do nun proxecto real e realista, que aterre esa impugnación e achegue 
solucións e iniciativa. 
A falta desa evolución impide acompasar as grandes batallas dis-
cursivas coa política do día a día. Sirva como proba disto que non son 
as grandes batallas culturais e ideolóxicas da dereita as que derrotan 
os gobernos municipais das Mareas, que estaban moito máis cómodas 
discutindo co adversario sobre Venezuela que sobre a recollida do lixo. 
50 01 anuário 
Tamén se deixou ver a falta dun horizonte estratéxico claro e comparti-
do. Os horizontes estratéxicos, os grandes ideoloxemas que conforman 
o ADN das organizacións políticas, son necesarios por moitas razóns. 
Xeran afinidades, dotan dunha identidade, cohesionan e atraen per-
soas e achegan un programa de acción –un sentido común– tanto á 
organización como á súa contorna. A carencia dese horizonte levou a 
apostar todo este potencial de atracción aos grandes impactos comu-
nicativos, nun estado de campaña constante, moi marcado pola actua-
lidade. Mais a actualidade non sempre dá de si para unha sucesión de 
golpes de efecto. A teima nesta táctica, que resultou cómoda no inicio 
porque había liderados moi capaces de atraer atención, tamén impediu 
unha adaptación da axenda aos tempos correntes. Malia isto ser así, 
mantívose o carácter contencioso cando as demandas e os tempos do 
electorado aparentaban ser radicalmente distintos. Cómpre lembrar que 
o arco temporal referido comeza nun momento en que os catro esta-
dos do sur de Europa habitan a ameaza de seren «rescatados» pola UE, 
pero mantense nos momentos en que existe unha percepción cidadá 
de relativa recuperación económica. O discurso feito para a emerxencia 
parecía valer tamén para a falta dela.
A falta dese horizonte compartido tamén se explica pola colisión de 
conceptos moi distintos sobre o país. Neste conxunto houbo lugar para 
actores que procuraban outras formas de intervir no país, ao que lle 
outorgan a condición de nación ou, como mínimo, de entidade política. 
Mais había tamén outros actores que consideran a política autonómica 
–e a política feita no territorio da autonomía– unha cuestión menor e 
indisociábel da dinámica do Estado.
 A grande e vella pregunta sobre a sociedade nova desexada quedou, 
por tanto, sen resolver.
51
Nun segundo lugar, cómpre reflexionar sobre a necesidade de orga-
nización, outra cuestión clásica e dificilmente disociábel da anterior. No 
comezo, esta cuestión tivo unha considerábel centralidade no relato, 
quizais pola fascinación de época coa experiencia grega de Syriza, o 
vector da confluencia. Confluencia para protestar ou confluencia para 
gañar, peroconfluencia entendida como a conformación de frontes 
electorais de organizacións de esquerdas. Esta confluencia atravesou 
dous momentos: o da coalición AGE e o do partido En Marea. Na pri-
meira fase maniféstase xa algunha tensión arredor da necesidade de 
construír organicidade –apertura–, o que rematará callando na posterior 
constitución de En Marea, de adscrición individual e con máis actores. 
Sendo estes dous os de maior interese, ao ser o terceiro, Galicia en Co-
mún, un mero acordo de cotas entre distintas forzas.
Durante ambos os momentos maniféstase o fracaso a respecto dun 
dos ítems máis reiterados durante o 2012: a necesidade de mudar a 
cultura partidaria da esquerda en Galiza. E faino en varios aspectos. 
Por unha banda, a anunciada tentativa de modificar a relación entre 
representante e representado que, porén, non evitou a ruptura constante 
do mandato outorgado e a reiterada división de grupos institucionais. 
Por outra banda, a carencia total de mecanismos culturais de resolución 
de conflitos, eiva que se manifestou con maior intensidade na época 
de En Marea. Por último, cabería salientar o esgotamento do relato da 
unidade, que en moitas ocasións xerou a imaxe de que en calquera 
das fases se estaba perante un acordo unicamente táctico ou electoral, 
non político.
Seguindo coa organización, a outrora deostada cultura partidaria es-
taba fundamentada nunha lóxica de diálogo e negociación que nunca se 
manifestou, sendo imposíbel resolver ningún asunto sen ser por maio-
Daniel Rodríguez Cao
52 01 anuário 
ría. Esta dificultade viuse agravada polo feito de que nunca se chegou a 
conseguir que a apelada adscrición individual se chegase a manifestar. 
Isto deu lugar a unha lóxica de polos e de cotas nos órganos colexiados. 
Esta disfunción chegou a ter certas semellanzas (sobre o papel) coa da 
representación galega do PSOE: un poder local forte por un lado, unha 
dirección nacional polo outro, e por riba de ambos unha representación 
no Congreso totalmente autonomizada –tema non exento de conflito– 
das dinámicas do conxunto. 
Esta forma organizativa, filla da guerra relampo, foi tamén inimiga 
do repouso e da pausa, de natureza impaciente e con dificultades para 
comprender que os liderados precisan tempo, mesmo para ser subs-
tituídos. As grandes asociacións de persoas sostéñense, achamos, en 
base á integración e comprensión das contradicións, non no debate 
constante.
O resultado da carencia de organización produciu unha feble capi-
larización na sociedade, o que deixa un único terreo onde dar a batalla: 
a esfera pública e institucional. Isto xerou unha obsesión coa táctica e 
unha disonancia notábel entre a capacidade para dirixirse a grandes 
faixas do electorado e, en paralelo, xerar unha base militante. Tentouse 
innovar neste sentido, a través da creación dunha figura pensada para 
aquelas persoas con menos posibilidades para achegar compromiso 
político, os asinantes/inscritos, que virían substituír a tarefa áspera e 
cotián do militante. Mais tal feito non conseguiu que se achegasen máis 
persoas de xeito activo ao proxecto. Sen ser este un axioma aplicábel 
á totalidade de organizacións que o compuxeron, si o é ao espazo no 
seu conxunto.
Abrollou deste xeito un problema sobrevido: a inexistencia de de-
fensas, xa que as estruturas organizativas ademais de dotar de inicia-
53
tiva, tamén teñen unha función de abrigo nun ambiente hostil. Sirva 
como exemplo disto a dificultade das Mareas municipais para sosterse 
unicamente sobre a andamiaxe propia, sen un polo nacional que lles 
conferise certo soporte desde fóra, algo que non lle ocorría ao resto dos 
seus competidores.
Programa, proxecto e organización. A política denominada «nova» 
xurdiu ao abeiro de grandes mobilizacións para impugnar o estado de 
cousas, pero tamén querendo experimentar novas maneiras de oporse 
a elas. Como se fose un paradoxo, non foron problemas novos, senón 
dos chamados «clásicos» os que a acabaron entrampando. Un ciclo no 
que se quixo innovar pero no que puido máis a turbulencia e acabouse 
anhelando a solidez. O que ficou atrás non é a fin de traxecto dunha se-
rie de organizacións, senón o dun fenómeno: a política relampo. Tempo 
para a pausa, o longo prazo e as certezas.
Daniel Rodríguez Cao
Alén do país das merendiñas: por unha crítica 
emancipadora da representación cultural da 
alimentación na Galiza
María Liñeira
Palavras-chave: alimentação, cultura, imaginário.
O estabelecemento de relacións afectivas, discursivas e materiais co 
que comemos e bebemos constitúe unha experiencia universal. De aí 
que a alimentación, en tanto que conxunto de materialidades e dis-
cursos, xogue un papel fundamental na construción, mantemento e 
cohesión de comunidades humanas. A galega non é unha excepción. 
Exemplos disto hainos a moreas. Probabelmente os máis coñecidos e 
problemáticos fiquen nas campañas publicitarias de GADIS, «Vivamos 
como galegos» (Bap & Conde, 2007–presente). A xenialidade da idea 
principal desta campaña e das súas varias mutacións radica en explotar 
a idea, firmemente asentada dentro e fóra da comunidade, de que na 
Galiza a comida é abundante, auténtica e apetitosa, para así publicitar 
de modo indirecto unha empresa de alimentación. 
Esta é, folga dicilo, unha construción intereseira da alimentación 
na Galiza que semella ser un estereotipo colonial. A teórica Parama 
Roy afirma en Alimentary Tracts: Appetites, Aversions, and the Post-
colonial (2010) que «a política colonial falaba a miúdo nunha lingua 
indiscutibelmente visceral». Talmente como as estereotípicas voces do 
turismo estatal que resoan no tema «Oie Gayego» de Verto, que se unen 
56 01 anuário 
ás arquetípicas señoras de clase media-baixa à la GADIS e ás migrantas, 
que viaxamos con comida na maleta. 
Da nosa habelencia para desenlear os diferentes intereses que con-
flúen nestas ideas de abundancia, autenticidade e pracer depende que 
sexamos quen ou non de elaborar unha crítica cultural sobre a alimen-
tación na Galiza que fomente prácticas sociais emancipadoras, espe-
cialmente nos vectores nacional e de xénero. Ademais, había ser un 
exercicio de autocrítica que nos axudase a entender os mecanismos do 
noso privilexio, branco e colonial. Ese que nos permitiu apropiarnos do 
café latinoamericano, o cacao de Fernando Poo e o polbo marroquí e 
pasalos, así fose por despiste, como galegos. 
A diferenza doutros marcadores identitarios, como a lingua e a senti-
mentalidade, sobre os que existe debate social, a alimentación é un es-
pazo de consenso. De aí os innúmeros réditos políticos que leva xerado a 
exitosa manipulación das prácticas alimentarias galegas. No seu traballo 
sobre o fraguismo no volume A Companion to Galician Culture (2014), 
Noa Rios Bergantinhos fala da «cultura do polbo e a gaita». Por conta 
de asistir a numerosos actos nos que había de comer e beber, a Gerardo 
Fernández Albor, primeiro presidente da Xunta de Galicia (1982–1986), 
quedoulle o alcuño de «O Merendiñas». Un profesor meu de lingua 
galega que vestía polo con bandeira española ao pescozo falaba da Ga-
liza como «o país das merendiñas». Á parroquia de adolescentes que 
asistiamos ás súas aulas escapábasenos a fina análise da primeira etapa 
da autonomía, pero entendiamos igualmente que era unha frase des-
pectiva para falar dun modo de socialización autóctono. No seu pers-
picaz ensaio Um país a la gallega. Galiza no NO-DO franquista (Através, 
2021), a antropóloga Beatriz Busto Miramontes describe como, durante 
o período franquista, a comida ocupou un espazo privilexiado dentro 
57María Liñeira
do que ela denomina galaiquismo, ou sexa, o discurso colonial sobre a 
res galega. Mais a cuestión da alimentación como chave da galeguidade 
tamén antecede o franquismo. En 1929 o gastrónomo Dionisio Pérez, 
máis coñecido como Post-Thebussem, falaba na Guía del buen comer 
español de que«en ninguna otra región de España [como en Galicia] se 
siente tan intensamente ‘la alegría de comer’». 
A min interésame a relación entre a alimentación e a produción cul-
tural na Galiza. Polo momento, o seu estudo tense cinguido sobre todo 
á literatura popular e ás figuras de Álvaro Cunqueiro e Emilia Pardo 
Bazán, con algunha honrosa excepción, como un artigo do estudoso 
José María Rodríguez García sobre o pan negro na obra de Xosé Nei-
ras Vilas e Manuel Rivas. A análise crítica da representación artística e 
cultural da alimentación na Galiza, sobre todo na contemporaneidade, 
pode axudarnos a elaborar unha crítica cultural emancipadora a nivel 
material e discursivo, especialmente se nos pensamos como suxeitos 
nacionais e de xénero. O que segue é apenas un feixe de trazos que tal 
análise podería presentar. 
Un percorrido pola produción cultural galega móstranos un grande 
interese polo traballo, especialmente feminino, relacionado coa alimen-
tación. A conserva do peixe aparece, por exemplo, no poemario Baleas e 
baleas (1988) de Luisa Castro, o documental Doli, Doli, Doli... As con-
serveiras. Un rexistro de traballo (2011) de Uqui Permuy, a peza teatral 
As do peixe (2014) de Cándido Pazó, e a premiada curtametraxe Matria 
(2017), posteriormente longametraxe, de Álvaro Gago. Nelas preséntan-
se personaxes de mulleres proletarizadas, traballadoras incansábeis, a 
miúdo nais. 
A historia do traballo alimentario feminino é un coitelo de dobre 
gume. Por un lado, serve para reivindicar o papel das traballadoras na 
58 01 anuário 
industria alimentaria galega. Por outro lado, reifica a asociación entre 
a feminidade e o traballo alimenticio, así for doméstico ou industrial. 
Ademais, solápase coa idea, de circulación global, de que os suxeitos 
galegos son bos traballadores. Así o facía notar Margarita Ledo Andión 
no seu prólogo para o volume colectivo A foresta e as árbores. Para unha 
historia do cinema en lingua galega, a propósito da afirmación de Enrique 
Castelló Mayo nun capítulo do volume de que «filmar o traballo» é o 
mesmo que «filmar Galiza». Coido que a sociedade galega, especialmen-
te as mulleres, debemos reivindicar ademais o noso dereito á preguiza. 
Como tamén convén repensar a relación entre a galeguidade e a cultu-
ra da carne. A webserie Monstras (2020) e a peza teatral Santa Inés (2020) 
das feministas Corentena Producións e A Feroz teatro respectivamente 
reflexionan sobre a ideoloxía patriarcal que subxace á cultura da carne, 
responsábel da obxectificación de animais e mulleres. Que contunden-
cia política posúe a escena na que Inés (interpretada por Inés Salvado 
Gontad) se marca cun coitelo os cortes de carne na pel mentres De Vacas 
cantan os nomes dos cortes en «Lamentario Agnorum» (Soundcloud, 
2019). Disto xa falara Roberto Vidal Bolaño en Cochos. Relatorio valeroso 
en dous tempos, un prólogo, e un epílogo, para porca e actor en cativerio 
(estreada en 1987, publicada en 1992). En xeral, interprétase como unha 
peza sobre a emigración galega á Alemaña a finais dos 60. Óbviase que é, 
sobre todo, o relato da dominación masculina dunha figura feminina: a 
porca Rosiña. A obsesión do emigrante Sebas por comer «porco de con-
fianza» lévao a infrinxir a lei e, en última instancia, a matarse, cal porco. 
O noso mundo (e a comunidade galega dentro del) precisa pensar 
sobre a cultura da carne con urxencia. Nun momento climático do filme 
Nación (2020) de Margarita Ledo Andión aparece unha reflexión neste 
sentido. Tres mulleres (unha pícara, unha adulta e unha vella) cantan 
59
uns versos do grupo infantil Migallas: «Se pan de millo has merendar, 
pensa o traballo que hai detrás». O canto acompaña o traballo de 
debullar millo para as galiñas e os coellos da maior delas, a queer Nieves, 
ex-traballadora da Pontesa. Son un resumo sucinto da tese deste filme, 
que documenta a loita laboral das traballadoras: «sobrepasar a cerca 
fainos nación». Neste caso, a cerca tamén é a que divide consumidoras 
e produtoras. Sobrepasala supón ser consciente dos pasos da cadea 
alimenticia. Se habemos comer carne, leite, ovos debemos pensar como 
mellor facelo e asumir o que implica.
Ao pensarmos no poder subversivo da alimentación, tardamos pou-
co en dar coa bebida e as drogas. Na súa lista da «comida da alma do 
grupo étnico galego» en A lume manso. Estudios sobre historia social 
da alimentación en Galicia, Xavier Castro inclúe a augardente canda o 
caldo, as castañas, o bacallao, o polbo, as sardiñas e o viño. Asociada 
ás masculinidades de clase baixa, a augardente conserva o potencial 
subversivo de épocas pasadas. De aí o efecto da performance que O Leo 
i Arremecághona levou a cabo con Suspiros de Kaña (1998), parodia punk 
de «Suspiros de España» (1938). De aí que beban augardente as tres fillas 
bravas, fillas da silveira, que interpretan Patricia de Lorenzo, Mónica 
García e Arantza Villar en As fillas bravas (2014) e n’As fillas bravas e o 
mito de Casandra (2020), pezas teatrais que reivindican modelos femi-
ninos do rural afastados das arquetípicas mulleres galegas, cociñeiras 
serviciais, dos anuncios de GADIS. 
Ao final de «Muinheira de interior» (2020), videoclip do dúo Boyanka 
Kostova, unha das mozas das agrupacións folclóricas participantes lanza 
un cóctel molotov contra o horizonte, por riba da cámara, que seme-
lla estar dentro dunha botella de Anís El Mono, un licor feminizado 
debido ao seu uso na repostería galega. Ou se cadra é unha botella de 
María Liñeira
60 01 anuário 
augardente branca e de herbas, dado que as botellas boas se reutilizan 
para elaborar licores caseiros. Este videoclip combina ideas e imaxes 
que se entenden como tradicionais e modernas: a muiñeira e o trap, os 
traxes tradicionais e os tenis, os grupos folclóricos e o espazo distópico 
do Porto de Morás en Xove, cos seus dolos de cemento armado e Alcoa 
no pensamento. Esta moza seria sérvese de elementos icónicos da ga-
leguidade e da domesticidade para mandar a tomar polo saco tantas e 
tantas cousas. A súa actitude seméllame un útil punto de partida para 
repensarmos o que comemos e bebemos e producimos para que outras 
coman e beban. 
61
Bibliografia
Busto Miramontes, B. 2021. Un país a la gallega. Galiza no NO-DO 
franquista. Santiago de Compostela: Através Editora.
Castro, X. 1999. A Lume Manso. Estudios sobre historia social da ali-
mentación en Galicia. Vigo: Xerais. 
Ledo Andión, M. (ed.) 2019. Para una historia do cinema en lingua 
galega. 2, A foresta e os árbores. Vigo: Galaxia.
Ríos Bergantinhos, N. 2014. ‘Contemporary Galizan politics. The end 
of a cycle?’. Em Miguélez Carballeira, H. (ed.) A companion to Galician 
culture, pp. 196-212. Woodbridge: Tamesis.
Roy, P. 2010. Alimentary tracts. Appetites, aversions, and the post-
colonial. Durham e Londres: Duke University Press.
Vidal Bolaño, R. 1992. Cochos. Relatorio valeroso en dous tempos, 
un prólogo, e un epílogo, para porca e actor en cautiverio. Barcelona: 
Sotelo Blanco. 
María Liñeira
Psicogeografia do cinema galego: política, 
ruralismo e vanguarda
Alberte Pagán
Palavras-chave: cultura, imaginário, soberanismo.
No centenário da constituiçom do grupo Nós a produtora Beli Martínez 
acertadamente comparava o Novo Cinema Galego com a geraçom Nós: am-
bos movimentos ostentam «discursos de modernidade nun país con certo 
atraso e certo complexo de inferioridade». A inovaçom formal e o experi-
mentalismo do Novo Cinema Galego, como a literatura do grupo Nós, tem 
vocaçom internacional e é quem de falar de tu a tu com a vanguarda global.
Com o surgimento do novo cinema a Galiza deixou de ser objeto 
(cenário de produçons alheas) para por primeira vez erigir-se em sujeito 
e falar com voz própria, deixando atrás modelos narrativos importados 
e dramaturgias comerciais (a Monoforma, na nomenclatura de Peter 
Watkins) e superando o realismo social como modo único de repre-
sentaçom.

Continue navegando