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Sociedade, Educação e Cultura (2)

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Educação E 
Prof. Carlos Odilon da Costa
2a Edição
SociEdadE,
cultura
Elaboração:
Prof. Carlos Odilon da Costa
Copyright © UNIASSELVI 2021
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
C837s
Costa, Carlos Odilon da
Sociedade, educação e cultura. / Carlos Odilon da Costa – 
Indaial: UNIASSELVI, 2021.
228 p.; il.
ISBN 978-65-5663-682-5
ISBN Digital 978-65-5663-683-2
1. Sociologia. 2. Antropologia - Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci.
CDD 370
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao livro de Sociedade, Educação e Cultura. Nele, 
você percorrerá um caminho de conhecimentos ligados à Sociologia, à Antropologia e 
relacionados ao mundo da Educação.
Os novos temas e conceitos presentes na Sociedade dita pós-moderna e 
globalizada fazem parte do currículo das universidades e também das escolas de 
educação básica. O motivo é simples: é importante a compreensão crítica e mais ampla 
de mundo por parte dos profissionais e futuros profissionais da educação.
O mundo atual está cada vez mais complexo e multifacetado. Somente com 
olhares aprofundados das origens e desenvolvimento de alguns conceitos e temas é 
que o sujeito profissional se tornará um ser autônomo e cidadão consciente de seu 
papel na história humana.
Para que esse aprendizado ocorra, na Unidade 1 estudaremos sobre a Sociologia, 
Autores e Conceitos, tendo como objetivo proporcionar a compreensão da origem 
histórica e da constituição do conhecimento na sociologia.
Na Unidade 2 abordaremos os assuntos envolvendo Cultura e Educação para 
compreender como se configuraram os principais conceitos dos processos culturais e 
ambientais em sociedade.
Na Unidade 3 focaremos Educação, Cultura e Sociedade em Sala de Aula, 
analisando as relações culturais e de consumo existentes em sociedade a partir das 
salas de aula.
Bons estudos!
Professor Carlos Odilon da Costa
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - SOCIOLOGIA, AUTORES E CONCEITOS ........................................................... 1
TÓPICO 1 - ORIGEM DA SOCIOLOGIA ....................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 IDADE MÉDIA E SOCIEDADE ..............................................................................................3
3 RENASCIMENTO E SOCIEDADE .........................................................................................8
4 AUGUST COMTE E SAINT SIMON ......................................................................................11
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................18
TÓPICO 2 - AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA E A RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO ...... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 21
2 SOCIOLOGIA, MODERNIDADE E CIÊNCIA ........................................................................ 21
3 ÉMILE DURKHEIM, MAX WEBER E A EDUCAÇÃO ............................................................27
4 KARL MARX E A EDUCAÇÃO............................................................................................ 36
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 48
TÓPICO 3 - AUTORES CONTEMPORÂNEOS DA 
SOCIOLOGIA E A RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO ................................................................. 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 51
2 SOCIOLOGIA E PÓS-MODERNIDADE ............................................................................... 51
3 PIERRE BOURDIEU, MICHEL FOUCAULT E A EDUCAÇÃO.............................................. 65
4 ZYGMUNT BAUMAN, VIRTUALIDADE E A EDUCAÇÃO ....................................................73
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................78
RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................................81
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................83
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 85
UNIDADE 2 — CULTURA E EDUCAÇÃO ............................................................................... 89
TÓPICO 1 — CONCEITO DE CULTURA .................................................................................. 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 91
2 ORIGEM DO CONCEITO DE CULTURA .............................................................................. 91
2.1 EDWARD BURNETT TYLOR (LONDRES 2 DE OUTUBRO DE 1832 – 
WELLINGTON 2 DE JANEIRO DE 1917) ................................................................................................92
2.2 FRANZ URI BOAS (MINDEN, 9 DE JULHO DE 1858 — 
NOVA IORQUE, 21 DE DEZEMBRO DE 1942) ........................................................................................95
2.3 ALFRED LOUIS KROEBER (HOBOKEN, 11 DE JUNHO DE 1876 - 
PARIS, 5 DE OUTUBRO DE 1960) ...........................................................................................................96
3 CULTURA E IDENTIDADE ................................................................................................108
4 EXEMPLOS DE IDENTIDADE CULTURAL .......................................................................109
5 CULTURA E DESCONSTRUÇÃO .......................................................................................111
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 115
TÓPICO 2 - DIVERSIDADE CULTURAL ...............................................................................117
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................117
2 INCLUSÃO E CULTURA ....................................................................................................117
3 GÊNERO E CULTURA ....................................................................................................... 119
4 CULTURA E A TEORIA DECOLONIAL ..............................................................................123
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 127
TÓPICO 3 - CULTURA E MEIO AMBIENTE .........................................................................129
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................129
2 CULTURA E SUSTENTABILIDADE ..................................................................................129
3 CULTURA E DIÁLOGO DOS SABERES ............................................................................133
4 CULTURAS E O BEM VIVER .............................................................................................135
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 141
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 144
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................146
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................149
UNIDADE 3 — EDUCAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE EM SALA DE AULA ........................155
TÓPICO 1 — INTERCULTURALIDADE EM SALA DE AULA ................................................. 157
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 157
2 MULTICULTURALIDADE ................................................................................................. 157
3 INTERCULTURALIDADE .................................................................................................162
4 PRÁTICAS INTERCULTURAIS EM SALA DE AULA .........................................................165
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................169
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................170
TÓPICO 2 - SALA DE AULA NO SÉCULO XXI ..................................................................... 173
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 173
2 SOCIEDADE DE CONSUMO E SALAS DE AULA .............................................................. 173
3 SOCIEDADE ALTERNATIVAS E SALAS DE AULA ........................................................... 176
4 SALAS DE AULAS CONECTADAS ...................................................................................180
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................184
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................185
TÓPICO 3 - BNCC: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ........................................................187
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................187
2 ESTRUTURA DA BNCC ....................................................................................................187
3 BNCC E A EDUCAÇÃO BÁSICA ....................................................................................... 191
4 BNCC: HUMANIDADE E SOCIEDADE ............................................................................ 200
4.1 COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS HUMANAS 
E SOCIAIS APLICADAS AO ENSINO MÉDIO .......................................................................................207
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 209
RESUMO DO TÓPICO 8 .......................................................................................................213
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................215
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 217
1
UNIDADE 1 - 
SOCIOLOGIA, AUTORES 
E CONCEITOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• desenvolver a capacidade de análise acerca dos fenômenos sociais e educacionais;
• analisar aspectos do campo educacional a partir de uma perspectiva sociológica moderna;
•	 identificar	as	principais	características	sociológicas	nos	autores	pós-modernos	e	na	
sociologia da virtualidade;
• compreender a origem histórica e constituição do conhecimento sociológico.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ORIGEM DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 2 – AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA E A RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO
TÓPICO 3 – AUTORES CONTEMPORÂNEOS DA SOCIOLOGIA E A RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
ORIGEM DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A origem da Sociologia está vinculada à história do mundo europeu. Pensadores 
e	obras	do	continente	europeu	iniciaram	odebate	e	a	reflexão	em	torno	do	que	seria	o	
conhecimento sociológico transformado em Ciência.
Para melhor compreender esse debate sobre a origem e desenvolvimento 
da	sociologia	no	solo	europeu,	é	importante	entender	como	era	a	Europa	do	início	do	
processo de constituição da Sociologia. Na história da sociedade humana europeia, 
esse	período	de	constituição	da	Sociologia	tem	suas	bases	no	fim	da	Idade	Média.
Por	 isso,	 vamos	 entrar	 em	 nossos	 estudos	 no	 período	 conhecido	 como	 Idade	
Medieval.	 Veremos	 as	 principais	 características,	 como	 era	 organizada	 a	 Sociedade,	 o	
principal	conhecimento	produzido	na	época	e	sua	relação	com	o	movimento	daqueles	que	
defendiam	o	conhecimento	sociológico	ou	aqueles	fatos,	acontecimentos	e	conhecimentos.
2 IDADE MÉDIA E SOCIEDADE
A	 Idade	Média,	 para	 a	maioria	 dos	 pesquisadores,	 foi	 um	 período	 conhecido	
como	a	Idade	das	Trevas,	ou	seja,	a	Idade	sem	Luz,	sem	criatividade	humana.	A	maior	
parte	 da	 história	 desse	 período	 teve	 como	 fonte	 de	 compreensão,	 de	 interpretação	
da	vida	e	de	tudo	que	se	relacionava	com	a	sociedade	o	conhecimento	religioso	ou	o	
conhecimento teológico.
Quase tudo girava em torno das coisas de Deus ou do próprio Deus pregado 
e comunicado pela Igreja da época (Igreja Católica Apostólica Romana). Esse cenário 
começou a mudar por volta do ano 1.000, com o surgimento das primeiras Universidades, 
com	o	fim	da	Idade	Média	e	com	o	espírito	renascentista,	que	povoou	a	Europa.
Observando	a	configuração	da	Sociedade	através	do	tempo	histórico,	podemos	
perceber	que,	no	período medieval,	a	Sociedade	apresentava	algumas	características	
que	identificamos	como	principais:
Relação principal: do Senhor Feudal e o Servo da terra. O Servo trabalhava nas 
terras do Senhor Feudal. Era considerado um produto da terra, se a terra fosse vendida, o 
Servo	ficava	nas	terras	como	um	produto	a	ser	adquirido	pelo	comprador.	A divisão social 
era	 hierárquica,	 dividida	 basicamente	 em  quatro	 estamentos ou	 estados:	 Rei,	 Nobreza,	
Clero	 e	 Servos,	 sendo	 que	 os	 dois	 primeiros	 possuíam	privilégios	 em	 relação	 ao	 último	
grupo subordinado. Economia ou modo de produzir as coisas: a produção basicamente 
4
girava	em	torno	das	grandes	extensões	de	terras,	os	Feudos.	Esse	sistema	ficou	conhecido	
como Feudalismo. As leis e os códigos de condutas sociais eram elaborados a partir das 
Tradições	da	Nobreza	e	da	interpretação	Bíblica.	A visão de mundo, religião, educação, 
conhecimento, meio ambiente e cultura: Nessa época, predominava o conhecimento 
Teológico, marcado pela supremacia da Igreja Católica Apostólica Romana (Igreja e Fiéis). A 
cultura	era	elaborada	a	partir	do	Teocentrismo.	A	natureza	era	obra	de	Deus	e	era	perfeita.	
A	vida	na	sociedade	medieval	se	caracterizava	por	um	forte	apelo	às	questões	
religiosas	e	 rurais	no	 sentido	de	que	o	modo	de	produção	vigente,	 conhecido	como	
Feudalismo,	foi	o	mais	usado	em	toda	a	história	desse	período,	de	grandes	extensões	
de	terras	do	Senhor	Feudal,	em	que	trabalha	o	servo,	para	fugir	da	miséria	e	buscar	seu	
espaço	no	céu.	Arte,	Educação,	Política,	Religião,	Leis,	Cultura,	entre	outros	setores	da	
sociedade da época, eram fundamentadas no conhecimento religioso ou teológico. O 
teocentrismo era a medida de todas as coisas.
Teocentrismo é uma doutrina que toma Deus como elemento central.
NOTA
Viver na sociedade medieval era viver dentro dos limites da Igreja Católica Apostólica 
Romana.	Diretrizes,	princípios,	normas	estabelecidas	na	vida	social	tinham	como	parâmetro	
a	 interpretação	da	Bíblia	por	parte	dos	membros	da	 Igreja.	O	destino	da	vida	humana	era	
imposto	pela	 interpretação	do	clero,	ou	seja,	o	conhecimento	produzido	para	 interpretar	e	
compreender a vida humana em todos os sentidos passava pelo crivo do conhecimento 
religioso	amparado	nas	leituras	bíblicas	das	autoridades	religiosas	da	época.
FIGURA 1 – SOCIEDADE MEDIEVAL
FONTE: <https://bit.ly/3A2tnIW>. Acesso em: 8 jan. 2021.
5
Entraremos	agora	em	algumas	características	importantes	para	a	compreensão	
da	configuração	e	condição	da	vida	na	sociedade	medieval.		De	acordo	com	Schipansk	e	
Pontarolo (2009), o tempo na Idade Média e a relação com elementos religiosos e sociais 
se apresentava da seguinte forma:
QUADRO 1 – TEMPO E RELAÇÕES ESTABELECIDAS
Tempo e 
relações 
estabelecidas
Características
Viver seu tempo
Para nós pode parece estranha a forma como os homens e mulheres 
medievais viam e viviam o seu tempo, pois estamos habituados a uma rotina 
frenética,	sempre	correndo	contra	o	tempo,	preocupados	com	o	próximo	
compromisso.	A	forma	como	os	 indivíduos	entenderam	e	viveram	o	seu	
tempo	é	muito	importante	para	que	possamos	compreender	sua	sociedade.
Multiplicidade 
de tempo
No	período	medieval	vemos	uma	força	grandiosa	da	Igreja	sobre	muitos	aspectos	
da	sociedade	e,	de	fato,	o	cristianismo	influenciou	profundamente	a	relação	das	
pessoas	com	o	tempo.	Além	disso,	nesse	período	havia	uma	multiplicidade	de	
tempos: o tempo natural e rural; o tempo senhorial; o tempo religioso.
O tempo natural 
e rural
Estamos	 falando	 de	 uma	 época	 em	que	 a	 agricultura	 era	 a	 principal	
atividade	econômica	e,	portanto,	uma	época	em	que	a	terra	e	o	seu	uso	
eram	fundamentais	para	a	sobrevivência.	A	natureza	imperava	na	medição	
e	contagem	do	tempo	rural.	Existia	o	tempo	das	chuvas	e	o	das	secas;	o	
do dia e o da noite; o do plantio e o da colheita; o do inverno e do verão. 
É	o	tempo	dos	dualismos	tão	enfocados	durante	o	período	medieval:	 luz	
e escuridão, calor e frio, ócio e trabalho, vida e morte. Esse tipo de tempo 
é	cíclico,	 lento	e	 longo,	e	os	camponeses	estavam	habituados	a	esperar,	
pacientes,	 pela	mudança	–	 se	é	que	ela	 ocorreria.	 Esse	cenário	 é	uma	
representação	imagética	do	tempo	cíclico:	um	fato	precede	o	outro,	mas	
voltará	a	acontecer	–	como	as	estações	do	ano.	
O tempo 
senhorial
O	tempo	senhorial	é,	antes	de	tudo,	militar,	isso	porque	tem	como	pontos	
culminantes	no	ano	os	períodos	dos	combates,	das	reuniões	da	cavalaria	
e dos adoubements.
O tempo 
religioso
Os mosteiros levaram para além de suas muralhas o seu ritmo de vida. As 
atividades	diárias	eram	ritmadas	pelo	badalo	dos	sinos	e	pelo	eco	das	orações	
vindas	dos	interiores	dos	mosteiros.	A	importância	dos	sinos	na	Idade	Média	era	
muito	grande,	pois	cada	som	emitido	significava	um	acontecimento	diferente.	
Adubamento
Cerimônia	de	 iniciação	dos	 jovens	para	a	cavalaria,	 na	qual	 acontecia	a	
benção cristã do novo cavaleiro. 
O bater dos 
sinos
Certamente,	marcava	os	principais	eventos	da	vida	urbana,	quer	chamando	
os	fiéis	para	a	celebração	dos	ofícios	divinos,	quer	anunciando	as	festas;	ora	
avisando	o	início	e	o	fim	do	trabalho,	ora	lembrando	triste	acontecimento	ou,	
ainda, alertando as pessoas para uma ameaça iminente. Toda a população 
sabia	o	significado	dos	diversos	toques,	que,	apesar	de	serem	incessantes,	
não	perdiam	o	seu	efeito	no	espírito	dos	ouvintes.	
Liturgia
O ano também era marcado pela liturgia e pelas datas festivas relacionadas 
à vida de Cristo, como o Natal, a Páscoa, a Ascensão e o Pentecostes. Aos 
poucos foram se inserindo festas em honra à Virgem Maria e aos demais 
santos. Esses festejos normalmente marcavam acontecimentos importantes 
para	questões	econômicas,	como,	por	exemplo,	o	pagamento	de	tributos	
aos senhores ou a festa da colheita. 
6
Clero
O	clero	era,	também,	o	responsável	pela	medição	do	tempo	útil	e	também	
pelo	 tempo	destinado	ao	descanso	no	Domingo,	pela	 liturgia	cristã	que	
definia	quais	eram	os	dias	santos	e	de	festa,	bem	como	os	dias	de	trabalho	
e	os	de	jejum.		O	tempo	da	Igreja	era	dominante	no	medievo,	mas	pede	que	
tomemos	cuidado	ao	fazer	essa	afirmação,	pois	mesmo	que	a	 ideologia	
cristã	tivesse	total	domínio	sobre	a	população,	a	maioria	dos	camponeses	
não	sabia	e	nem	se	importava	que	dia	fosse	(com	exceção	dos	domingos	e	
dias	de	festas),	e	é	bem	provável	que	não	soubessem	nem	mesmo	qual	era	
sua própria idade e o dia do seu aniversário.Criação do 
mundo
Segundo a narrativa da Igreja sobre a criação do mundo e do homem, eles 
foram criados em seis dias e o Criador descansou no sétimo, contemplando 
a sua obra. O domingo representava esse dia, e por isso devia ser reservado 
às	orações	e	ao	descanso.	
Horas canônicas
Horas	canônicas:	São	as	várias	partes	do	Ofício	divino,	 escalonadas	ao	
longo	do	dia:	Laudes,	como	oração	da	manhã;	horas	menores	(Tércia,	Sexta	
e	Nona,	das	quais	se	pode	optar	por	uma	única,	hora	 intermédia,	a	mais	
adequada	à	hora	do	dia);	Vésperas,	ao	anoitecer	(considerada	hora	principal,	
juntamente	com	Laudes);	Completas,	ao	deitar;	e	Ofício	de	Leitura,	com	
o valor de tempo de oração meditativa durante a noite, embora podendo 
celebrar-se	a	qualquer	hora.	
FONTE: Schipansk e Pontarolo (2009, p. 30-31)
A	relação	das	pessoas	com	o	tempo	na	 Idade	Média	explica	muito	sobre	seu	
modo de vida. No entanto, vamos destacar outro aspecto fundamental dessa época: o 
espaço,	os	locais	de	reuniões,	de	trabalho,	de	estudos.	Segundo	Schipansk	e	Pontarolo	
(2009),	assim	se	apresentava	a	relação	espaço	e	ser	humano	no	período	medieval:
 QUADRO 2 – ESPAÇO E RELAÇÕES
Espaços e 
relações
Configurações
Fixação	ao	solo
A	primeira	condição	para	o	funcionamento	do	sistema	feudal	era	a	fixação	
dos	homens	ao	solo.	Ora,	a	ligação	dessas	pessoas	com	a	terra	é	indiscutível,	
pois	a	base	da	sobrevivência	era	a	agricultura.	Além	do	mais,	é	a	organização	
espacial	em	feudos	que	estabelece	o	lugar	de	cada	um:	vassalo	e	suserano,	
servo ou senhor.
Paróquias
A	divisão	espacial	em	paróquias	mostra	que	a	Igreja	teve	importância	ímpar	
também	nesse	aspecto,	a	criação	do	quadro	paroquial.		A	paróquia	reunia	os	
grupos,	formando	aldeias	ao	redor	da	igreja	(que	era	um	edifício	sacralizado)	e	
do	cemitério.	O	lugar	central	e	para	onde	convergiam	as	atenções	e	os	olhares	
era	o	altar	–	lugar	onde	a	Igreja	confirmava	sua	unidade	através	da	eucaristia.	
Essa	distribuição	populacional	ao	 redor	dos	edifícios	sagrados	origina	um	
espaço	“heterogêneo	e	hierarquizado,	polarizado	pelos	santos	e	suas	relíquias”.
Vínculo	a	terra
No	entanto,	não	podemos	confundir	vínculo	à	terra	com	imobilidade,	pois,	
ao	contrário	do	que	se	acredita,	nem	todos	os	homens	e	mulheres	da	Idade	
Média passavam a vida inteira no lugar onde nasceram, muitos deles viviam 
em constante movimentação e peregrinação. Aparece como um elemento 
fundamental	 do	 encelulamento,	 que	 contribui	 para	 a	 estabilidade	 das	
populações	rurais	e,	então,	para	a	solidez	do	laço	entre	os	homens	e	o	seu	
lugar, indispensável ao funcionamento da dominação feudal.
7
Movimentação
A	movimentação	se	dava	pelo	fato	de	que,	nesse	tempo,	as	propriedades	
podiam	ser	provisórias.	Os	indivíduos	estavam	inseridos	em	uma	hierarquia	
que	determinava	sua	posição	social:	o	senhor	tinha	todo	o	direito	de	retomar	
do	servo	ou	do	vassalo	a	extensão	territorial	a	ele	concedida,	desde	que	o	
transferisse para outra da mesma proporção. Entretanto, esse novo local 
poderia estar situado bem longe do local de origem. Já a peregrinação estava 
associada	às	experiências	de	exterioridade	e	poderia	funcionar	como	um	
meio	de	reforçar	o	vínculo	com	o	lugar	de	origem.	
Religiosidade
O	espírito	religioso	que	imperava	nessa	época	empurrava	as	pessoas	para	
a	estrada.	A	busca	pelos	lugares	santos	e	pelas	relíquias	sagradas	movia	
boa	parte	da	população	medieval.	A	travessia	era,	na	maioria	das	vezes,	
cercada	de	dificuldades:	os	caminhos	longos	e	tortuosos,	o	frio	e	a	fome,	o	
medo	da	noite	e	da	floresta,	os	ladrões	e	o	mau	estado	das	estradas	e	dos	
caminhos percorridos. 
Peregrinação
A peregrinação, portanto, não visava a satisfação do desejo pessoal 
de	conhecer	novos	 lugares,	 nem	mesmo	era	uma	atividade	de	 lazer.	A	
peregrinação era praticada como uma penitência, como uma provação. 
Era	uma	das	formas	de	purgar	pecados	graves,	de	se	sacrificar	pelo	perdão	
divino.	Essas	mobilidades	e	deslocamentos	deixavam	cada	vez	mais	clara	
para	os	indivíduos	a	importância	dos	seus	lugares	e	isso	reafirmava	neles	o	
laço	imaginário	que	os	prendia	ao	seu	espaço.	
FONTE: Schipansk e Pontarolo (2009, p. 32)
O feudalismo predominou na Idade Média. Sendo assim, a agricultura era a base 
econômica dos povos europeus ocidentais. Como se observa, em geral, a Idade Média foi 
sumariamente	caracterizada	por	um	sistema	político,	 econômico	e	 social	 denominado	
feudalismo.	Queiroz	e	Junior	(2015,	p.	34),	caracterizam	o	Feudalismo	da	seguinte	maneira:
O	feudo	era	tido	como	um	“modo	de	posse	de	bens	reais”	e	 ‘feudal’	
relacionava-se	não	apenas	ao	feudo	propriamente,	mas	também	aos	
encargos decorrentes deste tipo de posse. Posteriormente, durante 
a	 monarquia	 absolutista,	 a	 expressão	 que	 denominava	 o	 aspecto	
jurídico,	 passa	 a	 incorporar	 um	conteúdo	político.	 Com	 isso,	 passa-
se	 a	 enfatizar	 como	 principais	 características	 do	 âmbito	 feudal	 os	
vários aspectos relativos à fragmentação da soberania. Mais tarde, a 
partir	dos	estudos	e	conceitos	desenvolvidos	por	Karl	Marx	e	Friedrich	
Engels,	entre	1845	e	1846,	o	período	medieval	passa	a	ser	visto	pelos	
historiadores	 marxistas	 como	 um	 modo	 de	 produção,	 o	 chamado	
“modo	 de	 produção	 feudal”.	 Esse	 modo	 de	 perceber	 o	 feudalismo	
como	 fenômeno	 histórico	 implicava	 num	 entendimento	 em	 que	 a	
expressão	 “feudal”	 incorporasse	 também	 um	 conteúdo	 econômico,	
referindo-se	não	apenas	à	organização	política	e	às	relações	pessoais	
estabelecidas entre os homens pertencentes às classes dominantes, 
mas também à própria maneira como estes sujeitavam uma população 
mais	 ampla	 para	 a	 organização	 de	 uma	 produção	 agrícola	 da	 qual	
todos	dependiam	para	a	sua	subsistência.	Assim,	as	relações	verticais	
entre	senhores	e	servos	e	todo	um	complexo	sistema	de	trabalho	e	
propriedade	passavam	a	figurar	o	“modo	de	produção	Feudal”.
 
Portanto,	 o	 Feudalismo	 incluía	 tanto	 um	 sistema	 senhorial	 de	 exploração	
econômica-social,	como	o	conjunto	de	mecanismos	feudo-vassálicos,	por	onde	se	
organizava	a	hierarquia.	
8
3 RENASCIMENTO E SOCIEDADE
Entre	o	final	da	 Idade	Média	e	 início	da	 Idade	Moderna,	o	conhecimento	dito	
científico	começa	a	colocar	em	questão	muitos	conhecimentos	da	época	e	o	próprio	
entendimento	 do	 mundo	 pelo	 conhecimento	 religioso/teológico.	 Por	 exemplo,	
lembremos	 a	 descoberta	 de	 que	 a	Terra	 não	 era	 o	 centro	 do	Universo.	A	Revolução	
Francesa,	 por	 exemplo,	 foi	 inspirada	 nas	 ideias	 iluministas	 e	 representa	 o	 principal	
marco desse movimento intelectual (Renascentista).
Iluminismo:	 Contrário	 à	 visão	 teocêntrica	 que	 dominava	 a	 Europa.	 Essa	
forma	de	pensamento	tinha	o	propósito	de	iluminar	as	trevas	em	que	se	encontrava	a	
sociedade.	De	acordo	com	Mello	e	Donato	(2011,	p.	252),	
 O pensamento iluminista tem como fundamentos a crença no poder 
da	razão	humana	de	compreender	nossa	verdadeira	natureza	e	de	
ser	 consciente	 de	 nossas	 circunstâncias.	 O	 homem,	 então,	 creia	
ser o detentor de seu próprio destino, formulando o racionalismo 
e	 contrariando	 as	 imposições	 de	 caráter	 religioso,	 sua	 “razão”	
divina	de	existir,	e	os	privilégios	dados	à	nobreza	e	ao	clero	–	ainda	
predominantes à época (séculos XVII e XVIII).
O iluminismo foi um movimento filosófico e intelectual que aconteceu entre os 
séculos XVII e XVIII na Europa, em especial, na França. Os pensadores iluministas 
defendiam as liberdades individuais e o uso da razão para validar o conhecimento.
Também chamado de  “Século das Luzes”, o movimento iluminista 
representa a ruptura do saber eclesiástico, isto é, do domínio que 
a Igreja Católica exercia sobre o conhecimento. E dá lugar ao saber 
científico, que é adquirido por meio da racionalidade.
O iluminismo é um movimento da Idade Moderna que rompeu com 
o teocentrismo – doutrina que coloca Deus no centro de tudo – e 
passou a ver o indivíduo como o centro do conhecimento.
FONTE: <https://www.significados.com.br/iluminismo/>.Acesso em: 29 jul. 2021.
NOTA
O  Racionalismo  é	 uma	 corrente	 filosófica	 que	 atribui	 particular	 confiança	
à razão humana,	ao	passo	que	acredita	que	é	dela	que	se	obtém	os	conhecimentos.	
Somente	o	pensamento	por	meio	da	razão	é	capaz	de	atingir	a verdade.
Entende-se	 por	 Racionalismo,	 do	 ponto	 de	 vista	 da	 Teoria	 do	
Conhecimento	o	saber	que	se	funda	na	 razão.	Todo	conhecimento	
deriva	 de	 princípios	 (a	 priori),	 ou	 o	 conhecimento	 que	 independe	
da	 experiência	 sensível.	 O	 conhecimento	 adquirido	 somente	 pelos	
sentidos fornece, tão somente, uma ideia confusa e provisória 
da	 verdade.	 A	 filosofia	 do	 Racionalismo	 data	 do	 século	 XVII	 O	
9
Racionalismo,	enquanto	Teoria	do	Conhecimento	pela	razão	opõe-se	
ao	misticismo,	 aos	 dogmas	 religiosos,	 às	 superstições.	A	 teoria	 do	
Racionalismo tem sido denunciada como sinônimo de irreligião. Ou 
seja,	o	conhecimento	que	não	aceita	a	Intuição,	os	valores	humanos	
ligados	 aos	 sentimentos.	 O	 Racionalismo	 expandiu-se,	 abrindo	
novos	horizontes	do	conhecimento.	Ainda	no	século	XVII,	conquistou	
espaços	na	política	e	nas	artes	(CRUZ;	SILVA,	2011	p.	6421).
O	 racionalismo	 descreve	 que	 há	 um	 tipo	 de	 conhecimento	 que	 surge	
diretamente	da	razão.	É	baseado	nos	princípios	da	busca	da	certeza	e	da	demonstração,	
fundamentados	 por	 um	 conhecimento	 que	 é	 elaborado	 somente	 pela	 razão.	 O	
racionalismo	 considera	 que	 o	 ser	 humano	 tem	 ideias	 inatas,	 ou	 seja,	 que	 não	 são	
derivadas	da	experiência,	mas	se	encontram	no	ser	humano	desde	seu	nascimento	e	
desconfia	das	percepções	sensoriais.
O	 Renascimento	 cultural	 foi	 um	 movimento	 artístico,	 cultural	 e	 científico,	
ocorrido	nos	séculos	XIV,	XV	e	XVI,	marcando	o	início	da	Idade	Moderna.	Foi	marcado	
pela	crítica	à	cultura	religiosa	medieval,	baseada	na	“fé	cega”,	quase	que	a	rejeição	da	
ideologia da Igreja Católica Romana, apesar dos temas religiosos presentes em algumas 
de	suas	manifestações	artísticas.	
O	 movimento	 difundiu-se	 primeiramente	 na	 Península	 Itálica,	 devido	 à	
enriquecida	 burguesia	 da	 região	 que	 se	 beneficiou	 com	 o	 comércio	 mediterrânico	
ocidente-oriente	na	 Itália,	mais	precisamente	em	cidades	 ligadas	ao	comércio,	como	
Veneza,	 Pisa,	 Gênova	 e	 Florença.	 Tais	 cidades	 receberam	 uma	 forte	 influência	 dos	
sábios	 bizantinos.	 Além	 disso,	 após	 a	 Queda	 de	 Constantinopla,	 muitos	 pensadores	
do	antigo	Império	Bizantino	fugiram	para	a	Itália,	auxiliando	na	difusão	dos	saberes	da	
cultura	greco-romana	clássica.	Além	dessa	influência,	havia	os	árabes	que	mantinham	
contatos comerciais com os italianos.
FIGURA 2 – O AFRESCO ESCOLA DE ATENAS
FONTE: <https://bit.ly/3QAuKWE>. Acesso em: 13 jan. 2021.
10
O	afresco Escola de Atenas,	do	pintor	renascentista	Rafael,	mostra	os	filósofos	
Platão e Aristóteles (ao centro), além de outros estudiosos da Antiguidade. No 
Renascimento, o pensamento da Antiguidade clássica foi retomado como base para 
desenvolver novas ideias.
Características do Renascimento
a-	Individualismo:	valorização	da	capacidade	do	ser	humano	em	fazer	escolhas	
livremente,	valendo-se	de	suas	próprias	forças
b-	Racionalismo:	ênfase	na	razão	como	principal	instrumento	para	compreender	
o	Universo,	a	natureza	e	até	mesmo	Deus.
c-	Humanismo	 e	 Antropocentrismo:	 perspectiva	 de	 que	 o	 homem	 deveria	 ser	
o	 centro	 das	 indagações	 dos	 pensadores	 em	 detrimento	 do	 teocentrismo	
medieval,	centrado	na	natureza	de	Deus.	No	entanto,	o	fato	de	os	humanistas	
serem	 antropocêntricos	 não	 quer	 dizer	 que	 fossem	 ateus.	 Ao	 contrário,	
eles eram profundamente cristãos. Sem se afastarem da religião cristã, os 
humanistas	fizeram	da	capacidade	de	conhecer	as	coisas	através	do	uso	da	
razão	uma	das	qualidades	mais	elevadas	do	homem.	A	fim	de	poder	empregar	
e	 desenvolver	 a	 inteligência	 humana	 eles	 defenderam	 o	 livre	 exame	 dos	
textos	sagrados,	inclusive	da	Bíblia.	Foi	essa	imensa	confiança	nas	qualidades	
humanas	que	caracterizou	o	humanismo.
d-	Hedonismo:	 busca	 do	 prazer	 individual.	 Naturalismo:	 preocupações	 com	 a	
natureza,	 dentro	de	uma	perspectiva	metafísica	 sobre	 as	 coisas	e	 sobre	 as	
capacidades	da	razão	em	moldar	a	realidade	natural.
e-	Neoplatonismo:	ideia	de	que	o	homem	deveria	se	elevar	até	Deus.	Influência	
da	cultura	Greco-Romana:	o	movimento	se	inspirou	na	cultura	da	antiguidade	
clássica,	adaptando-a	de	acordo	com	os	interesses	da	burguesia	europeia	da	
Idade Moderna.
f-	Mecenato:	A	Itália	foi	durante	muito	tempo	apenas	uma	expressão	geográfica	
e	não	um	país.	Desde	a	 Idade	Média	ela	era	composta	de	uma	multidão	de	
cidades-estados	 independentes	 e	 assim	 continuou	 até	 sua	 unificação	 no	
século	 XIX.	 Na	 época	 do	 Renascimento,	 algumas	 cidades-estados,	 como	
Florença,	Milão	e	Veneza,	destacavam-se	não	só	pela	 riqueza,	mas	também	
pela	 proteção	 que	 dispensavam	 aos	 artistas	 e	 intelectuais.	 Os	 governantes	
dessas	cidades	representavam	certas	famílias,	como	a	Sforza,	de	Milão,	e	os	
Medici,	de	Florença,	notabilizando-se	como	mecenas,	isto	é,	como	protetores	
e	financiadores	de	sábios	e	artistas.
FONTE: Adaptado de SEVCENKO, N. O renascimento. 4. ed. Campinas: Editora da Universidade Es-
tadual de Campinas, 1986.
11
4 AUGUST COMTE E SAINT SIMON
O	 Iluminismo	 floresceu	 na	 França,	 na	 Inglaterra,	 na	 Alemanha	 e	 nos	 Países	
Baixos.	A	 Filosofia	 Social	 Iluminista	 desdobrou-se	 em	 duas	 correntes:	 de	 um	 lado,	 os	
Reformadores	Sociais	Moderados	que	buscavam	um	ajuste	na	sociedade	aos	interesses	
da	burguesia;	de	outro,	os	Radicais,	que	pareciam	intuir	vagamente	os	interesses	de	um	
futuro	proletariado.	Os	Moderados	deram	origem	ao	que	mais	tarde	ficou	conhecido	como	
o pensamento liberal conservador e positivista, e os Radicais deram origem aos Socialistas.
A primeira corrente do pensamento sociológico propriamente dito foi o 
Positivismo,	primeira	teoria	a	organizar	alguns	princípios	a	 respeito	do	ser	humano	e	
da	 sociedade	de	 forma	cientifica.	Seu	primeiro	 representante	 foi	 o	pensador	 francês	
Auguste	Comte,	influenciado	por	Saint	Simon.
FIGURA 4 – CLAUDE HENRI DE ROUVROY, CONDE DE SAINT-SIMON
FONTE: <https://bit.ly/3At1oUr>. Acesso em: 19 mar. 2021.
Saint	Simon	foi	o	autor	de	muitas	ideias	atribuídas	ao	seu	secretário	particular	
August	 Comte.	 Seu	 pensamento	 ficou	 entre	 uma	 bifurcação	 ideológica:	 parte	 foi	
aproveitada pelos conservadores e parte pelos socialistas. Foi o precursor do positivismo 
e,	em	alguns	aspectos,	das	ideias	de	Karl	Marx,	o	mais	importante	teórico	do	socialismo.
Quais	 eram	 os	 principais	 pensamentos,	 ideias	 e	 princípios	 defendidos	 por	 Saint	
Simon?	Vejamos	a	seguir.	Sobre	o	Desenvolvimento	da	Humanidade,	Bins	(1990,	p.	14)	afirma:
A humanidade progride por etapas. Na primeira a teológica, o mundo fora 
interpretado	em	termos	religiosos.	Na	segunda	a	metafisica,	por	meio	da	
filosofia	e	por	fim,	a	positiva	ou	científica.	O	progresso	para	ele	não	se	
reduziria	somente	ao	mundo	das	ideias,	pois	seria	também	material.	
Você	pode	notar	acadêmico,	que	ele	 influenciou	muito	August	Comte	nessas	
ideias	de	que	a	humanidade	progrediu	por	etapas.	Ao	que	parece,	ele	olha	a	humanidade	
em	seus	tempos	históricos:	no	início,	a	sociedade	teria	sido	influenciada	pela	magia	e	
12
rituais	sagrados;	depois,	viria	a	instituição	da	religião	(idade	média);		a	crítica	humana	
à	 influência	religiosa	no	mundo	(antropocentrismo	e	racionalismo),	fase	ou	etapa	dos	
intelectuais,	pensadores	e	filósofos;	e,	por	último,	a	busca	pelo	conhecimento	científico.	
Olhando para educação e os conhecimentos criados e incorporados no dia 
a	 dia	 das	 escolas	 e	 universidades	 da	 época,	 seriam	 as	 seguintes	 possíveis	 etapas:	
conhecimento	 religioso,	 conhecimento	 filosófico	 e	 sociológico	 (com	 o	 suporte	 da	
geografia	e	história	entre	outros	conhecimentos)	e,	por	fim,	o	conhecimento	científico.
 
Simon	vivenciou	 a	 revolução	 Francesa,	 que	 interpretoucomo	 luta	
de	 classes:	 os	 industriais,	 os	 que	 produzem,	 contra	 a	 aristocracia	
parasitária.	Não	percebeu,	porém,	que	esta	categoria	era	composta	
por duas classes, a dos burgueses e a dos trabalhadores. Após 
a	 revolução,	 concluiu	 que	 se	 os	 industriais	 haviam	 teoricamente	
vencido,	 quem	 de	 fato	 tinha	 liderado	 o	 processo	 e	 continuava	
a	 manter	 o	 poder	 eram	 os	 metafísicos,	 os	 advogados	 e	 outras	
categorias	bastardas	(BINS,1990,	p.	14).
	É	o	primeiro	teórico	que	esboça	a	 ideia	da	 luta	de	classes,	muito	embora	
esse	conceito	seja	divergente	daquele	apresentado	por	Marx.	De	acordo	com	Bins	
(1990,	p.	15),	“imaginava	que	para	o	futuro,	as	sociedades	tornar-se-iam	orgânicas,	
com	suas	partes	perfeitamente	 integradas	e	 sem	conflitos,	 comandadas	por	uma	
elite	técnica-científica”.
Influenciou	muitos	 pensadores	 com	 esse	 princípio	 de	 sociedades	 orgânicas,	
sobretudo  	 Herbert	 Spencer,	 e	 a	 sociologia	 evolucionista,	 que	 permite	 conceber	
o sistema social composto	por	elementos interdependentes constituindo	uma	unidade	
própria,	à	semelhança	dos organismos biológicos.	Spencer	buscou	no	evolucionismo	
os mecanismos e objetivos da sociedade, e defendeu o ensino da ciência para formar 
adultos competitivos. A concepção organicista, em oposição à perspectiva historicista, 
influenciou	Durkheim	e	a	corrente	funcionalista.
 
Por	último,	a	maior	das	contribuições.	Segundo	Bins	(1990,	p.	15),	Simon	“propôs	
a	criação	de	uma	ciência	especializada,	no	estudo	da	conduta	humana,	a	física	social,	
depois	rebatizada	por	Comte	de	sociologia”.
Crítico	 ferrenho	 da	 aristocracia	 e	 do	 clero,	 Saint-Simon	 distingue	 nas	
transformações	sociais	de	 sua	época	os	prenúncios	de	uma	nova	era	na	história	da	
humanidade. Ele foi, ao mesmo tempo, o referencial ideológico dos socialistas, dos 
positivistas	 e	 dos	 anarquistas.	 Suas	 ideias	 para	 a	 Educação	 são	 notadas	 nessas	
três	vertentes,	 nas	 concepções	 teóricas	 e	 práticas	 da	 educação	usada	por	 parte	 de	
professores e sistemas de ensino. Seu maior objetivo era a criação de uma sociedade 
ideal, mais justa e igualitária. Para alguns pensadores de Saint Simon, esse era o grande 
objetivo do Socialismo Utópico criado por ele. Outro grande pensador e fundador da 
Sociologia foi August Comte.
13
FIGURA 5 – ISIDORE AUGUSTE MARIE FRANÇOIS XAVIER COMTE
FONTE: <https://bit.ly/3A51oZl>. Acesso em: 18 mar. 2021.
Comte	nasceu	em	Montpellier,	França,	em	uma	família	católica	e	monarquista.	
Viveu	a	 infância	na	França	napoleônica.	 Estudou	no	 colégio	de	 sua	 cidade	e	depois	
em	Paris,	na	escola	Politécnica.	Tornou-se	discípulo	de	Saint	Simon,	de	quem	sofreu	
enorme	 influência.	 Devotou	 seus	 estudos	 à	 filosofia	 positivista,	 considerada	 por	 ele	
como	uma	religião	da	qual	era	o	pregador.	Segundo	sua	filosofia	política,	existiam	na	
história	três	estados:	um	teológico;	outro	metafísico	e,	finalmente,	o	positivo.	Esse	último	
representava o coroamento do progresso da humanidade. Sobre as ciências, distinguia 
as	 abstratas	 das	 concretas,	 sendo	 que	 a	 ciência	mais	 complexa	 e	 profunda	 seria	 a	
Sociologia,	ciência	que	batizou	na	sua	obra	Curso	de	Filosofia	Positiva,	em	seis	volumes,	
publicada	entre	1830	e	1842.	Além	dessa,	publicou	Discurso	sobre	o	espírito	positivo,	
Discurso	 sobre	 o	 conjunto	 do	 positivismo,	 Sistema	de	 política	 positivista,	 Catecismo	
positivista	e	a	Síntese	subjetiva.	Morreu	em	Paris	(COSTA,	1987).
O	positivismo	foi	uma	corrente	teórica	criada	por	Auguste	Comte	que	influenciou	
a	política	praticada	nos	primeiros	anos	do	período	republicano	no	Brasil.
QUADRO 3 – CORRENTE POSITIVISTA
O pos i t iv ismo fo i uma cor rente teór ica c r iada pe lo f i lósofo 
francês Auguste Comte  (1798-1857)	 que	 defendia	 que	 a	 regra	 para	
o progresso social seria	a disciplina e	a ordem, o	que	influenciou	a	teoria	
moral	utilitarista	de John Stuart Mill  (1806-1873).	Stuart	Mill	 reformulou	o	
primeiro utilitarismo  fundado	por	seu	professor,	o	filósofo	e	 jurista	Jerehmy	
Bentham.	No Brasil, o	positivismo	político	de	Comte,	renovado	pela	carga	moral	
utilitarista,	influenciou	a	política	praticada	nos	primeiros	anos	da	Primeira	República	
(1889-1930),	devido	às	referências	positivistas	trazidas	pelos militares e	pelo	
primeiro presidente, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3AsK69L>. Acesso em: 29 jul. 2021.
14
Quais	as	principais	características	do	positivismo?	Confira:
QUADRO 4 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS POSITIVISMO
• Doutrina filosófica:  como	 uma	 continuidade	 do  Iluminismo, a inspiração 
política	e	científica	do	positivismo	estava	nos	ideais	iluministas.	As	aspirações	
dos	primeiros	filósofos	iluministas	de	alcançar	um	estágio	de	desenvolvimento	
moral da sociedade foram mantidas. No entanto, um novo modo de agir era 
necessário	 para	 garantir	 a	 ordem	 social,	 desestabilizada	 após	 a Revolução 
Francesa.
• Doutrina  sociológica:  visando	 garantir	 a	 ordem	 social,	 o	 positivismo	
atua	como	uma	doutrina	que,	partindo	dos	estudos	sociológicos,	serve	
de base para o comportamento social e moral das pessoas. A Lei dos Três 
Estados estaria no topo dessa cadeia de desenvolvimento da sociedade.
• Doutrina política: a	disciplina,	o	rigor	e	a	ordem	social	eram	requisitos	
políticos	para	a	garantia	do	avanço	social	na	ótica	positivista.
• Desenvolvimento das ciências e das técnicas: o progresso social estaria 
intimamente	 ligado	ao	progresso	 intelectual,	científico	e	tecnológico.	A	 ideia	
de	uma	escola	laica,	universal	e	gratuita,	que	já	havia	ganhado	certo	espaço	
durante o Iluminismo, passou a ser defendida com mais força pelos intelectuais 
positivistas.
• Religião  positiva:  Comte	 entendia	 que	 a	 humanidade	 precisava	 de	
relações	 de	 devoção.	 A	 devoção	 –	 antes	 baseada	 na	 fé	 em	 Deus	 ou	
nos	deuses	–	no	positivismo,	dá	 lugar	para	a	fé	na	ciência	como	única	
depositária	 de	 confiança	 da	 humanidade,	 surgindo	 o	 cientificismo,	
caracterizado	pela	aposta	incondicional	nas	ciências	como	fonte	total	do	
conhecimento verdadeiro.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3AsK69L>. Acesso em: 12 mar. 2021.
FIGURA 6 – COMTE E O POSITIVISMO
FONTE: <https://bit.ly/3c2YvjK>. Acesso em: 12 mar. 2021.
15
O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na observação 
dos fenômenos, opondo-se ao  racionalismo e ao idealismo, por meio da 
promoção do primado da experiência sensível, única capaz de produzir 
a partir dos dados concretos (positivos) a verdadeira ciência (na 
concepção positivista), sem qualquer atributo teológico ou metafísico, 
subordinando a imaginação à observação, tomando como base 
apenas o mundo físico ou material. O positivismo nega à ciência 
qualquer possibilidade de investigar a causa dos fenômenos 
naturais e sociais, considerando este tipo de pesquisa inútil e 
inacessível, voltando-se para a descoberta e o estudo das leis 
(relações constantes entre os fenômenos observáveis).
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3CgyqZ5>. Acesso em: 20 jan. 2021.
NOTA
16
Neste tópico, você aprendeu:
• A origem da Sociologia está vinculada à história do mundo europeu. Pensadores e 
obras	do	continente	europeu	iniciaram	o	debate	e	a	reflexão	em	torno	do	que	seria	o	
conhecimento sociológico transformado em Ciência. 
• A Idade Média teve como fonte de compreensão, de interpretação da vida e tudo 
que	se	relacionava	com	a	sociedade,	o	conhecimento	religioso	ou	o	conhecimento	
teológico.
•	 A	 vida	 na	 sociedade	 medieval	 se	 caracterizava	 por	 um	 forte	 apelo	 às	 questões	
religiosas	e	rurais	no	sentido	de	que	o	modo	de	produção	vigente	conhecido	como	
Feudalismo	 foi	 o	 mais	 usado	 em	 toda	 a	 história	 desse	 período,	 onde	 grandes	
extensões	de	terras	do	Senhor	Feudal	eram	usadas	pelos	servos	para	fugir	da	miséria	
e buscar seu espaço no céu.
•	 O	 pensamento	 iluminista	 tem	 como	 fundamentos	 a	 crença	 no	 poder	 da	 razão	
humana	de	compreender	nossa	verdadeira	naturezae	de	ser	consciente	de	nossas	
circunstâncias.	O	homem,	então,	cria	ser	o	detentor	de	seu	próprio	destino,	formulando	
o	racionalismo	e	contrariando	as	imposições	de	caráter	religioso,	sua	“razão”	divina	
de	existir,	e	os	privilégios	dados	à	nobreza	e	ao	clero,	ainda	predominantes	à	época	
(séculos XVII e XVIII).
•	 O	Renascimento	cultural	 foi	 um	movimento	artístico,	 cultural	 e	 científico,	 ocorrido	
nos	séculos	XIV,	XV	e	XVI,	início	da	Idade	Moderna.	Foi	marcado	pela	crítica	à	cultura	
religiosa	medieval,	baseada	na	“fé	cega”,	quase	que	a	rejeição	da	ideologia	da	Igreja	
Católica Romana, apesar dos temas religiosos presentes em algumas de suas 
manifestações	artísticas.
 
•	 Saint	Simon	foi	o	autor	de	muitas	ideias	atribuídas	ao	seu	secretário	particular	August	
Comte.	Seu	pensamento	ficou	entre	uma	bifurcação	ideológica:	parte	foi	aproveitada	
pelos conservadores e parte pelos socialistas. Foi o precursor do positivismo e, em 
alguns	aspectos,	das	ideias	de	Karl	Marx,	o	mais	importante	teórico	do	socialismo.	
•	 Comte	nasceu	em	Montpellier,	França,	em	uma	família	católica	e	monarquista.	Viveu	
a	 infância	na	França	napoleônica.	Estudou	no	colégio	de	sua	cidade	e	depois	em	
Paris,	 na	 escola	 Politécnica.	Tornou-se	 discípulo	 de	 Saint	 Simon,	 de	 quem	 sofreu	
enorme	influência.	Devotou	seus	estudos	a	filosofia	positivista,	considerada	por	ele	
como	uma	religião	da	qual	era	o	pregador.	
RESUMO DO TÓPICO 1
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•	 O	positivismo	foi	uma	corrente	teórica	criada	pelo	filósofo	francês Auguste Comte (1798-
1857),	que	defendia	que	a	regra	para	o progresso social seria	a disciplina e	a ordem, o	
que	 influenciou	 a	 teoria	 moral	 utilitarista	 de  John  Stuart  Mill  (1806-1873).	 Stuart	
Mill	reformulou	o	primeiro utilitarismo fundado	por	seu	professor,	o	filósofo	e	jurista	
Jerehmy	Bentham.	No Brasil, o	positivismo	político	de	Comte,	renovado	pela	carga	
moral	 utilitarista,	 influenciou	 a	 política	 praticada	 nos	 primeiros	 anos	 da	 Primeira	
República	 (1889-1930),	devido	às	 referências	positivistas	trazidas	pelos militares e	
pelo primeiro presidente, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca.
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AUTOATIVIDADE
1	 A	Idade	Média,	para	a	maioria	dos	pesquisadores,	foi	um	período	conhecido	Idade	das	
Trevas,	ou	seja,	a	 Idade	sem	Luz,	sem	criatividade	humana.	A	maior	parte	da	história	
desse	período	teve	como	fonte	de	compreensão,	de	interpretação	da	vida	e	tudo	que	se	
relacionava com a sociedade, o conhecimento religioso ou o conhecimento teológico. 
Referente	ao	modo	de	produzir	as	coisas	na	Idade	Média,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	 (			)	 A	produção	basicamente	girava	em	torno	das	grandes	extensões	de	terras,	os																										
chamados	Feudos,	e	tal	sistema	ficou	conhecido	como	Feudalismo.		
b)	(			)	 A	produção	basicamente	girava	em	torno	das		pequenas	extensões	de	terras,	os	
Feudos.	Esse	sistema	ficou	conhecido	como	Feudalismo.
c)	 (			)	 A	produção	basicamente	girava	em	torno	das		grandes	extensões	de	terras,	os	
Feudos.	Esse	sistema	ficou	conhecido	como	Mercantilista.
d)	(			)	 A	produção	basicamente	girava	em	torno	das		grandes	extensões	de	terras,	os	
Burgos.	Esse	sistema	ficou	conhecido	como	Feudalismo.
2	 Entre	o	final	da	Idade	Média	e	início	da	Idade	Moderna,	o	conhecimento	dito	científico	
começa	 a	 colocar	 em	 questão	muitos	 conhecimentos	 da	 época,	 além	 do	 próprio	
entendimento	do	mundo	pelo	conhecimento	religioso/teológico.	Exemplo	disso	foi	
a descoberta de que	a	Terra	não	era	o	centro	do	Universo.	A	Revolução	Francesa	
foi inspirada nas ideias iluministas e representa o principal marco desse movimento 
intelectual. Sobre o Iluminismo, analise as	afirmativas	a	seguir:
I-	 Iluminismo:	contrário	à	visão	teocêntrica	que	dominava	a	Europa.
II-	 O	pensamento	iluminista	tem	como	fundamentos	a	crença	no	poder	da	razão	humana	de	
compreender	nossa	verdadeira	natureza	e	de	ser	consciente	de	nossas	circunstâncias.
III-	O	Iluminismo	foi	um	movimento	artístico,	cultural	e	científico,	ocorrido	nos	séculos	
XIV, XV e XVI.
Assinale a alternativa CORRETA:
a)	 (			)	Somente	as	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	(			)	Somente	as	afirmativas	II	e	III	estão	corretas.
c)	 (			)	Somente	as	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	(			)	Somente	a	afirmativa	III	está	correta.
3 A primeira corrente do pensamento sociológico, propriamente dita, foi o Positivismo, 
primeira	teoria	a	organizar	alguns	princípios	a	respeito	do	ser	humano	e	da	Sociedade.	
Seu	primeiro	representante	foi	o	pensador	francês	Auguste	Comte,	influenciado	por	
Saint Simon. Sobre August Comte, assinale a alternativa CORRETA:
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a)	 (			)	 Segundo	 a	 filosofia	 política	 de	 Comte,	 existiam	 na	 história	 três	 estados:	 um	
teológico;	outro	metafísico	e,	finalmente,	o	positivo.
b)	 (			)	 O	positivismo	foi	uma	corrente	teórica	criada	por	Auguste	Comte	que	influenciou	
a	política	praticada	nos	primeiros	anos	do	período	republicano	no	Brasil.
c)	 (			)	 Na	visão	utópica	de	Comte,	nessa	sociedade	transformada	imperavam	as	noções	
de mérito e de cooperação.
d)	 (			)	 Comte	entendia	que	a	humanidade	precisava	de	relações	de	devoção.	A	devoção,	
antes baseada na fé em Deus ou nos deuses, no positivismo, dá lugar para a fé na 
ciência	como	única	depositária	de	confiança	da	humanidade,	surgindo	o	cientificismo.
4	 Ao	 longo	 da	 Idade	 Média,	 prevaleceu	 a	 concepção	 teocêntrica	 de	 mundo	 e	
sociedade.	A	partir	do	Renascimento	e	do	início	da	Idade	Moderna,	esta	concepção	
foi	gradualmente	sendo	substituída	pelo	antropocentrismo,	provocando	mudanças	
e	 transformações	 profundas	 na	maneira	 de	 entender	 o	 homem,	 a	 religiosidade,	 a	
sociedade	e	a	natureza.	Diante	disto,	descreva	duas	mudanças	apresentadas	pela	
concepção	de	mundo	no	contexto	do	Renascimento	e	da	Idade	Moderna.
5	 Auguste	 Comte	 desenvolveu,	 no	 campo	 teórico,	 os	 preceitos	 do	 Positivismo,	 que	
influenciaram	tanto	a	compreensão	da	sociedade	quanto	da	educação	ao	longo	da	
história.	Um	dos	lemas	desse	pressuposto	epistemológico	é	“Ordem	e	Progresso”,	o	
qual	também	consta	estampado	na	bandeira	nacional,	símbolo	de	nosso	país.	Com	
base	no	exposto,	disserte	sobre	o	positivismo	e	sua	relação	com	a	sociedade.
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AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA E A 
RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Sociologia,	modernidade	 e	Ciência:	 esse	Tópico	 servirá	 para	 situar	 a	 reflexão	
trazida	neste	livro	de	estudos	sobre	origem	e	o	desenvolvimento	da	sociologia,	ou	seja,	
apresentar	o	mundo	europeu	no	início	da	modernidade	e	sua	relação	com	os	estudos	
da	 sociologia	 da	 época.	A	 sociedade	moderna	 se	 caracterizou	por	 símbolos,	valores,	
representações	e	instituições	marcadas	por	determinadas	formas	de	saber	e	de	poder,	
ocupantes	de	uma	posição	hegemônica.	O	exercício	dessa	hegemonia	dependeu,	em	
grande	medida,	desde	as	conquistas	dos	grandes	impérios	sobre	povos	colonizados	até	
os modelos mais avançados de dominação, de estratégias próprias de apropriação do 
espaço, origem e fundação de um território.
Apresentaremos	 sobre	 Émile	 Durkheim,	 que	 nasceu	 em	 Épinal,	 na	 Alsácia,	
descendente	de	uma	 família	 de	 rabinos,	 e	 iniciou	 seus	 estudos	filosóficos	na	Escola	
Normal	Superior	de	Paris,	indo	depois	para	a	Alemanha.	Lecionou	Sociologia	em	Bordéus,	
primeira	cátedra	dessa	ciência	na	França.	Max	Weber	nasceu	na	cidade	de	Erfurt,	em	
uma	família	de	burgueses	 liberais.	Desenvolveu	estudos	de	direito,	filosofia,	história	e	
sociologia,	 constantemente	 interrompidos	 por	 uma	 doença	 que	 o	 acompanhava	 por	
toda	a	vida.	 Iniciou	a	 carreira	de	professor	 em	Berlim	e,	 em	 1895	 foi	 catedrático	em	
Heidelberg. Manteve contato permanente com intelectuais de sua época. No decorrer do 
Tópico	2	vamos	estudar	os	principais	conceitos	e	características	da	proposta	sociológica	
desses autores e a relação com a educação.
Por	 último,	 apresentaremos	 Karl	 Marx,	 que	 nasceu	 na	 cidade	 de	 Treves,	 na	
Alemanha.	 Em	 1836	 matriculou-se	 na	 Universidade	 de	 Berlim	 e	 doutorou-se	 em	
filosofiana	Universidade	de	Jena.		Foi	redator	de	uma	gazeta	liberal	em	Colônia.	Mudou-
se	em	1842	para	Paris,	onde	conheceu	Friedrich	Engels,	seu	companheiro	de	ideias	e	
publicações	por	toda	a	vida.
 
2 SOCIOLOGIA, MODERNIDADE E CIÊNCIA
Os	Estados	Nacionais	foram	constituídos	a	partir	do	ideal	de	nação	em	termos	
de uma identidade compartilhada e de território, concebido como a base homogênea 
para o desenvolvimento dessa identidade. 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
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A	vida	humana	se	constitui	dentro	desse	período	por	meio	de	grandes	avanços	
e	 desenvolvimentos	 em	 diversas	 áreas,	 como	 a	 Política,	 a	 Economia,	 a	 Cultura	 e	 a	
Ciência.	Angústias,	certezas,	esperanças,	medos	e	mistérios	cercaram	o	nascimento	e	
desenvolvimento	desse	período	na	história	humana.	O	ser	humano	do	período	moderno	
compreendeu	que	para	viver	e	ser,	nessa	época,	precisaria	de	muitos	conhecimentos	
para	ter	um	mínimo	de	visão	sobre	a	compreensão	de	habitar	esse	planeta	e	se	aculturar	
nas	novas	formas	de	convívio	e	de	vida.
No	período	conhecido	como	Idade moderna,	as	principais	características	da	
sociedade eram:
Relação principal: no	início	do	período	o	Rei	e	o	Súdito	simbolizavam	a	maior	
relação	existente	na	sociedade	da	época.	No	final	do	período,	o	Governo	e	o	trabalho	
aparecem	como	a	relação	que	predominou.		A divisão social: início	das	classes	sociais	
descritas	 por	 Marx	 e	 outros	 pensadores	 que	 estudavam	 a	 sociedade.	 Economia 
ou modo de produzir as coisas: surgimento	 das	 primeiras	 fábricas	 e	 oficinas.	 O	
capitalismo	era	mercantilista	na	época	das	grandes	navegações,	e	no	 início	da	 idade	
contemporânea	o	capitalismo	industrial	veio	assim	se	caracterizando,	com	a	revolução	
industrial. As leis e os códigos de condutas sociais: com	o	início	das	estruturações	
e	 configurações	dos	Estados-nações	 e,	 sobretudo,	 na	 Idade	Contemporânea,	 com	a	
Revolução	Francesa,	a	questão	do	direito	se	tornou	presente	em	muitos	países.	Surge	
a discussão sobre os Direitos Universais do Homem. A visão de mundo, religião, 
educação, conhecimento, meio ambiente e cultura: a visão de mundo passa pelo 
parâmetro	do	Antropocentrismo.	A	Igreja	Protestante	nasce	com	Lutero.	Contrarreforma	
Católica	 com	 os	 Jesuítas.	 A	 natureza	 é	 vista	 como	 algo	 a	 ser	 explorado	 para	 a	
produção	de	artefatos	culturais.	Nesse	período,	vigorava	a	ideia	de	que	a	natureza	era	
fonte	 inesgotável	 de	 riquezas.	Nascimento	 das	 primeiras	Universidades	Modernas,	 o	
conhecimento	 é	 ampliado	 em	 diversas	 disciplinas	 ou	 áreas,	 sobretudo	 aquelas	 que	
podem	auxiliar	o	ser	humano	na	compreensão	do	mundo,	da	sociedade	que	está	sendo	
gestada.	Fortalecimento	do	liberalismo	e	início	dos	ideais	comunistas/socialistas.
FIGURA 8 – A CONQUISTA DE CONSTANTINOPLA PELOS OTOMANOS, EM 1453
FONTE: <https://bit.ly/3CgA4dd>. Acesso em: 13 mar. 2021.
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Você	pode	se	perguntar:	o	que	foi	a	Idade	Moderna?
QUADRO 5 – IDADE MODERNA
Idade O que foi?
Idade Moderna 
Foi uma das formas encontradas pelos historiadores para se dividir a 
história	da	humanidade.	Seu	recorte	temporal	inicia-se	com	a	queda	
do	Império	Bizantino	e	a	tomada	da	cidade	de	Constantinopla	pelo	
Império	Turco-Otomano,	em	1453.	Seu	recorte	final	está	delimitado	
com	a	Revolução	Francesa,	em	1789.	Essa	divisão	é	pautada	na	
perspectiva	histórica	europeia,	já	que	os	marcos	divisórios	referem-
se indireta ou diretamente a fatos importantes para os europeus. A 
tomada	de	Constantinopla	pelos	turcos	pôs	fim	ao	Império	Bizantino	
herdeiro direto do Império Romano da Antiguidade e surgido onde 
hoje	é	a	Itália	–	e	representou	o	fim	de	uma	longa	era.	A	concepção	
de	uma	 Idade	Moderna	era	também	uma	 ruptura	com	o	que	foi	
considerado como uma Idade Média da História. Média, nesse sentido, 
era	o	período	entre	a	Antiguidade	e	a	Idade	Moderna.	A	própria	divisão	
histórica como conhecemos (Idades Antiga, Medieval, Moderna e 
Contemporânea)	surge	nesse	momento	da	História	europeia.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3A0yNV6>. Acesso em: 29 jul. 2021.
Em	 síntese,	 como	 podemos	 compreender	 a	 Idade	 Moderna	 no	 âmbito	 de	
sociedade e vida?
QUADRO 6 – COMO A IDADE MODERNA PODE SER ENTENDIDA 
Idade Síntese
Idade Moderna
Pode	ser	entendida	pelas	grandes	transformações	ocorridas	no	
território	europeu	no	período.	Foi	durante	a	Idade	Moderna	que	os	
europeus	realizaram	as	Grandes	Navegações	e	a	Expansão	Marítima,	
criando	as	condições	para	a	dominação	de	continentes	 inteiros,	
como	a	África	e	a	 recém-conhecida	América.	O	domínio	dessas	
regiões	resultou	na	conquista	de	inúmeras	riquezas	por	parte	das	
classes	dominantes	europeias,	criando	as	bases	para	que	pudessem	
expandir,	posteriormente,	sua	forma	de	organização	social	para	o	
restante do mundo.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3A0yNV6>. Acesso em: 29 jul. 2021.
Esses	e	outros	fatores	influenciaram	a	vida	moderna	(Capitalismo	mercantilista,	
Grandes	 Navegações,	 Renascimento,	 Iluminismo,	 Reforma	 Luterana,	 Contrarreforma	
Católica). De uma vida essencialmente no campo, a Europa passa a viver nas cidades 
que	nascem	com	o	capitalismo	mercantilista	e	mais	tarde	com	o	capitalismo	industrial.	
Também	 é	 possível	 destacar	 algumas	 características	 da	 Idade	Moderna	 que	
ainda condicionam a vida em Sociedade:
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A Separação Tempo e Espaço:	O	ritmo	das	mudanças,	que	na	modernidade	se	
dá	de	maneira	muito	mais	acelerada	do	que	acontecia	nas	sociedades	pré-modernas.	
As	mudanças	ocorridas	nas	sociedades	pré-modernas	aconteciam	em	uma	localidade	
e	ficavam	ali	restritas,	sem	influenciar	outros	centros	ou	localidades.	Isso	não	ocorreu	
na	modernidade,	em	que	diferentes	áreas	do	planeta	foram	postas	em	interconexão.	
O papel dos agentes e instituições:	 tais	como	a	família	e	a	 Igreja,	se	modificaram	
em	termos	econômicos	e	culturais,	bem	como	o	surgimento	dos	Estados	Nações	em	
oposição às cidades ou reinos. Desenvolvimento das cidades: o desenvolvimento 
de	 uma	 sociedade	 majoritariamente	 urbana,	 que	 acarretou	 profundas	 e	 diversas	
modificações	na	maneira	de	ser	e	estar	no	mundo.	O centro condutor da vida: com a 
modernidade,	há	uma	mudança	significativa	de	mentalidade.	O	ser	humano	começa	a	
valorizar	com	mais	ênfase	as	suas	capacidades	racionais	(ampliação	do	conhecimento,	
maior	uso	do	conhecimento	científico,	não	somente	do	conhecimento	religioso).	
Todas	 essas	 transformações,	 conhecimentos	 e	 invenções	 mudaram	 por	
completo	a	vida	das	pessoas	que	viviam	na	Europa,	no	início	e	durante	a	Idade	Moderna.	
Novos	conhecimentos	foram	produzidos	para	se	compreender	e	viver	em	sociedade,	
as Universidades começaram a ter um importante papel para essa compreensão, bem 
como a educação começa a ser vista como direito e essencial à vida humana. Sobre o 
modo	de	produzir	as	coisas	e	de	transformar	a	natureza	em	bens	culturais	ou	objetos	de	
uso,	podemos	citar	que	nesse	período	o	desenvolvimento	do	mercantilismo	possibilitou	
a ruptura da economia feudal. O mercantilismo antecedeu o desenvolvimento da 
indústria	 e	 trouxe	 novas	 necessidades	 com	 o	 surgimento	 da	 burguesia,	 diferentes	
dos	 interesses	 da	 nobreza.	 Posteriormente,	 o	 mercantilismo	 será	 substituído	 pelo	
capitalismo industrial.
O	que	foi	o	Capitalismo	Mercantilista	ou	Comercial?
QUADRO 7 – PRIMEIRA FASE DO SISTEMA CAPITALISTA: CAPITALISMO COMERCIAL (MERCANTILISTA) – 
SÉCULO XV – XVIII
A	fase	do	capitalismo	comercial	é	também	chamada	de pré-capitalista. Naquele	
momento ainda	não	havia	industrialização e	o	sistema	estava	baseado	em	trocas	comerciais.	
O	modelo	econômico	adotado	nesse	período	foi	o mercantilismo,	que	tinha	como	principais	
características:
• o controle estatal da economia – o Rei controlava o mercado; 
• o protecionismo – proteção do mercado interno; 
• o	metalismo	–	acúmulo	de	metais	preciosos; 
• e	a	balança	comercial	favorável	–	mais exportação	do	que	importação.
A	crença	naquele	momento	era	de	que a	riqueza	disponível	no	mundo	não	poderia	ser	
aumentada,	apenas	redistribuída.	Assim,	os	países	buscavama	acumulação	de	riquezas	por	
meio	da	proteção	da	economia	local	e	acúmulo	de	metais	decorrente	das	trocas	comerciais	
que	realizavam	com	outros	países.	Foi	nesse	período	que	nações	europeias	exploraram	os	
recursos	de	suas	colônias,	como	aconteceu	aqui	nas	Américas.
FONTE: Adaptado de <https://www.politize.com.br/sistema-capitalista-origem/>. Acesso em: 13 jan. 2021.
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No	início	da	Idade	Moderna,	a	Europa	ainda	tinha	como	base	religiosa	a	Igreja	
Católica Apostólica Romana. Essa liderança foi abalada, com um Movimento liderado por 
um	Monge	Agostiniano,	Martinho	Lutero,	que	criticou	as	indulgências	e	certas	normas	
católicas, provocando o Movimento de Reforma Luterana ou Protestante.
A monetização é uma ação humana e significa o aproveitamento de algo 
como fonte de lucro. O termo é derivado do verbo monetizar, que designa 
o ato de transformar algo em dinheiro. Basicamente, qualquer coisa 
(objeto, informação, título, dívida etc.) pode ser usada para monetização. 
Na atualidade até mesmo as relações entre pessoas.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3xrHcNH.>. Acesso em: 30 jul. 2021.
NOTA
FIGURA 9 – 95 TESES, MARTINHO LUTERO
FONTE: <https://m.media-amazon.com/images/I/51teWYvrUJL.jpg>. Acesso em: 12 jan. 2021.
QUADRO 8 – REFORMA PROTESTANTE
Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão do século XVI liderado por Martinho 
Lutero,	simbolizado	pela	publicação	de	suas	95	Teses	em	31	de	outubro	de	1517	na	porta	da	Igreja	
do	Castelo	de	Wittenberg.	Tendo	por	ponto	de	partida	as	críticas	às	vendas	de	indulgências,	
o	movimento	de	Lutero	tornou-se	conhecido	como	um	protesto	contra	os	abusos	do	clero,	
evoluindo para uma proposta de reforma no catolicismo romano a partir da mudança em diversos 
pontos	da	doutrina	da	 Igreja	Católica	Romana,	com	base	no	que	Lutero	entendia	como	um	
retorno	às	escrituras	sagradas.	Os	princípios	fundamentais	extraídos	da	Reforma	Protestante	
são conhecidos como os Cinco Solas.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3A3C4ml>. Acesso em: 29 jul. 2021.
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A	construção	teológica	iniciada	por	Martinho	Lutero	deu	origem	a	um	princípio	
conhecido	como Cinco Solas:
• Sola fide (somente	a	fé).
• Sola scriptura (somente	a	Escritura).
• Solus Christus (somente	Cristo).
• Sola gratia (somente	a	graça).
• Soli Deo gloria (glória	somente	a	Deus).
QUADRO 9 – CAUSAS DA REFORMA PROTESTANTE
A	Reforma	Protestante	 teve	 causas	 relacionadas	 a	 aspectos políticos, econômi-
cos  e  teológicos e	 resultou	 da	 corrupção	 existente	 na	 Igreja	 Católica.	 Além	 disso,	 resul-
tado	de	 interesses	políticos	oriundos	de	nobres	que	viram	na	reforma	uma	possibilidade	de	
romper	o	vínculo	de	autoridade	com	o	papa.	Por	fim,	 foi	 imposta	a	questão	dos	 interesses	
econômicos,	uma	vez	que	a	Igreja	estipulava	a	cobrança	de	impostos	de	todos	os seus	fiéis. 
No aspecto teológico, o ponto imediato a ser destacado é a insatisfação de 
Martinho	Lutero	com	as	práticas	da	 Igreja	Católica.	A	 Igreja	de	Roma	era,	 naquele	período,	
a	maior	autoridade	da	Europa	Ocidental	e	detinha	um	imenso	poder,	uma	vez	que	era	dona	
de	 terras	 e	 riquezas	 gigantescas.	 Além	 disso,	 a	 autoridade	 do	 papa	 impunha-se	 além	 do	
campo	religioso,	alcançando	o	campo	secular	(político).	Os	reis	da	Europa	tinham	seu	poder	
sustentado	pela	autoridade	da	Igreja,	uma	vez	que	era	praticamente	impossível	manter-se	no	
comando	sem	a	aprovação	do	papa.	Sendo	assim,	a	Igreja	Católica	possuía	o	monopólio	da	vida	
política	e	religiosa	europeia.	Centrado	no	aspecto	teológico,	muitos	começaram	a	questionar	
as	 posições	 da	 Igreja.	 Antes	mesmo	 de	 Lutero,	 já	 haviam	 existido	 na	 Europa	movimentos	
religiosos	e	figuras	do	clero	católico	que	questionavam	determinados	princípios	do	catolicismo.	
Em	longo	prazo,	pode-se	ressaltar,	por	exemplo,	os valdenses,	que	surgiram	na	França	no	final	
do	século	XII.	Em	um	período	imediato,	isto	é,	poucos	anos	antes	do	início	da	reforma,	existiram	
os	pré-reformadores	na	Europa,	que	teceram	críticas	à	 Igreja	de	Roma.	Dois	nomes	que	se	
destacaram	nesse	contexto	foram John Wycliffe e Jan Hus.	O	primeiro	criticava	o	acúmulo	
de	poder	político	e	os	desvios	da	Igreja	dos	verdadeiros	ensinamentos	de	Jesus.	O	segundo	
tecia	críticas	parecidas	contra	o	enriquecimento	da	Igreja	e	a	venda	de	indulgências.
Com	relação	às questões políticas,	existia	uma	série	de	reis,	nobres	e	autoridades	
em	geral	que	estavam	interessados	em	romper	o	poder	secular	com	o	religioso.	Isso	significa	
que	muitos	viam	o	rompimento	como	uma	forma	de	consolidar	ou	de	assegurar	mais	poder	
sem	a	necessidade	de	ter	que	se	sujeitar	a	outra	autoridade	–	no	caso,	o	papa.
Nas questões econômicas, há	de	se	destacar	que	na	região	norte	da	Europa	havia	
uma	insatisfação	muito	grande	com	a	quantidade	de	impostos	que	deveriam	ser	repassados	
para	 a	 Igreja.	Tal	 questão	 intensificava-se	 em	um	 contexto	 em	que	 as	 penínsulas	 Itálica	 e	
Ibérica	estavam	em	franco	desenvolvimento	e	enriquecimento,	enquanto	regiões	como	a	que	
corresponde	à	atual	Alemanha	eram	pobres	e	enfrentavam	dificuldades	econômicas.
FONTE: Adaptado de <https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/reforma-protestante.htm>. 
Acesso em: 29 jul. 2021.
Martinho	Lutero	foi	o	fundador	do protestantismo, vertente do cristianismo 
que	rompeu	com	a	Igreja	Católica.	
27
No aspecto cultural da Idade Moderna, podemos destacar o Antropocentrismo 
e	 o	 Renascimento.	 Contrário	 ao	Teocentrismo,	 o Antropocentrismo  é um conceito 
filosofia	que	ressalta	a	importância	do	ser	humano	como	um	ser	dotado	de	inteligência	
e,	portanto,	livre	para	realizar	suas	ações	no	mundo.	A	palavra	vem	do	grego,	significa	o	
ser	humano	no	centro,	ou	seja,	todos	os	parâmetros	para	se	viver	em	sociedade	passam	
pelo	ser	humano.	A	Política,	a	Economia,	a	Religião	e	a	Arte	terão	como	centro	o	Ser	
Humano.	Se	na	Idade	Média	a	Cultura	era	permeada	de	anjos,	igrejas,	devoções,	santos,	
das	coisas	de	Deus,	 agora,	na	 Idade	Moderna,	 tudo	aquilo	que	a	 representa	ou	está	
relacionado	com	a	condição	humana	e	o	próprio	ser	humano	passar	ser	um	parâmetro	
norteador	na	produção	cultural	(peças	teatrais,	música,	pinturas).
Monalisa	é	um	exemplo	desse	período.	Ela	é	retratada	sozinha,	no	centro.	Centro	
e	Individualização,	duas	características	do	Antropocentrismo.	
Importante	sublinhar	que	durante	a	Idade	Moderna	o	homem	passa	a	
dar	maior	importância	a	si	mesmo,	valorizando	sua	condição	humana	
e	sua	capacidade	de	intervenção	na	natureza.	A	visão	teocêntrica	é	
sobreposta pela visão antropocêntrica da realidade. Essa perspectiva 
de	mudança	é	inter-relacionada	com	dois	novos	valores	da	sociedade	
moderna,	o	individualismo	–	valorização	do	indivíduo,	e	o	racionalismo	
–	valorização	da	razão	(RUSSELL,	2004,	p.	67).
FIGURA 10 – MONALISA
FONTE: <https://bit.ly/3lotqcl>. Acesso em: 12 jan. 2021.
3 ÉMILE DURKHEIM, MAX WEBER E A EDUCAÇÃO
Embora	Comte	seja	considerado	o	Pai	da	Sociologia,	entre	outras	coisas,	por	tê-la	
assim	batizado,	Durkheim	é	apontado	como	um	dos	seus	primeiros	grandes	teóricos.	Junta-
mente	com	seus	colaboradores,	esforçou-se	por	emancipar	a	Sociologia	da	Filosofia	Social.
28
FIGURA 11 – DAVID ÉMILE DURKHEIM
FONTE: <https://slideplayer.com.br/9702941/31/images/slide_1.jpg>. Acesso em: 20 mar. 2021.
Durkheim	nasceu	em	Épinal,	na	Alsácia.	Descendente	de	uma	família	de	rabinos	
iniciou	seus	estudos	filosóficos	na	Escola	Normal	Superior	de	Paris,	 indo	depois	para	
Alemanha.	Lecionou	Sociologia	em	Bordéus,	primeira	cátedra	dessa	ciência	na	França.	
Transferiu-se	 em	 1902	 para	 a	 Sorbonne,	 para	 onde	 levou	 inúmeros	 cientistas,	 entre	
eles	seu	sobrinho	Marcel	Mauss,	reunindo-se	em	um	grupo	que	ficou	conhecido	como	
escola	sociológica	francesa.	Morreu	em	Paris	(COSTA,	1987).
Em	livros	e	cursos,	sua	preocupação	foi	definir	com	precisão	o	objeto,	o	método	
e	as	aplicações	da	nova	Ciência.	De	acordo	com	Costa	(1987,	p.	51),	“Durkheim	formulou	
com	clareza	os	tipos	de	acontecimentos	sobre	os	quais	o	sociólogo	deveria	se	debruçar:	
os	fatos	sociais.	Estesconstituem	os	objetos	da	Sociologia.	Três	são	as	características	
que	Durkheim	distingue	nos	fatos	sociais”.
FIGURA 12 – GENERALIDADE, EXTERIORIDADE E COERCITIVIDADE
FONTE: <https://bit.ly/3K3GH4m>. Acesso em: 20 mar. 2020.
29
Os	fatos	sociais	são	apresentados	por	Durkheim	como	maneiras	coletivas	de	
pensar,	de	sentir	e	de	agir	que	estão	presentes	na	realidade	das	sociedades,	estando	
diretamente	vinculados	aos	aspectos	morais	que	regem	a	vida	das	pessoas	e	as	relações	
que	estabelecem	entre	si.	Valores,	costumes,	hábitos,	regras,	leis,	normas	e	estruturas	
sociais	são	alguns	dos	componentes	que	dão	forma	aos	fatos	sociais	e,	sobretudo,	a	
sua	capacidade	de	influenciar	o	comportamento	dos	seres	humanos	a	partir	de	fatores	
externos	aos	próprios	indivíduos.
QUADRO 10 – GENERALIDADE
A generalidade
Em	primeiro	 lugar,	 a generalidade  corresponde	 à	 capacidade	 dos	
fatos	sociais	exercerem	o	seu	poder	de	influência	sobre	a	totalidade	ou	
sobre a maioria dos membros de uma sociedade ou grupo social. Nesse 
sentido,	a	necessidade	de	obediência	às	determinações	não	recai	apenas	
sobre	alguns	indivíduos,	mas	sobre	todos	aqueles	reconhecidos	como	
membros	do	corpo	social	ao	qual	são	destinadas	tais	obrigações.
A	exterioridade
Em	segundo	lugar,	a exterioridade compreende	e	delimita	a	existência	
dos fatos sociais independentemente das vontades pessoais. Portanto, são 
elementos	cuja	propriedade	é	exterior	às	consciências	individuais,	sendo,	
portanto,	imutáveis	em	curto	prazo	e	aplicáveis	coletivamente	às	pessoas.
A coercitividade
Por	fim,	a coercitividade representa	a	condição	de coerção social, em 
que	os	indivíduos	se	tornam	suscetíveis	diante	dos	fatos	sociais,	o	que	
não	permite	que	suas	estruturas	sejam	alteradas	sem	grande	capacidade	
de resistência. Desse modo, ocorre a imposição de comportamentos 
sob	a	condição	de	que,	se	necessário,	para	a	manutenção	da	ordem	e	
dos aspectos morais vigentes, as pessoas sejam reprimidas e sofram 
sanções	em	casos	de	condutas	consideradas	como	inadequadas.	No	
entanto,	é	 importante	destacar	que	nem	toda	coerção	social	exclui	a	
personalidade	 individual,	 tornando-a	um	 instrumento	que	 impele	 a	
alienação de algumas das vontades individuais, porém não de todas – 
visto	que	o	seu	objetivo	maior	é	a	preservação	da	ordem	social.
FONTE: Adaptado de <https://www.politize.com.br/politica-e-fatos-sociais/>. Acesso em: 10 abr. 2021.
Além	do	Fato	Social,	quais	as	outras	contribuições	deixadas	por	Durkheim	para	a	
Sociologia?	Foram	diversas	contribuições.		no	quadro	a	seguir	apresentaremos	algumas:
QUADRO 11 – CONCEITOS
Instituição social e Anomia
A	 instituição	social	 é	um	mecanismo	de	organização	da	sociedade,	é	o	conjunto	de	 regras	
e	 procedimentos	 padronizados	 socialmente,	 reconhecidos,	 aceitos	 e	 sancionados	 pela	
sociedade,	 cuja	 importância	 estratégica	 é	 manter	 a	 organização	 do	 grupo	 e	 satisfazer	 as	
necessidades	dos	indivíduos	que	dele	participam.
As	instituições	são,	portanto,	conservadoras	por	essência,	quer	seja	família,	escola,	governo,	
religião,	polícia	ou	qualquer	outra.	Elas	agem	contra	as	mudanças,	pela	manutenção	da	ordem
vigente.	Durkheim	registra,	em	sua	obra,	o	quanto	acredita	que	essas	instituições	são	valorosas	
e	 parte	 em	 sua	defesa,	 o	 que	 o	 deixou	 com	certa	 reputação	de	 conservador,	 que	durante	
muitos anos causou antipatia a sua obra.
30
No	 entanto,	 Durkheim	 não	 pode	 ser	 meramente	 tachado	 de	 conservador.	 Sua	 defesa	 das	
instituições	 se	 baseia	 num	 ponto	 fundamental,	 o	 ser	 humano	 necessita	 se	 sentir	 seguro,	
protegido e respaldado. Uma sociedade sem regras claras ("em estado de anomia"), sem valores 
e	sem	limites	leva	o	ser	humano	ao	desespero.	Preocupado	com	esse	desespero,	Durkheim	se	
dedicou	ao	estudo	da	criminalidade,	do	suicídio	e	da	religião.
Uma	 rápida	 observação	 do	 contexto	 histórico	 do	 século	 XIX	 nos	 permite	 perceber	 que	 as	
instituições	 sociais	 se	 encontravam	 enfraquecidas,	 havia	 muito	 questionamento,	 valores	
tradicionais	 eram	 rompidos	 e	 novos	 surgiam,	 muita	 gente	 vivia	 em	 condições	 miseráveis,	
desempregados,	doentes	e	marginalizados.
Ora, numa sociedade integrada, essa gente não podia ser ignorada, de uma forma ou de outra, 
toda	a	sociedade	estava	ou	 iria	 sofrer	as	consequências.	Aos	problemas	que	ele	observou,	
considerou	como	patologia	social,	e	chamou	aquela	sociedade	doente	de	"Anomana".	A	anomia	
era	a	grande	inimiga	da	sociedade,	algo	que	devia	ser	vencido,	e	a	sociologia	era	o	meio	para	
isso. O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade.
Em	seus	estudos,	Durkheim	concluiu	que	os	fatos	sociais	atingem	toda	a	sociedade,	o	que	só	
é	possível	se	admitirmos	que	a	sociedade	seja	um	todo	integrado.	Se	tudo	na	sociedade	está	
interligado,	qualquer	alteração	afeta	o	geral,	o	que	quer	dizer	que,	se	algo	não	vai	bem	em	
algum	setor	da	sociedade,	toda	ela	sentirá	o	efeito.	Partindo	desse	raciocínio,	desenvolve	dois	
dos seus principais conceitos: Instituição social e Anomia.
Solidariedade Social
A	solidariedade,	 segundo	Durkheim	 ,	 é	oriunda	de	dois	 tipos	de	consciência:	 a	consciência	
coletiva	 (ou	 comum)	 e	 consciência	 individual.	 Cada	 indivíduo	 possui	 uma	 consciência	
individual	que	sofre	 influência	da	consciência	coletiva,	que	nada	mais	é	que	a	combinação	
das consciências individuais de todos os homens ao mesmo tempo. A consciência coletiva 
seria	responsável	pela	formação	de	nossos	valores	morais,	e	exerce	uma	pressão	externa	aos	
indivíduos	no	momento	de	suas	escolhas.	A	soma	da	consciência	individual	com	a	consciência	
coletiva forma o ser social.
Dentro	da	perspectiva	sociológica	durkheimniana,	a	existência	de	uma	sociedade	só	é	possível	
a	partir	de	um	determinado	grau	de	consenso	entre	seus	membros	constituintes:	os	indivíduos.	
Esse	consenso	se	assenta,	basicamente,	no	processo	de	adequação	da	consciência	individual	
à consciência coletiva. Dependendo do grau de consenso, temos dois tipos de solidariedade.
Solidariedade mecânica
A	 sociedade	 em	 sua	 fase	 primitiva	 se	 organizava	 socialmente	 a	 partir	 das	 semelhanças	
psíquicas	e	 sociais	entre	os	membros	 individuais.	Nessas	sociedades,	os	 indivíduos	que	as	
integravam	compartilhavam	dos	mesmos	valores	sociais,	tanto	no	que	se	refere	às	crenças	
religiosas como com relação aos interesses materiais necessários à subsistência do grupo, 
essa	correspondência	de	valores	é	que	assegurava	a	coesão	social.
Solidariedade orgânica
Já	nas	sociedades	ditas	"modernas"	ou	"complexas"	do	ponto	de	vista	da	maior	diferenciação	
individual	e	social,	existe	a	solidariedade	orgânica.
Nesse	 modelo,	 cada	 indivíduo	 tem	 uma	 função	 e	 depende	 dos	 outros	 para	 sobreviver.	 A	
Solidariedade	Orgânica	é	fruto	das	diferenças	sociais,	já	que	são	essas	diferenças	que	unem	
os	indivíduos	pela	necessidade	de	troca	de	serviços	e	pela	sua	interdependência.
O	indivíduo	é	socializado	porque,	embora	tenha	sua	individualidade,	depende	dos	demais	e,	por	
isso, se sente parte de um todo. 
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3PyOIQ9>. Acesso em: 20 mar. 2021.
Durkheim	 é	 considerado	 o	 criador	 da	 Sociologia	 da	 Educação.	 Para	 ele,	 a	
principal	função	do	professor	é	formar	cidadãos	capazes	de	contribuir	para	a	harmonia	
social.	Qual	seria	a	grande	função	da	Educação	segundo	Durkheim?
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QUADRO 12 – CONTRIBUIÇÕES
Durkheim	não	desenvolveu	métodos	pedagógicos,	mas	suas	ideias	ajudaram	a	compreender	
o	 significado	 social	 do	 trabalho	 do	 professor,	 tirando	 a	 educação	 escolar	 da	 perspectiva	
individualista,	 sempre	 limitada	 pelo	 psicologismo	 idealista.	 Segundo	 Durkheim,	 o	 papel	 da	
ação	 educativa	 é	 formar	 um	cidadão	que	 tomará	 parte	 do	 espaço	público,	 não	 somente	 o	
desenvolvimento individual do aluno. Portanto, "a educação tem por objetivo suscitar e 
desenvolver	na	criança	estados	físicos	e	morais	que	são	requeridos	pela	sociedade	política	no	
seu	conjunto".	Tais	exigências,	com	forte	influência

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