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UNIDADE 2ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E 
CONTEMPORÂNEO 
TÓPICO 2A FORMAÇÃO DO SISTEMA LAICO DE ENSINO NO OCIDENTE CONTEMPORÂNEO 
1 INTRODUÇÃO 
A ideia de Estado sem religião oficial se estruturou e legitimou a partir as revoluções liberais ocorridas ao 
longo do século XVIII. Burg, Fronza e Silva (2013) explicam que quando o fato de o Estado ser laico significa 
que Igreja não compõe mais o governo, outras esferas e instâncias da sociedade como a educação, 
permaneceram sob o controle e tutela da Igreja, o que mudou a partir da época moderna é que a Igreja não 
possuía mais o monopólio hegemônico sobre a educação. O que passa acontecer também é que as 
instituições religiosas precisavam se adaptar às exigências e normas do governo, que prescreviam os 
conteúdos mínimos que deveriam ser ministrados. Isso implicava que as escolas mesmo sendo 
confessionais deveriam ministrar os conteúdos de caráter científico, ou seja, escolas religiosas ensinar sobre 
a Teoria da Evolução das Espécies proposta por Charles Darwin. 
O século XVIII foi um dos principais períodos em que a sociedade humana viveu transformações profundas, 
verdadeiramente revolucionárias: o Iluminismo, uma revolução no campo das ideias; a Revolução Industrial, 
uma verdadeira transformação no campo da economia; a Revolução Francesa, uma transformação no 
campo da política; e a Revolução Americana, que simbolizou uma alteração na relação entre os países do 
mundo. 
A sociedade estamental e o antigo sistema colonial eram os dois principais pilares da dominação econômica 
e social. Por sua vez, a ideia de um direito divino dos reis em comandar a plebe, e os resquícios de 
dominação feudal, com a maioria da população vivendo nos campos, explicam quão revolucionários foram 
os eventos que estudaremos. Pois teremos, com a Revolução Francesa, o fim da Sociedade Estamental, 
com a Revolução Americana o fim do Antigo Sistema Colonial e, com o Iluminismo, o fim da legitimação 
divina do poder real. 
2 A SUPERAÇÃO DO ANTIGO REGIME E DO SISTEMA COLONIAL E AS IMPLICAÇÕES NA 
EDUCAÇÃO 
Uma primeira importante revolução existiu no campo das ideias e a conhecemos por Iluminismo. Este 
influenciou a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos da América. 
Uma das principais revoluções sociais ocorreu quando os Estados Unidos da América se tornaram uma 
nação independente da Inglaterra. Tal revolução é explicada pelo fim do Antigo Sistema Colonial. Isto é, as 
colônias americanas deveriam ser submissas às metrópoles, sendo elas fornecedoras de lucros aos 
europeus. Com o exemplo norte-americano, as antigas colônias espanholas e portuguesas também se 
tornaram independentes das suas metrópoles, o que ocasionou uma grande consequência para a história 
da educação. Pois, estes Estados Nacionais que surgiram na América Latina tiveram de implantar um 
sistema nacional de educação. Pela primeira vez, as elites políticas ibero-americanas tiveram de se 
responsabilizar pela instrução de sua população. 
A Revolução Francesa teve incomensurável importância para compreendermos as transformações 
educacionais. A mesma se iniciou em 1789, quando da Queda da Bastilha, um símbolo do Antigo Regime 
Monárquico e termina quando Napoleão Bonaparte assume o poder francês e expande algumas das ideias 
revolucionárias para os demais países europeus. 
FILME 
Um filme interessante sobre a Revolução Francesa é Darton – o processor da revolução. Estrelado pelo 
principal ator francês de sua geração, Gerard Depardieu, trata-se de uma visão sobre a revolução tendo 
como protagonistas seus principais e opostos líderes: Darton e Robespierre. 
Uma das principais questões da Revolução Francesa que alterou a forma de organização social foi o fim do 
sistema estamental do Antigo Regime, no qual a sociedade era dividida em três estados. O primeiro, 
composto pelo clero, o segundo, pela nobreza e o terceiro, pelos demais membros da sociedade, 
independente da renda que possuíam. Mesmo que alguém fosse rico, teria menos direitos políticos e sociais 
que os membros dos estamentos superiores. A Revolução Francesa aboliu com este sistema de organização 
social, estabelecendo um processo de igualdade de todos os indivíduos perante a lei, o que ficou explicitado 
no Código Civil Napoleônico. 
O fato de todos os seres humanos serem considerados iguais foi uma revolução político-social de grande 
tamanho, com óbvios reflexos no campo educacional, pois todos teriam direito de ter acesso à educação 
formal, não apenas os que possuíssem dinheiro ou fossem membros da nobreza e clero. Deste modo, após 
a Revolução Francesa se observa a construção de uma sociedade na qual o acesso às carreiras de Estado, 
como o magistério, a justiça, as forças armadas e a diplomacia, é tido através de méritos educacionais, 
simbolizados nos concursos públicos. A Revolução observou grande importância à educação. Liderados por 
Condorcet, os revolucionários estabeleceram comitês de educação pública. Após a Revolução, se observou 
o aumento da oferta de educação para todos os cidadãos, tanto na França quanto nos demais países do 
mundo. 
Uma das revoluções já citadas foi a Revolução Industrial. Iniciada na Inglaterra do século XVIII e 
originalmente ligada à indústria têxtil, a mesma se expandiu ao longo dos séculos XIX e XX aos demais 
países do mundo, açambarcando outras áreas da produção de objetos e máquinas, como a indústria 
metalúrgica, avançando no presente momento a áreas tecnológicas de extrema complexidade, como a 
informática e a nanotecnologia. A Revolução Industrial também possuiu fortes implicações educacionais. 
Isto porque ela acabou por alterar a vida cotidiana da maior parcela da população ocidental, pois, 
anteriormente, a mesma vivia majoritariamente no campo, tendo um contato direto com a natureza. Nestes 
tipos de comunidades rurais, a aprendizagem para o trabalho era mimética, ocorrendo em contato com os 
pais e demais parentes que ensinavam às crianças as lides rurais. As escolas, em geral ligadas às paróquias 
das igrejas, tinham como principal função ensinar a ler e escrever, além de instruir as quatro operações 
matemáticas básicas. 
A Revolução Industrial modificou a estrutura educacional do ocidente, desde a pré-escola até o ensino de 
pós-graduação. Isto porque, antes da Revolução Industrial, a educação da elite era realizada por preceptores 
(professores particulares) em seu nível elementar, e nas universidades, ao longo do ensino superior. Porém, 
a educação das elites foi profundamente alterada, com a popularização de escolas elementares e colégios 
secundaristas. Ao mesmo tempo, a educação das massas também foi alterada, com a criação de institutos 
de ensino técnico, que visava à formação de mão de obra para as indústrias. A Revolução Industrial também 
criou empregos de classes médias ligados diretamente às fábricas, como técnicos industriais e engenheiros 
mecânicos. 
Como podemos observar, as denominadas revoluções atlânticas foram as principais propulsoras da 
alteração da relação do Estado Nacional com a educação, pois, tiveram o impacto de forçar aos países 
ofertar educação para todos os cidadãos, independente do credo religioso, posição social ou situação 
econômica. 
3 OS PRINCIPAIS INTELECTUAIS E O PENSAMENTO DOS EDUCADORES LEIGOS 
Com a implantação do Estado moderno se instaurou todo um contexto de políticas de fomento à 
popularização da arte e da cultura, que estas fossem de fácil assimilação, circulação e consumo, bem como 
democratizar os espaços de arte e cultura, museus, galerias, exposições, no sentido de aproximar o público 
dos artistas, os produtores dos consumidores, ou oportunizar que a arte e a cultura fossem de acesso ao 
maior número possível de indivíduos. Durante o século XVII, coleções de curiosidade, difundidas por toda a 
Europa, receberam espaços em museus, gabinetes ou câmaras de curiosidades. Nesses locais, que não 
pertenciam mais somente à nobreza, encontravam-se quadros, esculturas,livros, instrumentos científicos, 
objetos vindos de terras que estavam sendo exploradas, peças do mundo natural, curiosidades em geral. 
Um dos principais sinais do processo de laicidade da formação dos sistemas educacionais das diferentes 
nacionalidades foi a exclusão de intelectuais ligados diretamente a igrejas cristãs. Como afirmamos, temos 
a presença de intelectuais leigos, isto é, não sacerdotes, porém, muitos dos pensadores da educação nos 
séculos XIX e XX eram pessoas que tinham fé cristã. O fato de não serem sacerdotes possibilitou a eles 
uma maior liberdade, por poderem inovar em matéria educacional sem o perigo de sofrerem punições pelas 
hierarquias eclesiásticas das igrejas que professavam suas crenças. 
O princípio de uma divisão entre a Igreja e o Estado foi uma ampla tendência no século XIX, pois a religião, 
que no Antigo Regime deveria ser expressa publicamente pelos indivíduos, em rituais nos quais o poder 
político era legitimado pelos clérigos, deixou de ser uma obrigação social. Por sua vez, a educação, que era 
algo reservado à esfera privada e que não era considerada uma obrigação, passou a ser uma das 
preocupações dos dirigentes sociais. 
O amplo desenvolvimento das distintas ciências durante os novecentos possibilitou uma nova forma de 
pensar o ser humano e suas relações sociais. O evolucionismo, o socialismo, além do desenvolvimento da 
sociologia e da psicologia enquanto ciências, possibilitaram aos homens uma nova forma de pensar a 
realidade, uma nova sensibilidade em relação à infância e a possibilidade do desenvolvimento de uma 
ciência voltada ao progresso educacional dos indivíduos, materializada em escolas que seguiam novos 
conceitos educacionais. 
Podemos compreender o surgimento de intelectuais que trabalharam com temas educacionais como um 
indício da emergência histórica do laicismo, de uma separação radical entre as questões da fé e as questões 
da política. Os intelectuais a seguir citados não são gênios isolados, mas professores que souberam adequar 
a tarefa educacional aos desafios de suas épocas. 
Ao longo dos séculos XIX e XX, muitos intelectuais refletiram sobre as transformações que a sociedade 
estava passando. Alguns destes pensadores refletiram, sobre a importância da educação se adequar à nova 
sociedade que estava sendo formada após as grandes transformações simbolizadas pela Revolução 
Industrial e Francesa. Dentre os vários pensadores, neste momento, iremos destacar três que tiveram maior 
relevância nos últimos duzentos anos: Froebel, Pestalozzi e John Dewey (GADOTTI, s.d.). 
Froebel foi um dos importantes teóricos da educação moderna. As suas ideias tiveram reflexos até o 
presente no que se concebe sobre as políticas educacionais do ocidente. Froebel partiu do princípio que 
todo o ser humano nos primeiros anos de vida é uma semente, que deve ser regada e fortificada para poder 
crescer e ser um bom indivíduo. Por isso, ele foi o criador dos jardins de infância, as unidades de educação 
infantil no qual as crianças têm a possibilidade de serem socializadas protegidas pelos adultos, sem 
interferências do mundo externo, que poderiam ser a elas uma má influência. Assim, o jardim de infância é 
uma das principais ferramentas para a construção de um futuro melhor para toda a sociedade, ao proteger 
as crianças das influências maléficas e possibilitar a formação de pessoas com melhor saúde, caráter e 
inteligência. 
Outro importante intelectual da educação do século XIX foi Pestalozzi, educador suíço de grande destaque 
entre os intelectuais da educação. Uma importância da revolução que Pestalozzi produziu na história da 
pedagogia foi sua insistência em afirmar que mais importante que a acumulação de conhecimentos, a 
educação deve ser capaz de formar indivíduos de forte caráter. (ARANHA; 1996) O que hoje é um dado 
comum, porém, isto significou uma verdadeira revolução em sua época. 
FIGURA 22 - FROEBEL; PESTALOZZI; JOHN DEWEY 
No Século XX, tivemos vários intelectuais de destaque que pensaram as questões educacionais. O destaque 
maior cabe ao estadunidense John Dewey. Este intelectual foi o formulador do denominado escolanovismo. 
Este movimento educacional tinha como uma das principais bandeiras o ensino integral. Isto é, em um 
momento da história humana na qual os pais e as mães faziam parte do mercado de trabalho, as crianças 
poderiam ficar o dia inteiro em escolas nas quais, além da educação formal, receberiam atenção de 
educadores que forneceriam alimentação, práticas esportivas e o contato com a tecnologia desenvolvida 
pelos homens. 
O escolanovismo teve uma preocupação justa com a qualidade da educação e sua popularização, mas 
também em utilizar dos inventos do século XX nas escolas, como o gramofone, o cinema e as projeções 
eletrônicas de imagens, como os slides. Isto é, ao invés de se ter a tecnologia como uma inimiga das tarefas 
pedagógicas cotidianas, os escolanovistas tiveram a percepção que estes inventos poderiam ser utilizados 
como aliados no ato de ensinar às novas gerações o conhecimento. 
John Dewey também se destacou como importante filósofo, ao propor uma nova forma de pensar a 
realidade, o denominado pragmatismo. Para os filósofos que seguem tal perspectiva de análise, as ideias 
deveriam ter sua relevância medida por sua possível utilização prática. Na atualidade, Richard Rorty é o 
principal seguidor no campo da filosofia das teorias pragmáticas. 
4 O EXEMPLO DE HEGEL 
Georg W. Friedrich Hegel (1770-1831), filósofo alemão, foi influenciado pelas obras de Heráclito (353 a.C - 
475 a.C), Espinoza (1632-1677), Kant (1724-1804) e Rousseau (1712-1778), assim como pela Revolução 
Francesa e Napoleão Bonaparte. Dedicou-se aos estudos do Idealismo Absoluto, procurou investigar a 
relação entre mente e natureza, sujeito e objeto do conhecimento. Para tanto, empreendeu estudos em 
história, arte, religião e filosofia. 
Com a obra “Fenomenologia do espírito”, pretendeu mostrar que a ideia não é seguir o acumular do 
desenvolvimento histórico da humanidade na dimensão do tempo, mas de colher os momentos estratégicos, 
de vicissitudes e ideais que são responsáveis por conferir desenvolvimento ao espírito. Para Hegel, o 
desenvolvimento da realidade passa por três momentos fundamentais: o da ideia, o da natureza e o do 
espírito. 
O espírito é o absoluto, o complemento de todas as coisas, o ponto extremo de síntese para a qual tende 
toda filosofia, ciência, religião e cultura. O espírito não é transcendente em relação ao mundo, mas constitui 
seu complemento interno e sua essência que é a liberdade. Para Hegel, o espírito subjetivo e o espírito 
objetivo são a via pela qual se vai elaborando o espírito absoluto, cujas formas são a arte, a religião e a 
filosofia. 
Hegel apresenta também a unidade dos opostos, como princípio fundador de uma nova lógica, no sentido 
de que esta é imanente, de modo que aquilo que é real deve ser caracterizado pela unidade dos opostos. 
Para Hegel, o homem se apresenta como um animal que não tem uma natureza determinada, mas que se 
forma incessantemente. Seguindo este raciocínio, a história do passado não é capaz de ensinar alguma 
coisa de útil ao momento presente, o que coloca Hegel distante da doutrina “Historia magistra vitae”, que foi 
proposta desde os historiadores da época antiga, como Heródoto, Tucídides e Cícero. 
A história apresenta uma racionalidade própria, mas não deve apresentar uma tendência na direção de um 
telos (fim, alvo) específico. Para Hegel, os ‘meios’ são mais importantes que os ‘fins’; ou seja, o navio, o 
automóvel e o trem são mais importantes do que alcançar e chegar do outro lado do oceano, na cidade, e 
qualquer destino traçado. Uma vez que se conta com tais recursos, pode-se trilhar novos caminhos, 
percorrer outras distâncias, chegar a diferentes lugares. 
A grande tese de Hegel reside na defesa de que o finalismo “ad usum hominis” (para uso humano) não 
existe na natureza e, que quando existe na história, não é por virtudeda Divina Providência, mas unicamente 
pelos feitos das ações humanas. E o fato de propor a relação de prioridade dos meios diante dos fins 
distanciava-se do pensamento que havia sido proposto desde Maquiavel (1469-1527), Voltaire (1694-1778) 
até Herder (1744-1803). 
Para Hegel, a racionalidade está por trás de tudo no mundo e a filosofia tem o poder de compreender a 
racionalidade da história. O pensamento capta a racionalidade, mas substitui a noção de progresso linear 
por uma filosofia da contradição, da dialética. O percurso dialético que resulta disso pressupõe uma visão 
unitária e uma síntese do espírito por meio de suas múltiplas concretizações. 
5 O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DE DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS E 
DISCIPLINAS AUXILIARES 
A partir da época moderna, a ciência alcançou uma autonomia e emancipação nunca observadas em outros 
tempos históricos. As revelações, verdades e metáforas religiosas, ou de senso comum ou mitologias e 
folclores que desfrutavam de prestígio e autoridade no interior das sociedades, passam a ser abordadas a 
partir do princípio da dúvida, do questionamento e das hipóteses formuladas no campo da ciência e da 
racionalidade. 
O percurso metodológico foi instaurado como o único procedimento básico para alcançar a verdade, ou seja, 
o caminho do laboratório, da observação, da análise, da descrição, da dedução, da comparação, da 
interpretação, da síntese, da antítese e da tese seria o garantidor da veracidade dos novos conhecimentos 
que estavam sendo produzidos. 
Os testes, os experimentos, tratamentos e medicamentos preventivos, simulações, supervisionamentos, 
monitoramento, o isolamento e o controle em laboratório, as cirurgias, as amputações, as incisões, as 
transfusões, as combinações, os enxertos, os hibridismos, a criação de ambientes artificiais, as induções, o 
uso de paliativos, isto tudo foi possível a partir da ciência moderna e possibilitou a verificação específica, 
profunda e restrita tanto de objetos, fatos e fenômenos. 
Como resultado deste cenário, obtiveram-se as descobertas e as invenções do termômetro clínico, lentes 
de A. Fresnel (1788-1827), a anestesia, a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin (1808-1882), 
teoria microbiana de L. Pasteur (1822-1895) e P. V. Gautier (1846-1908), teoria atômica de J. Dalton (1766-
1844), e a teoria psicanalítica de Sigmund Freud (1856-1939). 
As interpretações estatísticas e demográficas foram responsáveis por servir de base de dados e 
desencadear ações e práticas aos estados em termos de saneamento básico, como oferecer água 
encanada, canalização de esgotos, controle de epidemias e doenças, construção de hospitais, laboratórios, 
escolas, orfanatos, asilos, cemitérios, entre outros. 
O desenvolvimento de ciências auxiliares para a educação foi um dos sinais que ganhou importância e 
prestígio social, em especial no final do século XIX e na primeira metade do século XX. Duas delas são de 
importância incalculável para o desenvolvimento de melhores formas de educar os jovens: a sociologia e a 
psicologia da educação. 
O termo “ciências auxiliares”, por vezes, é criticado, pois alguns autores observam que existe uma 
multiplicidade de temas educacionais e que somente uma abordagem interdisciplinar poderia realmente ser 
capaz de vencer os diferentes desafios da educação na contemporaneidade. Todavia, o que se pretende ao 
ainda utilizarmos o conceito “ciências auxiliares”, é observar a importância da educação como forma de 
estudo para diferentes áreas das ciências humanas e sociais. 
5.1 SOCIOLOGIA: A CIÊNCIA DA SOCIEDADE 
O surgimento da sociologia enquanto ciência ocorreu no século XIX. Augusto Comte, formulador da filosofia 
positivista, foi o autor da ideia de uma nova ciência de estudar a sociedade, o “sócio-logos”, que em sua 
origem etimológica define sua função, pois logos, no grego, quer dizer justamente conhecimento, estudo ou 
ciência sobre algum tema. Todavia, os estudiosos reconhecem três grandes fundadores da sua 
especialidade: Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. 
Augusto Comte (1798-1857) foi politécnico organizador, bem como hostil ao pensamento socialista/marxista 
e de quem fosse inimigo da propriedade privada. Possuía como objetivo fundar uma ciência social, que 
deveria ser chamada de física social ou sociologia. No pensamento de Comte, somente com a síntese das 
ciências e com a criação de uma política positiva se daria conta de analisar conflitos e as contradições 
sociais e propor reformas e soluções. 
O principal ponto de partida residia no próprio século XIX, que almejava superar a tradição teológica e 
favorecer a transição a uma sociedade científica e industrial. Os principais temas que interessaram a Comte 
foram a filosofia da História, a classificação das ciências e física social ou sociológica. Para tanto, escreveu 
as obras Curso de filosofia positiva – seis volumes (1830-1842), Discurso preliminar sobre o espírito positivo 
(1844) e Sistema de política positiva – quatro volumes (1851-1854). 
Comte defendeu a lei dos três estados os quais o espírito humano percorre em seus estágios de 
desenvolvimento: estado teológico ou fictício (fenômenos sobrenaturais); estado metafísico ou abstrato 
(fenômenos da natureza); e o estado científico ou positivo (fatos e leis que determinavam a realidade): 
maneira de pensar positiva. Vamos analisar com mais detalhes como funcionava a filosofia histórica das 
‘leis dos três estados’ que Comte formulou e procurou explicar. 
O conhecimento positivo se caracterizou pela previsibilidade; o “ver para prever” que funcionou como lema 
da ciência positiva. A previsibilidade científica permitiria o desenvolvimento da técnica e, assim, o Estado 
corresponderia ao pleno desenvolvimento industrial, no sentido de exploração da matéria-prima (recursos 
naturais) e do trabalho do homem. Neste estado, Comte determinou que o poder do conhecimento passaria 
para os sábios e cientistas e o poder material para as indústrias e os industriais, configurando assim o 
desenvolvimento científico e tecnológico. 
No pensamento positivista de Comte, a civilização material só poderia se desenvolver se cada geração 
produzisse mais do que o necessário para sua sobrevivência, transmitindo assim à geração seguinte um 
estoque de riqueza maior do que o recebido da geração anterior. 
Comte foi um organizador que desejava manter a propriedade privada e transformar seu sentido, para que, 
embora exercida por alguns indivíduos, tivesse também uma função social (catolicismo social). 
Para Comte, as ciências libertavam o espírito humano da tutela exercida sobre ele pela teologia e pela 
metafísica, e que a partir de então tendia a se prolongar indefinidamente. Consideradas no presente, elas 
deveriam servir, seja pelos seus métodos, seja por seus resultados gerais, para determinar a reorganização 
das teorias sociais. Consideradas no futuro, constituiriam a base espiritual permanente da ordem social, 
enquanto durar a atividade da nossa espécie no planeta. 
Karl Marx (1818-1883) foi um dos mais influentes pensadores surgidos no século XIX, a ponto de surgir um 
Estado nacional, a União Soviética, que foi desenvolvida em torno de suas ideias. A principal obra de Marx 
foi o livro "O capital", no qual demonstrou o desenvolvimento da economia capitalista. Outro livro importante 
foi o "Manifesto do Partido Comunista", no qual revelou seu ideal de sociedade, no qual as diferenças entre 
as classes sociais não mais iriam existir. 
O marxismo inspirou grandes pedagogos em diversos lugares no mundo. No caso específico do Brasil, 
podemos citar os nomes de Paulo Freire e Darcy Ribeiro, como profissionais da educação influenciados pelo 
ideal do denominado materialismo dialético. A principal ideia de Marx é que a história humana se transforma 
através da luta de classes. No tocante à educação, a ideia de que a educação escolar nos países capitalistas 
está a serviço do poder político-econômico foi a grande denúncia marxista em relação à áreaeducacional 
(GADOTTI, s.d). 
O centro do pensamento de Karl Marx reside em compreender e denunciar as contradições do regime 
capitalista. As principais influências teóricas de Marx são as do idealismo alemão de Hegel e seus 
seguidores, os estudos de economia política inglesa feitos por Adam Smith (1723-1790), Jean-Baptiste Say 
(1767-1832) e David Ricardo (1772-1823), o socialismo utópico francês representado por Saint Simon (1760-
1825), Jean-Baptiste Fourier (1768-1823) e Robert Owen (1771-1858). 
Quando Marx entra na universidade, o universo acadêmico e científico da época era dominando pelas ideias 
de Hegel. Foi da tese de Hegel de que “a consciência é que determina a existência”, que Marx retirou a sua 
principal chave de entendimento e explicação do seu momento histórico, mas agora, com Marx, na 
perspectiva inversa, a de que é “a existência que determina a consciência”. 
Para Hegel, a racionalidade está por trás de tudo no mundo e a filosofia tem o poder de compreender a 
racionalidade da história, ou seja, o pensamento capta a racionalidade da história. Para Marx, Hegel e todos 
os filósofos estavam alienados e poderiam ser chamados de a-históricos, e, segundo suas teses, as 
características da história seriam sempre as mesmas em todas as épocas, a natureza humana era somente 
crítica; procuravam mudar, transformar o mundo com filosofias e teorias. Marx, em contrapartida, defendia 
que o mundo não se transforma com o pensamento, com críticas, o mundo se transforma pela ação 
politicamente orientada, que ele preferiu chamar de práxis, e que se faziam necessárias tanto a explosão 
como a revolução das antigas estruturas. 
Marx, ao longo da vida intelectual e financeira, contou com a ajuda de Friedrich Engels (1820-1895). No livro 
"A ideologia alemã", de 1846, ambos abordam as bases do materialismo histórico e procuram, ao longo da 
obra, defender que o homem é fruto do seu trabalho e das relações de produção, e não da vida espiritual e 
intelectual que leva. Para Marx, o trabalho é o que diferencia e distingue os seres humanos de outras 
espécies. 
A concepção de História defendida por Marx e Engels residia no fato de que estão na vida material, no modo 
de produção e na estruturação da sociedade civil as chaves de entendimento de todo o processo histórico, 
e que ao invés de resultar em ‘emancipação e autonomia’ do homem, como foi defendido pelos iluministas 
e idealistas, o que ocorre é a exploração e a ‘alienação’ dos indivíduos. Com a defesa destes termos, Marx 
e Engels foram responsáveis por tecer as críticas mais expressivas às teorizações defendidas anteriormente 
tanto por Kant como por Hegel. 
SÍNTESE 
De forma resumida, o paradigma marxista apresenta a seguinte perspectiva de história: 
• a realidade social é mutável; 
• a mudança está submetida a leis que se encaixam em outras leis históricas; 
• as mudanças tendem a momentos de equilíbrio relativo. 
Platão (428-347 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C) já discutiam a noção de dialética, sob a nomenclatura de a 
‘arte da conversação’, mas restringiam-se ao universo especulativo e idealista que trata do movimento 
universal e de transformação constante das coisas, que já havia sido contemplado nos estudos de Hegel. 
A concepção de ‘materialismo dialético’ que Marx e Engels desenvolveram é oriunda dos estudos de Ludwig 
Feuerbach (1804-1872) presentes nas obras “Essência do cristianismo” e “Pensamentos sobre a filosofia do 
futuro”, escritos entre 1841-1843; que, somada à tradição de antagonismo social latente desde a Revolução 
Francesa, ao contexto de industrialização, da formação dos movimentos operários (cartismo e ludismo), 
forneceu a base de referências para que Marx e Engels desenvolvessem a questão com propriedade. 
Marx e Engels aproveitam os elementos racionais da dialética de Hegel, negam a dimensão idealista e a 
adaptam à práxis social, reconhecem a vida cotidiana e o modo de produção como responsáveis pela 
transformação da consciência e da subjetividade dos indivíduos. Os fenômenos materiais e mecanicistas 
passam a ser entendidos como os verdadeiros responsáveis pelo desenvolvimento das atividades humanas; 
tendo em conta estes pressupostos, acabavam por refutar tanto a tradição idealista como a tradição moral 
religiosa, que visavam meramente observar e constatar os fenômenos sociais. 
A pauta da discussão do materialismo dialético residiu na proposta de que o método utilizado para 
compreender os fenômenos da natureza e gerar conhecimento deveria ser o dialético, e a interpretação, a 
base conceitual de verificação deste conhecimento, de natureza materialista. A noção central residia no fato 
de que o desenvolvimento de qualquer atividade humana se dava a partir de contradições. No caso dos 
estudos do marxismo, os elementos que protagonizavam esta contradição foram o proletariado e o 
capitalista/burguês. 
Para ilustrar esta abordagem da realidade, Marx e Engels partiam do raciocínio de que o homem tem 
necessidade de comer e beber, ou seja, de sobreviver antes de filosofar ou expressar-se artisticamente; o 
restante (Estado, instituições civis, religiões, cultura...), se desenvolveria no prolongamento. Primeiro os 
homens almejavam satisfazer suas necessidades básicas: a vida material determina a vida intelectual; o ser 
social determina a consciência social; o material determina o espiritual e os assuntos sociais. 
A sociedade, os fatos e os acontecimentos sociais deveriam ser tomados na sua totalidade; a economia 
entendida como a responsável por organizar as estruturas básicas da sociedade; a política e a cultura 
estabeleciam as formas históricas de gestão econômica. Em meio a este contexto de determinações, o 
materialismo dialético serviria como referência tanto como categoria de análise, como de orientação teórica 
à ação prática da política revolucionária. 
Outro intelectual alemão a ser considerado cofundador da sociologia foi Max Weber, autor de dois livros 
basilares no tocante à sociedade contemporânea. Segundo Weber (1982), cada indivíduo age levado por 
um motivo e se orienta pela tradição (conduta social orientada pelas tradições), o que quer dizer que cada 
indivíduo mobiliza suas ações e interesses racionais e se realiza pelo campo da emotividade e da 
subjetividade. Logo, um pesquisador deveria lançar mão do que é de natureza particular, daquilo que permite 
identificar na sua peculiaridade na configuração panorâmica da cultura, e para tanto deveria lançar mão do 
método compreensivo, isto é, um esforço interpretativo que percebe as tradições e sua repercussão nas 
sociedades contemporâneas. 
Em A ética protestante e o espírito do capitalismo, relaciona o ideal de salvação das igrejas protestantes, 
vinculadas à vida sóbria, ligadas a ideias como moral elevada e trabalho, que estão em afinidade com os 
valores do capitalismo, dependente de funcionários competentes, pontuais e ordeiros. Este aspecto foi 
denominado por Weber como ascese laica ou ascetismo intramundano, pois, se o catolicismo pregava que 
para ter uma vida santa, longe dos prazeres pecaminosos, o cristão deveria se isolar do mundo, vivendo em 
um convento, o protestantismo afirmava que o ideal de santidade deveria ser perseguido no confronto 
cotidiano com o mundo. 
Outras duas questões apontam afinidades do cristianismo protestante com o capitalismo. O primeiro é: para 
o catolicismo, o lucro é um pecado denominado usura. Para o protestantismo, este pecado não existe, pois, 
como afirmava Calvino, as relações comerciais que envolvem lucro não são conquistadas através de 
coação, mas sim através da troca. Também, para o protestantismo, a prosperidade econômica não era um 
sinal de contradição com a fé, mas sim o sinal de uma bênção divina. 
Em relação à educação, a principal contribuição weberiana foi o estudo sobre a burocracia. Pois, para 
Weber, é a burocracia um dos sinais da sociedade da modernidade, pois o racionalismo que a burocracia 
emprega depende em muito da formação escolar de uma classede técnicos capacitados para gerir os bens 
públicos ou privados. Uma classe gerencial, que Weber definiu como Estamento Burocrático, é a principal 
camada dirigente das instituições privadas ou estatais contemporâneas. Isto em parte explica a importância 
que as classes dirigentes ofertam para a educação, pois será entre os que receberam maior instrução, os 
melhores cargos. Esta perspectiva formou um verdadeiro ethos educacional nas sociedades do Ocidente. 
O último dos sociólogos que iremos citar, neste tópico, foi um dos mais importantes para o estabelecimento 
da sociologia da educação como disciplina do conhecimento humano. Émile Durkheim foi o principal 
formulador da sociologia como ciência, ao possuir uma cátedra desta ciência na Universidade de Paris-
Sorbonne e ser o escritor do livro As regras do método sociológico. Sua importância para a história da 
educação se mede ao ser Durkheim o principal formulador da sociologia da educação enquanto ciência 
humana. Hoje, jamais se pensaria a educação apartada das realidades nas quais as famílias e as escolas 
estão presentes. Porém, a influência iluminista e cristã de alguns teóricos do século IX não compreendia 
que as diferenças sociais são parte importante ao se pensar a educação na contemporaneidade (GADOTTI, 
s.d. 113-115). 
Para o autor, o indivíduo na fase da infância nada mais é do que uma tábula rasa e diante disto a escola, as 
instituições de ensino e o sistema educacional devem atuar no sentido de preencher aquela criança de forma 
adequada ao convívio em sociedade de forma mais integrada e adequada possível. Estudiosos analisam 
estas ideias de Durkheim e o nominam de conservador, no ponto em que compreendia a escola como 
simplesmente uma instituição de ajuste e não de transformação da sociedade. 
A disciplina de sociologia da educação tem contribuído de forma significativa no sentido do reconhecimento 
e da importância do fazer educacional. Os estudiosos da sociologia se esforçam em fazer análises e 
trabalhos críticos que indicam os limites e impasses no campo educacional. Na atualidade têm-se os 
trabalhos do estudioso argelino Pierre Bourdieu, que se dedica a denunciar os mecanismos e modelos de 
ensino que tendem a tornar a escola um mero local reprodução dos conteúdos 
Como os estudiosos da filosofia foram responsáveis por formular escolas filosóficas que ultrapassam os 
tempos históricos, os estudiosos da sociologia também contribuíram com a formação de correntes 
sociológicas que perpassam o pensamento filosófico, social, histórico e educacional. Para facilitar o 
entendimento das principais correntes sociológicas e a relação que possuem com as demais áreas do 
conhecimento, atente para o quadro a seguir: 
 
QUADRO 5 - PRINCIPAIS CORRENTES SOCIOLÓGICAS 
 
FONTE: Os autores 
5.2 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
De acordo com Fernanda G. de Oliveira (2014), há muitos anos, psicólogos e educadores procuram 
descobrir como se aprende. Várias observações foram feitas e surgiram diversas teorias, na tentativa de 
explicar o processo de aprender. O ideal seria se as teorias repercutissem na educação, tornando mais 
eficiente o trabalho dos educadores e influindo na prática escolar. Felizmente, alguns pesquisadores da 
aprendizagem têm apresentado conclusões que falam diretamente aos educadores. 
Podemos descrever que a psicologia contribui na educação, no estudo das diversas fases de 
desenvolvimento dos seres humanos, no estudo da aprendizagem e das condições que a tornam mais 
eficiente e mais fácil. Em nossos dias, tal é a importância da Psicologia da Educação e da Aprendizagem 
que todos na área da educação precisam refletir sobre o seu significado. No entanto, a indagação que você 
mesmo deve estar se fazendo é a seguinte: afinal, o que é Psicologia da Educação e da Aprendizagem? 
Antes de explorarmos este conceito, vamos compreender o que é aprendizagem. 
Atualmente existem diversas teorias sobre a aprendizagem, sendo estudadas pela psicologia da educação. 
A aprendizagem integra os elementos cognitivo, biológico, social, psíquico e cerebral, sendo, portanto, um 
fenômeno, um processo bem complexo que ocorre num determinado momento histórico e dentro de uma 
cultura particular. Aprender é bem mais do que absorver uma informação, pois se pode saber tudo, por 
exemplo, a respeito de dentes: a sua estrutura, a causa de suas cáries e de suas moléstias e, ainda assim, 
nada disso alterar a conduta prática. 
A aprendizagem é considerada como um processo contínuo, no qual o ser humano desde a vida uterina 
começa a aprender e permanece durante toda a vida, pois o caminho para atingir o crescimento, a 
maturidade e o desenvolvimento como pessoas, num mundo organizado, cujas interações com o meio nos 
permitem a organização do conhecimento, é a aprendizagem. E a psicologia da educação busca empregar 
os princípios e as informações que as pesquisas psicológicas oferecem acerca do comportamento humano, 
para tornar mais eficiente o processo ensino-aprendizagem. 
A contribuição da Psicologia da Educação abrange dois aspectos fundamentais, conforme descreve Piletti 
(1994): 
• Compreensão do aluno: compreensão de suas necessidades, suas características individuais e seu 
desenvolvimento, nos aspectos: físico, emocional, intelectual e social. O aluno não é um ser ideal, abstrato. 
É uma pessoa concreta, com qualidades e preocupações. 
• Compreensão do processo ensino-aprendizagem: para o professor, não é suficiente conhecer o aluno. É 
necessário que ele saiba como funciona o processo de aprendizagem, quais os fatores que facilitam ou 
prejudicam a aprendizagem, como o aluno pode aprender de maneira mais eficiente, além de outros 
aspectos ligados à situação de aprendizagem, envolvendo o aluno, o professor e a sala de aula. 
Assim a psicologia da educação estabelece um conjunto de relações estáveis entre sujeito e objeto. A ação 
do sujeito, estruturada por dados internos e externos, constitui e determina o motivo da observação, isso 
significa que o estudo do homem se viabiliza quando consideramos a mediação recíproca entre sujeito e 
objeto, isto é, quando consideramos estes aspectos em interação constante. É útil aos professores conhecer 
as teorias predominantes desenvolvidas pelos psicólogos da aprendizagem, para que entendam a 
orientação do ensino nas escolas atuais e optem pela prática escolar que desejarem. 
5.3 O IMPASSES DO PROCESSO DE LAICIZAÇÃO E DA RACIONALIZAÇÃO 
O processo de implantação das ideias iluministas, modernas, laicas e racionais não se deu de forma pacífica 
e de aceitação unânime, e formas de resistência podem ser registradas tanto em países católicos como em 
países protestantes. O século XIX foi um momento histórico em que diversas formas de resistência à 
modernização e racionalização foram registradas, um exemplo pode ser o do sacerdote católico Dom Bosco 
(1815-1888), que contribuiu na formulação da rede salesiana de ensino, que visava atender crianças e 
jovens que origem humilde e que se encontravam em condições de abandono e violência na Itália. 
Nas regiões de maior presença das tradições protestantes, ocorreram conflitos no campo escolar onde se 
dava o ensino da origem do homem, sendo que as unidades escolares ministravam as teorias evolucionistas 
de Charles Darwin. Nos Estados Unidos da América, cuja articulação religiosa era forte e politicamente 
legitimada, ocorreu um caso peculiar, o professor de ciências John Scopes sofreu processo por ensinar as 
teorias onde atuava. Neste caso, o professor obteve a vitória e seu exemplo foi utilizado como inspiração 
em outras nações (OLSON, 2001). 
O processo de laicização do Estado e da sociedade foram responsáveis para contribuir no sentido de ampliar 
o alcance da educação e da alfabetização. Na atualidade, este modelo apresenta limites, e as questões 
religiosas não são o centro dos debates e sim como melhor ensinar, as melhores formas de promover 
aprendizagem, pois os desafios são muitos, em especial os que são oriundos do mundodo trabalho, que se 
encontra em constante transformação, as novas realidades sociais, as diferentes configurações de família 
entre outras questões. 
5.3.1 O Movimento do romantismo 
O Romantismo, ao se expressar, utilizou-se de metáforas que eram oriundas do campo da natureza, da 
poesia, do fantástico e do encantado, do folclore e do místico. Com estes recursos procurava denunciar o 
rigor da razão, do academicismo, do classicismo, dos regulamentos, normas, condutas, das demais regras 
e imposições que vinham ganhando espaço desde o Iluminismo e a Revolução Industrial. 
Conforme Abbagnano (2007), o significado comum do termo "romântico", que significa "sentimental", 
valorizou o sentimento, que fora ignorado na Antiguidade Clássica e que foi reabilitado pelo Iluminismo do 
século XVIII, no sentido de que se fazia necessário conciliar razão e fé, conteúdo e forma, matéria e espírito, 
experiência e sentido. O movimento do Romantismo estava relacionado ao sentido de valorizar os aspectos 
do inconsciente, os instintos, o lirismo, o melódico, o dramático, a liberdade criativa, a paixão, o desejo por 
ideais e pelo inatingível, do misticismo, indianismo, da boemia, vida noturna, entre outros hábitos. 
Esta corrente artística foi inserida em um momento em que ocorreram outras mudanças no contexto da 
sociedade dos séculos XVIII e XIX, entre elas, o processo de massificação da leitura e da palavra escrita. 
As produções de intelectuais – como Karl Marx – apresentavam novas formas de compreender e denunciar 
a realidade social, numa perspectiva de preencher o ambiente crítico e que tendeu proceder a uma leitura 
crítica e dialética da sociedade, e esta foi feita contra a promessa de progresso e felicidade pura e simples 
contida na modernidade. O Romantismo reuniu adeptos das mais diversas áreas do conhecimento, da 
literatura, da música, das artes plásticas. Enquanto Marx descobria o socialismo, na Paris de 1840, T. 
Gautier (1811-1872) e Flaubert desenvolviam sua mística da “arte pela arte”. 
5.3.2 O exemplo de Friedrich Nietzsche 
A laicização no campo político e público afetou as relações humanas, com a natureza e as dimensões 
espirituais, que por sua vez favoreceu o processo de secularização da sociedade, que consistiu no 
movimento da distinção, separação, distanciamento entre o campo da fé, do espiritual, do religioso, do 
sagrado e do eterno (poder invisível) em relação ao campo do temporal, do método, do racional, do profano 
e do leigo (poder visível e palpável). O pensador Friedrich Nietzsche (1844-1900) procurou definir como “a 
morte de Deus” e “o advento do niilismo”. Nietzsche (2012, p. 125) afirma que: 
Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, 
nós, os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso 
sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos 
lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste 
ato não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas 
dignos dele? Nunca existiu ato mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer 
parte, mercê deste ato, de uma história superior a toda a história até hoje! 
Nietzsche (2012) discutiu que sentimento de niilismo deve ser entendido juntamente com as noções de 
“desvalorização dos valores” e “a morte de Deus”, que foi ocasionada pelo afastamento dos valores sagrados 
e espirituais das explicações e formulações humanas, e em especial a dissociação entre o mundo visível e 
sensível, com a supervalorização do primeiro diante do segundo, produzindo assim uma espécie de vazio 
existencial. 
CONCEITO 
O Niilismo está relacionado aos sentimentos de descrença e desengajamento diante da promessa de 
progresso e realização/felicidade humana, contidos no interior dos projetos modernos 
globalizantes/totalizantes ou grandes narrativas que se pretendiam e apresentavam como atemporais e 
universais, nos esquemas de verdade, liberdade e igualdade, história, progresso e felicidade, razão, 
revolução e redenção, ciência, industrialismo e bem viver. Que por sua vez desabilitavam as experiências 
históricas contidas no passado e reconheciam somente como campo e horizonte do presente e do futuro 
como o terreno de realização humana primordial. 
Nietzsche empregou o conceito também para qualificar sua oposição radical aos valores morais tradicionais 
e às tradicionais crenças metafísicas, na qual o niilismo não é somente um conjunto de considerações sobre 
o tema “tudo é vão”, não é somente a crença de que tudo merece morrer, mas consiste em colocar a mão 
na massa, em destruir. E o filósofo aponta que as gerações que sucederam a geração da modernidade 
nasceram em meio a esta noção de sociedade. 
A noção de niilismo causava certo deslocamento nas formulações mentais de sentido do ser humano, 
causando certa secura espiritual e existencial. 
5.4 TRANSFORMAÇÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO CONTEXTO EDUCACIONA L 
Com relação ao contexto histórico desta época, pode-se afirmar que a Revolução Industrial foi marcada pela 
produção capitalista, que introduziu a máquina a vapor, a modernização dos métodos de produção, 
desintegrou costumes e introduziu novas formas de organização da vida social. Por outro lado, ocorreu a 
transição da produção artesanal para a manufatureira e desta para a produção fabril, a migração do campo 
para a cidade; o fim da servidão; o desmantelamento da família patriarcal; a introdução do trabalho feminino 
e infantil. O crescimento demográfico das cidades sem a devida infraestrutura básica favoreceu a formação 
de cortiços e favelas, o aumento das condições degradantes de vida, da prostituição, suicídio, alcoolismo, 
violência, epidemias. O aparecimento do empresário capitalista, que concentrou as máquinas, as terras e 
as ferramentas de trabalho; e do proletariado, que foi submetido a severa disciplina, como novas classes 
sociais. 
Observe no quadro abaixo, outras invenções que acompanharam o processo de revolução industrial: 
QUADRO 6 - INVENÇÕES E INVENTORES DE TECNOLOGIA 
 
FONTE: Os autores 
CURIOSIDADE: MUSEUS 
O primeiro museu público, o Asmoleum Museum, foi aberto em 1683, na Inglaterra e encontrava-se 
vinculado à Universidade de Oxford, mas possibilitava visitação somente a artistas e estudiosos. Foi a partir 
da Revolução Francesa, no século XVIII, que os museus ganharam caráter popular propriamente dito, em 
especial surgem os grandes museus nacionais, voltados à educação e esclarecimento do povo. O Museu 
do Louvre foi aberto na França em 1793. Em 1810, surge o Altes Museum, de Berlim, na Alemanha, o Museu 
do Prado, na Espanha, em 1819, e o Museu Hermitage de Leningrado, na Rússia, em 1852. 
As manifestações de revolta dos trabalhadores foram da destruição das máquinas, sabotagem, explosão de 
algumas oficinas, roubos e crimes, formação de sindicatos. Nesta trajetória, produziram jornais e literatura, 
exercendo a crítica à sociedade capitalista e inclinando-se para o socialismo como alternativa de mudança. 
A tarefa dos pensadores deste período foi a de racionalizar a nova ordem, encontrando soluções para o 
estado de ‘desorganização’ existente, conhecendo as leis que regem os fatos sociais. 
Determinados pensadores da época estavam imbuídos da crença de que era necessário introduzir uma 
certa ‘higiene’ na sociedade e fundar uma nova ciência. A sociologia assumia como tarefa intelectual 
repensar o problema da ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família, 
a hierarquia social, destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. 
Sabe-se que a capacitação intelectual não cessou de avançar ao longo dos últimos 200 anos, quando 
carrega um processo de declínio das ocupações única e exclusivamente braçais e, em contrapartida, a 
legitimação do processo produtivo mecanizado, automatizadoe robotizado (ARANHA, 1996). Foi no 
contexto da Revolução Industrial que cada vez mais foi dada ênfase à educação técnica. Durante o 
denominado Antigo Regime Europeu, período que inicia na baixa Idade Média e finda com a Revolução 
Francesa, os objetos eram produzidos através das corporações de ofício. 
Portanto, algumas profissões tradicionais existiam, como as de sapateiros, relojoeiros, carpinteiros etc. Com 
o incremento da produção industrial destes objetos fabricados por estes artífices citados, como sapatos, 
relógios e móveis para o lar, o aprendizado para o ingresso em uma indústria passa a ser realizado não em 
corporações, nas quais aprendizes aprendiam com mestres mais antigos no ofício, até que se 
especializavam e, deixando de ser aprendizes, se tornavam oficiais e posteriormente mestres. 
A formação necessária à preparação do trabalhador da indústria solicitava a realização em escola técnica, 
na qual o aluno aprende as rotinas industriais, até ser capaz de atuar como técnico qualificado para 
determinada função, pois a mecanização da produção é uma tendência constante no capitalismo, sendo 
assim presente a necessidade de técnicos que cuidem das máquinas, que substituíram a tração animal ou 
o braço humano na confecção dos mais distintos produtos. Em geral, o ensino técnico é voltado para as 
camadas mais baixas da população dos diferentes países industrializados, pois muitos observam no trabalho 
industrial especializado uma chance de ascensão para a classe média. 
LITERATURA 
Para melhor compreender o contexto histórico das mudanças na sociedade, nas áreas política e cultural, 
iniciadas na época moderna, observe as sugestões de livros e filmes que fazemos abaixo: 
Os miseráveis, escrito por Victor Hugo (existe em filme também) 
Germinal, de Emile Zola (existe em filme também) 
Madame Bovary, de Gustave Flaubert (existe em filme também) 
Senhores e camponeses, de Leon Tolstoi (existe em filme também). 
5.5 OS IMPACTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO ENSINO SUPERIOR 
O ensino superior sempre representou um ponto de grande disputa entre os mais diferentes indivíduos da 
sociedade, por ser uma das condições pelas quais o indivíduo consegue galgar outras posições sociais. Em 
especial, quando os índices de abandono escolar são registrados no ensino médio, e quando o ensino médio 
é concluído de forma satisfatória mediante de custeio familiar. Outro fator agravante reside no fato de que 
os estudos universitários são oferecidos em horários como o matutino e vespertino o que inviabiliza que 
trabalhadores os frequentem. Diante disto, eis que o ensino superior acaba sendo uma condição acessada 
somente por pessoas oriundas de grupos sociais abastados. Diante da necessidade de especialização da 
mão de obra no interior das fábricas e indústrias, em especial nas áreas da engenharia, surgem núcleos de 
inovação e desenvolvimento tecnológico. 
INSTITUIÇÕES 
No Brasil, a educação técnica é presente em diversos Estados, tanto com Institutos Federais e estaduais, 
que formam técnicos nos mais diversos ramos da indústria e dos serviços, como o sistema “S” (SESI, SENAI, 
SENAC etc.), que primam pela qualificação da mão de obra. Inclusive, um ex-presidente da República, Lula, 
frequentou uma destas escolas de formação profissional. 
5.6 A EDUCAÇÃO NOS PAÍSES AUTORITÁRIOS: O COMUNISMO E O NAZI -FASCISMO 
O século XX foi marcado por inúmeras situações que colocaram em xeque o processo de desenvolvimento 
que se havia alcançado, entre elas encontram-se as guerras mundiais e as péssimas condições de vida das 
populações em determinadas regiões do mundo. As dificuldades também alcançaram as instâncias políticas 
e econômicas, em que diversas crises abalaram governos e sociedades inteiras. 
Os modelos de política e sociedade autoritários acabaram se aproveitando do contexto de crise de 
determinados países de se instalar e para se manter no poder se utilizaram de estratégias que restringiam 
o acesso às informações, em especial alterando as formas de ensinar e censurando conteúdos de disciplinas 
que possuíam potencial crítico-reflexivo diante da realidade. 
A título de exemplo, o modelo comunista de educação é pouco conhecido, porém bastante mencionado, 
tanto em situações positivas como negativas, mas o que se pode reconhecer como prioridade é a ampliação 
de vagas no ensino básico, o que conseguiu melhorar os números de analfabetismo que eram registrados 
naqueles países. No que diz respeito ao ensino superior, em algumas universidades dos países, como Cuba 
e Rússia, os estudos e pesquisas nas áreas médicas e da saúde foram responsáveis por encontrar inúmeros 
tratamentos e curas a doenças que até então pareciam invencíveis. A crítica a estes países ainda recai 
sobre os aspectos da liberdade de expressão dos cidadãos, em especial, quem se manifestava contrário à 
adoção do regime. 
Mas não foram os únicos países e nações que impuseram a restrição à liberdade de pensamento e 
expressão a seus cidadãos, o fascismo de Mussolini na Itália, de Franco na Espanha, de Salazar em 
Portugal, o nazismo de Hitler na Alemanha, não foram diferentes. Ao ponto que professores universitários 
fugiam de seus países de origem ou cometiam suicídio a fim de não colaborar com o governo imoral que 
havia se instalado. A título de exemplo podemos citar Albert Einstein (1879-1955), notório pelos seus estudos 
e pesquisas no campo da física, que em fuga das perseguições religiosas que o governo nazista 
empreendia, refugiou-se nos Estados Unidos (ARANHA, 1996). 
PARA REFLETIR: 
Einstein (1981), em seus escritos e reflexões sobre ciência e conhecimento, tecia as seguintes orientações: 
Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Por que se tornará assim uma máquina utilizável, mas 
não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena 
ser aprendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com 
seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente 
desenvolvida. 
Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar 
com exatidão seu lugar em relação a seus próximos e à comunidade. 
Estas reflexões essenciais, comunicadas à jovem geração graças aos contatos vivos com os professores, 
de forma alguma se encontram escritas nos manuais. É assim que se expressa e se forma de início toda a 
cultura. Quando aconselho com ardor “as humanidades”, quero recomendar a cultura viva e não um saber 
fossilizado, sobretudo em história e filosofia. 
Os excessos do sistema de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto da eficácia, 
assassinam o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam a suprimir os progressos nas ciências 
do futuro. É preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação, desenvolver o espírito crítico na 
inteligência do jovem. 
Ora, a sobrecarga do espírito pelo sistema de notas entrava e necessariamente transforma a pesquisa em 
superficialidade e falta de cultura. O ensino deveria ser assim: quem o receba o recolha como um dom 
inestimável, mas nunca como uma obrigação penosa. 
Adaptado de: Einstein, Albert. Como vejo o mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. 
As ideologias nazistas e fascistas transformaram o sistema escolar em mecanismos cujos valores e 
preceitos eram deturpados, que condenavam indiscriminadamente o povo judeu, homossexuais, ciganos e 
outras minorias. Nos países latino-americanos ocorreu algo semelhante nos anos de 1970, quando se 
instauraram as ditaduras militares que passaram a perseguir estudantes e professores que manifestavam 
pensamento crítico diante a realidade política do país. Foi o momento também em que pesquisadores e 
professores das áreas da física, química, sociologia e antropologia foram fazer estudos, ministrar aulas e 
participar de projetos científicos em instituições e universidade de países de primeiro mundo. 
Ospaíses que passaram por períodos em que formas autoritárias de poder foram implantadas também 
foram países nos quais a educação sofreu fortes projetos de sucateamento e desvalorização em termos 
estruturais e no reconhecimento social e profissional dos professores. 
5.7 O EXEMPLO DA ESCOLA DE FRANKFURT 
Foi um grupo de estudiosos que na primeira metade do século XX encontrava-se congregado ao Instituto 
de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, na Alemanha. Possuem forte influência marxista, mas não 
se resumiam aos dogmatismos e ao marxismo tradicional do século XIX, atuaram como críticos tanto das 
ideologias do capitalismo e liberalismo internacional como do socialismo soviético. E o que os identificava 
com mais coerência era lançar mão de alternativas que promovessem o desenvolvimento e o bem-estar 
social, para tanto dedicaram-se em proferir análises e críticas às mais diversas áreas, como a educação, a 
ciência, o Estado, o cinema, a música, o sistema de produção e consumo. 
Na primeira leva de integrantes da Escola estavam Max Horkheimer, Theodor Adorno, Herbert Marcuse, 
Friedrich Pollock e Erich Fromm. Na segunda geração participaram Jürgen Habermas, Franz Neumann, 
Albrecht Wellmer. Outros estudiosos, como Walter Benjamin, Siegfried Kracauer, Karl A. Wittfogel, 
participaram associando-se temporariamente ao Instituto. Os estudiosos da Escola de Frankfurt inspiravam-
se nas concepções teórico-filosóficas e metodológicas legadas nos escritos de Immanuel Kant, Hegel, Karl 
Marx, Sigmund Freud, Max Weber e George Lukács. 
5.8 O EXEMPLO DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO 
Tratou-se de um movimento religioso cristão originado do Concílio Vaticano II, realizado na cidade de 
Medellín, na Colômbia, no ano de 1968, mas é atribuído ao padre peruano Gustavo Gutiérrez o pioneirismo 
do movimento. A Teologia da Libertação priorizava o trabalho aos pobres e desvalidos e defendia toda uma 
reinterpretação analítica e antropológica da fé cristã, ou seja, a viabilidade prática dos princípios e valores 
cristãos. Tal orientação ideológica da Teologia da Libertação foi responsável por provocar críticas de caráter 
político, que por sua vez interpretavam o movimento como uma vertente marxista de organização político-
social. 
O movimento foi reprovado nos pontificados de João Paulo II e Bento XVI, porém recentemente recebeu 
reconhecimento favorável do Papa Francisco. Entre os integrantes da Teologia da Libertação pode-se 
relacionar os brasileiros Leonardo Boff e Rubem Alves, Jon Sobrino de El Salvador, o equatoriano Leônidas 
Proaño e o uruguaio Juan Luis Segundo. 
O movimento seguiu aos anos de 1970 e 1980 com grandes ações e movimentos em meio à sociedade, 
porém, a partir dos anos de 1990 passou a declinar, em especial pela falta de renovação das lideranças, 
tanto em meio às ações de base no interior das comunidades como na esfera de orientação intelectual. 
No filme A VIDA É BELA, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, existe uma bela sátira das 
intervenções dos funcionários fascistas no sistema escolar, feita por um observador da vida social e 
personagem principal do filme, que por fim acaba sofrendo as agruras de um campo de concentração ao 
lado da esposa e do seu filho. 
A VIDA É BELA. Roberto Benigni. Itália/EUA. 1997. 116min. Cor 
LEITURA COMPLEMENTAR 
A FRAGILIDADE DOS LAÇOS HUMANOS: AMOR LÍQUIDO 
Os tempos modernos e, agora, os tempos contemporâneos são marcados por um estado de fusão líquida 
da sociedade humana, e a transformação se deu do estado sólido para o líquido. A metáfora “líquido mundo 
moderno” evidencia um dos principais conceitos propostos pelo pensador e pode ser entendida como sendo 
oriunda de um contexto semelhante ao da frase que foi proposta por Marx: “tudo o que é sólido desmancha 
no ar”, proposta ainda no século XIX, quando a modernidade estava em pleno curso. Esta mesma serviu de 
base interpretativa a Bauman (1925-2017), que foi utilizada ao longo desta obra. 
O livro Amor Líquido reúne uma reflexão crítica do cotidiano do homem moderno, e preocupa-se em analisar 
a sociedade contemporânea e ressaltar “a fragilidade dos laços humanos”. Encontra-se dividido em quatro 
capítulos: Apaixonar-se e desapaixonar-se; Dentro e fora da caixa de ferramentas da sociedade; Sobre a 
dificuldade de amar o próximo; convívio destruído. Ao final das análises e reflexões, o autor pontua que o 
“cidadão da líquida sociedade moderna” constitui um homem sem vínculos e inserido em um quadro e 
esboço imperfeito e fragmentado. 
Nos dois primeiros capítulos, Bauman (2004) analisa a fragilidade que o “líquido mundo moderno”, de certa 
forma, impôs ao relacionamento humano. Em “Apaixonar-se e desapaixonar-se”, o autor atrela amor à 
cultura consumista e de mercado. O sentido de que amar tornou-se como um passeio no shopping center, 
visto “tal como outros bens de consumo”; neste contexto a vida deve ser consumida instantaneamente, 
despreocupadamente (não requer maiores treinamentos nem uma preparação prolongada); é usada uma 
só vez, sem preconceitos, receios e critérios, a experiência da vida deve ser fluida e deliberadamente 
flexível. 
A cultura consumista do amor, então, serve de cenário para o segundo capítulo, “Dentro e fora da caixa de 
ferramentas da sociedade”. Neste momento, o autor discute que o sentimento do imediatismo e rapidez 
oferece consequências e custos à “líquida, consumista e individualizada sociedade moderna”, e o resultado 
de intensificação da velocidade globalizante é o de que a dimensão da solidariedade da vida e das relações 
humanas perde valor, e sobre estas passa a ocupar espaço e a triunfar o mercado consumidor’. 
Quem seria, portanto, o responsável por este contexto de mudanças? De acordo com Bauman (2004), é o 
próprio homem, mediante a (des)configuração que este sofreu diante das exigências competitivas do mundo 
moderno. Hoje, mais do que nunca, o homem necessita de produtos pré e/ou fabricados, e em função destes 
são programadas as demais necessidades do homem, como o tempo livre, os horários de intervalo, as 
refeições, as férias, entre outras. 
Em “Sobre a dificuldade de amar o próximo”, o autor remonta a atmosfera que ronda os relacionamentos 
humanos e a interpreta à luz do conceito bíblico de amar ao próximo como a si mesmo. Segundo Bauman 
(2004), o amor próprio é construído a partir do amor que é oferecido e atribuído por outros. Ou seja, a 
construção de amar a si mesmo somente é possível quando o mesmo sentimento é manifestado pelos 
outros, que “devem nos amar primeiro para que comecemos a amar a nós mesmos”. Assim, o amor e o 
cuidado de si e autovalorização e autoestima, bem como o amor gratuito e incondicional que poderia ser 
oferecido aos outros, não fazem mais sentido neste contexto. 
No quarto e último capítulo de “Amor líquido”, o autor reflete sobre a vertiginosa indústria do medo que criou 
um novo espectro: o da xenofobia, ou seja, a aversão ao estrangeiro. Os imigrantes passam a ser acusados 
como sendo os principais causadores da epidemia financeira do líquido mundo moderno, que estas ainda 
fornecem à sociedade atual as ameaças reais aos Estados-nação. Assim instaura-se uma indústria do medo 
com relação aos imigrantes, entendidos como criminosos, configurando um cenário favorável ao 
sensacionalismo e à especulação aos meios de comunicação. A pauta, dentro dessas redações, é e 
continuará sendo a mesma. Roubos, assassinatos, e principalmente, atentados terroristas são reflexos da 
invasão imigratória de indivíduos oriundos de países periféricos e/ou miseráveis. 
Atualmente e cada vez mais os seres humanos buscam contatos com seus pares numa espécie de 
irmandade, construída a partir do mundo virtual, e procuram substituir e compartilhar fracassos, frustrações, 
desequilíbrios e solidões com a agilidade, praticidade e velocidade da internet. 
Bauman (2004) utiliza como reflexo da metamorfose da relação humana o testemunho de um universitário 
polonês que afirma categoricamente que dentro do líquidomundo moderno tudo se resolve na base do 
delete, do bloqueio – um simples toque no mouse é tal como um passe de mágica, os problemas 
desaparecem. Basta limpar a lixeira, ocultar as ações e alterar as configurações de privacidade e tudo estará 
resolvido. É nítido e avassalador o contato físico e em especial o recuo dos momentos e espaços de real 
sociabilidade. O resultado não poderia ser outro e está anunciado no subtítulo do livro de Bauman (2004): 
“a fragilidade dos laços humanos”. 
A partir do momento em que os verdadeiros cidadãos perceberem o tamanho do labirinto onde se 
encontram, e moverem-se no sentido de buscarem saídas, alternativas e soluções ao problema real e 
complexo que os envolve, é que se poderá avançar rumo à retomada da vida humana na sua dimensão 
individual, social, integral ao universo. Caso contrário, permanecerá aprofundando o isolamento, 
confundindo coisas/produtos/mercadorias com seres/existências/ experiências/histórias e multiplicando os 
ambientes virtuais. 
RESUMO DO TÓPICO 
Ao longo desta unidade de conteúdos você pôde estudar que: 
• A época moderna foi forjada em meio à desagregação da sociedade feudal, à consolidação da civilização 
capitalista, política imperialista das nações europeias sobre as demais nações e povos do mundo. 
• A cidade passou a ocupar o status de excelência em termos de espaço e da sociabilidade e realização de 
modernidade, e diante disto, ocorreu o gradual abandono das regiões agrícolas e a subsequente 
concentração da população nas imediações das cidades e centros industriais. 
• Os movimentos de independência dos Estados Unidos da América, a Revolução Francesa, a Revolução 
Industrial, a revolução da técnica e tecnologia, a urbanização da população, os estudos da sociologia e da 
psicanálise, os regimes autoritários, as guerras mundiais compõem o contexto no qual se desenvolveram o 
pensamento, a ciência e a educação da época contemporânea. 
• A educação técnica, científica e laica passa a ser favorecida por políticas de governo, e estas almejavam 
formar mão de obra às indústrias e aos setores do governo, agora denominado de Estado Laico. 
• Pestalozzi foi um pedagogo iluminista, influenciado pelo pensamento de Rousseau, em especial no que 
diz respeito à influência do meio e da sociedade sobre a formação do homem. 
• Froebel foi um pedagogo que se inspirava na natureza e no desenvolvimento natural para compreender e 
explicar o cuidado e a forma como se deveria conduzir a educação das crianças, que, conforme 
compreendia, necessitavam de cuidados e proteção especial. 
• Dewey foi um pensador norte-americano que propôs a chamada ‘Escola Nova’, que defendia a importância 
da escola integral, cuja organização de currículo e conteúdos deveria contemplar os conhecimentos 
específicos e experiências de sociabilidade. 
AUTOATIVIDADES 
UNIDADE 2 - TÓPICO 2 
1. Construa um texto explicando como é possível afirmar que a educação no Ocidente é predominantemente 
laica e qual foi o principal ponto de divergência que ocorria em relação aos conteúdos ministrados pelas 
instituições religiosas. 
 
 
 
2. Construa um texto apresentando o que caracteriza o pensamento de cada um dos pensadores da 
educação moderna: Pestalozzi e Froebel: 
 
 
 
 
UNIDADE 2 
 
ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL MODERNO E 
CONTEMPORÂNEO 
TÓPICO 3 
OS DESAFIOS EDUCACIONAIS NO CONTEXTO DA PÓS-MODERNIDADE 
1 INTRODUÇÃO 
No decorrer da época Moderna e Contemporânea, dentre as ações de governos foram elencados como 
prioridade os problemas e fatos sociais modernos, como erradicação do analfabetismo, doenças, epidemias, 
que representavam pontos nevrálgicos ao desenvolvimento. O fortalecimento e a realização destes projetos 
foram alcançados com a colaboração de entidades, instituições, centros educacionais e profissionais, 
universidades, laboratórios de pesquisas. 
Em 1789 ocorreu a publicação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que foi resultante do 
processo da Revolução Francesa. Trazia em seu conteúdo os ideais de liberdade e igualdade; delegava ao 
homem moderno uma relação de deveres e de direitos, que seriam responsáveis por conduzi-lo à categoria 
de cidadão e indivíduo emancipado. Implanta-se a democracia, na qual homens e mulheres, 
independentemente de cor, raça, classe social, venham a requerer condições de concorrer, apoiar, eleger e 
ser eleito no campo político, econômico e social. 
Martinazzo (2010) explica que o paradigma moderno concebeu a estrutura do universo como algo estável, 
linear, simétrico e previsível e que, pela via dos métodos hipotético-dedutivo e indutivo-experimentalista, o 
homem pode acessar à realidade e representar mentalmente suas leis e funções. Conhecer é representar o 
real, onde a consciência de si, como sujeito epistêmico, é condição sine qua non para a apreensão e 
consciência do objeto. 
Desde a época moderna instauraram-se as ideias de progresso, de democracia, de inclusão, de liberdade, 
na capacidade do homem em intervir em seu meio e destino. Para alcançar estas pretensões, empreendeu 
suas ações obtendo o suporte do industrialismo, com emprego de novas técnicas e tecnologias; de teorias, 
métodos, invenções, máquinas, ferramentas, utensílios, entre outros. Os campos teórico e material 
combinaram-se para que a modernidade se cumprisse. (DIEHL; TEDESCO, 2001). 
Os meios de comunicações foram responsáveis por anunciar os novos inventos e descobertas e comunicar 
às demais regiões que se encontravam distantes das metrópoles modernas. E nesse sentido, o rádio 
conseguiu superar, não tornar obsoleto ou deslegitimar o alcance da imprensa tradicional, que era 
representada pelos jornais e folhetins, muito em voga nos séculos XVIII e XIX. 
Agora acabamos de nos despedir do século XX e assistimos ao descortinar do século XXI e nos 
encontramos, no exercício de qualidade de humanidade, diante de um acúmulo de problemas sociais, 
políticos, econômicos e ambientais, que nos deixam um tanto perplexos, desorientados e, em especial, 
desconfiados com o que nos aguarda caso não repensarmos e mudarmos nossos valores, hábitos e 
costumes enquanto indivíduos e sociedade. 
2 A FILOSOFIA NO CONTEXTO EDUCACIONAL CONTEMPORÂNEO 
Severino (1990) descreve que o campo da filosofia, ainda na Grécia clássica, apresentava forte preocupação 
e intenção pedagógica e com a formação do ser humano. Observe a citação que apresentamos: 
Ela já nasceu Paideia! Para não citar senão o exemplo de Platão, em momento algum o esforço dialético de 
esclarecimento que propõe ao candidato a filósofo deixa de ser simultaneamente um esforço pedagógico de 
aprendizagem. Praticamente todos os textos fundamentais da filosofia clássica implicam, na explicitação de 
seus conteúdos, uma preocupação com a educação (SEVERINO, 1990, p. 19). 
Porém, chegamos aos dias atuais e nos deparamos com o fato de que as áreas da educação, da filosofia, 
da história, da sociologia e das demais disciplinas reflexivas encontram-se desprestigiadas, são anunciadas 
como campos menores do saber. Para Severino (1990), os caminhos da filosofia da educação na nossa 
época são preocupantes, pois: 
Parece ser a primeira vez que uma forte tendência da filosofia se considera desvinculada de qualquer 
preocupação de natureza pedagógica, vendo-se tão somente como um exercício puramente lógico. Essa 
tendência desprendeu-se de suas próprias raízes, que se encontravam no positivismo, transformando-se 
numa concepção abrangente. Denominada neopositivismo, que passa a considerar a filosofia como tarefa 
subsidiária da ciência, só podendo legitimar-se em situação de dependência frente ao conhecimento 
científico, o único conhecimento capaz de verdade e o único plausível fundamento da ação. Desde então, o 
qualquer critério do agir humano só pode ser técnico, nunca mais ético ou político. Fica assim rompida a 
unidade do saber (SEVERINO, 1990, p. 19). 
No campo social supervalorizam-se as sociedades que apresentam alta urbanização, arsenalmetalúrgico, 
industrial, científico, bélico, os regimes políticos com maior tempo de experiência política de república e 
democracia, ou seja, as sociedades/nações que circundam o Mar Mediterrâneo e a costa norte do Oceano 
Atlântico, que recebem o status de “nações civilizadas”. 
Por outro lado, desvalorizam-se os indivíduos e as sociedades/comunidades tradicionais, as quais se 
encontram regidas por princípios milenares, que estão fixadas em regiões rurais, sustentadas em atividades 
agrícolas, artesanais e manufatureiras; que apresentam coesos sistemas morais e religiosos, que se 
localizam no Oriente Médio ou no interior dos continentes da Ásia e África e América, que acabam por ser 
interpretadas e traduzidas como ‘bárbaras e/ou incivilizadas’, retrógradas. 
Em meados dos séculos XXI, a crise econômica nos Estados Unidos e na União Europeia, os regimes 
totalitários na Coreia do Norte e na China, a perpetuação das situações de fome, miséria, a exploração 
humana pelo sistema econômico, entre outros, atestam que os descaminhos do progresso da humanidade 
do século passado ainda não foram superados, fazendo com que uma sensação e sentimento de mal-estar, 
desconforto e até mesmo de desencanto se instaure no imaginário e nas expectativas dos indivíduos do 
tempo presente. 
Eis que o campo da filosofia da educação pode contribuir na identificação e solução profunda de tais 
contextos e realidades, em especial, no ponto em que Severino (1990) afirma que a educação precisa estar 
comprometida com a finalidade de atribuir sentido à existência cultural da sociedade histórica. 
3 O CONTEXTO EDUCACIONAL EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO: DO CÓDEX À TELA 
O códex consistiu nos manuscritos gravados em madeira no formato de livro, que foram muito utilizados no 
final da Idade Média, a partir do século XV. Significou a superação dos antigos pergaminhos, e em 
contrapartida o códex foi substituído pelos livros em papel, e agora, mais recentemente, os livros impressos 
em papel passaram a ser substituídos pelos e-books e demais versões de livros digitais. 
Uma das principais alterações que a humanidade vivenciou no fim do século XX e início do século XXI foi a 
ampliação do acesso à informação proporcionado pelos computadores, em especial, pela internet, que 
possibilitou uma melhoria em vários aspectos do desenvolvimento intelectual humano, pois as informações 
científicas e o acesso a bibliotecas e museus pode ser viabilizados de forma virtual. Um estudante no Brasil, 
por exemplo, pode acessar a seção de obras raras da Biblioteca de Lisboa. Todavia, esta alteração na 
relação do conhecimento que foi provocada pela internet nos posiciona a outra questão: a autoridade do 
professor. 
Durante os últimos séculos, o professor era considerado o dono do conhecimento. Hoje, os educadores não 
mais possuem este papel, pois as alterações e descobertas científicas provocam questões nas quais as 
verdades científicas são questionadas diariamente nos periódicos, das mais distintas disciplinas do 
conhecimento humano. Neste sentido, os professores são muito mais os mediadores das relações 
educacionais, despertando curiosidades e desenvolvendo determinadas sensibilidades dos educandos em 
relação ao mundo que os rodeia. 
Com relação aos acúmulos alcançados pela ciência, bem como os alcances e formas de acesso ao 
conhecimento, leia com atenção as reflexões que Durant (2000, p. 9) tece: 
O conhecimento humano tornou-se incontrolavelmente vasto; cada ciência gerou uma dúzia de outras, cada 
qual mais sutil que as demais; o telescópio revelou estrelas e sistemas em número tal, que a mente do 
homem não consegue contá-los ou dar-lhes nomes; a geologia falou em termos de milhões de anos, quando 
os homens, antes dela, haviam pensado em termos de milhares; a física descobriu um universo no átomo, 
e a biologia encontrou um microcosmo na célula; a fisiologia descobriu um mistério inesgotável em cada 
órgão, e a psicologia, em cada sonho; a antropologia reconstruiu a insuspeitada antiguidade do homem, a 
arqueologia desenterrou cidades e estados esquecidos, a história provou que toda história é falsa e pintou 
uma tela que só um Spengler ou um Eduard Meyer podia ver como um todo; a teologia desmoronou, e a 
teoria política rachou; a invenção complicou a vida e a guerra, e as doutrinas econômicas derrubaram 
governos e inflamaram o mundo; a própria filosofia, que antes havia convocado todas as ciências para ajudá-
la a formar uma imagem coerente do mundo e fazer um retrato atraente do bem, achou que sua tarefa de 
coordenação era prodigiosa demais para a sua coragem, fugiu de todas essas frentes de batalha da verdade 
e escondeu-se em vielas obscuras e estreitas, timidamente a salvo dos problemas e das responsabilidades 
da vida. O conhecimento humano tornara-se demasiado para a mente humana. 
O ensino a distância também passou por profundas transformações nos últimos anos, graças às inovações 
da informática, pois uma primeira geração de ensino a distância acontecia com os cursos por 
correspondência. Uma segunda geração, pelos cursos que utilizavam o rádio e a televisão como mediadores 
do ensino. Hoje, com os computadores, a facilidade do acesso à informação possibilitou uma nova forma de 
ensino, com cursos a distância de graduação em diversas áreas do conhecimento humano. 
No que tange à educação em todos os níveis, o que os computadores estão proporcionando são alterações 
nos hábitos de leitura (CHARTIER, s.d). Pois, temos uma geração que está se formando que não são 
migrantes digitais, mas nativos digitais. Isto é, ao invés de leitores de livros que passam a se habituar à 
internet, existem jovens que já possuem na internet seu principal hábito de leitura. Um aspecto interessante 
e revolucionário foi a do fim da leitura de jornais impressos, que passam por dificuldades para se manter. 
Alguns jornais importantes não mais circulam em meios impressos, como o Jornal do Brasil. 
Outra prática de leitura que se transformou foi a utilização de enciclopédias, hoje substituídas pelos sites de 
busca. O declínio de livros impressos não é necessariamente um problema educacional, porém, as atuais 
gerações não possuem uma carga de leitura considerável comparada a gerações anteriores. 
A internet e os computadores ainda são, muitas vezes, concorrentes dos professores em seu cotidiano 
escolar. Cabe às atuais gerações de educadores, que se formam nas universidades, vencer o desafio de 
transformar a tecnologia em uma poderosa aliada da educação no Brasil. 
As universidades, em sua origem etimológica, significam justamente pensamento universalizado. Como 
podemos observar, as universidades, desde o seu surgimento na Idade Média, estão relacionadas às 
relações de poder no interior das fronteiras dos Estados Nacionais. Isto porque o conhecimento sempre foi 
uma arma poderosa nas relações de poder. 
As diversas ciências que surgem com o desenvolvimento secular das universidades nos apresentaram para 
a humanidade melhorias incalculáveis na qualidade de vida cotidiana, no desenvolvimento das condições 
de saúde das pessoas. Também são frutos do desenvolvimento técnico-científico em geral, relacionados às 
universidades, os terríveis armamentos que podem dizimar a vida humana por diversas vezes. 
4 IMPLICAÇÕES DA PÓS-MODERNIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL 
As reflexões de Fromm (1987) se fazem pertinentes no ponto em que ele discute que a técnica nos tornou 
onipotentes (pode-se tudo); a ciência nos fez oniscientes (sabe-se tudo). O homem moderno e 
contemporâneo encontra-se ávido e sedento por mais, e alcançar cada vez níveis mais específicos, 
profundos e complexos; a partir de então, a natureza, os corpos e os materiais tinham de ser ‘acossados em 
seus descaminhos’, ‘obrigados a servir’ e ‘escravizados’. O comando foi o de ‘reduzir à obediência’, e o 
objetivo do cientista foi de ‘extrair da natureza, sob tortura, todos os seus segredos’ (CAPRA, 1982). 
A visão do mundo e da vida moderna e que ainda prevalece nos

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