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Aula 01 - Princípios - Material de Apoio

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daniel menezes vilaça - dm40816@gmail.com - CPF: 005.102.442-03
Sumário
INTRODUÇÃO 3
1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 4
1.1. Princípio da Legalidade 4
1.1.1 Princípio da Anterioridade da Lei Penal 6
1.1.2 Princípio da Reserva Legal 6
1.2. Princípio da Presunção de Inocência 7
1.3. Princípio da Individualização das Penas 8
1.4. Princípio do Non Bis In Idem 10
1.5. Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos 10
1.6. Princípio da Intervenção Mínima (0u Ultima Ratio) 11
1.7. Princípio da Intranscendência da pena 11
1.8. Princípio da Responsabilidade Subjetiva 12
1.9. Princípio da Humanidade 12
1.10. Princípio da Proporcionalidade 13
1.11. Princípio da Insignificância 13
2. OUTROS PRINCÍPIOS PENAIS 15
2.1. Princípio da Alteridade 15
2.2. Princípio da Adequação Social 15
2.3. Princípio da Fragmentariedade Do Direito Penal 16
2.4. Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal 16
COMO O TEMA PODE APARECER NA SUA PROVA? 16
3. RAIO-X DE PRINCÍPIOS PENAIS 17
4. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS 18
1.1. Princípio do Devido Processo legal 18
1.2. Princípio da Ampla Defesa 19
1.3. Princípio do Contraditório 21
O CONTRADITÓRIO E O INQUÉRITO POLICIAL 21
1.4. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição 22
1.5. Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere 23
1.6. Princípio da Igualdade das Partes 23
1.7. Princípio do Juiz Natural 24
1.8. Princípio do Promotor Natural 24
1.9. Princípio da Identidade Física do Juiz 25
1.10. Princípio da Motivação 25
1.11. Princípio da Publicidade 26
1.12. Princípio da Obrigatoriedade 27
1.13. Princípio da Duração Razoável do Processo 27
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1.14. Princípio da Verdade Real 28
1.15. Princípio da Proporcionalidade 28
5. OUTROS PRINCÍPIOS PROCESSUAIS 29
5.1. Princípio da Presunção de não culpabilidade 29
5.2. Princípio da Inércia 30
COMO O TEMA PODE APARECER NA SUA PROVA ? 31
6. RAIO-X DE PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS 33
7. REFERÊNCIAS. 34
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INTRODUÇÃO
Olá, pessoal! Como vocês estão?
Sejam muito bem-vindos a nossa primeira aula de Direito Penal do Método
VDE. É com grande prazer que estaremos aqui contribuindo para a aprovação
de cada um de vocês.
Antes de tudo, gostaríamos de parabenizá-los pela aprovação na primeira fase
do exame, isso significa que vocês já estão comprometidos e focados em um
único objetivo: a tão sonhada vermelhinha!
Além disso, devemos parabenizá-los também pela escolha do método de
ensino, o VDE. Aqui, sem dúvidas, vamos trilhar o melhor e mais objetivo
caminho para a sua conquista final, com estratégia, organização e o suporte
necessário para que você seja aprovado.
Desde já, nos colocamos à disposição para qualquer tipo de dúvida. Daqui pra
frente, temos um acordo mútuo: nós nos comprometemos com vocês e vocês
se comprometem com a gente, fechado?
Vale lembrar que neste curso estudaremos a teoria, por meio de videoaulas e
PDF, e a prática, por meio do material de tarefa, também disponível na
plataforma (não deixe de acompanhá-lo, a realização de questões será um
grande diferencial na sua preparação, ok?).
Juntos, vamos em busca da sua aprovação!😉
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1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
- O que são?
São proposições fundamentais que possuem a natureza de orientar a criação e
a aplicação do Direito. É uma forma de limitação do Direito Penal para atuar
somente dentro da lei, dentro das normas.
Vale dizer que os princípios penais têm como base a Constituição Federal de
1988 e possuem força normativa, ou seja, DEVEM ser respeitados, sob pena de
inconstitucionalidade da norma que os contrariar.
Assim, com o objetivo de esclarecer tudo o que veremos adiante, vejamos um
breve esquema dos principais princípios que norteiam o Direito Penal:
Visto isso, agora, analisaremos um a um. Vamos lá?
1.1. Princípio da Legalidade
O Princípio da Legalidade, também conhecido como Princípio da Reserva
Legal, trata-se de um dos principais institutos norteadores do Direito Penal,
razão pela qual encontra-se previsto não só no Código Penal, como também
na Constituição Federal, estabelecendo, dessa forma, a limitação estatal ao
interferir na liberdade dos cidadãos.
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Nas palavras do Doutrinador Cezar Roberto Bitencourt:
“Pelo princípio da legalidade, a elaboração de normas
incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode
ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada
sem que antes da ocorrência deste fato exista uma lei definindo-o
como crime e cominando-lhe a sanção correspondente.”
Dessa forma, vejamos a definição apresentada pelo CP:
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 1º, CP: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena,
sem prévia cominação legal.
Tal princípio é responsável por impedir abusos do Estado ao definir que não
existe crime sem lei antecedente que o defina, como também não existe pena
sem definição preexistente, assim como também prevê a CF/88.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
Vale mencionar também que, no caso de abuso de poder ou ilegalidade, tal
princípio tem como respaldo ainda o artigo 5º, XXXIV da CF/88, que prevê o
direito de petição em caso de violação ao referido princípio. Vejamos:
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, XXXIV, CF: são a todos assegurados, independentemente do
pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
Além disso, cabe esclarecer que o princípio da Legalidade é dividido em outros
dois princípios: o da Anterioridade da Lei Penal e o da Reserva Penal.
Assim, o princípio da Legalidade pode ser tido como:
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1.1.1 Princípio da Anterioridade da Lei Penal
O princípio da Anterioridade Penal estabelece que a lei, ou seja, a
criminalização da conduta, seja anterior à conduta / prática do fato.
- Não há crime nem pena sem lei anterior (Lex Praevia): Para aplicar a
pena, exige-se a existência de uma lei de acordo com o processo
legislativo, impedindo a retroatividade dela.
Tal princípio culmina ainda no princípio da irretroatividade da lei penal,
podendo se dizer que são sinônimos. No entanto, devemos frisar o fato de que
a lei penal PODE SIM retroagir! Contudo, isso só ocorrerá quando beneficiar o
réu, NUNCA poderá retroagir para prejudicá-lo, estando tal situação prevista
na CF/88.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º (...) XL, CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
o réu;
Vamos ao exemplo?
Digamos que no dia 16/01/2022 André cometeu determinado
crime, que possuía a pena entre um a quatro anos. No entanto,
posteriormente ao fato criminoso, a lei foi editada prevendo a pena para tal
crime de quatro a seis MESES.
Com isso, visto que a nova lei beneficiará André, esta deverá ser aplicada ao
caso, independente de já ter sido julgada ou não.
No entanto, caso a referida lei fosse editada com pena superior à prevista na
época dos fatos, não poderia ser aplicada ao caso, em razão de ser prejudicial
ao réu.
1.1.2 Princípio da Reserva Legal
O princípio da Reserva Legal estabelece que SOMENTE A LEI (EM SENTIDO
ESTRITO) pode definir condutas criminosas e estabelecer sanções penais
(penas e medidas de segurança).
- Não há crime, nem lei, sem lei escrita (Lex Scripta): Apenas a lei escrita
formalmente é capaz de estabelecer crimes e sanções penais, sendo o
costume impedido da mesma capacidade.
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- Não hácrime, nem pena, sem lei certa (Lex Certa): O tipo
penal deve ter clareza na escrita, não havendo
possibilidade para margens a dúvidas, garantindo o
entendimento do tipo pela população.
ATENÇÃO!
Existem as chamadas NORMAS PENAIS EM BRANCO, que são aquelas que
dependem de outra norma para sua aplicação.
Por exemplo: A Lei de Drogas (Lei 11.343/06), que as substâncias entorpecentes
proibidas estão descritas em uma portaria expedida pela ANVISA. Assim, as
normas penais em branco são legais, não violam o princípio da reserva legal, mas
sua aplicação depende da análise de outra norma jurídica.
1.2. Princípio da Presunção de Inocência
O princípio da Presunção de Inocência, também conhecido como presunção de
não culpabilidade, é um dos princípios basilares do Direito, responsável por
tutelar a liberdade dos indivíduos, sendo previsto pelo art. 5º, LVII da CF.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, LVII, CF: ninguém será considerado culpado até trânsito em
julgado de sentença penal condenatória.
Tome nota!
Considerando que a Constituição Federal é lei suprema, toda a
legislação infraconstitucional deverá obedecer a tal princípio.
O princípio da Presunção de Inocência divide-se em duas vertentes:
O acusado deve ser tratado como inocente durante todo o decorrer do
processo, do início ao trânsito em julgado da decisão final.
O encargo de provar as acusações sobre o acusado é do acusador, não
se admitindo que recaia sobre o indivíduo acusado o ônus de “provar a
sua inocência”, pois essa é a regra.
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O QUE A DOUTRINA DIZ:
“Consiste no direito de não ser declarado culpado, senão mediante sentença
transitada em julgado, ao término do devido processo legal, em que o
acusado tenha se utilizado de todos os meios de prova pertinentes para sua
defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas pela
acusação (contraditório)”. (Renato Brasileiro)
ATENÇÃO!
A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do
processo) não ofende a presunção de inocência, pois nesse caso não se trata de
uma prisão para o cumprimento de pena, mas sim de uma prisão cautelar, ou
seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instruído ou eventual
sentença condenatória seja cumprida.
1.3. Princípio da Individualização das Penas
A individualização da pena consiste em aplicar o Direito conforme cada caso
concreto.
O QUE A DOUTRINA DIZ:
“Individualizar significa tornar individual uma situação, algo ou alguém,
quer dizer particularizar o que antes era genérico, tem o prisma de
especializar o geral, enfim, possui o enfoque de distinguir algo ou alguém
dentro de um contexto.” (NUCCI)
O primeiro momento de individualização da pena se dá com a seleção feita
pelo legislador. Apenas são objeto do Direito Penal as condutas que atacam os
bens jurídicos mais importantes ao convívio social. Ademais, feita a seleção,
o legislador prevê as penas que variam de acordo com a importância do bem a
ser tutelado.
Assim, um crime contra a vida deve ser punido de forma mais severa do que
um crime contra o patrimônio. Nota-se, então, que a primeira fase de
individualização da pena ocorre no plano abstrato, com a cominação das penas
pelo legislador.
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Após cometida a infração penal, tem-se o segundo momento da
individualização da pena, com a aplicação da sanção penal, no
plano concreto, pelo órgão julgador, que, por fim, é sentenciado
pelo juiz ao observar o critério trifásico da pena.
Com isso, resta esclarecido que a individualização da pena é feita em três fases
distintas: Legislativa, judicial e administrativa.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, XLVI ,CF: a lei regulará a individualização da pena e
adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
Art. 68 do CP: A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do
art. 59 deste Código, em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de
diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um
só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a
causa que mais aumente ou diminua.
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1.4. Princípio do Non Bis In Idem
Este princípio encontra-se diretamente ligado à limitação do poder punitivo
do Estado, bem como à valorização e ao resguardo de garantias fundamentais
da pessoa humana, vedando a possibilidade de que alguém seja processado e,
principalmente, condenado em duas oportunidades pela prática do mesmo
fato criminoso.
Ou seja, jamais alguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato.
Diferente dos princípios anteriores, este possui previsão diretamente nos
tratados internacionais. Vejamos um deles:
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 8° do Pacto de São José da Costa Rica: O acusado absolvido por
sentença passada em julgado não poderá ser submetido a novo
processo pelos mesmos fatos.
1.5. Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos
Também conhecido como Princípio da Ofensividade, segundo tal princípio,
somente haverá delito se houver lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
relevante (valor ou interesse de alguém que é protegido por lei), aquele que é
penalmente tutelado, vedando a preocupação do Direito Penal com a mera
intenção do agente, que não coloca em sua conduta os seus pensamentos, suas
cogitações pessoais.
Assim, somente as condutas capazes de ofender significativamente um bem
jurídico podem ser validamente criminalizadas, sob pena de violação ao
princípio da ofensividade.
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1.6. Princípio da IntervençãoMínima (0u Ultima Ratio)
É um princípio limitador do poder punitivo do Estado, uma vez que as
condutas menos lesivas do ordenamento jurídico serão tuteladas por outros
ramos do Direito.
De acordo com o princípio da intervenção mínima, o Direito Penal não deve
interferir em demasia na vida em sociedade, devendo ser utilizado somente
quando os demais ramos do Direito não forem suficientes para proteger os
bens de maior importância (STJ, HC 215.522/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, 5ª
T., DJe 10/11/2015).
RESUMINDO:
O DIREITO PENAL É A ÚLTIMA OPÇÃO PARA UM PROBLEMA!
1.7. Princípio da Intranscendência da pena
Também denominado princípio da Responsabilidade Pessoal ou da
pessoalidade ou, ainda, personalidade da pena, preconiza que somente o
condenado, e mais ninguém, poderá responder pelo fato praticado, pois a pena
não pode passar da pessoa do condenado. Este princípio justifica a extinção da
punibilidade pela morte do agente.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, XLV, CF: nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido.
OU SEJA, caso um indivíduo cometa um crime e morra em seguida, está
extinta a sua punibilidade, não podendo mais o Estado puni-lo em razão do
crime praticado, pois a morte do infrator é uma das causas de extinção de seu
poder punitivo.
PORÉM, isso não impede que os sucessores do condenado falecido sejam
obrigados a reparar os danos civis causados pelo fato, desde que nos limites da
herança deixada pelo autor do crime.
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1.8. Princípio da Responsabilidade Subjetiva
Justifica a impossibilidade de aplicação da responsabilidade objetiva no Direito
Penal, isto é, a aplicação de uma pena ao sujeito ativo de uma conduta apenas
em virtude do resultado lesivo a um bem jurídico, pela mera existência de
umarelação causal entre o comportamento e o dano.
Ou seja, não basta o nexo causal tipicamente relevante, devendo existir,
também, um liame psicológico, seja por dolo ou por culpa, mas que seja
determinante para a ocorrência do crime.
1.9. Princípio da Humanidade
Conhecido também como princípio da limitação das penas, trata-se da
benevolência, garantia do bem-estar da coletividade, incluindo os
condenados. O direito penal deverá pautar-se em tais condutas.
Os condenados ou acusados em processo criminal não devem ser excluídos da
sociedade pelo fato de terem cometido uma infração penal, tampouco poderão
receber tratamentos desumanos em razão disso.
ATENÇÃO!
Como ramo do princípio da Humanidade, devemos citar o
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA PENA INDIGNA, que esclarece o seguinte:
- A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa
humana.
Exemplo: Não é possível a aplicação de penas que ridicularizem ou
humilhem a pessoa.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, XLVII da CF/88: não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.
84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) Cruéis.
Art. 5º, XLIX da CF/88: é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral;
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Esta vedação é cláusula pétrea! E não pode ser restringida ou
abolida, nemmesmo, por emenda constitucional.
1.10. Princípio da Proporcionalidade
A proporcionalidade é algo para além de um critério ou de uma regra. Trata-se
de um princípio intrínseco ao Estado de Direito, e a sua aplicação de forma
adequada constitui-se como uma das garantias elementares que devem ser
respeitadas em toda situação em que direitos e liberdades individuais podem
ser violados.
"Um meio é proporcional se as vantagens que promove superam as
desvantagens que provoca." (Robert Alexy)
1.11. Princípio da Insignificância
MUITO IMPORTANTE!
Também chamado de princípio da bagatela, este princípio visa não
sobrecarregar o judiciário, retirando da sua alçada casos específicos
que sejam, tal como o nome já diz, insignificantes face ao ordenamento
jurídico como um todo.
Para que possa ser utilizado, o princípio deverá ser verificado e analisado em
cada caso concreto, de acordo com as suas peculiaridades, sendo obrigatória a
presença de alguns requisitos objetivos, que são, segundo o STF, os seguintes:
MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA;
AUSÊNCIA DE PERICULOSIDADE SOCIAL DA AÇÃO;
REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO;
INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA PROVOCADA.
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No entanto, o STJ entende que, além destes, existe também
REQUISITO DE ORDEM SUBJETIVA, qual seja:
Importância do objeto material do crime para a vítima, de forma a
verificar se, no caso concreto, houve ou não, de fato, lesão
PARA LEMBRAR:
Cabe esclarecer e FRISAR que, sendo aplicado tal princípio, faltará a tipicidade
material e, consequentemente, o fato será atípico.
CUIDADO!!
A reincidência é uma circunstância que pode afastar a aplicação do
princípio da insignificância. Contudo, esse afastamento é discutido
na jurisprudência. O STJ vem adotando o entendimento de que é possível,
excepcionalmente, a aplicação do princípio da insignificância ainda que se
trate de réu reincidente, a depender das peculiaridades do caso,
notadamente quando não se tratar de habitualidade delitiva, ou seja, réu
que se dedica à prática de atividades criminosas reiteradamente (AgRg no
REsp 1715427/MG, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019).
A seguir, veremos súmulas de suma importância que permeiam tal princípio!
SÚMULA 599 STJ:
O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
administração pública.
SÚMULA 589 STJ:
É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das
relações domésticas.
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Ademais, visando esclarecer entendimento jurisprudencial do
STJ (TF, RHC 106.360/DF, Rel. Ministra ROSA WEBER, Primeira
Turma, DJe de 3/10/2012), podemos dizer ainda que tal princípio
NÃO poderá ser aplicado nas seguintes hipóteses:
Moeda falsa;
Tráfico de drogas;
Crimes que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher;
Contrabando (há decisões autorizando a aplicação no caso de
importação ilegal de pouca quantidade demedicamento para uso próprio);
Roubo (ou qualquer crime cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa).
2. OUTROS PRINCÍPIOS PENAIS
2.1. Princípio da Alteridade
No sentido de tal princípio, trata-se de um instituto autoexplicativo, em razão
do fato de que o DIREITO PENAL NÃO PUNE A AUTOLESÃO. Por isso, caso o
indivíduo atente contra a sua vida, contra a sua própria propriedade, entre
outros, não será punido, pois não constitui crime.
2.2. Princípio da Adequação Social
Este princípio trata de que, caso uma conduta não seja capaz de afrontar o
sentimento social de justiça, mesmo sendo tipificada como criminosa, não
será considerada como crime, visto que está aceita e normalizada pela
sociedade.
Como exemplo de tal adequação, vale citar o adultério, atitude essa que há
anos era tida como crime, mas, em razão adequação social, tal conduta foi
descriminalizada.
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CURIOSIDADE!!
Sabemos que vender CDs e DVDs piratas é uma conduta muito
comum atualmente. Porém, em razão disso, o STJ optou por
estabelecer um entendimento específico a respeito disso,
frisando o fato de tal conduta constitui SIM crime, através da Súmula 502.
Súmula 502 do STJ: PRESENTES A MATERIALIDADE E A
AUTORIA, AFIGURA-SE TÍPICA, EM RELAÇÃO AO CRIME PREVISTO
NO ART. 184, § 2º, DO CP, A CONDUTA DE EXPOR À VENDA CDS E
DVDS PIRATAS.
2.3. Princípio da Fragmentariedade Do Direito Penal
Estabelece que apenas o ataque a bens jurídicos EXTREMAMENTE relevantes
devem ser considerados como infração penal e ocorrer a devida atenção e
responsabilização no âmbito do Direito Penal, fatos esses tidos como de
grande relevância social.
Portanto, temos que o Direito Penal trata-se de um dos ramosmais invasivos
do Direito e, por conta disso, caso fosse responsável por tutelar bens jurídicos
pouco relevantes, estaríamos diante de uma situação de desproporcionalidade.
2.4. Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal
Aqui, temos o esclarecimento de que sempre que houver a possibilidade de
aplicação de outro ramo de Direito, este deve ser escolhido, restando para o
Direito Penal apenas quando os demais ramos jurídicos não puderem tutelar
satisfatoriamente o bem jurídico que se busca proteger.
COMO O TEMA PODE APARECER NA SUA PROVA?
Joana, de família rica, ganhou de sua mãe um anel de diamante.
Josefa, sua amiga, com inveja, porém sem condições
financeiras, foi até a lojinha da esquina de sua casa e comprou um anel que
achou bonito e cabia no seu bolso, pagando R$20,00 por ele.
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Na mesma semana, ao ir até a casa de Josefa, Joana viu o anel que tinha
comprado. Não aceitando que a sua prima também tivesse um anel que
gostasse, mesmo que não fosse de diamante, quando Josefa foi ao banheiro,
Joana rapidamente furtou o seu anel que estava em cima damesa.
Após investigação dos fatos, Joana foi acusada pelo crime de furto.
Qual argumento de direito material poderá ser apresentado, em eventual
recurso, em busca da absolvição de Joana? Justifique.
GABARITO
Atipicidade material da conduta (0,25), em razão do reconhecimento do
princípio da insignificância ou bagatela (0,40).
3. RAIO-X DE PRINCÍPIOS PENAIS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
Art 5º, II;
Art 5º, XXXIX;
Art 5º, XXXIV;
Art 5º, XL ;
Art 5º, LVII;
Art 5º, XLVI;
Art 5º, XLVII;
Art 5º, XLVIII;
Art 5º, XLV.
CÓDIGO PENAL:
Art. 1º;
Art. 68º.
PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA:
Art. 8 º.
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SÚMULAS DO STJ:
Súmula 444;
Súmula 502.
Súmula 599;
Súmula 589.
4. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS
Sabemos que após a apresentação e a aceitação de uma acusação formal,
inicia-se a ação penal.
Nesse sentido, deverão ser observadas diversas regras que disciplinam o
trâmite de tal ação, até que se chegue na decisão final.
Por isso, dizemos que o Direito Processual Penal trata-se de um conjunto de
princípios e normas que disciplinam a persecução penal para a solução das
lides penais.
Em razão disso, o assunto a seguir é de grande valia na sua preparação, motivo
pelo qual você não deve negligenciá-lo, beleza?
Ah, é importante dizer também que, apesar de sua alta incidência em provas,
trata-se de um conteúdo de fácil compreensão, por isso, fiquem tranquilos.
Além disso, os princípios a seguir, que são processuais, se completam com os
princípios penais, os quais foram estudados acima. Vale dizer também que, em
alguns momentos, vocês encontrarão certas semelhanças entre eles.
Vamos ao que interessa? Vamos analisar um a um!
- QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS?
1.1. Princípio do Devido Processo legal
Este princípio garante a todos o direito a um processo com todas as etapas
previstas em lei, dotado de todas as garantias constitucionais.
Caso não haja respeito a esse princípio, o processo torna-se nulo. Considerado
o mais importante dos princípios constitucionais, é deste que derivam todos
os demais, sendo conhecido até mesmo como a base principal do Direito
Processual Penal Brasileiro.
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Tal princípio encontra-se na Constituição Federal de 1988, art.
5º, LIV. Vejamos:
DE OLHO NO ARTIGO!
Art 5º, LIV da CF/88: Ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal.
Vale mencionar que o princípio do devido legal pode ser melhor entendido ao
ser dividido em duas vertentes:
Devido Processo Legal em sentido formal: diz respeito à
obediência ao rito previsto na lei processual.
Devido processo Legal em sentido material: neste sentido, diz respeito
ao Estado agir de maneira razoável, proporcional e adequada na tutela
dos interesses da sociedade e do acusado.
Ademais, não podemos deixar de destacar que o Devido Processo Legal tem
como consequência os princípios da Ampla Defesa e do Contraditório, os
quais também são de suma importância para o ordenamento processual penal
e encontram-se previstos nas CF/88, os quais veremos adiante.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, LV, CF: aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
1.2. Princípio da Ampla Defesa
O princípio da Ampla Defesa, sendo um dos basilares do processo penal,
possui expressa previsão na Constituição Federal.
Trata-se de uma garantia constitucional assegurada aos acusados em geral,
que permite o exercício da autodefesa, da defesa técnica e a possibilidade de
recorrer. A defesa deve ser a mais abrangente possível, devendo ser decretada
a nulidade do processo em caso de cerceamento.
RESUMINDO:
Não basta dar ao acusado ciência das manifestações da acusação e
facultar-lhe se manifestar, se não lhe forem dados instrumentos para
isso.
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Nos casos em que o réu mostrar-se hipossuficiente, ainda assim
o Estado terá a obrigação de prestar-lhe assistência jurídica,
sendo ela de forma integral e gratuita. Vejamos:
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, LXXIV, CF: o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
Além disso, mesmo que o réu esteja assistido juridicamente, através de defesa
técnica, poderá ainda exercer seu direito de Autodefesa, que será realizado
pelo próprio indivíduo em julgamento.
Dessa forma, vejamos algumas das formas de Autodefesa:
Direito de audiência:
É materializado com o interrogatório do acusado, que apresenta a sua versão
dos fatos diretamente ao magistrado. Atualmente, entende-se que o
interrogatório é mais que ummeio de prova, é ummeio de defesa.
Direito de presença:
A possibilidade conferida ao acusado de participar dos atos de instrução
acompanhado de seu defensor, podendo relatar a este a sua versão sobre as
declarações que estão sendo prestadas pelas testemunhas, a fim de que a
defesa técnica possa esclarecer oportunamente os pontos controversos.
Capacidade postulatória autônoma do acusado:
Excepcionalmente, é conferida ao acusado a possibilidade de praticar atos
diretamente, sem a assistência de seu advogado.
Ex.: Interpor recursos (art. 577, CPP).
ATENÇÃO!!
Súmula 523 do STF: No processo penal, a falta da defesa constitui
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de
prejuízo para o réu.
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
Apesar de intimamente interligados, a ampla defesa e o contraditório não se
confundem!
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A efetividade da ampla defesa dá-se ao permitir ao acusado o
direito de audiência (onde ele apresenta a sua versão dos fatos
diretamente ao magistrado), o direito de presença (onde
acompanha a produção da prova), a assistência por defesa
técnica, a possibilidade de realizar contraprova, interpor
recursos, manifestar-se sempre por último, a fim de não ser
surpreendido, salvo no momento da recusa peremptória no
plenário do Tribunal do Júri, em que a defesa se manifesta
primeiro.
1.3. Princípio do Contraditório
É a comunicação às partes do processo acerca de cada ato processual realizado
e a possibilidade de manifestação e confronto de ideias, sendo que o Código de
Processo Penal (CPP) estabelece algumas regras em apoio à defesa, de modo a
conferir paridade de armas entre as partes.
Tal conceito abarca os dois elementos que compõe o contraditório:
Direito à informação: Caracterizado pela ciência, das partes, dos atos
processuais praticados.
Direito à participação: Caracterizado pela possibilidade de as partes se
manifestarem ou impugnarem os atos dos quais elas tomaram
conhecimento.
ATENÇÃO!
Essa já caiu em prova!!
Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da
ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência
ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de
função de um dos denunciados.
O CONTRADITÓRIO E O INQUÉRITO POLICIAL
Em que pese a Constituição Federal assegurar o contraditório no
processo judicial e no processo administrativo, o entendimento
majoritário aponta para a sua inaplicabilidade no inquérito
policial.
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Apesar do inquérito também ser um procedimento
administrativo, o seu objetivo é a colheita de elementos de
informação referentes à autoria e materialidade de um
determinado crime, motivo pelo qual não há necessidade de que
o investigado se manifeste acerca das descobertas realizadas.
Por esta razão, os elementos colhidos no inquérito não podem ser tidos como
provas, uma vez que a figura da prova exige que sua colheita seja feita em
processo judicial, mediante a indispensável participação das partes por meio
do contraditório. Tal vedação é reforçada pelo art. 155, caput do CPP, que
proíbe que o juiz motive uma condenação criminal com base, exclusivamente,
nos elementos colhidos durante o inquérito, com exceção apenas das provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 261 do CPP: Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido,
será processado ou julgado sem defensor.
Art. 155 do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão
observadas as restrições estabelecidas na lei civil.1.4. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
O duplo grau de jurisdição é um princípio que garante a possibilidade de
revisão de qualquer decisão proferida que não esteja de acordo com o
desejado por uma ou ambas as partes do processo. Afirma-se que é um direito
implícito, pois não existe nenhum artigo na Constituição Federal prevendo e
garantindo esta prestação jurisdicional.
Dessa forma, sua existência decorre do estudo de outros princípios, como o da
ampla defesa. Ou seja, ao garantir o direito à ampla defesa, a Constituição
Federal está, consequentemente, garantindo o direito à interposição de
recursos.
No processo penal, a análise por um segundo grau de jurisdição configura-se
como um direito do acusado.
Essa afirmação decorre do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos,
art. 14, nº 5, o qual o Brasil é signatário.
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Além disso, a extensa interpretação do devido processo legal e da
dignidade humana como princípio no processo penal também
geram a garantia do reexame da decisão.
1.5. Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere
Também conhecido como princípio da vedação à autoincriminação, trata-se
do direito que o indivíduo tem de não produzir provas contra si.
Exemplo: não obrigatoriedade do teste do bafômetro.
Em regra, quando o indivíduo é preso, independentemente do tipo de prisão,
cabe ao Estado provar a sua culpa. Ele pode, inclusive, mentir.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, LXIII da CF/88: o preso será informado de seus direitos,
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado.
A questão da vedação à autoincriminação é tratada de forma pioneira pela
Convenção Americana de Direitos Humanos, onde assentou-se a ideia de que
toda pessoa acusada de um delito tem o “direito de não ser obrigada a depor
contra si mesma, nem a declarar-se culpada” (Art. 8º, item 2, alínea “g”,
CADH).
O direito ao silêncio é apenas uma das possibilidades de exercício do direito de
não se autoincriminar, cabendo mencionar ainda como exemplo a
inexigibilidade de dizer a verdade, o direito de não ser compelido a praticar
comportamento ativo, o direito de não se submeter a procedimento
probatório invasivo, entre outros.
1.6. Princípio da Igualdade das Partes
Também conhecido como princípio da isonomia processual (ou par conditio
ou paridade de armas), tal princípio pressupõe que as pessoas colocadas em
situações diferentes sejam tratadas de forma desigual: “Dar tratamento
isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, na exata medida de suas desigualdades”
O artigo constitucional que trata do Princípio da Igualdade das partes veremos
a seguir:
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DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º da CF/88: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes.
1.7. Princípio do Juiz Natural
O princípio do Juiz Natural deve ser compreendido como o direito que cada
cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá processar e julgar
caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal pelo
ordenamento jurídico. Juiz Natural ou Juiz Legal, dentre outras denominações,
é aquele constituído antes do fato delituoso a ser julgado, mediante regras
taxativas de competência estabelecidas pela lei.
Visa assegurar que as partes sejam julgadas por um juiz imparcial e
independente, e não que a decisão fique a cargo de um terceiro interessado em
beneficiar ou prejudicar uma das partes.
Esse princípio não está expressamente previsto na CF/88, mas não há como
negar sua materialidade na própria Carta Magna: o inciso XXXVII do art. 5º da
CF/88 preceitua que não haverá juízo ou tribunal de exceção. Também
estabelece o art. 5º, inciso LIII, da CF, que ninguém será processado nem
sentenciado, senão pela autoridade competente.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art 5º, XXXVII da CF/88: não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Art 5º, LIII da CF/88: ninguém será processado nem sentenciado
senão pela autoridade competente;
1.8. Princípio do Promotor Natural
Também chamado de promotor legal ou imparcial, é um princípio
constitucional implícito que decorre do princípio do juiz natural previsto no
artigo 5º, inciso LIII, da Constituição Federal.
Assim como o imputado tem o direito de ser processado por um juiz
competente e previamente constituído, sendo vedada a criação de juízo ou
tribunal de exceção (art. 5º, inciso XXXVII, da Constituição Federal), também
terá o direito de ser acusado por órgão previamente indicado por lei.
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Segundo Fernando Capez:
“Ninguém será processado senão pelo órgão do Ministério
Público, dotado de amplas garantias pessoais e institucionais, de
absoluta independência e liberdade de convicção e com
atribuições previamente fixadas e conhecidas.”
1.9. Princípio da Identidade Física do Juiz
O postulado da identidade física do juiz busca, em síntese, a vinculação do
magistrado que conduziu o feito e participou efetivamente da sua instrução,
à prolação da sentença, de molde a privilegiar, ao máximo possível, o processo
cognitivo desenvolvido ao longo do processo.
STOP PARA A DOUTRINA!
Segundo leciona Eduardo Cabette:
"Por imposição legal e com o intuito de causar maior presteza e
funcionalidade aos julgamentos, reza a legislação processual que
este princípio vem com o escopo de determinar que o juiz que
encerra a instrução processual, aquele que teve contato com as
testemunhas, fica vinculado ao processo, devendo, assim, ser o prolator da
sentença, visto que estará em melhores condições para analisar a questão,
por ser aquele que colheu as provas."
1.10. Princípio daMotivação
Também conhecido como Princípio da Obrigatoriedade da Motivação das
Decisões Judiciais proporciona segurança jurídica, pois se consolida em vários
outros fundamentos constitucionais, dentre eles, o acesso à justiça, o devido
processo legal, o contraditório e a ampla defesa.
O Princípio da Obrigatoriedade da Motivação das decisões Judiciais integra a
Ordem Constitucional e representa uma garantia para o cidadão contra
julgamentos arbitrários.
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De acordo com esse princípio, o juiz deve expor as razões de seu
convencimento pautado em aspectos racionais. A decisão que
emana do órgão julgador deve ser fundamentada, demonstrar a
verdade fática e jurídica a partir de provas produzidas sob o
crivo do contraditório.
Inclusive, a motivação das decisões judiciais permite que as partes tomem
ciência dos critérios utilizados permitindo eventual impugnação.
Tal princípio encontra-se previsto no artigo 93, IX da CF/88, vejamos:
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 93 da CF/88: Lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura,
observados os seguintes princípios:
IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação;
1.11. Princípio da Publicidade
A publicidade dos atos processuais integra o devido processo legal e
representa uma das mais sólidas garantias do direito de defesa, pois a própria
sociedade tem interesse em presenciar e/ou conhecer a realização da justiça.
Assim, em regra, qualquer pessoa pode ir ao Fórum assistir à realização de
interrogatórios, oitiva de testemunhas e debates, por exemplo.
Tal princípio também encontra previsão diretamente no artigo 93 da CF/88,
em seu inciso IX. Vejamos:
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 93 da CF/88:Lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura,
observados os seguintes princípios:
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Vale trazer a este tópico, com o objetivo de melhor esclarecer o referido
princípio, os seguintes artigos:
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DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, LX da CF/88: A lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
social o exigirem;
ATENÇÃO!
Como visto, temos que a publicidade não se trata de um princípio
absoluto, sendo possível sua restrição quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem. Isso se chama
Publicidade Restrita.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 37, CF/88: A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:
Art. 792 CPP: As audiências, sessões e os atos processuais serão, em
regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com
assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que
servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente
designados.
1.12. Princípio da Obrigatoriedade
Ocorrido um crime, deve o Estado exercitar o jus puniendi, não sendo possível
aos órgãos encarregados da investigação penal e da promoção da ação penal a
análise da conveniência e oportunidade de apresentar a pretensão punitiva ao
Estado-Juiz.
Este princípio obriga a autoridade policial a instaurar inquérito policial e ao
órgão do Ministério Público a promover a ação penal pública, desde que
presentes indícios de autoria e materialidade.
1.13. Princípio da Duração Razoável do Processo
O princípio, antes de ser incorporado à Constituição de 1988, já se encontrava
na Convenção Interamericana de Direitos Humanos (art. 7º, 5). Também
encontra-se previsto na Lei 9.099/95 (art. 62). Ele visa assegurar o direito de
julgamento em um prazo razoável, buscando impedir a lentidão do Estado.
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DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, LXXVIII da CF/88: A todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Tal inciso garante não só a duração razoável do processo, como também a
celeridade na sua tramitação.
1.14. Princípio da Verdade Real
O princípio da Verdade Real estabelece que o julgador sempre deve buscar
estar o mais próximo possível das verdades ocorridas no fato, devendo existir
sempre um sentimento de busca pela verdade quando da aplicação da pena e
da apuração dos fatos.
Atualmente, vigora no ordenamento jurídico pátrio a regra da liberdade de
provas, segundo a qual são válidos quaisquer meios de prova, excetos àquelas
que resultem em provas ilícitas.
Tendo em vista o teor do art. 156 do CPP, que confere ao magistrado a
possibilidade, de ofício, de determinar diligências probatórias, a doutrina
clássica, leciona que o Direito Processual Penal adota o princípio da verdade
real, material ou substancial.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 156,CPP: A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante.
No entanto, diante das restrições impostas ao Estado para a obtenção da prova
(garantias contra a autoincriminação do réu, vedação da tortura, nulidade de
provas obtidas por meios ilícitos, limitações em depoimentos de testemunhas que
conhecem o fato em razão de profissão), assentou-se o entendimento de que é
impossível o alcance da verdade absoluta, havendo apenas uma aproximação
da verdade dos fatos, commaior oumenor grau de segurança.
1.15. Princípio da Proporcionalidade
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O princípio da proporcionalidade possui 3 subdivisões:
Adequação;
Necessidade;
Proporcionalidade em sentido estrito;
Vejamos a seguir de maneira pormenorizada:
1. Adequação: também é conhecida como aptidão ou pertinência, e exige
uma conexão lógica entre o meio e o fim.
Sobre a (falta) de adequação, segue o exemplo de George Marmelstein:
“Suponha-se que o Prefeito de Salvador, no carnaval, proíba a
venda de bebidas alcoólicas para evitar a disseminação do vírus
da AIDS. Inegavelmente, será inválida essa proibição, pois não há
relação de causa e efeito entre álcool e disseminação do vírus da
AIDS, vale dizer, não existe adequação entre o meio utilizado
(proibição de venda de bebida alcoólica) e o fim visado
(diminuição da disseminação do HIV).”
2. Necessidade: Refere-se ao menor sacrifício possível de um direito
fundamental para que se atinja determinada finalidade. Vale dizer,
havendo diversas formas para se atingir determinada finalidade, a
resposta proporcional é aquela que exige ummenor sacrifício a um direito
fundamental, de modo a evitar a utilização de um “canhão para um
passarinho”, por exemplo.
3. Proporcionalidade em sentido estrito: A verificação da solução mais
interessante no caso em concreto, projetando mais benefícios do que
malefícios.
5. OUTROS PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
5.1. Princípio da Presunção de não culpabilidade
O princípio da Presunção de Inocência, também conhecido como presunção
de não culpabilidade, é no Brasil um dos princípios basilares do Direito,
responsável por tutelar a liberdade dos indivíduos, sendo previsto pelo art. 5º,
LVII da CF/88.
DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 5º, LVII da CF/88: Ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
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ATENÇÃO!!
Súmula 444 STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e
ações penais em curso para agravar a pena-base.
O princípio da Presunção de Inocência frisa que o acusado deve ser tratado
como inocente durante todo o decorrer do processo, do início ao trânsito em
julgado à decisão final.
O encargo de provar as acusações sobre o acusado é do acusador, não sendo
admitindo que recaia sobre o indivíduo acusado o ônus de “provar a sua
inocência”.
O QUE A DOUTRINA DIZ:
“Consiste no direito de não ser declarado culpado senãomediante
sentença transitada em julgado, ao término do devido processo
legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os meios de prova
pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da
credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório)”.
(Renato Brasileiro de Lima)
ATENÇÃO!
A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no
curso do processo) não ofende a presunção de inocência, pois
nesse caso não se trata de uma prisão para o cumprimento de
pena, mas sim de uma prisão cautelar, ou seja, para garantir
que o processo penal seja devidamente instruído ou eventual sentença
condenatória seja cumprida.
5.2. Princípio da Inércia
Este princípio diz que o juiz não pode dar início ao processo penal, pois isto
implicaria em violação da sua imparcialidade, já que, ao dar início ao processo,
o juiz já dá sinais de que irá condenar o réu.
Assim, um dos dispositivos constitucionais que dá base a esse entendimento é
o art. 129, I da Constituição Federal:
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DE OLHO NO ARTIGO!
Art. 129. São funções institucionaisdo Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da
lei;
Além disso, este princípio embasará diversas outras disposições do sistema
processual penal brasileiro, como aquela que impede que o juiz julgue um fato
não contido na denúncia (seria uma violação indireta ao princípio da inércia).
COMO O TEMA PODE APARECER NA SUA PROVA ?
(XXX EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Eduardo foi preso em
flagrante no momento em que praticava um crime de roubo
simples, no bairro de Moema. Ainda na unidade policial,
compareceram quatro outras vítimas, todas narrando que
tiveram seus patrimônios lesados por Eduardo naquela mesma data, com
intervalo de cerca de 30 minutos entre cada fato, no bairro de Moema, São
Paulo.
As cinco vítimas descreveram que Eduardo, simulando portar arma de fogo,
anunciava o assalto e subtraiu os bens, empreendendo fuga em uma
bicicleta. Eduardo foi denunciado pela prática do crime do Art. 157, caput,
por cinco vezes, na forma do Art. 69, ambos do Código Penal, e, em sede de
audiência, as vítimas confirmaram a versão fornecida em sede policial.
Assistido por seu advogado Pedro, Eduardo confessou os crimes,
esclarecendo que pretendia subtrair bens de seis vítimas para conseguir
dinheiro suficiente para comprar umamotocicleta.
Disse, ainda, que apenas simulou portar arma de fogo, mas não utilizou
efetivamente material bélico ou simulacro de arma. O juiz, no momento da
sentença, condenou o réu nos termos da denúncia, sendo aplicada a pena
mínima de 04 anos para cada um dos delitos, totalizando 20 anos de pena
privativa de liberdade a ser cumprida em regime inicial fechado, além da
multa. Ao ser intimado do teor da sentença, pessoalmente, já que se
encontrava preso, Eduardo tomou conhecimento que Pedro havia falecido,
mas que foram apresentadas alegações finais pela Defensoria Pública por
determinação do magistrado logo em seguida à informação do falecimento
do patrono. A família de Eduardo, então, procura você, na condição de
advogado(a), para defendê-lo.
Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de
advogado(a) de Eduardo, constituído para apresentação de apelação, aos
itens a seguir.
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A) Existe argumento de direito processual, em sede de recurso, a ser
apresentado para desconstituir a sentença condenatória? Justifique. (Valor:
0,65)
B) Diante da confirmação dos fatos pelo réu, qual argumento de direito
material poderá ser apresentado, em sede de apelação, em busca da redução
da sanção penal aplicada? Justifique. (Valor: 0,60)
GABARITO:
A) O argumento a ser apresentado, em sede de recurso, para desconstituir a
sentença condenatória, é o de que haveria violação ao princípio da ampla
defesa, em sua vertente de defesa técnica, tendo em vista que as alegações
finais foram apresentadas pela Defensoria Pública, não sendo o acusado
intimado para, querendo, constituir novo patrono.
De acordo com o que consta do enunciado, durante a instrução processual,
Eduardo foi assistido por Pedro, advogado por ele constituído. Ocorre que,
ao tomar conhecimento de que Pedro teria falecido, de imediato o
magistrado encaminhou os autos à Defensoria Pública para apresentação de
alegações finais, o que foi incorreto, já que o réu deveria ter sido intimado
pessoalmente, pois estava preso, para esclarecer se teria interesse em ser
assistido pela Defensoria ou se pretendia constituir novo advogado.
Ao retirar esse direito do réu, o magistrado violou direito do acusado e o
princípio da ampla defesa.
B) Em sede de apelação, poderia ser buscado o reconhecimento da
continuidade delitiva, o que geraria redução da sanção penal aplicada. De
acordo com o que consta do enunciado, de fato foram praticados cinco
crimes de roubo. Mesmo sem emprego de arma de fogo ou simulacro de
arma de fogo, houve grave ameaça na subtração dos bens de cinco vítimas
diferentes, logo cinco patrimônios foram atingidos e cinco crimes
autônomos foram praticados. Ainda que Eduardo tenha confessado os fatos,
a pena mínima foi aplicada, não cabendo redução com fundamento na
atenuante do Art. 65, III, d, do CP, nos termos da Súmula 231 do STJ.
Todavia, o magistrado reconheceu o concurso material de crimes e SOMOU
pena aplicada para cada um dos delitos. De acordo com o Art. 71 do CP, a
pena de apenas um dos crimes será aplicada é aumentada de 1/6 a 2/3
quando o agente, mediante mais de uma ação, pratica dois ou mais crimes
da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de
execução, sendo os subsequentes continuação do primeiro.
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Todas as exigências legais foram preenchidas. Os delitos foram praticados
no mesmo bairro, com intervalo de 30 minutos entre eles, sempre com o
mesmo modo de execução. A intenção do agente sempre foi praticar vários
crimes, um em continuidade do outro, para obter dinheiro suficiente para
comprar uma motocicleta. Assim, ao invés do cúmulo material, deveria o
magistrado ter aumentado a pena de um dos delitos (04 anos) em 1/6 a 2/3,
ou, até mesmo, aplicar a previsão do Art. 71, parágrafo único, do CP.
DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS
A. Sim. Tendo em vista que Eduardo deveria ter sido intimado para
manifestar seu interesse em constituir novo advogado ou ser assistido pela
Defensoria Pública, para oferecimento das alegações finais, em razão do
falecimento do antigo patrono (0,40), houve violação ao princípio da ampla
defesa (0,15), nos termos do Art. 5o, inciso LV, da CRFB (0,10),
B. Reconhecimento da continuidade delitiva (0,35), na forma do Art. 71 do CP
(0,10), já que os crimes são da mesma espécie e foram praticados nas
mesmas condições de tempo, local e modo de execução (0,15)
6. RAIO-X DE PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art 5º, LIV;
Art 5º, LX;
Art 5º, LVII;
Art 5º, LV;
Art 5º, LXXIV;
Art 5º, LXIII;
Art 5º, LXXVIII;
Art 5º, XXXVII;
Art 5º, LIII;
Art 37;
Art 93, IX;
Art 129, I.
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CÓDIGO PROCESSUAL PENAL:
Art 156;
Art 261;
Art 792.
SÚMULAS:
523 STF;
704 STF.
7. REFERÊNCIAS.
BECHARA, Ana Elisa Liberatore Silva. Bem jurídico-penal. Ed. Quartier Latin.
São Paulo, 2014, p. 77;
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. Ed.
Saraiva, 21º edição. São Paulo, 2015, p. 51;
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. D.O.U de
05/10/1988, pág. nº 1.
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 76;
STF, RHC 106.360/DF, Rel. Ministra ROSA WEBER, Primeira Turma, DJe de
3/10/2012 .
Manual de Processo Penal e Execução Penal, ed. 11;
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. Ed. Atlas, São Paulo. 2004;
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p.71;
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 37.
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