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Tema 3 Carboidratos

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DESCRIÇÃO
A importância do consumo de carboidratos em um plano alimentar equilibrado.
PROPÓSITO
Apresentar as principais funções do carboidrato no metabolismo e as fontes alimentares ricas
nesse nutriente, objetivando o conhecimento necessário ao planejamento da dieta dos
pacientes.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir a estrutura química e a classificação dos carboidratos e as fibras alimentares
MÓDULO 2
Identificar as funções biológicas, digestão, absorção, recomendação de consumo e fontes
alimentares dos carboidratos
MÓDULO 3
Reconhecer o metabolismo dos carboidratos, a glicólise, gliconeogênese, glicogênese,
glicogenólise, ciclo de Krebs e resposta glicêmica dos alimentos
INTRODUÇÃO
Os alimentos fazem parte da rotina diária dos indivíduos, e cada grupo alimentício fornece
nutrientes com funções diferentes para o funcionamento do organismo. Neste tema,
aprofundaremos os conhecimentos sobre a principal fonte de energia para o organismo
humano — os carboidratos — por meio de uma apresentação da composição química,
descrevendo suas funções biológicas, classificações, importâncias nutricionais, suas fontes
alimentares, compreendendo o processo de digestão no trato gastrointestinal e utilização da
glicose no corpo humano.
MÓDULO 1
 Definir a estrutura química e a classificação dos carboidratos e fibras alimentares
CARBOIDRATOS
Os macronutrientes são os nutrientes que servem de combustível para o corpo humano
durante o estado de repouso e principalmente nos momentos de maior atividade, como
acontece com o corpo do atleta durante a prática de algum esporte. Apesar de todos os
macronutrientes fornecerem quilocalorias (Kcal) para abastecer o metabolismo energético, o
carboidrato é o nutriente que melhor desempenha essa função no organismo.
 SAIBA MAIS
A palavra carboidrato é a junção do termo derivado do latim carbo , que significa carvão, e do
termo de origem grega hydor , que significa água. Logo, esse nutriente é o principal
combustível do metabolismo energético e das células nervosas. Além disso, sua fórmula básica
tem água na constituição. Os carboidratos são conhecidos como hidratos de carbono ou
glicídios, que no organismo podem ser armazenados em quantidades significativas para
atender à demanda por energia, mas principalmente a necessidade de glicose do sistema
nervoso central e outros órgãos vitais.
Os carboidratos terão classificação diferente de acordo com sua estrutura química e
apresentam respostas glicêmicas diferentes dependendo de alguns fatores que serão
abordados neste módulo. Devido a sua função de prover energia, esse nutriente faz parte da
dieta adequada e as recomendações atuais preconizam uma ingestão entre 45% a 65% do
valor energético total, ou seja, em geral, a maior parte da energia disponível a partir da
alimentação é proveniente da ingestão de carboidratos (IOM, 2005). Alguns exemplos de
carboidratos incluem os grãos (arroz, milho, trigo), raízes (cenoura, beterraba, batata-doce,
mandioca) e tubérculos (batata yacon, inhame, batata-inglesa).
ESTRUTURA QUÍMICA DOS CARBOIDRATOS
Os carboidratos são a fonte mais importante para geração de energia devido à facilidade
em fornecer o composto adenosina trifosfato (ATP) para o metabolismo energético celular.
Essa afinidade para a produção de energia pode ser explicada pela composição química do
nutriente. Essas substâncias orgânicas são formadas por moléculas de:
CARBONO (C)
HIDROGÊNIO (H)
OXIGÊNIO (O)
Apresentando uma fórmula geral com 1 átomo de carbono e oxigênio para dois átomos de
hidrogênio na cadeia, (CnH2nOn), por isso denominados também hidratos de carbono. A
hidrólise dessa substância é capaz de liberar carbonos que serão disponibilizados para síntese
de energia.
As unidades mais simples de carboidratos são formadas pela ligação entre os carbonos.
As estruturas mais conhecidas variam de três a seis carbonos na composição e podem fazer
ligações entre si chamadas de ligações glicosídicas. Tal ligação acontece entre as hidroxilas
(OH) de dois carboidratos simples, ocorrendo a liberação de água nessa reação. Vejamos a
representação de uma ligação glicosídica, na qual o oxigênio se liga a duas moléculas de
hidrogênio liberando água (H2O).
 Figura 1: Estrutura química dos carboidratos e a ligação glicosídica
A conformação espacial dessa molécula, quando os hidrogênios estão dispostos do mesmo
lado, recebe a classificação de ligação α-glicosídica, como pode ser observado na figura, no
enlace o-glucosídico. No entanto, quando os hidrogênios ligados ao oxigênio estão dispostos
em lados opostos, a ligação é chamada de ligação β-glicosídica. Essa informação é
interessante, pois durante a digestão de carboidratos serão sintetizadas enzimas específicas
para hidrolisar cada tipo de ligação glicosídica existente. Em outras palavras, a enzima que
hidrolisa uma ligação α-glicosídica não irá hidrolisar uma ligação β-glicosídica.
As moléculas de carboidratos podem conter diversos monômeros ligados entre si por ligações
glicosídicas na cadeia carbônica. Assim, podemos observar moléculas que formam uma
estrutura linear pela união dos diferentes tipos de carboidratos, além de observar cadeias que
apresentam ramificações, aumentando a complexidade da molécula.
HIDROLISAR/HIDRÓLISE
Hidrólise é quando uma ligação química é separada por uma molécula de água.
 ATENÇÃO
Portanto, os carboidratos serão classificados de maneiras distintas, de acordo com a estrutura
química e forma como são digeridos no organismo.
CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS
javascript:void(0)
A classificação dos carboidratos pode ser feita em relação ao número de carbonos existente
em uma única molécula. Podendo ainda ser classificado conforme a localização do chamado
grupo carbonila (C=O), de acordo com o grau de polimerização de uma cadeia e de acordo
com a digestibilidade dessa molécula no corpo humano.
Veja os tipos de classificação abaixo:
NÚMERO DE CARBONOS NA CADEIA
Uma molécula simples de carboidratos pode conter de 3 a 6 carbonos na sua composição e
são nomeadas com o prefixo correspondente ao número de carbonos e com a terminação
oses. Isto é, uma molécula com 3 carbonos na composição é chamada de triose; com 4
carbonos, tetrose; com 5 carbonos, pentose; e com 6 carbonos, hexose.
Dentre as estruturas mais importantes para o corpo humano estão a ribose, que é uma pentose
com função essencial para a estrutura do ácido ribonucleico (RNA) e do ATP. E na alimentação
humana os carboidratos simples mais importantes são as hexoses, como a glicose, frutose e
galactose. Essas estruturas mais simples dos carboidratos são denominadas
monossacarídeos, um termo que se origina da palavra grega sakcharon , que significa açúcar.
Imagem: Shutterstock.com
 Figura 2: Diagrama biológico que descreve a estrutura de monossacarídeos, a ligação
glicosídica e formulação dos polissacarídeos.
LOCALIZAÇÃO DO GRUPO CARBONILA
Grupo que representa a ligação dupla entre um carbono e um oxigênio (C=O). Em uma
molécula de carboidrato, essa ligação pode ser encontrada no início da cadeia ou entre dois
carbonos. Um monossacarídeo no qual o grupo carbonila esteja no início da cadeia é chamado
de aldose ou aldeído, sendo a glicose é um exemplo dessa estrutura. No entanto, quando o
grupo carbonila está localizado no segundo carbono da cadeia, entre dois carbonos, ele é
chamado de cetona, tal como a frutose.
 Figura 3: Estrutura geral de um aldeído.
 Figura 4: Estrutura geral de uma cetona
GRAU DE POLIMERIZAÇÃO DE UMA CADEIA
A polimerização de uma cadeia é um processo que ocorre para a formação de uma grande
estrutura, ou seja, uma macromolécula. Durante esse processo ocorre a combinação de
diferentes monossacarídeos através de ligações glicosídicas para formar uma grande molécula
de carboidrato. Quanto mais monossacarídeos presentes na cadeia maior será o grau de
polimerização dessa molécula. Portanto, um monossacarídeo é a unidade mais básica de um
carboidrato; glicose, frutose e galactosesão os mais importantes (Figura 2).
FIGURA 02
 Figura 2: Diagrama biológico que descreve a estrutura de monossacarídeos, a ligação
glicosídica e formulação dos polissacarídeos.
A união de dois monossacarídeos forma um dissacarídeo, sendo bastante conhecidos como os
açúcares da alimentação humana, tais como:
SACAROSE
Formada pela união de uma molécula de glicose com uma frutose, conhecida como açúcar da
cana-de-açúcar.
LACTOSE
Formada pela ligação glicosídica feita entre a hidroxila de uma glicose e a hidroxila de uma
galactose, conhecida como o açúcar do leite.
MALTOSE
Açúcar que é proveniente da digestão do amido, formado pela união de duas moléculas de
glicose.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Os carboidratos de cadeia média são conhecidos como oligossacarídeos, os quais contêm de
três a dez monossacarídeos ligados entre si. Esses carboidratos em geral não são digeridos
por enzimas humanas, com exceção da maltodextrina.

Os polissacarídeos são grandes cadeias de carboidratos com ligações acima de dez
monossacarídeos entre si (estruturas apresentadas na figura 2). O glicogênio é um
polissacarídeo produzido no reino animal, um reservatório de energia formado pela união de
diversas moléculas de glicose. A síntese de glicogênio acontece no músculo e no fígado do
organismo humano. Nas plantas, o amido e as fibras alimentares são exemplos de
polissacarídeos. O amido é o reservatório de energia dos alimentos de origem vegetal e pode
ser encontrado como amilose (uma cadeia linear de monossacarídeos) ou amilopectina (uma
cadeia ramificada de ligações entre monossacarídeos).
 Figura 5: ilustração da composição química dos polissacarídeos.
DIGESTIBILIDADE DOS CARBOIDRATOS
A digestibilidade de um carboidrato varia dentre as diferentes espécies de seres vivos. No ser
humano, a classificação é dividida em:
Carboidratos digeríveis
Que são quebrados por enzimas específicas durante o processo de digestão e fornecem
energia para o metabolismo celular

Carboidratos não digeríveis
Que não são degradados por nenhuma enzima no trato gastrointestinal de humanos, e
permanecem inteiros e não poderão fornecer energia para o metabolismo celular.
 ATENÇÃO
Ou seja, os carboidratos digeríveis têm as suas ligações glicosídicas degradadas por enzimas
específicas a fim de liberar monossacarídeos que serão absorvidos no lúmen intestinal.
A sacarose e o amido são exemplos de carboidratos digeríveis (a sacarase e a amilase são
exemplos de enzimas específicas que degradam esses carboidratos), e as fibras alimentares
são os carboidratos não digeríveis, que serão apresentadas a seguir (a celulose, principal
componente da parede celular das plantas e vegetais é um exemplo de uma fibra não
digerível).
FIBRAS ALIMENTARES
As fibras alimentares são classificadas como polissacarídeos não digeríveis e estão
distribuídas de maneira abundante exclusivamente em alimentos de origem vegetal. Elas são
resistentes às enzimas digestivas, portanto não são degradadas e ao permanecerem no cólon
sofrem fermentação das bactérias ali presentes. Essas fibras compõem a estrutura de
alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, raízes, tubérculos etc.
A função da fibra alimentar na digestão varia de acordo com a sua solubilidade.
FIBRAS HIDROSSOLÚVEIS
A fração hidrossolúvel das fibras está presente nas pectinas, gomas, mucilagens entre outros,
presentes em frutas, hortaliças, feijões, aveias etc. São particularmente efetivas em reter muita
água, e estão associadas a benefícios, como retardar a passagem do alimento pelo estômago.
Com isso, retardam o trânsito intestinal, auxiliando em uma menor absorção de colesterol e
glicose.
FIBRAS INSOLÚVEIS
As fibras insolúveis são componentes estruturais da parede celular de vegetais como a
celulose, hemicelulose, lignina e outros. Elas não são solúveis em meio aquoso, portanto não
se dissolvem na água, auxiliam no maior volume do bolo fecal e aceleram o tempo de trânsito
intestinal, mas não influenciam na redução do colesterol. As fibras insolúveis contribuem para o
ótimo funcionamento intestinal, melhorando a constipação e prevenindo o risco de inflamações
na parede do intestino.
O consumo excessivo de fibras pode afetar a biodisponibilidade dos micronutrientes durante a
absorção no lúmen intestinal. Minerais como cálcio, ferro e fósforo podem ter absorção inibida
devido à presença de grande quantidade de fibra dietética no bolo alimentar. A recomendação
de fibras está descrita na Tabela 1 de acordo com as faixas etárias, como preconizado pelo
Instituto de Medicina de Washington (IOM).
Tabela 1. Ingestão diária adequada de fibras alimentares em gramas (g)
Faixa etária
Gênero
Homens Mulheres
Crianças 1 a 3 anos 19 19
Crianças 4 a 8 anos 25 25
Crianças 9 a 13 anos 31 26
Adolescentes 14 a 18 anos 38 26
Adultos 19 a 30 anos 38 25
Adultos 31 a 50 anos 38 25
Adultos e idosos 51 a 70 anos 30 21
Idosos acima de 70 anos 30 21
 Autor: Adaptado de IOM, 2005.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 ATENÇÃO
A Federação Latino-Americana da Sociedade de Obesidade (FLASO) recomenda um consumo
de fibras diárias de 20g a 30g para pacientes obesos, a fim de prevenir o surgimento de
doenças crônicas não transmissíveis. Segundo descrito por McArdle (2019), o consumo de
fibras por dia dependerá da faixa etária e deverá seguir uma razão de 3:1 entre fibras
insolúveis e solúveis em água.
Tabela 2. Teor de fibras em 100g do alimento
Alimento
Fibras totais
(g)
Fibras solúveis
(g)
Fibras insolúveis
(g)
Arroz branco
cozido
2,77 1,26 1,52
Arroz integral
cozido
4,33 0,96 3,37
Aveia em flocos 6,42 4,56 1,86
Farelo de aveia 6,96 3,40 3,56
Pão francês 6,36 2,50 3,86
Pão integral 7,03 1,79 5,24
Feijão-preto
cozido
5,38 1,77 3,61
Ervilha cozida 3,60 2,22 1,38
Lentilha cozida 7,28 1,81 5,44
Alface 1,57 0,57 1,00
Brócolis cozido 1,88 0,18 1,70
Vagem cozida 3,87 1,13 2,74
 Autor: Adaptado de Cintra, 1997.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 ATENÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS/FAO), a recomendação diária de fibras em
adultos é de 20 a 35 gramas por dia ou considerando a relação de 14 gramas de fibras
alimentares para cada 1000Kcal consumidas diariamente.
A IMPORTÂNCIA DO CONSUMO DAS
FIBRAS ALIMENTARES PARA A SAÚDE
A especialista Renata Baratta dos Passos aborda a importância do consumo de fibras
alimentares para melhoria da saúde.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Identificar as funções biológicas, digestão, absorção, recomendação de consumo e
fontes alimentares de carboidratos
A IMPORTÂNCIA DO CARBOIDRATO NA
DIETA HUMANA
Agora que você já conhece a estrutura de um carboidrato, fica mais fácil entender todo
processo de digestão e absorção desse nutriente. A importância do carboidrato na dieta
humana está relacionada à necessidade energética do metabolismo celular. Órgãos vitais
como cérebro e coração dependem de um suporte contínuo de energia para garantir o
funcionamento adequado das reações celulares. Desse modo, a composição da dieta humana
preconiza uma oferta maior de carboidratos quando comparado aos demais macronutrientes, e
a principal função do carboidrato é o fornecimento de energia.
FUNÇÕES BIOLÓGICAS DOS CARBOIDRATOS
Além de fornecerem energia para as células, os carboidratos exercem funções estruturais e
genéticas que serão descritas a seguir:
FUNÇÃO ENERGÉTICA
O carboidrato é a principal fonte de energia para o organismo humano, sendo a glicose o
monossacarídeo que é liberado rapidamente na corrente sanguínea e irá abastecer os tecidos
de acordo com a demanda energética.
Os seres vivos armazenam glicose de diferentes maneiras, os polissacarídeos presentes nos
vegetais são os amidos, enquanto o glicogênio é o reservatório de glicose encontrado no
músculo e fígado de animais e seres humanos. Essa capacidade de armazenar carboidrato é
fundamentalpara garantir um equilíbrio da quantidade de glicose disponível no sangue que
abastecerá os demais tecidos corporais.
O Sistema Nervoso Central é dependente da oferta de glicose para gerar energia necessária
à manutenção da atividade cerebral, por isso a oferta de glicose no sangue deve ser constante
e estar disponível em quantidades adequadas. Cada grama (g) de carboidrato disponível na
dieta fornece aproximadamente 4kcal de energia, quantidade similar à que é proveniente da
ingestão de proteínas, mas o consumo adequado de carboidratos supre a necessidade
energética e preserva as proteínas para que sejam usadas em suas funções estruturais.
FUNÇÃO ESTRUTURAL
São componentes da estrutura de alimentos de origem vegetal e plantas, em geral, como a
celulose, descrita por McArdle (2019) como “a molécula orgânica mais abundante da Terra”.
Eles podem ser encontrados nos esqueletos de alguns insetos, formando a estrutura da parede
celular.
Imagem: Shutterstock.com
 Figura 6 ‒ Diagrama de ilustração vetorial de biologia de celulose vegetal com estrutura de
paredes celulares vegetais e esquema de fibra.
FUNÇÃO GENÉTICA
Como já descrito, a ribose é um carboidrato (monossacarídeo com 5 carbonos na cadeia) que
tem função de formar um ácido ribonucleico (RNA), assim como desoxirribose que forma o
ácido desoxirribonucleico (DNA). Portanto, participam do processamento da informação
genética no nível celular.
Imagem: Wikimedia/pública
 Figura 7: Molécula de RNA formada por ribose, um grupo fosfato e uma base nitrogenada.
DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS CARBOIDRATOS
De acordo com Cozzolino & Cominetti (2013):

O PRINCIPAL TIPO DE CARBOIDRATO ENCONTRADO
NOS ALIMENTOS É O AMIDO (APROXIMADAMENTE
60% DOS CARBOIDRATOS TOTAIS), SEGUIDO POR
DISSACARÍDEOS, SACAROSE (30%) E LACTOSE
(10%).
Por causa disso, a hidrólise do amido costuma ser o evento principal durante a digestão dos
carboidratos.
Diferentemente do que é observado nas proteínas, a digestão enzimática do amido já pode ser
observada desde a mastigação, ou seja, acontece quando o alimento entra em contato com a
saliva ainda na boca. A entrada do alimento na boca estimula a produção de uma enzima
denominada de alfa-amilase salivar que é capaz de degradar a amilose em maltose, e a
mastigação tem a função de quebrar o alimento em menores porções e umidificar o bolo
alimentar através da saliva; normalmente, a alfa-amilase salivar é desativada pelo pH ácido do
estômago.
O quimo chega ao intestino delgado e se mistura com a amilase liberada pelo pâncreas. Já a
amilase pancreática irá degradar algumas ligações glicosídicas do amido e de polissacarídeos,
formando dextrinas (moléculas com aproximadamente oito unidades de glicose). A presença do
quimo no duodeno estimula a liberação de enzimas digestivas que completarão a digestão das
dextrinas, liberando monossacarídeos no lúmen intestinal.
 Figura 8: Digestão dos carboidratos.
As principais enzimas envolvidas nesse processo são as dissacaridases presentes na parede
da borda em escova do intestino delgado. Elas degradam os dissacarídeos para liberar as
unidades mais simples de carboidratos para que sejam absorvidos pelos enterócitos.
A sacarase é a enzima responsável por degradar a sacarose liberando glicose e frutose.
A lactase irá degradar a lactose para liberar glicose e galactose.
A maltase agirá sobre a maltose para liberar duas moléculas de glicose que serão
transportadas para as células intestinais através de transportadores específicos.

No intestino grosso, o quilo chega com componentes que não foram digeridos pelo processo de
digestão, como as substâncias resistentes às enzimas digestivas e qualquer composto que
não tenha sido absorvido no intestino delgado, permanecendo intacto.
As fibras alimentares servirão de substratos para a fermentação produzida pela microbiota
intestinal, que terá como produto a formação de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) nesse
processo.


Os AGCC estimulam o metabolismo do cólon intestinal, aumentando o fluxo sanguíneo e a
chegada de eletrólitos para a região, servindo como alimento para as colônias bacterianas.
 SAIBA MAIS
Velázquez et al . (1996) e Roberfroid et al . (2010) acreditam que a proliferação de bactérias e
AGCC no intestino traz benefícios para o organismo e pode estar relacionada com o menor
risco de desenvolver doenças cardiovasculares e câncer de cólon.
Os produtos da digestão dos carboidratos são monossacarídeos e mais precisamente
representados pela glicose, frutose e galactose. O processo de absorção dessas
substâncias pelos enterócitos será o responsável por permitir a oferta de carboidratos na
corrente sanguínea. Essas moléculas de monossacarídeos, entretanto, apesar de simples,
apresentam grande peso molecular, o que as torna impermeáveis na parede das células
epiteliais.
Para Cozzolino & Cominetti (2013):

EXISTEM DUAS FAMÍLIAS DE TRANSPORTADORES DE
MONOSSACARÍDEOS NO LÚMEN INTESTINAL, SÃO
OS COTRANSPORTADORES DE SÓDIO E GLICOSE
(SGLT), QUE MOVEM A GLICOSE CONTRA O
GRADIENTE DE CONCENTRAÇÃO E OS
TRANSPORTADORES DE GLICOSE DO TIPO GLUT,
QUE FAZEM O TRANSPORTE PASSIVO DE GLICOSE.
Veja as funções de cada família a seguir:
COTRANSPORTE DE GLICOSE COM ÍONS SÓDIO
(SGLT)
Tem a função de transportar a glicose e a galactose do intestino após o processo de digestão
para que sejam disponibilizados na corrente sanguínea. É um transportador encontrado no
intestino e nos rins, onde ainda previne a perda urinária de glicose. Este transporte não
depende da influência de hormônios regulatórios, sendo proveniente do gradiente de
concentração do sódio e glicose intracelular, em outras palavras, a glicose é transportada do
gradiente de maior concentração para o de menor concentração.
DIFUSÃO FACILITADA
Os transportadores de glicose conhecidos como GLUT são proteínas capazes de carregar
glicose a favor do seu gradiente de concentração e estão disponíveis em todas as células
corporais. Foram descritos mais de 12 tipos de transportadores GLUT, havendo a existência de
cinco considerados os mais importantes devido ao tecido corporal em que estão expressos e
as funções que exercem. Eles foram numerados em relação à ordem na qual foram
descobertos, assim, são denominados de GLUT 1 a GLUT 5.
GLUT 1 pode ser encontrado nas células sanguíneas, por isso, expresso em regiões
como cérebro, rins e cólon. Ele costuma estar mais ativo quando a demanda intracelular
por glicose está aumentada.
GLUT 2 é normalmente expresso pelo fígado, rins e intestino delgado. Ele tem afinidade
no transporte de galactose e frutose.
GLUT 3 é expresso pelos neurônios.
GLUT 4 é um transportador muito conhecido devido a sua sensibilidade ao hormônio
produzido pelo pâncreas, a insulina. Está armazenado no interior de células da
musculatura cardíaca e esquelética e em tecidos gordurosos, sendo liberado quando a
insulina se liga ao receptor celular para permitir a entrada de glicose no meio celular.
GLUT 5 é o transportador de frutose do intestino delgado, único monossacarídeo
transportado no intestino por difusão facilitada.
Veja o efeito da insulina no transporte de glicose:

1
Insulina acoplada ao receptor celular
2
Ativação em cascata de diversas reações


3
GLUT 4 é translocado para a membrana plasmática a fim de permitir o fluxo de glicose para o
interior da célula
4
Formação do glicogênio


5
Processo de glicólise (quebra da glicose para geração de energia)
6
Síntese de ácidos graxos (gordura)

 Figura 9: Efeito da insulina no transporte de glicose.

NAS CÉLULAS HEPÁTICAS, HÁ ENZIMAS
DISPONÍVEIS PARA PROMOVER A INTERCONVERSÃO
ENTRE OS MONOSSACARÍDEOS, E A GRANDE
DISPONIBILIDADE DA ENZIMA GLICOSE FOSFATASE
NAS CÉLULAS HEPÁTICAS FAVORECE A FORMAÇÃO
DE GLICOSE, A QUAL REPRESENTA MAIS DE 95%
DOS MONOSSACARÍDEOS CIRCULANTES NO
SANGUE
(COZZOLINO & COMINETTI, 2013).
A glicose é o principal carboidrato disponível na corrente sanguínea para abastecer as células
corporais e serfonte de energia, proveniente dos demais monossacarídeos dietéticos.
RECOMENDAÇÕES DE CONSUMO E FONTES
ALIMENTARES DE CARBOIDRATOS
De acordo com o que é descrito por Biesek et al . (2015):

NA DIETA OCIDENTAL, 50% DO CONTEÚDO
ENERGÉTICO É PROVENIENTE DOS CARBOIDRATOS.
DESSES, 25% SÃO DERIVADOS DE AÇÚCARES
(GLICOSE, SACAROSE E LACTOSE) E O RESTANTE
DE POLISSACARÍDEOS AMIDO E NÃO AMIDOS.
O IOM (2003) preconiza que a distribuição percentual de carboidratos na dieta humana, para
todas as idades, deve respeitar 45% a 65% do valor energético total.
As principais fontes alimentares de carboidratos são os vegetais. Os animais produzem o
glicogênio, no entanto as fontes animais não são ricas nesse nutriente. Por outro lado, no reino
vegetal, os carboidratos estão bem distribuídos em diversos grupos alimentares que variam
desde os cereais e grãos, as frutas e hortaliças e derivados de leite. A tabela abaixo lista o
conteúdo de carboidratos disponíveis em 100g de diferentes alimentos.
Tabela 3. Conteúdo de carboidratos e valor calórico por 100g de diferentes alimentos
Alimento
Quantidade
(g/ml)
Energia
(Kcal)
Carboidrato (g)
Abacaxi 100 48 12,3
Açúcar refinado 100 387 99,5
Arroz integral cozido 100 124 25,8
Arroz tipo 1 cozido 100 128 28,1
Aveia em flocos crua 100 394 66,6
Banana-prata 100 98 26,0
Batata-doce cozida 100 77 18,4
Batata-inglesa
cozida
100 52 11,9
Cenoura cozida 100 30 6,7
Farinha de trigo 100 360 75,1
Feijão-preto cozido 100 322 14,0
Laranja-baía 100 45 11,5
Leite integral 100 59 4,2
Macarrão trigo cru 100 371 77,9
Mamão papaia 100 40 10,4
Mandioca cozida 100 125 30,1
Melancia 100 33 8,1
Milho-verde cru 100 138 28,6
Pão de forma 100 253 49,9
Pão francês 100 300 58,6
Queijo Minas Frescal 100 264 17,4
 Autor: Adaptado de TACO, 2011.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Os alimentos contêm carboidratos na forma de amido — o polissacarídeo de reserva
energética das plantas — e pela presença dos açúcares (mono e dissacarídeos). As massas,
pães, bolos e outros alimentos industrializados podem conter em sua composição uma grande
quantidade de carboidratos, sendo considerados alimentos energéticos.
 ATENÇÃO
O consumo abaixo das recomendações de carboidratos pode contribuir para um
inadequado estado nutricional e comprometer a oferta de proteínas para as suas
funções estruturais, ou seja, desviar proteínas para garantir adequada demanda energética.
Porém, o consumo excessivo de carboidratos e açúcares na dieta pode ocasionar o acúmulo
de gordura corporal e interferir negativamente na sensibilidade do organismo à insulina,
favorecendo o surgimento de doenças crônicas como a obesidade e o diabetes melito tipo 2.
AS FUNÇÕES BIOLÓGICAS DOS
CARBOIDRATOS E AS RECOMENDAÇÕES
DE CONSUMO
A especialista Camila Sousa aborda as funções biológicas dos carboidratos e as
recomendações de consumo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Reconhecer o metabolismo dos carboidratos, a glicólise, gliconeogênese,
glicogênese, glicogenólise, ciclo de Krebs e resposta glicêmica dos alimentos
O METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS E A
RESPOSTA GLICÊMICA DOS ALIMENTOS
Após a absorção pelos transportadores específicos, a glicose será disponibilizada na corrente
sanguínea. O objetivo é possibilitar a chegada de substrato para geração de energia nos
diversos tecidos corporais. Isso provoca uma concentração de nutrientes no sangue após a
ingestão de alimentos que será regulada pela ação de hormônios específicos (como a insulina
e o glucagon) em um processo denominado equilíbrio sérico da glicose.
EQUILÍBRIO SÉRICO DA GLICOSE
A concentração sanguínea de glicose é conhecida como glicemia. O equilíbrio da glicose
sanguínea varia entre os indivíduos, mas em condições normais é comum variar entre 70 e
110mg de glicose por dl de sangue. Após as refeições, período conhecido como pós-prandial,
é possível observar um aumento da glicemia, principalmente em refeições ricas em
carboidratos, provocado pelo transporte de nutrientes da célula intestinal para a corrente
sanguínea. As concentrações de glicose no sangue aumentam acima da normalidade e
precisam ser distribuídas para os tecidos corporais. A glicose pode ser armazenada em forma
de glicogênio ou utilizada em reações de geração de energia.
O mecanismo existente para manter o equilíbrio sérico da glicose é essencial para o
funcionamento corporal. Concentrações de glicose acima e abaixo da normalidade causam
efeitos degenerativos no sistema nervoso central e aumento da diurese e fadiga, náuseas e
vômitos. Por isso, a concentração de glicose no sangue é controlada por diversos
hormônios que são ativados em estado de jejum e nos períodos pós-prandiais.
De acordo com Biesek et al . (2015):

OS HORMÔNIOS PANCREÁTICOS INSULINA E
GLUCAGON POSSUEM AÇÃO REGULATÓRIA SOBRE
A GLICEMIA PLASMÁTICA E NÃO SÃO OS ÚNICOS
ENVOLVIDOS NO PROCESSO. OS HORMÔNIOS
SEXUAIS, EPINEFRINA, GLICOCORTICOIDES,
TIREOIDIANOS, ENTRE OUTROS, TAMBÉM
INFLUENCIAM A GLICEMIA.
Veja a seguir o mecanismo de controle glicêmico modulado pelo pâncreas:
 Figura 10: Regulação da glicemia pelos hormônios glucagon e insulina.
O aumento da glicemia pós-prandial é intitulado de hiperglicemia quando a concentração de
glicose sanguínea está acima do nível basal. A hiperglicemia estimula as células beta do
pâncreas a produzirem a insulina que vai desencadear uma séria de reações em resposta a
sua produção, como: permitir a translocação do GLUT 4 para que ele fique disponível na
membrana das células, permitindo a captação de glicose pelas células corporais; estimular a
síntese de glicogênio hepático e muscular, processo denominado de glicogênese; e estimular,
ainda, a síntese de proteínas e o armazenamento de ácidos graxos no tecido adiposo.
O objetivo da insulina é estimular a redução da concentração de glicose no sangue e
disponibilizar para outros tecidos, estimulando o armazenamento de nutrientes e provendo um
efeito anabólico no metabolismo corporal. Quando a taxa de glicose no sangue baixa
significativamente, inferior aos níveis basais, temos o que chamamos de hipoglicemia, cuja
principal sensação é a fome.
A hipoglicemia estimula a produção do hormônio glucagon pelas células alfa do pâncreas
(figura 10). O aumento da concentração de glucagon estimula reações antagônicas às
provocadas pela insulina. Isto é, com o intuito de disponibilizar glicose para o sangue, o
glucagon estimula a degradação do glicogênio (glicogenólise) e promove a degradação dos
estoques de aminoácidos e ácidos graxos para garantir fornecimento adequado de energia
(neoglicogênese).
A função do glucagon é sinalizar a retirada de substratos armazenados no organismo para
estimular a maior concentração de glicose no sangue, normalizando a glicemia e promovendo
um efeito catabólico no metabolismo corporal.
A ausência da insulina ou sua ação inadequada levam ao quadro conhecido como diabetes,
caracterizado pela hiperglicemia. O diabetes melito tipo 1 ocorre devido a uma anomalia do
sistema imunológico que ataca as células beta do pâncreas, impossibilitando a produção de
insulina. Logo, o portador da doença deve fazer uso do hormônio injetável, tornando-se
insulinodependente.
 SAIBA MAIS
O diabetes melito tipo 2 é a forma mais comum da doença e ocorre quando o pâncreas não
produz insulina em quantidades suficientes para controlar a glicemia. Nesse caso, o paciente
pode ou não precisar da aplicação da insulina e o tratamento varia de acordo com a gravidade
da doença, sendo o controle da ingestão de carboidratos e a prática de atividade física regular
primordiais para a melhora do quadro, assim como a administração de medicamentos quando
necessário.
VIAS DO METABOLISMO DA GLICOSE
Como já descrito, após a absorção, a glicose pode ser armazenada ou utilizada para fornecer
energia para as células. Devido à grande afinidade do organismo pela glicose para geração de
energia, praticamente todos os tecidos corporaispodem armazenar glicogênio, porém fígado e
músculos são os órgãos com maior capacidade de sintetizá-lo. No fígado, o glicogênio hepático
é o responsável por controlar o equilíbrio sérico da glicose, enquanto o glicogênio muscular é
utilizado pelos próprios músculos durante períodos em que estejam ativos. A formação de
glicogênio é chamada de glicogênese.
GLICOGÊNESE
É a formação de um polissacarídeo pela ação da enzima glicogênio sintase estimulada pela
liberação de insulina. O glicogênio é o principal reservatório de energia em mamíferos. As
concentrações de glicogênio no músculo esquelético são maiores que no fígado e conforme
McArdle (2019):

UM JEJUM DE 24 HORAS OU UMA DIETA POBRE EM
CARBOIDRATOS E COM TEOR CALÓRICO NORMAL
PRATICAMENTE DEPLETA AS RESERVAS DE
GLICOGÊNIO.
GLICOGENÓLISE
Trata-se da reação inversa à glicogênese, ou seja, é a formação de glicose a partir de uma
molécula de glicogênio. É a quebra das ligações glicosídicas do polissacarídeo para fornecer
glicose ao organismo que pode ocorrer em períodos de jejum prolongados e durante a prática
de atividade física. A glicogênio fosforilase é a enzima que catalisa a reação de degradação do
glicogênio estimulada pela liberação de glucagon e hormônios catabólicos, como a epinefrina.
GLICÓLISE
É a degradação da molécula de glicose para posterior liberação de energia. Essa é a reação
mais importante do ponto de vista bioquímico, sendo descrita como:

UMA SEQUÊNCIA METABÓLICA COMPOSTA POR UM
CONJUNTO DE DEZ REAÇÕES CATALISADAS POR
ENZIMAS LIVRES NO CITOSOL, NA QUAL A GLICOSE
É OXIDADA PRODUZINDO DUAS MOLÉCULAS DE
PIRUVATO, QUATRO MOLÉCULAS DE ATP E DOIS
EQUIVALENTES REDUZIDOS DE NADH+, QUE SERÃO
INTRODUZIDOS NA CADEIA RESPIRATÓRIA OU NA
FERMENTAÇÃO
(NELSON; COX 2000).
A figura 11 descreve todas as etapas envolvidas na glicólise, e nela é possível observar a
presença da glicose-6-fosfato e frutose-6-fosfato como intermediárias da reação. Essas
substâncias podem ser derivadas de frutose e galactose, permitindo que esses
monossacarídeos participem da via da glicólise. A glicólise é regulada por hormônios como
glucagon, insulina e epinefrina para garantir o fornecimento de energia para o metabolismo
celular. As moléculas de piruvato são convertidas em acetil-CoA, que é o composto-chave para
o metabolismo celular que será degradada em uma série de reações conhecidas como ciclo de
Krebs.
FIGURA 11
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 Figura 11: Rotas da glicólise e gliconeogênese no fígado.
CICLO DE KREBS
O ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico ocorre a partir da quebra dos macronutrientes
provenientes da dieta liberando acetil-CoA. A figura 12 apresenta uma série de reações que
acontece na mitocôndria da célula em presença de oxigênio, garantindo o fornecimento de
energia e compostos intermediários de outras reações para o organismo. A degradação dos
carboidratos a partir da glicólise libera oxaloacetato, intermediário do ciclo de Krebs que
interage com a acetil-CoA. Em situações de escassez de carboidratos na dieta, como em
períodos de jejum prolongado, dietas restritivas ou ausência de fontes de carboidratos, o
fornecimento de oxaloacetato para o ciclo de Krebs fica comprometido, influenciando
negativamente na produção de energia e ativando outras vias do metabolismo como a via
cetogênica.
Imagem: Wikimedia/pública
 Figura 12: Esquema que demonstra a via metabólica do ciclo de Krebs.
GLICÓLISE ANAERÓBICA
Em ausência de oxigênio, as células não serão capazes de fazer a respiração celular e o ciclo
de Krebs não pode ser continuado. A fermentação lática é uma via de geração de energia a
partir da conversão do piruvato em lactato (ou ácido lático), reação que é catalisada pela
enzima hexoquinase. Essa via de curta duração produz energia em momentos iniciais de
atividade física, sendo a principal fonte de energia para atividades de alta intensidade e curta
duração, como corrida de 100 metros rasos no atletismo. O ácido lático pode ser formado na
célula muscular durante períodos de atividade física moderada a intensa e pode ser reciclado
pelas células hepáticas, sendo convertido novamente em glicose. Esse processo é uma das
reações chamadas de gliconeogênese.
Imagem: Wikimedia/pública
 Figura 11: Rotas da glicólise e gliconeogênese no fígado.
GLICONEOGÊNESE
Basicamente é definida por Cozzolino & Cominetti (2013) como:

A FORMAÇÃO DE GLICOSE A PARTIR DO LACTATO,
DOS AMINOÁCIDOS GLICOGÊNICOS E DO GLICEROL
RESULTANTE DA DEGRADAÇÃO DE
TRIACILGLICERÓIS QUANDO AS RESERVAS DE
CARBOIDRATOS DO ORGANISMO DIMINUEM.
A figura 11 descreve todas as etapas envolvidas na gliconeogênese. Trata-se da obtenção de
glicose a partir de moléculas não glicídicas que ocorre quando existe baixo fornecimento de
carboidrato pela dieta ou por deficiência na absorção. Essa via supre a necessidade energética
de tecidos como os eritrócitos e neurônios que precisam continuamente de glicose. A
gliconeogênese é realizada principalmente no tecido hepático e durante períodos de jejum ou o
consumo de dietas pobres em carboidratos. Tal via ainda é responsável por abastecer o
cérebro com glicose.
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FIGURA 11
 Figura 11: Rotas da glicólise e gliconeogênese no fígado.
RESPOSTA GLICÊMICA DOS ALIMENTOS
Fisiologicamente, os carboidratos diferem entre si durante o processo de digestão e
absorção.
A velocidade com que uma fonte de carboidrato é digerida determina a influência que esse
alimento terá sobre a disponibilidade de glicose no sangue.
Alimentos ricos em fibras dietéticas tendem a retardar a liberação de glicose no sangue quando
comparados a alimentos ricos em açúcares e amido. Biesek et al . (2015) descrevem o Índice
Glicêmico (IG) como método proposto em 1981, obtido pela análise da curva glicêmica
produzida por 50g de carboidrato (disponível) de um alimento teste em relação a curva de 50g
de carboidrato do alimento padrão (glicose ou pão branco).
Alimentos de baixo IG (brócolis, alface, amendoim, cebola, cogumelo)
Fornecem glicose para o sangue de maneira contínua, provocando um aumento lento na curva
glicêmica.

Os alimentos de alto IG (arroz, batata, abóbora, pipoca)
Liberam glicose rapidamente, pois são digeridos e absorvidos rapidamente, provocando
maiores alterações na curva glicêmica.
O índice glicêmico varia de acordo com a composição dos alimentos ricos em carboidratos
(estrutura química, tamanho da molécula, presença de monossacarídeos ou amilose e
amilopectina). A presença de fibras, antinutrientes, proteínas e lipídios também irá influenciar
na liberação de glicose, assim como o grau de processamento e o cozimento dos alimentos.
Pensando no metabolismo energético, o consumo constante de alimentos de alto índice
glicêmico pode estimular a produção de insulina a fim de garantir o retorno da homeostase da
glicose sérica. Isso pode causar a redução da saciedade da refeição e sobrecarregar a
produção de insulina pelas células beta do pâncreas, cooperando com o aparecimento do
diabetes tipo 2 em longo prazo.
Tabela 4: Valores de referência para classificação do IG dos alimentos
Classificação do IG IG (glicose = 100)
Alto > 70
Médio 56 – 69
Baixo < 55
 Autor: Adaptado de BIESEK E COLABORADORES (2015).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 ATENÇÃO
O IG considera somente a qualidade em uma quantidade fixa de carboidratos, enquanto a
Carga Glicêmica (CG) considera tanto a quantidade de carboidrato como a sua qualidade
(COZZOLINO; COMINETTI, 2013).
Isso quer dizer que para alguns pesquisadores o IG perde o sentido, pois a quantidade de
carboidrato analisado na curva glicêmica não é normalmente a quantidade que será ingerida
em uma porção. A CG é descrita como uma equação que multiplica o IG do alimento pela
quantidade de carboidrato disponível na porção que será consumida, e isso será dividido por
100 para representar um valor percentual.
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontalA glicose é o alimento controle para CG (IG igual a 100%) e, baseado nesse valor de
referência, são classificados como baixo CG valores iguais ou menores que 10%, média CG
valores entre 11 e 19% e alta CG valores maiores ou iguais a 20%.
De acordo com Cozzolino & Cominetti (2013), estudos realizados em 30 anos de existência e
uso do IG, bem como os estudos de CG, mostram evidências concretas que justificam o uso
desses marcadores visando à diminuição de risco de doenças crônicas não transmissíveis. A
CG pode ser utilizada para avaliar a qualidade dos alimentos que vão compor a dieta de um
paciente diabético e o IG pode ser benéfico ao analisar a composição de refeições e como
essas podem auxiliar a resposta glicêmica do organismo.
CG = (IG x g de carboidrato disponível na porção) /100
O METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS E A
RESPOSTA GLICÊMICA DOS ALIMENTOS
A especialista Aline Monteiro aborda o metabolismo dos carboidratos e a resposta glicêmica
dos alimentos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, o carboidrato é a principal fonte de energia dos organismos vivos e o corpo
humano pode armazenar quantidades significativas em forma de glicogênio. Os carboidratos
podem ser classificados de acordo com sua estrutura química e o tamanho da molécula, mas
também de acordo com a digestibilidade em relação às enzimas humanas.
Nesse contexto, os carboidratos conhecidos como não digeríveis são as fibras dietéticas que
apresentam funções específicas na saúde intestinal. A ausência de carboidratos na dieta pode
provocar desvio das proteínas de suas funções plásticas e reparadoras para participar da
síntese de energia e colaborar para a desnutrição. Porém, o consumo excessivo de
carboidratos na dieta está associado ao acúmulo anormal de gordura no tecido adiposo e
alteração na produção de insulina pelas células beta do pâncreas, que podem contribuir para
maior incidência de obesidade e diabetes tipo 2 na população mundial.
Temos certeza de que a partir deste momento você está apto a um planejamento alimentar
equilibrado no consumo de carboidratos.
 PODCAST
Agora, a especialista Renata Baratta dos Passos encerra o tema falando sobre a visão de um
nutricionista esportivo sobre a importância dos carboidratos na performance física de um atleta
de elite.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BIESEK, S.; ALVES, L. A.; GUERRA, I. Estratégias de nutrição e suplementação no
esporte. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2015.
CINTRA, I. P et al . Intervenções dietéticas: condutas clínicas nas dislipidemias. In : COSTA
R. P.; MAGNONI, C. D. IMeN - Instituto de Metabolismo e Nutrição, 1977.
COZZOLINO, S. M.; COMINETTI, C. Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição: nas
diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Barueri, SP: Manole, 2013.
CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. 3. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
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Coutinho. W (coord.), vol. 43. São Paulo, 1999.
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Washington (DC): National Academy Press, 2003.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat,
fatty acids, cholesterol, protein and amino acids. Washington (DC): National Academy
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MCARDLE, W. D.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício/Nutrição, energia e desempenho
humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
NELSON, D. L. & COX M. M. Lehninger Principles of Biochemistry. USA: Worth Publishers,
2000.
NEPA. Tabela brasileira de composição de alimentos/NEPA – UNICAMP. 4. ed. Campinas:
NEPA-UNICAMP, 2011.
ROBERFROID, M.; GIBSON, G. R.; HOYLES, L.; MCCARTNEY, A. L. et al . Prebiotic
effects: metabolic and health benefits. Cambridge University Press, 2010.
VELÁZQUEZ, O. C.; LEDERER, H. M.; ROMBEAU, J. L. Butyrate and colocyte. Implications
for neoplasia. In : Pumed, 1996.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:
Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição: nas diferentes fases da vida, na saúde e na
doença, de Silvia Cozzolino e Cristiane Cominetti.
CONTEUDISTA
Renata Baratta dos Passos
 CURRÍCULO LATTES
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