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aaaaaaaaMetabolismo de carboidratosaaaaaa Conceito: Os carboidratos são produzidos pelos vegetais e são uma importante fonte de energia na dieta, compondo cerca da metade do total de calorias. Os carboidratos são compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio em uma proporção C : O : H2 . Os carboidratos dietéticos podem ser categorizados como (1) monossacarídeos, (2) dissacarídeos e oligossacarídeos e (3) polissacarídeos. Fórmula geral: [C(H2O)]n – hidratos de carbono Função - Principal combustível energético para os organismos heterotróficos – Função estrutural: parede celular, matriz, extracelular – Lubrificação das junções ósseas – Reconhecimento e adesão celular Classificação Monossacarídeos São os CHO mais simples, constituídos de 3 a 7 átomos de carbono. São os monômeros à partir dos quais são formados os outros CHO mais complexos. São muito solúveis em água, sendo facilmente transportados pelo corpo; Os nomes dados aos monossacarídeos são formados por um prefixo que indica o número de carbonos e um sufixo “ose” EXEMPLOS Glicose: É o monossacarídeo mais importante e mais amplamente distribuído na natureza (Dextrose) Frutose: É o mais doce entre os monossacarídeos. Considerado o “açúcar” das frutas (1-7%), mel (40%) Galactose: Raramente encontrada livre na natureza Dissacarídeos São constituídos pela união de dois monossacarídeos. Estes encontram-se ligados através de uma ligação glicosídica. Oligossacarídeos Podem ser divididos em duas classes: digeríveis e não digeríveis. Digeríveis: Maltodextrina – Polímeros de glicose não metabolizáveis de forma rápida no organismo humano Não-digeríveis: Rafinose, estaquiose, inulina, FOS - A rafinose é um trissacarídeo constituído de resíduos de galactose, glicose e frutose. É encontrada na soja (1,9%), no feijão (0,5%), no grão-de-bico (1,0%) e na lentilha (0,6%), açúcar da beterraba. - A Inulina abrange um grupo variado de polímeros de frutose (frutana), com uma unidade de glicose terminal, sendo a ligação entre as moléculas de frutose do tipo β(2-1). Valor calórico: 1 Kcal/g. Particularmente abundante nas raízes da chicória, do qual é extraída industrialmente. - A estaquiose um tetrassacarídeo composto por duas galactoses, uma glicose e uma frutose, encontrado nas leguminosas e abóbora. - Os FOS (Frutooligossacarideos) são polímeros naturais de frutose (2~10) ligados a uma molécula inicial de glicose (ligaçõesβ (2→1)). Também podem ser produzidos comercialmente por uma ação enzimática sobre a sacarose. Encontrados no trigo, centeio, aspargos, cebola, chicória e alcachofra, tomate, banana, cevada, centeio, alho, girassol. Os FOS são produzidos pela hidrólise da inulina, têm cerca de 30% da doçura da sacarose, paladar agradável, e são estáveis em pH > 3 e até 140 oC. Dose segura máxima para seres humanos: 2,17mg/Kg/dia. Polissacarídeos São polímeros formados por vários monossacarídeos unidos entre si; São insolúveis em água. Estas macromoléculas podem ser desdobrados em monossacarídeos por hidrólise; Sua insolubilidade é vantajosa para os seres vivos, pois, permite que eles participem como componentes estruturais da célula ou que funcionem como armazenadores de energia; - A celulose é um polímero não-ramificado de glicose com ligações glicosídicas β-1,4 - O amido é um polímero de glicose com ligações glicosídicas α-1,4e ramificaçõesα-1,6 - O glicogênio também é um polímero de glicose com ligações glicosídicas α-1,4 e ramificaçõesα-1,6 Fibras Fibra dietética refere-se aos componentes vegetais intactos que não são digeridos pelas enzimas gastrointestinais (GIs), enquanto a fibra funcional refere-se a carboidratos não digeridos que foram extraídos ou produzidos a partir de vegetais. Ambos os tipos de fibras mostraram ter funções fisiológicas benéficas no trato GI e na redução do risco de certas doenças. Fibra alimentar ou dietética: Todos os polissacarídeos de plantas e ligninas que são resistentes à hidrólise pelas enzimas digestivas humanas e mais a lignina – um polímero de fenilpropano Fibra funcional: Refere-se a todos os carboidratos não digeridos que foram extraídos ou produzidos a partir de vegetais e que exerçam efeitos benéficos ao indivíduo. As fibras e os lipídeos séricos • As fibras insolúveis e solúveis - Sequestram ácidos biliares fecais; - Impedem a absorção de gordura e colesterol dietéticos; Os oligossacarídeos não digeríveis - Produção de AGCC – Possíveis mecanismos: • Intensificam a reabsorção de H2O e Na+ • Aumentam a proliferação dos colonócitos; • Energia metabólica; • Intensificam o fluxo sanguíneo colônico; • Aumentam a produção de hormônios GI (GLP-1, PYY) • Principais AGCC Butirato (4C) • Principal fonte de energia dos colonócitos; Propionato(3C) • Importante para o metabolismo de lipídeos e glicose no fígado Amido resistente Porção do amido resistente à digestão. Cereais: 0,4~2% Batata: 1~3,5% Legumes: 3,5~5,7% Podem ser fermentados no cólon pelas bactérias (>400tipos) Da mesma forma que as fibras funcionais podem gerar AGCC, estimulam o crescimento das bactérias da flora intestinal Digestão A digestão do amido inicia-se na boca pela ação da enzima denominada alfa-amilase salivar. Após a ação desta enzima, o amido (polissacarídeo) será convertido em fragmentos menores de amilose e amilopectina (polissacarídeos) e alta concentração de maltose (dissacarídeo) e maltodextrina (oligossacarídeo). A continuidade do trabalho da alfa-amilase salivar será realizada no intestino delgado, pela alfa-amilase pancreática. Nesse ponto, o teor de fragmentos de amilose e amilopectina livre é bem menor, e o teor de maltose e maltodextrina é aumentado. As moléculas de maltose e maltodextrina no intestino delgado sofrerão ação de enzimas denominadas hidrolases, posicionadas nas microvilosidades da borda em escova, próximo aos transportadores específicos envolvidos na absorção dos monossacarídeos. Os dissacarídeos presentes na dieta iniciarão sua digestão pelas hidrolases específicas: - A sacarose será convertida em uma molécula de glicose e de frutose por ação da sacarase (também conhecida como invertase). - A lactose será convertida em uma molécula de galactose e de glicose pela ação da lactase. A lactase é uma enzima produzida em altas concentrações em bebês e, a medida que o indivíduo cresce, sua concentração no intestino diminui Intolerância a lactose A intolerância a lactose é causada pela deficiência da enzima lactase e pode afetar pessoas em todos os estágios da vida. A lactose é produzida quase exclusivamente nas glândulas mamárias da maioria dos animais lactantes e, após o desmame, o trato gastrointestinal de mamíferos adultos reduz substancialmente aprodução da enzima lactase, fazendo com que sua atividade se limite a 10% do valor neonatal. No entanto, a redução na atividade enzimática não deve ser confundida com um estado patológico. Essa condição é muito prevalente na população adulta mundial. Pequenas quantidades de lactose do leite podem ser muito toleradas pela maioria dos adultos (cerca de 12g em 250 mL de leite), além de produtos com teores reduzidos de lactose, como queijo e iogurte, mesmo por aqueles que não digerem bem a lactose. O consumo de leite em quantidades moderadas e fracionadas ao longo do dia tem sido encorajado em todo o mundo, uma vez que é uma fonte de proteína, cálcio e riboflavina. Em crianças, a intolerância à lactose é tipicamente secundária a uma infecção do intestino delgado que pode causar destruição das células da mucosa intestinal. Como a lactase é produzida na ponta das microvilosidades intestinais, frequentemente é a primeira enzima perdida nas doenças intestinais, e o leite deve ser reintroduzido o mais rápido possível. Absorção – Difusão passiva – Absorção ativa Uma vez digeridos, os monossacarídeos (geralmente glicose, galactose e frutose) deverão ser absorvidos por processos distintos. A glicose e a galactose são absorvidas por um processo ativo (com gasto de ATP) com o auxílio de um transportador de sódio dependente denominado SLGT1. A frutose é absorvida por transporte facilitado pelo GLUT5. A absorção da frutose melhor quando fornecida em conjunto com outros monossacarídeos; se fornecida isoladamente, sua absorção é minimizada É importante destacar que as hexoses são transportadas por cinco transportadores proteicos principais denominados GLUT, que são numerados de 1 a 5 pela ordem de descoberta. Após o processo de digestão e absorção, os monossacarídeos estarão livres para circular na corrente sanguínea. A glicose circulante, mediante a ação da insulina, será remetida para o interior das células. No fígado e nos músculos, a glicose será armazenada na forma de glicogênio formado pela glicogênese. A galactose e a frutose circulantes serão incorporadas a via glicolítica e convertidas em glicose. Diferentemente dos monossacarídeos e dissacarídeos, os polióis como o sorbitol e manitol serão pouco absorvidos pelo trato gastrintestinal, o que justifica o uso dessas substâncias como edulcorantes em alimentos. Porém poderão servir de substrato a microorganismos fermentadores no intestino e no cólon, e seus metabólitos poderão causar flatulência ou diarreia, dependendo da quantidade ingerida. A digestão da sacarose e da maltose é rápida, e os monossacarídeos liberados serão prontamente absorvidos, causando resposta glicêmica rápida. Entre os oligossacarídeos, a maltodextrina disponibilizará rapidamente glicose livre para ser absorvida, mas o mesmo não ocorre com a rafinose e estaquiose, que serão fermentadas por microorganismos no intestino Dependendo do tipo de amido presente no alimento, do graus de compactação do grão e do grau de interação com lipídeos, poderá ocorrer uma digestão completa ou não. Amidos retrógrados tendem a ser menos digeríveis do que amidos somente hidratados ou amidos gelatinizados. Os diferentes tipos de amidos terão diferente perfis de digestão, portanto, é possível que algumas moléculas de amido sejam totalmente convertidas em açúcares absorvíveis , e outras nem tanto Tal consideração levou alguns pesquisadores a desenvolver o conceito de índice glicêmico, útil para avaliar o potencial no aumento da glicemia de alimentos fonte de carboidratos. Metabolismo Os carboidratos são utilizados como fonte energética pelas células, principalmente na forma de glicose. O excesso pode ser convertido em glicogênio ou ácidos graxos, e também utilizado para síntese de aminoácidos. O controle glicêmico é mediado por uma série de hormônios. O hormônio inicialmente solicitado é a insulina. Após uma refeição, o pâncreas libera insulina para propiciar a ativação dos receptores celulares de captação e também estimular a glicogênese e a lipogênese. Durante o jejum, o pâncreas libera o glucagon para promover a glicogenólise, tanto em nível hepático como muscular. Outros hormônios relacionados ao metabolismo de carboidratos são a epinefrina e a tiroxina. A epinefrina, em situação de estresse estimula a glicogenólise e o aumento da glicemia, e os hormônios glicocorticóides aumentam a gliconeogênese e inibem a utilização de glicose nos tecidos extra-hepáticos Índice glicêmico O índice glicêmico é uma classificação proposta para quantificar a glicose sanguínea após a ingestão de um alimento com carboidrato. Expressa o aumento da glicemia após duas horas da ingestão de um alimento-teste, com 50g de carboidrato disponível, em relação à mesma quantidade de carboidrato de um alimento de referência (pão branco ou glicose). Quando o alimento-referência é o pão, os alimentos que apresentam IG menor ou igual a 75 são considerados de baixo IG e os com IG maior ou igual a 95, de alto IG. Quando a glicose é utilizada como controle, esses valores devem ser multiplicados por 0,7. Alimentos de alto IG são rapidamente digeridos e absorvidos com maior efeito na glicemia. Certos tipos de amido, como os presentes na batata, no pão branco e em cereais matinais, provocam alterações glicêmicas maiores e mais rápidas do que o açúcar. A importância do estudo do IG dos alimentos está relacionada aos possíveis efeitos terapêuticos de dietas com baixo IG para indivíduos portadores de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) principalmente obesidade, diabetes melito e dislipidemia. Alguns fatores interferem no aproveitamento dos carboidratos e podem provocar diferentes respostas glicêmicas, aumentar ou diminuir o tempo de digestão e influenciar no IG de outros alimentos: - estrutura e tipo de amido presente : alguns tipos de grânulos de amidos são mais resistentes à degradação pela alfa-amilase pancreática - processamento e/ou armazenamento do alimento: o primeiro pode facilitar ou dificultar a digestão do amido - Tamanho da partícula: grãos intactos e partículas grandes dificultam a digestão do amido - presença de proteína e gordura: diminuem o tempo de esvaziamento gástrico - quantidade de fibra alimentar: as fibras retardam a digestão do amido O índice glicêmico de um alimento é determinado pela avaliação de várias pesquisas e disponibilizado em tabelas. O IG de uma refeição mista pode ser determinado da seguinte forma: 1) Multiplicar o conteúdo de carboidrato de cada alimento consumido (por porção) pelo IG respectivo 2) Somar o produto obtido de todos os alimentos consumidos e dividir pela quantidadetotal de carboidrato Carga Glicêmica A carga glicêmica tem o objetivo de relacionar o IG com a forma como o alimento é ingerido e pode ser calculada pelo produto do IG do alimento e a quantidade de carboidrato disponível presente na porção consumida, divididos por 100. A CG de uma dieta mista é calculada pela somatória da CG individual dos alimentos que a compõem. A classificação da CG do alimento e da dieta, utilizando a glicose como alimento de referência, pode ser observada no seguinte quadro: g do alimento (IG X Carboidrato disponível na porçC = Referências MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. Krause, alimentos, nutrição & dietoterapia. editora roca, 2005. PHILIPPI, Sonia Tucunduva. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. Editora Manole, 2008. SHILS, Maurice E. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. Manole, 2003. Classificação CG do alimento CG da dieta BAIXA Menor ou igual a 10 Menor ou igual a 80 ALTA Maior ou igual a 20 Maior ou igual a 120
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