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BEATRIZ MARTINS – TURMA III MEDICINA UFBA 1 A GLÂNDULA TIREOIDE FUNÇÕES ▪ Produz os hormônios tireoxina (T4 ou tetraiodotironina) e a triiodotironina (T3) constantemente, ajustando a síntese de acordo com as necessidades energéticas, calóricas e temperatura ambiental. ▪ A glândula produz calcitonina através de suas células parafoliculares → redução da [Ca ] no plasma. FUNÇÕES GERAIS DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS T3 E T4 ▪ Esses hormônios aumentam a utilização e o metabolismo de O2, modulam a distribuição de O2 de acordo com as necessidades dos sistemas e aumentam a velocidade de geração de calor. o Sofrem influência da quantidade de ingesta de iodo. o Essenciais para o crescimento e maturação normais do feto. Até as 12 semanas, o feto não é capaz de produzir seus hormônios tiroidianos, dependendo das reservas maternas. Após o primeiro trimestre, o T3 e T4 maternos não atravessam mais a placenta. ▪ Pp. SNC e esqueleto ▪ T3 → Hormônio ativo. Supre quase todas as atividades nas células alvo. Meia vida curta (1d) – reservatório muito menor e mais curto. ▪ T4 → Atua como pró-hormônio (reserva), pois é apenas ¼ ativo. Pode ser convertido em T3. Possui meia vida prolongada (6d) o Taxa de síntese de T3:T4 = 1:10 o Praticamente todo T3 e T3r provém da desiodinação do T4 plasmático. ▪ A reposição hormonal é quase sempre realizada com o T4 (mimetizar a condição fisiológica) para: normalizar os níveis de T4 e de TSH. ANATOMIA FUNCIONAL ▪ Localiza-se entre a traqueia. ▪ Constituída por folículos → superfície formada por células foliculares, que possuem uma membrana basal em contato com os capilares ou com as células parafoliculares; e uma membrana apical em contato com o coloide (material contendo hormônios, tireoglobulinas, proteínas e enzimas no lúmen do folículo). o A proximidade com os capilares sanguíneos permite a captação de iodo e a liberação endócrina dos hormônios. ▪ As parafoliculares estão dispersas no interior da glândula. BEATRIZ MARTINS – TURMA III MEDICINA UFBA 2 SÍNTESE DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS CAPTAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE IODETO NA TIREÓIDE Ingestão → corrente sanguínea → capilares da tireoide → transporte simpote ativo de Na-I (NIS) na membrana basal do folículo → dentro da célula folicular → dentro do coloide → oxidação do iodo (I¹ para I⁰). ▪ O I- é um componente essencial na dieta. Do que foi ingerido, a glândula capta cerca de 80µg diariamente (então essa deve ser a ingesta diária mínima). ▪ O transporte NIS aumenta a relação entre [I] glândula/[I] plasmático. Como é contra o gradiente, deve ser um transporte ativo. o Aníons como Tiocianato (CSN-), perclorato (CIO4- ) e pertecnato (TcO4-) são inibidores competitivos do transporte de I. ▪ Contaminação → intoxicação → hipotireoidismo. ▪ Iodo é transportado ao lúmen folicular (coloide) ao passar pela proteína pendrina. O peróxido de hidrogênio faz a oxidação do Iodo que vai permitir sua ligação à tirosina, a enzima tireoide peroxidase catalisa esse processo. ▪ Quando há deficiência de I-, ocorre: uso das reservas energéticas (até 2 meses), aumento da taxa de captação pela tireoide (podendo chegar à 90%), redução da excreção urinária, conversão e síntese preferencial de T3 sobre T4. ▪ Quando há aumento da ingesta de I → aumento da taxa de síntese até exceder 2000µg, quando há inibição da síntese e declínio de volta aos níveis basais. FORMAÇÃO DA TIREOGLOBULINA É uma glicoproteína produzida dentro das células parafoliculares → armazenada em vesículas no complexo de golgi → deslocamento até o coloide. ▪ INCORPORAÇÃO DE MOLÉCULAS DE TIROSINA À TIREOGLOBULINA: Ocorre por meio de ligações peptídicas. ▪ INCORPORAÇÃO DO IODO ÀS MOLECULAS DE TIROSINA QUE ESTÃO LIGADAS À TIREOGLOBULINA → Formação da tirosina iodada. FORMAÇÃO DAS IODOTIRONINAS E DOS HORMÔNIOS ▪ Dentro da tireoglobulina duas tirosinas iodadas são acopladas formando uma molécula de iodotironina chamada DIT. ▪ Quando as iodotironinas contém apenas uma tirosina iodada, chamamos de MIT. o Esses acoplamentos são catalisados pela tireoide peroxidase também. ▪ DIT + DIT = T4 ; DIT + MIT =T3. Lembre-se que todo esse processo ocorre acoplado à tireoglobulina ENDOCITOSE DA TIREOGLOBULINA E LIBERAÇÃO DOS HORMÔNIOS A megalina, uma molécula receptora, estimula a endocitose da tireoglobulina (TGNA), levando-a para dentro da célula folicular → A TGNA fica dentro de uma vesícula → Lisossomos liberam peroxidases na vesícula que desmembram a BEATRIZ MARTINS – TURMA III MEDICINA UFBA 3 TGNA, liberando os hormônios T3 e T4, os DITs e os MITs → hormônios livres saem pela membrana basal e entram no capilar. ▪ Os MITs e DITs livres são desionizados (perdem seu iodo) e os 3, junto com a TGNA, são reciclados. CORRELAÇÕES CLÍNICAS Qualquer defeito em qualquer etapa nessa sequencia de eventos pode resultar em hipotireoidismo. Mutações do NIS e da pendrina já foram registradas como causas. As tiouracilas são um grupo de fármacos que inibem a peroxidase, sendo úteis nos casos de hiperfunção da tireoide. Em alguns casos o iodeto pode ser uado como tratamento inicial de curto período para tratar hipertireoidismo (pelo feedback negativo do seu excesso). REGULAÇÃO DA ATIVIDADE DA GLÂNDULA TIREOIDE ▪ Tireoide faz parte do eixo hipotálamo -hipófise anterior – glândula. ▪ O pp. estimulante da secreção tireoidiana é o hormônio tireoestimulante/tireotropina/TSH, secretado pela hipófise anterior. Ele estimula todos os passos na produção do hormônio, assim como muitos aspectos do metabolismo celular tireoide, inclusive seu crescimento. o É estimulado pelo hormônio hipotalâmico TRH (H. liberador de tireotropina). o Há liberação pulsátil de TSH no plasma. ▪ O T3 e o T4 em níveis elevados causam feedback negativo, diminuindo a síntese e liberação de TSH e TRH. Isso mantém níveis plasmáticos relativamente constantes dos dois hormônios. o Na realidade a molécula efetora do feedback é o T3; no tecido cerebral o T4 pode sofrer desiodinação (tornando-se T3) e fazer a inibição. ▪ O TSH é inibido por: dopamina, somatostatina, cortisol e hormônio do crescimento. o Durante o jejum total o TSH se torna menos responsivo ao TRH → diminuição do metabolismo em repouso. o A ingestão de calorias em excesso aumenta os níveis de T3, que inibem o TSH e aumentam o metabolismo. AÇÕES DO TSH SOBRE A CÉLULA TIREÓIDEA ▪ Defeito genético, anormalidades no receptor de TSH, diminuição adquirida da síntese de T3 e T4 (inflamação, fármacos), baixa ingesta de I- → exposição contínua ao TSH → hiperplasia e hipertrofia das células foliculares (produção de fatores de crescimentos, como os semelhantes à insulina) → bócio. → Quando há deficiência prolongada dos hormônios, pode haver hipertrofia da hipófise. ▪ Na sua ausência, a glândula tireóidea sofre atrofia, embora mantenha um nível de secreção basal baixo de secreção hormonal. ▪ TSH se liga ao seu receptor e ativa a adenilil ciclase → AMPc + sistema fosfatodolinositol → estímulo à captação de I- e às etapas de síntese. BEATRIZ MARTINS – TURMA III MEDICINA UFBA 4 OS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS NO PLASMA ▪ Circulam quase completamente ligados a proteínas, pp. globulina ligada à tireoxina (TBG). O restante (30%) se liga à trantiretina e à albumina. Menos de 1% está na forma livre. o Criam um reservatório circulante de T4 que tampona alterações agudas na função tireóidea. ▪ Os hormônios livres são responsáveis pelo feedback hipofisário. o Existem compensações: se eu diminuo o T4 livre, eu dissocio da proteína. O mesmo ocorre inversamente. o Uma alteração primária na concentração de TBG afeta a relação do T4 livre e ligado, fazendo com que a glândula tireóidea, que está normal, modifique sua taxa de síntese até gerar um novo equilíbrio de T4 livre. Logo, contanto que a função da glândula permaneça normal,as alterações na TBG não geram distúrbios. ▪ Hepatopatia aguda, gestação e terapia estrogênica elevam os níveis de TBG; hepatopatia crônica, como cirrose ou doença renal crônica, diminuem a TBG (diminuem sua síntese no fígado ou aumentam sua excreção na urina). Contudo, as alterações no T4 livre serão transitórias. ▪ As 5-desiodinases catalisam a conversão de T4 emT3. Normalmente a clivagem em T3 e T3r é equivalente. A concentração de T3 aumenta quando é fisiologicamente desejável aumentar a função dos hormônios tireoidianos, como no frio, gerando relação maior entre T3/T3r. o Pessoas criticamente doentes e com mau prognóstico podem ter o oposto. OS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS DENTRO DA CÉLULA ▪ Ingressam nas células alvo por carreadores dependentes de energia. Grande parte do T4 é desionizado em T3 → T3 adentra no núcleo e interage com o DNA estimulando ou inibindo a transcrição que gerariam enzimas, hormônios, TSH, receptores de T3 e outros. o As respostas estão condicionadas ao número de receptores e, consequentemente, ao número de moléculas que atuam. ▪ Defeitos nos receptores de T3 podem gerar resistência ao hormônio tireóideo → hipotireoidismo (já que não consegue fazer suas funções). o Se a disfunção for generalizada, o indivíduo estará hipertireoidica. o Se a disfunção ocorrer apenas no segmento hipotálamo-hipófise → feedback será ineficiente → excesso de TSH → hipertireoidismo. ▪ Estimula o consumo de O2, a atividade da bomba a-K- ATPase, estimula o Ca-ATPase no retículos, síntese e oxidação de ácidos graxos e glicose, termogênese e produção de calor. o Aumento da ventilação pela geração de CO2 devido ao alto gasto energético. o Aumento do débito cardíaco para maior distribuição do O2 (aumenta diretamente a captação de ca+ pelo miocárdio). o Estimula a biossíntese de colesterol e sua oxidação, assim como a conversão em ácidos biliares e secreção biliar. o Potencializa os efeitos de outros hormônios para acelerar a resposta metabólica à inanição. BEATRIZ MARTINS – TURMA III MEDICINA UFBA 5 INTERAÇÃO COM O SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO ▪ Aumenta a sensibilidade dos tecidos aos efeitos termogênicos, lipolíticos glicogenolíticos e gliconeogenicos da epinefrina e da norepinefrina. ▪ Pode aumentar as respostas cardiovasculares às catecolaminas (aumento no número de receptores B- adrenérgicos); ▪ Diminuição da excreção urinária de norepinefrina. ▪ Por isso o hipertireoidismo leva a perda de peso e aumento da fome → há aumento exacerbado da taxa metabólica. A produção demasiada de calor causa desconforto e inquietação, febre sudorese, sede e hiperventilação. O aumento da responsividade B- adrenérgica leva ao tremor, nervosismo e insônia. FC elevada que pode gerar IC. o O uso de antagônicas B-adrenérgicos amenizam as manifestações do SN simpático. INTERAÇÃO COM O SISTEMA ESQUELÉTICO ▪ Estimulam o crescimento linear, o desenvolvimento e a maturação dos ossos. o T3 tem efeito direto sobre os condrócitos da placa óssea. Também estimula a secreção de hormônios do crescimento. o Não é essencial para o crescimento linear após o nascimento, mas auxilia na maturação dos ossos fetais. ▪ Estimula a remodelação do osso maduro mineralizado. o Promove reabsorção óssea por aumento de citocinas. ▪ O avanço do desenvolvimento e erupção dos dentes depende do T3, assim como a renovação normal da epiderme e dos folículos pilosos. Acelera a troca de pele e do cabelo. ▪ É necessário para o funcionamento normal da musculatura esquelética (regulação da produção e armazenagem de energia no tecido). o Reduz a quantidade de creatina no musculo. INTERAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO DO SNC ▪ Receptor de t3 é expresso no cérebro durante toda a vida fetal. ▪ A atividade da 5-desiodinase é ampliada e há declínio na degradação de T3. ▪ Se deficiência do hormônio no útero → dano ao desenvolvimento do córtex cerebral e cerebelar, proliferação de axônios, ramificação de dendritos e mielinização. ▪ Em crianças e adultos, aumenta a velocidade e a amplitude de reflexos, o estado de alerta e vigília, a responsividade a estímulos, a consciência da fome, bem como a capacidade de memorizar e aprendizagem. Os efeitos clínicos do hipotireoidismo no recém-nascido são conhecidos como cretinismo. Podem levar à retardo mental, atraso no DNPM, letargia, imaturidade esquelética e baixo rendimento escolar. INTERAÇÃO COM A FUNÇÃO REPRODUTIVA ▪ Causam alteração no metabolismo dos hormônios esteroides sexuais. FONTE: FUNDAMENTOS DE FISIOLOGIA. BERNE & LEVI BEATRIZ MARTINS – TURMA III MEDICINA UFBA 6 HIPOTIROIDISMO CAUSAS QUADRO CLÍNICO MECANISMO
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