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Tireoide, hormônios tireoidianos e distúrbios da tireoide

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Stephanie Liberatori
Tireoide
· Localizada abaixo da laringe e ocupando as regiões laterais e anterior da traqueia.
· É uma das maiores glândulas endócrinas.
· Secreta 2 hormônios principais: a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), que aumentam o metabolismo do organismo.
· A ausência completa de secreção tireoidiana, em geral, faz com que o metabolismo basal caia para 40% a 50% do normal, e o excesso extremo de secreção pode aumentá-lo de 60% a 100%.
· A secreção tireoidiana é controlada, principalmente, pelo hormônio tireoestimulante (TSH), secretado pela hipófise anterior.
Síntese e secreção dos hormônios metabólicos tireoidianos
· Cerca de 93% dos hormônios metabolicamente ativos, secretados pela tireoide, consistem em tiroxina, e 7% são triiodotironina.
· Quase toda a tiroxina é, por fim, convertida em triiodotironina nos tecidos.
· As funções desses dois hormônios são qualitativamente iguais, mas diferem na velocidade e na intensidade de ação.
· A triiodotironina é cerca de quatro vezes mais potente que a tiroxina, mas está presente no sangue em menor quantidade e persiste por um tempo muito curto.
Anatomia e fisiologia da tireoide
· A tireoide é composta por grande número de folículos fechados, cheios de uma substância secretora, chamada coloide, e revestidos por células epiteliais cuboides, que secretam seus produtos para o interior dos folículos.
· O coloide é constituído, em sua maior parte, pela glicoproteína tireoglobulina, cuja molécula contém os hormônios tireoidianos. 
· Uma vez que a secreção chega aos folículos, deve ser reabsorvida, através do epitélio folicular, para o sangue, a fim de poder realizar sua função no corpo.
· A tireoide contém também células C, que secretam calcitonina, um hormônio que contribui para a regulação da concentração plasmática de íons cálcio.
O iodo é necessário para a formação de tiroxina
· Para formar quantidades normais de tiroxina, é necessária a ingestão de cerca de 50 miligramas de iodo na forma de iodeto a cada ano, ou cerca de 1 mg/semana.
Bomba de iodeto – o simporte de sódio-iodeto (captação de iodeto)
· O primeiro estágio de formação dos hormônios tireoidianos é o transporte de iodeto do sangue para as células e folículos glandulares da tireoide.
· A membrana basal das células tireoidianas tem a capacidade específica de bombear, ativamente, iodeto para o interior da célula.
· Esse bombeamento é realizado pela ação de simporte de sódio-iodeto, que cotransporta um íon iodeto, junto com dois íons sódio, através da membrana basolateral (plasma), para a célula.
· A energia para transportar iodeto contra o gradiente de concentração vem da bomba de sódio-potássio adenosina trifosfatase (ATPase), que bombeia sódio para fora da célula, instituindo, desse modo, baixa concentração de sódio intracelular e gradiente de difusão facilitada para dentro da célula.
· Esse processo de concentração do iodeto na célula é chamado captação de iodeto.
· Na glândula normal, a concentração de iodeto, gerada pela bomba, é cerca de 30 vezes maior que a do sangue.
· A captação de iodeto pela tireoide é influenciada por diversos fatores, dos quais o mais importante é o TSH.
· O iodeto é transportado para fora das células da tireoide pela membrana apical para o folículo, por meio de molécula contratransportadora de íons cloreto-iodeto, chamada pendrina.
· As células epiteliais da tireoide podem também secretar tiroglobulina para o folículo que contém aminoácidos de tirosina a que o iodo vai se ligar.
Tireoglobulina e a bioquímica da formação de tiroxina e triiodotironina
Formação e secreção de tireoglobulina pelas células da tireoide
· As células da tireoide são típicas células glandulares secretoras de proteínas; o retículo endoplasmático e o aparelho de Golgi sintetizam e secretam para os folículos uma grande glicoproteína chamada tireoglobulina.
· Cada molécula de tireoglobulina contém cerca de 70 aminoácidos tirosina, que são os principais substratos que se combinam com o iodo para formar os hormônios tireoidianos.
· Os hormônios tiroxina e tri-iodotironina são formados a partir dos aminoácidos tirosina e formam parte da molécula de tireoglobulina durante a síntese dos hormônios tireoidianos, até mesmo enquanto estão armazenados no coloide folicular.
Oxidação do íon iodeto
· O primeiro estágio essencial à formação dos hormônios tireoidianos é a conversão dos íons iodeto para a forma oxidada de iodo, ou iodo nascente (I0) ou I3−, que, então, é capaz de se combinar diretamente com o aminoácido tirosina.
· Oxidação promovida pela enzima peroxidase, acompanhada de peróxido de hidrogênio.
· Quando o sistema da peroxidase é bloqueado ou quando está hereditariamente ausente das células, a formação de hormônios tireoidianos cai para zero.
Iodização da tirosina e formação dos hormônios tireoidianos – “organificação” da tireoglobulina
· A ligação do iodo com a molécula de tireoglobulina é chamada organificação da tireoglobulina.
· O iodo oxidado, até mesmo na forma molecular, liga-se diretamente, embora de forma muito lenta, ao aminoácido tirosina. Nas células da tireoide, entretanto, o iodo oxidado está associado à enzima peroxidase tireoidiana, que reduz a duração desse processo para segundos ou minutos.
· A tirosina é, inicialmente, iodada para monoiodotirosina e, então, para di-iodotirosina. Então, nos minutos, horas, ou mesmo dias seguintes, cada vez mais resíduos de iodotirosina se acoplam uns aos outros.
· O principal produto hormonal da reação de acoplamento é a molécula tiroxina (T4), formada quando duas moléculas de di-iodotirosina se unem; a tiroxina permanece como parte da molécula de tireoglobulina.
· Outra possibilidade é o acoplamento de uma molécula de monoiodotirosina com uma de di-iodotirosina, formando a tri-iodotironina (T3), que representa cerca de 1/15 do total de hormônios.
Armazenamento da tireoglobulina
· A tireoide tem a capacidade incomum entre as glândulas endócrinas de armazenar grande quantidade de hormônios.
· Após o final da síntese dos hormônios tireoidianos, cada molécula de tireoglobulina contém cerca de 30 moléculas de tiroxina e algumas de tri-iodotironina.
· Os hormônios tireoidianos são armazenados nos folículos em quantidade suficiente para suprir as necessidades normais do organismo por 2 a 3 meses.
Liberação de tiroxina e tri-iodotironina pela glândula tireoide
· A maior parte da tireoglobulina não é liberada para a circulação, sendo necessário clivar a tiroxina e a tri-iodotironina da molécula de tireoglobulina para que ambos esses hormônios livres sejam liberados.
· A superfície apical das células da tireoide emite pseudópodes, que cercam pequenas porções do coloide, formando vesículas pinocíticas que penetram pelo ápice da célula.
· Então, lisossomos no citoplasma celular imediatamente se fundem com as vesículas para formar vesículas digestivas que contêm as enzimas digestivas dos lisossomos misturadas com o coloide.
· Múltiplas proteases entre as enzimas digerem as moléculas de tireoglobulina e liberam tiroxina e tri-iodotironina, em sua forma livre, que se difundem pela base da célula tireoidiana para os capilares adjacentes. Assim, os hormônios tireoidianos são liberados no sangue.
· Parte da tireoglobulina do coloide entra na célula tireoidiana por endocitose, depois de se ligar à megalina, uma proteína localizada na membrana luminal das células. Em seguida, o complexo megalina-tireoglobulina é transportado através da célula por transcitose até a membrana basolateral, onde uma parte da megalina permanece unida à tireoglobulina e é liberada no sangue capilar.
· Cerca de três quartos da tirosina iodada na tireoglobulina nunca se torna hormônio, permanecendo como monoiodotirosina e di-iodotirosina. 
· Durante a digestão da molécula de tireoglobulina para provocar a liberação de tiroxina e tri-iodotironina, essas tirosinas iodadas também são liberadas das moléculas de tireoglobulina. Entretanto, não são secretadas para o sangue. Ao contrário, seu iodo é clivado pela enzima deiodinase, que disponibiliza praticamente todo o iodopara a reciclagem na glândula e a formação de novas moléculas de hormônios tireoidianos. 
· Na ausência congênita da deiodinase, muitas pessoas podem apresentar deficiência de iodo devido à falha desse processo de reciclagem.
Transporte de tiroxina e tri-iodotironina para os tecidos
A tiroxina e a tri-iodotironina estão ligadas a proteínas plasmáticas
· Ao serem liberadas no sangue, mais de 99% da tiroxina e triiodotironina se combinam imediatamente às diversas proteínas plasmáticas sintetizadas pelo fígado. 
· Elas se combinam, principalmente, com a globulina de ligação de tiroxina e muito menos com a pré-albumina de ligação de tiroxina e albumina.
A tiroxina e triiodotironina são liberadas lentamente para as células teciduais
· Devido à alta afinidade das proteínas plasmáticas de ligação dos hormônios tireoidianos, essas substâncias — em particular, a tiroxina —são liberadas de forma lenta para as células teciduais.
· A metade da tiroxina sanguínea é liberada, aproximadamente, a cada seis dias, enquanto a metade da tri-iodotironina — devido à sua menor afinidade com as proteínas transportadoras — é liberada para as células em cerca de um dia.
· Ao penetrar as células, a tiroxina e a tri-iodotironina se ligam, novamente, a proteínas intracelulares; a ligação da tiroxina é mais forte que a da triiodotironina. Portanto, são de novo armazenadas, mas dessa vez nas próprias células-alvo, e são usadas, lentamente, ao longo de dias ou semanas.
A ação dos hormônios tireoidianos tem início lento e longa duração
· A tiroxina possui um longo período de latência antes do início de sua atividade.
· Uma vez que a atividade se inicia, ela aumenta progressivamente, até atingir um máximo em 10 a 12 dias. Depois disso, declina com uma meia-vida de cerca de 15 dias. 
· Parte da atividade persiste por 6 semanas a 2 meses.
· As ações da tri-iodotironina são cerca de quatro vezes mais rápidas que as da tiroxina, com período de latência de apenas 6 a 12 horas e atividade celular máxima ocorrendo de 2 a 3 dias.
Funções fisiológicas dos hormônios tireoidianos
Os hormônios tireoidianos aumentam a transcrição de um grande número de genes
· O efeito geral dos hormônios tireoidianos consiste em ativar a transcrição nuclear de grande número de genes > como consequência, há o aumento generalizado da atividade funcional de todo o organismo.
· A tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3) entram na membrana celular através de um processo de transporte mediado por carregador, dependente de adenosina trifosfato. Uma grande parte de T4 é deiodada para formar T3, que interage com o receptor de hormônio tireoidiano, ligado como um heterodímero ao receptor de retinoide X, do elemento genético de resposta ao hormônio tireoideano. Essa ação aumenta ou reduz a transcrição de genes que levam à formação de proteínas, produzindo, assim, a resposta celular ao hormônio tireoidiano. 
A maior parte da tiroxina secretada pela tireoide é convertida em triiodotironina
· Antes de agir nos genes, aumentando sua transcrição, um átomo de iodo é removido de quase todas as moléculas de tiroxina, formando tri-iodotironina.
· Os receptores intracelulares de hormônio tireoidiano têm afinidade muito alta com a tri-iodotironina. Consequentemente, mais de 90% das moléculas de hormônio tireoidiano que se ligam aos receptores consistem em tri-iodotironina.
Os hormônios tireoidianos ativam receptores nucleares
· Os receptores de hormônio tireoidiano estão ligados às fitas genéticas de DNA ou se localizam próximos a elas.
· O receptor do hormônio tireoidiano, em geral, forma heterodímero com o receptor de retinoide X (RXR) nos elementos específicos de resposta hormonal tireoidiana no DNA.
· Após se ligarem ao hormônio tireoidiano, os receptores são ativados e iniciam o processo de transcrição.
· Hormônios tireoidianos parecem também ter efeitos celulares não genômicos, que são independentes dos seus efeitos na transcrição gênica.
· Tais ações foram descritas em diversos tecidos, incluindo o coração e a hipófise, bem como o tecido adiposo. 
· Os locais de ação do hormônio tireoidiano não genômico parecem ser a membrana plasmática, o citoplasma e, talvez, algumas organelas, como as mitocôndrias. 
· Ações não genômicas do hormônio tireoidiano incluem a regulação de canais iônicos e fosforilação oxidativa e parecem envolver a ativação de mensageiros secundários intracelulares, tais como monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) ou as cascatas de sinalização das proteinocinases.
Os hormônios tireoidianos aumentam a atividade metabólica celular
· Os hormônios tireoidianos aumentam a atividade metabólica de quase todos os tecidos corporais.
· O metabolismo basal pode aumentar de 60% a 100% acima do normal, quando é secretada grande quantidade de hormônios.
· Embora a velocidade da síntese proteica seja aumentada, a velocidade do seu catabolismo também se eleva, simultaneamente. 
· A velocidade de crescimento de pessoas jovens também tem grande aumento. Os processos mentais são estimulados, bem como a atividade da maior parte das demais glândulas endócrinas.
Os hormônios tireoidianos aumentam o número e a atividade das mitocôndrias
· Com a injeção de tiroxina ou triiodotironina, as mitocôndrias aumentam em tamanho e em número.
· A superfície total da membrana das mitocôndrias aumenta de modo quase diretamente proporcional ao aumento do metabolismo.
Os hormônios tireoidianos aumentam o transporte ativo de íons através das membranas celulares
· Uma das enzimas, cuja atividade aumenta em resposta ao hormônio tireoidiano, é a Na +-K+-ATPase.
· Esse aumento da atividade potencializa o transporte de íons sódio e potássio através das membranas celulares de alguns tecidos.
· Como esse processo utiliza energia e aumenta a quantidade de calor produzido pelo organismo, foi sugerido que esse pode ser um dos mecanismos pelos quais o hormônio tireoidiano aumenta o metabolismo corporal.
Efeito do hormônio tireoidiano no crescimento
· O hormônio tireoidiano provoca efeitos gerais e específicos no crescimento.
· Em humanos, o efeito do hormônio tireoidiano no crescimento se manifesta principalmente em crianças.
· Nas que apresentam hipotireoidismo, o crescimento torna-se muito retardado. 
· Nas com hipertireoidismo, frequentemente ocorre crescimento esquelético excessivo, tornando a criança consideravelmente alta em idade precoce.
· Um importante efeito do hormônio tireoidiano é promover o crescimento e desenvolvimento do cérebro durante a vida fetal e nos primeiros anos de vida pós-natal. 
· Se o feto não secretar quantidade suficiente de hormônio tireoidiano, o crescimento e a maturação do cérebro, antes e após o nascimento, são muito retardados, e o cérebro permanece menor que o normal.
Efeitos do hormônio tireoidiano nas funções corporais específicas
Estimulação do metabolismo de carboidratos
· Estimula quase todos os aspectos do metabolismo de carboidratos, incluindo a captação rápida de glicose pelas células, o aumento da glicólise, da gliconeogênese, da absorção pelo trato gastrointestinal e, até mesmo, da secreção de insulina, com seus efeitos secundários resultantes no metabolismo de carboidratos.
Estimulação do metabolismo das gorduras
· Praticamente, todos os aspectos do metabolismo de lipídios são estimulados sob a influência do hormônio tireoidiano.
· De forma particular, os lipídios são rapidamente mobilizados a partir do tecido adiposo, o que reduz os acúmulos de gordura no organismo de modo mais acentuado que os de qualquer outro elemento tecidual.
· A mobilização dos lipídios do tecido adiposo também aumenta a concentração de ácidos graxos livres no plasma e acelera, de forma acentuada, sua oxidação pelas células.
Efeito nas gorduras plasmáticas e hepáticas
· O aumento do hormônio tireoidiano reduz as concentrações de colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos no plasma, embora aumente a de ácidos graxos livres.
· A redução da secreção tireoidiana aumenta consideravelmente as concentrações plasmáticas de colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos e, quase sempre, provocao depósito excessivo de lipídios no fígado.
· Um dos mecanismos pelos quais o hormônio tireoidiano reduz a concentração plasmática de colesterol é o aumento significativo da secreção de colesterol na bile e, consequentemente, sua perda nas fezes.
· Um mecanismo possível para essa secreção aumentada de colesterol consiste na indução, pelo hormônio tireoidiano, de maior número de receptores de lipoproteínas de baixa densidade nas células hepáticas, levando a uma rápida remoção de lipoproteínas do plasma e subsequente secreção de colesterol nessas lipoproteínas pelas células hepáticas.
Aumento da taxa de metabolismo basal
· Como o hormônio tireoidiano aumenta o metabolismo em quase todas as células corporais, seu excesso pode, ocasionalmente, aumentar o metabolismo basal de 60% a 100%.
· Ao contrário, quando sua produção cessa, o metabolismo basal quase cai à metade do normal.
Redução do peso corporal
· Uma quantidade muito elevada de hormônio tireoidiano, quase sempre, reduz o peso corporal, e a quantidade muito reduzida, quase sempre, o aumenta.
· Esses efeitos não ocorrem sempre, porque o hormônio tireoidiano também aumenta o apetite, o que pode compensar a variação do metabolismo.
Efeitos excitatórios no SNC
· Em geral, o hormônio tireoidiano aumenta a velocidade da atividade cerebral, embora os processos do pensamento possam estar dissociados; por outro lado, sua falta reduz a velocidade da atividade cerebral.
Tremor muscular
· Um dos sinais mais característicos do hipertireoidismo é o tremor muscular leve.
· O tremor pode ser observado, facilmente, pela colocação de folha de papel sobre os dedos estendidos do paciente e notando-se o grau de vibração do papel.
· Acredita-se que seja causado pela atividade aumentada das sinapses neuronais nas áreas da medula espinal que controlam o tônus muscular.
· O tremor é forma importante de se avaliar o grau de efeito do hormônio tireoidiano no sistema nervoso central.
Efeito no sono
· Devido ao efeito exaustivo do hormônio tireoidiano na musculatura e no sistema nervoso central, a pessoa com hipertireoidismo frequentemente se queixa de cansaço constante; entretanto, devido aos efeitos excitatórios dos hormônios tireoidianos nas sinapses, o sono é dificultado.
· Ao contrário, a sonolência extrema é característica do hipotireoidismo, e o sono chega a durar de 12 a 14 horas por dia, em alguns casos.
Efeito em outras glândulas endócrinas
· A elevação do hormônio tireoidiano aumenta a secreção de várias outras glândulas endócrinas, mas também aumenta as necessidades teciduais pelos hormônios.
· Por exemplo, o aumento da secreção de tiroxina eleva o metabolismo da glicose em quase todo o organismo e, por isso, provoca elevação correspondente da necessidade de secreção de insulina pelo pâncreas.
· Além disso, o hormônio tireoidiano aumenta muitas atividades metabólicas relacionadas com a formação óssea e, como consequência, a necessidade de paratormônio.
Efeito do hormônio tireoidiano na função sexual
· Para que a função sexual seja normal, é necessária secreção normal do hormônio tireoidiano. 
· Em homens, a falta desse hormônio, frequentemente, causa a perda da libido; entretanto, um grande excesso pode causar impotência.
· Em algumas mulheres, a falta de hormônio tireoidiano, frequentemente, causa menorragia e polimenorreia — isto é, sangramento menstrual excessivo e frequente, respectivamente. 
· Em outras mulheres a ausência da tireoide pode causar ciclos menstruais irregulares e, ocasionalmente, até mesmo amenorreia (ausência de sangramento menstrual).
· Mulheres com hipotireoidismo, assim como ocorre em homens, podem ter grande redução da libido.
Regulação da secreção do hormônio tireoidiano
· Para manter níveis normais de atividade metabólica no organismo, uma quantidade exata de hormônio tireoidiano deve ser secretada a cada momento; para atingir esse nível ideal de secreção, mecanismos específicos de feedback operam por meio do hipotálamo e da hipófise anterior, para controlar a secreção tireoidiana.
O TSH (da hipófise anterior) aumenta a secreção tireoidiana
· O TSH, também chamado tireotropina, é uma glicoproteína da hipófise anterior.
· Esse hormônio aumenta a secreção de tiroxina e tri-iodotironina pela tireoide. 
· Seus efeitos específicos na tireoide são:
· Aumento da proteólise da tireoglobulina já armazenada nos folículos, com resultante aumento da liberação dos hormônios tireoidianos para o sangue circulante e diminuição da própria substância folicular.
· Aumento da atividade da bomba de iodeto que aumenta a “captação de iodeto” pelas células glandulares, às vezes elevando a proporção entre as concentrações intra e extracelular de iodeto na substância glandular para até oito vezes o normal.
· Aumento da iodização da tirosina para formar os hormônios tireoidianos.
· Aumento do tamanho e da atividade secretora das células tireoidianas.
· Aumento do número de células tireoidianas, além da transformação de células cuboides em colunares e grande pregueamento do epitélio tireoidiano nos folículos.
O monofosfato cíclico de adenosina medeia o efeito estimulador do TSH
· A maior parte dos múltiplos e variados efeitos do TSH nas células tireoidianas resulta da ativação do sistema celular do “segundo mensageiro”, monofosfato adenosina cíclico (AMPc).
· O primeiro evento nessa ativação é a ligação do TSH a seus receptores específicos na superfície da membrana basal das células tireoidianas.
· Essa ligação ativa a adenilil ciclase na membrana, que aumenta a formação de AMPc no interior da célula.
· O AMPc atua como segundo mensageiro, ativando a proteinocinase, que provoca fosforilações múltiplas em toda a célula.
· . O resultado é o aumento imediato da secreção de hormônios tireoidianos e o crescimento prolongado do próprio tecido glandular.
A secreção de tsh pela hipófise anterior é regulada pelo hormônio liberador de tireotropina do hipotálamo
· A secreção de TSH pela hipófise anterior é controlada pelo hormônio hipotalâmico, o hormônio liberador de tireotropina (TRH), secretado por terminações nervosas na eminência mediana do hipotálamo.
· A partir da eminência mediana, o TRH é transportado para a hipófise anterior pelo sangue portal hipotalâmico-hipofisário.
· O TRH afeta diretamente as células da hipófise anterior, elevando sua secreção de TSH. 
· Quando o sistema portal sanguíneo do hipotálamo para a hipófise anterior é bloqueado, a secreção de TSH, pela hipófise anterior, fica bastante reduzida, mas não completamente.
· O mecanismo molecular pelo qual o TRH provoca a produção de TSH pelas células secretoras da hipófise anterior consiste na ligação a receptores de TRH na membrana das células hipofisárias. 
· Isso ativa o sistema de segundo mensageiro da fosfolipase no seu interior, produzindo grande quantidade de fosfolipase C, o que é seguido por cascata de outros segundos mensageiros, incluindo íons cálcio e diacilglicerol, que, finalmente, provocam a liberação de TSH.
Efeito de feedback do hormônio tireoidiano para reduzir a secreção de tsh pela hipófise anterior
· A elevação do hormônio tireoidiano nos líquidos corporais reduz a secreção de TSH pela hipófise anterior.
· Quase todo esse efeito depressor por feedback ocorre até mesmo quando a hipófise anterior é separada do hipotálamo.
· É provável que essa inibição ocorra, principalmente, por efeito direto do hormônio tireoidiano na própria hipófise anterior.
Substâncias antitireoidianas suprimem a secreção tireoidiana
· As mais conhecidas drogas antitireoidianas são o tiocianato, o propiltiouracil e as altas concentrações de iodetos inorgânicos.
Os íons tiocianato reduzem a captação de iodeto
· A mesma bomba ativa que transporta íons iodeto para dentro das células da tireoide também pode bombear íons tiocianato, perclorato e nitrato.
· A administração de tiocianato, em concentração suficientemente alta, pode provocar a inibição competitiva do transporte de iodeto para a célula — isto é, a inibição do mecanismo de captação de iodo.
· A menor disponibilidade de iodeto nas células glandulares nãoimpede a formação de tireoglobulina; simplesmente, impede a tireoglobulina formada de ser iodada e, portanto, de formar os hormônios tireoidianos.
· Essa deficiência de hormônios tireoidianos, por sua vez, leva à maior secreção de TSH pela hipófise anterior, provocando o supercrescimento da tireoide, que, apesar disso, continua incapaz de formar quantidade adequada de hormônios. 
· Sendo assim, o uso de tiocianatos e de alguns outros íons para bloquear a secreção tireoidiana pode levar ao desenvolvimento de tireoide muito aumentada, o que é chamado bócio. 
O propiltiouracil reduz a formação de hormônio tireoidiano
· O propiltiouracil impede a formação de hormônio tireoidiano a partir de iodeto e tirosina.
· Parte de seu mecanismo de ação consiste em bloquear a enzima peroxidase, necessária para a iodização da tirosina, e outra parte consiste em bloquear a conjugação de duas tirosinas iodadas para formar tiroxina ou triiodotironina.
· O propiltiouracil, como o tiocianato, não impede a formação de tireoglobulina. 
· A ausência de tiroxina e tri-iodotironina, na tireoglobulina, pode levar a grande aumento, por feedback, da secreção de TSH pela hipófise anterior, promovendo, assim, o crescimento do tecido glandular e a formação de bócio.
Altas concentrações de iodetos reduzem a atividade tireoidiana e o tamanho da tireoide
· Quando existe alta concentração de iodetos no sangue (100 vezes maior que o nível plasmático normal), a maior parte das atividades da tireoide é reduzida, mas essa redução, frequentemente, dura apenas algumas semanas.
· O efeito consiste na diminuição da captação de iodeto, de modo que a iodização da tirosina, para a formação de hormônios tireoidianos, também se reduz.
· Efeito ainda mais importante, causado pela alta concentração de iodeto, é a paralisação da endocitose normal de coloide, a partir dos folículos, pelas células glandulares da tireoide. 
· Como esse é o primeiro estágio da liberação dos hormônios tireoidianos a partir do coloide de armazenamento, ocorre interrupção quase imediata da secreção de hormônio tireoidiano para o sangue.
· Como a alta concentração de iodeto reduz todas as fases da atividade tireoidiana, ela reduz, ligeiramente, o tamanho da tireoide e, principalmente, sua irrigação sanguínea, ao contrário dos efeitos causados pela maior parte dos demais agentes antitireoidianos. 
· Por esse motivo, o iodeto é, frequentemente, administrado aos pacientes por 2 a 3 semanas, antes da remoção cirúrgica da tireoide, para reduzir o porte da cirurgia, em especial a intensidade do sangramento.
Hipotireoidismo
· O hipotireoidismo, assim como o hipertireoidismo, é provavelmente iniciado por autoimunidade contra a tireoide (doença de Hashimoto), mas, nesse caso, é a imunidade que destrói a glândula, em vez de estimulá-la.
· A tireoide da maioria desses pacientes apresenta “tireoidite” autoimune, que significa inflamação da tireoide.
· A tireoidite causa deterioração progressiva e, por fim, fibrose da glândula, resultando em diminuição ou ausência da secreção do hormônio tireoidiano.
· Muitos outros tipos de hipotireoidismo podem ocorrer, frequentemente, associados ao aumento da glândula, chamado de bócio.
Bócio coloide endêmico causado por deficiência dietética de iodeto
· O termo “bócio” significa um grande aumento da tireoide.
· A falta de iodo impede a produção tanto de tiroxina quanto de tri-iodotironina. Como resultado, não há hormônios disponíveis para inibir a produção de TSH pela hipófise anterior, que passa a secretar quantidade excessiva desse hormônio. O TSH, então, estimula as células tireoidianas a secretar grande quantidade de coloide de tireoglobulina nos folículos, e a glândula torna-se cada vez maior. Entretanto, devido à falta de iodo, a produção de tiroxina e tri-iodotironina não ocorre na molécula de tireoglobulina e, portanto, não causa a supressão normal da produção de TSH pela hipófise anterior. Os folículos adquirem um enorme tamanho, e a tireoide pode aumentar de 10 a 20 vezes.
Bócio coloide atóxico idiopático
· O aumento da tireoide pode também ocorrer em pessoas que não apresentam deficiência de iodo.
· Essas glândulas aumentadas podem secretar quantidade normal de hormônios tireoidianos; entretanto, com mais frequência, sua secreção é reduzida.
· A causa exata do aumento da tireoide em pacientes com bócio coloide idiopático não é conhecida, mas a maioria desses pacientes apresenta sinais de tireoidite leve; portanto, tem sido sugerido que a tireoidite provoca ligeiro hipotireoidismo que, então, leva ao aumento da secreção de TSH e ao crescimento progressivo das porções não inflamadas da glândula.
· Em algumas pessoas com bócio coloide, a tireoide apresenta anormalidade no sistema enzimático necessário para a formação dos hormônios tireoidianos. Frequentemente, encontram-se as seguintes anormalidades:
· Deficiência do mecanismo de captação de iodeto, na qual o iodeto não é bombeado adequadamente para as células tireoidianas.
· Deficiência do sistema peroxidase, em que os iodetos não são oxidados para o estado de iodo.
· Deficiência da conjugação de tirosinas iodadas na molécula de tireoglobulina, de modo que os hormônios tireoidianos finais não podem ser formados.
· Deficiência da enzima deiodinase, que impede a recuperação do iodo das tirosinas iodadas que não são conjugadas para formar os hormônios tireoidianos (que representam cerca de dois terços do iodo), levando à deficiência de iodo.
Características fisiológicas do hipotireoidismo
· Os efeitos fisiológicos incluem fadiga e sonolência extrema, provocando 12 a 14 horas de sono por dia, extrema lentidão muscular, redução da frequência cardíaca, do débito cardíaco e do volume sanguíneo, ocasionalmente aumento de peso, constipação, lentidão mental, insuficiência de muitas funções tróficas do organismo, evidenciada por redução do crescimento do cabelo e descamação da pele, desenvolvimento de rouquidão e, em casos graves, de aparência edematosa em todo o corpo, chamada mixedema.
Mixedema
· O mixedema se desenvolve no indivíduo que tem ausência quase total da função do hormônio tireoidiano.
· Nessa condição, por motivos não explicados, a quantidade muito elevada de ácido hialurônico e sulfato de condroitina, ligados a proteínas, forma um excesso de gel tecidual nos espaços intersticiais, aumentando a quantidade total do líquido intersticial.
· Como o líquido em excesso trata-se de um gel, é essencialmente imóvel, e o edema é deprimível.
Aterosclerose no hipotireoidismo
· A falta de hormônio tireoidiano aumenta a concentração sanguínea de colesterol, devido à alteração do metabolismo dos lipídios e do colesterol e à redução de sua excreção hepática na bile.
· Geralmente, a elevação do colesterol sanguíneo está associada ao aumento da aterosclerose. Portanto, muitos pacientes com hipotireoidismo, particularmente os com mixedema, desenvolvem aterosclerose, que, por sua vez, resulta em doença vascular periférica, surdez e doença arterial coronariana, com consequente redução da expectativa de vida
Cretinismo
· O cretinismo é causado por hipotireoidismo extremo em fetos, bebês ou crianças.
· Deficiência do crescimento corporal e por retardo mental. 
· O cretinismo resulta da ausência congênita da tireoide (cretinismo congênito), de sua incapacidade de produzir hormônio tireoidiano devido a defeito genético, ou da ausência de iodo na dieta (cretinismo endêmico).
· Um neonato sem tireoide pode ter aparência e função normais, por ter recebido alguma quantidade (embora geralmente insuficiente) de hormônio tireoidiano materno, durante a vida uterina. Entretanto, algumas semanas após o nascimento, os movimentos do neonato passam a ser lentos, e o seu desenvolvimento físico e mental fica bastante retardado. 
· O tratamento do neonato com cretinismo, em qualquer momento, com quantidades adequadas de iodo ou tiroxina, geralmente provoca a normalização do crescimento físico; entretanto, a menos que o cretinismo seja tratado a partir de algumas semanas após o nascimento, o desenvolvimento mental permaneceretardado de forma permanente. Esse estado ocorre devido a retardo do crescimento, ramificação e mielinização das células neuronais do sistema nervoso central nesse momento crítico de desenvolvimento das capacidades mentais.
Testes diagnósticos no hipotireoidismo
· O exame diagnóstico mais preciso é a medição direta da concentração de tiroxina “livre” (e, às vezes, tri-iodotironina) no plasma, usando procedimentos apropriados de radioimunoensaio.
· A concentração sanguínea de tiroxina livre é baixa. O metabolismo basal no mixedema varia entre −30 e −50, e a secreção de TSH pela hipófise anterior, quando se administra uma dose de TRH, fica, em geral, muito aumentada (exceto nos raros casos de hipotireoidismo causado por redução da resposta da hipófise ao TRH).
Tratamento do hipotireoidismo
· A terapia tem por objetivo repor a falta de hormônio tireoidiano endógeno com administração regular de hormônio tireoidiano exógeno.
· Este é produzido por síntese química e é estruturalmente idêntico ao hormônio tireoidiano endógeno (geralmente T4).
· A levotiroxina, L-isômero de T4, constitui o tratamento de escolha para o hipotireoidismo.
· Uma possível exceção é o coma mixedematoso, em que o início de ação mais rápido de T3 pode possibilitar maior recuperação do hipotireoidismo potencialmente fatal.
· A eficácia da reposição de hormônio tireoidiano é monitorada por dosagens dos níveis plasmáticos de TSH e hormônio tireoidiano. TSH é um acurado marcador da atividade do hormônio tireoidiano, visto que a liberação de TSH pela adenoipófise é extremamente sensível ao controle de retroalimentação pelo hormônio tireoidiano no sangue.
· A levotiroxina atua da mesma forma que a tiroxina endógena que é convertida no fígado e nos rins em T3, o seu metabólito ativo.

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