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Capítulo 1Int rodução e Concei tos Básicos A ciência da termodinâmica trata da quantidade de calor transferido quando um sistema passa por um processo de estado de equilíbrio para outro, sem fazer nenhuma referência sobre quanto tempo esse processo demora. Mas, em engenharia, estamos mais frequentemente interessados na taxa de transferência de calor, que é o tema da ciência da transferência de calor. Começamos este capítulo com a revisão dos conceitos fundamentais da ter- modinâmica, que são os princípios básicos da transferência de calor. Primeiro, abordamos a relação do calor com outras formas de energia e fazemos uma revisão sobre balanço de energia. Em seguida, apresentamos os três mecanismos básicos de transferência de calor, condução, convecção e radiação, e discutimos o concei- to de condutividade térmica. Condução é a transferência de energia resultante da interação de partículas de maior energia de uma substância com partículas adja- centes de menor energia. Convecção é o modo de transferência de calor entre uma superfície sólida e um líquido ou gás adjacente que está em movimento, e esse processo envolve os efeitos combinados de condução e movimento do fluido. Ra- diação é a energia emitida pela matéria em forma de ondas eletromagnéticas (ou fótons), como resultado das mudanças nas configurações eletrônicas de átomos ou moléculas. Concluímos este capítulo com uma discussão sobre transferência simultânea de calor. OBJETIVOS Ao término deste capítulo, você será capaz de: � Compreender como a termodinâmica e a transferência de calor estão relacionadas. � Distinguir a energia térmica de outras formas de energia e a transferência de calor de outras formas de transferência de energia. � Fazer balanços gerais de energia e balanços de energia em superfícies. � Entender os mecanismos básicos da transferência de calor (condução, convecção e radiação térmica), a lei de Fourier da condução de calor, a lei de Newton do resfriamento e a lei de Stefan-Boltzmann da radiação. � Identificar os mecanismos de transferência de calor que ocorrem de forma simultânea na prática. � Conscientizar-se dos custos associado às perdas de calor. � Solucionar os vários problemas de transferência de calor encontrados na prática. Cengel_Cap_01.indd 1 24/04/12 17:15 2 Transferência de Calor e Massa 1–1 TERMODINÂMICA E TRANSFERÊNCIA DE CALOR Por experiência, sabemos que, se deixarmos uma lata de bebida gelada em tempe- ratura ambiente, ela esquentará; da mesma forma, se deixarmos uma lata de bebida quente na geladeira, ela resfriará. Isso acontece por causa da transferência de ener- gia do meio quente para o meio frio. A transferência de energia é sempre do meio de maior temperatura para o de menor temperatura, e esse processo cessa quando os dois meios atingem a mesma temperatura. Em termodinâmica, estudamos que a energia existe em diferentes formas. Neste capítulo, estamos interessados principalmente no calor, definido como a forma de energia que pode ser transferida de um sistema para outro em conse- quência da diferença de temperatura entre eles. A ciência que estuda as taxas de transferência do calor é chamada transferência de calor. Por que precisamos fazer um estudo detalhado sobre transferência de calor se é possível determinar a quantidade de calor transferido para qualquer sistema, em qualquer processo, utilizando apenas a análise termodinâmica? A termodinâmica está focada na quantidade transferida de calor quando um sistema passa de um es- tado de equilíbrio para outro, sem fornecer informações sobre o tempo de duração do processo. A análise termodinâmica apenas nos informa quanto de calor deve ser transferido para realizar determinada mudança no estado termodinâmico, de forma a satisfazer o princípio da conservação da energia. Na prática, estamos mais preocupados com a taxa de transferência do calor (calor transferido por unidade de tempo) do que com sua quantidade propria- mente dita. Por exemplo, podemos determinar a quantidade transferida de calor do café quente no interior de uma garrafa térmica para que ele resfrie de 90 °C para 80 °C utilizando apenas a análise termodinâmica. No entanto, um típico usuário ou fabricante de garrafa térmica pode estar muito mais interessado em saber quanto tempo o café demora para resfriar até 80 °C, e uma análise termodi- nâmica não pode responder a essa questão. A determinação das taxas de transfe- rência de calor ou de um sistema e, consequentemente, o tempo de aquecimento ou resfriamento e a variação de temperatura são os objetivos da transferência de calor (Fig. 1–1). A termodinâmica trabalha com estados termodinâmicos em equilíbrio e trans- formações de um estado de equilíbrio para outro. A transferência de calor, por sua vez, trabalha com sistemas que não estão em equilíbrio térmico, pois são fenôme- nos de não equilíbrio termodinâmico. Dessa forma, o estudo da transferência de calor não pode ser baseado apenas nos princípios da termodinâmica. As leis da termodinâmica estabelecem o ambiente de trabalho na ciência da transferência de calor. A primeira lei estabelece que a taxa de energia transferida para um sistema deve ser igual à taxa de crescimento de sua energia. A segunda lei estabelece que o calor deve ser transferido na direção da menor temperatura (Fig. 1–2). É o mesmo que um carro estacionado em uma descida, que deve se mover na direção de decli- ve quando os freios são liberados. Esse processo é também análogo ao da corrente elétrica que flui na direção da queda de tensão elétrica ou ao do fluido que escoa na direção de queda da pressão total. A exigência básica para a ocorrência da transferência de calor é a presença da diferença de temperatura, pois não pode acontecer transferência líquida de calor entre dois corpos que estão na mesma temperatura. A diferença de temperatura é a força motriz da transferência de calor, assim como a diferença de potencial elé- trico é a força motriz da corrente elétrica, e a diferença de pressão, a força motriz para o escoamento de fluidos. A taxa de calor transferido em dada direção depende da magnitude do gradiente de temperatura (diferença de temperatura por unidade de comprimento ou taxa de variação da temperatura) na mesma direção. Quanto maior o gradiente de temperatura, maior a taxa de transferência de calor. Café quente Garrafa térmica Isolamento térmico FIGURA 1–1 Geralmente, estamos interessados em saber qual é o tempo necessário para o café quente que está no interior de uma garrafa térmica resfriar até certa temperatura. Essa informação não pode ser determinada somente por meio da análise termodinâmica. Calor Ambiente frio 20 °C Café quente 70 °C FIGURA 1–2 Fluxo de calor na direção da temperatura decrescente. Cengel_Cap_01.indd 2 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 3 Áreas de aplicação da transferência de calor A transferência de calor é frequentemente encontrada em sistemas de engenharia e em outros aspectos da vida, e não precisamos ir muito longe para ver algumas áreas de aplicação. Na verdade, não precisamos ir a lugar nenhum. O corpo hu- mano está constantemente rejeitando calor para o ambiente, e nosso conforto está diretamente ligado à taxa em que essa rejeição ocorre. Tentamos controlar essa taxa de transferência de calor adequando nossas roupas às condições do ambiente. Muitos utensílios domésticos são projetados, totalmente ou em parte, com base nos princípios de transferência de calor. Alguns exemplos incluem fogões elé- tricos e a gás, aquecedores e ar-condicionados, geladeiras e freezers, aquecedores de água, ferros de passar e, até mesmo, computadores, TVs e DVDS. Casas ener- geticamente eficientes são projetadas para minimizar a perda de calor no inverno e o ganho de calor no verão.A transferência de calor representa importante papel no projeto de muitos outros dispositivos, como radiadores de carro, coletores de energia solar, diversos componentes de usinas elétricas e até naves espaciais (Fig. 1–3). A melhor espessura de isolamento térmico para paredes e telhados, canos de água quente, vapor ou aquecedores de água é determinada com base na análise da transferência de calor e das considerações econômicas. Contexto histórico O calor sempre foi percebido como algo que produz uma sensação de aquecimen- to, mas ninguém poderia imaginar que sua natureza fosse um dos primeiros con- ceitos entendidos pela humanidade. Apenas na metade do século XIX, alcançamos O corpo humano (© Vol. 121/Photo Disc.) Sistemas de ar condicionado (© The McGraw-Hill Companies, Inc./Jill Braaten, photographer.) Sistemas de aquecimento (© Comstock RF.) Equipamentos eletrônicos (© Alamy RF.) (© Brand X/Jupiter Images RF.) (© Punchstock RF.) Usinas de potência (© Vol. 57/Photo Disc.) Sistemas de refrigeração (© The McGraw-Hill Companies, Inc./Jill Braaten, photographer.) FIGURA 1–3 Algumas áreas de aplicação da transferência de calor. Cengel_Cap_01.indd 3 24/04/12 17:15 4 Transferência de Calor e Massa o verdadeiro entendimento físico sobre a natureza do calor, graças ao desenvol- vimento da teoria cinética, que entende as moléculas como pequenas bolas em movimento que têm, portanto, energia cinética. O calor é, então, definido como a energia associada ao movimento aleatório de átomos e moléculas. Embora o conceito de que, o calor é a manifestação do movimento no nível molecular (deno- minada força vital) tenha surgido no século XVIII e início do XIX, essa visão, que prevaleceu até meados do século XIX, foi baseada na teoria do calórico, proposta em 1789 pelo químico francês Antoine Lavoisier (1743-1794). Essa teoria defen- dia que o calor era um tipo de substância semelhante ao fluido denominado calóri- co, que era sem massa, incolor, inodoro, insípido e capaz de fluir de um corpo para outro (Fig. 1–4). Quando o calórico era adicionado a um corpo, sua temperatura aumentava, e, quando removido, sua temperatura diminuía. Quando um corpo não pudesse conter mais nenhum calórico, assim como quando um copo com água não pode dissolver mais nenhuma quantidade de sal ou açúcar, dizia-se que o corpo estava saturado de calórico. Essa interpretação deu origem às expressões líquido saturado e vapor saturado, usadas até hoje. A teoria do calórico foi criticada logo após sua introdução. Ela sustentava que o calor era uma substância que não podia ser criada ou destruída. Contudo, já se sabia que o calor podia ser gerado indefinidamente ao esfregarmos as mãos ou dois pedaços de madeira. Em 1798, o americano Benjamin Thompson, conde de Rumford (1753-1814), mostrou em seus trabalhos que o calor pode ser gerado continuamente por meio da fricção. A validade da teoria do calórico foi também contestada por muitos outros. Todavia, foram os experimentos cuidadosamente realizados pelo inglês James P. Joule (Fig. 1–5) e publicados em 1843 que final- mente convenceram os céticos de que o calor não era, afinal, uma substância, pon- do fim à teoria do calórico. Embora essa teoria tenha sido totalmente abandonada na metade do século XIX, contribuiu enormemente para o desenvolvimento da termodinâmica e da transferência de calor. 1–2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR NA ENGENHARIA Equipamentos de transferência de calor, como trocadores de calor, caldeiras, con- densadores, radiadores, aquecedores, fornos, refrigeradores e coletores de energia solar, são projetados principalmente com base na análise de transferência de calor. Os problemas de transferência de calor encontrados na prática podem ser separa- dos em dois grupos: (1) de avaliação e (2) de dimensionamento. Os problemas de avaliação lidam com a determinação da taxa de transferência de calor para um sis- tema existente com diferença de temperatura específica. Os problemas de dimen- sionamento tratam da determinação do tamanho do sistema de forma a transferir calor em dada taxa para uma diferença de temperatura específica. Sistemas ou processos de engenharia podem ser estudados de forma expe- rimental (testando e tomando medidas) ou analítica (por meio do cálculo ou da análise matemática). A abordagem experimental oferece a vantagem de trabalhar com o sistema físico real, e a quantidade desejada é determinada por medição dentro dos limites dos erros experimentais. No entanto, essa abordagem é cara, demorada e frequentemente impraticável. Além disso, o sistema em estudo pode nem mesmo existir. Por exemplo, todo o sistema de aquecimento e encanamento de um prédio deve ser dimensionado antes de o prédio ser construído, com base Corpo quente Corpo frio Superfície de contato Calórico FIGURA 1–4 No início do século XIX, o calor foi concebido como um tipo de fluido invisível, denominado calórico, que fluía do corpo mais quente para o mais frio. Cengel_Cap_01.indd 4 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 5 nas especificações dadas. A abordagem analítica (incluindo a abordagem numé- rica) tem a vantagem de ser rápida e barata, no entanto os resultados obtidos estão sujeitos ao acerto das condições assumidas, das aproximações e das idea- lizações feitas na análise. Nos estudos de engenharia, com frequência, um bom compromissso é reduzir as escolhas pela análise e depois verificar o resultado experimentalmente. Modelagem na engenharia As descrições da maioria dos problemas científicos envolvem equações que des- crevem as relações entre algumas variáveis importantes. Normalmente, o menor incremento nas variáveis leva a descrições mais gerais e precisas. Na situação li- mite de mudanças infinitesimais ou diferenciais nas variáveis, obtemos equações diferenciais que proporcionam formulações matemáticas precisas para leis e prin- cípios físicos, representando as taxas de variação na forma de derivadas. Assim, equações diferenciais são usadas para investigar uma ampla variedade de proble- mas na ciência e na engenharia (Fig. 1–6). Entretanto, na prática, muitos proble- mas encontrados podem ser resolvidos sem a necessidade de recorrer a equações diferenciais e suas complicações associadas. O estudo de dado fenômeno físico envolve dois passos fundamentais. No pri- meiro, identificam-se todas as variáveis que influenciam o fenômeno, fazem-se considerações e aproximações razoáveis e estuda-se a interdependência dessas variáveis. As leis e os princípios físicos relevantes são identificados, e os proble- mas, formulados matematicamente. A equação em si torna-se muito instrutiva, uma vez que mostra o grau de dependência de algumas variáveis em relação às outras e a importância relativa dos vários termos. No segundo passo, o problema matemático é resolvido por meio de uma abordagem apropriada, e os resultados são interpretados. Muitos processos que parecem ocorrer na natureza de modo aleatório e sem nenhuma ordem são, na verdade, regidos por algumas óbvias ou não tão óbvias leis físicas. Independentemente de notarmos ou não essas leis, elas estarão lá, gover- nando consistentemente o que parece ser eventos comuns. A maioria delas é bem definida e compreendida pelos cientistas. Isso possibilita prever o comportamento de um evento antes de ele acontecer de fato ou estudar vários aspectos de um evento matematicamente sem recorrer a caros e demorados experimentos. É onde o poder da análise matemática reside. Muitos resultados precisos de problemas práticos e significativos podem ser obtidos relativamente com pouco esforço usan- do um modelo matemático apropriado e realista. A preparação desses modelos requer um conhecimento adequado do fenômeno natural envolvido e das leis físi- cas pertinentes, bem como bom senso de julgamento. Um modelo não realístico,obviamente, dará resultados imprecisos e inaceitáveis. Um analista trabalhando em um problema de engenharia, frequentemente, encontra-se em situação em que deve escolher entre um modelo preciso, porém, complexo, e um modelo simples, mas não tão preciso. A escolha certa depende da situação que se tem em mãos. A escolha certa é, normalmente, o modelo mais simples que fornece resultados adequados. Por exemplo, o processo de cozinhar batatas ou assar um pedaço de carne em forno pode ser estudado analiticamente de modo simples, modelando a batata ou o assado como uma esfera sólida que FIGURA 1–5 O físico britânico James Prescott Joule (1818-1889) nasceu em Salford, Lancashire, Inglaterra. Joule é mais conhecido por seu trabalho sobre a conversão de energia elétrica e mecânica em calor e pela primeira lei da termodinâmica. A unidade de energia, o joule (J), foi nomeada em sua homenagem. Segundo a lei de Joule de aquecimento elétrico, a taxa de produção de calor em um fio condutor é proporcional ao produto da resistência do fio e ao quadrado da corrente elétrica. Por meio de seus experimentos, Joule demonstrou a equivalência mecânica de calor, ou seja, a conversão de energia mecânica em quantidade equivalente de energia térmica, que estabelece fundamentação para a conservação do princípio de energia. Joule e William Thomson (mais tarde lorde Kelvin) descobriram a queda de temperatura de uma substância durante a livre expansão, fenômeno conhecido como efeito Joule-Thomson, que forma a fundamentação do funcionamento da refrigeração de compressão de vapor comum e de sistemas de ar condicionado. (AIP Emilio Segre Visual Arquivo.) Cengel_Cap_01.indd 5 24/04/12 17:15 6 Transferência de Calor e Massa contém as propriedades da água (Fig. 1–7). O modelo é bem simples, mas os resultados obtidos são suficientemente precisos para a maioria dos propósitos práticos. Outro exemplo é quando analisamos a perda de calor de um prédio de forma a escolher o tamanho certo do aquecedor, determinando a perda de calor para as piores condições previstas e selecionando um aquecedor que proverá energia suficiente para compensar tais perdas de calor. Frequentemente, ten- demos a escolher um forno maior nos antecipando a alguma expansão futura ou apenas adotando um fator de segurança. Nessse caso, uma análise bastante simples é suficiente. Quando escolhemos um equipamento de transferência de calor, é importante considerar as reais condições de funcionamento. Por exemplo, quando adquirimos um trocador de calor que usará água pesada, devemos considerar que, ao longo do tempo, ocorrerá algum depósito de cálcio nas superfícies de transferência de calor, causando encrustamento e uma consequente queda gradual no desempenho. O trocador de calor deve ser escolhido com base em sua adversa condição de fun- cionamento, e não nas condições do trocador novo. Elaborar modelos precisos mas complexos normalmente não é uma tarefa tão difícil. No entanto, tais modelos serão inúteis para um analista se forem muito difí- ceis e consumirem muito tempo para serem resolvidos. No mínimo, o modelo deve refletir as características essenciais do problema físico que representa. Existem muitos problemas significativos no mundo real que podem ser analisados por meio de modelos simples. Todavia, devemos sempre ter em mente que os resultados ob- tidos por meio de uma análise são tão precisos quanto permitam as hipóteses assu- midas na simplificação do problema. Logo, a solução obtida não deve ser aplicada a situações que não correspondem às hipóteses adotadas originalmente. Uma solução que não é totalmente consistente com o observado na natureza do problema indica que o modelo matemático utilizado é muito grosseiro. Nesse caso, um modelo mais realista pode ser elaborado com a eliminação de uma ou mais das hipóteses questionáveis. Isso resultará em um problema mais complexo e, portanto, mais difícil de resolver. Assim, qualquer solução do problema deve ser interpretada no contexto de sua formulação. 1–3 CALOR E OUTRAS FORMAS DE ENERGIA Existem várias formas de energia, como térmica, mecânica, cinética, potencial, elé- trica, magnética, química e nuclear, e a soma delas constitui a energia total E (ou e por unidade de massa) de um sistema. As formas de energia relacionadas com a estrutura molecular de um sistema e com o grau de atividade molecular são chama- das de energia microscópica. A soma de todas as formas microscópicas de energia é denominada energia interna U do sistema (ou u por unidade de massa). No Sistema Internacional (SI), a unidade de energia é o joule (J) ou quilojou- le (1 kJ � 1.000 J). No sistema inglês, a unidade de energia é o British thermal unit (Btu), definida como a energia necessária para elevar a temperatura em 1 °F de 1 lbm de água a 60 °F. As magnitudes de 1 kJ e 1 Btu são praticamente as mesmas (1 Btu � 1,055056 kJ). Outra unidade de energia bem conhecida é a caloria (1 cal � 4,1868 J), definida como a energia necessária para aumentar a temperatura em 1 °C de 1 g de água a 14,5 °C. A energia interna pode ser entendida como a soma das energias cinética e po- tencial das moléculas. A parte da energia interna associada com a energia cinética das moléculas é denominada energia sensível ou calor sensível. A velocidade média e o grau de atividade das moléculas são proporcionais à temperatura. Assim, Forno Ideal 175 °C Água Batata Real FIGURA 1–7 A modelagem é uma poderosa ferramenta de engenharia que fornece uma boa ideia do fenômeno, de modo simples, com alguma imprecisão. Identificar variáveis importantes Assumir condições e aproximações razoáveisAplicar leis físicas relevantes Impor condições iniciais e de contorno Utilizar técnicas de solução adequadas Problema físico Uma equação diferencial Solução do problema FIGURA 1–6 Modelagem matemática de problemas físicos. Cengel_Cap_01.indd 6 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 7 em altas temperaturas, as moléculas têm energia cinética alta, e, consequentemen- te, o sistema apresenta alta energia interna. A energia interna é também associada com as forças intermoleculares entre as moléculas de um sistema. Essas forças ligam as moléculas umas às outras e, como previsto, são mais fortes em sólidos e mais fracas em gases. Se energia suficiente for adicionada às moléculas de um sólido ou líquido, ela romperá essas forças mo- leculares e transformará o sistema em gás. Tal processo é denominado mudança de fase, e, por causa dessa energia adicionada, o sistema na fase gasosa tem um nível de energia interna maior que na fase sólida ou líquida. A energia interna associada com a fase de um sistema é chamada de energia latente ou calor latente. Essas mudanças podem ocorrer sem alteração na composição química do sis- tema. A maioria dos problemas de transferência de calor se enquadra nessa catego- ria, de forma que não é necessário prestar atenção nas forças de ligação dos átomos nas moléculas. A energia interna associada às ligações dos átomos na molécula é denominada energia química ou de ligação, enquanto a energia interna associada com as ligações dentro do núcleo de um átomo é denominada energia nuclear. As energias química e nuclear são absorvidas ou liberadas durante reações químicas ou nucleares, respectivamente. Na análise de sistemas que envolvem fluxo de fluidos, frequentemente encon- tramos a combinação das propriedades u e Pv. Por questão de simplicidade e con- veniência, essa combinação é definida como entalpia h, isto é, h = u �Pv, onde Pv representa a energia de escoamento do fluido (também denominada trabalho de bombeamento), que é a energia necessária para impulsionar um fluido e manter o escoamento. Na análise da energia de fluidos escoando, é conveniente tratara energia de escoamento como parte da energia do fluido e representar a energia microscópica do fluido escoando pela entalpia h (Fig. 1–8). Calor específico de gás, líquido e sólido Lembre-se de que o gás ideal é definido como um gás que obedece à seguinte relação: Pv* � RT ou P � rRT (1–1) onde P é a pressão absoluta; v, o volume específico; T, a temperatura termodi- nâmica ou absoluta; r, a densidade; e R, a constante universal dos gases. Tem-se observado experimentalmente que essa relação para os gases ideais representa uma boa aproximação do comportamento das variáveis de estado P-v-T para gases reais com baixas densidades. Em baixas pressões e altas temperaturas, a densidade de um gás decresce, e este se comporta como um gás ideal. No intervalo de interesse prático, muitos gases familiares, como ar, nitrogênio, oxigênio, hidrogênio, hélio, argônio, neônio e criptônio, e até gases mais pesados, como o dióxido de carbono, podem ser tratados como gases ideais com erro desprezível (frequentemente me- nor que 1%). Gases densos como vapor de água em usinas térmicas de potência e vapor de fluido refrigerante nos refrigeradores não podem, todavia, ser sempre tratados como gases ideais, uma vez que eles normalmente estão em um estado próximo da saturação. Lembre-se de que o calor específico é definido como a energia necessária para aumentar a temperatura em um grau de uma unidade de massa de dada subs- tância (Fig. 1–9). Em geral, essa energia depende de como o processo é executa- do. Normalmente, estamos interessados em dois tipos de calor específico: calor específico a volume constante cv e calor específico a pressão constante cp. O calor Energia � u Energia � hFluido em movimento Fluido em repouso FIGURA 1–8 A energia interna u representa a energia microscópica de um fluido em repouso, enquanto a entalpia h representa a energia microscópica de um fluido em movimento. m � 1 kg ΔT � 1 °C Calor específico � 5 kJ/kg·K 5 kJ FIGURA 1–9 Calor específico é a energia necessária para elevar a temperatura em um grau de uma unidade de massa de uma substância por meio de processo específico. Cengel_Cap_01.indd 7 24/04/12 17:15 8 Transferência de Calor e Massa específico a volume constante cv pode ser entendido como a energia necessária para elevar a temperatura em um grau de unidade de massa de dada substância, mantendo seu volume constante. A energia necessária para fazer o mesmo, porém com a pressão constante, é justamente o calor específico a pressão constante cp. O calor específico a pressão constante cp é maior que cV, uma vez que, em um pro- cesso isobárico, ocorre uma expansão, e a energia para esse trabalho de expansão também deve ser fornecida ao sistema. Para gases ideais, esses dois calores especí- ficos estão relacionados por meio de: cp � cv � R. A unidade comumente utilizada para calor específico é kJ/kg�°C ou kJ/kg�K. Note que essas duas unidades são idênticas, uma vez que �T(°C) � �T(K), ou seja, a variação na temperatura de 1 °C é equivalente à variação de 1 K. Além disso: O calor específico de uma substância depende, em geral, de duas propriedades independentes, como temperatura e pressão. No entanto, para um gás ideal, o calor específico depende apenas da temperatura (Fig. 1–10). Em baixas pressões, todos os gases reais se aproximam do comportamento de gás ideal, logo seus calores específicos dependem apenas da temperatura. As variações diferenciais na energia interna u e entalpia h de um gás ideal podem ser expressas em calores específicos, como: du � cv dT e dh � cp dT (1–2) As variações finitas na energia interna e entalpia para um gás ideal durante um pro- cesso podem ser expressas, aproximadamente, usando valores do calor específico para a temperatura média, ou seja: �u � cv, med �T e �h � cp, med �T (J/g) (1–3) ou �U � mcv, med �T e �H � mcp, med �T (J) (1–4) onde m é a massa do sistema. Uma substância cujo volume específico (ou densidade) não varia com a tem- peratura ou pressão é denominada substância incompressível. Como o volume específico dos sólidos e líquidos permanece praticamente constante durante um processo, eles podem ser aproximados como substâncias incompressíveis sem muita perda de precisão. Os valores dos calores específicos, tanto pressão como volume constante, são iguais para substâncias incompressíveis (Fig. 1–11). Dessa forma, para líquidos e sólidos, os subscritos em cv e cp podem ser suprimidos e representados por um único símbolo, c. Isto é, . Esse resultado também pode ser deduzido da definição física de calor específico a volume constante e calor específico a pressão constante. Calores específicos de vários gases líquidos e sólidos são fornecidos no Apêndice. Os calores específicos de substâncias incompressíveis dependem apenas da temperatura. Assim, a variação da energia interna de sólidos e líquidos pode ser expressa por: �U � mcmed �T (J) (1–5) Ferro 25 °C c � cv � cp � 0,45 kJ/kg·K FIGURA 1–11 Os valores de cv e cp de substâncias incompressíveis são iguais e representados por c. 0,718 kJ 0,855 kJ Ar m � 1 kg 300 → 301 K Ar m � 1 kg 1.000 → 1.001 K FIGURA 1–10 O calor específico de uma substância muda com a temperatura. Cengel_Cap_01.indd 8 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 9 onde cmed é o calor específico médio calculado no intervalo de temperatura con- siderado. Note que a variação de energia interna de sistemas que permanecem, durante o processo, em uma única fase (líquido, sólido ou gasoso) pode ser facil- mente determinada pela utilização de calores específicos médios. Transferência de energia Energia pode ser transferida de ou para uma massa por meio de dois mecanismos: transferência de calor Q e trabalho W. A transferência de energia é considerada transferência de calor quando a força motriz é a diferença de temperatura. Caso contrário, a transferência de energia é trabalho. Um pistão subindo, um eixo gi- rando e um fio elétrico atravessando as fronteiras do sistema são todos associados com trocas do tipo trabalho. Trabalho por unidade de tempo é chamado de potên- cia e representado por . A unidade de potência é W (watt) ou hp (1 hp � 746 W). Motores de automóveis e turbinas hidráulicas a vapor e a gás produzem trabalho, e compressores, bombas e misturadores consomem trabalho. Note que a energia do sistema decresce com trabalho realizado e aumenta com trabalho efetuado nele. Em nosso cotidiano, frequentemente fazemos menção às formas sensível e latente de energia interna como calor e falamos sobre a quantidade de calor dos corpos (Fig. 1–12). Entretanto, em termodinâmica, essas formas de energia são usualmente denominadas energia térmica, para prevenir qualquer confusão com transferência de calor. O termo calor e as expressões associadas, como fluxo de calor, calor rece- bido, calor rejeitado, calor absorvido, ganho de calor, perda de calor, calor ar- mazenado, geração de calor, aquecimento elétrico, calor latente, calor corpóreo e fonte de calor, são comumente utilizados, e a tentativa de substituir a palavra calor nessas expressões por energia térmica teve apenas um limitado sucesso. Tais expressões estão profundamente enraizadas em nosso vocabulário e são utilizadas tanto por pessoas comuns quanto por cientistas, sem causar nenhum mal-entendi- do. Por exemplo, a expressão calor corpóreo (ou de um corpo) é entendida como a energia térmica contida no corpo. Da mesma forma, a expressão fluxo de calor é entendida como a transferência de energia térmica, e não como o fluxo de uma substância do tipo fluido chamado calor, embora esta última interpretação incor- reta, fundamentada na teoria do calórico, seja a origem da frase. O calor transfe- rido para um sistema também é frequentemente referido como calorrecebido, e o transferido para fora do sistema é denominado calor rejeitado. Adotando a prática corrente, iremos referir energia térmica como calor e a transferência de energia térmica como transferência de calor. A quantidade de ca- lor transferido durante determinado processo é representada por Q. A quantidade de calor transferido por unidade de tempo é denominada taxa de transferência de calor e representada por . O ponto acima da letra significa derivada temporal ou “por unidade de tempo”. A taxa de transferência de calor tem como unidade J/s, que é equivalente a W. Quando a taxa de transferência de calor é conhecida, a quantidade total de calor transferido Q, em dado intervalo de tempo �t, pode ser determinada por (1–6) desde que a dependência de com o tempo seja conhecida. Para o caso especial em que é constante, essa equação se reduz a: (1–7) Vapor 80 °C Líquido 80 °C 25 °C Transferência de calor FIGURA 1–12 As formas sensível e latente da energia interna podem ser transferidas como resultado da diferença de temperatura e são denominadas calor ou energia térmica. Cengel_Cap_01.indd 9 24/04/12 17:15 10 Transferência de Calor e Massa A taxa de transferência de calor por unidade de área normal à direção da transfe- rência de calor é denominada fluxo de calor, e o fluxo de calor médio é dado por (Fig. 1–13) (1–8) onde A é a área de transferência de calor. A unidade de fluxo de calor no sistema inglês é Btu/h�pé2. Note que o fluxo de calor pode variar com o tempo, assim como a posição na superfície. EXEMPLO 1–1 Aquecimento de uma esfera de cobre Uma esfera de cobre de 10 cm de diâmetro deve ser aquecida de 100 °C até a tem- peratura média de 150 °C em 30 minutos (Fig. 1–14). Admitindo que os valores médios da densidade e do calor específico da esfera são r � 8.950 kg/m3 e cp � 0,395 kJ/kg�°C, respectivamente, determine: (a) a quantidade total do calor trans- ferido para a esfera de cobre, (b) a taxa média do calor transferido para a esfera e (c) o fluxo médio de calor. SOLUÇÃO Uma esfera de cobre deve ser aquecida de 100 °C para 150 °C. Deter- minar a transferência total de calor, a taxa média de transferência de calor e o fluxo médio de calor. Suposições Assumir valores constantes das propriedades do cobre para a tempera- tura média. Propriedades Os valores médios da densidade e do calor específico do cobre são r � 8.950 kg/m3 e cp = 0,395 kJ/kg�°C, respectivamente. Análise (a) A quantidade de calor transferido para a esfera de cobre é simplesmente a variação da energia interna e pode ser determinada por Energia transferida para o sistema � Aumento de energia do sistema Q � �U � mcmed (T2 � T1) onde Substituindo, Dessa forma, é necessário transferir 92,6 kJ de calor para a esfera de cobre para aquecê-la de 100 °C para 150 °C. (b) A taxa de transferência de calor geralmente varia com o tempo durante o proces- so. Entretanto, podemos determinar a taxa média de transferência de calor dividindo a quantidade de calor transferido pelo intervalo de tempo correspondente. Logo, med A � D2 T2 � 150 °C Esfera de cobre T1 � 100 °C Q FIGURA 1–14 Esquema para o Exemplo 1–1. 3 m 2 m A � 6 m2 Q � 24 W � constante . . .q � � � 4 W/m2 Q—A 24 W –—— 6 m2 FIGURA 1–13 Fluxo de calor é o calor transferido por unidade de tempo e por unidade de área, e é igual a , admitindo-se uniforme na área A. Cengel_Cap_01.indd 10 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 11 (c) Fluxo de calor é definido como o calor transferido por unidades de tempo e de área, ou taxa de transferência de calor por unidade de área. Assim, o fluxo médio de calor, nesse caso, é Discussão Note que o fluxo de calor pode variar com a posição na superfície. O valor obtido é o fluxo de calor médio sobre toda superfície da esfera. 1–4 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA A primeira lei da termodinâmica, também conhecida como princípio da conser- vação de energia, estabelece que a energia não pode ser criada nem destruída du- rante um processo; pode apenas mudar de forma. Assim, toda quantidade de energia deve ser computada durante um processo. O princípio da conservação de energia (ou balanço de energia) para qualquer sistema sofrendo qualquer processo pode ser ex- presso da seguinte maneira: A variação líquida (aumento ou diminuição) na energia total de um sistema durante um processo é igual à diferença entre a energia total recebida e a energia total rejeitada pelo sistema durante o processo. Isto é, Energia total na entrada do sistema Energia total na saída do sistema Mudança de energia total no sistema (1–9) Note que a energia pode ser transferida para ou do sistema por meio de calor, tra- balho e fluxo de massa, e que a energia total de um sistema simples e compressível é a soma das energias interna, cinética e potencial, e o balanço de energia para qualquer sistema sofrendo qualquer processo pode ser expresso como: Energia líquida transferida por calor, trabalho e massa Eent � Esai Mudança da energia interna, cinética, potencial, etc. �Esistema (1–10) ou na forma de taxas, como Taxa líquida de transferência de energia por calor, trabalho e massa Taxa de mudança da energia interna, cinética, potencial, etc. ent � sai dEsistema/dt (1–11) Energia é uma propriedade, e o valor de uma propriedade não varia, a menos que o estado do sistema mude. Dessa forma, a variação da energia de um sistema será nula (�Esis � 0) se o estado do sistema não mudar durante o processo, isto é, se for um pro- cesso em regime permanente. O balanço de energia, nesse caso, se reduz a (Fig. 1–15) Forma da taxa em regime permanente: Taxa de energia líquida na entrada transferida por calor, trabalho e massa Taxa de energia líquida na saída transferida por calor, trabalho e massa saient (1–12) Calor Trabalho Massa Sistema em regime permanente E ent � Esai Calor Trabalho Massa · · E ent · E sai · FIGURA 1–15 Em processos de regime permanente, a taxa de energia transferida que entra em um sistema é igual à taxa de energia que sai dele. Cengel_Cap_01.indd 11 24/04/12 17:15 12 Transferência de Calor e Massa Na ausência de efeitos significativos de eletricidade, magnetismo, movimen- to, gravidade e tensão superficial (isto é, para sistemas compressíveis simples e estacionários), a variação da energia total de um sistema durante um processo é simplesmente a mudança na energia interna. Isto é, �Esistema � �Usistema. Na análise de transferência de calor, normalmente estamos interessados ape- nas nas formas de energia que podem ser transferidas como resultado de uma dife- rença de temperatura, isto é, calor ou energia térmica. Nesses casos, é conveniente escrever um balanço de calor e representar as conversões de energia nuclear, quí- mica, mecânica e elétrica em energia térmica, como calor gerado. O balanço de energia pode, nesse caso, ser escrito assim: Mudança da energia térmica do sistema Geração de calor Energia líquida transferida sai (1–13) Balanço de energia para sistemas fechados (massa constante) Um sistema fechado é um sistema de massa constante. Na prática, a energia total E da maioria dos sistemas consiste em energia interna U, especialmente no caso dos sistemas estacionários, uma vez que eles não sofrem nenhuma mudança em sua velocidade ou elevação durante o processo. A relação para o balanço de energia, nesses casos, se reduz a: Sistema estacionário fechado: Eent � Esai � �U � mcv�T (J) (1–14) onde expressamos a variação da energia interna em massa m, do calor específico a volume constante cv e a variação da temperatura�T do sistema. Quando ocorre apenas transferência de calor no sistema sem a ocorrência de trabalho por meio de suas fronteiras, a relação para o balanço de energia se reduz ainda mais a (Fig. 1–16) Sistema estacionário fechado (trabalho nulo): Q � mcv�T (J) (1–15) onde Q é a quantidade líquida de transferência de calor para ou do sistema. Essa é a forma de balanço de energia que usaremos com maior frequência quando tratar- mos de sistemas de massa fixa. Balanço de energia para sistemas de escoamento em regime permanente Um grande número de equipamentos de engenharia, como aquecedores de água e radiadores de automóveis, envolve fluxo de massa para dentro e para fora do sistema e são modelados utilizando o conceito de volume de controle. A maioria dos volumes de controle é estudada sob condições de operações estacionárias. A expressão regime permanente significa invariância no tempo, em um determinado ponto. O contrário de regime permanente é transiente. O termo uniforme implica invariância com a posição ao longo de uma superfície ou região em dado instante. Esses significados são consistentes com as suas utilizações cotidianas (namorada fixa, distribuição uniforme, etc.). A quantidade total de energia de um volume de controle durante um processo com escoamento em regime permanece constante (ECV � constante). Isto é, a variação da energia total do volume de controle em tais processos é nula (�ECV � 0). Assim, a quantidade de energia que entra em um volume de controle, em todas as formas (calor, trabalho, transferência de massa), Calor específico � cv Massa � m Temperatura inicial � T1 Temperatura final � T2 Q � mcv(T1 � T2) FIGURA 1–16 Na ausência de trabalho, a variação na quantidade de energia de um sistema fechado é igual à quantidade líquida de calor transferido. Cengel_Cap_01.indd 12 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 13 em um processo em regime permanente, deve ser igual à quantidade de energia que sai do sistema. A quantidade de massa que flui por meio de uma seção transversal de um dispositivo, por unidade de tempo, é denominada vazão mássica e representada por . Um fluido pode escoar para dentro ou para fora do volume de controle, por meio de dutos ou tubulações. A vazão mássica do fluido que escoa em um duto é proporcional à área de seção transversal Ac do duto, à densidade r e à velocida- de V do fluido. A vazão mássica por meio de uma área diferencial dAc pode ser expressa como , onde Vn é o componente da velocidade normal a dAc. A vazão mássica por meio de toda seção transversal é obtida pela integração sobre Ac. O escoamento de um fluido em um duto pode frequentemente ser conside- rado unidimensional, isto é, as propriedades podem variar em uma única direção (direção do escoamento). Como resultado, todas as propriedades são consideradas uniformes em qualquer seção normal à direção do escoamento e são tratadas como valores médios de mistura para toda seção transversal. Para uma aproximação uni- dimensional do escoamento, a vazão mássica de um fluido escoando em um duto pode ser expressa por (Fig. 1–17). (1–16) onde r é a densidade do fluido; V, a velocidade média na direção do escoamento; e Ac, a área da seção do duto. O volume do fluido que escoa por meio de um duto por unidade de tempo é denominado vazão volumétrica e expresso como (1–17) Note que a vazão mássica de um fluido em um duto permanece constante durante o escoamento permanente, o que não é o caso para a vazão volumétrica, a menos que a densidade do fluido permaneça constante. Para sistemas com escoamento em regime permanente com entrada e saída, a vazão mássica que entra no volume de controle deve ser igual à vazão mássica que sai, ou seja, ent � sai � . Quando as variações na energia cinética e potencial forem desprezíveis, o que normalmente ocorre, e não houver incidência de traba- lho, o balanço de energia para esse escoamento em regime permanente se reduzirá a (Fig. 1–18). (1–18) onde é a taxa líquida de calor transferido para dentro ou fora do volume de controle. Essa é a representação para o balanço de energia que usaremos frequen- temente para sistemas com escoamento em regime permanente. Balanço de energia em superfícies Como mencionado no início do capítulo, o calor é transferido por mecanismos de condução, convecção e radiação, o que altera, muitas vezes, os veículos de trans- ferência de um meio para outro. Por exemplo, o calor conduzido para superfície externa da parede de uma casa no inverno sofre convecção para o ar frio externo enquanto irradia para o ambiente frio. Nesses casos, é necessário observar as tro- cas de energia na superfície, com aplicação do princípio da conservação da energia na superfície. m � r VAc· VAc � � D2/4 para um duto circular FIGURA 1–17 A vazão mássica de um fluido em uma seção transversal é igual ao produto da densidade do fluido, à velocidade média do fluido e à área de seção transversal. Volume de controle m T1 · m T2 · Etransf � mcp(T2 � T1)· · FIGURA 1–18 Sob condições de regime permanente, a taxa líquida de energia transferida para um fluido em volume de controle é igual à taxa de aumento da energia do fluido que escoa por meio do volume de controle. Cengel_Cap_01.indd 13 24/04/12 17:15 14 Transferência de Calor e Massa Uma superfície não contém volume nem massa, portanto não contém ener- gia. Assim, uma superfície pode ser visualizada como um sistema fictício cuja quantidade de energia permanece constante durante um processo (como sistema estacionário ou escoamento em regime permanente). Então, o balanço de energia na superfície pode ser expresso por: Balanço de energia na superfície: ent � sai (1–19) Essa relação é válida para ambas as condições, permanente e transiente, e o balan- ço de energia na superfície não envolve geração de calor, uma vez que superfícies não apresentam volume. O balanço de energia na superfície externa da parede na Fig. 1–19, por exemplo, pode ser expresso como 1 � 2 � 3 (1–20) onde 1 é a condução por meio da parede até a superfície; 2, a convecção a partir da superfície para o ar externo; e 3, a radiação líquida da superfície para o am- biente adjacente. Quando as direções das trocas são desconhecidas, todas as trocas de ener- gia podem ser assumidas como dirigidas para a superfície, e, assim, o balanço de energia na superfície pode ser expresso como � ent � 0. Observe que as trocas no sentido oposto resultarão em valores negativos, balanceando, assim, a equação. EXEMPLO 1–2 Resfriamento de chapas de aço inoxidável Uma chapa contínua de aço inoxidável AISI 304 em aquecimento é transportada com velocidade constante de 1 cm/s para dentro de uma câmara, para ser resfriada (Fig. 1–20). O aço inoxidável da chapa tem 5 mm de espessura e 2 m de largura. A chapa entra na câmara e sai dela a 500 K e 300 K, respectivamente. Determine a taxa de perda de calor da chapa de aço no interior da câmara. SOLUÇÃO Determinar a taxa de perda de calor transmitida a partir de uma chapa de aço inoxidável dentro de uma câmara. Suposições 1 Existem condições de operação constante. 2 A folha de aço inoxidá- vel tem propriedades constantes. 3 As alterações em energia cinética e potencial são desprezíveis. Propriedades O calor específico a pressão constante do aço inoxidável AISI 304 na temperatura média (500 � 300)/2 � 400 K é 515 J/kg�K. A densidade do aço inoxi- dável AISI 304 é 7.900 kg/m³ (Tab. A–3). Análise A massa da chapa de aço inoxidável transportada entra na câmara e sai dela a uma taxa de A taxa de perda de calor da chapa de aço inoxidável na câmara pode ser determinada como Discussão A chapa de aço inoxidável a ser transportada dentro e fora da câmara é tratada como volume de controle. V � 1 cm/s Tent� 500 K Chapa de aço inoxidável AISI 304 ·Qperda Tsai � 300 K FIGURA 1–20 Esquema para o Exemplo 1–2. Parede condução radiação Superfície de controle convecção Q3 . Q1 . Q2 . FIGURA 1–19 Trocas de energia na superfície externa da parede de uma casa. Cengel_Cap_01.indd 14 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 15 EXEMPLO 1–3 Perda de calor em dutos de aquecimento, em um porão Um trecho de 5 m de comprimento de sistema de aquecimento de ar passa por um es- paço não aquecido em um porão (Fig. 1–21). A seção transversal do duto retangular mede 20 cm � 25 cm. Ar quente entra no duto a 100 kPa e 60 °C, com velocidade média de 5 m/s. A temperatura do ar no duto cai para 54 °C, como resultado da perda de calor para o espaço frio do porão. Determine a taxa de perda de calor do ar no duto para o porão frio sob condições de regime permanente. Determine também o custo dessa perda de calor por hora, uma vez que a casa é aquecida por uma fornalha de gás natural cuja eficiência é de 80%, em uma região onde o custo do gás natural é de US$ 1,60/therm (1 therm � 105.500 kJ). SOLUÇÃO A temperatura do ar no duto de aquecimento da casa diminui como resultado da perda de calor para o espaço frio do porão. Determinar a taxa de perda de calor do ar quente e o custo correspondente. Suposições 1 Existem condições de operação em regime permanente. 2 O ar pode ser considerado um gás ideal com propriedades constantes em temperatura ambiente. Propriedades O calor específico com pressão constante do ar para temperatura mé- dia de (54 � 60)/2 � 57 °C é de 1,007 kJ/kg�K (Tab. A–15). Análise Tomamos o trecho do sistema de aquecimento dentro do porão como um sistema com escoamento em regime permanente. A taxa de perda de calor do ar no duto pode ser determinada por: onde é a vazão mássica; e �T, a queda de temperatura. A densidade do ar nas condições de entrada é: A área de seção transversal do duto é: Logo, a vazão mássica de ar no interior do duto e a taxa de perda de calor são: e (continua) 5 m Ar quente 100 kPa 60 °C 5 m/s 20 cm 25 cm Qperda · 54 °C FIGURA 1–21 Esquema para o Exemplo 1–3. Cengel_Cap_01.indd 15 24/04/12 17:15 16 Transferência de Calor e Massa ou 5.688 kJ/h. O custo para o proprietário dessa perda de calor é: Custo da perda de calor (Taxa de perda de calor) (Custo unitário da energia de entrada) Eficiência da fornalha Discussão A perda de calor pelo duto de aquecimento no porão custa para o pro- prietário da casa 10,8 centavos de dólar por hora. Admitindo que o aquecedor fun- cione 2.000 horas durante a temporada de aquecimento, o custo anual da perda de calor é de US$ 216. A maior parte desse dinheiro poderia ser economizada isolando o duto de aquecimento nas áreas não aquecidas. (continuação) EXEMPLO 1–4 Aquecimento elétrico de uma casa em altitude elevada Considere uma casa que tem um piso com área de 200 m2 e altura média de 3 m a uma elevação de 1.500 m, onde a pressão atmosférica é de 84,6 kPa (Fig. 1–22). Inicialmente, a casa está a uma temperatura uniforme de 10 °C. Então, liga-se o aquecedor elétrico até o ar no interior da casa atingir a temperatura média de 20 °C. Determine a quantidade de energia transferida para o ar, admitindo que (a) a casa é bem vedada e o ar do interior não escapa para fora durante o processo de aqueci- mento, e (b) alguma quantidade de ar escapa pelas fendas quando o ar aquecido no interior da casa expande-se com pressão constante. Determine também o custo do aquecimento para cada caso, considerando que o custo da eletricidade na região é de US$ 0,075/kWh. SOLUÇÃO O ar no interior da casa é aquecido por um aquecedor elétrico. A quan- tidade e o custo da energia transferida para o ar devem ser determinados para os casos de pressão e volume constantes. Suposições 1 O ar pode ser tratado como um gás ideal com propriedades constan- tes. 2 A perda de calor durante o processo de aquecimento é desprezível. 3 O volume ocupado pela mobília e por outros itens no interior da casa é desprezível. Propriedades Os calores específicos do ar na temperatura média de (10 � 20)/2 � 15 °C são cp � 1,007 kJ/kg�K e cv � cp � R � 0,720 kJ/kg�K (Tabs. A–1 e A–15). Análise O volume e a massa do ar no interior da casa são: V � (Área de piso)(Altura) � (200 m2)(3 m) � 600 m3 (a) A quantidade de energia transferida para o ar em processo a volume constante é simplesmente a variação da energia interna: 3 m 15 m Patm � 84,6 kPa 12 m 20 °C 10 °C FIGURA 1–22 Esquema para o Exemplo 1–4. Cengel_Cap_01.indd 16 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 17 Dado o custo de US$ 0,075/kWh, o custo total dessa energia é: (b) A quantidade de energia transferida para o ar com pressão constante é a variação na entalpia: Eent, pressão constante Dado o custo de US$ 0,075/kWh, o custo total dessa energia é: Custo de energia (Quantidade de energia)(Custo unitário de energia) Discussão O custo é de 10 centavos no primeiro caso e 14 centavos no segundo, para aquecer o ar do interior da casa de 10 °C para 20 °C. A segunda resposta é mais realista, uma vez que toda a casa tem fendas, especialmente no contorno de portas e janelas, além de a pressão no interior dela permanecer essencialmente constante durante o processo de aquecimento. Assim, a segunda abordagem é usada na prática. Essa abordagem conservadora superestima um pouco a quantidade de energia usada, já que alguma quantidade de ar escapa pelas fendas antes de ser aquecida a 20 °C. 1–5 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR Na Seção 1–1, definimos calor como a forma de energia que pode ser transferida de um sistema para outro como resultado da diferença de temperatura. A análise termodinâmica trata da quantidade de calor transferido quando um sistema passa de um estado de equilíbrio para outro. A ciência que se preocupa com a determina- ção das taxas de transferências de energia é a transferência de calor. A transferên- cia de energia, como calor, ocorre do meio de maior temperatura para o de menor temperatura e cessa quando os dois meios atingem a mesma temperatura. O calor pode ser transferido de três diferentes modos: condução, convecção e radiação. Todos os modos de transferência de calor exigem a existência da di- ferença de temperatura e todos ocorrem da maior para a menor temperatura. A seguir, apresentamos uma breve descrição de cada modo. Um estudo detalhado desses modos de transferência é apresentado nos capítulos seguintes. 1–6 CONDUÇÃO Condução é a transferência de energia das partículas mais energéticas de uma substância para partículas vizinhas adjacentes menos energéticas, como resultado da interação entre elas. A condução pode ocorrer em sólidos, líquidos ou gases. Cengel_Cap_01.indd 17 24/04/12 17:15 18 Transferência de Calor e Massa Em líquidos e gases, a condução deve-se às colisões e difusões das moléculas em seus movimentos aleatórios. Nos sólidos, ela acontece por causa da combinação das vibrações das moléculas em rede, e a energia é transportada por elétrons livres. Uma lata com bebida gelada em um ambiente quente, por exemplo, normalmente aquece até a temperatura do ambiente, como resultado da transferência de calor do ambiente para a bebida por meio da condução térmica pelo alumínio da lata. A taxa de condução de calor por um meio depende da geometria, da espessu- ra, do tipo de material e da diferença de temperatura a que o meio está submetido. Quando envolvemos um tanque de água quente com lã de vidro (material isolante térmico), reduzimos sua taxa de perda de calor. Quanto maior for o isolamento, menor será a perda de calor. Um tanque de água quente perde calor a uma taxa maior quando a temperatura do ambiente em que se encontra é reduzida.Além disso, quanto maior for o tanque, maior será a área superficial, logo, maior será a taxa de perda de calor. Considere a condução de calor em regime permanente através de uma grande parede plana de espessura Δx � L e área A, como mostra a Fig. 1–23. A diferença de temperatura através da parede é ΔT � T2 � T1. Experimentos têm mostrado que a taxa de transferência de calor através da parede dobra quando a diferença de temperatura ΔT ou a área A normal em direção da transferência de calor é dobrada, mas é reduzida à metade quando a espessura da parede L é dobrada. Assim, con- cluímos que a taxa de condução de calor através de uma camada plana é propor- cional à diferença de temperatura através da camada e à área de transferência de calor, mas inversamente proporcional à espessura da camada. Ou seja, Taxa de condução de calor (Área)(Diferença de temperatura)Espessura ou (1–21) onde a constante de proporcionalidade k é a condutividade térmica do material, que é a medida da capacidade do material de conduzir calor (Fig. 1–24). No caso- -limite de �x → 0, a Eq. 1–21 se reduz à forma diferencial (1–22) que é denominada lei de Fourier da condução térmica, em referência a J. Fourier (Fig. 1–25), que a expressou pela primeira vez em seu livro sobre transferência de calor, em 1822. Aqui, dT/dx é o gradiente de temperatura, que é a inclinação da curva no gráfico T-x (taxa de variação de T com relação a x) na coordenada x. A re- lação acima indica que a taxa de condução de calor em dada direção é proporcional ao gradiente de temperatura na mesma direção. O calor é conduzido no sentido da temperatura decrescente, e o gradiente de temperatura torna-se negativo quando a temperatura decresce com o aumento de x. O sinal negativo na Eq. 1–22 assegura que a transferência de calor no sentido positivo de x seja uma quantidade positiva. A área de transferência de calor A é sempre normal à direção da transferência de calor. Para a perda de calor em uma parede de 5 m de comprimento, 3 m de altu- ra e 25 cm de espessura, por exemplo, a área de transferência de calor é A � 15 m2. Observe que a espessura da parede não tem efeito sobre A (Fig. 1–26). 30 °C (a) Cobre (k � 401 W/m·K) (b) Silicone (k � 148 W/m·K) 20 °C 30 °C 20 °C 1 m 1 m Q � 4.010 W. Q � 1.480 W A � 1 m2 A � 1 m2 . FIGURA 1–24 A taxa de condução de calor por meio de um sólido é diretamente proporcional à sua condutividade térmica. T1 A A T2 Δx . Q x0 FIGURA 1–23 Condução de calor através de uma grande parede plana de espessura Δx e área A. Cengel_Cap_01.indd 18 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 19 EXEMPLO 1–5 Custo da perda de calor através de um telhado O telhado de uma casa com aquecimento elétrico tem 6 m de comprimento, 8 m de largura e 0,25 m de espessura e é feito de uma camada plana de concreto cuja con- dutividade térmica é k � 0,8 W/m.K (Fig. 1–27). As temperaturas das faces interna e externa do telhado, medidas em uma noite, são 15 °C e 4 °C, respectivamente, durante um período de 10 horas. Determine (a) a taxa de perda de calor através do telhado naquela noite e (b) o custo dessa perda de calor para o proprietário, conside- rando que o custo da eletricidade é de US$ 0,08/kWh. SOLUÇÃO As superfícies interna e externa do telhado plano de concreto de uma casa aquecida por sistema elétrico são mantidas em dadas temperaturas durante a noi- te. Determinar o calor perdido através do telhado, bem como o custo correspondente. Suposições 1 Sistema em regime permanente durante toda a noite, uma vez que as temperaturas das superfícies do telhado permanecem constantes nos valores determi- nados. 2 As propriedades do telhado são admitidas como constantes. Propriedades A condutividade térmica do telhado é k � 0,8 W/m�K. Análise (a) Considerando que a transferência de calor pelo telhado ocorre por con- dução e sua área é A � 6 m � 8 m � 48 m2, a taxa de transferência de calor perma- nente por meio do telhado é: (b) A quantidade de calor perdido através do telhado durante o período de 10 horas e seu correspondente custo são: Custo (Quantidade de energia)(Custo unitário da energia) Discussão Naquela noite, o custo para o proprietário da casa referente à perda de calor através do telhado foi de US$ 1,35. O total da conta de aquecimento deverá ser muito maior, uma vez que perdas de calor através das paredes não foram considera- das nos cálculos. FIGURA 1–25 Jean Baptiste Joseph Fourier (1768-1830), matemático e físico, nasceu em Auxerre, França. Ele é mais conhecido por seu trabalho na série infinita de funções trigonométricas que levam seu nome e pelo desenvolvimento da teoria matemática de condução calor. Fourier estabeleceu a equação diferencial parcial que rege a difusão de calor, resolvendo isso pelo uso da série de Fourier. A transformada de Fourier, o número de Fourier e a lei de Fourier sobre condução de calor foram nomeados em sua honra. Credita-se também a ele a descoberta do fenômeno do efeito estufa em 1824. (Foto do Museu Deutsches.) Condutividade térmica Vimos que diferentes materiais armazenam calor de modo distinto e definimos a propriedade calor específico cp como medida da capacidade do material de arma- zenar energia térmica. Por exemplo, cp � 4,18 kJ/kg�K para a água e cp � 0,45 kJ/kg� C para o ferro em temperatura ambiente, o que indica que a água pode armazenar quase 10 vezes mais energia do que o ferro por unidade de massa. Da mesma forma, a condutividade térmica k é a medida da capacidade de um material conduzir calor. Por exemplo, k � 0,607 W/m�K para a água e k � 80,2 W/m�K para o ferro em temperatura ambiente, o que significa que o ferro conduz calor 100 vezes mais rápido do que a água. Logo, dizemos que a água é um pobre condutor de calor em relação ao ferro, entretanto a água é um excelente meio para armaze- nar energia térmica. A Eq. 1–21 para a taxa de transferência de calor por condução sob condições permanentes também pode ser visualizada como uma equação que define a con- W A � W × H H L Q· FIGURA 1–26 Na análise de condução de calor, A representa a área normal à direção da transferência de calor. Cengel_Cap_01.indd 19 24/04/12 17:15 20 Transferência de Calor e Massa dutibilidade térmica. Assim, a condutividade térmica de um material pode ser definida como a taxa de transferência de calor por meio de uma unidade de com- primento de um material por unidade de área por unidade de diferença de tempe- ratura. A condutividade térmica de um material é a medida da capacidade de o ma- terial conduzir calor. Um alto valor de condutividade indica que o material é bom condutor de calor, enquanto um valor baixo indica que o material é mau condutor de calor ou isolante. As condutividades térmicas de alguns materiais comuns em temperatura ambiente são dadas na Tab. 1–1. A condutividade térmica do cobre, em temperatura ambiente é k � 401 W/m�K, o que indica que uma parede de cobre de 1 m de espessura deverá conduzir calor a uma taxa de 401 W por m2 de área por K de diferença de temperatura através da parede. Note que materiais como cobre e prata são bons condutores elétricos e também bons condutores de calor, com altos valores de condutividade térmica. Materiais como borracha, madeira e isopor são maus condutores de calor, logo têm valores menores de condutividade. Uma camada de material de espessura e área conhecidas pode ser aquecida em um dos lados por um aquecedor de resistência elétrica de comportamento conhe- cido. Se a outra face do aquecedor for apropriadamente isolada, todo o calor libe- rado pela resistência será transferido para o material como um todo, cuja conduti- vidade deve ser determinada. Assim, medindo a temperatura das duas superfícies do material quandoa transferência de calor em regime permanente é atingida e substituindo na Eq. 1–21 juntamente com outras quantidades conhecidas, obtemos a condutividade térmica (Fig. 1–28). A condutividade térmica dos materiais varia ao longo de ampla faixa, como mostra a Fig. 1–29. A condutividade térmica de gases como o ar pode variar por um fator de 104 em relação aos metais puros, como o cobre. Observe que cristais puros e metais têm os maiores valores de condutividade térmica, enquanto gases e materiais isolantes têm os menores. A temperatura é uma medida da energia cinética de partículas como moléculas ou átomos de uma substância. Em líquidos ou gases, a energia cinética das molé- culas é devida aos movimentos translacional aleatório, rotacional e vibracional. Quando duas moléculas detentoras de energias cinéticas distintas colidem, parte da energia cinética da partícula mais energética (maior temperatura) é transferida para a menos energética (menor temperatura), de modo semelhante à colisão de duas bolas elásticas de mesma massa, mas com velocidades diferentes, quando parte da energia cinética da mais veloz é transferida para a outra menos veloz. Quanto maior a temperatura, mais rápido é o movimento das moléculas e maior o número de colisões; assim, melhor é a transferência de calor. A teoria cinética dos gases prediz, e os experimentos confirmam, que a con- dutividade térmica dos gases é proporcional à raiz quadrada da temperatura ter- modinâmica T e inversamente proporcional à raiz quadrada da massa molar M. Portanto, para um gás específico (M fixo), a condutividade térmica aumenta com o aumento da temperatura e, em temperatura fixa, diminui com o aumento de M. Por exemplo, a uma temperatura fixa de 1.000 K, a condutividade térmica do hélio (M � 4) é 0,343 W/m�K e a do ar (M � 29) é 0,0667 W/m�K, que é muito menor do que a do hélio. As condutividades térmicas de gases na pressão de 1 atm estão listadas na Tab. A–16. Todavia, tais valores também podem ser utilizados em outras pressões, uma vez que a condutividade térmica dos gases é independente da pressão em um grande intervalo de pressões encontradas na prática. O mecanismo da condução do calor em um líquido é complicado por causa da maior proximidade das moléculas, que permite um forte campo de força inter- 4 °C 8 m Telhado de concreto 6 m 15 °C 0,25 m FIGURA 1–27 Esquema para o Exemplo 1–5. TABELA 1–1 Condutividade térmica de alguns materiais em temperatura ambiente Material k, W/m.K Diamante 2.300 Prata 429 Cobre 401 Ouro 317 Alumínio 237 Ferro 80,2 Mercúrio (I) 8,54 Vidro 0,78 Tijolo 0,72 Água (I) 0,607 Pele humana 0,37 Madeira (carvalho) 0,17 Hélio (g) 0,152 Borracha macia 0,13 Fibra de vidro 0,043 Ar (g) 0,026 Uretano, espuma rígida 0,026 Cengel_Cap_01.indd 20 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 21 molecular. As condutividades térmicas de líquidos normalmente estão no intervalo entre os valores de sólidos e gases. Em geral, a condutividade térmica de uma substância é maior na fase sólida e menor na gasosa. Diferentemente dos gases, a condutividade térmica da maioria dos líquidos decresce com o aumento da tempe- ratura, sendo a água uma notável exceção. Como os gases, a condutividade térmica dos líquidos decresce com o aumento da massa molar. Metais líquidos como o mercúrio e o sódio têm alto valor de condutividade e são bastante adequados para o uso em aplicações nas quais a alta taxa de transferência de calor para líquido é desejada, como em usinas nucleares. Nos sólidos, a condução de calor é devida a dois efeitos: ondas de vibração de rede motivadas pelos movimentos vibracionais das moléculas arranjadas em posições relativamente fixas, de forma periódica, constituindo redes; e energia transportada por meio do movimento livre dos elétrons presentes nos sólidos (Fig. 1–30). A condutividade térmica de sólidos é obtida pela soma do com- ponente de rede e do componente eletrônico. A condutividade térmica relativa- mente alta de metais puros se deve principalmente ao componente eletrônico. O componente da rede da condutividade térmica depende fortemente de como as moléculas são arranjadas. Por exemplo, o diamante, que é um sólido cristalino altamente ordenado, tem o maior valor conhecido de condutividade térmica em temperatura ambiente. Diferentemente dos metais, que são bons condutores de calor e eletricidade, sólidos cristalinos como o diamante e semicondutores como o silício são bons Gases Hidrogênio Hélio Ar Dióxido de carbono Isolantes Líquidos Sólidos não metálicos Ligas metálicas Metal puro Fibras Madeiras Espumas Mercúrio Água Óleos Óxidos Rocha Alimento Borracha Prata Cobre Ferro Manganês Diamante Grafite Carboneto de silício Óxido de berílio Quartzo Ligas de alumínio Bronze Aço Níquel Cristais não metálicos 1.000 k, W /m ·K 100 10 1 0,1 0,01 FIGURA 1–29 Faixa de condutividade térmica de diversos materiais em temperatura ambiente. T1 T2 A L Q Q � We . . . . k Amostra material We k � Isolamento Is ol am en to Isolamento Aquecedor elétrico FIGURA 1–28 Arranjo experimental simples para determinar a condutividade térmica de um material. Cengel_Cap_01.indd 21 24/04/12 17:15 22 Transferência de Calor e Massa condutores de calor, mas pobres condutores de eletricidade. Como resultado, tais materiais encontram uma ampla aplicação na indústria eletrônica. Apesar de seu alto custo, diamantes são utilizados como dissipadores de calor de dispositivos ele- trônicos sensíveis, por causa de sua excelente condutividade térmica. Óleo e juntas de silício são comumente utilizados na montagem de componentes eletrônicos, uma vez que ambos apresentam bom contato térmico e bom isolamento elétrico. Metais puros têm condutividades térmicas elevadas, e até poderíamos pensar que ligas metálicas também deveriam ter altas condutividades. Seria de esperar que uma liga feita de dois metais com condutividades térmicas k1 e k2 tivesse con- dutividade k entre k1 e k2. Mas esse não é o caso. A condutividade térmica de uma liga de dois metais é normalmente muito menor do que a de cada metal, como mostrado na Tab. 1–2. Mesmo pequenas quantidades de moléculas estranhas em metais puros, que são bons condutores, podem prejudicar seriamente a transferên- cia de calor no metal. Por exemplo, a condutividade térmica de aço contendo ape- nas 1% de cromo é de 62 W/m�K, enquanto as condutividades térmicas do ferro e do cromo são de 83 e 95 W/m�K, respectivamente. As condutividades térmicas dos materiais variam com a temperatura (Tab. 1–3). A variação da condutividade térmica ao longo de certos intervalos de tempe- ratura é insignificante para alguns materiais, mas significativa para outros, como mostrado na Fig. 1–31. As condutividades térmicas de certos sólidos exibem um aumento drástico para temperaturas próximas de zero absoluto, quando eles se tornam sólidos supercondutores. Por exemplo, a condutividade do cobre atinge um valor máximo de cerca de 20.000 W/m�K a 20 K, que é cerca de 50 vezes a condutividade em temperatura ambiente. As condutividades térmicas e outras pro- priedades térmicas de vários materiais são indicadas nas Tabs. A–3 a A–17. Os valores de condutividade térmica apresentados nas Tabs. A–3 a A–10 são apropriados quando as dimensões físicas do material em consideração são relati- vamente grandes. Em algumas áreas emergentes de tecnologia, como a microele- trônica, as dimensões físicas estão na ordem de micro ou nanômetros. Para essas aplicações, dimensões físicas pequenas muito provavelmente influenciam o valor da condutividade térmica nos estados sólido e líquido. Nessas situações, com a di- minuiçãodas dimensões físicas, a média da distância líquida percorrida pelos veto- res de energia normalmente diminui, e isso reduz o valor da condutividade térmica. A dependência da condutividade térmica sobre a temperatura resulta em com- plexidade considerável na análise da condução. Por isso, é prática comum avaliar a condutividade térmica k na temperatura média e tratá-la como uma constante nos cálculos. Na análise da transferência de calor, um material é geralmente considerado isotrópico, isto é, com propriedades uniformes em todas as direções. Essa hipótese é realista para a maioria dos materiais, exceto aqueles que apresentam caracterís- ticas estruturais diferentes em direções diferentes, tais como materiais compostos de laminados e madeira. A condutividade térmica da madeira normal em direção à fibra, por exemplo, é diferente da paralela em direção à fibra. Difusividade térmica O produto rcp, frequentemente encontrado na análise da transferência de calor, é chamado capacidade térmica de um material. Tanto o calor específico cp quanto a capacidade térmica rcp representam a capacidade de armazenamento de calor de um material. Entretanto, cp representa isso por unidade de massa, enquanto rcp, por unidade de volume, como pode ser notado a partir de suas unidades J/kg�K e J/m3�K, respectivamente. TABELA 1–2 A condutividade térmica de uma liga é normalmente muito menor que as condutividades térmicas de cada metal dos quais ela é composta Metal puro ou liga k, W/m�K, a 300 K Cobre 401 Níquel 91 Constantan (55% Cu, 45% Ni) 23 Cobre 401 Alumínio 237 Bronze comercial (90% Cu, 10% Al) 52 • Colisões moleculares • Difusão molecular • Colisões moleculares • Difusão molecular • Vibrações de rede • Fluxo de elétrons livres elétrons Sólido Líquido Gás FIGURA 1–30 Mecanismos de condução de calor em diferentes fases de uma substância. Cengel_Cap_01.indd 22 24/04/12 17:15 Capítulo 1 Introdução e Conceitos Básicos 23 Outra propriedade de um material que aparece na análise da condução de calor transiente é a difusividade térmica, que representa a velocidade com que o calor se difunde por meio de um material e é definida como Condução de calor Armazenamento de calor (1–23) Note que a condutividade térmica k representa como um material conduz bem o calor, e a capacidade térmica rcp representa quanta energia um material pode armazenar por unidade de volume. Por isso, a difusividade térmica de um material pode ser entendida como a razão entre o calor conduzido por meio do material e o calor armazenado por unidade de volume. Um material com alta condutividade térmica ou baixa capacidade térmica terá obviamente grande difusividade térmica. Quanto maior for a difusividade térmica, mais rapidamente será a propagação de calor no meio. Um pequeno valor de difusividade térmica indica que a maior parte do calor é absorvida pelo material e uma pequena quantidade de calor é conduzida adiante. As difusividades térmicas de alguns materiais comuns a 20 °C são apresenta- das na Tab. 1–4. Note que a difusividade térmica varia de � � 0,14 � 10�6 m2/s para água a � � 149 � 10�6 m2/s para prata, uma diferença de mais de mil vezes. Observe também que as difusividades térmicas da carne bovina e da água são as mesmas. Isso não é surpreendente, uma vez que a carne, os vegetais e as frutas frescas são constituídos principalmente de água e, portanto, têm as mesmas pro- priedades térmicas dela. TABELA 1–3 A condutividade térmica dos materiais varia com a temperatura k, W/m�K T, K Cobre Alumínio 100 482 302 200 413 237 300 401 237 400 393 240 600 379 231 800 366 218 Diamantes Tipo IIa Tipo IIb Tipo I Sólidos Líquidos Gases Prata OuroAlumínio Óxido de alumínio Platina Vidro pirocerâmico Quartzo claro fundido Água 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 Ferro Tungstênio Cobre Hélio Tetracloreto de carbono Vapor de água T, K Ar Argônio 10.000 1.000 100 10 1 0,1 0,01 k, W /m ·Κ FIGURA 1–31 Variação da condutividade térmica de vários sólidos, líquidos e gases com a temperatura. TABELA 1–4 Difusividade térmica de alguns materiais em temperatura ambiente Material �, m2/s Prata 149 � 10�6 Ouro 127 � 10�6 Cobre 113 � 10�6 Alumínio 97,5 � 10�6 Ferro 22,8 � 10�6 Mercúrio (�) 4,7 � 10�6 Mármore 1,2 � 10�6 Gelo 1,2 � 10�6 Concreto 0,75 � 10�6 Tijolo 0,52 � 10�6 Solo denso (seco) 0,52 � 10�6 Vidro 0,34 � 10�6 Lã de vidro 0,23 � 10�6 Água (�) 0,14 � 10�6 Bife 0,14 � 10�6 Madeira (carvalho) 0,13 � 10�6 Cengel_Cap_01.indd 23 24/04/12 17:15 24 Transferência de Calor e Massa EXEMPLO 1–6 Medição da condutividade térmica de um material Uma maneira comum de medir a condutividade térmica de um material é fazer um sanduíche de um aquecedor elétrico entre as duas amostras idênticas do material, como mostrado na Fig. 1–32. A espessura da resistência do aquecedor, incluindo sua cobertura, feita de borracha de silicone fina, normalmente é inferior a 0,5 mm. Um fluido de resfriamento circulante, como água da torneira, mantém as extremida- des expostas das amostras a uma temperatura constante. As superfícies laterais das amostras são bem isoladas para garantir que a transferência de calor por meio das amostras seja unidimensional. Dois termopares são embutidos em cada amostra a uma distância L entre eles, e um termômetro diferencial mede a queda de temperatu- ra �T ao longo de cada uma. Quando as condições operacionais estáveis são alcan- çadas, a taxa total de transferência de calor, por meio de ambas as amostras, torna-se igual à energia elétrica consumida pelo aquecedor. Em certo experimento, são usadas amostras cilíndricas de 5 cm de diâmetro e 10 cm de comprimento. Dois termopares são colocados em cada uma com 3 cm de espaçamento. Após o período inicial de transição, observa-se que o aquecedor elétrico consome 0,4 A em 110 V, e os dois termômetros diferenciais medem uma diferença de temperatura de 15 °C. Determine a condutividade térmica da amostra. SOLUÇÃO Dterminar a condutividade térmica de um material para garantir a con- dução de calor unidimensional, por meio da medição da temperatura, quando as condições operacionais forem estáveis. Suposições 1 Existem condições operacionais estáveis, então as leituras de tempe- ratura não mudam com o tempo. 2 As perdas de calor por meio das superfícies late- rais do aparelho são insignificantes, uma vez que essas superfícies são bem isoladas e, portanto, todo o calor gerado pelo aquecedor é conduzido por meio das amostras. 3 O aparelho tem simetria térmica. Análise A energia elétrica consumida pela resistência do aquecedor e convertida em calor é � VI � (110 V)(0,4 A) � 44 W A taxa de fluxo de calor por meio de cada amostra é então, apenas metade do calor gerado flui por meio de cada amostra por causa da simetria. Lendo a mesma diferença de temperatura ao longo da mesma distância em cada amostra, também se confirma que o aparelho tem simetria térmica. A área de transferência de calor é a área perpendicular à direção dessa transferência, que é a área da seção transversal do cilindro, neste caso A � �D2 � �(0,05 m)2 � 0,001963 m2 Observando que a temperatura diminui 15 °C ao longo de 3 cm no sentido do fluxo de calor, a condutividade térmica da amostra pode ser determinada Discussão Talvez você esteja se perguntando se realmente precisamos utilizar duas amostras no aparelho, uma vez que as medições na segunda amostra não fornecem nenhuma informação adicional. Parece que poderíamos substituir a segunda amostra por um isolamento. Na verdade, não precisamos da segunda amostra, no entanto ela nos permite verificar a temperatura medida na primeira
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