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Indaial – 2019 Processos de Transferência de calor Prof. ª Eloá Suelen Ramos Prof. ª Cândida Luiza Simonato 1a Edição Processos de Transferência de Calor.indd 1 06/11/2019 16:41:58 Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof. ª Eloá Suelen Ramos Prof. ª Cândida Luiza Simonato Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: R175p Ramos, Eloá Suelen Processos de transferência de calor. / Eloá Suelen Ramos; Cândida Luiza Simonato. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 220 p.; il. ISBN 978-85-515-0389-8 1. Calor - Transmissão. - Brasil. I. Simonato, Cândida Luiza. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 536.2 Processos de Transferência de Calor.indd 2 06/11/2019 16:41:58 III aPresenTação Olá, acadêmico! Seja muito bem-vindo à disciplina de Processos de Transferência de Calor. Nesta disciplina, você construirá conhecimento a fim de compreender, interpretar, descrever e quantificar estes processos, de modo que possa se tornar apto a praticar estes processos profissionalmente. No decorrer das três unidades, estudaremos os seguintes itens: Alguns conceitos fundamentais e teóricos para que o processo seja entendido desde a sua base principal; Como acontecem os fenômenos de transferência de calor; A necessidade de conservação de energia; Processos de transferência de massa pelo mecanismo de difusão; O fluxo de calor envolvido no processo de transferência e seus mecanismos. A partir destes assuntos, poderemos seguir com o projeto de condensadores, evaporadores, caldeiras e trocadores de calor de modo geral. Estudaremos os três diferentes tipos de processo de transferência de calor: condução, convecção e radiação e os cálculos envolvidos em projetos associados a cada situação. Ao final serão propostos exercícios de projeto de trocadores de calor e compreenderemos um pouco mais cada particularidade. Convidamos você, acadêmico, a estudar este livro didático com a finalidade de desenvolver as competências de um engenheiro de projetos. O conhecimento se constrói passo a passo e de nada adiantaria aprendermos apenas os cálculos de projeto de trocadores. É de extrema necessidade que você tenha o conhecimento de todas as propriedades envolvidas nos cálculos, tanto na teoria quanto na prática. Bons estudos! Prof. ª Eloá Suelen Ramos Prof. ª Cândida Luiza Simonato Processos de Transferência de Calor.indd 3 06/11/2019 16:41:58 IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Processos de Transferência de Calor.indd 4 06/11/2019 16:41:58 V Processos de Transferência de Calor.indd 5 06/11/2019 16:41:59 VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento. Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada! LEMBRETE Processos de Transferência de Calor.indd 6 06/11/2019 16:41:59 VII UNIDADE 1 – OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS ......................... 1 TÓPICO 1 – CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS ........................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 DEFINIÇÃO DE ENERGIA ................................................................................................................ 3 2.1 DEFINIÇÃO DE MATÉRIA ........................................................................................................... 5 2.2 DEFINIÇÃO DE PONTO DE FUSÃO E EBULIÇÃO ................................................................. 7 2.2.1 Ponto de ebulição e de liquefação ......................................................................................... 8 2.2.2 Calor específico ........................................................................................................................ 8 2.2.3 Densidade absoluta ................................................................................................................. 8 2.3 DEFINIÇÃO DE DUREZA ............................................................................................................. 10 2.4 DEFINIÇÃO DE TEMPERATURA ................................................................................................ 10 2.5 DEFINIÇÃO DE CALOR ................................................................................................................ 11 2.5.1 Unidades de medida de calor ................................................................................................ 11 2.6 CALOR SENSÍVEL .......................................................................................................................... 12 2.6.1 Calor específico ........................................................................................................................ 13 2.6.2 Capacidade calorífica .............................................................................................................. 13 2.7 CALOR LATENTE ........................................................................................................................... 14 2.8 ENTALPIA ........................................................................................................................................ 15 2.9 CONCEITO DE FLUIDO ................................................................................................................ 16 2.9.1 Forças que atuam sobre um fluido ....................................................................................... 17 2.9.2 Hipótese do contínuo ............................................................................................................. 17 2.9.3 Fluido incompressível ............................................................................................................ 17 2.9.4 Fluido compressível ................................................................................................................18 2.9.5 Massa específica ...................................................................................................................... 18 2.9.6 Volume específico ................................................................................................................... 19 2.9.7 Peso específico ......................................................................................................................... 19 3 DEFINIÇÃO DE CAPACIDADE CALORÍFICA VIBRACIONAL ............................................. 20 3.1 DEFINIÇÃO DE VOLUME ............................................................................................................ 22 3.2 DEFINIÇÃO DE EXPANSÃO TÉRMICA .................................................................................... 23 3.3 DEFINIÇÃO DE CONDUTIVIDADE TÉRMICA ....................................................................... 24 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 26 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 29 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30 TÓPICO 2 – VISÃO GERAL DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ............. 33 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33 2 MECANISMO DE CONDUÇÃO ...................................................................................................... 34 2.1 MECANISMO DE CONVECÇÃO ................................................................................................ 35 2.2 MECANISMO DE RADIAÇÃO ..................................................................................................... 36 2.3 MECANISMOS COMBINADOS ................................................................................................... 36 3 RELAÇÕES COM A TERMODINÂMICA E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ......................... 37 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 40 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 41 sumário Processos de Transferência de Calor.indd 7 06/11/2019 16:41:59 VIII TÓPICO 3 – A NECESSIDADE DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ........................... 47 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 47 2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA EM UM VOLUME DE CONTROLE (VC) ........................... 48 3 O BALANÇO DE ENERGIA EM UMA SUPERFÍCIE ................................................................... 53 4 METODOLOGIA PARA ANÁLISE DOS PROBLEMAS DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR ........................................................................................................ 58 5 RELEVÂNCIA DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR ..................................................................... 62 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 64 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65 TÓPICO 4 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO ...................... 67 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67 2 DEFINIÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO ........................................... 68 2.1 COMPOSIÇÃO DE MISTURAS .................................................................................................... 69 2.2 LEI DE FICK DA DIFUSÃO ........................................................................................................... 70 2.3 DIFUSIVIDADE MÁSSICA ........................................................................................................... 71 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 74 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76 UNIDADE 2 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA ........................... 77 TÓPICO 1 –PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO ................. 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ...................................................................................................... 79 2.1 DEFINIÇÃO DE CONDUÇÃO DE CALOR EM PAREDE PLANA E SISTEMAS RADIAIS .................................................................................................................... 80 2.2 EQUAÇÃO GERAL DA CONDUÇÃO DE CALOR .................................................................. 80 2.2.1 Condutividade térmica .......................................................................................................... 83 2.2.2 Equação de Fourier ................................................................................................................. 85 2.2.3 Equação de Poisson ................................................................................................................. 85 2.2.4 Equação de Laplace................................................................................................................. 86 2.3 DEFINIÇÕES DE CONDIÇÕES DE CONTORNO E CONDIÇÃO INICIAL ......................... 86 2.4 CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE ........................................ 89 2.4.1 Coordenadas Cartesianas....................................................................................................... 90 2.4.2 Coordenadas cilíndricas ......................................................................................................... 92 2.5 ANALOGIA COM SISTEMAS ELÉTRICOS ................................................................................ 96 2.6 RAIO CRÍTICO DE ISOLAMENTO TÉRMICO .......................................................................... 99 2.7 ALETAS OU SUPERFÍCIES ESTENDIDAS ................................................................................. 102 2.7.1 Tipos de Aletas ........................................................................................................................ 102 2.7.2 Equação geral da aleta ............................................................................................................ 103 2.8 CONDUÇÃO DE CALOR EM REGIME TRANSIENTE ........................................................... 105 2.8.1 Análise global .......................................................................................................................... 105 2.8.2 Diagrama de Heisler ............................................................................................................... 110 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 120 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 121 TÓPICO 2 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO .............. 123 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 123 2 DEFINIÇÃO DE CONVECÇÃO DE CALOR .................................................................................124 2.1 CONVECÇÃO DE CALOR NATURAL ....................................................................................... 124 2.2 CONVECÇÃO DE CALOR FORÇADA ....................................................................................... 125 2.3 ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO ........................................................................... 125 Processos de Transferência de Calor.indd 8 06/11/2019 16:41:59 IX 2.4 CAMADA LIMITE ..............................................................................................................130 2.4.1 Camada limite de velocidade ................................................................................................ 131 2.4.2 Camada limite térmica ........................................................................................................... 132 2.4.3 Camada limite de concentração ............................................................................................ 133 2.5 PARÂMETROS ADIMENSIONAIS .............................................................................................. 135 2.5.1 Número de Reynolds ............................................................................................................ 135 2.5.2 Número de Prandtl ................................................................................................................ 135 2.5.3 Número de Nusselt................................................................................................................ 136 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 138 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 139 TÓPICO 3 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO .................. 141 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 141 2 CONCEITO FUNDAMENTAIS ......................................................................................................... 141 2.1 DEFINIÇÃO DE RADIAÇÃO DE CALOR .................................................................................. 141 2.2 INTENSIDADE DE RADIAÇÃO .................................................................................................. 143 2.3 RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO ................................................................................................. 147 2.3.1 Lei de Stefan-Boltzmann ....................................................................................................... 148 2.4 ABSORÇÃO, REFLEXÃO E TRANSMISSÃO EM SUPERFÍCIES ............................................ 149 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 151 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 153 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 154 UNIDADE 3 – OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS ........................ 157 TÓPICO 1 – EQUIPAMENTOS DE TROCA TÉRMICA ................................................................. 157 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 157 2 TROCADORES DE CALOR ............................................................................................................... 158 2.1 APLICAÇÕES E CLASSIFICAÇÃO .............................................................................................. 158 2.2 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ..................................................................................................... 159 2.3 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O TIPO DE CONSTRUÇÃO ..................................... 160 2.3.1 Trocadores de calor do tipo duplo tubo ............................................................................. 160 2.3.2 Trocadores de calor tipo casco e tubos ............................................................................... 161 2.3.3 Trocadores de calor de placas .............................................................................................. 163 2.3.4 Trocadores de calor de placas aletadas............................................................................... 165 2.3.5 Trocadores de calor de tubos aletados ................................................................................ 165 2.3.6 Trocadores de calor regenerativos ...................................................................................... 166 2.3.7 Trocador de Calor de Correntes paralelas ......................................................................... 167 2.3.8 Trocador de Calor em Contracorrente ................................................................................ 167 2.3.9 Trocador de Calor de Correntes cruzadas ......................................................................... 168 2.3.10 Trocador de Calor de Escoamentos multipasse .............................................................. 169 2.4 CLASSIFICAÇÃO PELO MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ...................... 170 2.4.1 Condensadores ....................................................................................................................... 170 2.4.2 Geradores de vapor (caldeiras) ............................................................................................ 170 2.5 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE UM TROCADOR DE CALOR ................................................. 171 2.5.1 Desempenho térmico e operacional .................................................................................... 172 2.5.2 Manutenção ............................................................................................................................ 172 2.5.3 Flexibilidade operacional ...................................................................................................... 172 Processos de Transferência de Calor.indd 9 06/11/2019 16:41:59 X 2.5.4 Custo ......................................................................................................................................... 172 2.5.5 Critérios adicionais ................................................................................................................. 172 2.5.6 Perda de carga ......................................................................................................................... 173 2.6 TROCADORES DO TIPO CASCO E TUBOS .............................................................................. 173 2.7 TROCADORES TIPO DUPLO TUBO ........................................................................................... 173 2.8 TROCADORES RESFRIADOS A AR ............................................................................................ 173 2.9 TROCADORES DE PLACAS ......................................................................................................... 174 2.10 TROCADOR DE CALOR .............................................................................................................. 174 2.11 TUBOS ............................................................................................................................................. 174 2.12 ESPELHOS ...................................................................................................................................... 175 2.13 CASCO ............................................................................................................................................ 175 2.14 CABEÇOTES ...................................................................................................................................175 2.15 CHICANAS .................................................................................................................................... 176 3 CALDEIRAS .......................................................................................................................................... 176 3.1 CALDEIRAS FLAMOTUBULARES .............................................................................................. 176 3.2 CALDEIRAS AQUATUBULARES ................................................................................................ 177 3.3 CALDEIRAS PARA USINAS DE FORÇA TERMOELÉTRICA ................................................ 177 3.3.1 Caldeiras industriais ............................................................................................................... 177 3.3.2 Caldeiras combinadas............................................................................................................. 177 4 FATORES DE INCRUSTAÇÃO ......................................................................................................... 177 5 DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NOS TROCADORES DE CALOR .............................. 178 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 180 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 181 TÓPICO 2 – CÁLCULOS DE TROCADORES DE CALOR E SUAS PARTICULARIDADES ................................................................... 183 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 183 2 COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ................................................... 183 2.1 MÉTODO DA MÉDIA LOGARÍTMICA DA FORÇA MOTRIZ (∆TML OU DTML) ............ 185 2.2 MÉTODO DA EFICIÊNCIA – NUT .............................................................................................. 188 3 MATERIAIS ISOLANTES TÉRMICOS ........................................................................................... 207 4 PROPRIEDADES TÉRMICAS ........................................................................................................... 208 5 PROPRIEDADES MECÂNICAS ....................................................................................................... 209 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 210 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 214 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 215 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 218 Processos de Transferência de Calor.indd 10 06/11/2019 16:41:59 1 UNIDADE 1 OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender conceitos teóricos e fundamentais sobre transferência de calor e massa; • conhecer definições de expressões utilizadas no dia a dia no sentido físico; • identificar processos do dia a dia que possuem mecanismos de transferên- cia de calor e massa; • visualizar a necessidade de conservar energia nos processos; • conhecer processos de transferência de calor e de massa por difusão. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS TÓPICO 2 – VISÃO GERAL DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR TÓPICO 3 – A NECESSIDADE DA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA TÓPICO 4 – PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR DIFUSÃO Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás melhor as informações. CHAMADA Processos de Transferência de Calor.indd 1 06/11/2019 16:41:59 2 Processos de Transferência de Calor.indd 2 06/11/2019 16:42:00 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 1 INTRODUÇÃO O estudo de transferência de calor pode ser considerado uma continuidade do estudo da termodinâmica, sendo que esta última está apenas interessada nos estágios iniciais e finais das interações das trocas de energia de um sistema com sua vizinhança (trabalho e calor), enquanto que no estudo de transferência de calor são vistos os modos e suas respectivas taxas. Sempre que há um gradiente de temperatura no interior de um sistema. ou quando há contato entre dois sistemas com temperaturas diferentes, há um processo de transferência de energia. O processo através do qual a energia é transferida é conhecido como transferência de calor. Assim, sempre que houver um gradiente de temperatura em um meio, ou entre meios, haverá transferência de calor, que consiste no fluxo de energia térmica da maior para a menor temperatura, por três modos: condução; convecção; e radiação. Sabe-se que o processo de transferência de calor é a transmissão de energia de um material para o outro. Para facilitar o conteúdo e darmos início ao processo de aprendizagem deste tema, esta unidade apresentará alguns conceitos fundamentais para o estudo da transferência de calor. 2 DEFINIÇÃO DE ENERGIA Energia é definida basicamente como a capacidade de um corpo realizar trabalho, ou seja, gerar força em um determinado corpo ou sistema. Tem-se a energia sensível, que está associada à energia cinética dos átomos e moléculas e seus componentes, relaciona o nível de transições e vibrações, conforme ilustrado na Figura 1. Quanto maior a temperatura de um corpo, maior será o seu nível vibracional, e, consequentemente, maior será sua energia sensível e interna. Processos de Transferência de Calor.indd 3 06/11/2019 16:42:00 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 4 FIGURA 1 – TIPOS DE MOVIMENTOS ASSOCIADOS À MOLÉCULA E SEUS COMPONENTES (ENERGIA SENSÍVEL) FONTE: Adaptado de Callister (2002) Além da energia sensível, relaciona-se a energia latente ao estado físico do sistema, ou seja, as forças intermoleculares atuantes no sistema. A energia latente caracteriza-se por ser baixa nos gases e aumentar nos líquidos, apresentando seu maior valor em sistemas sólidos. Qualquer alteração no nível de energia térmica do sistema (fornecimento ou remoção), poderá alterar a mudança de estado do corpo em questão, conforme apresentado na Figura 2: FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DA COESÃO MOLECULAR NOS SÓLIDOS, LÍQUIDOS E GASES (ENERGIA LATENTE) FONTE: Adaptado de Callister (2002) A terceira forma de energia conhecida é a Energia Química, que diz respeito às ligações entre os átomos de uma molécula. Esta energia pode aumentar ou diminuir em reações químicas, geralmente o calor da reação é absorvido ou transferido para a vizinhança, o que define uma reação como endotérmica ou exotérmica, respectivamente. Processos de Transferência de Calor.indd 4 06/11/2019 16:42:00 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 5 A energia que associa as interações no núcleo dos átomos é a energia nuclear. E, por último, tem-se a energia interna (Equação 1.1) de um corpo, que é aquela que pode sofrer alteração de acordo com as demais energias citadas anteriormente (sensível, latente, química ou nuclear): (1.1) Designa-se que a soma da energia sensível e latente é a energia térmica ou calor. Em casos onde existe diferença de temperatura entre dois corpos no espaço, é possível afirmar que haverá transferência de calor, ou seja, passagemde energia térmica de um corpo para o outro, o que caracteriza um fluxo de calor, tendo a diferença de temperatura como força motriz. NOTA Um estudo mais detalhado das mudanças de estado foi realizado pelo químico holandês Thomas Andrews (1813-1885), a partir de 1861, apresentado à Royal Society of London. Nesse trabalho, ele mostrou que acima de uma dada temperatura e pressão, denominadas por ele de valores críticos (TC, PC), todos os gases em geral podem causar sua liquefação. Como resultado de suas experiências, ele fez a distinção entre vapor e gás ao afirmar que o vapor é um gás em qualquer temperatura abaixo de sua TC. Estudos posteriores das curvas de Andrews, incluindo a temperatura, resumem as mudanças de estado dos corpos. 2.1 DEFINIÇÃO DE MATÉRIA Matéria é definida como tudo o que possui massa e ocupa determinado lugar no espaço. Seus principais estados são: sólido, líquido e gasoso. A matéria é definida com base em suas propriedades, que podem ser gerais ou específicas. Propriedades gerais são aquelas comuns a todos os tipos de matéria, não permitindo uma diferenciação entre elas. Temos como exemplos de propriedades gerais: massa, peso, elasticidade, inércia e compressibilidade. a) Massa Expressa a quantidade de matéria de um corpo. Determina a inércia e o peso. A massa é a medida da inércia. Quanto maior a massa de um corpo, maior a sua inércia. Massa e peso são duas coisas diferentes. A massa de um corpo pode ser medida em uma balança. b) Inércia sen lat quí nucU E E E E∆ =∆ +∆ +∆ +∆ Processos de Transferência de Calor.indd 5 06/11/2019 16:42:00 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 6 Resistência que um corpo oferece a qualquer tentativa de variação do seu estado de movimento ou de repouso. O corpo que está em repouso tende a ficar em repouso e o que está em movimento tende a ficar em movimento, com velocidade e direção constantes. c) Peso É a força gravitacional entre o corpo e a Terra. d) Elasticidade Propriedade em que a matéria tem de retornar ao seu volume inicial após cessar a força que causa a compressão. A compressão, ou deformação, é proporcional à força exterior aplicada e inversamente proporcional à secção do material. Chama-se de coeficiente de elasticidade a constante de proporcionalidade, e o seu inverso é denominado de módulo de elasticidade ou módulo de Young. O que ocorre é que ao se aplicar uma força externa a um corpo, a deformação ocorre até certo ponto, chamado de limite de proporcionalidade. A partir deste ponto, o corpo não retornará ao seu estado original e atinge, assim, o seu limite elástico. Caso a força externa continue a agir, o corpo passará ao estado plástico, onde ocorrerá uma deformação permanente. As diferentes elasticidades dos corpos são explicadas com base nos modelos moleculares dos materiais, em que as forças de atração entre os átomos ou moléculas são mais fortes ou mais fracas. As substâncias que apresentam módulo de elasticidade reduzido possuem forças de atração baixas. e) Compressibilidade Propriedade em que a matéria tem de reduzir seu volume quando submetida a certas pressões, conforme ilustrado na Figura 3. Ao puxar o êmbolo, o interior do tanque é preenchido pelo ar. Quando o êmbolo é empurrado, o ar em seu interior é comprimido. A compressibilidade é representada pelo símbolo K e seu valor é uma constante calculada pelo inverso do módulo da compressibilidade. Este módulo representa a razão entre a pressão exercida sobre um corpo e a porcentagem de diminuição do seu volume. Processos de Transferência de Calor.indd 6 06/11/2019 16:42:00 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 7 FIGURA 3 – DILATAÇÃO E COMPRESSÃO FONTE: Adaptado de <http://bit.ly/2Nr2Pua>. Acesso em: 6 mar. 2019. As propriedades específicas são exclusivas de cada tipo de matéria. Podem ser classificadas em organolépticas, físicas e químicas. As propriedades organolépticas são aquelas notadas pelos órgãos dos sentidos (olhos, nariz, língua), ou seja, cor, brilho, odor e sabor. Já as propriedades físicas são características, como ponto de fusão e ponto de ebulição, solidificação, liquefação, calor específico, densidade absoluta e dureza. NOTA Em pontes, viadutos e entre trilhos de trem e metrô, existem pequenos espaços deixados entre as placas de concreto ou entre os trilhos de ferro. Isso é feito de forma intencional. Esses espaços são chamados de juntas de dilatação. Servem para permitir que esses materiais, aquecidos pela passagem dos automóveis, possam dilatar sem deformar ou ruir as estruturas. 2.2 DEFINIÇÃO DE PONTO DE FUSÃO E EBULIÇÃO Ponto de fusão e ebulição são as temperaturas em que a matéria passa da fase sólida para a fase líquida e da fase líquida para a fase gasosa, respectivamente. Processos de Transferência de Calor.indd 7 06/11/2019 16:42:00 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 8 (1.2) A densidade absoluta de um corpo é diferente da densidade do material ou substância que o compõe. Para isto é necessária a diferenciação entre os tipos de corpos. Por exemplo, se o corpo for maciço, considerado homogêneo, sua densidade absoluta coincidirá com a densidade do material. Quando o corpo apresenta partes ocas, sua densidade será menor que a densidade do material que o compõe. Observe o exemplo a seguir. A fusão ocorre quando um corpo, em determinada pressão, recebe calor e sua temperatura atinge determinado valor. A quantidade de calor varia de acordo com a substância que compõe o corpo. De maneira geral, quando um corpo está no estado sólido, apresenta uma forma bem definida e seus átomos estão organizados ordenadamente. O processo de ebulição ocorre quando certa quantidade de líquido em determinada pressão recebe calor e atinge certa temperatura. Uma substância no estado líquido não possui forma definida, assumindo, assim, a forma do recipiente em que está contida. 2.2.1 Ponto de ebulição e de liquefação Ponto de ebulição e de liquefação são as temperaturas em que a matéria passa da fase líquida para a fase gasosa e da fase gasosa para a líquida, respectivamente. 2.2.2 Calor específico Calor específico é a quantidade de calor necessária para aumentar em 1 grau Celsius (ºC) a temperatura de 1 grama de massa de qualquer substância. Pode ser medida em calorias. O calor específico está diretamente ligado à área da Física chamada de Calorimetria, que estuda as transferências de energia de um corpo com maior temperatura para outro corpo de menor temperatura. 2.2.3 Densidade absoluta Densidade absoluta é relação entre massa e volume de um corpo: md V = Processos de Transferência de Calor.indd 8 06/11/2019 16:42:00 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 9 FIGURA 4 – ESFERA COM PARTE EXTERNA MACIÇA E PARTE INTERNA OCA FONTE: <http://bit.ly/2kqlTwS>. Acesso em: 15 abr. 2019. Sabendo que: (1.3) Assim, chegamos à conclusão que μesfera<μmaterial. 3 4 3 esfera esfera esfera m m V R µ π = = esfera esfera oco m V V µ = − 3 3 4 ( )3 esfera esfera i m R R µ π = − (1.4) (1.5) Pense em uma esfera com raio externo (Re) e com uma parte oca de raio Ri. Considerando apenas a massa da parte maciça da esfera teremos: Processos de Transferência de Calor.indd 9 06/11/2019 16:42:00 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 10 2.3 DEFINIÇÃO DE DUREZA Dureza é determinada pela resistência que a superfície do material oferece ao risco por outro material. O diamante é o material que apresenta maior grau de dureza na natureza. Os primeiros ensaios realizados a respeito de dureza foram baseados em minerais naturais, com uma escala construída unicamente em função de um material riscar o outro. A escala Mohs, que é um sistema qualitativo, foi concebido a fim de determinar o quão duro é um material. Paranoções maiores, o talco apresenta a escala de 1 Mohs e o diamante de 10 Mohs. Ao longo dos anos, diversas técnicas foram desenvolvidas a fim de medir de forma quantitativa. Para isto, um pequeno penetrador é forçado sobre o material a ser medido com condições controladas de carga e taxa de aplicação. Desta forma, a profundidade ou o tamanho da impressão ao final do teste é medida e relacionada a um número de dureza. Quanto mais macio o material a ser medido, mais profunda será a impressão e menor será o índice de dureza. Geralmente este é um teste de fácil realização por ser simples e barato, não destrói o material de teste e pode-se ainda estimar outras grandezas, como o limite de resistência à tração. 2.4 DEFINIÇÃO DE TEMPERATURA Temperatura é a grandeza física que determina o grau de agitação das partículas de um corpo, estabelecendo seu estado físico e térmico. A temperatura é a força motriz para que haja transferência de calor entre dois corpos. Assim como em casos onde existe diferença de concentração, que um meio mais concentrado é transferido para um meio menos concentrado (processo de osmose), com a temperatura acontece o mesmo. Corpos que possuem uma temperatura mais alta tendem a transferir calor para corpos com temperaturas mais amenas. Se não houver nenhuma diferença de temperatura entre as regiões, não há troca de calor. A temperatura costuma ser medida por um termômetro e indica o grau de intensidade do calor em um determinado território. A física conceitua temperatura de diversas formas: • Temperatura absoluta: não depende de medida nem da substância ou propriedade utilizada para medi-la, e que usualmente é medida na escala Kelvin cujo símbolo é "T". Processos de Transferência de Calor.indd 10 06/11/2019 16:42:00 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 11 • Temperatura centígrada, temperatura Celsius ou temperatura centesimal: é medida na escala centígrada. • Temperatura crítica: temperatura acima da qual um gás real não pode ser liquefeito por compressão isotérmica. • Temperatura basal (Fisiologia): temperatura do corpo, estando este em repouso absoluto. • Temperatura Curie: temperatura acima da qual uma substância ferromagnética perde o ferromagnetismo e passa a paramagnética. • Temperatura de cor: temperatura que se determina pela comparação entre a energia irradiada por um corpo num certo comprimento de onda (ou numa faixa de comprimentos de onda) e a energia irradiada por um corpo negro no mesmo comprimento de onda (ou na mesma faixa de comprimentos de onda). • Temperatura efetiva: temperatura igual à de um corpo negro que emitiu para o conjunto de todos os comprimentos de onda um fluxo total igual ao do corpo considerado. • Temperatura internacional: é medida na escala internacional de temperatura. • Temperatura Kelvin: temperatura absoluta medida na escala Kelvin. • Temperatura reduzida: o quociente da temperatura absoluta de um gás pela sua temperatura crítica. • Temperatura termodinâmica: num sistema isolado, a derivada parcial da energia interna pela entropia. 2.5 DEFINIÇÃO DE CALOR “Calor é a energia térmica em trânsito, devido a uma diferença de temperatura entre os corpos” (GOWDAK). Ou seja, é uma forma de energia em trânsito que ocorre devido à diferença de temperatura entre dois corpos. Este processo é chamado de transferência de calor. 2.5.1 Unidades de medida de calor A unidade utilizada para expressar calor no Sistema Internacional de Unidades (SI) é o joule (J). Na prática é muito comum encontrarmos valores em termos de calorias. Processos de Transferência de Calor.indd 11 06/11/2019 16:42:00 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 12 (1.6) Em que, Vi e Vf representam volumes iniciais e finais do gás, respectivamente, e Ti e Tf são as temperaturas iniciais e finais: (1.7) Usa-se ainda a unidade quilocaloria (kcal) para medidas de quantidade de calor: 1 kcal = 1.000 cal = 103 cal Além disso, a British Thermal Unit (BTU) é também uma unidade técnica usada para quantidade de calor. Geralmente é a unidade encontrada em manuais para caracterizar equipamentos e máquinas que envolvem energia térmica: 1 BTU = 252,4 cal = 1.055 J 2.6 CALOR SENSÍVEL O calor sensível é a forma de calor que correlaciona volume e temperatura dos corpos. Dizemos que o corpo recebeu calor sensível quando o efeito produzido é a mudança de temperatura. Por definição, ficou conhecido como processo isobárico (sem variação de pressão). Em suma, quando a pressão de uma amostra gasosa é mantida constante, a sua temperatura é diretamente proporcional ao seu volume. Ou seja, quando a pressão do sistema é mantida constante, existe uma relação direta entre volume e temperatura, de modo que: V/T = constante Esta correlação pode ser descrita ainda como: fi i f VV T T = Q Cp T mc T= ∆ = ∆ Por definição, uma caloria (1 cal) é a quantidade de calor que deve ser transferida a um grama de água para variar a temperatura em 1 oC, por exemplo, de 15,5 °C para 16,5 °C. Joule, após realizar alguns experimentos, estabeleceu uma relação entre as duas unidades (joule e calorias): 1 cal = 4,18 J Processos de Transferência de Calor.indd 12 06/11/2019 16:42:00 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 13 Em que: Q = quantidade de calor trocado [J, cal, kcal, BTU etc.]; Cp = capacidade calorífica do corpo [J/ºC]; m = massa do corpo [g, kg]; c = calor específico da substância [J/(kg ºC)]; ∆T = variação da temperatura (Tfinal - Tinicial) [K, ºC]. QUADRO 1 – CALOR ESPECÍFICO DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002) 2.6.2 Capacidade calorífica Ao aquecermos um material, notamos que sua temperatura aumenta, isso significa que de alguma maneira ele absorveu energia. A capacidade calorífica representa a quantidade necessária de energia para aumentar um grau na temperatura. Substância (sólidos e líquidos) Calor específico (a 25 °C e 1 atm) (J/Kg.°C) (cal/g.°C) Água 4200 1,0 Álcool etílico 2400 0,58 Alumínio 900 0,22 Chumbo 130 0,031 Cobre 390 0,092 Concreto 840 0,20 Ferro 450 0,11 Gelo (-5 °C) 2100 0,50 Mercúrio 140 0,033 Ouro 130 0,031 Prata 230 0,056 2.6.1 Calor específico O calor específico corresponde à capacidade calorífica por unidade de massa da matéria, tem como unidade J/kgK ou cal/gK, ou seja, representa a quantidade de calor que é necessariamente fornecida por unidade de massa de uma substância para elevar sua temperatura em 1 grau. Para a água, o calor específico convencionado é de 1 cal/kg. Sabe-se que Cv é o calor específico a volume constante e o Cp é o calor específico à pressão constante. No quadro a seguir são apresentados o calor específico de algumas substâncias: Processos de Transferência de Calor.indd 13 06/11/2019 16:42:01 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 14 (1.9) Em que: Q = quantidade de calor trocado (J); m = massa que mudou de estado físico (kg); L = calor latente da transformação física (J/kg). O calor latente pode ser: • Endotérmico (Q > 0): as transformações de fusão, vaporização e sublimação são endotérmicas, pois a matéria precisa absorver calor. • Exotérmico (Q < 0): as transformações de liquefação, solidificação e sublimação inversa são exotérmicas, pois a matéria precisa liberar calor. Sendo dQ a variação de energia e dT a variação de temperatura do corpo. Em sólidos, geralmente a principal maneira de identificação de energia térmica é devido ao aumento da energia vibracional dos átomos. Os átomos estão em constante vibração, e apesar de serem independentes uns dos outros, suas vibrações possuem relações com as ligações atômicas existentes. A capacidade calorífica de uma substância expressa a sua capacidade de absorver calor da vizinhança. Usualmente, expressa-se a capacidade calorífica em termos de um mol do material enfocado. Isso leva a unidades possíveis, comoJ/mol.K e cal/mol.K. Existem duas maneiras de avaliar a capacidade calorífica de acordo com as condições em que a amostra está inserida. Uma é a capacidade enquanto se mantém constante o volume da amostra, Cᵛ. A outra é a capacidade enquanto se mantém constante a pressão externa, Cᵖ. Tem-se sempre Cᵖ > Cᵛ, mas a diferença é pequena para a maioria dos sólidos em temperaturas iguais à ou abaixo da temperatura ambiente. 2.7 CALOR LATENTE Calor latente é o nome dado à quantidade de energia térmica utilizada para alterar o estado físico de uma matéria. Por exemplo, derreter cubos de gelo: .Q m L= A capacidade calorífica pode ser representada matematicamente como: (1.8) dQC dT = Processos de Transferência de Calor.indd 14 06/11/2019 16:42:01 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 15 (1.10) A pressão constante: (1.11) FIGURA 5 – VARIAÇÃO DE ENTALPIA (∆H) FONTE: <http://bit.ly/2m6S4lo>. Acesso em: 6 mar. 2019. Segundo Dias (s.d., s.p.): O cálculo da variação da entalpia (ΔH) é um procedimento matemático que utiliza as entalpias de cada um dos participantes de uma reação química para determinar a quantidade de energia que foi absorvida ou liberada por um processo químico qualquer. Considerando a equação a seguir: A + B -> C + D final inicialH H H∆ = − PQ H=∆ Toda reação química é acompanhada de uma variação de energia interna (∆U) e de uma variação de entalpia (∆H) (Figura 5) na transformação de reagentes em produtos: Para realizar o cálculo da variação da entalpia desta reação, é necessário conhecer as entalpias de cada um dos participantes (reagentes e produtos): 2.8 ENTALPIA Entalpia é uma propriedade extensiva de uma substância, que está relacionada com o calor de reação (Qp) e permite calcular o calor absorvido ou liberado em uma reação química. É uma função de estado: Processos de Transferência de Calor.indd 15 06/11/2019 16:42:01 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/entalpia.htm UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 16 Para essa reação, temos que: • Hp = Soma da entalpia dos produtos. No caso da reação representada no Hp, temos a soma das entalpias dos produtos C e D, sempre respeitando as quantidades estequiométricas, logo: (1.13) • HR = Soma da entalpia dos reagentes. No caso da reação representada no Hr, temos a soma das entalpias dos reagentes A e B, sempre respeitando as quantidades estequiométricas, logo: FONTE: Adaptado de Welty et al. (2008) 2.9 CONCEITO DE FLUIDO Um fluido é definido como uma substância que se deforma continuamente sob a ação de um esforço cisalhante. FIGURA 6 – PERFIL LINEAR DE VELOCIDADE . .P C DH c H d H= + (1.14). .R A BH a H b H= + • HA = entalpia da substância A; • HB = entalpia da substância B; • HC = entalpia da substância C; • HD = entalpia da substância D. Tendo conhecimento sobre a entalpia de cada um dos participantes da reação, basta utilizar os valores na expressão matemática de subtração que representa a variação da entalpia, que é: P RH H H∆ = − (1.12) Processos de Transferência de Calor.indd 16 06/11/2019 16:42:02 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 17 (1.15) FONTE: Adaptado de UFCG (2015) QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS FLUIDOS MOLECULAR MICROSCÓPICA MACROSCÓPICA Domínio Molecular X < 10-6 m micron Domínio do contínuo 10-6m < x < 10-3 m milímetro Mecânica do contínuo X > 10-3 m Centímetro, metro, Km Um sólido, quando sujeito a uma força de cisalhamento, apresenta deformação finita ou ruptura. 2.9.1 Forças que atuam sobre um fluido a) Forças de corpo Atuam sem contato físico. Exemplo: forças gravitacionais e eletromagnéticas: b) Forças de superfície . . .F m g V gρ= = Dentro da mecânica do contínuo é válido o princípio da conservação de massa, energia e quantidade de movimento. 2.9.3 Fluido incompressível Alguns fluidos, particularmente os líquidos, possuem massas específicas que permanecem aproximadamente constantes sob uma ampla faixa de temperatura e pressão. Fluidos que apresentam este comportamento são denominados incompressíveis. Necessitam de contato físico para atuar. Exemplo: forças de pressão (normal a superfície) e forças viscosas (atrito – normais e cisalhantes). 2.9.2 Hipótese do contínuo Conforme o quadro a seguir, considera-se o fluido como uma distribuição contínua de matéria (desprovida de espaços vazios) ou um Continuum: Processos de Transferência de Calor.indd 17 06/11/2019 16:42:02 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 18 2.9.5 Massa específica A massa específica de um fluido é definida como a quantidade de massa de uma substância contida em uma unidade, como a quantidade de massa de uma unidade de volume. Sob condições de escoamento, particularmente em gases, a massa específica pode variar significativamente de um ponto para outro no fluido. A massa específica ρ, em um ponto do fluido é definida como: (1.17) em que ∆m é a massa contida em um volume ∆V e δV é o menor volume envolvendo o ponto para o qual as médias estatísticas são significativas. FIGURA 7 – MASSA ESPECÍFICA FONTE: <http://bit.ly/2lKy3ka>. Acesso em: 16 abr. 2019. 3limV V m kg V mδ∆ → ∆ − = ∆ 2.9.4 Fluido compressível Apresenta variações de massa específica consideráveis quando submetido a uma variação de pressão. Para gases ideais pode-se considerar a seguinte relação: PM RT ρ = (1.16) Processos de Transferência de Calor.indd 18 06/11/2019 16:42:02 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 19 2.9.6 Volume específico Volume específico é volume ocupado por unidade de massa de uma substância (usado mais no estudo dos gases): (1.18) (1.19) Exemplo 1: (FePeCS-DF) O metanol é um líquido, inflamável e perigoso, que apresenta efeito tóxico no sistema nervoso, particularmente no nervo óptico. Essa substância pode ser preparada através da hidrogenação controlada do monóxido de carbono, em uma reação que se processa sob pressão e em presença de um catalisador metálico. Com base na tabela de calores-padrão de formação a seguir, calcule a variação da entalpia do processo: Substância Entalpia (kJ/mol) CO -110 CH3OH -726 Resolução: Dados fornecidos pelo exercício: HCO = -110 kJ/mol HCH3OH = -726 kJ/mol ΔH = ? 3 1Volume m Massa kg ρ ∆ = = = 2.9.7 Peso específico Peso específico é peso da massa de uma substância contida em uma unidade de volume: 3 . Peso N g Volume m γ ρ = = = 2 3 CO H CH OH+ → 1) Analisar se a equação está ou não balanceada. A equação da reação em questão não está balanceada, já que temos dois Processos de Transferência de Calor.indd 19 06/11/2019 16:42:02 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 20 FONTE: <http://bit.ly/2m6S4lo>. Acesso em: 6 mar. 2019. 3 DEFINIÇÃO DE CAPACIDADE CALORÍFICA VIBRACIONAL De maneira geral, a absorção de energia térmica em sólidos ocorre pelo aumento da energia vibracional dos átomos. Isso significa que os átomos de um material sólido costumam vibrar a frequências altas e amplitudes pequenas. Estas vibrações possuem correlação com as ligações atômicas, o que leva à criação de ondas reticulares que se propagam no material como um todo. Pode- se compreender melhor observando a figura a seguir: hidrogênios no reagente e quatro no produto. Por isso, devemos colocar o coeficiente 2 na frente da fórmula do H2 para igualar a quantidade de hidrogênios. CO + 2 H2 -> CH3OH 2) Calcular a entalpia dos reagentes (Hr): Os reagentes dessa reação são o CO e o H2 (que apresenta entalpia zero por ser uma substância simples mais estável). Assim sendo, temos que: Hr = a.HCO + b.HH2 Hr = 1. (-110) + 2.0 Hr = -110 kJ. 3) Calcular a entalpia do produto: O produto dessa reação é o CH3OH apenas. Logo: Hp = a.HCH3O Hp = 1. (-726) Hp = -726 kJ. 4) Por fim, basta aplicar o Hp e o Hr encontrados na fórmula paracalcular a variação da entalpia: ΔH = Hp – Hr ΔH = -726 - (-110) ΔH = - 616 kJ/mol Processos de Transferência de Calor.indd 20 06/11/2019 16:42:02 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 21 FIGURA 8 – VIBRAÇÃO DE ÁTOMOS DE MATERIAL SÓLIDO FONTE: Adaptado de Callister (2002) A contribuição vibracional varia de acordo com a temperatura, como mostrado na figura a seguir. O valor de Cv é nulo a 0K, porém, aumenta rapidamente com a elevação da temperatura. Em baixas temperaturas, a relação entre Cv e T é: (1.20) em que A é uma constante independente da temperatura. . ³Cv AT= Processos de Transferência de Calor.indd 21 06/11/2019 16:42:02 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 22 É possível observar que a partir da temperatura de Debye (ϴD), o valor de Cv se estabiliza, tornando-se independente da temperatura e assumindo um valor igual a 3R, sendo R o valor correspondente à constante universal dos gases. 3.1 DEFINIÇÃO DE VOLUME Volume refere-se à grandeza física que expressa a extensão de um corpo em três dimensões: comprimento, largura e altura. No sistema internacional (SI), sua unidade de medida é o metro cúbico (m³). O volume, junto à pressão e temperatura, compõe as três variáveis de estado dos gases. Todos os gases possuem massa, porém sua forma e volume não são constantes. O volume de um gás corresponde ao espaço ocupado por ele mesmo. Isso ocorre devido ao fato de os gases serem formados por partículas (átomos ou moléculas) que se movimentam constantemente de maneira contínua e desordenada em todas as direções e sentidos. O volume dos gases está ainda diretamente relacionado com a temperatura, pois ocorrerá expansão ou contração do gás com o seu aumento ou diminuição, respectivamente. FIGURA 9 – RELAÇÃO ENTRE CONTRIBUIÇÃO VIBRACIONAL E TEMPERATURA FONTE: Adaptado de Callister (2002) Processos de Transferência de Calor.indd 22 06/11/2019 16:42:02 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 23 em que lf e l0 são os comprimentos inicial e final respectivamente, Tf e T0 são as temperaturas final e inicial, respectivamente, e αl é o coeficiente linear de expansão térmica. Pode-se reescrever a equação anterior como: (1.22) O coeficiente αl é uma propriedade exclusiva do material, que indica o grau de expansão sob aquecimento. Sua unidade de medida é o inverso de uma unidade de temperatura. Da mesma forma, para explicar a expansão volumétrica de um sólido, utiliza-se a seguinte equação: (1.23) em que ∆V é a variação volumétrica do sólido, V0 é seu volume inicial e ∆V é o coeficiente volumétrico de expansão térmica. Do ponto de vista atômico, a expansão térmica é compreendida a partir do aumento da distância média entre átomos. Para conhecimento: 0 l l Tl α∆ = ∆ 0 TV V V α∆ = ∆ ( )0 0 0 f l f l l T T l α − = − (1.21) 3.2 DEFINIÇÃO DE EXPANSÃO TÉRMICA Quando submetidos a um aumento de temperatura, a maioria dos sólidos se expande. Com a diminuição de temperatura, geralmente se contraem. Pode-se descrever este comportamento a partir da seguinte equação: Processos de Transferência de Calor.indd 23 06/11/2019 16:42:03 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 24 (1.24) . Q LK A t T ∆ = ∆ ∆ • Os coeficientes dos metais variam, no exemplo dado, numa faixa, grosso modo, de 5 x 10-6 a 25 x 10-6 (ºC-1). • Ligas de ferro-níquel e ferro-cobalto foram desenvolvidas para proverem mais estabilidade, chegando a 1 x 10-6 ºC-1. • Em muitos materiais cerâmicos são encontradas forças de ligação interatômicas relativamente fortes, o que explica uma variação, grosso modo, entre 0,5 x 10-6 e 15 x 10-6 ºC-1. • Os materiais poliméricos possuem expansões grandes ao serem aquecidos. Os maiores valores são obtidos para os chamados polímeros lineares, que possuem ligações secundárias fracas. 3.3 DEFINIÇÃO DE CONDUTIVIDADE TÉRMICA A condutividade térmica está relacionada ao fenômeno de transporte de calor de regiões de temperaturas mais altas para temperaturas mais baixas. Ela caracteriza a habilidade de um material transferir calor. Materiais que possuem um valor de condutividade térmica alto são melhores condutores de calor. Desta maneira, estes materiais são utilizados com mais frequência como dissipadores de calor e os materiais com baixa condutividade são utilizados como isolantes térmicos. Esta é uma característica particular de cada material e depende da temperatura e sua pureza. Em geral, ocorre um aumento da condução de calor com o aumento da temperatura. A condutividade térmica equivale à quantidade de calor (Q) transmitida através de uma espessura (L), em uma superfície (A), devido a uma variação de temperatura (∆T). Processos de Transferência de Calor.indd 24 06/11/2019 16:42:03 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 25 QUADRO 3 – CONDUTIVIDADE TÉRMICA DE DIFERENTES MATERIAIS FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002) Material Condutividade térmica (a 27 °C) Prata 426 Cobre 398 Alumínio 237 Tungstênio 178 Ferro 80,3 Vidro 0,72 – 0,86 Água 0,61 Tijolo 0,4 – 0,8 Madeira (pinho) 0,11 – 0,14 Fibra de vidro 0,046 Espuma de poliestireno 0,033 Ar 0,026 Espuma de poliuretano 0,020 Polipropileno 0,25 Epoxi 0,30 Epoxi (não cargueada) 0,12 – 0,177 . . J WsK m K m K = = Processos de Transferência de Calor.indd 25 06/11/2019 16:42:03 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 26 A ORIGEM DAS "PROPRIEDADES GERAIS DA MATÉRIA" E A CRENÇA DOS PROFESSORES NA VALIDADE E IMPORTÂNCIA DESSE CONTEÚDO: UMA REFLEXÃO DO PAPEL DO LIVRO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS Cristiano Mattos Alberto Gaspar [...] ORIGEM DAS PROPRIEDADES GERAIS DA MATÉRIA A mais antiga referência que encontramos, de forma explícita, às propriedades gerais da matéria data do século XVII. Essas propriedades aparecem incorporadas nas "regras de raciocínio da filosofia", citadas por muitos filósofos e cientistas da época. Entre eles, Newton propõe quatro regras em sua obra Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, no livro III, O sistema do Mundo (Newton 1687, p. 409). Em síntese, essas regras dizem que: 1- Não se deve admitir mais causas para os fenômenos naturais do que aquelas que forem verdadeiras e suficientes para explicá-los. 2- Aos mesmos efeitos devemos, tanto quanto possível, atribuir as mesmas causas. 3- As qualidades dos corpos, obtidas a partir dos experimentos que fazemos com eles, devem ser consideradas qualidades universais de todos os corpos, quaisquer que sejam. 4- Na filosofia experimental nós devemos considerar corretas as proposições obtidas por indução geral mesmo que sejam formuladas hipótese contrárias, até que surjam fenômenos que justifiquem a revisão dessas proposições. As propriedades gerais ou qualidades da matéria são apresentadas por Newton num adendo à regra três. As qualidades que ele relaciona são: extensão, solidez, impenetrabilidade, mobilidade e força de inércia. Para ele, na comprovação da existência de uma propriedade, a sensibilidade pode prescindir da razão. É o caso da impenetrabilidade: "Nós percebemos que os corpos que manuseamos são impenetráveis e daí concluímos que a impenetrabilidade deve ser uma propriedade universal de todos os corpos, quaisquer que sejam" (Newton, 1687). LEITURA COMPLEMENTAR Processos de Transferência de Calor.indd 26 06/11/2019 16:42:03 TÓPICO 1 | CONCEITOS TEÓRICOS E FUNDAMENTAIS 27 Um indício bastante forte de que essas regras de raciocínio da filosofia são a origem das propriedades gerais da matéria, como conteúdo dos livros didáticos, reside na coincidência ou semelhança entre os enunciados dessas regras e o enunciado das propriedades gerais da matéria encontrados em todos os livros didáticos de Física franceses e ingleses publicados até o final do século XIX que pudemos consultar.Outro indício forte da origem filosófica, não científica, dessas propriedades, pode ser inferido das dificuldades que os autores desses textos apresentavam na forma como as abordavam. Dois exemplos particularmente significativos são apresentados a seguir. O primeiro é a abordagem dessas propriedades e do conceito de impenetrabilidade apresentada no livro Cours de Physique, de Adolphe Ganot, um dos primeiros e mais tradicionais livros didáticos de física de todo mundo. Na edição de 1887 (Ganot, 1887), na apresentação da impenetrabilidade, incluída numa longa descrição das propriedades da matéria composta de onze itens e mais de dez páginas, são tantas as exceções que elas merecem um destaque muito maior do que a exposição da própria propriedade. O segundo exemplo se refere ao livro Properties of Matter (Tait, 1885), também em relação à impenetrabilidade. O autor dedica mais de dez páginas apenas a essa propriedade, abordando a sua origem e os problemas históricos e epistemológicos que a acompanham. Não obstante, opta por tratá-la como uma propriedade "semicientífica", argumentando que "[...] é inútil discutir questões dessa natureza, pelo menos até que se prove a existência dos átomos. Portanto não vamos nos ocupar do significado estritamente científico do termo impenetrabilidade" (Tait, 1885, p. 80). Essa condição estabelecida por Tait − vincular o conhecimento das propriedades da matéria à comprovação da existência dos átomos − parece refletir o pensamento da outros autores de livros didáticos da época e foram a razão determinante para a extinção das propriedades gerais da matéria dos livros didáticos de Física. Não pode ser considerada mera coincidência o desaparecimento desse conteúdo dos textos didáticos de Física ingleses e franceses no final do século XIX e início do século XX, exatamente quando inúmeras evidências experimentais e teóricas tornaram a existência dos átomos uma hipótese aceita pela quase totalidade da comunidade científica. No seu lugar aparecem, talvez como conteúdo substituto, outras propriedades chamadas de mecânicas ou dos corpos, como a densidade, tensão superficial, viscosidade, mobilidade e inércia. Nos poucos textos onde essas propriedades ainda aparecem, nessa época, sua ênfase é drasticamente reduzida em relação às abordagens anteriores. É o caso do Elementary Course of Physics (Aldous, 1898) que restringe a apresentação das propriedades gerais da matéria apenas a uma tabela onde se inclui, ainda, a impenetrabilidade. Na segunda década do século XX, o Traité Élémentaire Processos de Transferência de Calor.indd 27 06/11/2019 16:42:03 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 28 de Physique (Ganot, 1918) mantém ainda uma referência de algumas linhas à divisibilidade da matéria, única das antigas propriedades da matéria que sobreviveu das edições anteriores, certamente pela necessidade de justificar a ideia do átomo, já consolidada nessa época. Embora a consolidação da ideia do átomo deva ter sido a causa principal da extinção desse conteúdo, as novas ideias da física surgidas nesse período revolucionário certamente contribuíram para essa extinção de forma determinante. Os autores e respectivos sucessores dos tradicionais textos da época parecem ter compreendido que as novas ideias tornaram desnecessárias e irrelevantes as propriedades gerais da matéria. A impenetrabilidade, da forma como era compreendida, tornou-se injustificável diante dos resultados dos inúmeros experimentos então realizados buscando o conhecimento da estrutura da matéria. É o caso dos trabalhos de Rutherford no estudo sobre a penetração de partículas alfa nas até então impenetráveis lâminas de ouro. A CRENÇA DOS PROFESSORES NAS PROPRIEDADES GERAIS DA MATÉRIA Para detectar o impacto da abordagem dos livros de Ciências na validação de ideias pseudocientíficas, como as propriedades gerais da matéria, apresentamos a professores e professoras de Ciências do ensino fundamental e de Física do ensino fundamental e médio um questionário (ver anexo 1, leia o texto na íntegra acessando o link indicado ao final). O objetivo desse questionário foi verificar se as propriedades gerais da matéria ainda fazem parte da prática didática desses professores e, em caso afirmativo, como eles a abordam. Optamos por destacar uma delas – a impenetrabilidade – para melhor detalhamento da análise. A razão da escolha foi a ênfase com que essa propriedade costuma ser abordada nos textos didáticos do ensino fundamental. Para facilitar a análise, dividimos o relato dos resultados obtidos em duas partes, a primeira apresenta os dados obtidos de professores de Ciências do ensino fundamental, a segunda apresenta os dados obtidos de professores de Física do ensino médio. FONTE: <http://bit.ly/2ks5at5>. Acesso em: 6 mar. 2019. Processos de Transferência de Calor.indd 28 06/11/2019 16:42:03 29 Neste tópico, você aprendeu que: • Encontramos muitas definições sobre energia, matéria, temperatura e calor. • Pode-se conhecer as principais unidades de medidas utilizadas para definição de calor. • O calor sensível é a forma de calor que correlaciona volume e temperatura dos corpos. • Calor latente é o nome dado à quantidade de energia térmica utilizada para alterar o estado físico de uma matéria. • A entalpia se define como uma função de estado e seu cálculo foi exposto de acordo com reações químicas. • De maneira geral, a absorção de energia térmica em sólidos ocorre pelo aumento da energia vibracional dos átomos. Isso significa que os átomos de um material sólido costumam vibrar a frequências altas e amplitudes pequenas. Estas vibrações possuem correlação com as ligações atômicas, o que leva à criação de ondas reticulares que se propagam no material como um todo. • Do ponto de vista atômico, a expansão térmica é compreendida a partir do aumento da distância média entre átomos. • A condutividade térmica está relacionada ao fenômeno de transporte de calor de regiões de temperaturas mais altas para temperaturas mais baixas. Ela caracteriza a habilidade de um material transferir calor. RESUMO DO TÓPICO 1 Processos de Transferência de Calor.indd 29 06/11/2019 16:42:03 30 1 Defina energia. 2 Diferencie temperatura e calor. 3 Em um laboratório de Física, uma amostra de 20 g de cobre recebeu 186 cal de calor de uma determinada fonte térmica. Sabendo que o calor específico do cobre é 0,093 cal/g°C, determine a variação de temperatura sofrida pela amostra. FONTE: <http://bit.ly/2m5xHox>. Acesso em: 16 abr. 2019. 4 Um bloco de ferro de 10 cm³ é resfriado de 300 °C para 0 °C. Quantas calorias o bloco perde para o ambiente? Dados: densidade do ferro=7,85g/cm³ e calor específico do ferro = 0,11cal/g.°C. FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/12096238>. Acesso em: 16 abr. 2019. 5 Uma massa de 2 kg de água está a 100 °C. Determine a quantidade de calor necessária para que 20% da substância sofra mudança para o estado gasoso. Dado: LVAPORIZAÇÃO = 540 cal/g. FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/15847925>. Acesso em: 16 abr. 2019. 6 Observe a entalpia padrão de formação, em KJ.mol-1 e a 25 °C, de algumas substâncias: CH4(g) -74,8 CHCl3(l) - 134,5 HCl(g) - 92,3 Se realizarmos a reação de cloração do metano, qual será o valor da variação da entalpia do processo? CH4(g) + 3Cl2(g) -> CHCl3(l) + 3HCl(g) FONTE: <http://bit.ly/2k7l4IX>. Acesso em: 16 abr. 2019. 7 Diferencie compressibilidade e elasticidade. AUTOATIVIDADE Processos de Transferência de Calor.indd 30 06/11/2019 16:42:03 31 8 Qual é a importância de conhecer os valores de condutividade térmica dos materiais? 9 A respeito dos conceitos de capacidade térmica e calor específico, assinale a alternativa correta: a) ( ) A capacidade térmica refere-se à substância, enquanto o calor específico depende da quantidade de substância existente. b) ( ) A capacidade térmica é a quantidade de calor necessáriapara que 1 g da substância eleve a sua temperatura em 1 °C. c) ( ) O calor específico é fruto da razão entre a quantidade de calor recebida por um corpo e o tempo gasto na troca de energia. d) ( ) A capacidade térmica é uma grandeza que depende da quantidade da substância e é determinada pelo produto da massa pelo calor específico. e) ( ) Capacidade térmica e calor específico são sinônimos. 10 Qual deve ser a variação de temperatura aproximada sofrida por uma barra de alumínio para que ela atinja uma dilatação correspondente a 0,2% de seu tamanho inicial? Dados: considere o coeficiente de dilatação do alumínio como 23x10 – 6 °C – 1. FONTE: <http://bit.ly/2kqEfxP>. Acesso em: 16 abr. 2019. Processos de Transferência de Calor.indd 31 06/11/2019 16:42:03 32 Processos de Transferência de Calor.indd 32 06/11/2019 16:42:03 33 TÓPICO 2 VISÃO GERAL DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Os processos de transferência de calor são aqueles que possuem energia em trânsito devido a uma diferença de temperatura preexistente entre materiais ou até mesmo entre diferentes espaços do mesmo material. Este processo ocorre porque o sistema tende a atingir o equilíbrio térmico. No Tópico 3, abordaremos de forma básica cada um dos processos de transferência de calor. Funcionará como uma introdução para a Unidade 2, em que estes serão apresentados com maior profundidade e realizaremos cálculos a respeito de cada caso. A condução térmica é o tipo de propagação do calor que consiste na transferência de energia térmica entre as partículas que compõem o sistema. Por exemplo: coloca-se uma das extremidades de uma barra metálica na chama de fogo. Após alguns instantes, percebe-se que a outra extremidade também esquenta, mesmo estando fora da chama de fogo. Esse fato ocorre porque as partículas que formam o material receberam energia e, dessa forma, passaram a se agitar com mais intensidade. Essa agitação se transfere de partícula por partícula e se propaga em toda a barra até alcançar a outra extremidade. A convecção térmica ocorre nos fluidos em geral em decorrência da diferença de densidade entre as partes que formam o sistema. Por exemplo: na geladeira, os alimentos são resfriados dessa forma. Como sabemos, o ar quente é menos denso que o ar frio e é por esse motivo que o congelador fica na parte de cima da geladeira. Dessa maneira, formam-se as correntes de convecção: o ar quente dos alimentos sobe para ser resfriado e o ar frio desce refrigerando os alimentos, mantendo-os sempre bem conservados. Essa também é a explicação do porquê o ar-condicionado ser colocado na parte de cima de um ambiente. A condução e a convecção são formas de propagação de calor que, para ocorrer, é necessário que haja meio material, contudo, existe uma forma de propagação de calor que não necessita de um meio material (vácuo) para se propagar, esta é a irradiação térmica. Esse tipo de propagação do calor ocorre através dos raios Processos de Transferência de Calor.indd 33 06/11/2019 16:42:03 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 34 infravermelhos, sendo denominado ondas eletromagnéticas. É dessa forma que o Sol aquece a Terra todos os dias, como também é o meio que a garrafa térmica mantém, por longo tempo, o café quentinho em seu interior. 2 MECANISMO DE CONDUÇÃO Condução é o processo de troca de energia entre uma região de maior temperatura e outra de menor temperatura pelo movimento cinético ou impacto entre as moléculas. Isso significa que é um processo que ocorre com maior frequência em sólidos devido ao menor espaço interatômico. Este mecanismo pode ser visualizado como a transferência de energia de partículas mais energéticas para partículas menos energéticas de uma substância devido a interações entre elas. O mecanismo da condução pode ser mais facilmente entendido considerando, como exemplo, um gás submetido a uma diferença de temperatura. A Figura 10 mostra um gás entre duas placas a diferentes temperaturas: FIGURA 10 – GÁS ENTRE PLACAS A DIFERENTES TEMPERATURAS FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002) 1 - O gás ocupa o espaço entre duas superfícies (1) e (2) mantidas a diferentes temperaturas de modo que T1 > T2. 2 - Como altas temperaturas estão associadas a energias moleculares mais elevadas, as moléculas próximas à superfície são mais energéticas (movimentam-se mais rápido). Processos de Transferência de Calor.indd 34 06/11/2019 16:42:04 TÓPICO 2 | VISÃO GERAL DOS PROCESSOS 35 3 - O plano hipotético X é constantemente atravessado por moléculas de cima e de baixo. Entretanto, as moléculas de cima estão associadas com mais energia que as de baixo. Portanto, existe uma transferência líquida de energia de (1) para (2) por condução. 2.1 MECANISMO DE CONVECÇÃO A convecção ocorre pelo escoamento dos fluidos. O fluido atua como transportador de energia. O processo de convecção pode ser classificado entre natural/livre ou forçado. Vejamos as diferenças a seguir: • Natural ou livre: o gradiente de temperatura ocasiona uma diferença de densidade e há a movimentação do fluido sem forças externas. • Forçada: o movimento do fluido é causado pela atuação de uma força externa sobre o sistema. Ex.: uso de bombas, ventiladores ou sopradores. O mecanismo da convecção pode ser mais facilmente entendido considerando, por exemplo, um circuito impresso (chip) sendo refrigerado (ar ventilado), como mostra a figura a seguir: FIGURA 11 – CIRCUITO IMPRESSO REFRIGERANDO FONTE: Adaptado de Incropera e Witt (2002) 1 - A velocidade da camada de ar próxima à superfície é muito baixa em razão das forças viscosas (atrito). 2 - Nesta região o calor é transferido por condução. Ocorre um armazenamento de energia pelas partículas presentes nesta região. 3 - Na medida em que estas partículas passam para a região de alta velocidade, elas são carreadas pelo fluxo transferindo calor para as partículas mais frias. Processos de Transferência de Calor.indd 35 06/11/2019 16:42:04 UNIDADE 1 | OS FUNDAMENTOS DOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA E SUAS PROPRIEDADES TÉRMICAS 36 No caso apresentado, dizemos que a convecção foi forçada, pois o movimento de mistura foi induzido por um agente externo, no caso, um ventilador. Suponhamos que o ventilador seja retirado. Neste caso, as partículas que estão próximas à superfície continuam recebendo calor por condução e armazenando a energia. Estas partículas possuem temperatura elevada e, portanto, a densidade reduzida. Já que são mais leves, elas sobem, trocando calor com as partículas mais frias (e mais pesadas) que descem. Neste caso dizemos que a convecção é natural (é óbvio que no primeiro caso a quantidade de calor transferido é maior). 2.2 MECANISMO DE RADIAÇÃO Neste tipo de processo, a energia é transportada através de ondas eletromagnéticas. Pode-se atribuir esta emissão às modificações das configurações eletrônicas dos átomos ou moléculas constituintes. O exemplo mais evidente que podemos dar é o próprio calor que recebemos do sol. Neste caso, mesmo havendo vácuo entre a superfície do Sol (cuja temperatura é aproximadamente 5500 ºC) e a superfície da Terra, a vida na Terra depende desta energia recebida. Esta energia chega até nós na forma de ondas eletromagnéticas. As ondas eletromagnéticas são comuns a muitos fenômenos: raio-X, ondas de rádio e TV, micro-ondas e outros tipos de radiações. 2.3 MECANISMOS COMBINADOS De uma maneira geral, a transferência de calor de um determinado corpo ocorre pelos três modos de transferência de calor simultaneamente livres e vibração da estrutura cristalina. Nos problemas da engenharia, quando um dos mecanismos domina quantitativamente, soluções aproximadas podem ser obtidas desprezando-se todos, exceto o mecanismo dominante. Entretanto, deve ficar entendido que variações nas condições do problema podem fazer com que um mecanismo
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