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Prof.ª Dra. Camila Alves camilaalvesmendes@hotmail.com Citologia clínica EMENTA CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Introdução a citopatologia A citopatologia é a ciência que estuda as doenças através das modificações celulares, considerando as suas características citoplasmáticas e nucleares. Essa ciência desenvolveu-se através da aquisição de inúmeros conhecimentos científicos e à introdução de novas tecnologias, desde a invenção do microscópio óptico convencional às técnicas de processamento e coloração dos espécimes, propiciando melhor detalhamento e estudo das estruturas celulares. • Métodos de análise celular automatizada, técnicas de biologia molecular e sistemas computacionais são aplicadas ao exame citológico tradicional, ampliando as suas indicações e confiabilidade diagnóstica. CITOPATOLOGIA – Desde 1.931, com o advento do Decreto Lei nº. 20.377, o exercício da citopatologia ou da citologia clínica foi reconhecido como atribuição do farmacêutico- bioquímico, o que, hoje, se estende também aos biomédicos. Portanto, é certo que historicamente o farmacêutico-bioquímico realiza, em todos os níveis, a citopatologia ou a citologia clínica. Sir Julius Vogel (1843) Histórico da citopatologia Henri Lebert (1845) Registrou o aspecto morfológico de células aspiradas de tumores. Primeiro relato quanto à aplicação da citologia como meio diagnóstico. - Identificou células malignas de um tumor mandibular. Lambl de Praga (1850) Descreveu células malignas em escarro e urina. Firmou a citopatologia como ciência. Graduação (Grécia) / Doutorado (Alemanha) / Carreira (EUA) 1914 – Cornell Medical School, Nova Iorque Pesquisador assistente do Instituto do câncer, renomeado Instituto de Pesquisa de Câncer Papanicolau. - Estudos iniciais com esfregaços vaginais de animais e depois, de mulheres: Conhecer os efeitos hormonais sobre a mucosa vaginal. Encontro acidental de células malignas chamou atenção, para que fosse uma técnica de rotina do diagnóstico precoce do câncer. Dr. George Papanicolaou (1883-1962) Patologista romeno, publicou “Diagnóstico do câncer do colo uterino por esfregaços.” Os avanços no processamento e na coloração das secções histológicas trouxe atenção para a citologia, que antes era tida como “mera curiosidade”. Aurel Babes (1928) Monografia, “Diagnóstico de câncer uterino pelo esfregaço vaginal”, com a colaboração de Herbert Traut. Introduziu a técnica de diagnosticar câncer uterino e lesões precursoras pela citologia – Pap teste, em homenagem ao próprio Papanicolau. Atlas de citologia esfoliativa Marco importante para o desenvolvimento da citopatologia, foi a modificação da técnica de colheita das amostras citológicas: Para raspar diretamente as células do colo (Ernest Ayre), ao invés de colheita de secreções vaginais espontâneas (Papanicolau). O sucesso do teste de Papanicolau se deve: Baixo custo; Simplicidade técnica e diagnóstica; Método de eleição no rastreamento no câncer cervical. Foi introduzido em uma época em que o câncer de colo uterino representava a principal causa de morte relacionada ao câncer em mulheres nos EUA. Tipos de descamação celular Urina e escarro Espontânea ou natural As células são removidas com a utilização de algum instrumento. Artificial Acontece no teste de Papanicolau As amostras citológicas são obtidas através do raspado da ectocérvice e do escovado da endocérvive. - Espátula de Ayre - Escovinha As células viáveis, que são traumaticamente esfoliadas, são menores e com menor grau de maturação que as células descamadas naturalmente. Objetivos e limitações do exame citopatológico Identificação de doenças não suspeitas clinicamente; Confirmação de doenças clinicamente suspeitas; Acompanhamento da evolução ou resposta ao tratamento de determinada doença. Procedimento diagnóstico não invasivo sem complicações para a paciente. Limitações: Tempo excessivamente longo na interpretação das amostras; A natureza algo sugestiva da interpretação; A impossibilidade de assegurar a invasão ou extensão da invasão no caso de lesão maligna. A avaliação histopatológica é essencial no diagnóstico definitivo das lesões pré- cancerosas e malignas do colo uterino, detectadas pelo exame citológico. É aconselhável a realização do exame de Papanicolaou a partir do início da atividade sexual. Inca, o exame deve ser priorizado para mulheres com atividade sexual e idade entre 25 e 60 anos. Indicada a realização anual, após dois exames anuais com resultados negativos, a cada três anos. A partir dos 64 anos de idade, a realização do exame pode ser interrompida, desde tenha 2 resultados seguidos, nos últimos 5 anos. Em pacientes que apresentam lesões pré-cancerosas, o seguimento citológico será semestral. Procedimentos técnicos e laboratoriais Normas de colheita das amostras cervicovaginais Não estar menstruada; Não realizar duchas vaginais e não usar drogas intravaginais (creme, óvulo) nas 48 horas que antecedem o exame; - Esfregaços citológicos encaminhados por outros serviços devem ser acompanhados pela ficha de solicitação do exame. Na recepção as amostras devem ser rejeitadas se: - Ausência ou erro na identificação da lâmina e/ou do frasco; - Identificação da lâmina e/ou do frasco não coincidente com a do formulário; - Lâmina danificada ou ausente. Preenchimento de ficha da paciente Antes da colheita das amostras citológicas é fundamental o preenchimento de ficha com os dados da paciente, que incluem: • Dados pessoais: nome completo, idade, endereço, telefone e número do documento de identificação se corresponder a exame do SUS. • Dados do médico que solicitou o exame: nome completo e telefone. No caso de exame do SUS, às vezes só há a identificação do profissional que colheu a amostra citológica, devendo constar na requisição do exame. • Dados clínicos da paciente. - Data da última menstruação; - Paridade; - Queixas clínicas, especialmente sangramento vaginal anormal; - Uso de contraceptivos; - Referência a terapia de reposição hormonal; - Data do último exame preventivo; - Resultados de exames citopatológicos e histopatológicos do colo/vagina prévios - Procedimentos terapêuticos anteriores (cauterização, cirurgia, quimio e/ou radioterapia); • Dados macroscópicos da vagina/colo e colposcópicos se forem disponíveis. Colheita das amostras citológicas Antes da colheita, devem ser disponibilizadas lâminas de vidro identificadas com as iniciais e/ou número de registro da paciente (extremidade fosca da lâmina), previamente limpas e desengorduradas com gaze umedecida com álcool. Ainda são necessárias espátula de Ayre para a colheita das amostras da ectocérvice e da vagina através de “raspados” e escovinha para a colheita da endocérvice. Devem ser acessíveis ainda tubos de plástico contendo etanol a 95% para acondicionar os esfregaços e obter a sua fixação imediata. A parede do colo do útero é formada por duas camadas, sendo elas: a endocérvice e a ectocérvice. A ligação da ectocérvice e da endocérvice recebe o nome de junção escamocolunar (JEC), podendo ter sua localização modificada de acordo com o estado hormonal, gestacional, parto vaginal e/ou trauma. A endocérvice é uma camada mucosa, constituída por um epitélio colunar simples mucossecretor, que é responsável pela produção do muco cervical; A ectocérvice é constituída por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado, que se assemelha ao da vagina. A colheita do fundo de saco posterior da vagina é particularmente importante nas mulheres peri e pós- menopausadas; • Colheita vaginal é também de interesse para a identificação de micro-organismos patogênicos. A chamada colheita tríplice foi preconizada há longos anos e nessa modalidade de colheita, as amostras obtidas do fundo de saco posterior da vagina, da ectocérvice e da endocérvice são distribuídas na mesma lâmina. Necessário um treinamento adequado para garantir a boa qualidade dos espécimes, evitando artefatos de esmagamento e dessecação do material! O espéculo vaginal sem lubrificante (para evitar contaminação da amostra) é introduzido para a visualização do colo. Depois de remover com algodão o excesso de muco, secreção ou sangue, a espátula de Ayre é apoiada no canal endocervical, sendo executado um raspado na junção escamocolunar (JEC) através de movimento de rotação de 360º. A amostra do fundo de saco posterior da vagina também é obtida através de raspado, com a extremidade romba da espátula de Ayre. A espátula é deixada em repouso sobre o espéculo e imediatamente é realizada a colheita do material endocervical. A escovinha designada especialmente para essa finalidade é inserida através do orifício cervical externo, sendo executada uma rotação completa no canal que pode ser finalizada com um movimento de vai e vem, com cuidado para não traumatizar a mucosa, evitando sangramento. Dificuldade na colheita das amostras em mulheres pós- menopausadas devido ao dessecamento das mucosas pela diminuição fisiológica das secreções glandulares. Em mulheres histerectomizadas (remoção do útero), a colheita das amostras é realizada através do raspado da cúpula e das paredes vaginais. Resultados mais seguros. Tempo de rastreamento e de obtenção de resultados reduzidos. Mais clareza na visualização e interpretação de células de importância diagnóstica. Alta Produtividade. Confecção dos esfregaços citológicos Os espécimes obtidos são espalhados na mesma lâmina de vidro de modo delicado e rápido, confeccionando-se esfregaços finos e uniformes. A pressão excessiva na confecção do esfregaço pode resultar no esmagamento e na distorção das células. Por outro lado, a demora na fixação da amostra em etanol a 95% pode levar à dessecação com alterações celulares degenerativas. Especial cuidado deve ser tomado com o espécime endocervical, já que as células glandulares dessa mucosa são mais frágeis e suscetíveis a artefatos técnicos. É muito importante no momento da colheita e da confecção dos esfregaços ter precaução para não contaminar as lâminas com fios de algodão da gaze ou talco contido nas luvas utilizadas durante o procedimento. Fixação dos esfregaços citológicos O agente fixador não deve ser tóxico/volátil e de baixo custo; O etanol a 95% é o fixador de rotina devido a sua eficiência; O esfregaço ainda úmido deve ser imediatamente imerso em etanol ou fixadas com o spray (15 a 20cm de distância); O tempo de permanência da amostra no fixador deve ser no mínimo 15 minutos, recomendando-se não ultrapassar duas semanas; • Aerossol – diferentes misturas de álcool, ácido acético, etilenoglicol ou propileno. • Sprays - (álcool isopropílico e glicol). • Líquidos – álcool etílico a 95%, metílico, isopropílico ou três partes de álcool etílico a 95% e sete partes de álcool butílico terciário. A vantagem desses fixadores de cobertura em relação ao etanol é a facilidade de transporte das amostras quando são obtidas à distância do laboratório. Com a aplicação desses fixadores, os esfregaços podem ser acondicionados em caixas de papelão, evitando os possíveis transtornos pelo vazamento do etanol durante o transporte e consequente dano às preparações citológicas. As lâminas, quando se usa aerossol secam em dez minutos e conservam-se, à temperatura ambiente, cerca de quinze dias ou devem ficar no fixador líquido quinze minutos até sete ou dez dias. A demora na fixação ou a utilização de etanol em concentração inferior à preconizada pode levar a alterações celulares importantes, dificultando ou mesmo impossibilitando a avaliação oncológica. Os seguintes efeitos podem ser encontrados nas amostras dessecadas (exposição prolongada no ar): Aspecto opacificado, turvo, dando a impressão de que a amostra está fora do campo de visão. Aumento da eosinofilia citoplasmática. Aumento nuclear (de quatro a seis vezes maior ao verificado nas amostras fixadas imediatamente) e perda dos detalhes da estrutura cromatínica. Após a fixação as lâminas devem ser remetidas ao laboratório o mais brevemente possível, acompanhadas de informação clínica e devidamente rotuladas! Erros comuns: 1. Colheita de material é insuficiente; 2. Material inadequadamente espalhado; 3. Material colhido do local errado; 4. Uso de lâminas que estão insuficientemente limpas ou desengorduradas; 5. Secagem antes da fixação ou durante a coloração; 6. Fixação insuficiente; 7. Coloração incorreta. Coloração O método de coloração foi elaborado pelo próprio Papanicolaou, com várias modificações ao decorrer dos anos. A coloração de Papanicolaou baseia-se em três corantes: HEMATOXILINA, EA e ORANGE, cada um com atuações distintas. HEMATOXILINA EA 36/37 ORANGE G6 A coloração de Papanicolaou é composta de uma sequência de três soluções corantes e fases de hidratação, coloração e desidratação da amostra. Após a coloração do esfregaço segue-se a etapa conhecida como clareamento, que promove a transparência celular. O xilol, um solvente orgânico, é utilizado para esse fim. Para a padronização da coloração é necessário checar diariamente os esfregaços sob o microscópio, fazendo as correções, se necessárias. Assim, é ajustado o tempo que os esfregaços devem permanecer em cada corante. Nunca deve ser esquecida a manutenção da bateria de coloração, filtrando diariamente e trocando os corantes e soluções (álcool, xilol) quando necessário, para atingir um padrão ideal de coloração dos esfregaços. Clareamento do esfregaço O xilol, um solvente, tem a finalidade de tornar as células translúcidas, participando no processo do seu clareamento, ou diafanização. Montagem dos esfregaços citológicos É o processo em que é aplicada uma resina sintética dissolvida em um solvente, geralmente o xilol, permitindo a adesão entre a lamínula e a lâmina. A ligação entre as duas protege o esfregaço da dessecação e diminui as chances de descoloração ao decorrer do tempo. Os meios de montagem mais utilizados no nosso meio são o bálsamo do Canadá e o Entellan (Merck). É fundamental que o procedimento de montagem seja rápido, imediatamente após a remoção do esfregaço do xilol, impedindo a penetração de ar entre a lâmina e a lamínula. Quando isso ocorre, poderão surgir artefatos, como a presença de pigmento acastanhado recobrindo a amostra (artefato corn flakes) ou a formação de bolhas. Avaliação microscópica das amostras citológicas Inicialmente utiliza-se a objetiva de 4x para verificar a qualidade da fixação e coloração do espécime; o fundo (área ocupada entre as células); a celularidade (quantidade de células), a composição celular (tipos de células) e a sua distribuição. Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas (Ministério da Saúde - Inca, 2006). Antes de se proceder a “leitura” dos esfregaços, é fundamental a checagem das iniciais do nome e sobrenome da paciente e do número de registro na lâmina, confrontando-os com os dados que constam na ficha de cada paciente. É importante ainda observar as informações clínicas. A amostra que apresenta células em quantidade representativa (estimativa mínima de aproximadamente 8.000-12.000 células escamosas) bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que a sua visualização permita uma conclusão diagnóstica. Satisfatória Esfregaço obscurecido entre 50% a 75% de sua totalidade por vários fatores, entre eles: Satisfatória, mas limitada para avaliação esfregaço acentuadamente hemorrágico devido ao trauma na colheita da amostra; esfregaço espesso com acentuada sobreposição celular por falha na distribuição do material na lâmina; esmagamento das células por compressão excessiva durante a confecção do esfregaço; dessecação celular devido à demora na fixação ou utilização de fixador com menor teor alcoólico, falhas na técnica de coloração. *escassez de células epiteliais no esfregaço ou a sobreposição acentuada das células epiteliais por exsudato leucocitário. A escassez celular pode decorrer da atrofia do epitélio, comum na menopausa. O acentuado exsudato purulento (leucocitário) é determinado por condições inflamatórias. Esfregaço acelular ou obscurecido em mais de 75% da sua totalidade pelos mesmos fatores discutidos anteriormente. Insatisfatória Quando um exame citológico é categorizado como satisfatório, mas limitado ou insatisfatório para a avaliação, deve ser repetido o mais breve possível, uma vez que o estudo oncológico foi comprometido ou não foi possível, respectivamente. Alterações nucleares e citoplasmáticas reversíveis, exigem tratamento do agente causal e repetição da citologia, podem ser provocadas por: 1. Infecções: Bactérias – Chlamydia, Gardnerella, Actinomyces e outros; Fungos – Cândida e outros; Protozoários – Trichomonas; Vírus – Herpes, Vírus do Papiloma Humano (16 e 18) e Citomegalovírus. 2. Alterações reacionais e de regeneração: Inflamação (cervicites); Miscelânea (terapêutica por radiações, quimioterapia, dietilbestrol, utilização de DIU, outros). A classificação das amostras correspondem a benignidade ou grau de malignidade: Lesões benignas Alterações celulares de displasia (alterações nucleares e citoplasmáticas) classificadas em três grupos: 1. Displasia ligeira – CIN I (sigla da designação em inglês da Neoplasia Cervical Intra-epitelial) – alterações ao nível das células da camada superficial, ocupam um terço do epitélio; 2. Displasia moderada – CIN II – alterações ao nível das células da camada intermediária, ocupam dois terços do epitélio; 3. Displasia marcada – CIN III – alterações ao nível das células da camada parabasal, ocupam toda a estrutura do epitélio. Lesões pré-malignas Alterações celulares definitivas e graves do epitélio pavimentoso (carcinoma «in situ», processos de micro-invasão e invasão) ou do epitélio cilíndrico (hiperplasia, adenocarcinoma). A presença de células endometriais (epitélio cilíndrico) na pós- menopausa franca é altamente suspeita de patologia maligna do endométrio. Lesões malignas A avaliação inicial com a objetiva de 4x é seguida pela utilização da objetiva de 10x, realizando-se a leitura sistemática de todos os campos microscópicos. A objetiva de 40x é usada quando é necessário um maior detalhamento das estruturas celulares. Quando anormalidades celulares são identificadas, o citotécnico deve assinalá-las para posterior reavaliação do citopatologista. A marcação dos campos suspeitos é realizada com caneta de ponta fina e tinta permanente (à prova de água). Com a objetiva de 10x, fazer um ponto acima ou abaixo da estrutura que deseja se destacar ou alternativamente circulá-la. A seguir, retirar a lâmina do microscópio, girá-la para a superfície contrária e circular o mesmo campo já marcado previamente. Com um cotonete umedecido em álcool apagar a marca Inicial. Todos os diagnósticos citológicos são de responsabilidade do médico citopatologista. Cabe ao citotécnico a avaliação inicial de todos os esfregaços, registrando as possíveis anormalidades observadas. Em todos os resultados do exame citopatológico devem constar os seguintes dados: identificação da paciente, número de registro do laboratório, método de colheita das amostras, tipo de fixador e técnica de coloração, descrição microscópica, conclusão diagnóstica e comentários adicionais se necessário. Vários fatores interferem na aparência geral dos esfregaços ginecológicos, entre eles a função celular, a atividade geral da célula, o estado hormonal da paciente e aqueles relativos às técnicas de colheita, confecção, fixação e coloração dos esfregaços. Atividade geral da célula É classificada em quatro categorias: • Euplasia • Retroplasia • Proplasia • Neoplasia maligna. As estruturas celulares devem ser analisadas na sua intimidade, para o entendimento e diagnóstico dos diferentes processos patológicos. Euplasia Representa o estado normal ou saudável de determinado tipo de célula Estrutura nuclear Baseada principalmente no material cromatínico, nas características da membrana nuclear e na intensidade da coloração nuclear. Cromatina Nucléolo – presente indica atividade síntese proteica (cora em rosa). Membrana nuclear – não é visualizada no microscópio óptico. Multinucleação – não é frequente na euplasia. Citoplasma-geralmente é abundante, mas varia de acordo com a diferenciação funcional da célula. Retroplasia atividade celular diminuída. São as alterações celulares regressivas cuja aparência morfológica depende de vários fatores, como o tipo de estímulo, a sua intensidade e Duração. Cromatina – grânulos borrados. Nucléolo – sensíveis a traumas. Atrofia após a menopausa. Vacuolização nuclear – degeneração rápida, como ocorre na radioterapia. Multinucleação – o núcleo pode desaparecer, persistindo como uma sombra. Citoplasma - Há desnaturação das proteínas e outros constituintes com consequente modificação das características citoplasmáticas. Proplasia Representa o estado da célula ou tecido com aumento da atividade biológica e inclui a preparação para a divisão celular, aumento da atividade secretória, resposta a estímulos externos e reparação. Hipercromasia – cromatina mais escura. Membrana nuclear – núcleo mais arredondado e vesicular. Cariomegalia – aumento nuclear. Multinucleação – ocorre muito, com núcleos similares entre si. Citoplasma - Há desnaturação das proteínas e outros constituintes com consequente modificação das características citoplasmáticas. Hôrmonios - células escamosas maduras em pacientes jovens na fase reprodutiva e a sua substituição progressiva por células escamosas imaturas (parabasais) nas mulheres pós- menopausadas. Os fatores técnicos também podem interferir no aspecto geral dos esfregaços cervicovaginais: - Traumas na mucosa, sangramento; - Compressão excessiva do material; - Demora na fixação do etanol; - Exposição prolongada ou reduzida aos corantes. HPV Papilomavirus Humano Agente etiológico das verrugas; Infectam muitas espécies de vertebrados São altamente espécie-específicos; Infectam epitélio escamoso (queratina/sem queratina); Infecção localizada; Alguns tem potencial oncogênico; Vírus DNA não cultivável da família do Papillomaviridae Hibernando inativo, portador assintomático (pelo fim da vida). Mesmo sem nenhuma lesão, a pessoa pode transmitir o vírus, em contato com a área que o vírus está se multiplicando. Manifestações clínicas Multiplica, células epiteliais basais abaixo das mucosas (genital, ânus, faringe). Coletas com swabs citológicos pode identificar o vírus. 5 Gêneros: Infecção em Humanos Mais de 200 genótipos 25 genotipos causam lesões orais e 40 causam lesões genitais (classificados em alto e baixo risco). Gestantes e pessoas imunocomprometidas; Tipo verruga (benignas) Verrugas, papilomas laríngeos e orais, condilomas genitais e cervical, epidermodisplasia verruciforme. Malignas Câncer cervical, carcinoma de pênis, câncer de esôfago. Lesões Uma pessoa não precisa ter uma verruga para ter ô câncer; As verrugas podem se resolver sozinhas ou precisar de tratamento, porque se multiplicarem ou aumentarem de tamanho (pois o vírus permanece nas células abaixo da pele). Uma pessoa pode ter mais de um subtipo do vírus. Pode eliminar naturalmente o vírus em até dois anos. As primeiras manifestações pode levar de 2 a 8 meses a partir do primeiro contato. Podendo levar até 20 anos. Transmissão Quase 75% de homens e mulheres sexualmente ativos foram expostos ao HPV em algum momento de suas vidas; O sistema imune elimina a maioria dos HPV naturalmente dentro de 2 anos (cerca de 90%), mas os que persistem podem causar doenças graves; Pessoas em contato íntimo tendem a compartilhar o mesmo tipo de HPV; O HPV genital é a DST mais comum com incidência de cerca de 5,5 milhões de pessoas no mundo. Mais de 99% dos câncer de colo de útero! Segunda causa de morte por câncer em mulheres. Fatores de risco - Comportamento sexual - Multiparidade - Tabgismo - Outras DST, HIV - Uso de anticoncepcional oral - Consumo de álcool - Predisposição genética Tratamento da lesão e não do vírus em si! Prevenção - Uso de preservativo (não protege áreas externas) - Mudança de comportamento sexual - Diagnóstico precoce: Papanicolau - Vacinação (Gardasil (Tetravalente) e Cervarix (bivalente); - Eliminação de fatores de risco - Diagnóstico de análise da mucosa ou da lesão - Citologia por Papanicolau TRIAGEM - Colposcopia com ácido acético 5% - Histopatologia e lesões suspeitas - Biologia molecular complementar
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