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Resumo_Capt_18_A_afetividade_e_suas_alterações_Resumo_Dalgalarrondo

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Yuri Banov Onishi
Capt 18 | A afetividade e suas alterações | Resumo Dalgalarrondo
1)DEFINIÇÕES BÁSICAS
1.1)tipos básicos de vivências afetivas (Humor ou estado de ânimo, emoções, sentimentos, afetos, paixões)
2) EMOÇÃO vs RAZÃO
3)REAÇÃO AFETIVA (sintonização afetiva, irradiação afetiva)
4)TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS EMOÇÕES
4.1)Experiências afetivas negativas e positivas
4.2)Polos ou valências da afetividade (Rdoc)
4.3)São as emoções das pessoas as mesmas em todo o mundo? (universais, emoções básicas, emoções
secundárias ou sociais - não universais - , emoções de fundo, emoções não conscientes)
4.4)Teorias da afetividade e das emoções (James-Lange , Cannon-Bard , teoria dos dois fatores, Lazarus)
5)ASPECTOS CEREBRAIS E NEUROPSICOLÓGICOS DAS EMOÇÕES
5.1)O sistema límbico e as emoções (Papez-MacLean)
5.2)Áreas cerebrais: Amígdala, lobos frontais, ínsula, giro do cíngulo, lobo parietal direito
5.3)Circuito septo-hipocampal
6)ASPECTOS PSICODINÂMICOS DAS EMOÇÕES E VIDA AFETIVA (Freud e Klein)
7)ALTERAÇÕES PSICOPATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE
7.1)Alterações do humor (distimia, disforia, euforia, elação, puerilidade, moria, estado de extase, timopatias,
irritabilidade patológica
7.2)Catatimia
8)ANSIEDADE, ANGÚSTIA E MEDO
9)ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS (medo, fobia, pânico, apatia, Sentimento de falta de
sentimento, Anedonia, Indiferença afetiva e “bela indiferença”, Labilidade afetiva e incontinência afetiva )
10) REDUÇÃO DOS AFETOS NAS PSICOSES (Hipomodulação do afeto,Distanciamento afetivo e pobreza de
sentimentos, Embotamento afetivo e devastação afetiva)
11)AFETOS QUALITATIVAMENTE ALTERADOS NAS PSICOSES (Ambivalência afetiva, Inadequação do afeto ou
paratimia, Neotimia
12)Valor diagnóstico (T. depressivo, mania, esquizofrenia, transtorno da personalidade, Demências e outras condições
neuropsiquiátricas)
13)EMOÇÕES NÃO CONSCIENTES EM PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS
14)Semiotécnica da afetividade e instrumentos de avaliação
1)DEFINIÇÕES BÁSICAS
● A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências humanas. Sem
afetividade, a vida mental torna-se vazia, sem sabor.
● Afetividade: termo genérico, que compreende várias modalidades de vivências afetivas, como
○ humor, emoções e sentimentos
Emílio Mira y López (1896-1964)
● Quanto mais os estímulos e os fatos ambientais afetam o indivíduo , mais aumenta a sua alteração e
diminui a objetividade.
● Quanto menor a distância (real ou virtual) entre quem percebe e o que é percebido, mais o objeto se
confunde com quem o percebe (Mira y López,1974).
● Assim, vai desaparecendo a possibilidade de configurar ou formar imagens delimitadas, e surge uma
nova modalidade de experiência íntima, que afeta a totalidade individual e que, por isso mesmo,
recebe o qualificativo de afetiva.
● “a fronteira entre a percepção e a afeição, entre a sensação e o sentimento, entre o saber e o sentir é
a mesma fronteira entre o Eu e o não Eu”
@yuri.studies
Yuri Banov Onishi
1.1)tipos básicos de vivências afetivas (Humor ou estado de ânimo, emoções, sentimentos, afetos, paixões)
Cinco tipos básicos de vivências afetivas:
● Humor ou estado de ânimo
● Emoções
● Sentimentos
● Afetos
● Paixões
Humor ou estado de ânimo
● Definição: tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se encontra a pessoa
em determinado momento
● É a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psíquica,
● a lente afetiva que dá às vivências do sujeito,
● a cada momento, uma cor particular, ampliando ou reduzindo o impacto das experiências reais
● Muitas vezes pode modificar a natureza e o sentido das experiências vivenciadas.
● Paim (1986) no estado de ânimo (ou humor) a vertente somática e a vertente psíquica se unem de
maneira indissolúvel para fornecer um colorido especial à vida psíquica momentânea
● Em boa parte, o humor é vivido corporalmente e relaciona-se de forma considerável às condições
corporais, vegetativas, do organismo
● o humor (ou estado de ânimo) é um dos transfundos (aquilo que espalha, difunde) essenciais da vida
psíquica.
Emoções
● Definição: reações afetivas momentâneas, agudas, desencadeadas por estímulos significativos.
● estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente como reação do indivíduo a certas
excitações internas ou externas, conscientes, não conscientes ou inconscientes.
● Mira y López (1974): é uma alteração global da dinâmica pessoal, um movimento emergente, podendo
representar uma tempestade anímica, que desconcerta, comove e perturba o instável equilíbrio
existencial.
● No humor e nas emoções são frequentemente acompanhadas de reações somáticas, corporais
(neurovegetativas, motoras, hormonais, viscerais e vasomotoras), mais ou menos específicas.
○ são, ao mesmo tempo, experiências psíquicas e somáticas e revelam sempre a unidade
psicossomática básica do ser humano
Sentimentos
● Definição: estados e configurações afetivas estáveis. Intensidade menor, menos reativo a estímulos
passageiros
● estão comumente associados a conteúdos intelectuais, valores, representações e, em geral, não
implicam em reações no corpo
● Constituem um fenômeno muito mais mental do que somático.
● Cultura: Por serem associados a conteúdos intelectuais, os sentimentos (mas também o humor e as
emoções) dependem da existência, na língua e na cultura de cada povo, de palavras que possam
codificar este ou aquele estado afetivo
● A forma que os sentimentos são expressos mudam de acordo com a cultura (universo semântico e
linguístico)
● Ex: para o sentimento expresso em português como saudade, no espanhol utilizam-se termos como
estrañar (no sentido de sentir a falta de algo ou alguém)
Yuri Banov Onishi
● Os afetos e os sentimentos são vivenciados, de modo geral, em dois polos:
○ agradável e desagradável,
○ prazeroso e desprazível
sentimentos de acordo com sua tonalidade afetiva:
● Tristeza
● Alegria
● Agressividade
● Relacionado a atração pelo outro (amizade, amor)
● Associado ao perigo
● tipo narcísico
Afetos
● Definição: a qualidade e o tônus emocional que acompanham uma ideia ou representação mental.
● Os afetos acoplam-se a ideias, anexando a elas um colorido afetivo.
● Ou seja, é o componente emocional de uma ideia.
● De forma mais ampla, usa-se também o termo “afeto” para designar, de modo inespecífico, qualquer
estado de humor, sentimento ou emoção.
Paixões
● Definição: estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo,
captando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os demais
interesses
● Pieron (1996), a paixão intensa impede o exercício de uma lógica imparcial.
Quadro 18.1 | Alguns filósofos ocidentais e as principais paixões, emoções e sentimentos
Yuri Banov Onishi
2) EMOÇÃO vs RAZÃO
Visão negativa da emoção
● Em uma parte da tradição do pensamento ocidental, a emoção opõe-se frontalmente à razão;
● A emoção cega o ser humano e o impede de pensar com clareza e sensatez (ver revisão histórica em
Meyer, 1994).
● A emoção turva a razão, distancia o ser humano da verdade e da conduta correta. Além disso, ela
corresponde a uma dimensão inferior do ser humano;
● Seria o “resquício animalesco de um suposto homem primitivo dentro do homem maduro”
visão positiva da emoção
● A dimensão emocional pode contribuir (e não atrapalhar) no contato do ser humano com a realidade,
ajudando-o a perceber melhor as coisas. (Berdiaeff, Scheller)
● o ser humano seria dotado “de um certo tipo de compreensão afetiva que se faz por uma sintonização
empática” (Dória, 1977)
● o ser humano compreenderia melhor se emocionando, sentindo afetivamente os fenômenos da
realidade
● Hipervalorização da emoção: “conhecemos muito mais pelos sentimentos que pela inteligência. Não
só a simpatia e o amor, porém, mesmo a inimizade e a raiva, auxiliam no conhecimento” (Berdyaev,
1935).
3)REAÇÃO AFETIVA
● A vida afetiva ocorre sempre em um contexto de relações do Eu com o mundo e com as pessoas,
● variando de um momento para outroà medida que os eventos e as circunstâncias da vida se sucedem
● A afetividade caracteriza-se particularmente por sua dimensão de reatividade.
● há duas importantes dimensões da resposta ou reação afetiva de um indivíduo
○ sintonização afetiva
○ irradiação afetiva
Sintonização afetiva
● a capacidade de a pessoa ser influenciada afetivamente por estímulos externos;
● o sujeito entristece-se com ocorrências dolorosas, alegra-se com eventos positivos, ri com uma boa
piada,
● entrar em sintonia com o ambiente
irradiação afetiva
● capacidade que o indivíduo tem de transmitir, irradiar ou contaminar os outros com seu estado afetivo
momentâneo;
● por meio da irradiação afetiva, faz outros entrarem em sintonia com ele (Giglio, 1974).
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4)TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS EMOÇÕES
4.1)Experiências afetivas negativas e positivas
4.2)Polos ou valências da afetividade (Rdoc)
4.3)São as emoções das pessoas as mesmas em todo o mundo? (universais)
4.4) Outros tipos de emoções
● secundárias ou sociais (não universais)
● emoções de fundo,
● emoções não consciente
4.5)Teorias da afetividade e das emoções
● James-Lange ,
● Cannon-Bard ,
● teoria dos dois fatores,
● Lazarus
4.1)Experiências afetivas negativas e positivas
● Emoções positivas: aquelas que promovem o bem-estar, favorecem a socialização e resultam
geralmente de gratificações quando um desejo ou necessidade é satisfeito.
● Emoções negativas: se relaciona com as sensações de repulsa, raiva e agressividade, que, por sua
vez, resultam ou interferem nas desavenças nas relações interpessoais
● tal classificação é consideravelmente arbitrária e excessivamente relacionada a valores sociais, que
podem ser questionados a todo momento.
● Uma forma contemporânea de agrupar experiências afetivas tem sido proposta pelo Research Domain
Criteria (RDoC) do National Institute of Mental Health (NIMH)
○ o RDOC busca identificar, sobretudo para a pesquisa, construtos que sejam passíveis de
investigação, que abarque um leque de dimensões, que possam incluir base genética e
genômica, biologia do desenvolvimento, redes e mecanismos neurais, neurofisiológicos e
neurobioquímicos, chegando até o nível das experiências e comportamentos
4.2)Polos ou valências da afetividade (segundo o Rdoc)
● sistemas com polaridade afetiva se divie em 2 grupos de constructos
○ sistemas de valência negativa
○ sistemas de valência positiva
● Sistemas de valência negativa: incluem, por exemplo, respostas a situações aversivas, como
resposta a ameaça aguda ou medo, reposta a ameaça potencial ou ansiedade, resposta a ameaça
constante, experiências de perda e não recompensa frustrante.
● sistemas de valência positiva: respostas anímicas e comportamentais positivas, como motivação
para a aproximação, avaliação de recompensas, aprendizado positivo de recompensas ou de hábitos
que liberem outros recursos psíquicos (exemplo: recursos cognitivos)
Yuri Banov Onishi
4.3)São as emoções das pessoas as mesmas em todo o mundo? (universais, emoções básicas, emoções
secundárias ou sociais - não universais - , emoções de fundo, emoções não conscientes)
caráter universal
● Outra forma de situar e ordenar as emoções humanas é a hipótese do caráter universal, para toda a
humanidade, todos os subgrupos culturais e todos os períodos históricos, de um pequeno grupo de
emoções.
● Oposição a essa hipótese: relatividade cultural das experiências emocionais
Relatividade cultural
● Todos os tipos de vivências emocionais são localizados no tempo histórico e nas diferentes
sociedades e culturas humanas (Rosenwein, 2011).
Darwin
● medo, raiva, ciúmes, amor materno, seriam universais, presentes em todos os indivíduos e em muitas
espécies animais (Darwin, 1871/1974)
● A manifestação das emoções por certas expressões faciais e corporais foi sendo lentamente adquirida
na evolução da espécie Homo sapiens, constituindo-se muitas das emoções comuns a seres humanos
e animais.
Damásio (2012)
● os afetos e as emoções seriam divididos em três grandes grupos
○ emoções básicas, ou primárias;
○ emoções secundárias;
○ emoções de fundo.
Emoções universais, primárias ou básicas
● Ekman (1957) foi um importante nome para popularizar a concepção de emoções universais
○ notou que havia uma consistente concordância na ordenação de certas emoções que pareiam
com determinadas expressões faciais
○ chegou à conclusão de que haveria comportamentos faciais específicos universalmente
associados às emoções, também específicas; ou seja, era possível demonstrar empiricamente
a existência de emoções universais
○ Muitas vezes, as emoções universais eram disfarçadas por tais expressões culturalmente
controladas. Isso explicaria como as diferenças culturais podem encobrir a expressão das
emoções universais
● Ekman propôs onze emoções humanas básicas e universais: culpa, orgulho, vergonha, desprezo,
contentamento, constrangimento, diversão ou divertimento (amusement), excitação, satisfação, prazer
sensorial e alívio (Ekman, 1999).
● Haveria famílias de emoções; assim, encontraram 60 microvariações de expressões faciais para a
emoção “raiva”, distintas do conjunto de microvariações da emoção “medo”, ou da família de emoção
“nojo”, e assim por diante.
● Outras perspectivas defendidas por muitos autores discordam da teoria das emoções universais,
salientando a dimensão histórica e especificamente cultural das experiências emocionais (revisões em
Rezende; Coelho, 2010; Rosenwein, 2011).
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Emoções secundárias ou sociais (não universais)
● Seriam emoções mais complexas (do ponto de vista psicológico e neuropsicológico)
● Mais aprendidas socialmente
● Mais variadas de acordo com os subgrupos culturais
● seriam construídas com mesclas de emoções de fundo, emoções primárias e outras emoções sociais
● Exemplo: vergonha, culpa, remorso, simpatia, compaixão, embaraço, orgulho, ciúmes, inveja, gratidão,
admiração, submissão, indignação e desprezo.
● Andrea Scarantino (2009) argumenta que não há base empírica suficiente para a separação entre
emoções primárias, neurobiológicas, e secundárias, socioculturais.
Emoções de Fundo
● o Damásio (2012), emoções de fundo são estados basais (mais basais que o humor, ou estado de
ânimo) que constituem uma espécie de colorido do estado afetivo de uma pessoa
● Sensações de bem ou de mal-estar, sensação de fadiga, lassidão, de ter mais ou menos energia, são
citadas como emoções de fundo
● é difícil notar as diferenças entre o construto “emoção de fundo” e o construto “humor”, ou “estado de
ânimo”
Emoções não conscientes (ENCs)
● revisão em Lee et al., 2016
● Definição: fenômenos automáticos, não controlados e ultrarrápidos que ocorrem sem que haja tomada
de consciência pelo indivíduo que as experimenta.
● Experimento: mostra-se uma imagem expressando uma forte emocao (menos de 30 milissegundos)
sendo imediatamente seguidos por outro estímulo, neutro do ponto de vista emocional
○ Os indivíduos (para ser considerada uma ENC) não devem lembrar as faces que lhes foram
apresentadas e não devem acertar os testes mais do que as taxas do acaso, revelando que
permaneceram totalmente não conscientes em relação ao estímulo emocional
○ Apesar da total não consciência da ENC, os sujeitos avaliados revelam mudanças em
parâmetros neurofisiológicos
○ Faces emocionalmente carregadas mudam sensivelmente os parâmetros neurofisiológicos
mais do que as neutras
● As ENCs ativam algumas regiões cerebrais semelhantes às das emoções conscientes, mas ativam
com mais intensidade outras regiões, como a amígdala, os colículos superiores e o córtex do
hemisfério direito
● Mesmo que os sujeitos se mantenham totalmente não conscientes da presença de estímulos com
conteúdos emocionais, ocorrem também respostas psicológicas que indicam que houve mudanças no
estado e no funcionamento mental das pessoas, decorrentes das ENCs.
● As respostas psicológicas incluem mudanças em comportamentos e nas tomadas de decisão,
geralmente mais pronunciadas do que nas emoções processadas conscientemente.
● Estudo:foi verificado que pessoas com sede, às quais eram apresentadas faces alegres com o
paradigma não consciente, bebiam muito mais água espontaneamente do que a quem não foram
apresentadas as faces alegres, depois dos testes
● Existe uma base de estudos empíricos indicando que uma parte, possivelmente importante, de nossas
experiências emocionais pode ocorrer de forma não consciente, e é possível que processos
emocionais significativos ocorram totalmente à margem de nossa percepção consciente.
Yuri Banov Onishi
4.4)Teorias da afetividade e das emoções (James-Lange , Cannon-Bard , teoria dos dois fatores, Lazarus)
Teoria de James-Lange (1884)
● a base da experiência emocional deveria se encontrar na periferia do corpo, principalmente nas
reações fisiológicas do sistema nervoso autônomo periférico
● A emoção era concebida como a percepção, a tomada de consciência das modificações fisiológicas
produzidas por determinados eventos.
● "Após as mudanças corpóreas, segue-se imediatamente a percepção do fato excitante, e a emoção é
o que sentimos dessas mudanças (corpóreas)”.
● “a pessoa primeiro vê o tigre, começa, em seguida, a suar, a empalidecer, a ter taquicardia e, em
consequência dessas mudanças corporais, passa, então, a sentir propriamente o medo
● James (1890/1952, p. 743) afirma que seria impossível imaginar o que sobraria da emoção “medo” se
não se sentisse o pulsar do coração, a respiração ofegante, o tremor dos lábios
● Em favor: pacientes com lesões medulares, que não tem sensações proprioceptivas, tbm tem
alteração na qualidade das emoções.
○ Falam que, a partir da lesão, sentem uma “raiva fria” ou uma espécie de “raiva mental”
○ parece uma raiva sem a força e a intensidade que tinham antes da lesão, antes da supressão
das informações corporais que recebiam (Sanvito, 1982).
● Crítica: há alterações viscerais e autonômicas sem qualquer concomitante emocional ou mental
Teoria de Cannon-Bard (1927, 1929)
● com base em suas pesquisas com animais de laboratório, havia descoberto que as informações
sensoriais e fisiológicas passavam pelo diencéfalo, especialmente pelo tálamo, antes de serem
analisadas e processadas, atingindo, então, as áreas corticais da percepção consciente e, ao mesmo
tempo, as áreas fisiológicas do sistema nervoso autônomo.
● Não seria possível, anatomicamente, que primeiro fossem ativadas as áreas fisiológicas autonômicas
e depois a percepção sensorial consciente.
● a visão do tigre –, ao passarem pelo tálamo, dividem-se em aferências que vão para o córtex visual,
produzindo a sensação ameaçadora de ver o animal, e, ao mesmo tempo, outras aferências, que vão
para o hipotálamo, as quais geram as respostas fisiológicas de taquicardia, sudorese, palidez.
● As respostas fisiológicas e psicológicas do medo ocorreriam ao mesmo tempo, com coordenação
efetuada pelo tálamo
Teoria de Schachter-Singer (1962)
● ou teoria dos dois fatores
● 1)estimulação e resposta fisiológica geral;
● 2)avaliação cognitiva e atribuição de significado (também cognitivo) à experiência
● A avaliação cognitiva e atribuição de significado regula o sentido e a intensidade da experiência
afetiva, diferencia e dá qualidades específicas às emoções.
● A experiência emocional é dominada por aspectos cognitivos que assinalam o sentido que as
emoções devem ter
Teoria de Lazarus (1966, 1977)
● teoria na qual se valoriza a avaliação cognitiva da experiência emocional, atribuindo-lhe sentido
negativo, positivo ou neutro
● A avaliação cognitiva imediata dispara a ativação fisiológica (taquicardia, sudorese, palidez, etc.), e,
então, ocorre a experiência completa da emoção. Essa abordagem é particularmente útil no processo
das terapias cognitivo comportamentais.
Yuri Banov Onishi
● teoria da avaliação das emoções (appraisal theory): feita por Magda B. Arnold (1903-2002)
○ inspirou a teoria de lazarus
○ antes de a emoção surgir, há uma avaliação automática e inconsciente do que está
acontecendo e irá acontecer
● Oposição: Robert Zajonc (1923-2008) postulou uma teoria na qual o processo emocional ocorre antes
e independentemente da cognição, do significado cognitivo que a experiência emocional irá ter.
○ o processamento emocional pode ocorrer na ausência de conhecimento consciente (Zajonc,
1980)
○ Essa teoria é atualmente reforçada pelas pesquisas que descrevem ativações relacionadas a
emoções na amígdala, mesmo com estímulos não conscientes
teoria da perspectiva contextual das emoções
● Paul E. Griffiths e Andrea Scarantino
● enfatizam a importância fundamental do contexto social para o desenvolvimento e a comunicação das
emoçõe
● As emoções não devem ser vistas como puros processos internos, com o ambiente apenas agindo
como estímulo para sua eclosão.
● Contrariamente, elas são o produto do organismo investigando o ambiente e observando a resposta
dos outros.
● As emoções evoluíram dessa forma e só são corretamente analisadas quando consideradas
intrinsecamente um fenômeno contextual (Griffiths, 1997; Griffiths; Scarantino, In press).
● Thomas Fuchs e Sabine C. Koch (2014): sugerem uma abordagem que valorize de modo adequado o
fato de a experiência afetiva ser algo marcadamente corporal ou corporalizado (embodied affectivity).
○ uitas pesquisas têm revelado que a experiência afetiva humana não é apenas composta pelas
conhecidas sensações corporais (do humor e das emoções),
○ mas também que nas vivências afetivas as posturas, os gestos, os movimentos e as
expressões corporais são elementos centrais que influenciam tácita e profundamente o modo
como a afetividade do indivíduo se constitui (Fuchs; Koch, 2014)
5)ASPECTOS CEREBRAIS E NEUROPSICOLÓGICOS DAS EMOÇÕES
5.1)O sistema límbico e as emoções (Papez-MacLean)
5.2)Áreas cerebrais: Amígdala, lobos frontais, ínsula, giro do cíngulo, lobo parietal direito
5.3)Circuito septo-hipocampal
5.1)O sistema límbico e as emoções (Papez-MacLean)
● Em 1937, o neuroanatomista norte-americano James W. Papez (1883-1958) propôs uma base
cerebral para as emoções.
● Áreas relacionadas às emoções:
○ o hipotálamo conectado com estruturas da face medial dos lobos temporais e frontais (grande
lobo límbico). E também o hipocampo, o fórnice, os corpos mamilares e os núcleos talâmicos
anteriores (Papez, 1995)
■ Grande lobo límbico, incluía os giros do cíngulo e o giro para-hipocampal (Broca,
1877).
● hipocampo: importante papel na memória e na expressão emocional
● Giro do cíngulo seria uma região receptora da experiência emocional (Sanvito, 1982; Laks; Rozenthal;
Engelgardt, 1996).
● MacLean (1990), o sistema límbico seria o sistema central na integração das emoções
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● As estruturas subcorticais desse sistema seriam a amígdala, o hipocampo, os núcleos septais, e os
núcleos anteriores do tálamo e parte dos núcleos da base, todas estruturas relacionadas ao
processamento emocional.
● hipotálamo: representa o elemento fundamental na expressão psicofisiológica e hormonal das
emoções
● córtex límbico frontotemporal e o giro cingulado: Tais estruturas corticais seriam as instâncias que
codificam, decodificam e recodificam constantemente as experiências afetivas, atribuindo-lhes
significados, acoplando à dimensão psicofisiológica e hormonal as representações psicológicas das
emoções (MacLean, 1990).
● Para saber mais: revisão em Rolls, 2000; Franks, 2010; Lindquist et al., 2012)
5.2)Áreas cerebrais: Amígdala, lobos frontais, ínsula, giro do cíngulo, lobo parietal direito
Amígdala
● principais estruturas neurais relacionadas às emoções.
● grande importância nas reações de medo, particularmente no aprendizado do medo e no medo
condicionado (fear conditioning),
● Também na raiva e na resposta hormonal ao estresse (Ledoux, 2000; Rolls, 2000).
● Joseph LeDoux: a amígdala sozinha, isolada, não é nada, apenas um pedacinho de carne. O
fundamental são suas conexões e as redes neurais nas quais participa, bem como o funcionamento
global do sistema neuroemocional
● recebe muitas informações vindas do tálamo, das outras estruturas do sistema límbico(visto
anteriormente) e de áreas corticais sensoriais.
● Chegam estímulos auditivos, visuais (principalmente relacionados à expressão facial emocional,
vindos do giro fusiforme occipitotemporal) olfativos e gustativos
● Após tais estímulos serem rapidamente processados no interior da amígdala, saem dela eferências
para o córtex cerebral (que vão processar o significado das emoções), o hipotálamo, o tronco cerebral
e os núcleos da estria terminal, produzindo respostas mentais, comportamentais, fisiológicas e
hormonais relacionadas a fuga ou luta, compatíveis com o padrão de medo desencadeado (Ledoux,
2000).
● A amígdala é, sobretudo, um sistema de alerta (warning system) do organismo
Yuri Banov Onishi
● Pode desencadear reações de raiva e agressividade, ou reações de imobilidade e congelamento
(freezing, tonic immobility), em mamíferos, similares à catatonia e ao estupor em humanos
● a amígdala tem um papel neuromodulador, integrativo de processos emocionais, atuando nas
interfaces entre emoção e funções cognitivas, como em tomadas de decisão, aprendizado e atenção
(Bzdok et al., 2013)
● A amígdala também está relacionada às funções sexuais, quando estimulada pode-se observar
reações como ereção, ejaculação e movimentos de cópula
○ as areas de emoção e sexualidade estão muito próximas
● Lesão: perda ou diminuição das respostas de medo (a pessoa não se assusta com vozes, corpos ou
faces assustadoras, não tem medo quando exposta a cobras e aranhas) e de agressão.
● Transtornos: A amígdala geralmente está hiperativada em condições clínicas psicopatológicas
relacionadas a ansiedade, fobias e estresse crônico (em depressão e bipolaridade também)
○ Na depressão grave, há remodelação dendrítica e alterações da plasticidade sináptica na
amígdala. Redução da conectividade dessa estrutura com o lobo frontal foi identificada na
depressão grave, tanto em crianças como em adultos (Cowan et al., 2017).
Amígdala e respostas emocionais não conscientes (revisão em Diano et al., 2017)
● A amígdala processa as informações de forma muito rápida, sendo “muito veloz para aprender, mas
muito lenta para esquecer” (Franks, 2010)
● a amígdala é ativada por estímulos ambientais afetivos (geralmente relacionados a medo, perigo, raiva
ou alegria) mesmo quando tais estímulos não são percebidos conscientemente (Diano et al., 2017).
● muitos processos emocionais não conscientes importantes ocorrem e produzem reações físicas e
psicológicas (geralmente associadas a medo e afetos negativos), que o indivíduo não percebe e não
processa conscientemente.
Os lobos frontais e as emoções: córtex orbitofrontal e córtex frontal ventromedial
● Franks, 2010; Lindquist et al., 2012
● os lobos frontais utilizam informações oriundas da amígdala para monitorar o estado interno e afetivo
do organismo e regular as respostas apropriadas
● COF (córtex orbitofrontal) exerce ação de modulação sobre a amígdala e está intimamente
relacionado a respostas emocionais e aprendizado rápido (memória de trabalho) após estímulos
emocionalmente carregados, como a visão de faces expressivas e a audição de vozes com
tonalidades emocionalmente marcantes.
○ Hiperativação do cof se relacionam com experiências emocionais de raiva
● Lesão no COF: passa a não identificar os estímulos de forma correta e tende a responder de modo
socialmente inadequado a estímulos faciais e vozes, sobretudo quando envolvem frustração e
evitação de comportamentos prejudiciais a si mesmo ou a terceiros (Rolls, 2000). Também podem
apresentar impulsividade, agressividade e perda do tato social (inadequação em comportamentos
sociais).
● CVM também tem importância na modulação da amígdala
● Lesão no CVM: apatia, diminuição da iniciativa e prejuízo na motivação.
Ínsula
● área fundamental que lê o estado fisiológico de todo o corpo, gerando sentimentos
subjetivos-corporais desagradáveis e agradáveis
● Ex: Quando uma pessoa percebe um cheiro de coisa podre, sentindo marcante nojo, a ínsula é
ativada.
● se relacionada a alguns aspectos daquilo que Fuchs e Koch (2014) apresentam com dimensão
corporificada das emoções (embodied affectivity).
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giro do cíngulo (sobretudo anterior)
● controle das emoções
● Lesão: a hipersensitividade e aumento da tendência a chorar em eventos tristes (Lindquist et al., 2012)
● Cíngulo anterior: aparenta ser uma estrutura importante nos comportamentos de cuidados (p. ex.,
cuidados parentais) e para a ressonância afetiva no contato interpessoal.
● Deterioração do cíngulo anterior: pode reduzir a expressão emocional, a empatia e a motivação para
comunicação
● As respostas afetivas de uma mãe humana a seu bebê podem ser muito prejudicadas por lesões no
cíngulo anterior.
● A estimulação com eletrodos do córtex do cíngulo anterior (sobretudo na sua porção subgenual) pode
beneficiar pacientes com depressão refratária, melhorando a apatia e a anedonia.
O lobo parietal direito
● Lesão: pode apresentar agnosia do dimídio esquerdo com heminatenção visual à esquerda.
Respondem com indiferença quando são constatados seus déficits (anosognosia) e podem apresentar
também humor expansivo, alegre, em contraposição ao humor triste ou apático dos indivíduos com
lesões nas áreas frontais anteriores esquerdas
● . As lesões parietais à direita dificultam o processamento cortical multimodal dos estímulos
proprioceptivos e exteroceptivos, gerando desconhecimento afetivo da situação.
●
5.3)Circuito septo-hipocampal
● Esse circuito tem sido implicado nas experiências de ansiedade.
● Estudos de neuroimagem funcional e emoções têm revelado correlatos relevantes entre a experiência
emocional e ativações de áreas e circuitos cerebrais.
● Tais correlatos não implicam que determinada emoção seja produzida por certa área cerebral, mas
que a ocorrência de determinada experiência emocional exige certos correlatos anatomofuncionais
Yuri Banov Onishi
6)ASPECTOS PSICODINÂMICOS DAS EMOÇÕES E VIDA AFETIVA (Freud e Klein)
Concepção freudiana
● Uma das contribuições mais fundamentais da psicanálise à psicopatologia foi e continua sendo na
área da afetividade.
● Angústia
○ tem importância central na teoria freudiana dos afetos.
○ afeto básico emergindo do eterno conflito entre o indivíduo, seus impulsos instintivos
primordiais, seus desejos e suas necessidades,
○ E também as exigências de comportamento civilizado, restrições (p. ex., não desejar a mulher
do próximo, não matar, respeitar o tabu do incesto, etc.) que a cultura lhe impõe
○ Devido a tais restrições, o ser humano experimenta irremediável “mal-estar na cultura”.
● Freud (1895/ 1986) postulou que a angústia seria uma transformação da libido não descarregada.
● a energia sexual que, por algum motivo, não fosse adequadamente descarregada (p. ex., por meio de
comportamento ou ato sexual) ficaria retida, represada no aparelho psíquico, gerando a angústia como
subproduto.
● Freud (1926/1986) postulou que a angústia seria não um subproduto da libido represada, mas um
sinal de perigo, enviado pelo Eu, no sentido de evitar o surgimento de algo muito mais ameaçador ao
indivíduo, algo que poderia gerar angústia muito mais intensa.
● A angústia funcionaria, então, como sinal de desprazer que suscitaria, da parte do Eu, uma reação de
defesa passiva ou ativa, ativando o recalque ou outros mecanismos de defesa, a fim de evitar uma
situação de perigo mais importante e, consequentemente, uma angústia muito maior.
● Depressão ou melancolia
○ modo particular de elaboração inconsciente de perdas reais ou simbólicas.
○ o sujeito perde um objeto significativo (pessoa próxima, um ideal, certo status, o emprego,
etc.), ele tende, para não o perder por completo, a identificar-se narcisicamente com tal objeto
e a introjetá-lo ao próprio Eu.
○ Caso esse objeto, de alguma forma, fosse muito amado, mas também inconscientemente
muito odiado (investimento libidinal ambivalente) pelo sujeito, o rancor e o ódio inconsciente
que guardava por ele tenderiam a ser vertidos sobre o próprio Eu.
○ Surgem, então, ossintomas melancólicos, autoacusações, sentimentos de culpa e de fracasso,
autopunição em forma de descuido consigo próprio, perda do apetite e comportamentos
suicidas
Concepção de Melanie Klein
● Os afetos seriam centrais para toda a psicopatologia e estariam intimamente associados às fantasias
primitivas e às chamadas relações de objeto (objeto, aqui, é conceitualizado como representações
mentais, na maior parte das vezes inconscientes, de pessoas ou personagens reais ou fantasiadas,
completas ou parciais) (Melanie Klein, 1974).
● Na concepção de Melanie Klein, haveria afetos primários, primitivos, como o ódio, a inveja, o medo da
retaliação, que indicariam menor maturidade psíquica do indivíduo
● Afetos mais maduros, resultantes de uma posição mais madura e integrada do Eu, seriam a gratidão,
a reparação e o amor.
● Os afetos resultam, em grande parte, do tipo e da qualidade das relações do sujeito com seus objetos
internos (conscientes e, sobretudo, inconscientes)
● As fantasias de ataque invejoso e destrutivo a objetos internos geram sentimentos de medo ou
ansiedade paranóide e temor de retaliação.
● Já o reconhecimento dos objetos internos como seres inteiros, protetores e vivos geraria afetos como
os sentimentos de reparação e de gratidão.
Yuri Banov Onishi
7)ALTERAÇÕES PSICOPATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE
7.1)Alterações do humor
● distimia,
● disforia,
● euforia
● elação
● puerilidade,
● moria
● Estado de êxtase
● timopatias,
● irritabilidade patológica
7.2)Catatimia
7.1)Alterações do humor (distimia, disforia, puerilidade, timopatias, irritabilidade patológica)
Distimia
● Definição: alteração básica do humor, tanto no sentido da inibição como no sentido da exaltação.
● é diferente de Transtorno distimia, que é um transtorno depressivo leve e crônico (CID 11 e DSM V)
● nas últimas décadas, o termo genérico depressão, significando tristeza patológica, tornou-se uma
designação consagrada, que vem substituindo os termos clássicos distimia hipotímica e melancolia
● A psicopatologia utiliza, nessa mesma linha, os termos “distimia hipertímica”, “expansiva” ou “eufórica”
para nomear a exaltação patológica do humor, ou seja, as bases afetivas dos quadros maníacos.
● Muito frequentemente, junto com o humor depressivo (sobretudo quando este é acompanhado de
desesperança e angústia) ocorrem
○ ideias relacionadas à morte (“Gostaria de morrer para que o sofrimento acabasse”),
○ ideias suicidas (“Penso em me matar, em acabar com minha vida”),
○ planos suicidas (“Planejei como iria me matar”),
○ atos (“Comprei remédios, veneno, uma corda para me enforcar”) e
○ tentativas de suicídio.
● A ideação suicida deve ser sempre investigada cuidadosamente em pacientes com humor triste,
angústia e desesperança
Disforia
● diz respeito à distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada
● Quando se fala em depressão disfórica ou mania disfórica, está sendo designado um quadro de
depressão ou de mania acompanhado de forte componente de
○ irritação,
○ amargura,
○ desgosto ou
○ agressividade
● dois pólos básicos das alterações do humor (ou timopatias) são:
○ Depressivo (ou hipotímico): à base afetiva de todo transtorno depressivo
○ Maníaco ( hipertímico ou distimia hipertímica): refere-se a humor patologicamente alterado no
sentido da exaltação e da alegria.
Yuri Banov Onishi
Euforia
● Ou alegria patológica
● está dentro do aspecto maníaco
● define o humor morbidamente exagerado, no qual predomina um estado de alegria intensa e
desproporcional às circunstâncias
● Elação: além da alegria patológica, a expansão do Eu, uma sensação subjetiva de grandeza e de
poder. O Eu vai além dos seus limites, ganhando o mundo.
Puerilidade
● a alteração do humor que se caracteriza pelo aspecto infantil, simplório, regredido.
● O indivíduo ri ou chora por motivos banais; sua vida afetiva é superficial, sem afetos profundos,
consistentes e duradouros
● Pode aparecer na esquizofrenia (antigamente denominada esquizofrenia hebefrênica), em indivíduos
com déficit intelectual, em algumas pessoas com transtorno da personalidade histriônica e em
personalidades imaturas, de modo geral
● Moria: forma de alegria muito pueril, ingênua, boba, que ocorre principalmente em pacientes com
lesões extensas dos lobos frontais, em pessoas com deficiência mental e naquelas com quadros
demenciais acentuados.
Estado de êxtase
● há uma experiência de beatitude, uma sensação de dissolução do Eu no todo, de compartilhamento
íntimo do estado afetivo interior com o mundo exterior, muitas vezes com colorido hipertímico e
expansivo
● frequentemente associado a experiências circunscritas a um contexto religioso ou místico,
● Não é um fenômeno psicopatológico, mas sim, cultural
● Entretanto, o êxtase também pode estar presente em condições psicopatológicas, como no transe
histérico, na esquizofrenia ou na mania
irritabilidade patológica
● há hiper-reatividade desagradável, hostil e, eventualmente, agressiva a estímulos (mesmo leves) do
meio exterior.
● Qualquer estímulo é sentido como perturbador, e o indivíduo reage prontamente de forma disfórica.
● Qualquer ruído (de crianças, dos vizinhos, de carros, etc.), a presença de muitas pessoas no local,
qualquer crítica ao paciente, enfim, tudo é vivenciado com muita irritação
● sintoma bastante frequente e inespecífico, indicando, não raramente, quadro de natureza orgânica,
com disfunção cerebral identificável.
● Muitas vezes, está associada a experiências e transtornos de ansiedade.
● Também é frequente em pacientes com síndromes depressivas, quadros maníacos e esquizofrenia
● irritabilidade primária: oriunda diretamente de um transtorno mental (depressão, ansiedade, mania,
esquizofrenia),
● irritabilidade secundária: relacionada a transtorno neurocognitivo e/ou a pacientes com
lesões/disfunções cerebrais.
7.2)Catatimia
● Definição: importante influência que a vida afetiva, sobretudo o estado de humor (mas também as
emoções, os sentimentos e as paixões), exerce constantemente sobre as demais funções psíquicas
(Bleuler, 1942)
Influência da afetividade nas Funções psíquicas
● A atenção é captada, dirigida, desviada ou concentrada em função do valor afetivo de determinado
estímulo
● A vivência do tempo oscila segundo o colorido afetivo do estado emocional no qual estamos;
Yuri Banov Onishi
● A memória é altamente detalhada ou muito pobre dependendo do significado afetivo dos fatos
ocorridos;
● A sensopercepção pode se alterar em função de estados afetivos intensos, desencadeando, inclusive,
alucinações em pessoas com psicoses.
● Nossos pensamentos e decisões tendem a seguir os imperativos de emoções e sentimentos, sejam
eles conscientes, sejam não conscientes.
8)ANSIEDADE, ANGÚSTIA E MEDO
Ansiedade
● Definição: Estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação
interna desagradável. inclui:
● manifestações somáticas e fisiológicas (dispneia ou desconforto respiratório, taquicardia,
vasoconstrição ou vasodilatação, tensão muscular, parestesias, tremores, sudorese, tontura, etc.)
● manifestações psíquicas (inquietação interna, apreensão desagradável, desconforto mental,
expectativa ruim em relação ao futuro, etc.)
pg:305
Angústia
● Relaciona-se diretamente à sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão, de
sufocamento.
● Diferença da ansiedade: tem conotação mais corporal e mais relacionada ao passado
● Do ponto de vista existencial, a angústia tem significado mais marcante; é algo que define a condição
humana, é um tipo de vivência mais “pesada”, mais fundamental que a experiência da ansiedade
Medo
● caracterizado por referir-se a um objeto mais ou menos preciso, diferencia-se da ansiedade e da
angústia, que não se referem a objetos precisos (o medo é, quase sempre, medo de algo).
Teorias sobre angústia e ansiedade
Escola psicanalítica
Yuri Banov Onishi
Escola existencial
Yuri Banov Onishi
Na psicologia clínica, dois tipos relevantes de ansiedade são estudados:
● Ansiedade de desempenho:É a reação de ansiedade associada a temores em relação à execução
de uma tarefa, à possibilidade de ser avaliado criticamente por pessoas importantes ou significativas
(frequente na fobia social e na vida cotidiana).
● Ansiedade antecipatória: É a ansiedade vivenciada antes da ocorrência de uma situação
estressante, experimentada na imaginação do indivíduo, que fica remoendo como será sua futura
situação desconfortável.
○ comum em indivíduos com fobias sociais, que, por exemplo, ao imaginarem que no dia
seguinte irão entrar em contato com pessoas desconhecidas ou críticas, sofrem
antecipadamente diante da possibilidade de tal encontro.
Na análise de comportamento, no contexto do behaviorismo:
9)ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS (medo, fobia, panico, apatia, Sentimento de falta
de sentimento, Anedonia, Indiferença afetiva e “bela indiferença”, Labilidade afetiva e incontinência afetiva )
Medo
● A rigor, o medo não é uma emoção patológica
● é uma característica universal de muitas espécies animais e do ser humano.
● Definição: estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e invalidez crescentes, ante a
impressão iminente de que sucederá algo que o indivíduo quer evitar, o que progressivamente se
considera menos capaz de fazer.
● Mira y López (1974) divide o medo em seis fases, de acordo com o grau de extensão e intensidade
que nele alcançam as manifestações de inativação.
○ Prudência
○ Cautela
○ Alarme
○ Ansiedade
○ Pânico (medo intenso)
○ Terror (medo intensíssimo)
Fobias
● São medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com as
possibilidades de perigo real oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou situações
fobígenas
● Existe um número enorme de subtipos de fobia, classificados de acordo com o objeto ou a situação
fobígenos.
● Ex: medo terrível ou desproporcional de elevador, gato, pessoas desconhecidas
● No indivíduo fóbico, o contato com os objetos ou situações fobígenas desencadeia, muito
frequentemente, intensa crise de ansiedade.
Yuri Banov Onishi
● Fobia simples: medo intenso e desproporcional de determinados objetos, geralmente pequenos
animais (barata, sapo, cachorro, etc.).
● Fobia social:medo de contato e interação social, principalmente com pessoas pouco familiares ao
indivíduo e em situações nas quais o paciente possa se sentir examinado ou criticado por tais pessoas
(proferir aulas ou conferências, ir a festas, encontros, etc.).
● Agorafobia: medo de espaços amplos e de aglomerações, como estádios, cinemas, supermercados
(Inclui-se ficar retido em congestionamentos)
● claustrofobia: medo de entrar (e ficar preso) em espaços fechados, como elevadores, salas pequenas,
túneis, etc.
Pânico
● O pânico se manifesta praticamente sempre como crises de pânico.
● Crises de pânico: são crises agudas e intensas de ansiedade, acompanhadas por medo intenso de
morrer ou de perder o controle e de acentuada descarga autonômica (taquicardia, sudorese, etc.).
● Características: início abrupto de uma sensação de grande perigo e desejo de fugir ou escapar da
situação
● correm sintomas somáticos autonômicos, decorrentes da ansiedade intensa, como palpitações,
sudorese fria, tremores, parestesias (principalmente formigamentos nos lábios e/ou ponta dos dedos),
● sensação de falta de ar, desconforto respiratório, dor ou desconforto no peito, náusea, sensação de
cabeça leve, medo de perder o controle ou enlouquecer, medo de morrer ou de ter um infarto e, em
alguns casos, despersonalização e/ou desrealização.
● frequentemente relata que teve a nítida sensação de que iria morrer, perder o controle ou ter um
ataque do coração.
● As crises duram alguns minutos e tendem a repetir-se com periodicidade variável
● Podem ocorrer após a exposição a desencadeantes (contato com situações ou objetos fobígenos,
morte de pessoa próxima e/ou significativa, estresse intenso, etc.), mas, em muitos casos, não se
consegue identificar o fator que provocou a crise.
● Pereira (1997): na base da crise de pânico estaria o sentimento primário de desamparo (Hilflosigkeit)
○ não poder sentir o acolhimento básico, o apoio implícito, que fundamenta o sentimento de
segurança tácita que a criança tem diante do adulto que a cuida (geralmente a mãe)
○ não é apenas a falta de apoio que é angustiante, mas sobretudo o caráter desorganizador das
tensões libidinais para as quais não é possível qualquer satisfação fora do acolhimento da
mãe.
--
● Alguns sentimentos e emoções considerados normais podem ter implicações psicopatológicas
conforme a intensidade e o contexto no qual surgem e se desenvolvem. Vale ressaltar, aqui, a inveja e
o ciúme
Ciúme
● um fenômeno emocional complexo
● O indivíduo sente receio, medo, tristeza ou raiva diante da ideia, sensação ou certeza de que a pessoa
amada gosta mais de outra pessoa (ou objeto) e pode abandoná-lo ou preteri-lo.
● O ciúme de intensidade extrema, desprovido de crítica, é difícil de ser diferenciado do delírio de
ciúmes (Silva, 1997).
Yuri Banov Onishi
Inveja
● a sensação de desconforto, raiva e angústia diante da constatação de que outra pessoa possui
objetos, qualidades, relações que o indivíduo gostaria de ter, mas não tem.
● Pode ser importante fonte de sofrimento em indivíduos imaturos, extremamente neuróticos e/ou com
transtornos da personalidade.
● a inveja intensa pode ter efeitos devastadores nas relações interpessoais.
Rigidez afetiva
● indivíduo não deseja, tem dificuldade ou impossibilidade tanto de sintonização como de irradiação
afetiva;
● ele não produz reações afetivas nos outros nem reage afetivamente diante da situação existencial
cambiante (que promove mudanças)
Apatia
● a diminuição da excitabilidade emocional.
● queixam-se de não poder sentir nem alegria, nem tristeza, nem raiva, nem nada..
● O paciente, apesar de saberem da importância afetiva que determinada experiência deveria ter para
eles, não conseguem sentir nada, não reagem afetivamente.
● O paciente torna-se hiporreativo; é um “tanto faz quanto tanto fez” para tudo na vida
● Como uma síndrome específica, a apatia também é definida como o conjunto de déficits ou redução
motivacional em comportamentos dirigidos a objetivos.
● Há perda da motivação emocional para buscar e alcançar objetivos desejados. Trata-se de um estado
afetivo próprio dos quadros depressivos, apesar de poder ocorrer de forma inespecífica em outros
transtornos mentais.
● Pode aparecer na esquizofrenia, na doença de Parkinson e na demência de Alzheimer. Ela indica,
nesses quadros, lesão ou disfunção na parte dorsal e anterior do córtex do cíngulo e na parte ventral
do corpo estriado (Le Heron et al., 2017).
Sentimento de falta de sentimento
● incapacidade para sentir emoções, experimentada de forma muito penosa pelo indivíduo
● sentimento claramente percebido pelo paciente, que se queixa de sentir-se intimamente morto ou em
estado de vazio afetivo.
● Diferentemente da apatia, o sentir o “não sentir” é vivenciado com muito sofrimento, como uma tortura.
● Pode ocorrer em quadros depressivos grave
Anedonia
● incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas atividades e experiências da
vida
● O indivíduo relata que, diferentemente do que ocorria antes de adoecer, agora não consegue mais
sentir prazer sexual, não consegue desfrutar de um bom papo com os amigos, de um almoço gostoso
com a família, de um bom filme,
● “Agora não vejo mais graça em nada, as coisas perderam o sabor, não vibro com mais nada...”
● é um sintoma central das síndromes depressivas, podendo ocorrer também em quadros
esquizofrênicos e em transtornos da personalidade.
● A apatia (incapacidade de sentir afetos) e a anedonia (incapacidade de sentir prazer) são fenômenos
muito próximos, que ocorrem, na maioria das vezes, de forma simultânea (Tradway; Zald, 2011).
Yuri Banov Onishi
Indiferença afetiva e “bela indiferença”
● Antigamente foi descrita particularmente na histeria como uma “bela indiferença” (belle indifférence).
● Trata-se de certa friezaafetiva incompreensível diante dos sintomas que o paciente apresenta (p. ex.,
paralisia psicogênica das pernas, somatizações, perdas psicogênicas da voz, da visão, etc.),
● uma frieza e uma indiferença que parecem indicar que, no fundo (de forma inconsciente), o paciente
sabe que seus sintomas são psicogênicos e potencialmente reversíveis (Ramadan, 1985).
● Não é uma indiferença profunda, sendo mais aparente e teatral que real (daí “bela”)
Labilidade afetiva e incontinência afetiva
● Definição: a são os estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e imotivadas de humor, sentimentos
ou emoções
● a são consideradas formas de hiperestesia emocional, indicando exagero e inadequação da
reatividade afetiva
● Pode ocorrer em quadros de depressão ou mania, estados graves de ansiedade e esquizofrenia.
podem estar associados a quadros psicoorgânicos, como encefalites, tumores cerebrais, doenças
degenerativas do sistema nervoso central (SNC), síndromes frontais, síndrome pseudobulbar, etc
● Labilidade afetiva: o indivíduo oscila de forma abrupta, rápida e inesperada de um estado afetivo para
outro. O paciente está falando de algo ameno e começa a chorar, passando, logo a seguir, a sorrir de
forma tranquila, e daí a pouco volta a chorar.
● Incontinência afetiva: o indivíduo não consegue conter de forma alguma sua reação afetiva. A resposta
afetiva ocorre geralmente em consequência a estímulos apropriados, mas é sempre muito
desproporcional.
● riso patológico e o choro patológico (pathological laughter and crying, fou rire) ocorrem como episódios
imotivados de choro e/ou riso intensos e abruptos, de curta duração, em forma de crises, associados
geralmente a lesões e/ou disfunções neuronais
(pegar img coringa)
10) REDUÇÃO DOS AFETOS NAS PSICOSES (Hipomodulação do afeto,Distanciamento afetivo e pobreza
de sentimentos, Embotamento afetivo e devastação afetiva)
● Nas psicoses, sobretudo na esquizofrenia, pode haver vários quadros de redução dos afetos:
○ hipomodulação,
○ distanciamento e pobreza,
○ embotamento e devastação afetiva.
Hipomodulação do afeto
● incapacidade do paciente de modular a resposta afetiva de acordo com a situação existencial,
indicando rigidez na sua relação com o mundo.
● Pode ocorrer na esquizofrenia, quadros depressivos graves, transtornos da personalidade
esquizotípica, esquizoide ou obsessivo-compulsiva e em alguns indivíduos com demências
Distanciamento afetivo e pobreza de sentimentos
● Perda progressiva e patológica das vivências afetivas.
● Há o empobrecimento relativo à possibilidade de vivenciar alternâncias e variações sutis na esfera
afetiva.
● Ocorre nas síndromes psico-orgânicas, nas demências e em alguns pacientes com esquizofrenia.
Yuri Banov Onishi
Embotamento afetivo e devastação afetiva
● Perda profunda (devastação) de todo tipo de vivência afetiva.
● Diferentemente da apatia, que é basicamente subjetiva, o embotamento afetivo é observável,
constatável por meio da mímica, da postura e da atitude do paciente.
● Ocorre, em geral, nas formas negativas e deficitárias de esquizofrenia.
11)AFETOS QUALITATIVAMENTE ALTERADOS NAS PSICOSES (Ambivalência afetiva, Inadequação do
afeto ou paratimia, Neotimia)
● Foram descritas várias alterações dos afetos, sobretudo na esquizofrenia, que revelam mudanças
afetivas qualitativas, com caráter distinto do que ocorre na vida afetiva normal. São elas:
○ ambivalência afetiva,
○ inadequação do afeto, ou paratimia,
○ neotimia.
Ambivalência afetiva
● Definição: descreve a experiência de sentimentos opostos em relação a um mesmo estímulo ou
objeto, sentimentos que ocorrem de modo simultâneo.
● o indivíduo sente, ao mesmo tempo, ódio e amor, rancor e carinho, por alguém.
● Quando ocorre de forma radical e intensa, caracteriza um aspecto importante da experiência afetiva
de alguns pacientes com esquizofrenia
● Ela indicaria um processo de cisão radical do Eu, de desarmonia profunda das vivências psíquicas.
● A essa desarmonia intrapsíquica fundamental na esquizofrenia, o psiquiatra vienense Erwin Stransky
(1877-1962) denominou ataxia intrapsíquica (Stransky, 1904/1987).
● Deve-se distinguir entre a ambivalência afetiva de quadros psicóticos esquizofrênicos e a ambivalência
afetiva normal, presente na experiência afetiva de pessoas sem psicose, que vivenciam sentimentos
contrários ao mesmo tempo
Inadequação do afeto ou paratimia
● Definição: Reação completamente incongruente a situações existenciais ou a determinados conteúdos
ideativos, revelando desarmonia profunda da vida psíquica (ataxia intrapsíquica),
● contradição profunda entre a esfera ideativa e a afetiva.
● Pode ser observada na esquizofrenia e no transtorno da personalidade esquizotípica.
Neotimia
● Definição: É a designação para sentimentos e experiências afetivas inteiramente novos, vivenciados
por pacientes em estado psicótico
● São afetos muito estranhos e bizarros para a própria pessoa que os experimenta. Faz parte da
experiência peculiar e radicalmente diferente da esquizofrenia
12)Valor diagnostico (T. depressivo, mania, esquizofrenia, transtorno da personalidade, Demências e outras
condições neuropsiquiátricas)
● Castilla Del Pino (2003): não há transtorno mental, condição psicopatológica, no qual não esteja
afetado, primária ou secundariamente, o sistema emocional da pessoa
● A seguir será abordado, o valor diagnóstico das
○ alterações afetivas nos quadros de transtornos primários do afeto (depressão e mania)
○ alguns aspectos da afetividade tanto na esquizofrenia como nos transtornos da personalidade
○ alterações afetivas nos transtornos neurocognitivos (sobretudo nas demências).
Yuri Banov Onishi
Transtorno depressivo
● praticamente todas as alterações afetivas negativas podem ser vivenciadas
● A tristeza pode ser mais ou menos central, intensa e explícita,
● podendo haver “depressão sem tristeza”, mas com outros sintomas de depressão
● sentimentos de culpa e arrependimento são frequentes.
● autoestima geralmente é ruim ou péssima.
● Os pacientes fazem acusações a si próprios insistentemente
● Em quadros mais graves, ter ideias delirantes de culpa, castigo ou condenação.
● tende a olhar mais para o passado do que para o presente ou o futuro, “o que foi e não deveria ser” ou
“o que foi e ocasionou no presente sua condição lamentável”, intolerável.
● Vive um constante lamento ante a impossibilidade de mudar as coisas;
● apresenta desesperança, às vezes total – “nada vai melhorar, não tem saída”.
● As ideias e planos suicidas surgem com considerável frequência.
Mania
● se caracteriza por humor alegre, às vezes eufórico ou exaltado;
● outras vezes, o humor alegre é substituído pela irritabilidade ou mesmo agressividade (sobretudo ao
longo do episódio maníaco, quando o indivíduo se sente frustrado ou impedido de realizar seus
desejos e ideias).
● O paciente tende a sentir seu Eu expandido (elação do Eu), poderoso.
● Seu sentimento corporal, vital, pode ser muito positivo – “jamais me senti tão bem”.
Esquizofrenia
● Nas fases agudas ou nos surtos de esquizofrenia, podem surgir, nos primeiros momentos, sentimentos
de estranhamento, de sensação de que o mundo, as coisas e o próprio Eu estão diferentes,
modificados ou carregados com significações esdrúxulas, incompreensíveis
● o paciente pode ter experiências de neotimia e ambivalência afetiva.
● Nesse estado de mudança do mundo e do Eu, pode surgir sentimento de uma perplexidade
patológica, que ocorre em maior ou menor grau.
● Essas experiências, geralmente pré-delirantes (antes ou no começo do surgimento dos sintomas
produtivos nas psicoses), são conhecidas como humor delirante.
● Sentimentos e vivências recorrentes de perseguição e insegurança, ao longo da evolução do
transtorno
● Os quadros nos quais há delírios de perseguição e alucinações audioverbais com conteúdos
persecutórios incrementam mais ainda os sentimentos difusos de insegurança e perseguição, gerando
um círculo vicioso nas relações entre os afetos e os sintomas positivos da psicos
● Com o avançar da esquizofrenia, apósos primeiros anos ou décadas dessa psicose, pode surgir uma
mudança qualitativa da afetividade, em que a apatia, a anedonia, a hipomodulação do afeto, certo
distanciamento e indiferença afetiva encaminham o sujeito para um estado afetivo mais grave, com
verdadeiro embotamento e vazio afetivos.
● tal redução e aplainamento da afetividade é acompanhada, de forma aparentemente paradoxal, de
hipersensibilidade a estímulos afetivos, que pode gerar sofrimento, disforias e incremento de sintomas
positivos, como alucinações e/ou delírios.
● tais alucinações e/ou delírios podem incrementar o humor ansioso, o medo, a disforia e sensações
paranoides, gerando um círculo vicioso.
Yuri Banov Onishi
Transtornos da personalidade
● No transtorno da personalidade borderline (TPB), pode-se verificar uma frequência maior de humor
disfórico e sentimentos crônicos ou recorrentes de vazio.
● a depressão associada frequentemente ao TPB é descrita como depressão com sensação de vazio
interno
● O humor e as reações afetivas podem ser descontrolados, muito instáveis, revelando a dimensão de
impulsividade associada a esse transtorno da personalidade.
● no transtorno da personalidade histriônica, verifica-se, com alguma frequência, um humor infantilizado,
superficial, com alta vulnerabilidade a estímulos emocionais do ambiente.
● Nos transtornos da personalidade esquizoide e esquizotípica, podem ocorrer vivências afetivas
próximas ao descrito para a esquizofrenia: perplexidade, incremento de sentimentos de desconfiança,
hipersensibilidade a estímulos emocionais ou distanciamento e certo aplainamento afetivo.
Demências e outras condições neuropsiquiátricas
● revisões em Baquero; Martín, 2015; Kratz, 2017
● Nos vários quadros das diferentes formas de demência, as alterações do humor, das emoções e dos
sentimentos são consideravelmente frequentes, ocorrendo ao longo da demência em cerca de 60 a
80% dos pacientes.
● A apatia e o humor deprimido são os sintomas mais frequentes.
● As alterações afetivas podem ser difíceis de ser identificadas, sobretudo em quadros já bem instalados
e nos quadros avançados de demência.
● Tais alterações podem se expressar em comportamentos como aparência triste ou chorosa, recusa
alimentar e perda de peso, queixas físicas múltiplas, irritabilidade, agressividade e agitação
psicomotora, diminuição no interesse e prazer (anedonia) pelas coisas, insônia ou hipersonia, fadiga
excessiva e falta de energia em quase todos os dias
Declínio
cognitivo leve
(DCL)
Podem ocorrer apatia, ansiedade, depressão, irritabilidade e, menos
frequentemente, euforia.
Depressão e apatia, ou apatia isolada, são preditores de conversão do
DCL em demência
Demência de
Alzheimer (DA)
80% dos pacientes podem apresentar sintomas depressivos ao longo da
doença, sendo o humor triste e a diminuição de prazer nas atividades
diárias elementos importantes para o diagnóstico de depressão na DA.
Entretanto, na DA, é difícil diferenciar a apatia de outros sintomas
depressivos.
Demências
vasculares
além de apatia e depressão serem também frequentes, a labilidade
afetiva é particularmente encontrada
Demência com
corpos de Lewy
nas fases iniciais a depressão pode também ser frequente e se
assemelha à da DA.
Demências
frontotemporais
A depressão é igualmente frequente, cerca de 40% dos pacientes.
Os sintomas característicos incluem apatia, diminuição de energia,
hiperfagia (comer em excesso) e autoestima elevada ou preservada de
forma inapropriada (esse sintoma é raríssimo nas depressões sem
demência).
Yuri Banov Onishi
Doença de
Parkinson (DP),
Além de sintomas não motores, como alterações do olfato e do sono,
também ocorrem com frequência depressão, fadiga e apatia.
Aqui, caracteristicamente, sintomas afetivos podem, da mesma forma
que os sintomas motores, flutuar ao longo do dia.
A prevalência de sintomas depressivos na DP é de 20 a 50%, os quais
predizem progressão mais rápida dos sintomas motores e mais déficits
cognitivos posteriores.
Doença de
Huntington (DH)
apatia, agressividade e desinibição são frequentes.
Depressão pode ser diagnosticada em até 40% dos casos, e a taxa de
suicídio na DH é quatro vezes mais alta do que na população geral
Degeneração
corticobasal
A depressão (73%) é mais comum do que a apatia (40%).
A apatia é também um sintoma consideravelmente frequente após
acidentes vasculares cerebrais e traumas cranianos (Le Heron et al.,
2017).
Yuri Banov Onishi
13)EMOÇÕES NÃO CONSCIENTES EM PESSOAS COM TRANSTORNOS MENTAIS
● REVISÃO EM LEE ET AL., 2016
Ansiedade elevada e
transtornos de ansiedade (TAs)
experimentos com ENCs revelam que os estímulos não
conscientes dirigem o foco de atenção do indivíduo para
tendências e valências emocionais negativas, como
raiva, medo e sentir-se ameaçado
Esquizofrenia Têm dificuldades com a expressão consciente de
comportamentos emocionais, relacionadas a déficits na
classificação de emoções
ENCs: pacientes não parecem revelar diferenças
importantes em comparação a controles sadios.
Entretanto, estudos têm revelado uma maior ativação da
amígdala para faces com valências emocionais negativas
e positivas em pessoas com esquizofrenia, em
comparação a controles sadios
Transtorno bipolar (TB) têm menos dificuldades no processamento de
emoções do que aquelas com esquizofrenia, mas mais
dificuldades em relação a pacientes com depressão
unipolar e ansiedade.
ENC: em tarefas nas quais áreas do cérebro
relacionadas a emoções são ativadas, pacientes em fase
maníaca ou hipomaníaca apresentam hiperativação nas
regiões frontoestriatais talâmicas em resposta a faces
alegres, apresentadas de forma não consciente. Em
indivíduos na fase depressiva do TB, há hiperativação
das regiões corticolímbicas, quando da exposição não
consciente de faces tristes.
Depressão unipolar revelam um viés para a percepção consciente e não
consciente de faces tristes, com tempo de reação mais
rápido e maior acurácia no reconhecimento ou
resposta às faces tristes.
Esses indivíduos necessitam de intensidades maiores
para as respostas relacionadas a faces alegres.
As respostas automáticas e não conscientes para faces
tristes parecem também ser mais elaboradas nos
pacientes com depressão
Observações
● importante trabalho de orientação fenomenológica sobre a afetividade: Esboço de uma teoria das
emoções, de Jean-Paul Sartre (1939/1965)
● Deve-se ressaltar a excelente e aprofundada revisão sobre a psicologia e psicopatologia da
afetividade, a Teoría de los sentimientos (2003), publicada pelo psicopatólogo espanhol Carlos Castilla
Del Pino (1922- 2009).
Yuri Banov Onishi
14)Semiotécnica da afetividade e instrumentos de avaliação
Humor ansioso
● Sente-se nervoso(a)? Sente-se agoniado(a)? Com inquietação interna?
● Sente angústia ou ansiedade? Sente medos ou temores? Sente-se tenso(a)?
● Tem dificuldades para relaxar? Tem dificuldades para se concentrar?
● Tem insônia? Sente dores de cabeça, dores nas costas, etc.
● Tem taquicardia, falta de ar?
Humor irritado
● Você tem-se irritado com mais facilidade que antes?
● Os ruídos (da rua, de pessoas falando, de buzinas, etc.) o(a) incomodam muito?
● As crianças o(a) incomodam? Tem discutido ou brigado com facilidade?
● Às vezes acha que vai explodir? Os nervos estão à flor da pele?
● Tem, às vezes, vontade de matar ou esganar alguém?
Humor triste, apático ou inibido
● Você tem-se sentido triste ou melancólico(a)? Desanimado(a)?
● As coisas que antes lhe davam prazer agora lhe são indiferentes?
● Sente-se cansado(a), sem energia? Sente-se fraco(a)?
● Não se alegra com mais nada? Perdeu (ou aumentou) o apetite ou o sono?
● Perdeu o interesse pelas coisas? Tem vontade de sumir ou morrer?
● Sente que não tem mais saída (desesperança)? Sente tédio?
● Realizar as tarefas rotineiras passou a ser um grande fardo para você?
● Prefere se isolar, não receber visitas? Sente um vazio por dentro?
● Às vezes, sente-se como se estivesse morto(a)?
Humor hipertímico (alegre)
● Sente-se mais alegre que o comum? Mais disposto(a)?
● Tem, nos últimos dias,mais vontade de falar e andar que geralmente?
● Sente-se mais forte? Mais poderoso(a)? Sente o tempo passar mais rápido?
● Tem muitos amigos? Eles são importantes?
● Tem propriedades ou é uma pessoa influente? Você se acha inteligente?
● Acha-se uma pessoa especial?
Verificar
● para todas as alterações do humor, se são mais frequentes e intensas pela manhã, à tarde ou à noite
Emoções e sentimentos
● Verificar o padrão de reações emocionais do paciente (reações emocionais intensas ou atenuadas,
fáceis ou difíceis de serem desencadeadas, rápidas e superficiais ou profundas e duradouras, etc.).
● Investigar os sentimentos predominantes que o indivíduo tem pelas pessoas significativas de seu
convívio.
● Perguntar, por exemplo: Você tem muitos amigos? Você os vê com que frequência? Como você se dá
com seus familiares? Você tem relacionamentos íntimos com amigos ou parentes? Como são esses
relacionamentos? Tem inimigos ou pessoas que odeia? Como isso começou?
Perguntar
Yuri Banov Onishi
● há quanto tempo o paciente tem os sintomas, o que os desencadeou, o que os faz piorar ou melhorar.
Os afetos que o paciente está apresentando recentemente diferem do padrão afetivo do paciente ao
longo de sua vida
INSTRUMENTOS PADRONIZADOS DE AVALIAÇÃO DA AFETIVIDADE
● Estão disponíveis, em nosso meio, muitos instrumentos padronizados e validados para a avaliação de
ansiedade, depressão, mania e impulsividade.
● Uma excelente apresentação e discussão de tais instrumentos encontra-se em Gorenstein e
colaboradores (2016)
oii =]
Esse resumo foi feito pelo Yuri e foi disponibilizado gratuitamente
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obrigado =)
mailto:yuri.banov@hotmail.com

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