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94 Gustavo Urzêda Vitória R1 DE PSIQUIATRIA - Transtorno depressivo maior e distimia: Fonte: Aula R1. Epidemiologia: • OMS: 264 milhões de pessoas. • 3° principal causa de incapacidade. • Condição crônica, grave e recorrente. • Prevalência de 12-19% ao longo da vida. • 2-3x mais frequente em mulheres → aspectos hormonais e psicossociais. • Idade de início: o Em média entre 24-25 anos. o Primeiro episódio antes dos 20 anos → 40%. o 50% entre 20-50 anos. o 10% após 50 anos. Fatores protetores e de vulnerabilidade: • Eventos específicos da vida. • Histórico de traumas na infância. • Eventos adversos durante o desenvolvimento. • Maior prevalência em populações clínicas. • Países em situação de extrema violência, guerras ou conflitos armados. 95 Gustavo Urzêda Vitória • Herdabilidade em torno de 37%. Fatores de risco e vulnerabilidades: Comorbidades psiquiátricas: • TAG (sintomas acessórios se sobrepõem). • Transtorno de pânico. • Fobia social. • TDAH. 96 Gustavo Urzêda Vitória • Transtornos de personalidade. Fisiopatologia: • Apresentação clínica é heterogênea e a neurobiologia é multifatorial. o Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal: ▪ Estressores na infância → aumento da resposta do cortisol a novos estressores que persiste até a vida adulta. ▪ Pacientes deprimidos → hipersecreção crônica do hormônio liberador de corticotrofina (CRH) → hiperatividade do HHA. ▪ Subtipos melancólico e psicótico estão aumentados. ▪ Secreção prolongada → atrofia de hipocampo e alterações nos receptores serotoninérgicos. o Monoaminas: ▪ Serotonina, noradrenalina, dopamina. ▪ A depressão é causada por uma deficiência da neurotransmissão monoaminérgica. o GABA e glutamato: ▪ GABA inibitório e glutamato excitatório. ▪ Pacientes deprimidos → níveis elevados de glutamato e reduzidos de GABA no córtex occipital. ▪ Estresse agudo → aumento da concentração de glutamato no córtex pré-frontal medial e no hipocampo → atrofia de neurônios. o Neurotrofismo e neuroplasticidade (NGF, BNDF, VEGF): ▪ Neurotrofinas → reguladores da proliferação, migração, maturação e sobrevivência das células durante o desenvolvimento. • São expressas no cérebro adulto regulando a plasticidade sináptica, função e sobrevivência dos neurônios. ▪ Exposição crônica a estressores → diminui excreção de BDNF no córtex pré-frontal e regiões límbicas (hipocampo) → perda de sinapses e atrofia. ▪ VEGF → diminuídos no líquor de pacientes que tentaram suicídio, pacientes com episódio depressivo grave e resistente ao tratamento. o Inflamação: ▪ Citocinas inflamatórias no sangue periférico → função cerebral, cognição e bem-estar. ▪ TDM → níveis séricos elevados de TNF-alfa, IL-6 e PCR. ▪ Uso de TNF-alfa para tratamento de hepatite C → depressão em 25% dos pacientes. ▪ Depressão não melancólica → estado pró-inflamatório. ▪ Depressão melancólica → produção reduzida de citocinas pró-inflamatórias. 97 Gustavo Urzêda Vitória ▪ Níveis séricos elevados de TNF-alfa e IL-6 → maior resistência ao tratamento com antidepressivos. o Neuroimagem: ▪ Redução no volume de diversas estruturas da substância cinzenta. ▪ Alterações cerebrais que ocorrem com a idade podem estar anormalmente aceleradas em pacientes depressivos. ▪ Alterações vasculares e de substância branca também foram observadas. o Teoria multissistêmica: ▪ Monoaminas + neurotrofinas + sistema glutamatérgico + ritmo circadiano + estresse oxidativo + sistema inflamatório + cascatas de sinalização intracelular + sistema mitocondrial + alterações no canal de cálcio + epigenética. Diagnóstico: • Critérios do DMS-5. Características e especificadores: • Padrão de doença: episódio único, episódio recorrente, sazonal. • Apresentação clínica: com sintomas ansiosos, com características mistas, com características melancólicas, com características atípicas, com catatonia. • Gravidade: leve, moderada, grave. • Início: precoce, tardio, periparto. • Remissão: parcial, completa. • Com sintomas ansiosos: 98 Gustavo Urzêda Vitória o Presença de pelo menos 2 dos sintomas seguintes, durante a maioria dos dias do episódio atual ou mais recente de mania, hipomania ou depressão. ▪ Sentir-se nervoso ou tenso. ▪ Sentir-se incomumente inquieto. ▪ Dificuldade de concentrar-se por estar preocupado. ▪ Medo de que algo terrível possa acontecer. ▪ Sensação de que a pessoa pode perder o controle de si mesma. o Níveis elevados de ansiedade estão associados a risco maior de suicídio, duração maior da doença e maior probabilidade de não resposta ao tratamento. • Com características melancólicas: o Uma das seguintes está presente durante o período mais grave do episódio atual: ▪ Perda de prazer em todas, ou quase todas, as atividades. ▪ Falta de reatividade a estímulos comumente prazeroso. o 3 ou mais dos seguintes: ▪ Qualidade distinta de humor deprimido caracterizado por desânimo profundo, desespero, morosidade ou humor vazio. ▪ Depressão que normalmente é pior pela manhã. ▪ Despertar bem cedo pela manhã. ▪ Agitação ou retardo psicomotor acentuado. ▪ Anorexia ou perda de peso significativa. ▪ Culpa excessiva ou inapropriada. • Com características atípicas: o Essas características predominam durante a maioria dos dias do episódio depressivo maior atual ou mais recente: ▪ Reatividade do humor. ▪ Duas ou mais das seguintes: • Aumento significativo de peso ou do apetite. • Hipersonia. • Paralisia de chumbo. • Padrão prolongado de sensibilidade à rejeição interpessoal que resulta em prejuízo social ou profissional significativo. Diagnóstico diferencial: 99 Gustavo Urzêda Vitória Exames complementares: Fases do tratamento: 100 Gustavo Urzêda Vitória Tratamento: • Primeira linha: • Segunda linha: 101 Gustavo Urzêda Vitória • Tempo de resposta: o Melhora precoce → > 20-30% nas primeiras 2-4 semanas → preditor de boa resposta ou remissão com 6-12 semanas. o Caso não tenha resposta com 2-4 semanas, aumentar dose. o Caso não tolere o aumento → trocar. • Quanto tempo manter o tratamento: o Fase aguda: alcançar remissão. o Fase de manutenção: prevenir a recorrência. ▪ Manter por 6-9 meses após alcançar remissão. • Preditor de resposta ruim: o Idade avançada. o Sintomas mais severos. o Presença de ansiedade. o Episódio de longa duração. • Considerar trocar: o É o primeiro antidepressivo. o Muitos efeitos colaterais e o paciente não tolera. o Não teve resposta (< 25% de melhora). o Existe mais tempo para esperar uma resposta. o Preferência do paciente. • Considerar associar: o Já tentou 2 ou mais antidepressivos. o O antidepressivo inicial foi bem tolerado. o Menos tempo para resposta → depressão mais severa, com prejuízo funcional. o Paciente prefere adicionar outra medicação. • Outras abordagens: o Psicoterapia: efeito protetor para eventos futuros. o ECT e EMTr: secreção de BDNF de forma mais rápida. o Cetamina (antagonista dos receptores NMDA do glutamato): efeito antidepressivo rápido e significativo de doses subanestésicas. 102 Gustavo Urzêda Vitória Distimia: • Característica essencial do transtorno depressivo persistente → humor depressivo que ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos 2 anos, ou por pelo menos 1 ano e meio para crianças e adolescentes. • Desenvolvimento: início precoce e insidioso e com curso crônico. • Sintomas: melancolia, pessimismo, mau humor, comportamento mais introvertido, comportamentos mais hipercríticos de si e dos outros. • Tem maior probabilidade de apresentar transtornos de ansiedade, por uso de substâncias, de personalidade. • Muitas vezes não é diagnosticado por ser taxado como o jeito de ser do paciente. 103 Gustavo UrzêdaVitória - Transtorno depressivo maior e distimia: Fonte: DSM-5; Tratado de Psiquiatria da ABP, 2021; Compêndio de Psiquiatria Kaplan & Sadock, 2017. Conceito: • É um transtorno mental grave, de humor deprimido, de curso episódico, recorrente ou persistente ao longo do tempo, que traz prejuízos funcionais nas esferas psicológicas, comportamentais, sociais, familiares e ocupacionais. • Quando não tratada adequadamente, leva a incapacitação e está associada a elevados custos econômicos e sociais. Diferença entre luto e depressão: • As síndromes e reações depressivas surgem com muita frequência após as perdas significativas → pessoas queridas, emprego, moradia, status socioeconômico, algo simbólico, bichos de estimação. • Apesar de muitas vezes ser desencadeada por perdas, a depressão não é o mesmo sentimento normal do luto. ESFERAS LUTO INTENSO DEPRESSÃO Humor e sua evolução Tristeza muito relacionada à experiência de perda, que tende a diminuir com o passar do tempo (duração muito variável, geralmente semanas a meses, podendo chegar a anos). Humor deprimido constante que abrange mais que as perdas, não melhora com o tempo. Padrão temporal Tristeza em ondas (dores do luto), associadas a lembranças do ente perdido Tristeza e desanimo oscilam menos ao longo dos dias Conteúdo do pensamento Tristeza e angústia mais centradas em pensamentos Ruminações autocríticas e pessimistas abrangentes, não apenas a uma perda 104 Gustavo Urzêda Vitória relacionados ao que foi perdido Pensamento típico Culpa por não ter tido que amava ou por não ter passado tempo o suficiente A vida não vale a pena, não sirvo para nada Fantasias relacionadas a pensamentos suicidas Gostaria de morrer para me juntar a quem perdi Quero morrer para não sofrer mais; não mereço viver Epidemiologia: • Depressão já era caracterizada desde a época de Hipócrates. • O período renascentista é considerado a idade de ouro da melancolia → penetrando o romantismo nos séculos XVIII e XIX. • Atualmente, a estimativa de prevalência mundial é em torno de 4,4% a 4,7%. • Brasil, um estudo revelou prevalência de 17%. E, segundo o IBGE, em 2013, 21% da população se descreveu como depressiva. • Está associada a grande incapacidade, sobretudo da classe economicamente ativa, e a mais ou menos 16 milhões de suicídios em 2010. • Cerca de 15% a 40% das pessoas com depressão tentaram suicídio alguma vez → risco 20 vezes mais alto para autoextermínio. Fisiopatologia: • Contribuição genética: o Depressão é abordada como a resultante da interação de influências ambientais sobre indivíduos geneticamente pré- dispostos. o Carga genética contribui em 40%. o Transmissibilidade genética é estimada em 33-42%. o Não segue um padrão de transmissão autossômico-dominante mendeliano, mas se relaciona com um tipo de herança poligênica. o Polimorfismo funcional do gene transportador de serotonina tem sido constantemente associado à predisposição. o Pela heterogeneidade clínica, é difícil detectar e replicar loci suscetíveis. • Modelos bioquímicos: o Começou a ser reconhecida como um fenômeno bioquímico na década de 1960 → teoria monoaminérgica da depressão. ▪ O estado depressivo é decorrente de uma deficiência na atividade de monoaminas cerebrais (noradrenalina (nora), serotonina (5-HT) e dopamina (dopa)). ▪ Mostrou-se simplista e falha, pois não conseguiu explicar muitos fenômenos, como por exemplo, como a cocaína e as anfetaminas aumentam a atividade monoaminérgica cerebral, mas não são antidepressivos eficazes. 105 Gustavo Urzêda Vitória ▪ Nem todos respondem do mesmo jeito aos antidepressivos → mais mecanismos envolvidos. ▪ A concentração de monoaminas aumenta em horas, mas os efeitos dos antidepressivos só são vistos ao longo de semanas. o Nova teoria monoaminérgica: ▪ Aumento agudo de monoaminas nas fendas sinápticas associado a administração de antidepressivos, induz a longo prazo, modificações adaptativas nos sistemas monoaminérgicos → principalmente dessensibilização auto (mesmo terminal sináptico) e hétero (terminal de outro neurônio) dos receptores inibitórios pré-sinápticos. • Estimulação desses receptores regula a liberação da monoamina no terminal nervoso, gerando feedbak negativo que controla a quantidade de monoamina na fenda. • A dessensibilização leva a maior atividade monoaminérgica central → coincide com o aparecimento do efeito terapêutico. • Efeito principalmente observado com os receptores de serotonina (5-HT1a e 5-HT1b), mas também com noradrenérgicos e dopaminérgicos. • Estudos de neuroimagem: o Alterações cerebrais associadas às vulnerabilidades (endofenótipos) para transtornos mentais. o RM: diminuição volumétrica do córtex pré-frontal e de estruturas límbicas (principalmente complexo amígdala-hipocampo). o Diminuição dos hipocampos tem se relacionado com a cronificação. o Não tem muito valor no diagnóstico, mas pode ser usado para investigação complementar nos casos de depressão secundária. • Fatores ambientais: o Fatores de risco: ▪ Eventos adversos precoces (baixo suporte social, perda precoce de pais, percepção de falta de carinho pelos pais, abuso físico e/ou sexual). ▪ Eventos adversos na infância estão relacionados com alterações persistentes nos sistemas de resposta a estresse. Quadro clínico: • Humor: o Geralmente polarizado para depressão (sentimento expresso e sinais de tristeza na maior parte do tempo). o Anedonia (perda da capacidade de sentir prazer em algo que anteriormente era prazeroso, perda de interesse). 106 Gustavo Urzêda Vitória o Choro fácil (labilidade afetiva). o Indiferença afetiva (apatia) ou ansiedade e irritabilidade podem estar presentes. • Pensamento: o Preocupação frequente e por vezes exageradas, pessimismo, desesperança, podendo ocorrer ideias de ruína e niilismo. o Baixa autoestima, ideias de desvalia, sentimentos de culpa, por vezes inapropriados, hipocondria. ▪ Ruína, hipocondria e culpa podem estar associadas a características delirantes → forte certeza e convicção, não aceita argumentação. o Podem ter quadro psicótico associado com delírios persecutórios e autorreferencia delirante. • Sensopercepção: o Alucinações, principalmente auditivas, podem ocorrer nas depressões psicóticas (> 10% dos casos). • Alterações cognitivas: o Dificuldade de concentração, déficits de atenção e mesmo prejuízo de memória. o Pode se assimilar a síndrome demencial, principalmente em idosos. • Psicomotricidade: o Lentificação e retardo tento de pensamentos quanto de movimentos, podendo haver latência de resposta e até laconismo (respostas breves, por vezes monossilábicas). o Sensação de fadiga, baixa energia ou inquietação (comorbidade com ansiedade). • Sintomas neurovegetativos: o Anorexia com perda de peso ou ganho de peso. o Alterações do sono → insônia inicial ou fragmentação do sono, despertar precoce, sono não reparador ou hipersônia. o Disfunção sexual → baixa libido, disfunção erétil ou ejaculação precoce. • Volição: o Frequente a diminuição da vontade e perda do interesse por atividades habituais (hipobulia). o Pode ser observado ideação suicida ou tentativa de autoagressão. Subtipos: • Transtorno disruptivo da regulação do humor: o Característica central é a irritabilidade crônica grave: ▪ Frequentes explosões de raiva que tipicamente ocorrem em resposta a frustrações e podem ser verbais ou comportamentais → devem ser frequentes (3 ou mais episódios por semana) por pelo menos 1 ano e em pelo 107 Gustavo Urzêda Vitória menos 2 ambientes diferentes, e inapropriados para o desenvolvimento. ▪ Humor persistentemente irritável ou zangado entre as explosões de raiva → característico de crianças; presente na maior parte dos dias, quase todos os dias eser observável por outras pessoas. o Deve ser diferenciado de outros transtornos, como o bipolar da infância. o Comum em crianças → mais presente em meninos e em idade escolar. o Critérios diagnósticos: • Transtorno depressivo maior (TDM): o Os sintomas dos critérios para TDM devem estar presentes quase todos os dias, com exceção de alteração de peso e ideação suicida. o Humor depressivo deve estar presente na maior parte do dia, quase todos os dias. o Insônia ou fadiga frequentemente são as queixas principalmente relatadas. 108 Gustavo Urzêda Vitória o Tristeza pode ser negada inicialmente, mas pode ser revelada no meio da entrevista ou inferida pela linguagem corporal. o Perturbações psicomotoras são muito menos comuns, mas são indicativas de maior gravidade geral, assim como a presença de culpa delirante ou quase delirante. o Anedonia e humor depressivo por pelo menos 2 semanas, mais pelos menos 4 sintomas associados: perda de peso ou apetite, alteração do sono, sentimentos de desvalia ou culpa etc. o Deve ser recente ou ter claramente piorado em relação ao estado pré-episódico. o Deve ser acompanhado de prejuízo ou sofrimento significativo nos âmbitos social, profissional etc. o Podem enfatizar questões somáticas, como dores difusas. o Crianças e adolescentes podem desenvolver humor irritável ou rabugento. o Frequentemente interpretam mal eventos triviais do cotidiano, imputando como prova de defeitos pessoais ou encarando como responsabilidade excessivas. o Pode ser confundida com demência em idosos. o Ideação e tentativas de autoextermínio são comuns. o Critérios diagnósticos: 109 Gustavo Urzêda Vitória • Distimia: o Característica essencial do transtorno depressivo persistente (distimia) é um humor depressivo que ocorre na maior parte do dia na maioria dos dias, por pelo menos 2 anos, ou por pelo menos 1 ano em crianças e adolescentes. o Representa uma consolidação do TDM → crônico. o Podem relatar que sempre foram desse jeito, devido ao prolongamento de sintomas, principalmente se o início foi precoce. o Critérios diagnósticos: 110 Gustavo Urzêda Vitória 111 Gustavo Urzêda Vitória • Transtorno disfórico pré-menstrual: o Característica essencial é a expressão de labilidade do humor, irritabilidade, disforia e sintomas de ansiedade que ocorrem repetidamente durante a fase pré-menstrual do ciclo e remitem por volta do início da menstrual ou logo depois. o Pode ser acompanhado por sintomas comportamentais e físicos. o Deve ter ocorrido na maioria dos ciclos menstruais durante o último ano e ter um efeito adverso no trabalho ou no funcionamento social. o Intensidade e/ou expressividade dos sintomas acompanhados podem estar intimamente relacionadas a características do grupo social e cultural da mulher afetada. o Sintoma somáticos e ansiedade podem ocorrer. o Presença de sintomas comportamentais sem sintomas de humor e/ou ansioso não é suficiente para o diagnóstico. o Critérios diagnósticos: 112 Gustavo Urzêda Vitória Depressão secundária: • Na maioria das vezes, a apresentação das depressões secundárias a uma causa orgânica não difere fenotipicamente das primárias, mas pode ter sinais e sintomas de outras patologias. • CV: IAM, circulação extracorpórea. • Reumato: LES. • Endócrino: hipo e hipertireoidismo, Addison, Cushing, hipopituitarismo, hiperparatireoidismo. • Hematológicas: anemias, deficiências de vitaminas. • Hepato: Wilson, insuficiência hepática. • Nefro: distúrbios hidroeletrolíticos. • Infecções: mononucleose, hepatites, influenza, HIV, meningites e encefalites. 113 Gustavo Urzêda Vitória • Neurológicas: lesões cerebrais, meningites, neurossífilis, hidrocefalia, esclerose múltipla, epilepsia, demência, Parkinson. • Neoplasias: CA de pâncreas e pulmões, síndromes paraneoplásicas. • Medicações e substâncias: reserpina e metildopa, corticoides, AINEs, vigabatrina, topiramato, uso prolongado de benzo e barbitúrico, intoxicação com depressores do SNC (álcool etc.), abstinência de psicoestimulantes (cocaína etc.) e opiáceos. Tratamento: • Desde o uso de antidepressivos até abordagens psicológicas e tratamentos biológicos não farmacológicos (eletroconvulsoterapia, estimulação magnética transcraniana etc.). • Escolha da estratégia isolada ou associada leva em consideração as características das doenças, subtipo, curso da doença, evento da vida envolvidos, personalidade do paciente, suporte psicossocial, gravidade, antecedentes de resistência a tratamentos anteriores e preferência do paciente, custo do tratamento. • Determinar necessidade ou não de internação psiquiátrica. o Casos de risco iminente de suicídio (ideação persistente ou planejamento explícito) e incapacidade de reconhecer a doença ou seguir orientações médicas. o Falta de suporte familiar/social, acentuado prejuízo funcional ou debilidade física, outras comorbidades. • 3 fases: o Aguda: ▪ Visa a remissão dos sintomas e a recuperação do funcionamento psicossocial → 8-12 semanas. ▪ Escolha do tratamento inicial depende da gravidade, do subtipo, da disponibilidade de recursos e preferências. ▪ Antidepressivos sempre são oferecidos como primeira linha para moderados e graves, combinados ou não com psicoterapia. ▪ ECT: alto grau de gravidade e comprometimento funcional, sintomas psicóticos e catatônicos associados → resposta mais rápida pelo risco de suicídio e comprometimento nutricional. ▪ Terapia cognitivo comportamental (TCC) possui eficácia documentada. ▪ Resposta clínica é medida com a evolução do quadro sintomatológico e funcional, além de escalas de avaliação. ▪ Em jovens, o uso de antidepressivos tem mais risco de suicídio, principalmente naqueles bipolares não diagnosticados. o Continuação: ▪ Visa a prevenção de recaídas → 6-12 meses. 114 Gustavo Urzêda Vitória ▪ Antidepressivos que foram introduzidos na fase aguda continuam na mesma posologia, assim como o apoio psicoterapêutico. o Manutenção: ▪ Deve ser considerado em alguns pacientes com o objetivo de prevenir recorrências da depressão. ▪ Indivíduos com altos índices de recorrência e que tenham apresentado episódio depressivo de alta gravidade são candidatos. ▪ Fatores de risco para recorrência: depressão resistente (mais de 2 episódios em 2 anos) ou recorrente (3 ou mais episódios ao longo da vida), distimia concomitante e/ou presença de sintomas depressivos residuais, comorbidades psiquiátricas. • Parâmetros para escolha do antidepressivo: o Antecedente pessoal e/ou familiar de resposta a um antidepressivo específico. o Mulher em idade fértil: evidências ainda inconclusivas sugerem superioridade dos ISRS. o Comorbidades psiquiátricas: ansiedade (ISRS), dependência de nicotina (bupropiona e nortriptilina) etc. o Suspeita de alteração primária do sono: preferência para tricíclicos ou trazodona. o Depressão graves: tricíclicos, IMAOs, venlafaxina, milnaciprano, mirtazapina, escitalopram e ECT. o Atípica: ISRS, se não der certo, IMAOs não seletivos (tranilcipromina). o Melancólica: tricíclico, venlafaxina, milnaciprano, mirtazapina e ECT. o Distimia: TCC e psicoterapia tem equivalência, e não existe diferença entre os antidepressivos. o Psicótica: tricíclico + antipsicóticos, ECT. o Sazonal: fototerapia e ISRS. • Terapias alternativas: o Hypericum perforatum (erva de São João): ▪ Eficácia superior ao placebo e comparável ao antidepressivo na depressão leve a moderada. ▪ Efeito decai com o tempo. ▪ Possui grande variabilidade nas preparações. ▪ Várias interações medicamentosas por ser pan-inibidor da CYP 405 e alterar o transporte mediado por glicoproteínas. o Valeriana: ▪ Carece de estudos sobre eficácia para tratamento de depressão. ▪ Melhora sintomas ansiosos e insônia.o Passiflora: 115 Gustavo Urzêda Vitória ▪ Efeito sedativo. ▪ Ainda sem evidencias de efetividade na depressão. o Ômega-3 e triptofano: ▪ Parece que a suplementação melhora os sintomas depressivos.
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