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Mecânica dos Solos 2 Geossintéticos Profª Dra. Stela Fucale Universidade de Pernambuco GeossintéticosGeossintéticos Introdução, Funções, Principais Aplicações, Tipos, Vantagens, Geossintéticos para Reforço de Solos, Propriedades dos Geossintéticos, Interação Solo-Geossintético, Estrutura de Solos Reforçados, Exemplos de Aplicações em Obras Geotécnicas G e o ss in té ti co s Introdução Histórico Os geossintéticos constituem um dos mais novos grupos de materiais de construção, empregados em obras de vários portes, tais como contenção de encostas, aterro sobre solos moles, aterro sanitário, pavimentação, fundação. "Geo" refere-se à terra e "sintético" a materiais poliméricos G e o ss in té ti co s Abramento (2002) Elias et al. (2001) "Geo" refere-se à terra e "sintético" a materiais poliméricos empregados na sua fabricação. - 1950 � uso nos Estados Unidos como elementos de drenagem, separação ou controle de erosão - 1960 � uso na Europa - 1970 � uso no Brasil A utilização de elementos como reforço de solos remonta ao período de civilizações antigas � famosa muralha da China Introdução Definição A Sociedade Internacional de Geossintéticos (IGS) define os geossintéticos como “elementos planos, produzidos a partir de polímeros sintéticos ou naturais, e utilizados em combinação com solo, rocha e/ou outros materiais geotécnicos como parte integral de um projeto, estrutura ou sistema em engenharia civil”. G e o ss in té ti co s Polímeros mais empregados � Aplicação em obras de terra: reforço, drenagem, filtração, separação, proteção e controle de erosão. Polietileno (PE) Polipropileno (PP) poliéster (PETP) poliamida (PA) � No Brasil, no início dos anos 80, a ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica) criou a Comissão Técnica de Geossintéticos. www.abms.com.br G e o ss in té ti co s Hödt (1986) Funções dos Geossintéticos Körner (1998) G e o ss in té ti co s As funções dos geossintéticos em obras geotécnicas podem ser agrupadas em 05 (cinco) categorias principais: Separação Brita G e o ss in té ti co s Solo fino natural Geossintético Filtração e Drenagem Funções dos Geossintéticos G e o ss in té ti co s As funções dos geossintéticos em obras geotécnicas podem ser agrupadas em 05 (cinco) categorias principais: Impermeabilização Körner (1998) https://www.maccaferri.com/br/ G e o ss in té ti co s Reforço Palmeira (1993) Funções dos Geossintéticos G e o ss in té ti co s Aplicação versus Objetivo G e o ss in té ti co s Ao substituir um material natural (solo, areia, brita, enrocamento) é preciso que o geossintético atenda as mesmas funções em termos de durabilidade, permeabilidade, deformabilidade e resistência. � Elementos de filtros ou de dreno em sistemas drenantes de pavimentos, trincheiras e colchões � Elementos de filtros na proteção de bermas ou encostas � Elementos de filtro e dreno vertical para aceleração de recalques em aterros sobre solos moles � Elementos para controle ou desvio de fluxo em canais, reservatórios e obras de proteção ambiental G e o ss in té ti co s Aplicações Hidráulicas Principais Aplicações �Elementos para controle de fluxo em pavimentos G e o ss in té ti co s � Estruturas de solo reforçado (aterros de paredes verticais ou quase-verticais) � Reforço de aterros sobre solos moles e aterros estaqueados � Reforço da base e do revestimento de pavimentos � Melhoria da capacidade de carga de fundações � Proteção de áreas com risco de subsidência � Proteção de geomembranas Aplicações Mecânicas � Elemento separador em pavimentos � Controle de erosão superficial ou profunda � Retardamento de propagação de fissuras em pavimentos Aplicações Mistas Tipos de Geossintéticos G e o ss in té ti co s TIPO CARACTERÍSTICAS FUNÇÕES PRINCIPAIS Geobarra [GB] - Produto em forma de barra. - Reforço Geocélula [GL] - Produto com estrutura tridimensional aberta, constituída de células interligadas que confinam mecanicamente os materiais nela inseridos. - Reforço - Controle de erosão Tipo/Características/Funções Principais G e o ss in té ti co s mecanicamente os materiais nela inseridos. Geocomposto [GC] - Formado pela superposição ou associação de um ou mais geossintéticos entre si ou com outros produtos, geralmente concebido para desempenhar uma função específica. - Reforço, Drenagem e Impermeabilização Geoespaçador [GS] - Produto com estrutura tridimensional constituída de forma a apresentar grande volume de vazios, utilizado como meio drenante. - Drenagem Geogrelha [GG] - Produto com estrutura em forma de grelha, constituído por elementos resistentes a tração. - Reforço Geomanta [GA] - Produto com estrutura tridimensional permeável, usado para controle de erosão superficial do solo, também conhecida como biomanta no caso do produto ser biodegradável. - Controle de erosão Tipos de Geossintéticos G e o ss in té ti co s TIPO CARACTERÍSTICAS FUNÇÕES PRINCIPAIS Geomanta [GA] - Produto com estrutura tridimensional permeável, usado para controle de erosão superficial do solo, também conhecida como biomanta no caso do produto ser biodegradável. - Controle de erosão Geomembrana [GM] - Produto bidimensional de baixíssima permeabilidade, composto predominantemente por asfaltos, elastômeros - Controle de fluxo - Separação Tipo/Características/Funções Principais G e o ss in té ti co s [GM] composto predominantemente por asfaltos, elastômeros ou plastômeros. - Separação Georede [GN] - Produto com estrutura em forma de grelha. - Drenagem. Geotêxtil [GT] - Produto têxtil bidimensional permeável, composto de fibras cortadas, filamentos contínuos, monofilamentos, laminetes ou fios, formando estruturas tecidas, não- tecidas ou tricotadas, cujas propriedades mecânicas permitem que desempenhem várias funções em uma obra geotécnica. - Filtração e Drenagem - Separação - Reforço Geotira [GI] - Produto em forma de tira. - Reforço Geotubo [GP] - Produto de forma tubular. - Drenagem Tipos de Geossintéticos G e o ss in té ti co s G e o ss in té ti co s G e o ss in té ti co s Tipo versus Aplicações Tipos de Geossintéticos G e o ss in té ti co s Adaptado de Koerner (1998) Geossintéticos para Reforço de Solos G e o ss in té ti co s A técnica de solo reforçado com geossintéticos consiste na inclusão destes materiais visando à obtenção de um material composto mais resistente e menos deformável que o solo isolado. Generalidades � Os geossintéticos mais usados na função reforço são os geotêxteis e as geogrelhas G e o ss in té ti co s Palmeira (1999) Princípio de Solo Reforçado Comportamento tensão x deformação Abramento (1998) Geossintéticos para Reforço de Solos G e o ss in té ti co s Generalidades Aumento da resistência ao cisalhamento com a introdução do reforço Ensaios Triaxiais Reforçados: Areia densa (σσσσ ‘V = 21 kPa) G e o ss in té ti co s Broms (1977) Abramento (1998) Propriedades dos Geossintéticos G e o ss in té ti co s Propriedades Físicas � Principais propriedades físicas dos geossintéticos: - massa por unidade de área (g/m2) - espessura nominal (mm) - densidade relativa ou porosidade (%) Tipo Massa por unidade de área (MA - g/m 2 ) Geotêxteis tecidos 100 – 300 Geotêxteis não tecidos 100 – 400 G e o ss in té ti co s ISO 9864/88, NBR 12568/92) não tecidos Geogrelhas 200 - 1000 Propriedades Mecânicas Fase de Instalação - resistência à tração - resistência à penetração e à perfuração - resistência a danos de instalação - resistência à abrasão Durante a vida útil da obra - resistência à tração - resistência à penetração e à perfuração - resistência ao deslizamento na interface - resistência ao arrancamento - resistência à fluência Propriedades dos Geossintéticos G e o ss in té ti co s Resistência e Rigidez à Tração G e o ss in té ti co s Característicasde tração de geossintéticos Palmeira (1999) Relação carga-deformação-taxa de deformação em ensaios de tração Exemplo de ensaio de tração -ABNT NBR 12824/93 ASTM D-4585 Propriedades dos Geossintéticos G e o ss in té ti co s Comportamento em Fluência (Creep) � A fluência (ou “creep”) é o processo de deformação lenta de um material sob tensão constante � Os materiais poliméricos são normalmente susceptíveis à fluência � Em projetos de obras reforçadas, deve-se usar um fator de redução da resistência à tração, que leve em consideração o efeito da fluência na vida útil da obra G e o ss in té ti co s Resultados de ensaios de fluência e Curva de referência (ruptura por fluência) obra (Jewell, 1996 apud Palmeira, 1999) Propriedades dos Geossintéticos G e o ss in té ti co s Resistência a Danos Mecânicos de Instalação � Esforços de instalação são aqueles a que a camada de geossintéticos está submetida durante a sua instalação e durante o espalhamento e compactação do material do aterro sobre si. � Em projetos de obras reforçadas, deve-se usar um fator de redução da resistência à tração, que leve em consideração os danos mecânicos de instalação. G e o ss in té ti co s Palmeira (1999) danos mecânicos de instalação. �No caso de substâncias agressivas em contato com o elemento de reforço, devem ser realizados ensaios especiais para verificar a compatibilidade do geossintético com tais substâncias. �Em projetos de obras reforçadas, deve-se usar um fator de redução da resistência à tração, que leve em consideração à degradação. Durabilidade Degradação Química e Ambiental Propriedades dos Geossintéticos G e o ss in té ti co s Fator de Redução Valores de fator de redução para geotêxteis Tadm – resistência à tração admissível FRDI – fator de redução devido a danos de instalação FRF – fator de redução devido à fluência FRDQ – fator de redução devido à degradação química FRDB – fator de redução devido à degradação biológica fm - fator de redução devido a incertezas inerentes à determinação de parâmetros (extrapolação de resultados, dispersão de resultados � 1,2 a 1,4 G e o ss in té ti co s Valores de fator de redução para geotêxteis Körner (2005) Interação Solo-Geossintético G e o ss in té ti co s Mecanismo de Interação G e o ss in té ti co s �Ensaio de cisalhamento direto (Condições A e C) �Ensaio de arrancamento (Condição D) �Ensaio de tração confinada (Condição B) Ensaios de interação solo-geossintético Palmeira (1999) Estabilidade de Maciços Reforçados com Geossintéticos G e o ss in té ti co s Estrutura de Solos Reforçados Zona 1: potencialmente instável Zona 2: estável G e o ss in té ti co s Divisão de massa de solo reforçado em duas zonas Reforço � função de “costurar” as duas zonas para impedir a ruptura e minimizar as deformações. � O solo da zona 1 tenta movimentar- se, arrastando consigo o reforço. � O reforço restringe o movimento, pois está preso na zona 2. Estabilidade de Maciços Reforçados com Geossintéticos G e o ss in té ti co s Estrutura de Solos Reforçados Verificação da integridade estrutural do maciço reforçado: Ruptura do reforço e arrancamento do reforço G e o ss in té ti co s Mecanismo de ruptura externa Mecanismo de ruptura interna Considera-se o comportamento similar ao de um muro de peso G e o ss in té ti co s Estabilidade de Maciços Reforçados com Geossintéticos Estrutura de Solos Reforçados G e o ss in té ti co s Modos de ruptura interna idealizados Milligan e Palmeira (1987) Mecanismo de ruptura interna Bathurst et al. (1993) G e o ss in té ti co s Estruturas de Contenção e Taludes Íngremes Aplicações em Obras • Estruturas de contenção � face tipicamente vertical • Taludes íngremes � face com inclinação geralmente inferior a 70° G e o ss in té ti co s Vertematti (2001) Vista frontal de muro reforçado, utilizando-se areia silto-argilosa Seção esquemática de muro de contenção em solo reforçado G e o ss in té ti co s Tipos de acabamento das faces de estruturas de contenção Estruturas de Contenção e Taludes Íngremes Aplicações em Obras G e o ss in té ti co s G e o ss in té ti co s Estruturas de Contenção e Taludes Íngremes Aplicações em Obras Condições de estabilidade interna de estruturas de contenção em solo reforçado com geossintéticos G e o ss in té ti co s Palmeira (1999) � Teoria de Rankine é utilizada para cálculo de empuxos e tensões ativas de terra � Dimensionamento de taludes íngremes a partir de programas computacionais: por exemplo, a partir do método de Bishop Modificado, metodologias que empregam ábacos (Jewell, 1996) G e o ss in té ti co s Aterros sobre Estacas e Captéis reforçados com Geossintéticos Aplicações em Obras • Consiste na transferência do carregamento gerado pelo aterro a solos profundos de maior resistência. • O uso de reforços, como as geogrelhas, promove: - melhor transferência de tensões - ausência de recalques por adensamento - eliminação de recalques diferenciais - maior estabilidade do maciço - aumento da distância entre as estacas - diminuição da quantidade de estacas G e o ss in té ti co s Palmeira. (1999) G e o ss in té ti co s Aterros sobre Estacas e Captéis reforçados com Geossintéticos Aplicações em Obras G e o ss in té ti co s https://geoacademy.com.br/p/aterros-sobre-solos-moles G e o ss in té ti co s Aterros sobre Estacas e Captéis reforçados com Geossintéticos Aplicações em Obras 1 – Aterro 2 – Capitel 3 – Estaca inclinada 4 – Estacas 5 – Reforço Argila Mole Aterro estaqueado convencional G e o ss in té ti co s Aterro estaqueado reforçado com geossintéticos na base BS 8006-1 (2010) Fonte: Huesker Desenho esquemático do arranjo geométrico na parte central do aterro estaqueado Exemplo de ancoragem da extremidade da geogrelha BS8006-1 (2010) Argila Mole G e o ss in té ti co s Aterros sobre Solos Moles Aplicações em Obras Geogrelha • O uso de reforços geossintéticos (ex. geogrelha) permite uma significativa redução da base granular e evita eventuais deformações no subleito que podem prejudicar o desempenho do pavimento. Aterros Baixos para Base de Pavimentos G e o ss in té ti co s Palmeira (1999) Base sem reforço Base com reforço Benefícios da presença do reforço na interface aterro/solo mole � Aumenta a capacidade de carga do conjunto � Minimiza o desenvolvimento de rodeiras pela ação estabilizante do efeito da membrana � Minimiza perdas de material de aterro G e o ss in té ti co s Aterros sobre Solos Moles Aplicações em Obras Aterros Baixos para Estrada de Acesso/Serviços • Juntamente com o uso de reforços, é indicada a separação de camadas de solos através do uso de geotêxteis. Tal solução evita a contaminação entre diferentes tipos de solos que podem resultar em sérios problemas estruturais ao pavimento. G e o ss in té ti co s Seção esquemática de uma estrada de acesso/serviço sobre solo mole Estrada de serviço sobre argila mole Estrada de acesso sobre solo turfoso problemas estruturais ao pavimento. G e o ss in té ti co s Aterros sobre Solos Moles Aplicações em Obras • O uso de reforços geossintéticos na construção de aterros sobre solos de baixa capacidade de suporte promove uma uniformização de eventuais recalques. • Uso de métodos de drenagem vertical para aceleração de recalque por adensamento do solo Aterros Altos Geocomposto G e o ss in té ti co s aceleração de recalque por adensamento do solo de fundação: estacas de brita, sobrecarga, pré- carregamento, geodrenos. Palmeira. (1999) Fonte: Macafferri Aceleração de adensamento do solo devido a presença de geodrenos Reforço Geodreno Geocomposto G e o ss in té ti co s Vantagens da Técnica de Solos Reforçados � Baixo custo do método, quando comparado a outros métodos tradicionais. Este benefício é decorrente do preço das matérias primas utilizadase da facilidade e rapidez de execução. �A inclusão de elementos sintéticos no aterro permite a adoção de estruturas mais íngremes e com menor volume de aterro compactado. Com isso, a ocupação do solo fica racionalizada pois há uma redução do espaço ocupado pela estrutura. G e o ss in té ti co s pela estrutura. � Com a utilização de reforço, podem ser empregados solos locais, de qualidade inferior, que seriam inadequados para uma estrutura de contenção. � O processo construtivo é simples, não exigindo mão de obra qualificada, nem equipamentos específicos. A facilidade de execução permite a execução de obras em locais de acesso difícil. Além disso, o tempo de execução da obra é geralmente reduzido. � Os diversos tipos de acabamento das faces possibilitam a adaptação estética ao ambiente, diminuindo consideravelmente o impacto ambiental causado por obras de contenção. Mecânica dos Solos 2 Obrigada pela atenção! Geossintéticos Prof.ª Dra. Stela Fucale Universidade de Pernambuco
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