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ALFABETIZAÇÃO 
E LETRAMENTO
Denise A. M. de Oliveira
1ª Edição, 2022
EAD
Reitor e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Martin Kuhn 
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas 
Pró-reitor de graduação: Afonso Cardoso Ligório 
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
Pró-reitor de educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva 
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Henrique Melo Gonçalves
Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil: Carlos Alberto Ferri
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener 
Educação Adventista a Distância
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; 
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; 
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; 
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; 
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Esp. Telson Vargas
Editor-chefe: Rodrigo Follis
Gerente administrativo: Bruno Sales Ferreira
Editor associado: Werter Gouveia
Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões
Editora Universitária Adventista
Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos
Presidente Mantenedora Unasp (IAE): Maurício Lima
1ª Edição, 2022
ALFABETIZAÇÃO 
E LETRAMENTO
Editora Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Denise Andrade Moura de Oliveira
Mestra em Educação pelo UNASP - EC
Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira
Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. 
ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020.
1 Mb ; PDF
ISBN 978-85-8463-172-8
1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como 
profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título.
20-33026 CDD-370.113
Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
(Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370)
Alfabetização e Letramento
1ª edição – 2022
e-book (pdf)
OP 00123_006
Coordenação editorial: Késia Santos
Conteudista: Denise A. Moura de Oliveira
Preparador: Kawanna Cordeiro
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani 
Capa e Diagramação: William Nunes 
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Editora Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Vanessa Raquel de Almeida Meira
Doutora em Teologia pela Faculdades EST.
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida 
a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo 
em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
ALFABETIZAÇÃO: A HISTÓRIA SOBRE COMO 
ENSINAR A LER E A ESCREVER ............................... 13
Introdução ........................................................................................14
Alfabetização: conhecendo a história da 
escrita ao longo dos tempos ...........................................................15
Conceito de alfabetização ................................................................23
Métodos sintéticos ...........................................................................38
Método alfabético ...................................................................39
Método fônico .........................................................................41
Método silábico .......................................................................45
Métodos analíticos de alfabetização ...............................................48
Método da palavração ............................................................51
Método da sentenciação .........................................................53
Método do conto .....................................................................54
A didática das cartilhas utilizadas para o 
ensino da leitura e da escrita ...........................................................56
Considerações finais.........................................................................65
Referências .......................................................................................69
COMO A CRIANÇA APRENDE 
A ESCREVER E LER ................................................. 73
Introdução ........................................................................................74
A ressignificação do ensino 
da leitura e da escrita .......................................................................75
Psicogênese da língua escrita .................................................82
Definindo psicogênese da língua escrita ................................86
Níveis da psicogênese 
da alfabetização ...............................................................................88
Procedimentos para classificação 
dos níveis psicogenéticos .......................................................90
Nível silábico ...........................................................................96
Nível alfabético.......................................................................104
Processos de construção 
da linguagem escrita .............................................................109
Considerações finais........................................................................114
Referências ......................................................................................117
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER 
E ENSINAR A LER E A ESCREVER .......................... 121
Introdução .......................................................................................122
Letramento: conceito ......................................................................123
Diferenciando letramento ..............................................................137
O letramento na escola ...................................................................148
Letramento: BNCC e PNA ................................................................158
Considerações finais........................................................................170
Referências ......................................................................................173
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
ALFABETIZAR LETRANDO: 
O TEXTO NA SALA DE AULA .................................. 177
Introdução .......................................................................................178
Alfabetizar letrando: 
centralidade do texto ......................................................................179
Produção escrita a partir do texto ..........................................196
Letramento literário ........................................................................201
Estágios psicológicos da criança ............................................206
Proposta didática com literatura infantil ...............................212
Letramento: um conceito plural .....................................................219
Considerações finais........................................................................225
Referências ......................................................................................229
ALFABETIZAÇÃO: ESTUDO DA 
ESPECIFICIDADE DA LÍNGUA ................................ 233
Introdução .......................................................................................234
Consciência fonológica ...................................................................235
Conceito de palavra.........................................................................246
Rimas e aliterações .........................................................................253A sílaba ............................................................................................256
Consciência fonêmica .....................................................................263
Considerações finais........................................................................273
Referências ......................................................................................277
PARA OTIMIZAR A IMPRESSÃO DESTE ARQUIVO, CONFIGURE 
A IMPRESSORA PARA DUAS PÁGINAS POR FOLHA.
EMENTA
Estudo das concepções da aquisição da 
linguagem e do processo sócio-histórico 
e cultural da alfabetização, articulados 
ao desenvolvimento das práticas 
pedagógicas que promovam o letramento 
do cotidiano e literário na formação 
do leitor/escritor crítico, consciente e 
comprometido com a sociedade.
- Compreender o significado de letramento, de letramento literário, 
multiletramento e da proposta de alfabetizar letrando, como 
perspectivas para a prática social da leitura e da escrita;
- Selecionar atividades pedagógicas adequadas à leitura e à escrita 
possibilitando a alfabetização e o letramento;
- Conscientizar-se de que a leitura deve ocupar um espaço 
privilegiado na própria vida utilizando-a em sua prática pedagógica.
LETRAMENTO: O SENTIDO 
DE APRENDER E ENSINAR 
A LER E A ESCREVER 
UNIDADE 3
OB
JE
TI
VO
S
122
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo(a) ao estudo sobre alfabetização e 
letramento. Você já pensou na possibilidade de viver em um 
mundo sem material escrito? Difícil, não é? Vivemos em uma 
sociedade rodeada pela escritura. Em tudo ao nosso redor, seja 
em momentos simples e em complexos, presenciamos situações 
de leitura e escrita: na rua, no supermercado, no trabalho ou em 
momentos de lazer, a escrita é um elemento presente.
Por isso, o objetivo deste estudo é analisar o impacto da 
leitura e da escrita em nossa sociedade e, para nomear esse 
fenômeno, usa-se o termo letramento. Durante algum tempo, 
o termo “alfabetismo” foi utilizado para designar o estado 
daquele que havia se apropriado da escrita como oposição ao 
analfabetismo. No entanto, o letramento conquistou o meio 
acadêmico e é utilizado para descrever a importância da leitura 
e da escrita como prática social. 
Então, vamos aprender o conceito de letramento e 
sua complexidade no processo de aquisição da língua. 
Analisaremos a origem e o surgimento desse termo no meio 
educacional e linguístico. O leitor também compreenderá a 
diferença entre alfabetizar e letrar e como esses dois aspectos do 
processo de aquisição da leitura e da escrita se relacionam, pois 
123
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
o letramento faz parte das práticas sociais que usam a escrita, 
enquanto alfabetização é o domínio do sistema simbólico e, 
mesmo assim, são conceitos que caminham lado a lado. Por fim, 
ao concluir este estudo, esperamos que você tenha aprendido:
• Os conceitos de alfabetização e de letramento;
• A relação existente entre esses dois termos;
• A leitura e a escrita como práticas sociais.
Bom estudo!
LETRAMENTO: CONCEITO
Na Bíblia, em Isaías 30:8, Deus fala para o profeta escrever 
suas palavras e apresenta a função dessa tarefa: para que fique 
registrado para sempre. Assim, outras pessoas poderiam ler. 
Nesse contexto e em muitas outras situações da Bíblia, podemos 
perceber o valor atribuído à leitura e à escrita. Temos como 
exemplo a passagem de Êxodo 24:12 quando Deus escreve suas 
leis para o povo; Deuteronômio 17:19 quando a leitura da lei de 
Deus é apresentada como parte da obrigação do rei; em Atos 
17:11, quando os bereanos liam as escrituras para estudar etc.
124
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Os textos acima mostram algumas situações em que a 
leitura e a escrita foram importantes para o povo de Deus. Isso 
revela que ele deseja que seu povo seja instruído por meio da 
leitura de sua palavra e, por isso, deixou um livro escrito. A 
leitura e a escrita apresentam funções específicas para o cristão; 
e daí vem a importância de o povo ser instruído para entender 
e interpretar. Por isso, muitos adultos cristãos não alfabetizados 
sentem a necessidade de aprender a ler e a escrever e essa é 
uma dimensão mais abrangente da leitura e da escrita.
Agora, vamos analisar um outro lado do processo de 
aquisição da leitura e da escrita, pois não basta apenas o 
domínio de um código para que o sujeito seja considerado 
plenamente alfabetizado. Segundo Soares (2018), para inserção 
no mundo da escrita é preciso considerar três principais facetas: 
linguística, interativa e sociocultural. A faceta linguística está 
relacionada a conhecimentos próprios da alfabetização, como a 
apropriação do sistema alfabético-ortográfico.
A criança precisa dominar convenções da língua que 
demandam conhecimentos cognitivos e linguísticos específicos. 
As outras duas facetas, a interativa e a sociocultural, estão 
associadas ao letramento. Na faceta interativa, a língua é um 
veículo de interação do sujeito com outras pessoas, orienta o 
indivíduo na compreensão e interpretação das mensagens. 
125
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
A faceta sociocultural mostra os usos e 
funções da língua no seu contexto, uma 
convenção que surge da necessidade de 
um grupo social (SOARES, 2018).
Já vimos, na história do Brasil, a 
grande influência do modelo tradicional 
para o ensino da leitura e da escrita, 
que apesar de ser criticado desde 1960, 
ainda podemos observar resquícios dessa 
abordagem nas salas de aula. A cartilha 
tradicional apresentava uma proposta 
de ensino pronta, pois considerava que o 
aluno nada sabia e tudo seria ensinado. 
Esse ensino considerava que ler 
e escrever resumia-se a atividades de 
codificação e decodificação, “sendo o 
processo de alfabetização reduzido ao 
ensino do código escrito, centrado na 
mecânica da leitura e da escrita” (LEITE, 
2001, p. 23). Por isso, a preocupação 
com o método de ensino, pois, sob a 
perspectiva tradicional, ensinar é apenas 
o domínio de uma técnica. 
Ensinar não é 
apenas o mero 
domínimo de 
uma técnica.
126
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Na década de 1980, circulava entre os educadores uma 
concepção de ensino proposta pelos estudos da psicogênese 
da língua escrita que deslocava a ênfase do ensino de 
“como ensinar” para “como se aprende” (BRASIL, 2001). 
Dessa forma, observou-se que a criança já vinha para a 
escola com ideias sobre a leitura e sobre a escrita — isso 
deveria ser considerado. 
A compreensão da criança sobre a língua, ainda que 
rudimentar, é adquirida pelo contato e pela vivência com 
material escrito possível de ser observado em seu entorno. Ou 
seja, a todo momento a criança presencia situações em que a 
escrita está presente, seja na rua ou em casa. 
Você vai conhecer agora um trecho da história do João 
do livro O menino que aprendeu a ver (1998), de Ruth 
Rocha. É uma história que ilustra a realidade de muitas 
crianças que observam material escrito ao seu redor. 
Segundo a autora, João era um menino muito curioso e 
por onde andava ficava intrigado com algumas figuras 
estranhas que via nos cartazes, nas placas e em vários 
lugares. Algumas coisas ele entendia, mas outras não. Era 
como se visse desenhos iguais aos da figura 25: 
127
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Figura 25 - ilustração
Fonte: elaborada pela autora.
Por isso, sempre fazia perguntas tentando entender 
aquelas “figuras”. Em todo lugar por onde passava, 
observava e perguntava: 
“- O que é aquela placa, mãe? Todas as esquinas têm.
-É o nome da rua, filho” (ROCHA, 1998, p. 8).
Em outro dia, João e sua mãe estavam esperando o ônibus 
no ponto e o menino pergunta mais uma vez: 
“- Mas que ônibus, mamãe, nós vamos ter que tomar?
- O que vai para sua escola.
- E como é que você sabe o que vai para minha escola?
- Eu olho o que está escrito na placa: RIO 
BONITO” (ROCHA, 1998, p. 10).
128
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
João ficavaolhando sem parar e continuava vendo aqueles 
desenhos esquisitos e não conseguia entender nada. Observe que 
João perguntava sobre essas figuras que ele não entendia e a mãe 
sempre explicando a função de cada uma no contexto de uso.
SAIBA MAIS
O menino que aprendeu a ver, de Ruth Rocha, é um li-
vro de literatura infantil que apresenta o pensamento da 
criança não alfabetizada em relação à leitura e à escrita. 
A autora mostra a curiosidade de João em relação a algo 
novo que ele ainda não entende. Leia o livro O menino 
que aprendeu a ver.
Disponível em: http://itapecerica.mg.gov.br/imagens/
editor/files/LIVRO%202%C2%BA%20Ano%20-%20
O%20MENINO%20QUE%20APRENDEU%20A%20VER.
pdf. Acesso em: 17 fev. 2022.
A experiência de João é a mesma das crianças que 
convivem com a leitura e a escrita em seu cotidiano e, como 
seres cognoscentes, pensam sobre a escrita e procuram entender 
e criar hipóteses sobre o que veem. Como João, observam a 
presença da escrita e começam a perceber que faz parte da vida 
de todos nós. 
http://itapecerica.mg.gov.br/imagens/editor/files/LIVRO%202%C2%BA%20Ano%20-%20O%20MENINO%20QUE%20APRENDEU%20A%20VER.pdf
129
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Na sociedade centrada na escrita 
em que vivemos, tudo está rodeado 
pela escrita, nas mais simples ações 
desde ler o nome da rua na placa à 
escrita de um texto. Essa vivência e 
questionamentos sobre a escrita faz 
toda diferença quando a criança vai 
para a escola. O professor, então, deve 
assumir uma postura diferente da 
tradicional, pois precisa considerar a 
vivência da criança, afinal
mesmo antes de entrar na escola, vai 
progressivamente se apropriando 
desse objeto cultural como um 
todo: suas funções e características, 
as marcas convencionais (letras, 
acentos e sinais de a pontuação), e 
os meios em que a escrita costuma 
aparecer (por exemplo, jornais, 
livros e revistas, mas também 
produções personalizadas, como 
bilhetes, listas de compras etc.) 
(COLELLO, 2010, p. 88).
O termo 
letramento 
surgiu da 
necessidade 
de estudar 
o impacto 
da leitura e 
da escrita na 
sociedade.
130
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Para entender o impacto da leitura e da escrita em nossa 
sociedade, os linguistas e pesquisadores da educação buscaram 
um termo para nomear e explicar esse novo fato (SOARES, 
2004). Para esse novo conceito surgiu o termo letramento, e 
é sobre esse tema que discutiremos agora de acordo com a 
posição de alguns autores.
Segundo Soares (2004) e Mortatti (2004), a primeira vez que 
o termo letramento surgiu no meio educacional foi em 1986 no 
livro No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, 
de Mary Kato, e depois em 1988 foi usado por Leda Verdiani 
Tfouni em seu livro Adultos não alfabetizados: avesso do 
avesso. Portanto, esse termo é bem recente no meio acadêmico, 
mas atualmente é um dos mais utilizados para explicar o 
contexto da leitura e da escrita. 
No entanto, antes do termo letramento era utilizada a 
expressão “alfabetismo” em oposição ao analfabetismo, termo 
bem mais utilizado. Alfabetismo, segundo Soares (2004 – B, p. 
30), “é um conceito complexo, pois engloba um amplo leque 
de conhecimentos, habilidades, técnicas, valores, usos sociais, 
funções e varia histórica e espacialmente”. Entretanto, esse 
termo foi substituído por letramento e ganhou destaque no 
meio acadêmico, por isso, vamos entender um pouco mais 
sobre a necessidade e o significado da palavra “letramento”.
131
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Até o ano de 2001, não era um termo dicionarizado no 
sentido que iremos estudar agora, apenas referia-se ao letrado, 
aquele que é versado em letras, um intelectual (SOARES, 2004). 
Contudo, para a educação e linguística, letramento vai além da 
descrição de um sujeito erudito ou que tenha conhecimentos 
literários. Letramento, no contexto educacional, é muito mais 
amplo e assume o viés social, como veremos a seguir. 
A palavra letramento é um verbete que foi construído a 
partir do empréstimo da palavra literacy da língua inglesa. 
Essa tem origem no latim littera, que significa letra, mais o 
“sufixo cy que denota qualidade, condição, estado, fato de ser” 
(SOARES, 2004– A, p. 17).
literacy é o estado ou condição que assume aquele que 
aprende a ler e escrever. Implícita nesse conceito está a 
ideia de que a escrita traz consequências sociais, culturais, 
políticas, econômicas, cognitivas, linguísticas, quer para 
o grupo social em que seja introduzida, quer para o 
indivíduo que aprenda a usá-la (SOARES, 2004– A, p. 18).
Por isso, a autora diferencia alfabetização de letramento, 
pois esse último amplia o sentido de ser alfabetizado. 
Alfabetização, como já estudamos, está relacionada ao 
aprendizado de uma tecnologia de ler e escrever, “está 
132
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
ligada à instrução formal e às práticas 
escolares” (TFOUNI, 2005). Para Soares 
(2020), é o “domínio do sistema de 
representação que é a escrita alfabética 
e das normas ortográficas”, além de 
domínio de habilidades motoras e das 
convenções da escrita.
Portanto, letramento é um conceito 
muito mais amplo pois está relacionado às 
práticas sociais da leitura e escrita. É um 
termo que procura explicar o impacto da 
escrita na sociedade já que a alfabetização 
se tornou muito limitada para esclarecer 
esse fato social. “É o resultado da ação de 
ensinar ou de aprender as práticas sociais 
de leitura e escrita; o estado ou a condição 
que adquire um grupo social ou um 
indivíduo como consequência de ter-se 
apropriado da escrita e de suas práticas 
sociais” (SOARES, 2004– A, p. 39).
Para Tfouni (2005), enquanto a 
alfabetização se ocupa da aquisição 
da escrita por um indivíduo ou grupo 
Letramento é apropriar-se 
da leitura e da escrita 
como prática 
Fonte: Shutterstock
133
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-
históricos da aquisição de um sistema escrito por uma 
sociedade. Então, letramento foi construído a partir das 
necessidades da sociedade moderna. 
Soares (2004– A, p. 39) destaca a diferença de aprender 
a ler e a escrever e apropriar-se da leitura e da escrita: 
“aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a 
de codificar em língua escrita e de decodificar a língua escrita; 
apropriar-se da escrita é tornar a escrita própria, ou seja, 
assumi-la como sua propriedade”.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) reforçam o 
conceito de letramento como sendo o “produto da participação 
em práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico 
e tecnologia. São práticas discursivas que precisam da escrita 
para torná-las significativas, ainda que às vezes não envolvam 
as atividades específicas de ler ou escrever” (BRASIL, 2001).
Segundo Kleiman (1995, p. 19), “podemos definir hoje 
letramento como um conjunto de práticas sociais que usam a 
escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em 
contextos específicos, para objetivos específicos”. Em outro 
momento, a autora também escreveu que o termo letramento se 
refere “a um conjunto de práticas de uso da escrita que vinham 
134
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
modificando profundamente a sociedade, mais amplo que 
as práticas escolares de uso da escrita, incluindo-as, porém” 
(KLEIMAN, 2005, p. 21). 
Para Soares (2020), letramento são capacidades de uso 
da escrita para inserir-se nas práticas sociais e pessoais que 
envolvem a língua escrita, o que implica várias habilidades. 
Essas habilidades orientam a vida do sujeito de forma 
consciente ou não, para que alcance seus objetivos. Em tudo que 
fazemos, usamos a leitura e a escrita, veja os exemplos:
• para informação: lemos notícias em 
portais de notícias online;
• para interação com outros: lemos ou 
escrevemos cartas, e-mails ou mensagens 
em diferentes redes sociais;
• para imersão no imaginário e no estético: lemos 
narrativas, novelas, poemas, músicas e outros;
•para ampliação do conhecimento: 
lemos livros, artigos etc.;
135
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
• para diversão: jogamos jogos como caça-
palavras e palavras cruzadas;
• para orientação: lemos mapas, receitas, 
manuais ou outros textos instrucionais.
SAIBA MAIS
Estude mais sobre o conceito de letramento lendo a 
explicação que Magda Soares escreveu no artigo “Alfa-
betização e letramento: caminhos e descaminhos”. Por 
meio desta leitura você terá contato com um panorama 
histórico sobre a educação no nosso país; sobretudo ao 
que diz respeito à alfabetização em território nacional. 
Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/1
23456789/40142/1/01d16t07.pdf. Acesso em 18 fev. 2022.
Observe que em todas as definições de letramento que 
estudamos até agora, dois conceitos estão implícitos: práticas e 
usos da leitura e escrita. Isso quer dizer que todo estudo sobre 
letramento está relacionado com a função que a leitura e escrita 
exercem no cotidiano e no meio social. Por isso, não basta 
somente dominar um código, é preciso usar a escrita porque 
ser letrado é um estado ou condição de alguém que não apenas 
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40142/1/01d16t07.pdf
136
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que 
usam a escrita (SOARES, 2004).
Para compreendermos como a escrita e a leitura impactam 
nosso cotidiano, leia o poema de Kate M. Chong citado por 
Soares (2004). Esse poema foi publicado em inglês traduzido 
com adaptações para o português para facilitar o entendimento 
do leitor. Confira a figura 26:
Figura 26- Poema sobre letramento
O que é letramento?
Letramento não é um gancho em que se pendura cada som enunciado, 
não é treinamento repetitivo de uma habilidade, 
nem um martelo quebrando blocos de gramática. 
Letramento é diversão é leitura à luz de vela ou lá fora, à luz do sol. 
São notícias sobre o presidente, o tempo, os artistas da Tv 
e mesmo Mônica e Cebolinha nos jornais de domingo. 
É uma receita de biscoito, uma lista de compras,
recados colados na geladeira, um bilhete de amor, telegramas de parabéns e cartas de velhos amigos. 
É viajar para países desconhecidos, sem deixar sua cama, é rir e chorar com personagens, heróis e 
grandes amigos. 
É um atlas do mundo, sinais de trânsito, caças ao tesouro, 
manuais, instruções, guias, e orientações em bulas de remédios 
para que você não fique perdido. 
Letramento é, sobretudo, um mapa do coração do homem, 
um mapa de quem você é, e de tudo que você pode ser (SOARES, 2004).
Fonte: adaptado de Soares (2004).
137
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Nesse poema, a autora destaca a ideia de que letramento 
não é um processo exaustivo de treino mecânico da leitura ou 
um peso para aprender a língua. Pelo contrário, letramento é 
algo que atrai, diverte e fascina, pois é útil na vida do indivíduo 
e atende às suas necessidades. Portanto, a escola, ao ensinar a 
língua, deve considerar a alfabetização sob a perspectiva do 
letramento tornando um aprendizado real e significativo para o 
sujeito fora e dentro da sala de aula.
DIFERENCIANDO LETRAMENTO 
Vamos entender um pouco mais sobre letramento, 
compreendendo esse termo por meio de contraste e 
diferenciando-o de outros conceitos que já conhecemos. De 
início, consideremos que letramento não é um método, como 
muitos falam: “o método do letramento”. Segundo Kleiman 
(2005) não existe o método “letramento”, mas letrar é permitir 
que a criança seja inserida no mundo da escrita. A escola deve 
envolver o aluno em atividades que promovam os usos e 
funções da leitura e escrita, tais como:
• Adotar práticas diárias de leitura de livros, 
jornais e revistas em sala de aula;
138
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
• Organizar paredes, chão e 
mobília da sala de tal modo 
que textos, ilustrações, 
alfabeto, calendários, livros, 
jornais e revistas estejam ao 
alcance de todos os sentidos 
do aluno-leitor em formação;
• Fazer um passeio-leitura com 
os alunos pela escola e pelo 
bairro (KLEIMAN, 2005, p. 9).
Letramento, como já foi dito, é o 
resultado da ação de ensinar e aprender 
as práticas sociais da leitura e escrita, 
sendo assim, “qualquer que seja o 
método de ensino da língua escrita, é 
eficiente na medida em que se constitui 
na ferramenta adequada que permite 
ao aprendiz adquirir o conhecimento 
necessário para agir em uma situação 
específica” (KLEIMAN, 2005, p. 10). Ou 
seja, a despeito do caminho que o professor 
deseja seguir no processo de alfabetização, 
é necessário oferecer oportunidade para 
A ação de 
ensinar e 
aprender as 
práticas sociais 
da leitura e da 
escrita é igual a 
letramento.
139
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
o letramento do aluno (acesso a materiais reais de leitura). Para 
entender o que não é letramento, vamos estudar as ponderações 
de Kleiman (2005), considere a figura 27, a seguir:
Figura 27- O que letramento não é
 
Fonte: adaptado de Kleiman (2005).
Letramento também não é alfabetização, mas esses 
conceitos estão intimamente relacionados, porque a 
alfabetização deve acontecer no contexto das práticas de 
letramento e faz parte do conjunto de práticas sociais de uso da 
escrita da instituição escolar (KLEIMAN, 2005, p. 12).
Segundo Soares (2018), apesar de assumirem facetas 
distintas, não podemos dissociar alfabetização de 
letramento, por isso deve-se alfabetizar letrando. Para a 
autora, a aprendizagem inicial da língua escrita precisa ser 
140
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
desenvolvida em sua totalidade, pois essa é a real natureza 
“dos atos de ler e de escrever, em que a complexa interação 
entre as práticas sociais da língua escrita e aquele que lê 
ou escreve pressupõe o exercício simultâneo de muitas e 
diferenciadas competências. É o que se tem denominado 
alfabetizar letrando” (SOARES, 2018– A, p. 35). 
Para Colello (2010) alfabetizar e letrar são procedimentos 
de natureza diferente, mas que promovem a compreensão 
integral da língua inserindo o aluno no mundo da escrita.
Na escola, ensinar a ler e escrever é intensificar a inserção 
do aluno no contexto da cultura escrita, promovendo de 
maneia sistemática atividades que possam favorecer o seu 
processo de construção cognitiva, de tal modo que, desde o 
início, ele tenha de, simultaneamente, lidar com os aspectos 
notacionais (como se escreve) e discursivos (para quem ou 
para quê se escreve) da língua (COLELLO, 2010, p. 90).
Portanto, alfabetização e letramento são processos com 
características específicas, mas interdependentes, integrantes 
e indissociáveis. Os alunos “precisam ser alfabetizados para 
poder participar, de forma autônoma, das muitas práticas de 
letramento de diferentes instituições” (KLEIMAN, 2005, p. 16). 
141
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Letramento é um processo mais amplo do que a 
alfabetização, porém intimamente relacionado com a existência 
e influência de um código escrito (TFOUNI, 2005, p. 38). O 
aluno alfabetizado poderá ampliar o letramento à medida 
que exerce práticas sociais de leitura e escrita. Por isso, não 
podemos separar alfabetização de letramento; a compreensão 
dessas duas facetas do aprendizado da leitura e escrita tem um 
fim didático com o objetivo de ajudar o professor a enxergar a 
dimensão do processo de alfabetização. 
Ainda segundo Kleiman (2005) letramento não é uma 
habilidade, mas envolve um conjunto de habilidades e 
competências. Envolve múltiplas capacidades e conhecimentos 
pois em uma situação de uso da língua escrita muitos saberes 
são mobilizados. Essas habilidades e competências vão além do 
que é ensinado na escola.
Essa questão é descrita no livro Na vida dez, na escola 
zero, de Teresinha Nunes Carraher, David William Carraher e 
Analúcia Dias Schliemann, que mostra a realidade de crianças 
de rua que dominam conhecimentos e habilidades práticas 
de matemática, mas naescola não conseguem resolvê-los. 
Aprendem pelo uso, porque é prático e necessário, mas muitas 
vezes o que é ensinado na escola, por ser artificial, não é 
assimilado pelos alunos.
142
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Portanto o letramento é complexo, envolve muito mais 
do que uma habilidade (ou conjunto de habilidades) ou uma 
competência do sujeito que lê, mas múltiplas capacidades e 
conhecimentos (KLEIMAN, 2005, p. 18). Leitura competente 
não é uma habilidade unitária. É um completo e complexo 
sistema de habilidades e conhecimentos (ADAMS, 1990, apud 
SOARES, 2018, p. 37). 
Entendemos, então, que a alfabetização com todas as suas 
especificidades e as habilidades e competências da leitura e 
escrita forma a complexidade do letramento. Confira a figura 28:
Figura 28- Formação do letramento
LETRAMENTO
Competências
Habilidades
Alfabetização
 
Fonte: elaborada pela autora.
143
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Além de compreender a amplitude do significado de 
letramento, segundo Soares (2004) é necessário diferenciar 
quando um sujeito é letrado ou não. A proposta de alfabetizar 
e letrar considera-se que o indivíduo será, ao mesmo tempo, 
alfabetizado e letrado. No entanto, nem sempre acontece nessa 
sincronia. Vejamos como a autora define um analfabeto capaz 
de compreender usos e funções da escrita:
Um adulto poder ser analfabeto e letrado: não sabe ler nem 
escrever, mas usa a escrita: pede a alguém que escreva por 
ele, dita uma carta, por exemplo. (...) Não sabe ler e escrever, 
mas conhece as funções da escrita, e usa-as, lançando mão 
de um instrumento que é alfabetizado (que funciona como 
um máquina de escrever); pede a alguém que leia para 
ele a carta que recebeu, ou uma notícia de jornal, ou uma 
placa na rua, ou a indicação do roteiro de um ônibus (...). 
É analfabeto, mas é, de certa forma, letrado, ou tem um 
certo nível de letramento (SOARES, 2004– A, p. 47).
Um exemplo desta situação foi retratado no filme 
“Central do Brasil” escrito por João Emanuel Carneiro e 
Marcos Bernstein e conta a história de vida de uma professora 
aposentada que escreve cartas para pessoas analfabetas na 
estação Central do Brasil. As pessoas sabiam a função e os usos 
desse gênero textual, apesar de não saberem ler e escrever. 
Segundo Colello (2010, p. 87):
144
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
o analfabeto letrado, embora incapaz de ler e escrever, tem 
razoável compreensão da língua (por exemplo, reconhecendo 
sua forma mais típica em oposição à oralidade ou ainda 
lidando com as funções e suportes, como é o caso de um 
analfabeto que dita uma cara ou sabe em qual caderno 
do jornal vai encontrar as informações sobre esporte).
Atualmente, podemos observar sujeitos com rudimentos 
de alfabetização, mas utilizam redes sociais por meio de 
gravação de mensagens por áudio ou utilizam emojis para 
interagir com outras pessoas. No entanto, o analfabeto letrado 
sofre muito mais exclusão, pois, como não domina a escrita, 
não pode participar nas práticas sociais (TFOUNI, 2005, p. 
87). Esse sujeito precisa de conhecimentos específicos da 
língua, conhecer o sistema de escrita alfabético para que possa 
ampliar o seu grau de letramento.
Outra diferença entre alfabetizado e letrado são as crianças 
que ainda não tiveram acesso à escola, não sabem ler e escrever, 
mas já compreenderam a função da escrita no seu cotidiano; é o 
que relata Soares (2004, p. 47):
uma criança que vive num contexto de letramento, que 
convive com livros, que ouve histórias lidas por adultos, 
que vê adultos lendo e escrevendo cultiva e exerce práticas 
de leitura e de escrita: toma um livro finge que está lendo 
145
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
(...) toma papel e lápis e “escreve” uma carta, uma história. 
Ainda não aprendeu a ler e escrever, mas é, de certa 
forma, letrada, tem já um certo nível de letramento.
Essa é a experiência descrita na história do João (O 
menino que aprendeu a ver, de Ruth Rocha). Ele observava 
e presenciava diferentes situações de leitura e escrita em seu 
cotidiano, por isso já tinha um nível de letramento. Essa vivência 
faz toda diferença na alfabetização, pois segundo Di Nucci (2001, 
p. 60) o indivíduo “não aprende a escrever a partir do domínio 
do código, mas a partir da função que a escrita exerce em seu 
cotidiano, o que o caracteriza como indivíduo letrado”. Quando 
a criança vive em um ambiente onde a escrita está presente, ela 
passa a ter um certo nível de letramento mesmo antes de ir para 
a escola. Observe a imagem da figura 29:
Figura 29- Desenho representativo
Fonte: elaborada pela autora.
146
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A imagem da figura 29 é uma lista de 
compras elaborada por uma criança de 
4 anos quando a mãe falou que iriam ao 
supermercado. Em sua lista de compras, 
cada item foi representado por uma 
letra. A criança, então, fez uma relação 
de um para um: um item – uma letra. A 
criança ainda não era alfabetizada e não 
frequentava a escola regular, mas por 
sempre presenciar a mãe elaborando lista 
de compras para ir ao supermercado, já 
compreendeu uma das funções sociais da 
escrita: apoio à memória.
Isso faz dessa criança um sujeito 
letrado, ou com certo grau de letramento, 
sem saber ler e escrever. A vivência 
da criança em um ambiente rico em 
experiências de letramento, favorece a sua 
compreensão do código escrito. Ainda, 
segundo Soares (2004), o sujeito pode ser 
alfabetizado, mas não ser letrado, ou seja, 
“Sabe ler e escrever, mas não cultiva nem 
exerce práticas de leitura e de escrita, 
não lê livros, jornais, revistas, ou não 
A vivência da 
criança em 
um abiente 
que fornece 
experiências 
de letramento 
reforça a sua 
compreensão 
da escrita.
147
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
é capaz de interpretar um texto lido: tem dificuldades para 
escrever uma carta, até um telegrama – é alfabetizada, mas não 
é letrada” (SOARES, 2004, p.47).
SAIBA MAIS
A família pode ser responsável por desenvolver o letra-
mento na criança mostrando os usos e funções da escri-
ta. Veja neste vídeo diferentes situações pelas quais as 
crianças foram inseridas num contexto de letramento 
antes de ir à escola.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-
f9yimX5eDDc. Acesso 18 fev. 2022.
Um sujeito com baixa escolaridade também se encontra 
nesta situação, pois não pratica ou usa os conhecimentos 
adquiridos na escola. Crianças de pais analfabetos têm maior 
dificuldade de serem alfabetizadas, pois não presenciam 
eventos de letramento em seu cotidiano. Os pais não leem ou 
escrevem e como não compreendem a função da leitura e da 
escrita, não valorizam essa cultura.
White (1962) valoriza a importância de os pais lerem para 
os filhos, pois além da relação afetiva, colabora no processo de 
letramento. Segundo a autora, os pais e mães “devem tomar 
tempo para ler a vossos filhos e formar um círculo familiar de 
 https://www.youtube.com/watch?v=f9yimX5eDDc
148
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
leitura” (WHITE, 1962, p. 38). Ou seja, a 
criança precisa ser alfabetizada e inserida 
no munda da cultura escrita, isso faz dela 
um sujeito letrado (SOARES, 2018, p. 33).
Colello ainda destaca uma outra 
condição: o alfabetizado pouco letrado. Seria 
aquele sujeito que, “mesmo conhecendo 
o código da escrita, mostra-se inábil no 
manejo de suas práticas” (COLELLO, 
2010, p. 87-88). Isso ocorre quando o 
aluno utiliza a leitura e escrita apenas no 
ambiente escolar “vislumbrando poucas 
possibilidades funcionais de uso em práticas 
sociais de lazer ou de trabalho” (COLELLO, 
2010, p. 88). Por isso é importante o 
professor trazer o mundo da criança para a 
sala de aula, mostrando que o aprendizado 
da escola é útil fora da escola.
O LETRAMENTO NA ESCOLA
Vamos recordar a história do João 
(ROCHA, 1998). João era curioso e 
Quando o 
sujeito é 
alfabetizado 
e letrado 
há maior 
possibilidade 
de cultivar 
e exercer as 
práticas sociais 
de umacultura 
letrada.
149
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
observador daqueles símbolos estranhos que visualizava na 
rua ou em casa. Um dia, a mãe dele disse que precisava ir para 
a escola para aprender a ler as letras e os números. O papel da 
escola no processo, tanto de alfabetização como letramento, é 
muito importante.
A escola é considerada a principal agência de letramento, 
pois oportuniza o contato do aluno com diferentes dimensões 
de letramento: a dimensão individual ou modelo autônomo 
e a dimensão social ou modelo ideológico. Na dimensão 
individual, a leitura é vista como um conjunto de habilidades 
linguísticas e psicológicas que se estendem desde a habilidade 
de decodificar palavras escritas até a capacidade de 
compreender textos escritos (SOARES, 2004- B, p. 31). 
Além da interpretação de textos, o letramento envolve 
habilidade de traduzir em sons sílabas até habilidade cognitiva 
e metacognitiva. Ou seja, outros conhecimentos da língua 
que envolvem desde aquisição de habilidades técnicas até a 
compreensão de diferentes textos.
Na concepção de Mortatti, o modelo autônomo do 
letramento é “considerar as atividades de leitura e escrita 
como neutras e universais, independentes dos determinantes 
culturais e das estruturas de poder que as configuram, no 
150
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
contexto social” (MORTATTI, 2004, p. 102). Para essa autora, o 
modelo autônomo ou a dimensão individual caracteriza uma 
pessoa “alfabetizada, ou seja, que domina a ‘tecnologia’ do ler e 
escrever” (MORTATTI, 2004, p. 103).
Segundo Colello, essa dimensão da escrita, na escola, 
é vista como um sistema independente e completo, e a 
interpretação é compreendida pela lógica intrínseca do texto. 
Há uma valorização da escrita aprendida na escola, e aqueles 
que não alcançam esse aprendizado, são vistos como incapazes 
(COLELLO, 2010, p. 82-83).
Vamos entender o modelo autônomo ou dimensão 
individual na história do João. Ele agora vai para a escola e 
adquire outras informações sobre a leitura e escrita. Antes, 
aprendia por meio de situações informais e práticas sociais, mas 
na escola o aprendizado é formal e intencional.
Segundo Kleiman (1995, p. 25) esse modelo é uma 
consequência do processo de escolarização, ou seja, ele é ensinado. 
A professora apresenta conceitos que João ainda não dominava, 
mas que poderiam contribuir com seus conhecimentos e vivências 
sobre a escrita. “A professora era uma moça alta, de óculos 
redondos. Ela mostrava às crianças uns cartazes coloridos, assim” 
(ROCHA, 1998, p. 14) como o ilustrado pela figura 30:
151
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Figura 30 - Ilustração didática
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Fonte: adaptado de Rocha (1998, p. 14 – 17).
A experiência de João na escola oportunizou o contato 
com símbolos da escrita permitindo que pudesse “enxergar” 
as letras por onde andava. Ou seja, a escola, no papel da 
professora como agente de letramento, ofereceu informações 
152
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
para o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita. O 
professor passa a ser um intermediário para o desenvolvimento 
da autonomia da leitura.
No modelo ideológico ou na dimensão social, o letramento 
passa a ser visto mais como uma prática social do que como 
unicamente pessoal. Segundo Kleiman (1995, p. 38) esse modelo 
de letramento apresenta aspectos tanto culturais como das 
estruturas de poder numa sociedade.
Para Soares (2004- A, p. 72), o “letramento não é pura e 
simplesmente um conjunto de habilidades individuais; é um 
conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que 
os indivíduos se envolvem em seu contexto social”. Mortatti 
(2004, p. 105) reforça que “leitura e escrita são consideradas 
atividades eminentemente sociais, que variam no tempo e 
no espaço e dependem do tipo de sociedade, bem como dos 
projetos políticos, sociais e culturais em disputa. Para Colello 
(2010, p. 83) o modelo
ideológico admite que a escrita não pode ser dissociada de seu 
contexto sócio-histórico de produção e interpretação, assumindo 
significados variados em diferentes contextos. É nas práticas sociais 
que a linguagem ganha sentido, assume valores e é reconhecida, 
o que põe em evidência as estruturas de poder da sociedade. 
153
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Portanto, a dimensão ideológica/social do letramento permite 
que o sujeito identifique os usos e funções da leitura e escrita 
nos distintos ambientes e eventos que vivencia. Nesta dimensão, 
a leitura e escrita não podem ser dissociadas dos seus usos e 
finalidades para que a prática do estudo da língua seja significativo.
Na história do João, o domínio da dimensão individual 
ou autônoma permitiu que pudesse exercer práticas de leitura 
em seu cotidiano. Ele já possuía um grau de letramento pois 
entendemos que, como pertencia a uma sociedade letrada, tinha 
contato com o texto escrito em diferentes eventos. Então, esse 
conhecimento proporcionou uma compreensão social da leitura 
e escrita favorecendo seu processo de alfabetização.
A medida que João ia aprendendo os sistema de escrita 
alfabético na escola, ele aplicava no seu cotidiano identificando 
os novos conhecimentos em situações que já vivenciava. A cada 
novo aprendizado, agregava aos conhecimentos já adquiridos:
E o milagre continuava acontecendo. Cada letra que João ia 
aprendendo ia logo aparecendo em tudo que era lugar. João 
saía da escola e se punha a procurar. E assim João viu surgir 
nas placas e nos pacotes, nos ônibus e nos postes, tudo que 
ele aprendia. Até que chegou um dia em que João olhou a 
placa na rua onde ele morava. E lá estava: Rua do Sol. 
154
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Reunindo aquelas letras, formou-se o nome que João já 
conhecia: Rua do Sol. E de repente, João compreendeu:
- Gente, eu já sei ler!” (ROCHA, 1998, p. 30 – 33).
A professora de João estava preocupada com a dimensão 
individual/autônoma pois ensinava o domínio de uma 
tecnologia, aspectos específicos da língua escrita, mas como o 
menino já estava inserido em eventos de letramento no cotidiano, 
os novos aprendizados ampliaram a dimensão social/ideológica.
Entendemos que o papel da escola, como a principal 
agência de letramento, é fundamental no ensino 
de conceitos formais, mas há outras agências que 
proporcionam práticas de letramento como a família, a 
igreja ou ambientes de trabalho (KLEIMAN, 1995, p. 20). No 
caso do João, o ambiente familiar proporcionou eventos de 
letramento favorecendo o processo de alfabetização.
Uma vez que em casa a criança observa os pais ou 
responsáveis em situações que envolvem leitura e a escrita, 
o aprendizado da língua torna-se muito mais significativo. 
As crianças que não conseguem sucesso na leitura e escrita 
são as que não encontram sentido, pois não querem ler e 
155
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
nem veem utilidade nesta atividade (SMITH, 1999, p. 14). 
Segundo Smith (1999, p. 118), “as crianças não aprendem 
a ler para encontrar sentido na escrita. Elas se empenham 
para encontrar sentido na escrita e, como consequência, 
aprendem a ler”. Acompanhe a figura 31:
Figura 31- Letramento envolve
Fonte: elaborada pela autora.
Letramento e alfabetização devem caminhar juntos no 
processo de aprendizagem da língua escrita. É preciso entender 
os aspectos tecnológicos da língua como: habilidades motoras 
(pegar no lápis, direção de escrita, movimento do lápis para 
escrever as letras etc.) e aspectos cognitivos e linguísticos 
próprios da língua. Mas é necessário também saber ler diferentes 
tipos de textos, saber em que situaçãoos usar, como entender e 
interpretar, e produzir textos adequados aos diferentes contextos 
de uso— isso é letramento. Segundo Soares (2020, p. 27):
156
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Alfabetização e letramento são processos cognitivos e 
linguísticos distintos, portanto, a aprendizagem e o ensino 
de um e de outro é de natureza essencialmente diferente: 
entretanto, as ciências em que se baseiam esses processos e a 
pedagogia por elas sugeridas evidenciam que são processos 
simultâneos e interdependentes. A alfabetização – a aquisição 
da tecnologia da escrita – não precede nem é pré-requisito para 
o letramento, ao contrário, a criança aprende a ler e escrever 
envolvendo-se em atividades de letramento, isto é, de leitura e 
produção de textos reais, de práticas sociais de leitura e escrita.
SAIBA MAIS
É fundamental que o professor esteja ciente do que é 
alfabetizar e letrar e que esses conceitos sejam reais e 
sua prática e trabalho em sala de aula devem favorecer a 
alfabetização sob a perspectiva do letramento. Entenda 
um pouco mais sobre essa prática assistindo às orienta-
ções da professora Magda Soares.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v =k5N-
FXwghLQ8. Acesso em: 18 de fev. 2022.
A escola, por meio do professor, tem a responsabilidade 
de inserir a criança em um processo de aprendizagem 
favorecendo eventos de letramento e aprendizado da 
especificidade da língua. O professor alfabetizador deve ter 
consciência de que alfabetização e letramento são fenômenos 
https://www.youtube.com/watch?v=k5NFXwghLQ8
157
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
complexos e indissociáveis. Ou seja, “as práticas em sala 
de aula devem estar orientadas de modo que se promova a 
alfabetização na perspectiva do letramento” (CASTANHEIRA; 
MACIEL; LÚCIO, 2008, p. 15).
O professor precisa compreender que o ensino da língua 
não é apenas uma decodificação, mas práticas de sala de 
aula que promovam os usos da leitura e escrita em diferentes 
contextos. “O modo como o professor conduz seu trabalho é 
crucial para que a criança construa o conhecimento sobre o 
objeto escrito e adquira certas habilidades que lhe permitirão o 
uso efetivo do ler e do escrever em diferentes situações sociais” 
(CASTANHEIRA; MACIEL; LÚCIO, 2008, p. 31).
Por isso, o professor precisa estar consciente do 
processo de alfabetização como uma prática letrada. A 
formação do alfabetizador deve ser orientada para que ele 
se aproprie do conceito de alfabetizar e letrar. No entanto, 
não basta apenas entender esses conceitos teoricamente, é 
preciso praticar em sala de aula.
De acordo com Castanheira, Maciel e Lúcio (2008, p. 16-17) o 
que se observa é o distanciamento entre teoria e prática, ou seja, 
o professor entende o conceito de letramento, a necessidade de 
interação com materiais reais de leitura e escrita, mas na prática 
158
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
acabam recorrendo aos pseudotextos como 
recursos de treino de leitura.
Isso não irá fazer do aluno um sujeito 
letrado, pois esses textos não fazem parte do 
cotidiano do aluno. Outros acreditam que 
primeiro a criança precisa ser alfabetizada 
para depois ser letrada. Entretanto, 
observamos que o letramento é um processo 
que pode acontecer antes mesmo da 
criança frequentar a escola, como vimos 
exemplificado na história do Joãozinho.
LETRAMENTO: BNCC E PNA
O conceito de letramento pode ser 
observado em diferentes documentos 
nacionais que orientam a prática em sala 
de aula. Destacaremos as contribuições 
dos Parâmetros curriculares nacionais 
(PCNs), Base nacional comum curricular 
(BNCC), pacto nacional pela alfabetização 
na idade certa (PNAIC) e a Política 
nacional de alfabetização (PNA). Esses são 
PSEUDOTEXTO
Segundo o alb.org, pseudotex-
tos são “frases soltas, isoladas, 
as quais não chegam a cons-
tituírem textos carregados de 
sentido” Fonte: https://alb.org.
br/arquivo-morto/anais-jornal/
jornal1/comunicacoes/O%20
PROFESSORLENDO%20E%20
FORMANDO%20LEITORES.htm. 
Acesso em: 18 fev. 2022.
https://alb.org.br/arquivo-morto/anais-jornal/jornal1/comunicacoes/O%20PROFESSORLENDO%20E%20FORMANDO%20LEITORES.htm
159
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
documentos que orientam e apoiam o alfabetizador na reflexão 
da prática educativa.
O PCN para a língua portuguesa (LP) destaca a 
importância de que o ensino da língua possibilite a plena 
participação social. A aprendizagem da língua é um “projeto 
educativo comprometido com a democratização social e 
cultural atribuída à escola a função e a responsabilidade de 
garantir a todos os seus alunos acesso aos saberes linguísticos 
necessários ao exercício da cidadania, direito inalienável a 
todos” (BRASIL, 2001, p. 23).
A escola deve promover o letramento permitindo que 
o aluno seja capaz de entender e interpretar o que lê nos 
diferentes contextos. Nos PCNs, letramento é visto como 
resultado da participação em práticas sociais de leitura e escrita 
ampliado pelo domínio do sistema alfabético. De acordo com 
o documento “são práticas discursivas que precisam da escrita 
para torná-las significativas” (BRASIL, 2001, p. 23).
Ainda segundo esse documento, o aluno deve ser usuários 
competente da escrita para poder participar efetivamente em 
práticas sociais que envolvam a leitura e a escrita. O PCN da 
LP está organizado em “dois eixos de práticas de linguagem: 
as práticas de uso da linguagem a as práticas de reflexão sobre 
160
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
a língua e a linguagem” (ROJO, 2000, p. 
29). Portanto, a concepção de letramento 
permeia toda a proposta de ensino da 
língua neste documento.
Para que isso aconteça, a interação 
com práticas discursivas faz parte 
do ensino da língua. Tanto nos PCNs 
(BRASIL, 2001, p. 25–35) como na BNCC 
(BRASIL, 2018, p. 67) apresenta-se a 
centralidade do texto no ensino da língua. 
O letramento acontece quando o aluno 
presencia o uso de diferentes gêneros 
textuais em sala de aula relacionando o 
texto ao seu contexto de produção.
A proposta do ensino da língua sob 
a perspectiva do letramento é trazer o 
cotidiano do aluno para a sala de aula. 
Pois este aluno está cercado de materiais 
escritos: rótulos de produtos, outdoors, 
embalagens, folhetos, preços, cartazes, 
listas, livros, cartões, revistas e até na 
própria roupa. Por isso o professor deve 
trazer para sala de alfabetização textos 
PRÁTICAS DISCURSIVAS
São ações realizadas em sala de 
aula que promovam a interação 
de usos da língua em atividades 
orais e escritas entre os alunos.
161
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
familiares às crianças, que façam parte do seu cotidiano 
(BRASIL, 2001, p. 83).
Desta forma, a criança percebe a relação entre o mundo dela e a 
escola, ou seja, o que se aprende na escola é útil fora dela. Os PCNs 
sugerem algumas sugestões de textos atrativos e significativos 
para serem explorados em sala de aula, como parlendas, contos, 
quadrinhas, cartas, bilhetes, entre outros (BRASIL, 2001, p. 128).
O PCN da LP orienta que o professor faça uso de textos 
reais na alfabetização, “pois os materiais para ensinar a ler não 
são bons para aprender a ler” (BRASIL, 2001, p. 56). A interação 
com diferentes materiais de leitura que pertencem ao cotidiano 
do aluno enriquece o letramento e cria um vínculo entre 
escola e o cotidiano. “A leitura, como prática social, é sempre 
um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma 
necessidade pessoal. Fora da escola, não se lê só para aprender 
a ler, não se lê de uma única forma” (BRASIL, 2001, p. 57).
A prática de leitura não são atividades de leitura, 
embora possa ocorrer perguntas de entendimento do texto, 
mas devem ser propostas para que de fato sejam práticas 
de leitura. Essas práticas têm o objetivo de formar leitores e 
escritores competentes que compreendam as funções e usos da 
diversidade de textos que circulam socialmente.
162
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Desenvolver bons leitores exige esforço paraque vejam 
a leitura como “algo interessante e desafiador, algo que, 
conquistado plenamente, dará autonomia e independência” […] 
“Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler 
não é uma prática pedagógica eficiente” (BRASIL 2001, p. 58).
A BNCC dá continuidade à proposta dos PCNs em relação 
a alfabetização. Neste documento há uma preocupação em 
garantir aos alunos o desenvolvimento de competências 
específicas de língua portuguesa em consonância com as 
competências específicas de linguagem (BNCC, 2018, p. 86).
As competências para LP, em sua essência, estão voltadas 
para a formação de um aluno letrado, como pode ser observado 
na descrição das competências na figura 32. Essas competências 
ampliam a participação dos estudantes em práticas de diferentes 
campos de atividades e de pleno exercício da cidadania.
Figura 32- Competências específicas de LP para o ensino fundamental
1
Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, 
heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de 
construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem. 
2
Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como forma de interação 
nos diferentes campos de atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas 
possibilidades de participar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive 
escolares) e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social.
163
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
3
Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em 
diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência 
e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, 
ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.
4
Compreender o fenômeno da variação linguística, demonstrando atitude respeitosa 
diante de variedades linguísticas e rejeitando preconceitos linguísticos.
5
Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de linguagem adequados à 
situ-ação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual.
6
Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados em interações sociais 
e nos meios de comunicação, posicionando-se ética e criticamente em relação a 
conteúdos discriminatórios que ferem direitos humanos e ambientais.
7
Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negociação de sentidos, 
valores e ideologias.
8
Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo com objetivos, 
interesses e projetos pessoais (estudo, formação pessoal, entretenimento, 
pesquisa, trabalho etc.).
9
Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento 
do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações 
artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário 
e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da 
experiência com a literatura.
10
Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas 
digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de 
compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes 
projetos autorais.
Fonte: BNCC (2018, p. 65).
164
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Nota-se que, além de apresentar a importância do 
letramento, o aprendizado da especificidade da língua deve ser 
trabalhado tornando o aluno alfabetizado e letrado. Essa ação 
pedagógica deve ter como base a centralidade do texto, ou seja, 
o processo de aquisição da língua escrita se dá a partir do texto.
Evidentemente, os processos de alfabetização e ortografização 
terão impacto nos textos em gêneros abordados nos anos 
iniciais. Em que pese a leitura e a produção compartilhadas 
com o docente e os colegas ainda assim, os gêneros propostas 
para leitura/escuta e produção oral, escrita e multissemiótica, 
nos primeiros anos iniciais, serão simples, tais como listas (de 
chamada, de ingredientes, de compras), bilhetes, convites, 
fotolegenda, manchetes e lides, listas de regras da turma etc., 
pois favorecem um foco maior na grafia, complexificando-se 
conforme se avança nos anos iniciais (BRASIL, 2018, p. 93).
A proposta para o ensino da língua na BNCC é organizada 
por eixos apresentando diferentes experiências e perspectivas 
para a alfabetização. As diferentes práticas letradas que o aluno 
já vivenciou, tanto em casa como na educação infantil, serão 
ampliadas e intensificadas no processo de escolarização.
O propósito desses eventos de letramento é preservar a 
inserção na vida, como práticas de eventos motivados (BRASIL, 
2018, p. 89). A BNCC orienta as práticas de letramento na escola 
165
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
por meio dos eixos destacando o conhecimento a ser abordado 
para a que o ensino da língua seja trabalhado nos diferentes 
aspectos. Confira a figura 33:
Figura 33 - Eixos
EIXOS
Oralidade
Análise linguística e 
semiótica 
Leitura/Escuta Produção de textos
Conhecimento e uso 
da língua oral em 
interações discursivas.
Sistematização da 
alfabetização.
Ampliação do 
letramento por meio de 
estratégias de leitura.
Ampliação do letra-mento 
por meio de estratégias 
de produção de diferentes 
gêneros textuais.
Fonte: BNCC (2018, p. 89).
Observa-se na figura 33 os conhecimentos a serem 
trabalhados em cada eixo com a intenção de ampliar o 
letramento, pois o ensino da língua escrita, também na 
alfabetização, deve ser integral contemplando todos esses 
eixos. Além disso, o documento apresenta a ideia de múltiplos 
letramentos possibilitando a inserção dos alunos em práticas 
diversificadas de linguagens.
A Política nacional de alfabetização (PNA), no entanto, 
apresenta uma proposta de letramento bem similar aos demais 
documentos, mas utiliza uma outra nomenclatura: literacia. 
Segundo este documento, “literacia é o conjunto de conhecimentos, 
166
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
habilidades e atitudes relacionados à leitura e escrita, bem como 
sua prática produtiva. […] se reveste de especial importância como 
fator para o exercício pleno da cidadania” (BRASIL, 2019, p. 21). O 
PNA entende que habilidades de leitura e escrita acontecem antes 
da alfabetização e apresenta níveis de literacia. Utilizam os modelos 
dos autores Timothy e Cynthia Shanahan; confira a figura 34:
Figura 34- Níveis de literacia
Na base da pirâmide (da 
pré-escola ao fim do 1º ano 
do ensino fundamental).
Literacia básica: que inclui a aquisição das habilidades 
fundamentais para a alfabetização (literacia emergente), 
como o conheci-mento de vocabulário e a consciência 
fonológica, bem como as habilidades adquiridas durante 
a alfabetização, isto é, a aquisição das habilidades de 
leitura (decodificação) e de escrita (codificação). No 
processo de aprendizagem, essas habilidades básicas 
devem ser consolidadas para que a criança possa acessar 
conhecimentos mais complexos.
No segundo nível (do 
2º ao 5º ano do ensino 
fundamental).
Literacia intermediária: que abrange habilidades mais 
avançadas, como a fluência em leitura oral, que é necessária 
para a com-preensão de textos.
No topo da pirâmide (do 6º 
ano ao ensino médio). 
Literacia disciplinar: onde se encontram as habilidades 
de leitura aplicáveis a conteúdos específicos de disciplinas, 
como geografia, biologia e história
Fonte: Brasil (2019, p. 21).
167
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
Esse documento apresenta o letramento emergente quando 
a criança já tem acesso à leitura e escrita antes de ir para a 
escola. A criança em casa ou na pré-escola entra em contato com 
diferentes práticas de linguagem tanto oral como escrita, como: 
ouvir histórias cantar músicas, recitar poema, entre outras; o 
que facilita o processo de alfabetização.
Portanto, esses eventos podem acontecer em práticas 
formais ou informais por meio de atividades lúdicas antes 
mesmo da criançasaber ler e escrever (BRASIL, 2019, p. 
22). O PNA também destaca o papel da família como fonte 
de literacia impactando o rendimento escolar da criança. E 
sugere que a família proporcione atividades como:
a conversa com a criança, a narração de histórias, o 
manuseio de lápis e giz para as primeiras tentativas de 
escrita, o contato com livros ilustrados, a modelagem 
da linguagem oral desenvolvimento do vocabulário 
receptivo e expressivo em situações cotidianas e nas 
brincadeiras, os jogos com letras e palavras, além de 
muitas outras que se podem fazer em casa ou fora dela, 
na comunidade e em bibliotecas (BRASIL, 2019, p. 23).
168
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
SAIBA MAIS
A Política nacional de alfabetização (PNA) foi um docu-
mento instituído pelo Decreto n. 9.765 de 11 de abril de 
2019. Apresenta os conhecimentos básicos de base cien-
tífica que devem ser dominados pela criança no processo 
de alfabetização, tanto na área de leitura e escrita como 
na matemática. Leia o documento e conheça mais sobre o 
pensamento desta política para o ensino da língua.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/images/ban-
ners/caderno_pna_final.pdf. Acesso em: 18 fev. 2022.
Outro programa que destaca a importância do 
letramento no processo de alfabetização é o Pacto 
nacional pela alfabetização na idade certa (PNAIC). Este 
foi um programa de orientação e apoio aos professores 
alfabetizadores em sua formação continuada.
A intenção deste programa é que todas as crianças 
fossem alfabetizadas até os 8 anos de idade. Para o PNAIC, a 
alfabetização também acontece sob a perspectiva do letramento 
numa abordagem interdisciplinar, pois e “busca favorecer 
situações propícias de aprendizagem do funcionamento do 
sistema de escrita alfabética, de modo articulado e simultâneo 
http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf
169
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
às aprendizagens relativas aos usos sociais da escrita e da 
oralidade “(BRASIL, 2015, p. 7).
Dessa forma, a PNAIC afirma que “alfabetização é o 
processo em que as crianças aprendem não somente a ler 
e a escrever, mas também a falar e a escutar em diferentes 
contextos sociais, e que a leitura, a escrita, a fala e a escuta 
representam meios de apropriação de conhecimentos relevantes 
para a vida” (BRASIL, 2015, p.7).
Vemos que nesse documento também há uma 
preocupação não apenas com o ensino do sistema de escrita 
alfabético, mas com a inserção da criança em um ambiente 
de letramento. O PNAIC procura promover discussões e 
reflexão sobre o processo de alfabetização e letramento para 
que os alfabetizadores compreendam que esses são processos 
indissociáveis, isto é, não acontecem separadamente. Segundo 
Chraim e Maria (2016, p. 162):
alfabetização e letramento não manteriam entre si relações 
de complementaridade – alfabetização com letramento 
– ou de finalidade – alfabetização para o letramento ou 
outras congêneres; as relações seriam de integração, 
alfabetização e letramento constituindo um mesmo todo, 
170
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
mas em relações específicas, porque não nos parece mais 
possível colocar alfabetização e letramento lado a lado.
Portanto, os PCNs, a BNCC, a PNA e o PNAIC caminham 
sob a mesma orientação para a alfabetização: alfabetizar letrando. 
Na prática escolar deve haver uma integração entre ensino do 
sistema de escrita alfabético e o letramento para que o aluno tenha 
o domínio da especificidade da língua e seus usos e funções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante este estudo, analisamos um outro lado do processo 
de aquisição da leitura e escrita diferente do tradicional 
conceito de alfabetizar, pois não basta apenas o domínio 
da especificidade da língua para o sujeito ser considerado 
plenamente alfabetizado, é preciso letrar. 
Por isso, para a inserção da criança no mundo da escrita, é 
necessário dominar aspectos linguísticos da língua escrita, mas 
também compreender que é um veículo de interação e apresenta 
usos, funções e valores socioculturais. Portanto, o indivíduo deve 
ser alfabetizado sob a perspectiva do letramento.
Alfabetizar e letrar é permitir que a criança tenha capacidade 
de usar a escrita para inserir-se nas práticas sociais e pessoais 
171
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
que envolvem a língua escrita. Isto quer dizer que o letramento 
apresenta uma dimensão individual e social, pois o leitor 
competente terá autonomia em participar de práticas sociais de 
leitura e escrita em diferentes situações do seu cotidiano.
Entendemos que letramento é o resultado da ação de 
ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e escrita. O 
alfabetizador precisa considerar que, a despeito do caminho 
que escolher para o ensino da língua escrita, deve oportunizar 
ao aluno acesso a textos reais e significativos, que façam parte 
do seu dia a dia. Quando a criança participa de um ambiente 
letrado, o aprendizado da leitura e escrita faz mais sentido.
Vimos que o papel do professor como agente de 
letramento é fundamental para alfabetizar e letrar. No entanto, 
a compreensão desses conceitos não pode ser construída 
apenas com base na teoria, deve ser aplicada em sala de aula 
permitindo que o aluno seja capaz de entender e interpretar o 
que lê nos diferentes contextos.
Por fim, compreendemos que a formação do professor/
alfabetizador fundamenta-se em um trabalho consciente, 
estabelecendo uma relação entre teoria e prática para promover 
um aprendizado efetivo da língua: a alfabetização sob a 
perspectiva do letramento.
172
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
RESUMO
Nesta unidade, aprendemos que:
• a leitura e a escrita fazem parte do nosso cotidiano 
porque vivemos em uma sociedade rodeada por 
material escrito. Portanto, para a inserção da criança 
no mundo da escrita, três principais facetas devem ser 
consideradas: linguística, interativa e sociocultural;
• a linguística indica conhecimentos específicos 
da alfabetização. As outras duas facetas, 
interativa e sociocultural, são consideradas como 
letramento pois destacam, respectivamente, a 
língua como veículo de interação dos sujeitos 
e os usos e funções no contexto social;
• compreender e diferenciar alfabetização e letramento 
no processo de aquisição da língua escrita é essencial 
para a ação pedagógica. Por isso, a alfabetização 
deve acontecer sob a perspectiva do letramento. 
• letramento é o conjunto de práticas sociais que usam 
a escrita e alfabetização como o domínio do sistema 
de escrita alfabético e as especificidades da língua;
173
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER E ENSINAR A LER E A ESCREvER 
• o letramento e a alfabetização, apesar de assumirem papéis 
distintos no processo de aquisição da língua escrita, eles 
são indissociáveis. Isto quer dizer que o alfabetizador, 
como agente de letramento, deve alfabetizar e letrar. Para 
isso deve compreender as dimensões ou os modelos de 
letramento: individual ou autônomo e ideológico ou social. 
Desta forma o letramento será ampliado, pois quando a 
criança tem autonomia na leitura e na escrita, ela é capaz de 
participar das práticas de letramento de forma mais efetiva;
• o conceito de letramento é destacado nos diferentes 
documentos nacionais que orientam a prática da 
alfabetização (PCNs, a BNCC, o PNAIC e a PNA);
• os PCNs, a BNCC, o PNAIC e a PNA são documentos 
que direcionam e apoiam o trabalho do alfabetizador 
propondo uma reflexão da prática em sala de aula. 
Observamos que estes documentos caminham 
sob a mesma orientação: alfabetizar letrando.
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
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TFOUNI, L. V. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 2005.
WHITE, E. Orientação a criança. São Paulo: CPB, 1962.
	Alfabetização: a história sobre como ensinar 
a ler e a escrever
	Introdução
	Alfabetização: conhecendo 
a história da escrita ao 
longo dos tempos
	Conceito de alfabetização
	Métodos sintéticos
	Método alfabético
	Método fônico
	Método silábico
	Métodos analíticos 
de alfabetização
	Método da palavração
	Método da sentenciação
	Método do conto
	A didática das cartilhas utilizadas para o ensino da leitura e da escrita
	Considerações finais
	Referências
	Como a criança aprende 
a escrever e ler
	Introdução
	A ressignificação do ensino 
da leitura e da escrita
	Psicogênese da língua escrita
	Definindo psicogênese da língua escrita
	Níveis da psicogênese 
da alfabetização
	Procedimentos para classificação 
dos níveis psicogenéticos
	Nível silábico
	Nível alfabético
	Processos de construção 
da linguagem escrita
	Considerações finais
	Referências
	Letramento: o sentido de aprender e ensinar a ler e a escrever 
	Introdução
	Letramento: conceito
	Diferenciando letramento 
	O letramento na escola
	Letramento: BNCC e PNA
	Considerações finais
	Referências
	Alfabetizar letrando: o texto na sala de aula
	Introdução
	Alfabetizar letrando: 
centralidade do texto
	Produção escrita a partir do texto
	Letramento literário
	Estágios psicológicos da criança
	Proposta didática com literatura infantil
	Letramento: um conceito plural
	Considerações finais
	Referências
	Alfabetização: estudo da especificidade da língua
	Introdução
	Consciência fonológica
	Conceito de palavra
	Rimas e aliterações
	A sílaba
	Consciência fonêmica
	Considerações finais
	Referências
	Botão 9: 
	Botão 14: 
	Botão 10: 
	Botão 11: 
	Botão 12: 
	Botão 13:

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