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HISTÓRIA HISTÓRIA DO BRASIL: DA DESCOBERTA À INDEPENDÊNCIA Livro Eletrônico PRESIDENTE: Gabriel Granjeiro VICE-PRESIDENTE: Rodrigo Teles Calado COORDENADORA PEDAGÓGICA: Élica Lopes ASSISTENTES PEDAGÓGICAS: Francineide Fontana, Kamilla Fernandes e Larissa Carvalho SUPERVISORA DE PRODUÇÃO: Emanuelle Alves Melo ASSISTENTES DE PRODUÇÃO: Giulia Batelli, Juliane Fenícia de Castro e Thaylinne Gomes Lima REVISOR(A): Nathielen Fernandes DIAGRAMADOR: Charles Maia CAPA: Washington Nunes Chaves Gran Cursos Online SBS Quadra 02, Bloco J, Lote 10, Edifício Carlton Tower, Sala 201, 2º Andar, Asa Sul, Brasília-DF CEP: 70.070-120 Capitais e regiões metropolitanas: 4007 2501 Demais localidades: 0800 607 2500 Seg a sex (exceto feriados) / das 8h às 20h www.grancursosonline.com.br/ouvidoria TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – De acordo com a Lei n. 9.610, de 19.02.1998, nenhuma parte deste livro pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de recupe ração de informações ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico sem o prévio consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor. © 05/2019 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br/ouvidoria http://www.grancursosonline.com.br 3 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos História do Brasil: da Descoberta à Independência ..........................................5 1. A Expansão Ultramarina Europeia dos Séculos XV e XVI ...............................5 O Pioneirismo Português ..............................................................................7 2. O Sistema Colonial Português na América ..................................................9 2.1. Estrutura Político-Administrativa e Estrutura Socioeconômica .....................9 2.1.1. Capitanias Hereditárias ....................................................................11 2.1.2. Governo Geral ................................................................................14 2.1.3. A Lavoura Açucareira .......................................................................15 2.1.4. Sociedade Açucareira .......................................................................16 2.1.5. Mão de Obra Escrava .......................................................................18 2.1.6. Instituições Eclesiásticas ..................................................................20 2.1.7. A Sociedade Mineradora ...................................................................23 2.1.8. A Arte Barroca ................................................................................25 2.2. Invasões Estrangeiras .........................................................................28 2.2.1. Invasões Francesas .........................................................................29 2.2.2. Invasões Holandesas .......................................................................30 2.3. Expansão Territorial: Interiorização e Formação das Fronteiras ................33 Entradas e Bandeiras ................................................................................36 2.4. As Reformas Pombalinas .....................................................................39 2.5. Rebeliões Coloniais .............................................................................42 2.5.1. Revolta dos Beckman (1684) ............................................................44 2.5.2. A Guerra dos Emboabas (1708 e 1709) ..............................................45 2.5.3. A Revolta de Felipe dos Santos (1720) ..............................................46 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 4 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos 2.5.4. A Guerra dos Mascates (1710 e 1711) ................................................48 2.6. Movimentos e Tentativas Emancipacionistas. ..........................................49 2.6.1. Inconfidência Mineira (1789) .............................................................49 2.6.2. Conjuração Baiana (1798) ................................................................52 2.6.3. Insurreição Pernambucana de 1817 ...................................................54 3. O Período Joanino e a Independência .......................................................57 3.1. A Presença Britânica no Brasil, a Transferência da Corte, os Tratados e as Principais Medidas de D. João VI no Brasil ....................................................57 3.2. A Política Joanina e os Partidos Políticos ................................................61 3.3. As Revoltas, Conspirações e Revoluções ...............................................63 3.4. A Emancipação e os Conflitos Sociais ....................................................67 Resumo ...................................................................................................69 Questões de Concurso ...............................................................................77 Gabarito ..................................................................................................96 Gabarito Comentado .................................................................................97 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 5 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos HISTÓRIA DO BRASIL: DA DESCOBERTA À INDEPENDÊNCIA Daniel Vasconcellos é pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela Fa- culdade Darwin (2013). Graduado em História pelo Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM (2003). Possui mais de 15 anos de experiência em docência nas áreas de História, Filosofia, Sociologia, Geografia e Metodologia Científica, no ensino médio, superior e em preparatório para vestibulares e concursos. Atua como professor concursado da Secretária de Estado da Educação do Distrito Federal. 1. A Expansão Ultramarina Europeia dos Séculos XV e XVI Meu(minha) querido(a), a expansão marítima europeia foi um fenômeno com- preendido entre os séculos XV e XVIII, em que algumas nações europeias partiram para explorar o oceano. Foram essas viagens que iniciaram a Revolução Comercial, promovendo o con- tato de diferentes culturas, a exploração de novos recursos e o primeiro processo de “globalização” econômica. A necessidade de o europeu lançar-se ao mar resultou de uma série de fatores sociais, políticos, econômicos e tecnológicos. Veja: • centralização política: a substituição de feudos por um Estado Centralizado, com governo e fronteiras definidas, reuniu riquezas para financiar a navegação; • o Renascimento permitiu o surgimento de novas ideias e uma evolução téc- nica de navegação; • objetivo da elite da Europa Ocidental em romper o monopólio árabe-italiano sobre as mercadorias orientais, que vinham pela rota do Mediterrâneo; • a busca de terras e novas minas (ouro e prata) com o objetivo de superar a crise agrícola do século XIV; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITASRAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 6 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos • expansão da fé: Portugal e Espanha buscaram expandir a fé católica diante das reformas protestantes que diminuíram a influência da Igreja de Roma. Outros Estados, como a Holanda, buscaram conquistar novos fiéis para sua religião calvinista, de origem protestante. Como resultado, as nações europeias se organizaram e traçaram sua estratégia buscando: • metais precisos; • novos mercados fornecedores de especiarias (noz moscada, cravo, pimen- ta...) e outros produtos de interesse europeu; • terras, tendo em vista que as terras europeias já estavam distribuídas e a nobreza crescia, necessitava-se de mais áreas de exploração; • fiéis. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 7 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos O Pioneirismo Português Caro(a) aluno(a), Portugal foi o primeiro Estado-nação centralizado em 1139, sob a coroa de Dom Afonso I. Isso foi de fundamental importância para otimizar o recolhimento de impostos e organizar a economia. Com o acúmulo de riqueza, Portugal direcionou seus recursos para a expansão marítima. Assim, criou a Escola de Sagres, um centro de estudos náuticos onde foram desenvolvidas nova tecno- logias de navegação. Entre os instrumentos utilizados, podemos listar a bússola, o astrolábio e o quadrante: Além disso, a posição geográfica portuguesa, com sua costa voltada para o Atlântico, era um convite ao desconhecido: quais os destinos e as rotas possíveis? E, se os encontrarem, quais as possibilidades de lucro? Buscando uma nova rota para a Índia, as navegações portuguesas buscaram contornar a África e acabaram criando fortes, feitorias e portos para estabelecer comércio. Em 1431, os navegadores portugueses chegavam às Ilhas dos Açores e, mais tarde, ocupariam a Madeira e Cabo Verde. O Cabo do Bojador foi atingido em 1434, em uma expedição comandada por Gil Eanes. O comércio de escravos africanos já era uma realidade em 1460, com retirada de pessoas do Senegal até Serra Leoa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 8 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Em 1488, os portugueses chegaram ao Cabo da Boa Esperança sob o coman- do de Bartolomeu Dias (1450-1500). Para as pretensões portuguesas, essa foi uma conquista significativa, pois encontrou-se uma rota para o Oceano Índico em alternativa ao Mar Mediterrâneo. Entre 1498, foi a vez de Vasco da Gama (1469-1524) chegar a Calicute, nas Índias, e estabelecer uma nova rota de comércio com as Índias. Pedro Álvares Cabral (1467-1520), se afastando da costa da África a fim de confirmar se havia terras por ali, chegou à região onde seria o Brasil, em 1500. Questão 1 (ESA/2005) A expansão marítima e comercial empreendida pelos por- tugueses nos séculos XV e XVI está ligada: a) aos interesses mercantis voltados para as “especiarias” do Oriente, responsá- veis inclusive, pela não exploração do ouro e do marfim africanos encontrados ain- da no século XV; b) à tradição marítima lusitana, direcionada para o “mar Oceano” (Atlântico) em busca de ilhas fabulosas e grandes tesouros; c) à existência de planos meticulosos traçados pelos sábios da Escola de Sagres, que previam poder alcançar o Oriente navegando para o Ocidente; d) a diversas casualidades que, aliadas aos conhecimentos geográficos muçulma- nos, permitiram avançar sempre para o Sul e assim, atingir as Índias; e) ao caráter sistemático que assumiu a empresa mercantil, explorando o litoral africano, mas sempre em busca da “passagem” que levaria às Índias. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 9 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Letra e. O processo de expansão marítima portuguesa estava ligado à necessidade de en- contrar uma nova rota comercial para as Índias. Desse modo, dentro da lógica mercantil, foram estabelecendo feitorias, portos e fortes ao longo da costa africana, realizando negócios enquanto se dirigiam para o oriente. 2. O Sistema Colonial Português na América 2.1. Estrutura Político-Administrativa e Estrutura Socioeconômica Querido(a) aluno(a), os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, no entanto, não ocuparam o território de imediato. Daí a nomenclatura Pré-colonial para nos referirmos aos trinta anos que se seguem. Gonçalo Coelho comandou as primeiras expedições exploratórias, em 1501-1502 e 1503-1504. Portanto, entre 1500 e 1530, a ocupação territorial se limitou a feitorias: uma mistura de forte para defesa do território e armazém. Mas por que isso? A resposta fica mais interessante e compreensível quando feita em partes: a) Por que a Coroa Portuguesa decidiu não explorar a colônia brasileira entre os anos de 1500 e 1530? • Porque não encontraram metais preciosos em expedições. • Porque o comércio com as Índias era suficientemente lucrativo. • Porque em 1500 a única nação que detinha tecnologia naval para tomar a colônia brasileira de Portugal era a Espanha, que celebrou o Tratado de Tor- desilhas com Portugal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 10 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos b) Por que a Coroa Portuguesa decidiu passar a explorar a colônia bra- sileira a partir dos anos de 1530? • Porque tiveram notícias da descoberta de ouro e prata na América Espanhola. • Porque o comércio com as Índias entrou em crise. • Porque países como França, Inglaterra, Holanda e Bélgica desenvolveram suas frotas marítimas e passaram a representar uma grande ameaça ao con- trole português sobre a colônia. Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, foi um tratado celebra- do entre o Reino de Portugal e a Coroa de Castela (Espanha) para dividir as terras do globo, “descobertas e por descobrir”, por ambas as Coroas fora da Europa. Entre 1500 e 1530, o único produto explorado era o pau-brasil. Como ainda não havíamos passado pela Revolução Industrial, não existiam corantes sintéticos. O pau-brasil foi muito utilizado nas manufaturas têxteis. As concessões para explora- ção eram dadas pela Coroa e chamadas de estanco. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquermeios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 11 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Para cortar a madeira e levar aos navios, era necessária uma grande quantidade de mão de obra. A modalidade de exploração da mão de obra indígena recebeu o nome de escambo: troca de presentes, de artefatos e animais que não existiam aqui pelo trabalho dos índios. Não escravizaram os índios. A Coroa Portuguesa seguia a risca o ordenamento da igreja em não escravizar os nativos, considerados almas puras do paraíso. O navegante português Cristóvão Jacques comandou as expedições guarda- -costas, realizadas entre os anos 1516 e 1520, visando à defesa do litoral da Colônia. Para se situar, antes de darmos sequência, entendo ser necessário fazer um pe- queno apontamento sobre o entendimento do que são os “Ciclos Econômicos da História do Brasil”. Isso é importante para que você consiga relacionar a atividade econômica do período com os eventos sociais e políticos que se sucedem a longo do curso. Esse esquema é de grande utilidade na resolução de questões sobre conflitos na Colônia, principalmente as relacionadas ao ciclo do açúcar. 2.1.1. Capitanias Hereditárias Querido(a) aluno(a), a Coroa Portuguesa voltou seus olhos para a colônia brasi- leira e decidiu povoá-la, explorá-la, a fim de resolver sua crise econômica e impedir que outras nações tomassem esse território. Assim, Martin Afonso de Souza co- mandou a primeira expedição colonizadora do Brasil e fundou a Vila de São Vicente em 1532. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 12 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos O problema é que a Coroa Portuguesa não tinha recursos financeiros para pro- mover essa empreitada. Eis, então, a solução proposta: terceirizar a tarefa da co- lonização, entregando lotes de terras a fidalgos (nobres portugueses). Nasceram, assim, as Capitanias Hereditárias. Observe: IBGE, 2018. As Capitanias Hereditárias foram faixas de terra que partiam do litoral para o interior até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. De início, foram quinze Capitanias que eram entregues para usufruto do donatário. É importante desta- car que o donatário não era dono da terra, ele possuía o direito de explorá-la, direito esse estendido a seus descendentes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 13 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos No campo jurídico, existiam dois documentos para regulamentar as relações entre a Coroa Portuguesa e os donatários: • Carta de Doação: documento que dava ao donatário o direito de exploração da terra e repassar esse direito a seus descendentes. Também autorizava o donatário a construir vilas e engenhos com o objetivo de povoar; e • Carta Foral: documento que regulamentava os tributos e a divisão dos lu- cros da capitania entre a Coroa e os donatários. O sistema de Capitanias era extremamente vantajoso para a Coroa Portuguesa, pois transferia a responsabilidade da empresa de colonização para os fidalgos. En- tretanto, os donatários passaram por grandes dificuldades: desenvolver a colônia com poucos recursos financeiros, a distância em relação à metrópole (Portugal) e os constantes conflitos com os nativos. Diante dessas dificuldades, a maioria das capitanias não conseguiu vingar, de- senvolver sua economia e gerar tributos para a Coroa. As únicas exceções foram a Capitania de Pernambuco e a Capitania de São Vicente. Por que a Capitania de Pernambuco prosperou? A terra fértil possibilitou o cultivo da cana-de-açúcar e a construção de engenhos. Além disso, a distância em relação a Portugal era menor se comparada as outras capitanias. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 14 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos 2.1.2. Governo Geral Com o fracasso das Capitanias Hereditárias, em função da falta de recursos dos donatários para a empreender a colonização, a Coroa Portuguesa optou por mo- dificar a estrutura de organização política da Colônia. Nascia, assim, o Governo Geral. O Governo Geral representou uma medida político-administrativa adotada pela Coroa Portuguesa (Rei Dom João III), em 1548, a fim de centralizar, administrar, restabelecer o poder e reforçar a colonização no período do Brasil Colônia, após o fracasso das capitanias hereditárias. Tomé de Souza foi o primeiro governador-ge- ral do Brasil, chegando a Salvador em 1549. O Governo Geral era comandado pelo governador-geral, que detinha grande au- toridade, possibilitando a criação de novos cargos políticos com o intuito de dividir as diversas tarefas: ouvidor-mor (assuntos judiciais), provedor-mor (questões financeiras), alcaide-mor (funções de organização, administração e defesa mili- tar) e capitão-mor (questões jurídicas e de defesa). O governador-geral, indicado pelo rei, seria responsável pelo desenvolvimen- to econômico da colônia, desde criação de engenhos, administração e proteção de terras, até inserção dos indígenas na população etc. Os três primeiros governadores-gerais que administraram o Brasil Colônia fo- ram: Tomé de Souza (1549 a 1553), seguido de Duarte da Costa (1553 a 1558) e Mem de Sá (1558 e 1572). A administração de Tomé de Sousa iniciou o processo de restabelecimento da Coroa Portuguesa nas terras brasileiras. Por conseguinte, Duarte da Costa entrou em diversos conflitos com os indígenas. Dessa forma, Mem de Sá, aproveitou para se aproximar dos índios e utilizá-los como força para com- bater os franceses invasores. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 15 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Embora Portugal tenha dividido o país em dois polos após a morte de Mem de Sá (em 1572), do qual a sede do norte era em Salvador e a sede do sul, no Rio de Janeiro, o Governo Geral foi extinto em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil. Observe que o sistema de Governo Geral auxiliou na consolidação da domi- nação portuguesa no Brasil. 2.1.3. A Lavoura Açucareira O grande centro econômico da colônia portuguesa nos primeiros sécu- los da colonização foi, sem sombras de dúvidas, Pernambuco. Tanto o foi, que a capital administrativa da Colônia passou a ser Salvador, pela proximidade de Pernambuco. Para se ter uma ideia, quando a economia açucareiraentrou em decadência e surgiu a economia mineradora na região de Minas Gerais, a capital administrativa da Colônia passou a ser o Rio de Janeiro. Mas por que o açúcar foi a atividade escolhida pelos portugueses? • O preço do açúcar na Europa estava elevado; • os portugueses já tinham a experiência da atividade na Ásia; • o clima e a terra fértil (solo de massapê) eram propícios. Unidade produtora: • Casa Grande: residência do Senhor de Engenho e seus familiares. • Senzala: onde viviam os escravizados. • Capela: demonstra a importância e a influência da igreja católica no processo de colonização. • Canavial: latifúndio. • Engenho: casa de moagem, casa de fervura, casa de purgar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 16 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos As bases da produção açucareira foram a monocultura, a escravidão, a ex- portação e o latifúndio. Você, meu(minha) querido(a), não vai se esquecer do MEL da economia açucareira. Não se esqueça dessa dica! Será valioso saber dessas características na hora de gabaritar a questão. Sistema de plantation da economia açucareira, (MEL): • Monocultura: plantio de um único gênero agrícola; • Escravidão: mão de obra utilizada; • Exportação: toda a produção visava ao mercado externo; • Latifúndio: grande propriedade permitindo vastas lavouras de cana-de-açúcar. 2.1.4. Sociedade Açucareira Caro(a) aluno(a), a forma como a sociedade brasileira se organizou, se estrutu- rou e criou relações entre os indivíduos é relacionada com a produção açucareira. Veja, o topo da pirâmide social usufruía da riqueza gerada enquanto os escravos eram responsáveis por toda a produção. 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Algumas curiosidades ilustram bem como era o cotidiano do engenho de açú- car. Vamos a elas. Existiam muito mais escravos do que moradores da Casa Grande. Além do açú- car, a cana também foi utilizada como matéria-prima para outros produtos. A ca- chaça era um resíduo descartado da produção do açúcar e usada pelos escravos para preparar a carne do cachaço (macho) e da cachaça (fêmea), uma espécie de porco selvagem. Foi o porco que deu nome à bebida. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 18 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Os senhores de engenho logo utilizaram da bebida para “acostumar” o escra- vo ao trabalho na lavoura. Logo nas primeiras horas do dia, já serviam doses aos negros. Não era raro que o senhor de engenho tivesse relações com suas escravas. Ape- sar de ocorrerem muitos estupros, havia casos em que as escravas seduziam o senhor de engenho visando a um trabalho no interior da Casa Grande para fugir do sofrimento da lavoura. 2.1.5. Mão de Obra Escrava Querido(a), a escravidão não é uma invenção dos Portugueses e não foram eles os responsáveis por introduzir essa prática no continente africano. Os africanos de tribos inimigas capturavam negros para serem vendidos nas feitorias do litoral africano. Mas, antes de seguirmos, preciso atentá-lo(a) para uma característica fundamental das economias europeias que influenciou consideravelmente o tráfico de escravos. estamos falando do mercantilismo. O mercantilismo é o conjunto de ideias e práticas econômicas adotadas durante o Capitalismo Comercial (séculos XIV a XVIII). A base da atividade era a troca de mercadorias e o lucro era, não em dinheiro, mas em espécie. Os portugueses realizavam o chamado comércio triangular: trocavam o açú- car brasileiro por escravos africanos, traziam os escravos nos navios negreiros e trocavam por mais do açúcar brasileiro. Trocavam manufaturados europeus por escravos e pelo açúcar etc. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 19 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Entre os povos africanos que foram trazidos, podemos citar os: • bantos: mais ao sul do país, na mineração; e • sudaneses: mais altos e fortes, foram usados nas lavouras de cana-de-açú- car do nordeste brasileiro. Essa migração, somada à existência de povos nativos e à chegada dos euro- peus, fez com que a miscigenação se tornasse um traço evidente no nosso país. Recorde comigo a miscigenação básica da nossa cultura: • mulato: resultado da mistura de brancos e africanos – na época colonial, quase sempre branco e negra –, vem de mula; • cafuzo ou carafuzo: é resultado da união entre negro e índio; • mameluco: mestiço de branco e índio. Meu(minha) amigo(a), apenas uma parte da escravidão africana foi tratada nes- sa aula, a que nos interessa nesse momento, como uma atividade econômica. Na O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 20 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos nossa segunda aula, voltaremos a tratar do assunto com maior foco na abolição da escravidão. 2.1.6. Instituições Eclesiásticas Quando Pedro Álvares Cabral e seus tripulantes pisaram no Novo Mundo, a pri- meira coisa que fizeram foi organizar uma missa. Isso tem um significado muito importante! Querido(a) amigo(a), havia uma estreita relação entre a Igreja e o Es- tado Português. Para falar sobre essa relação, que causou impactos profundos na sociedade brasileira, precisamos chamar a atenção para o contexto internacional do século XVI. A Igreja Católica perdeu grande parte de seus fiéis, bem como terras, ante as Reformas Protestantes. Tentei resumir ao máximo informações importantes parra a sequência de estu- dos, de modo que você não perca o foco na História do Brasil. Reformas protestantes: conjunto de movimentos sociais de ruptura com o domínio da Igreja Católica Apostólica Romana. Podemos citar o Luteranismona Alemanha, o Anglicanismo na Inglaterra e o Calvinismo na Suíça e nos Países Baixos. Contrarreforma: foi um conjunto de medidas adotadas pela Igreja Católica para impedir o avanço das religiões protestantes. Ficou marcada pelo Concílio de Trento (1545-1563), uma série de sessões, reuniões que determinaram o futuro do catolicismo, rejeitando veementemente as doutrinas protestantes. Entre outras coisas, a Igreja acabou com a cobrança de indulgências (documentos que “salva- vam” a alma dos pecadores) e a venda de relíquias. Além disso, criou uma lista de livros proibidos (Index) e reativou os Tribunais da Santa Inquisição. As disputas entre católicos e protestantes levaram à Guerra dos Trinta Anos, episódio de grande O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 21 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos derramamento de sangue, que só se encerrou em 1548, com o Tratado de Vestfa- lia, demarcando as fronteiras entre as duas correntes cristãs. Jesuítas: Ignácio de Loyola (1491-1556) criou a Companhia de Jesus – ir- mandade que objetivava expandir e fortalecer o catolicismo e combater o protes- tantismo. Autodenominavam-se Soldados de Cristo. A ordem jesuíta foi mui- to importante para a reação católica, realizando grandes obras missionárias, não só nas Américas, como também no Oriente. Várias aldeias jesuítas foram criadas na região sertaneja, apoiadas pelos Colégios da Bahia e de Pernambuco. Nesses Colégios, ensinavam-se os membros da elite colonial, que, posteriormente, eram encaminhados à Europa para cursar Direito, Medicina ou Engenharia. Existem variados registros de aldeias Tapuias organizadas em “missões”. Missões eram povoados indígenas criados e administrados por padres jesuítas no Brasil Colônia, entre os séculos XVI e XVIII. O principal objetivo era catequizar os índios e, por isso, os padres os protegiam da escravização. Muito bem, meu(minha) caro(a), contextualizado(a), podemos seguir. A tarefa da colonização, como vimos, foi terceirizada por meio das Capitanias Hereditárias. Entretanto, no contexto da Contrarreforma, a Coroa Portuguesa se considerava protetora da fé católica e se associou à Igreja para levar o catoli- cismo ao Novo Mundo e catequizar os nativos. Para tanto, trouxe muitos membros da Companhia de Jesus e criou alguns instrumentos: • padroado: controle estatal sobre a Igreja. A Coroa tinha a prerrogativa de preencher cargos eclesiásticos de maior importância, abrir dioceses, indi- car bispos. Por outro lado, também ficava com a obrigação de pagar os salá- rios dos sacerdotes e, portanto, funcionários públicos da Coroa. • Beneplácito: para que determinações da Igreja Católica tivessem efeitos em Portugal e suas Colônias, era necessária a aprovação do Rei. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 22 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos A catequização dos nativos era muito difícil porque, como vimos, enfrentava a resistência dos indígenas. É bom ressaltar que eles já possuíam sua crença. Os Caetés, por exemplo, realizavam rituais antropofágicos, nos quais pratica- vam o canibalismo na crença de que absorveriam as qualidades de seus inimigos. Ficaram conhecidos em relatos não comprovados por terem efetivado esse ritual com Dom Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo brasileiro. O Estado português usou o argumento da Guerra Justa para praticar a violên- cia contra os indígenas resistentes. No entanto, caso os nativos se convertessem, eram preservados. A Igreja também adotou a força ativando os Tribunais da Santa Inquisição com o objetivo de prevenir e combater heresias. Na prática, controlava a vida privada das pessoas, inclusive a vida sexual. Judeus, homossexuais (sodomitas), adúl- teros, prostitutas e praticantes de superstições (heresias) eram levados a jul- gamento e sofriam as mais variadas punições, desde o degredo para outra colônia até a morte na fogueira. Outra característica importante da religiosidade na colônia é o sincretismo religioso. De maneira geral, podemos defini-lo como qualquer prática religiosa que provém da fusão de outras. É a mistura de símbolos e práticas religiosas de duas ou mais crenças. No Brasil ocorreu um complexo processo histórico de misturas culturais. Podemos observar inúmeras matrizes religiosas, como o Judaísmo, o Cristia- nismo Católico, o Cristianismo Protestante, o Cristianismo Espírita Karde- cista, o Islamismo, o Budismo e o Hinduísmo, que desembarcaram nos navios que vieram para o País desde 1500. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 23 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Os cultos africanos também se inserem nesse contexto. Fons, Malês, Ango- las, Congos e Iorubás também desembarcaram no PAÍS e encontraram os Gua- ranis, os Tapuias, os Tupis e várias outras etnias. A mistura, a interação entre essas manifestações culturais distintas, possibilitou o surgimento de inúmeras práticas disseminadas pelo território brasileiro. Como a Igreja impôs o catolicismo na Colônia, tentou exercer sua soberania controlando a difusão de outros cultos. Basta recordarmos o que comentamos a respeito dos Tribunais da Santa Inquisição. Entretanto, a dinâmica da mistura de elementos culturais de outras matrizes acabou se fundindo com elementos do cris- tianismo católico e, em vez de combatê-los, a igreja optou por administrá-los. Em outras palavras: outros elementos religiosos eram aceitos desde que a ma- triz católica fosse a matriz predominante. Isso explica manifestações como a Lavagem da Escadaria da Igreja do Senhor do Bonfim (BA) por candomblecistas. Podemos organizar os principais tipos de sincretismos surgidos no Brasil a partir de sua matriz étnica: • cristão-indígena; • africano-cristã; • indígena-africana; • indígena-cristã-africana. Essas são as matrizes que possibilitaram o surgimento de cultos, festejos popu- lares, folclores, lendas, personagens, rituais e práticas sociais. 2.1.7. A Sociedade Mineradora Querido(a), o ciclo do ouro ocorreu no período em que a extração e exportação O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 24 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos do ouro figurava como principal atividade econômica na fase colonial do País e teve seu início no final do século XVII, época em que as exportações do açúcar nordes- tino decaiam pela concorrência mundial pelo mercado consumidor. Entre 1750 e 1770, Portugal arcava dificuldades econômicas internas decorren- tes de má administração e desastresnaturais. Além disso, o país sofria pressão pela Inglaterra, que, ao se industrializar, buscava consolidar seu mercado consumi- dor, bem como sua hegemonia mundial. Assim, a descoberta de grandes quantidades de ouro no Brasil tornava-se um motivo de esperanças de enriquecimento e estabilidade econômica para os portu- gueses. Sem espanto, notamos que os primeiros exploradores a procurarem ouro e metais valiosos no Brasil tinham o escopo de levá-los à metrópole, onde seriam desfrutados. Entretanto, essas incursões pioneiras no litoral e no interior do País não trouxe- ram muitos resultados, além do conhecido, que fora a conquista do território. As grandes jazidas de ouro foram descobertas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, territórios que foram divididos em forma de lavras (lotes auríferos para exploração, a exemplo das sesmarias latifundiárias de monocultura). Durante o auge desse ciclo, no século XVIII, foi gerado um grande fluxo de pessoas e mercadorias nas regiões citadas, desenvolvendo-as intelectual (chegada de ideias iluministas trazidas pela elite recém-intelectualizada) e economicamente (produção alimentar para subsistência e pequenas manufaturas). Diferente da organização social da sociedade açucareira, a sociedade minerado- ra se organizou com as seguintes características: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 25 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos • burocrática: o poder se concentrava nas mãos dos funcionários da adminis- tração da Coroa Portuguesa, devido à necessidade de maior fiscalização da atividade aurífera. Lembre-se de que, na sociedade açucareira, o poder era patriarcal. • Urbana: em função da própria atividade mineradora, o núcleo urbano surgiu no entrono da extração, com o surgimento de atividades econômicas subsidi- árias da primeira. • Mobilidade social: enquanto na sociedade açucareira, os escravos sustenta- vam o senhor de engenho e seus agregados, na sociedade mineradora havia a possibilidade de um escravo se tornar liberto e até mesmo ascender como comerciante ou tropeiro. Contudo, você deve ter o cuidado de entender que essa mobilidade era limitada. Um escravo nunca se tornaria membro da ad- ministração da Coroa. Ademais, isso foi possível porque a pirâmide social da sociedade mineradora possuía várias classes, diferentemente da açucareira, que era dividida apenas entre escravos e senhores. 2.1.8. A Arte Barroca Obviamente, meu(minha) querido(a), a religiosidade também interferiu na ar- quitetura e nas artes. Nesse sentido, o Barroco era expressão artística adota pela Igreja Católica. Vamos entendê-la. A arte barroca (séc. XVII e XVIII) foi estabelecida como ideologia religiosa da Contrarreforma, como ideologia política na defesa do poder absoluto do Rei e como ideologia colonialista na aculturação e no controle dos povos colonizados. Em solo pernambucano, a própria região delineou o estilo Barroco, dando-lhe característi- cas peculiares. Observe os exemplos da arte barroca em Pernambuco: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 26 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes. Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. Os Sete Profetas, do escultor Aleijadinho, Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, MG. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 27 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Um índio anônimo no século XVII produziu este Cristo açoitado, hoje no Museu de Arte Sacra de Pernambuco. Podemos listar, de maneira objetiva, as principais características que marcaram o Barroco: • arte rebuscada e exagerada; • valorização do detalhe; • dualismo e contradições (Homem x Deus, Céu x Inferno); • obscuridade; • sensualismo. Além das construções patrocinadas pela Igreja Católica e pelo Estado Portu- guês, muitas irmandades leigas também construíram suas igrejas. Mais do que um templo de oração, era também local de reuniões dos membros que, quando fa- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 28 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos leciam, eram enterrados em cemitérios no subsolo ou nos jardins. Para se ter uma ideia, existiram irmandades até de escravos libertos em Minas Gerais. 2.2. Invasões Estrangeiras Como vimos, até 1530, Portugal e Espanha reinaram absolutos pelos mares. A tecnologia de navegação que levaram séculos para desenvolver foi copiada em trinta anos por ingleses, franceses e holandeses. Essas novas potências marítimas não reconheciam o Tratado de Tordesilhas e passaram a tentar colonizar a costa brasileira. Exemplos disso foram: a) as Invasões Holandesas na região Nordeste (Salvador em 1624 e Recife em 1630); b) as Invasões Francesas. Tomada do Rio de Janeiro em 1555, com fundação da França Antártica, e a fundação da cidade de São Luís do Maranhão com a França Equinocial. Além disso, ingleses e holandeses passaram a frequentar o norte da costa ama- zônica. Ocuparam a região das Guianas e, a partir de 1600, adentraram a bacia amazônica, construindo feitorias e fortificações. Fizeram o mesmo na região do Cabo Norte e nas ilhas paraenses. Ali comercializavam mercadorias como tabaco, peixe-boi, madeira, urucum entre outras especiarias. A região parecia dominada por holandeses, apesar da presença de portugueses e ingleses, mas um novo fator contribuiria para a ação dos portugueses pelo seu controle: União Ibérica, 1580 a 1640. Em 1580 D. Sebastião, Rei de Portugal, faleceu sem deixar herdeiros. Felipe II, Rei da Espanha e parente mais próximo do morto, unificou as coroas Portuguesa e Espanhola sob sua batuta. O controle espanhol sobre Portugal implicava o controle espanhol também sobre as colônias O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 29 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos portuguesas. Por outro lado, os portugueses na colônia brasileira também enten- diam que, se a região do Amapá pertencia à Espanha, necessariamente deveriam controlá-la. Isso incentivou os portugueses a ocuparem de vez a região do Amapá e combater as ocupações estrangeiras. 2.2.1. Invasões FrancesasEmbora tenha investido na colonização, principalmente por meio do estabeleci- mento de um sistema administrativo (Governo Geral) e da cultura da cana-de-açú- car, Portugal teve dificuldades em proteger o extenso litoral brasileiro. Objetivos dos franceses no Brasil: • os franceses tinham como objetivo principal fundar uma colônia em território brasileiro para poderem participar ativamente do lucrativo e novo mercado da exploração colonial. • Franceses protestantes queriam também fundar uma colônia no Brasil para viverem longe da perseguição religiosa que sofriam na França. O Contrabando de Pau-Brasil Já na época da exploração do pau-brasil, no início do século XVI, os franceses fizeram várias incursões no litoral brasileiro com o objetivo de fazer o contrabando dessa madeira. A França Antártica Em 1555, franceses calvinistas invadiram o Brasil, na região do Rio de Janeiro. Esses franceses estavam fugindo da perseguição religiosa executada pela Corte francesa. Liderados pelo almirante Nicolau Villegaignon, fundaram, na região do atual município do Rio de Janeiro, uma colônia francesa chamada de França Antár- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 30 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos tica. Os franceses obtiveram o apoio militar dos índios tamoios, que eram inimigos dos portugueses. O Governo Geral de Mem de Sá contou com o apoio dos jesuítas José de An- chieta e Manuel da Nobrega, que convenceram os índios tamoios a abandonarem a aliança que tinham com os franceses. Mem de Sá conseguiu também reforços militares portugueses, liderados por Estácio de Sá. Dessa forma, os portugueses conseguiram expulsar os franceses do Rio de Janeiro em 1567. França Equinocial Em 1612 os franceses fizeram sua segunda tentativa de invadir e fundar uma co- lônia no Brasil. Dessa vez, escolherem a região do Maranhão. Liderados pelo general Daniel de La Touche, os franceses invadiram e fundaram a França Equinocial. Para proteger a região conquistada, construíram um forte, chamado de Forte de São Luís. As autoridades portuguesas organizaram várias e poderosas expedições milita- res para atacar e expulsar os franceses do Maranhão. A capitulação francesa ocor- reu em novembro de 1615, quando eles foram expulsos da região. 2.2.2. Invasões Holandesas Chamamos Invasões Holandesas as incursões da República das Províncias Unidas (Holanda) no Nordeste brasileiro: • Bahia em 1624; • Pernambuco em 1630; • Maranhão em 1641. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 31 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Os holandeses criaram uma empresa que seria responsável por recuperar o comércio do açúcar invadindo o Nordeste brasileiro: a Companhia das Índias Ocidentais. Após serem derrotados em Salvador, tiveram a sorte de encontrar e saquear um navio espanhol carregado de prata sul-americana! Com o capital, se prepararam para voltar ao Brasil, agora em Pernambuco, onde conseguiram triun- far. Os brasileiros e portugueses até tentaram montar uma resistência, no chamado Arraial do Bom Jesus, mas foram traídos por Domingos Calabar e caíram diante das tropas holandesas. Administração Holandesa Em 1637 a W.I.C. (Cia. das Índias Ocidentais) enviou Maurício de Nassau para administrar os negócios na Nova Holanda (Pernambuco). Nassau governou percebendo que teria de atuar de forma pacífica com os se- nhores de engenho. Em vez de pressioná-los, proibiu a agiotagem praticada por agentes holandeses e conseguiu empréstimos para os senhores de engenho. Como “mimo”, ainda concedeu a liberdade religiosa dos católicos. Ocorre que os Holandeses eram calvinistas (religião cristã protestante) e costumavam impor seu credo em suas colônias. Nassau ainda promoveu obras de urbanização no Recife. Era um humanista, influenciado pelo Renascimento Cultural e, por isso, esti- mulou as ciências e as artes. Construiu um observatório astronômico, criou o jardim botânico. Trouxe grandes mestres da pintura flamenga como Albert Eckout e Frans Post. Convidou diversos artistas e cientistas para um grande projeto que ele mesmo definiu como “exploração profunda e universal da terra”. Entretanto, esses gastos com a colônia provocaram desavenças com a W.I.C. A Cia. das Índias Ocidentais era uma empresa que visava ao lucro maximizado. Foi para isso que Nassau foi chamado a governar. Por isso, em maio de 1644, Maurício O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 32 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos de Nassau retorna à Holanda. Maurício de Nassau é muito lembrado em todos os concursos e vestibulares do País. Querido(a), no geral, esse cara fez só coisa bacana no Recife. Ele acabou promo- vendo o desenvolvimento na região. Então, não tenha medo de marcar a alternati- va da questão que só fale bem do Maurício de Nassau! Insurreição Pernambucana (1645-1654) Você se lembra que declarei todo o meu amor ao Maurício de Nassau? Então, se eu o admiro pelo que fez em Pernambuco, imagine os que viveram isso! Brincadeiras à parte, o fato é que o retorno de Maurício de Nassau à Europa foi seguido de um acirramento das tensões religiosas em função da Reforma Protes- tante e da Contrarreforma Católica. Além disso, a W.I.C. decidiu cobrar os em- préstimos realizados aos senhores de engenho pelas mãos de Nassau e ainda aumentar os tributos. Os conflitos começaram em maio de 1645. João Fernandes Vieira, um próspero senhor de engenho de Pernambuco, liderou o movimento com o importante auxílio de alguns africanos libertos e de índios potiguares (estes liderados por Antônio Fe- lipe Camarão, conhecido como Poti). A Batalha do Monte Tabocas foi a principal batalha ocorrida no início do da Insurreição. Os holandeses sofreram uma grande derrota. As notícias dessa vitória fizeram com que recebessem apoio de tropas vindas da Bahia. O relacionamento da Holanda com o Portugal era, no mínimo, interessante. Na Europa, apoiava os portugueses contra o domínio espanhol ao mesmo tempo em que mantinha a ocupação de colônias portuguesas na África e no Brasil. Em 1648, Espanha e Holanda assinaram um tratado de paz. Por ele, todas as O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 33 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos conquistas do movimento de insurreição deveriam ser devolvidas aos holandeses. Isso causou ainda mais indignação dos insurretos. Em 19 de abril de 1648 e em 19 de fevereiro do ano seguinte, aconteceram a Primeira e a Segunda Batalha dos Guararapes. A vitóriadas tropas da Insurreição abriu caminho para o retorno do domínio por- tuguês na região a partir de 1654. Também é considerada símbolo da fundação do Exército Brasileiro, instituição da qual fará parte. 2.3. Expansão Territorial: Interiorização e Formação das Fronteiras Querido(a), é no contexto das Grandes Navegações que o Brasil será coloni- zado. No século XV, portugueses e espanhóis partiram para o desbravamento de novos mares, em busca de novas rotas comerciais e de novas terras. Como vimos, em 1488, em busca de um novo caminho para as Índias, região famosa em especiarias cobiçadas pelos europeus, a expedição portuguesa de Bar- tolomeu Dias encontrou uma passagem ao sul da África, que fora batizada de Cabo da Boa Esperança. Mas é a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, a “descoberta” mais significativa do período. O genovês convenceu os reis católicos espanhóis (Fernando II de Aragão e Isabel de Castela) a financiar sua expedição para provar que a terra era redonda, encontrando um caminho para as Índias pelo ocidente. Aportou em 12 de outubro com as caravelas Pinta, Niña e Santa Maria. Portugal e Espanha eram as duas grandes potências marítimas. As recentes O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 34 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos descobertas exigiam um acordo pela divisão das terras que poderiam ser desco- bertas. Assim, o Papa agiu como mediador em um acordo, determinando a Bula Inter Coetera em 1493. Insatisfeito com a proposta, Portugal exigiu uma nova negociação que culminou no Tratado de Tordesilhas. O Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o Reino de Portugal e a Coroa de Castela (Espanha) para dividir as terras do globo, “descobertas e por descobrir”, por ambas as Coroas fora da Europa. Tratado de Tordesilhas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 35 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Linha imaginária de Tordesilhas sobre as atuais fronteiras políticas. Celebrado do Tratado, as descobertas continuaram. Em 1498 a expedição de Vasco da Gama chegou às Índias e, em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil. Foi o navegador espanhol Vicente Pinzón que, em janeiro de 1500, primeiro aportou no litoral do Nordeste brasileiro. Depois, navegou pelo litoral norte e na- vegou pela foz do Rio Amazonas, o qual chamou de Mar Dulce. Foi o primeiro eu- ropeu a navegar pelo litoral do Amapá, o rio Oiapoque, e seguir rumo às Guianas e ao Caribe. Portanto, querido(a) aluno(a), os espanhóis foram os primeiros a chegar ao Brasil. Entretanto, pelo Tratado de Tordesilhas, a maioria do litoral bra- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 36 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos sileiro, velejado pelos espanhóis, pertencia à Portugal. Entenda: mesmo sendo os que chegaram primeiro, as terras não poderiam ser colonizadas. A única exceção era a região do atual estado do Amapá. Assim, ainda em 1500, outro espanhol, Diogo de Lepe, primo de Pinzón, também navega pela costa do Amapá. Outro navegador espanhol de grande importância para nossos estudos foi Fran- cisco Orellana. Ao participar da expedição de Francisco Pizarro aos Andes, em 1540, acabou se desencontrando do restante das embarcações e desceu o Rio Amazonas. Foi, portanto, o primeiro europeu a navegar por toda a extensão do Rio Amazonas. Retornando à Espanha, recebe autorização do Rei para colonizar e ex- plorar a região. Desse modo, em 1549, navega pelo litoral do Amapá, mas se perde e morre na região. O contato dos exploradores europeus com os povos nativos foi caracterizado pela subjugação. Crentes da sua superioridade civilizacional, os colonizadores pro- moveram a aculturação e usaram violência para efetivar o domínio das novas terras e de suas riquezas, inclusive os escravizando, como veremos mais adiante. O insucesso da expedição de Francisco Orellana acabou tirando o entu- siasmo dos espanhóis com a região e abrindo espaço para que outras nações re- alizassem incursões no território. Antes, porém, é necessário que entendamos o que levou os portugueses a ocuparem a região e como foi organizada essa colonização. Entradas e Bandeiras Meu(minha) querido(a), a ocupação do território brasileiro recebeu a contribui- ção de expedições de bandeirantes. Mas vamos por partes, antes de seguir, veja- mos alguns conceitos: • entradas eram expedições oficiais (organizadas pela Coroa) que saíam do litoral em direção ao interior do Brasil; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 37 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos • descidas foram expedições dos jesuítas do Pará que tinham criado na Ama- zônia um sistema bem estruturado de “aldeias” de aculturação indígena. Bus- cando índios para essas aldeias, os jesuítas organizaram diversas expedições fluviais, subindo o Tocantins; • bandeiras eram expedições organizadas e financiadas por particulares, prin- cipalmente paulistas. Partiam de São Paulo e São Vicente rumo às regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil. Em seguida, as principais bandeiras em Goiás. As bandeiras eram expedições organizadas e financiadas por particulares, prin- cipalmente paulistas. Partiam de São Paulo e São Vicente principalmente, rumo às regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil. As principais bandeiras foram: • 1590-93, sob o comando de Domingo Luis e Antônio Macedo. • Sebastião Marinho – 1592. • Domingos Rodrigues – 1596-1600. • Nicolau Barreto – 1602-04. • Belchior Dias Carneiro – 1607. • Martins Rodrigues – 1608-13. • André Fernandes – 1613-15. • Lázaro da Costa – 1615-18. • Francisco Lopes Buenavides – 1665-66. • Antônio Pais – 1671. • Bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera (1672 a 1740): partiu da região norte do atual estado de São Paulo em direção à região Cen- tro-Oeste do País em busca do descobrimento de jazidas de ouro e pedras preciosas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 38 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Em 1708, os bandeirantes paulistas encontraram ouro de aluvião (depositados nos barrancos e nas margensdos rios) na região de Minas Gerais. Por exigirem a exclusividade da exploração de ouro na região, entraram em conflito com “estran- geiros”, pessoas de outras partes da colônia que pretendiam explorar as jazidas, também chamados pejorativamente de emboabas pelos paulistas. Esse episódio ficou conhecido como Guerra dos Emboabas. A Coroa Portuguesa interveio e os paulistas, derrotados, acabaram realizando novas bandeiras que encontrariam ouro no território de Goiás. Os paulistas Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, João Leite e Domingos Rodrigues do Prado saíram de São Paulo em 1722 para descobrir as ricas lavras de Goiás em 1725. Visando novas descobertas, Bartolomeu Bueno voltou ao território goiano em 1726 e ali criou a primeira povoação goiana, o Arraial da Barra, na con- fluência dos rios Vermelho e Bugre. Encontrou ouro nas minas de Vila Boa, em me- ados de 1727, onde criou o arraial de N. S. de Sant´Ana no entorno de uma capela. Em 1616, diante da ameaça constante de invasões à Colônia Portuguesa na América, organizaram uma foça militar luso-brasileira para expulsar os estrangei- ros e tomar posse da região. Derrotaram os franceses em São Luís e foram para o delta do Rio Amazonas. Ali, enfrentaram batalhas sangrentas. Novamente vitorio- sos, fundaram o Forte Presépio, que deu origem à cidade de Belém, no mesmo ano. Caro(a) aluno(a), estrategicamente falando, quem controlava os mares e rios controlava o transporte, essencialmente fluvial, e seu comércio. Por isso, a sua fundação foi tão importante. Com a fundação de Belém do Pará, a vila serviu de ponto de apoio e partida para várias entradas para exploração da Amazônia nas regiões dos atuais Estados do Pará, Amazonas e Amapá. Nesse sentido, Bento Maciel Parente foi um dos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 39 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos mais importantes exploradores. Veterano de guerras na Paraíba e no Rio Grande do Norte, foi Capitão-Mor da Capitania do Grão-Pará. Guarde bem o nome de Ben- to Maciel, pois foi muito importante na criação da Capitania Cabo Norte em 1637, como veremos mais adiante. Bento Maciel foi responsável pela fundação dos fortes de Mariocai e Santo Antônio de Gurupá, ao longo do Rio Xingu. Também expulsou holandeses que haviam montado fortes na região. Entretanto, abandonou as entradas quando se dirigiu para lutar na Insurreição Pernambucana, que expulsou os holandeses de Pernambuco. O Aviso de 4 de novembro de 1621, do Conselho da Regência de Portugal, reco- mendava medidas urgentes para povoar e fortificar a região costeira, desde o Brasil até São Tomé da Guyana e a foz do Rio Drago, na Venezuela. Nesse sentido, outros dois importantes sertanistas foram Francisco de Azevedo, primeiro a liderar en- tradas aos sertões de Turi e Gurupi, e Luís Aranha de Vasconcelos, que viajou por grande parte do atual território do Amapá entre os anos de 1622 e 1624. Os holandeses foram expulsos e recuaram para as Guianas. Os ingleses abandonaram temporariamente a região e os franceses foram para Caiena. A violência do conflito também atingiu populações indígenas. Milhares de Tupinam- bás foram massacrados pelos portugueses. 2.4. As Reformas Pombalinas Em 1703, os portugueses e ingleses celebraram o Tratado de Methuen, que abriu um importante canal para a transferência da riqueza produzida no Brasil para a Inglaterra. Pelo acordo, os Portugueses se comprometeriam em consumir os produtos industrializados britânicos e os ingleses comprariam os vinhos portugue- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 40 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos ses. Esse acordo foi desfavorável aos portugueses, pois compravam muito mais dos ingleses do que os ingleses dos portugueses, deixando a balança comercial deficitária. Durante a segunda metade do século XVIII, a Coroa Portuguesa sofreu a influ- ência dos princípios iluministas com a chegada de Sebastião José de Carvalho aos quadros ministeriais do governo de Dom José I. Mais conhecido como Marquês de Pombal, esse “superministro” teve como grande preocupação modernizar a admi- nistração pública de seu país e ampliar ao máximo os lucros provenientes da explo- ração colonial, principalmente em relação à colônia brasileira. Esse tipo de tendência favorável a reformas administrativas e ao fortalecimento do Estado monárquico compunha uma tendência política da época conhecida como “despotismo esclarecido”. A chegada do esclarecido Marquês de Pombal pode ser compreendida como uma consequência dos problemas econômicos vividos por Portugal na época. Nessa época, os portugueses sofriam com a dependência eco- nômica em relação à Inglaterra, a perda de áreas coloniais e a queda da exploração aurífera no Brasil. O despotismo esclarecido, ou absolutismo ilustrado, é uma expressão que designa uma forma de governar característica da Europa Continental da segunda metade do século XVIII que, embora partilhasse com o absolutismo a exaltação do Estado e do poder do soberano, era animada pelos ideais de progresso, reforma e filantropia do Iluminismo. Mas não eram aceitas todas as ideias do Iluminismo, com a definição entre a combinação desses diferentes ideais e a sua concretização pertencendo ao próprio déspota. A expressão “despotismo esclarecido” não foi contemporânea aos acontecimentos, tendo sido forjada mais tarde pelos pesquisadores. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 41 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos O Marquês de Pombal foi embaixador na Inglaterra e na Áustria. Sua ascensão se daria quando, após ter sido chamado para ser ministro do Rei D. José I, mostrou suas capacidades ao planejar e reconstruir a cidade de Lisboa após o terremoto que a destruiu em 1755. Surpreendido com o feito do seu plano de reconstrução, D. José I o chamou para ser primeiro-ministro. Em seguida, recebeu o título de Conde de Oeiras em 1759 e, finalmente, o de Marquês de Pombal, em 1769. O Marquês de Pombal esforçou-se para tornar Portugal economicamente inde- pendente da Inglaterra. Dessa maneira: • criou a Companhia para a Agricultura das Vinhas do Alto Douro; • criou a Companhia Geral das Reais Pescas do Reino do Algarve; • implantou um novo controle de cobrança de impostos; • proibiu a escravização dos índios; • proibiu a discriminação dos judeus convertidos no tempo da Inquisição; • preocupou-se com a educação, pretendeu modernizá-la criando as faculdades de medicina e matemática. Até então, a educação era responsabilidade da Igreja Católica; • no Brasil, o governo de Pombal trouxe as seguintes mudanças: − criação da Companhia do Grão-Pará e do Maranhão; − criação da Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba; − extinção definitiva das capitanias hereditárias; − elevação do Brasil a vice-reino de Portugal; − nomeação do Rio de Janeirocomo nova capital da colônia – em substituição a Salvador; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 42 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos − expulsão dos jesuítas. Pombal acusou os jesuítas de promoverem a resis- tência dos índios a Portugal. Alegando esse motivo, em 1759 expulsou e confiscou os bens da Companhia de Jesus do Brasil, tal como já o tinha feito em Portugal. Os religiosos seriam expulsos de vários países europeus como Espanha, Parma e Duas Sicílias e França e, posteriormente, houve a supressão da Companhia pelo Papa Clemente XIV, em 1773. Essas reformas impactaram diretamente na produção e no controle da atividade mineradora do Brasil e seria uma das causas da Inconfidência Mineira. 2.5. Rebeliões Coloniais As revoltas nativistas foram aquelas que tiveram como causa principal o des- contentamento dos colonos brasileiros com as medidas tomadas pela Coroa Por- tuguesa. Ocorreram entre o final do século XVII e início do XVIII. A maior parte dessas revoltas foi reprimida com violência pela Coroa Portuguesa como forma de controlar seu domínio sobre a colônia brasileira. Principais causas: • monopólio português do comércio de mercadorias; • preços elevados cobrados pelos produtos comercializados pelos portugueses; • medidas da metrópole que favoreciam os portugueses, principalmente os co- merciantes; • conflitos culturais, políticos e comerciais entre colonos e portugueses; • altos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa, principalmente sobre a ex- tração de ouro realizada pelos colonos brasileiros; • exploração colonial praticada por Portugal; • rígido controle, por meio de leis, imposto pela metrópole sobre o Brasil. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 43 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos Rebeliões Nativistas: são rebeliões entre colonos ou em defesa do interesse das elites coloniais. • Revolta dos Beckman de 1684; • Guerra dos Emboabas entre 1708 e 1709; • Revolta de Felipe dos Santos de 1720; • Guerra dos Mascates entre 1710 e 1711. Rebeliões Separatistas: visam à independência em relação a Portugal. • Inconfidência Mineira, em1789; • Conjuração Baiana, em 1798; • Insurreição Pernambucana de 1817. (A Insurreição Pernambucana de 1645- 1654 é a que expulsou os holandeses.) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 44 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos 2.5.1. Revolta dos Beckman (1684) A Revolta de Beckman foi uma rebelião nativista ocorrida na cidade de São Luís (estado do Maranhão), em 1684. Foi causada pela insatisfação dos comerciantes, dos proprietários rurais e da população em geral com a Companhia de Comércio do Maranhão, instituída pela Coroa Portuguesa em 1682. Os comerciantes reclama- vam do monopólio da Companhia, enquanto os proprietários rurais contestavam os preços pelos quais a Companhia pagava por seus produtos. O fato é que grande parte da população maranhense estava insatisfeita com a baixa qualidade e os altos preços cobrados pelos produtos manufaturados comer- cializados pela Companhia na região. Outros produtos como trigo, bacalhau e vinho chegavam à região em quantidade insuficiente, demoravam para chegar e ainda vinham em péssimas condições para o consumo. Contudo, o principal problema foi a falta de mão de obra escrava na região. Os escravos fornecidos pela Companhia eram insuficientes para as necessidades dos proprietários rurais. Uma solução seria a escravização de indígenas, porém os je- suítas eram contrários. Na noite de 24 de fevereiro de 1684, os irmãos Manuel e Tomás Beckman, dois proprietários rurais da região, com o apoio de comerciantes, invadiram e saquea- ram um depósito da Companhia de Comércio do Maranhão. Os revoltosos também expulsaram os jesuítas da região e tiraram do poder o governador. A Corte portuguesa enviou ao Maranhão um novo governador para acabar com a revolta e colocar ordem na região. Os revoltosos foram presos e julgados. Os ir- mãos Beckman e Jorge Sampaio foram condenados à forca. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para EMERSON FREITAS RAMOS - 09128151917, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 45 de 128www.grancursosonline.com.br HISTÓRIA DO BRASIL História do Brasil: Da descoberta à Independência Prof. Daniel Vasconcellos A Revolta de Beckman foi mais um movimento nativista que mostra os confli- tos de interesses entre os colonos e a metrópole. Foi uma revolta que mostrou os problemas de mão de obra e abastecimento na região do Maranhão. As ações da Coroa Portuguesa, que claramente favoreciam Portugal e prejudicavam os interes- ses dos brasileiros, foram, muitas vezes, motivos de reações violentas dos colonos. Geralmente eram reprimidas com violência, pois a Coroa não abria mão da ordem e obediência em sua principal colônia. 2.5.2. A Guerra dos Emboabas (1708 e 1709) A Guerra dos Emboabas foi um conflito armado ocorrido na região das Minas Gerais entre os anos de 1708 e 1709, envolvendo os bandeirantes paulistas e os emboabas (portugueses e imigrantes de outras regiões do Brasil). O confronto tinha como causa principal a disputa pela exploração das minas de ouro recém- -descobertas na região das Minas Gerais. Os paulistas queriam exclusividade na exploração da região, pois afirmavam que tinham descoberto as minas. Os emboabas eram liderados pelo português Manuel Nunes Viana, enquanto os paulistas eram comandados pelo bandeirante Borba Gato. O conflito mais importante e sangrento ocorreu em novembro de 1708, no distrito de Ouro Preto. Os embobas dominaram a região das minas e os paulistas se refugiaram na área do Rio das Mortes. Como consequência, os paulistas foram derrotados e a Coroa Portuguesa criou a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. Além disso, a cobrança do quinto (20%) foi regulamentada e a Coroa Portuguesa assumiu a exploração de ouro na região das Minas Gerais. Por outro lado, os bandeirantes paulistas, expulsos da região das Minas Gerais, foram em busca de ouro nas regiões de Goiás e Mato Grosso, onde encontraram novas minas para explorar. 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