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SISTEMA DE ENSINO HISTÓRIA Brasil Colônia Livro Eletrônico 2 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Brasil Colônia .................................................................................................................4 1. Brasil Colônia ..............................................................................................................4 1.1. A Expansão Marítima Portuguesa e o Descobrimento do Brasil; o Reconhecimento Geográfico e a Exploração do Pau-brasil; a Ameaça Externa e os Primórdios da Colonização ....................................................................................................................5 1.2. A Organização Político-administrativa; a Expansão Territorial; os Tratados de Limites .......................................................................................................................... 11 1.3. A Agricultura de Exportação como Solução; a Presença Holandesa; a Interiorização da Colonização; a Mineração e a Economia Colonial ................................22 1.4. A Sociedade Colonial; os Indígenas e a Reação à Conquista; as Lutas dos Negros; os Movimentos Nativistas ............................................................................................35 1.5. A Arte e a Literatura da Fase Colonial; a Ação Missionária e a Educação ............... 61 Resumo ........................................................................................................................72 Mapas Mentais .............................................................................................................74 Questões Comentadas em Aula ....................................................................................78 Questões de Concurso ................................................................................................. 90 Gabarito ...................................................................................................................... 115 Gabarito Comentado .................................................................................................... 116 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Apresentação Bem-vindo(a), aluno(a)! Vamos começar nossos estudos sobre a História do Brasil. O co- nhecimento sobre essa temática é menos complexo, mas costuma ser cobrado. Antes de seguirmos, peço novamente que avalie as aulas anteriores, caso ainda não o tenha feito. Veja os conteúdos que trataremos nesta aula: 5. BRASIL COLÔNIA 5.1. A expansão marítima portuguesa e o descobrimento do Brasil; o reconhecimento ge- ográfico e a exploração do pau-brasil; a ameaça externa e os primórdios da colonização. 5.2. A organização político-administrativa; a expansão territorial; os tratados de limites. 5.3. A agricultura de exportação como solução; a presença holandesa; a interiorização da colonização; a mineração e a economia colonial. 5.4. A sociedade colonial; os indígenas e a reação à conquista; as lutas dos negros; os movimentos nativistas. 5.5. A arte e a literatura da fase colonial; a ação missionária e a educação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA BRASIL COLÔNIA 1. Brasil Colônia Querido(a) aluno(a), o Brasil Colônia corresponde ao período do “descobrimento”, em 1500, até a Independência, em 1822. Antes de seguirmos, observe a linha do tempo da História do Brasil. Tenha em mente que ela servirá como meio de revisão, assim como um mapa mental. Isso facilitará sua memori- zação e estudo. Como vimos, Portugal foi pioneiro no processo das Grandes Navegações. Isso deu porque foi o primeiro Estado a se centralizar e, geograficamente, estava de frente para o oceano Atlântico. Economicamente, no século XIV, os estados Europeus estavam organizados em torno do Mercantilismo. O mercantilismo é o conjunto de ideias e práticas econômicas adotadas duran- te o Capitalismo Comercial (séculos XIV a XVIII). A base da atividade era a troca de mercadorias e o lucro era, não em dinheiro, mas em espécie. Além disso, o objetivo das atividades comer- ciais era o acúmulo de metais preciosos, entendendo que uma nação rica era aquela que tinha mais reservas desses metais, o protecionismo do mercado e a balança comercial favorável. Isto posto, a colonização portuguesa do Brasil se deu dentro da lógica mercantilista. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA 1.1. a Expansão MarítiMa portuguEsa E o DEsCoBriMEnto Do Brasil; o rEConhECiMEnto gEográfiCo E a Exploração Do pau-Brasil; a aMEaça ExtErna E os priMórDios Da Colonização Querido(a), já estudamos a expansão marítima portuguesa na aula III – O Mundo Moder- no. Voltaremos a tratar do tema, mas com enfoque na colonização do país. Ah, se necessário, volte a aula citada. A Expansão Marítima Portuguesa e o Descobrimento do Brasil Recorde comigo: com o desenvolvimento dos estudos marítimos (Escola de Sagres), os portugueses se tornaram grandes comerciantes, prosperando e produzindo novas embarca- ções e formando grandes navegadores. Portugal se transformou em um dos mais importan- tes entrepostos comerciais durante as Grandes Navegações Marítimas. Como vimos, o principal objetivo que os navegadores portugueses desejavam era dar a volta no continente africano, ou seja, realizar o périplo africano. Desta maneira, Portugal foi conquistando várias concessões na África. No ano de 1488, Bartolomeu Dias, navegador português, havia conseguido chegar ao Cabo da Boa Esperança, provando para o mundo que existia uma passagem para outro oceano. Finalmente, no ano de 1498, o navegador português Vasco da Gama alcançou as Índias; em 1500, outro navegador lu- sitano, Pedro Álvares Cabral, deslocou-se com uma grande frota de embarcações para fazer co- mércio com o Oriente, acabou chegando ao chamado “Novo Mundo”: o continente americano. A chegada dos portugueses ao Brasil foi um dos maiores momentos das grandes navega- ções. A expedição de Pedro Álvares Cabral contava com 13 embarcações, sendo nove naus, três caravelas e uma naveta de mantimentos. Os líderes de cada uma das embarcações eram: Pedro Álvares Cabral, Sancho Tovar, Simão de Miranda de Azevedo, Aires Gomes da Silva, Ni- colau Coelho, Nuno Leitão da Cunha, Vasco de Ataíde, Bartolomeu Dias, Diogo Dias, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de Pina e Pero de Ataíde. A expedição de Cabral também contava com cerca de 1200 a 1500 homens, que zarparam de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Após zarpar, a expedição navegou diretamente para o O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br6 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA arquipélago de Cabo Verde, portanto, tomou uma rota distante da costa africana. A rota usual dos portugueses rumo à Índia era mais próxima da costa, mas o caminho distinto sugere que eles tinham um roteiro diferente das demais expedições. A rota da expedição de Cabral foi a seguinte: • 9 de março: zarparam de Lisboa. • 14 de março: passaram pelas Ilhas Canárias. • 22 de março: passaram por Cabo Verde. • 23 de março: desaparecimento da nau de Vasco Ataíde. • 29 e 30 de março: adentraram a região de calmaria na zona equatorial. • 10 de abril: passaram a 210 milhas de Fernando de Noronha. • 18 de abril: estavam próximos da Baía de Todos os Santos. • 21 de abril: avistaram sinais de aproximação de terra. • 22 de abril: avistaram o Monte Pascoal. O avistamento das terras, que aconteceu no dia 22 de abril de 1500, foi relatado por Pero Vaz de Caminha, escrivão da expedição, da seguinte maneira: No dia seguinte [22 de abril] – quarta-feira pela manhã – topamos aves a que os mesmos chamam de fura-buchos. Neste mesmo dia, à hora de vésperas [entre 15h e 18h], avistamos terra! Primeira- mente um grande monte, muito alto e redondo; depois outras serras mais baixas, da parte sul em relação ao monte e, mais, terra chã. Com grandes arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o nome de Monte Pascoal; e à terra, Terra de Vera Cruz. Apesar de terem avistado no dia 22 de abril, foi só no dia seguinte que Cabral decidiu enviar homens para a terra. Nesse momento ocorreram os primeiros contatos entre portu- gueses e nativos. Em relato, Pero Vaz de Caminha afirmou que “eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as suas vergonhas. Traziam nas mãos arcos e flechas”. Essa primeira expedição que marcou os contatos iniciais entre portugueses e nativos foi comandada por Nicolau Coelho. Ele e outros homens foram enviados para as margens da praia, em um bote, para estabelecer uma relação com os indígenas. Esses contatos foram pacíficos. Em uma outra passagem sobre os nativos, Pero Vaz de Caminha afirma que: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons rostos e bons narizes. Em geral são bem-feitos. […] Ambos […] traziam o lábio de baixo furado e metido nele um osso branco e realmente osso, do comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do lábio, e a parte que fica entre o lábio e os dentes é feita à roque de xadrez, ali encaixado de maneira a não prejudicar o falar, o comer e o beber. O contato foi calmo, houve troca de presentes entre as duas partes e alguns dos indígenas foram levados à embarcação onde estava o capitão-mor, Cabral, para que ele os conhecesse. Foram-lhes dados alimentos e vinho, mas eles rejeitaram a comida e não gostaram do que experimentaram, segundo o relato de Caminha. Os portugueses seguiram mais alguns dias explorando a costa brasileira e, no dia 26 de abril, um domingo, celebraram a primeira missa no Brasil, realizada pelo frei Henrique de Coimbra. Depois, os comandantes da expedição decidiram enviar uma embarcação para Por- tugal com a notícia da descoberta da nova terra. Pero Vaz de Caminha também foi nomeado para relatar, com detalhes, as novidades das terras encontradas. No dia 2 de maio, a expedição de Cabral partiu do Brasil em direção à Índia. O rei portu- guês, d. Manoel I, ficou sabendo da notícia do descobrimento da nova terra ainda em 1500. Apesar disso, o Brasil ficou em segundo plano, uma vez que a prioridade portuguesa, naquele momento, era continuar com o comércio na Índia. QuEstão 1 (FGV/2019) Nas vésperas dos Descobrimentos e no próprio momento das via- gens de Colombo, de Vasco da Gama e de Vespúcio, nenhuma das cinco representações da Terra descritas por Crates, Aristóteles, Parmênides (as zonas), Lactâncio e Ptolomeu parece prevalecer. Embora elas nos apareçam como absolutamente incompatíveis, as quatro primei- ras tendem, com efeito, a conjugar-se para preservar o paradigma medieval de uma ecúmena plana, colocada sobre uma esfera “cosmográfica”. RANDLES, RW.G.L Da Terra Plana ao Globo Terrestre. Uma rápida mutação epistemológica (1450-1520). Lisboa: Gradiva, 1990, p. 35. Ecúmena: área da Terra habitada pelos seres humanos. Acerca das concepções sobre a Terra e da expansão marítima Europeia afirma-se: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA I – À época dos Descobrimentos, não havia nenhuma teoria acerca da esfericidade da Terra, o que reforçava a posição de setores religiosos que ainda sustentavam o mito bíblico da Terra Plana. II – A viagem de circum-navegação realizada por Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522, tornouse um marco na História mundial por ter comprovado a tese da esferi- cidade da Terra. III – As lendas acerca da existência de monstros e de seres fantásticos que habitariam os mares e terras desconhecidos faziam parte do imaginário europeu à época dos Des- cobrimentos. Está correto o que se afirma em a) I e III, apenas. b) I, II e III. c) II, apenas. d) II e III, apenas. e) I e II, apenas. Letra d. I. Errado. Contradiz o texto quando este afirma que os autores citados desenvolveram a ideia de uma esfera “cosmográfica” para sustentar a Terra. Os pensadores mencionados não estão elencados em ordem cronológica, à qual deveria ser a seguinte: Parmênides (530-460 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.), Crates (365-285 a.C.), Ptolomeu (90-168) e Lactâncio (250-325). O Reconhecimento Geográfico e a Exploração do Pau-brasil Querido(a) aluno(a), os portugueses chegaram ao Brasil em 1500 e, no entanto, não ocu- param o território de imediato. Daí a nomenclatura Pré-colonial para nos referirmos aos trinta anos que se seguem. Esta primeira fase da colonização (1500-1530) é caracterizada por uma certa marginalização de Portugal em relação ao Brasil. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Nesse período, a ocupação territorial se limitou a feitorias: uma mistura de forte para de- fesa do território e armazém. Mas por que isso? Por que a Coroa Portuguesa decidiu não explorar a colônia brasileira entre os anos de 1500 e 1530? • Porque não encontraram metais preciosos em expedições; • Porque o comércio com as Índias era suficientemente lucrativo; • Porque em 1500 a única nação que detinha tecnologia naval para tomar a colônia bra- sileira de Portugal era a Espanha, que celebrou o Tratado de Tordesilhas com Portugal. O interesse português neste momento era o comércio com as Índias. Ademais, os por- tugueses não encontraram na área colonial produtos lucrativos de imediato. À exceção do pau-brasil, que seria extraído pelos indígenas. Neste período a Metrópole realizou algumas expedições no litoralbrasileiro, sem fins lu- crativos ou colonizadores: • Em 1501, sob o comando de Gaspar de Lemos, chegou uma expedição com o objetivo de reconhecimento geográfico. • Em 1503, uma nova expedição, sob o comando de Gonçalo Coelho; prosseguiu o re- conhecimento da nova terra. O navegador italiano Américo Vespúcio acompanhava as duas expedições. Além destas expedições de reconhecimento da nova terra, Portugal enviou outras duas expedições (em 1516 e 1526) com objetivos militares. Foram as chamadas expedições guar- da-costas, comandadas por Cristovão Jacques, com a missão de aprisionar navios franceses e espanhóis, que praticavam o contrabando no litoral brasileiro. Estas expedições contribuíram para a fixação em terras brasileiras dos primeiros povoa- dores brancos: degredados, em sua maioria. Como disse, Entre 1500 e 1530, o único produto explorado era o pau-brasil. Como a hu- manidade não havia passado pela Revolução Industrial, não existiam corantes sintéticos. O O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA pau-brasil foi muito utilizado nas manufaturas têxteis para tingimento de tecidos. As conces- sões para exploração eram dadas pela coroa e chamadas de estanco. Para cortar a madeira e levar aos navios era necessária uma grande quantidade de mão de obra. A modalidade de exploração da mão de obra indígena recebeu o nome de escambo: troca de presentes, de artefatos e animais, que não existiam aqui, pelo trabalho dos índios. Aqui, ainda não escravizaram os índios. A Coroa Portuguesa, pelo menos nesse primeiro mo- mento, seguia à risca o ordenamento da igreja em não escravizar os nativos, considerados almas puras do paraíso. O navegante português Cristóvão Jacques comandou as expedições guarda-costas, realizadas entre os anos 1516 e 1520, visando a defesa do litoral da colônia. A Ameaça Externa e os Primórdios da Colonização Querido(a), comecemos esse subtópico do edital com uma provocação: Por que a Coroa Portuguesa decidiu passar a explorar a colônia brasileira a partir dos anos de 1530? • Porque tiveram notícias da descoberta de ouro e prata na América espanhola; • porque o comércio com as Índias entrou em crise; • porque países como França, Inglaterra, Holanda e Bélgica, desenvolveram suas frotas marítimas e passaram a representar uma grande ameaça ao controle português sobre a colônia. Abençoado, o desenvolvimento da tecnologia de navegação foi um processo de 200 anos liderado pelos portugueses. No entanto, copiar essa tecnologia desenvolvida é muito mais fácil e prático. Foi assim que as nações citadas acima se tornaram, num prazo curto de 30 anos desde a descoberta do Brasil, ameaças à colônia portuguesa na América. Ora, a Espanha era a única concorrente de Portugal e, como vimos, em virtude da celebra- ção do Tratado de Tordesilhas, não havia risco de invasão e tomada das terras. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Você já teve essa informação em aula anterior, mas voltemos a ela para que não tenha que voltar lá: Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, foi um tratado celebrado entre o Rei- no de Portugal e a Coroa de Castela (Espanha) para dividir as terras do globo, “descobertas e por descobrir”, por ambas as Coroas fora da Europa. O avanço dessas novas potências marítimas se concretizou de fato. Contestando o tra- tado de Tordesilhas, o rei da França, Francisco I, declarou em 1540: “Gostaria de ver o testa- mento de Adão para saber de que forma este dividira o mundo”. Mais adiante veremos as invasões francesas e holandesas no Brasil. 1.2. a organização polítiCo-aDMinistrativa; a Expansão tErritorial; os trataDos DE liMitEs A Organização Político-administrativa Querido(a) aluno(a), a Coroa Portuguesa voltou seus olhos para a colônia brasileira e de- cidiu povoá-la, explorá-la, a fim de resolver sua crise econômica e impedir que outras nações O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA tomassem o território colonial. Assim, Martin Afonso de Souza comandou a primeira expedi- ção colonizadora do Brasil e fundou a Vila de São Vicente em 1532. O problema é que a coroa portuguesa não tinha recursos financeiros para promover essa empreitada. Eis então a solução proposta: terceirizar a tarefa da colonização, entregando lo- tes de terras a fidalgos (nobres portugueses). Nasceram assim as Capitanias Hereditárias. Capitanias Hereditárias As Capitanias Hereditárias foram faixas de terra que partiam do litoral para o interior até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. De início, foram quinze Capitanias que eram entregues para usufruto do Donatário. Importante destacar que o donatário não era dono da terra, ele possuía o direito de explorá-la, direito esse estendido a seus descendentes. No campo jurídico, existiam dois documentos para regulamentar as relações entre a Co- roa Portuguesa e os donatários: • Carta de Doação: documento que dava ao donatário o direito de exploração da terra e repassar esse direito a seus descendentes. Também autorizava o donatário a construir vilas e engenhos com o objetivo de povoar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA • Carta Foral: documento que regulamentava tributos e a divisão dos lucros da capitania entre a Coroa e os Donatários. O sistema de Capitanias era extremamente vantajoso para a Coroa Portuguesa, pois trans- feria a responsabilidade da empresa de colonização para os fidalgos. Entretanto, os donatários passaram por grandes dificuldades: desenvolver a colônia com poucos recursos financeiros, a distância em relação à metrópole (Portugal) e os constantes conflitos com os nativos. Diante dessas dificuldades, a maioria das capitanias não conseguiu vingar, desenvolver sua economia e gerar tributos para a Coroa. As únicas exceções foram a Capitania de Per- nambuco e a Capitania de São Vicente. Por que a Capitania de Pernambuco e de São Vicente prosperaram? A terra fértil possibilitou o cultivo da cana-de-açúcar e a construção de engenhos. Além disso, no caso de Pernambuco, a distância em relação a Portugal era menor se comparada as outras capitanias. Governo Geral Com o fracasso das Capitanias Hereditárias, em função da falta de recursos dos donatá- rios para a empreender a colonização, a Coroa Portuguesa optou por modificar a estrutura de organização política da Colônia. Nascia, assim, o Governo Geral. Importante destacar que as Capitanias Hereditárias continuaram existindo, sendo extintas apenas em 1759pelo Marquês de Pombal, Primeiro Ministro Português. O Governo Geral representou uma medida político-administrativa adotada pela Coroa Por- tuguesa (Rei Dom João III), em 1548, a fim de centralizar, administrar, restabelecer o poder e reforçar a colonização no período do Brasil Colônia, após o fracasso das capitanias hereditá- rias. Tomé de Souza foi o primeiro governador-geral do Brasil, chegando em Salvador em 1549. O governo geral era comandado pelo governador geral, que detinha grande autoridade, possibilitando a criação de novos cargos políticos com o intuito de dividir as diversas tarefas: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA ouvidor-mor (assuntos judiciais), provedor-mor (questões financeiras), alcaide-mor (funções de organização, administração e defesa militar) e capitão-mor (questões jurídicas e de defesa). O governador geral, indicado pelo rei, seria responsável pelo desenvolvimento econômico da colônia, desde criação de engenhos, administração e proteção de terras, inserção dos in- dígenas na população, dentre outros. Os três primeiros governadores gerais que administraram o Brasil Colônia foram: Tomé de Souza (1549 a 1553), seguido de Duarte da Costa (1553 a 1558) e Mem de Sá (1558 e 1572). A administração de Tomé de Sousa iniciou o processo de restabelecimento da Coroa Portugue- sa nas terras brasileiras. Por conseguinte, Duarte da Costa entrou em diversos conflitos com os indígenas; por outro lado, Mem de Sá, aproveitou para se aproximar dos índios e utilizá-los como força para combater os franceses invasores. Embora Portugal tenha dividido o país em dois polos, após a morte de Mem de Sá (em 1572), do qual a sede do norte era em Salvador e a sede do Sul, no Rio de Janeiro, o governo geral foi extinto em 1808, com a chegada da família real ao Brasil. Observe que o sistema de Governo geral, auxiliou na consolidação da dominação portuguesa no Brasil. QuEstão 2 (FGV/2008) “...se V.A. não socorre a essas capitanias e costas do Brasil, ainda que nós percamos a vida e fazendas, V.A. perderá o Brasil.” (Carta, de 1548, enviada ao rei de Portugal, pelo capitão Luís de Góis, da capitania de São Vicente) O documento: a) mostra que São Paulo e São Vicente foram as duas únicas capitanias que não conseguiram prosperar. b) alerta a Coroa portuguesa a que mude com urgência a política, para não perder sua nova colônia. c) revela a disputa entre donatários, para convencer o Rei a enviar auxílio para suas respecti- vas capitanias. d) exagera o risco de invasão do território, quando não havia interesse estrangeiro de explorá-lo. e) demonstra a incapacidade dos primeiros colonizadores de estabelecer atividade econômi- ca no território. 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Isso se explica pela con- centração, nessa área da colônia, das únicas atividades lucrativas para a metrópole: a produ- ção de açúcar e a extração do pau-brasil. No século XVII, teve início a expansão territorial, interiorizando a colonização lusa, em que se destacaram três figuras humanas: o bandeirante, organizando as expedições de apresa- mento indígena e de prospecção mineral; o vaqueiro, ocupando as áreas de pastagens nor- destinas e criando o gado, e, finalmente, o missionário, principalmente o jesuíta, envolvido na catequese e na fundação das missões. Bandeirantes Os Bandeirantes empreenderam várias expedições. Reuniam indivíduos que iam aos ser- tões coloniais com a intenção de capturar indígenas para uso como mão de obra escrava. Nestas primeiras expedições, o armamento básico utilizado eram arco e flecha (mesmo po- derio bélico de muitos indígenas que se intencionava capturar). Por conta de seus propósitos, muitas bandeiras se constituíram como verdadeiras expedições de apresamento. No con- texto da União Ibérica, (1580-1640), os bandeirantes ultrapassaram os limites do Tratado de Tordesilhas (1494) e ampliaram os domínios portugueses na América. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA A União Ibérica (1580 a 1640) foi a unificação das Coroas espanhola e portuguesa a partir da crise sucessória do trono português. Essa crise de sucessão decretou o fim da Dinastia de Avis e coroou o rei Filipe II, da Espanha, como rei tanto de Portugal quanto da Espanha. O rei de Portugal, D. Sebastião, desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir contra os mouros no Marrocos, em 1578. Como o rei não havia deixado herdeiros para sucedê-lo, quem assumiu foi seu tio-avô, D. Henrique. No entanto, D. Henrique acabou morrendo dois anos depois e, como também não possuía herdeiros diretos, assumiu Felipe II da Espanha, unificando as coroas. Na segunda metade do século XVII, o contexto de crise econômica que assolou o Império Português na Europa e suas possessões ultramarinas na América e na África foi desencade- ado por uma série de investidas de outras nações. Colônias na África foram tomadas pelos holandeses e o açúcar brasileiro enfrentava a concorrência do açúcar produzido nas Antilhas. Naquela situação, a Coroa portuguesa estimulou a procura por metais preciosos em suas colônias. As bandeiras somaram-se a expedições oficiais financiadas pela própria Coroa de- nominadas de Entradas. Existiam três tipos de expedições: • entradas eram expedições oficiais (organizadas pela Coroa) que saiam do litoral em direção ao interior do Brasil. • Descidas foram expedições dos jesuítas do Pará que tinham criado na Amazônia um sistema bem estruturado de “aldeias” de aculturação indígena. Buscando índios para estas aldeias, os jesuítas organizaram diversas expedições fluviais, subindo o Tocan- tins. • Bandeiras eram expedições organizadas e financiadas por particulares, principalmente paulistas. Partiam de São Paulo e São Vicente rumo às regiões centro-oeste e sul do Brasil. Em seguida, as principais bandeiras em Goiás. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Agora, veja uma lista das principais bandeiras realizadas: • 1590-93, sob o comando de Domingo Luis e Antônio Macedo.• Sebastião Marinho – 1592. • Domingos Rodrigues – 1596-1600. • Nicolau Barreto – 1602-04. • Belchior Dias Carneiro – 1607. • Martins Rodrigues – 1608-13. • André Fernandes – 1613-15. • Lázaro da Costa – 1615-18. • Francisco Lopes Buenavides – 1665-66. • Antônio Pais – 1671. • Bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Ananguera (1672 a 1740): partiu da região norte do atual estado de São Paulo em direção a região centro-oeste do país em busca do descobrimento de jazidas de ouro e pedras preciosas. Missionários A igreja Católica teve um papel de destaque na colonização americana. Várias ordens re- ligiosas atuaram no Brasil: carmelitas, dominicanos, beneditinos e jesuítas. A Companhia de Jesus, criada em 1534, por Inácio de Loyola, surgiu no contexto da Contrarreforma e com o objetivo de consolidar e ampliar a fé católica pela catequese e pela educação. A ação catequista dos jesuítas na colônia gerou um intenso conflito com os colonos que queriam escravizar os índios. A existência de um grande número de índios nas Missões atraía a cobiça dos colonos, que destruíam as Missões e vendiam os índios como escravos. A Companhia de Jesus, pela catequese, não tinha exatamente intensões humanitárias, pois dominavam culturalmente os índios, facilitando sua submissão à colonização e impon- do um novo modo de vida. O excedente de produção – realizado pelo trabalho indígena – era comercializado pelos jesuítas. A catequização do índio fortaleceu e incentivou a escravidão negra, pelo tráfico negreiro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Várias aldeias jesuítas foram criadas na região sertaneja objetivando a catequese e a “civilização” dos indígenas. Também ensinavam os membros da elite colonial que, posterior- mente, eram encaminhados à Europa para cursar Direito, Medicina ou Engenharia. Os portugueses sempre tiveram interesse na região Sul, atraídos pela prata que escoava pelos rios da bacia Platina e pelo rico comércio peruano. Desde cedo, portanto, alimentavam o sonho de criar um estabelecimento na região. Em 20 de janeiro de 1680, D. Manuel Lobo fundou a Colônia do Santíssimo Sacramento, à margem esquerda do estuário do Prata, atual cidade uruguaia de Colônia. Assim, garantiu a presença portuguesa em uma área importante dentro do império colonial espanhol e, ao mes- mo tempo, abriu espaço para o contrabando inglês na bacia do Prata. A fundação de Sacra- mento abriu um período de sucessivos conflitos e debates diplomáticos entre os dois países, que se estenderam até o século XVIII. A ocupação do Rio Grande do Sul e Santa Catarina está inserida nesse processo. Vaqueiros Da sua introdução nos engenhos do litoral nordestino, o gado se expandiu em direção ao sertão, no primeiro século e meio da colonização. Com isso, o Sertão do Nordeste e o Vale do Rio São Francisco surgiram como as principais regiões pecuaristas da colônia, o que garantiu a ocupação de um grande território do interior brasileiro. Outra região que se voltaria também para a pecuária seria o sul de Minas Gerais, já no sé- culo XVIII. Ali, a criação de gado envolvia certa técnica superior, fazendas com cercados, pastos bem cuidados e rações extras para os animais; no manejo dos rebanhos era utilizada a mão de obra escrava. O seu mercado era representado pelas zonas urbanas mineradoras, o que provo- cou uma diversificação da produção: gado bovino, muares, suínos, caprinos e equinos. Também os Campos Gerais, correspondendo ao interior de São Paulo e Paraná, foram outra região de pecuária, com a produção de animais de tiro para a região mineradora. Nessa região predominava a mão de obra livre, constituída pelos tropeiros. Por fim, a pecuária seria desenvolvida ainda no Rio Grande do Sul, no século XVIII. Nesse caso específico, a pecuária promoveu não apenas a ocupação do território rio-grandense, mas, também, o seu povoamento. A atividade criatória gaúcha utilizava-se do trabalho livre, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA havendo, contudo, o emprego paralelo de escravos e dos indígenas oriundos das missões. Voltada também para o abastecimento da região das Gerais, a pecuária gaúcha desenvolveu a indústria do charque e a criação de gado bovino, muar, equino e ovino. Há que se destacar também a construção de fortificações na bacia Amazônica ao longo do século XVII, como meio de garantir a posse da região. Em 1616, por exemplo, iniciou-se a construção do Forte do Presépio, primeira construção de Belém do Pará. QuEstão 3 (FGV/PGE/RO/ANALISTA DA PROCURADORIA/RELAÇÕES PÚBLICAS/2015) Ao longo dos séculos XVI e XVII, durante o período da União Ibérica (1580/1640), verificamos o principal momento na expansão territorial brasileira. O país saiu de uma faixa litorânea para um tamanho continental e tal processo levou à incorporação do território correspondente à atual região norte. Sobre o processo de desbravamento da região norte, incluindo a área do estado de Rondônia, pode-se destacar dois grupos essenciais para o sucesso da ampliação territorial brasileira, que foram: a) os produtores de açúcar e os comerciantes brasileiros denominados tropeiros; b) os produtores de soja e os pecuaristas que expandiram suas atividades para a região norte; c) os produtores de borracha e os missionários que catequizavam os indígenas; d) os bandeirantes que visavam escravizar os indígenas e as missões jesuítas; e) os bandeirantes de sertanismo de contrato e os grandes pecuaristas que serviam aos engenhos. Letra d. Muito fácil. Como vimos, os principais grupos que se destacaram na expansão territorial fo- ram os missionários, bandeirantes e vaqueiros. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Os Tratados de Limites Em 1750, Portugal e Espanha assinavam o Tratado de Madri, quando o representante de Portugal, o luso-brasileiro Alexandre de Gusmão, assumiu a defesa dos interesses portugue- ses, a partir do princípio do uti possidetis (direito de posse). Com este tratado, ficava incorporada à colônia uma área três vezes maior do que aquela fixada por Tordesilhas, garantindo ao Brasil sua configuração geográfica atual. Entretanto, a Espanha punha como condição a entrega da colônia portuguesa do Sacramento, cedendo, em troca, para Portugal, a região dos Sete Povos das Missões, ocupada por jesuítas espanhóis e índios guaranis. Os inacianos e os indígenas da região das missões não aceitaram a troca, e o resultado foi a Guerra Guaranítica, em que espanhóis e portugueses destruíram as sete grandes missões jesuíticas, onde se desenvolvia uma verdadeira civilização missioneira. Como resultado disso, o Convênio de El Pardo (1761) anulava as decisões de Madri relacionadas ao Sul da América. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meiose a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Em 1777, para recuperar o território de Santa Catarina invadido por uma esquadra espa- nhola, Portugal aceitou os termos do Tratado de Santo lldefonso, que outorgava à Espanha os direitos de soberania sobre Sacramento e os Sete Povos das Missões. Mesmo com as determinações que passavam para as mãos espanholas o Sul do Brasil, colonos brasileiros ocuparam os Sete Povos, conquistando, a partir daí o território que cor- responde atualmente ao estado do Rio Grande do Sul. A presença de brasileiros na região pro vocou a assinatura do Tratado de Badajós, de 1801, reconhecendo definitivamente a incor- poração daquela área aos domínios lusitanos. TRATADOS DE LIMITES Tratado de Tordesilhas – 1494 Anulando a Bula Alexandrina, estabeleceu a divi- são do globo terrestre em dois hemisférios por um meridiano localizado 370 léguas a Oeste das ilhas de Cabo Verde. Primeiro Tratado de Utrecht – 1713 Firmado entre Portugal e a França para estabele- cer os limites entre os dois países na costa norte do Brasil. Estas disposições serviram, quase dois sécu- los após, para defender a posição brasileira na ques- tão do Amapá. Tratado de Madri – 1750 Também entre Portugal e a Espanha, estabeleceu os limites entre as colônias dos dois, na América do Sul, respeitando a ocupação realmente exercida nos ter- ritórios e abandonando inteiramente a “linha de Tor- desilhas”. (A Colônia de Sacramento passaria para o domínio da Espanha). Com esse Tratado o Brasil ganhou já um perfil próximo ao de que dispõe hoje. Tratado de Santo Ildefonso – 1777 Ainda entre Portugal e Espanha. Seguiu em linhas gerais os limites estabelecidos pelo Tratado de Madri, embora com prejuízo para Portugal no extremo sul do Brasil. QuEstão 4 (FGV/AL-RO/ANALISTA LEGISLATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2018) Os fragmentos a seguir descrevem negociações diplomáticas ocorridas no processo de constituição da fron- teira ocidental do Império português. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA I – Assegura o domínio e a soberania territorial da Coroa Portuguesa sobre as regiões americanas compreendidas entre os rios Amazonas e Oiapoque, fixando os limites en- tre França e Portugal na região da Guiana. II – Adota o princípio da “ocupação efetiva” e garante o controle luso de rios existentes na capitania de Mato Grosso, no vale do Guaporé, região que daria acesso, através do rio Guaporé e demais rios amazônicos, ao Estado do Grão-Pará e Maranhão. Os fragmentos exemplificam, respectivamente, os Tratados de a) Tordesilhas e Utrecht. b) El Pardo e Santo Ildefonso. c) Madri e El Pardo. d) Santo Ildefonso e Tordesilhas. e) Utrecht e Madri. Letra e. Com auxílio da tabela acima fica fácil né. Daí a necessidade de você memorizá-la. 1.3. a agriCultura DE Exportação CoMo solução; a prEsEnça holanDEsa; a intEriorização Da Colonização; a MinEração E a EConoMia Colonial Para se situar, antes de darmos sequência, entendo ser necessário que faça um pequeno apontamento sobre o entendimento do que são os “Ciclos Econômicos da História do Bra- sil”. Isso é importante para que consiga relacionar a atividade econômica do período com os eventos sociais e políticos que se sucedem a longo do curso. Esse esquema é de grande utilidade na resolução de questões sobre conflitos na Colônia, principalmente relacionadas ao ciclo do açúcar e do ouro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA A Agricultura de Exportação como Solução Para colonizar era necessário estabelecer um meio de exploração. Nesse sentido, a ativi- dade escolhida foi o cultivo da cana-de-açúcar. Dentro da lógica mercantilista, era preciso estabelecer um produto de exploração e um mercado consumidor para outros produtos trazidos da África e Europa. Assim, através do comércio triangular, traziam escravos da África e mercadorias europeias e trocavam pelo me- laço. Entregavam o melaço para os holandeses, que refinavam e distribuíam o açúcar no mer- cado europeu. O grande centro econômico da colônia portuguesa nos primeiros séculos da colonização foi, sem sombras de dúvidas, Pernambuco. Tanto o foi, que a capital administrativa da Colônia passou a ser Salvador, pela proximidade de Pernambuco. Para se ter uma ideia, quando a eco- nomia açucareira entrou em decadência e surgiu a economia mineradora na região de Minas Gerais, a capital administrativa da colônia passou a ser o Rio de Janeiro. Mas por que o açúcar foi a atividade escolhida pelos portugueses? • O preço do açúcar na Europa estava elevado; • Os portugueses já tinham a experiência da atividade na Ásia; • O clima e a terra fértil (solo de massapê) eram propícios. Unidade Produtora: • Casa Grande: residência do Senhor de Engenho e seus familiares. • Senzala: onde viviam os escravos. • Capela: demonstra a importância e a influência da igreja católica no processo de colo- nização. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA • Canavial: latifúndio. • Engenho: casa de moagem, casa de fervura, casa de purgar. As bases da produção açucareira foram a Monocultura, a Escravidão, a Exportação e o Lati- fúndio. Você, meu(minha) querido(a) não vai se esquecer do MEL da economia açucareira. Não se esqueça dessa dica! Será valioso saber dessas características na hora de gabaritar a questão. Sistema de Plantation da economia açucareira, (MEL): • Monocultura: plantio de um único gênero agrícola; • Escravidão: mão de obra utilizada; • Exportação: toda a produção visava o mercado externo; • Latifúndio: grande propriedade permitindo vastas lavouras de cana-de-açúcar. A produção e exportação de açúcar para a Europa foi a principal atividade econômica brasileira no século XVI e parte do XVII. Como vimos, os Engenhos de Açúcar, espalhados principalmente pelo Nordeste brasileiro, geravam riqueza para os senhores, para a coroa por- tuguesa (tributos) e para os comerciantes holandeses (refino e distribuição). Quando ocorreu a União Ibérica (1580-1640), Portugal foi unificado ao reino espanhol sob controle do Rei Felipe II da Espanha, inimigo da Holanda. Este, proibiu que os portugueses repassassem o açúcar produzido no Brasil para os Holandeses, que decidiram invadir o Nor- deste brasileiro. Ficaram aqui de 1630 a 1654, quando foram expulsos. Ocorre que, com a expulsão dos holandeses, o controle da colônia, e, portanto, da produ- ção do açúcar, voltou a mão dos portugueses. Mas antes de todo esse imbróglio, merece se destacar que os portugueses não refinavam e nem distribuíam o açúcar no mercado europeu. Os holandeses, que já dominavam as técnicas de refinamentoe a logística da distribuição comercial, aprenderam todo o processo de produção quando ocuparam regiões do Nordeste brasileiro. Quando foram expulsos, não abandonaram a atividade, passaram a fazer concor- rência com o açúcar brasileiro produzindo nas Antilhas (América Central). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Podemos, assim, apontar a concorrência holandesa como principal fator para a crise da economia açucareira. Apesar da crise que se seguiu, com a baixa dos preços do açúcar brasileiro no mercado internacional, a produção e a exportação do açúcar continuaram como a principal atividade econômica até o ápice do Ciclo do Ouro no século XVIII. Acontece, meu(minha) querido(a), que, além de todos esses problemas enfrentados pela atividade açucareira, ocorreram também uma sequência de eventos no século XIX que contri- buíram para que a economia açucareira entrasse em decadência de vez, dando espaço a uma nova aristocracia rural, a aristocracia do café. Surgimento do açúcar de beterraba: com o Bloqueio Continental de Napoleão, no início dos 1800, os navios ingleses carregados com açúcar brasileiro ficaram impedidos abastecer a Europa. Os europeus então precisaram de uma alternativa para abastecer o mercado interno Expansão da economia cafeeira: a expansão da economia cafeeira pode ser explicada pela crise da produção cafeeira asiática, graças a pragas que tomaram as lavouras. Além disso, a abundância de mão de obra escrava pôde ser deslocada do Nordeste para o Sudeste. Ocorre que a economia cafeeira adotou o mesmo sistema de plantation (MEL) da cana. Com a crise do açúcar, os senhores de escravos passaram a vender suas propriedades. Muitos comerciantes que eram senhores de escravos em 1840 já não o eram mais em 1870. QuEstão 5 (FGV/2014) Dos engenhos, uns se chamam reais, outros inferiores, vulgarmente engenhocas. Os reais ganharam este apelido por terem todas as partes de que se compõem e todas as oficinas, perfeitas, cheias de grande número de escravos, com muitos canaviais próprios e outros obrigados à moenda; e principalmente por terem a realeza de moerem com água, à diferença de outros, que moem com cavalos e bois e são menos providos e aparelha- dos; ou, pelo menos, com menor perfeição e largueza, das oficinas necessárias e com pouco número de escravos, para fazerem, como dizem, o engenho moente e corrente. ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp. 1982, p.69. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA O texto oferece uma descrição dos engenhos no Brasil no início do século XVIII. A esse res- peito é correto afirmar: a) O engenho de açúcar foi a principal unidade econômica do sertão nordestino durante o período colonial, permitindo a ocupação dos territórios situados entre o rio São Francisco e o rio Parnaíba. b) A produção de açúcar no Nordeste brasileiro colonial, em larga escala, foi possível graças à implantação do sistema de fábrica e ao uso do vapor como força motriz nas moendas. c) Os engenhos da Bahia utilizavam, sobretudo, mão de obra escrava africana, enquanto nos engenhos pernambucanos predominava o trabalho indígena. d) Os grandes engenhos desenvolviam todas as etapas de produção do açúcar, do plantio, passando pela moagem, a purga, a secagem e até a embalagem. e) A produção de açúcar no sistema de “plantation” ficou restrita aos domínios lusitanos das Américas, durante a época colonial, o que garantiu bons lucros aos produtores locais e aos comerciantes reinóis. Letra d. O texto deixa claro que nos engenhos reais (portanto, nos grandes engenhos) todas as etapas da produção do açúcar eram feitas, porque tais engenhos contavam com “(...) todas as partes de que se compõem e todas as oficinas (...)”. Logo, nesses engenhos ocorriam o plantio, a moagem, a purga, a secagem e a embalagem. A Presença Holandesa Como vimos, até 1530, Portugal e Espanha reinaram absolutos pelos mares. A tecnologia de navegação que levaram séculos para desenvolver, foi copiada em trinta anos por ingleses, franceses e holandeses. Essas novas potências marítimas não reconheciam o Tratado de Tordesilhas e passaram a tentar colonizar a costa brasileira. Exemplos disso foram: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA • as Invasões Holandesas na região Nordeste (Salvador em 1624 e Recife em 1630). • as Invasões Francesas. Tomada do Rio de Janeiro em 1555 com fundação da França Antártica; e a fundação da cidade de São Luís do Maranhão com a França Equinocial. Além disso, ingleses e holandeses passaram a frequentar o norte da costa amazônica. Ocuparam a região das Guianas e, a partir de 1600, adentraram a bacia amazônica, cons- truindo feitorias e fortificações. Fizeram o mesmo na região do Cabo Norte e nas ilhas pa- raenses. Ali comercializavam mercadorias como tabaco, peixe-boi, madeira, urucum entre outras especiarias. A região parecia dominada por holandeses, apesar da presença de portugueses e ingleses, mas um novo fator contribuiria para a ação dos portugueses pelo seu controle: União Ibérica, 1580 a 1640. Em 1580 D. Sebastião, rei de Portugal, faleceu sem deixar herdeiros. Felipe II, Rei da Espanha e parente mais próximo do morto, unificou as coroas Portuguesa e Espanhola sob sua batuta. O controle espanhol sobre Portugal implicava em controle espanhol também sobre as colônias portuguesas. Por outro lado, os portugueses na colônia brasileira também entendiam que, se a região do Amapá pertencia à Espanha, necessariamente deveriam con- trolá-la. Isso incentivou os portugueses a ocuparem de vez a região do Amapá e combater as ocupações estrangeiras. Chamamos Invasões Holandesas as incursões da República das Províncias Unidas (Ho- landa) no Nordeste brasileiro: • Bahia em 1624 • Pernambuco em 1630 • Maranhão em 1641 Os holandeses criaram uma empresa que seria responsável por recuperar o comércio do açúcar invadindo o Nordeste brasileiro: a Companhia das Índias Ocidentais. Após serem der- rotados em Salvador, tiveram a sorte de encontrar e saquear um navio espanhol carregado de prata sul-americana! Com o capital, se prepararam para voltar ao Brasil, agora em Pernambu- co, onde conseguiram triunfar. Os brasileiros e portugueses até tentaram montar uma resis- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA tência, no chamado Arraial do Bom Jesus, mas foram traídos por Domingos Calabar e caíram diante das tropas holandesas.Administração Holandesa Em 1637 a, W.I.C. (Cia. Das Índias Ocidentais) enviou Maurício de Nassau para administrar os negócios na Nova Holanda (Pernambuco). Nassau governou percebendo que teria que atuar de forma pacífica com os senhores de engenho. Ao invés de pressioná-los, proibiu a agiotagem praticada por agentes holandeses e conseguiu empréstimos para os senhores de engenho. Como “mimo” ainda concedeu a liberdade religiosa dos católicos. Ocorre que os Holandeses eram calvinistas (religião cristã protestante) e costumavam impor seu credo em suas colônias. Ainda promoveu obras de ur- banização no Recife. Era um humanista, influenciado pelo Renascimento Cultural e, por isso, estimulou as ci- ências e as artes. Construiu um observatório astronômico, criou o jardim botânico. Trouxe grandes mestres da pintura flamenga como Albert Eckout e Frans Post. Convidou diversos artistas e cientistas para um grande projeto que ele mesmo definiu como “exploração profun- da e universal da terra”. Entretanto, esses gastos com a colônia provocaram desavenças com a W.I.C. A Cia. Das Índias Ocidentais era uma empresa que visava o lucro maximizado. Foi para isso que Nassau foi chamado a governar. Por isso, em maio de 1644 Maurício de Nassau retorna a Holanda. Maurício de Nassau é muito lembrado em todos os concursos e vestibulares do país. Queri- do(a), no geral, esse cara fez só coisa bacana no Recife. Ele acabou promovendo o desenvol- vimento na região. Então não tenha medo de marcar a alternativa da questão que só fale bem do Maurício de Nassau! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Insurreição Pernambucana (1645-1654) Você se lembra que no “Pulo do Gato” anterior declarei todo o meu amor ao Maurício de Nassau? Então. Se eu o admiro pelo que fez em Pernambuco, imaginem os que viveram isso! Brincadeiras à parte, o fato é que o retorno de Maurício de Nassau à Europa foi seguido de um acirramento das tensões religiosas em função da Reforma Protestante e da Contrarrefor- ma Católica. Além disso, a W.I.C. decidiu cobrar os empréstimos realizados aos senhores de engenho pelas mãos de Nassau e ainda aumentar os tributos. Os conflitos começaram em maio de 1645. João Fernandes Vieira, um próspero senhor de en- genho de Pernambuco, liderou o movimento com o importante auxílio de alguns africanos libertos e de índios potiguares (estes liderados por Antônio Felipe Camarão, conhecido como Poti). A Batalha do Monte Tabocas foi a principal batalha ocorrida no início do da Insurreição. Os holandeses sofreram uma grande derrota. As notícias dessa vitória fizeram com que rece- bessem apoio de tropas vindas da Bahia. O relacionamento da Holanda com o Portugal era, no mínimo, interessante. Na Europa apoiava os portugueses contra o domínio espanhol, ao mesmo tempo em que mantinha a ocupação de colônias portuguesas na África e no Brasil. Em 1648, Espanha e Holanda assinaram um tratado de paz. Por ele, todas as conquistas do movimento de insurreição deveriam ser devolvidas aos holandeses. Isso causou ainda mais indignação dos insurretos. Em 19 de abril de 1648 e em 19 de fevereiro do ano seguinte aconteceram a Primeira e a Segunda Batalha dos Guararapes. A vitória das tropas da Insurreição abriu caminho para o retorno do domínio português na região a partir de 1654. Também é considerada símbolo da fundação do Exército Brasileiro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA QuEstão 6 (FGV/PREFEITURA DE SALVADOR BA/PROFESSOR/HISTÓRIA/2019) Mercado de escravos no Recife, de 1637 a 1644. Sobre a ocupação holandesa em parte da atual Região Nordeste, assinale a afirmativa correta. a) Mostrou-se insustentável após a Restauração portuguesa, em função da aliança luso- -britânica. b) Era o resultado de conflitos de ordem global que envolviam holandeses, espanhóis e por- tugueses. c) Organizou-se de modo a dispensar o trabalho de africanos escravizados e de índios aldeados. d) Representou um momento de intolerância religiosa em relação a outras matrizes culturais. e) Caracterizou-se pelo aumento dos índices de produção da lavoura a níveis inéditos para os padrões portugueses. Letra b. Abençoado(a), essa não é difícil. Lembre-se do imbróglio envolvendo a unificação das coroas Portuguesa e Espanhola (União Ibérica). Como a Espanha era inimiga da Holanda, proibiu a colônias portuguesas sobre seu controle de comercializarem com os holandeses. Insatisfei- tos com a perda do comércio lucrativo do açúcar, os holandeses decidiram invadir o Brasil. Não se esqueça das principais características da presença holandesa, principalmente duran- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA te o governo de Maurício de Nassau: tolerância religiosa, concessão de empréstimos, investi- mentos em urbanização e artes. A Interiorização da Colonização A crise açucareira no Brasil impulsionou a busca por novas riquezas no interior. A procu- ra por metais preciosos, pelo extrativismo vegetal na Amazônia e por mão de obra escrava indígena foram alguns dos focos principais das expedições exploratórias intensificadas no século XVII. Além das Entradas, Bandeiras e Missões, outras atividades promoveram a interiorização da colonização: Mineração: atividade concentrada no interior, inclusive em áreas situadas além dos an- tigos limites de Tordesilhas, como as minas de Goiás e Mato Grosso. A mineração nessas áreas, principalmente em Minas Gerais, provocou nas primeiras décadas do século XVIII um decréscimo populacional em Portugal em função do intenso povoamento dessas áreas mine- radoras do interior. Tropeirismo: era o comércio com vistas ao abastecimento das cidades mineradoras de Mi- nas Gerais. Os tropeiros conduziam verdadeiras tropas de gado do Rio Grande do Sul até a feira de Sorocaba, em São Paulo. Daí, os tropeiros partiam para os polos mineradores de Minas Gerais. Além de venderem gado (vacum e muar principalmente) nessas áreas, os tropeiros tam- bém transportavam e vendiam mantimentos no lombo do gado. Ao longo do “Caminho das Tro- pas” surgiram vários entrepostos de comércio e pernoite dos tropeiros, os chamados “pousos de tropa”, que deram origem a importantes povoados no interior de Santa Catarina e Paraná. Pecuária: a exclusividade do litoral para as áreas açucareiras, conforme determinava a Coroa no início da colonização, permitiu o desenvolvimento de fazendas pecuaristas no inte- rior nordestino, principalmente durante a invasão holandesa, quando a expansão canavieira eliminou o pasto de muitos engenhos. A expansão da pecuária para o interior de Pernambuco seguiu a rota do Rio São Francisco até alcançar Minas Gerais no início do século XVIII, quando a pecuária passou a abastecer muito mais as cidades mineradoras do que os engenhos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAESDOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Note que as atividades econômicas subsidiárias da cana-de-açúcar, foram responsáveis pela interiorização, principalmente ao longo das margens dos rios. A Mineração e a Economia Colonial Querido(a), o ciclo do ouro ocorreu no período em que a extração e exportação do ouro figurava como principal atividade econômica na fase colonial do país e teve seu início no final do século XVII, época em que as exportações do açúcar nordestino decaiam pela concorrên- cia mundial pelo mercado consumidor. A descoberta de grandes quantidades de ouro no Brasil tornava-se um motivo de espe- ranças de enriquecimento e estabilidade econômica para os portugueses. Sem espanto, notamos que os primeiros exploradores a procurarem ouro e metais valio- sos no Brasil tinham o escopo de levá-los à metrópole, onde seriam desfrutados. Entretanto, estas incursões pioneiras no litoral e interior do país não ocasionaram muitos resultados além dos conhecidos, que fora a conquista do território. As grandes jazidas de ouro foram descobertas em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, em fins do século XVII e início do século XVIII, onde foram divididas em forma de lavras (lotes auríferos para exploração, a exemplo das sesmarias latifundiárias de monocultura). O ouro, inicialmente, era encontrado na forma de aluvião – um tipo sedimentado do metal solvido em depósitos de cascalho, argila e areia. Logo em seguida, começou-se a exploração de rochas localizadas nas encostas das montanhas, empregando-se a técnica conhecida como grupia- ra (grandes sistemas de prospecção foram construídos, desde escavações das encostas até canais de drenagem e ventilação.) A exploração do ouro em Minas desencadeou uma grande onda migratória de portugue- ses e de pessoas de outras regiões da colônia no século XVII. Cerca de 30 a 50 mil aventu- reiros vieram em direção às minas à procura de enriquecimento. A densidade populacional aumentou sobremaneira nessa região e aumentaria ainda mais com a presença dos escravos que, encarregados do trabalho braçal, passaram a compor a base da sociedade mineradora. Durante o auge deste ciclo, no século XVIII, foi gerado um grande fluxo de pessoas e mer- cadorias nas regiões citadas, desenvolvendo-as intelectual (chegada de ideias iluministas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA trazidas pela elite recém-intelectualizada) e economicamente (produção alimentar para sub- sistência e pequenas manufaturas). Além da formação de uma nova composição social, houve também um novo siste- ma de fiscalização, desenvolvido pela Coroa Portuguesa especialmente para a atividade mineradora. Esse sistema começava com a política de distribuição das terras, que eram repartidas em datas ou lotes para exploração. Cada arrendatário de um lote tinha o direito de explorar as jazidas de seu domínio, desde que respeitasse o Regimento dos Superinten- dentes, Guardas-Mores e Oficiais Deputados para as minas de Ouro, que foi elaborado em 1702. Esse regimento criou a Intendência das Minas, um tipo de governo especial vincu- lado diretamente a Lisboa. A primeira resolução da Intendência das Minas foi estipular a porcentagem do tributo da riqueza obtida em cada jazida. A primeira forma de tributo foi o quinto, isto é, 20% do que era produzido na prospecção deveria ser remetido à Coroa Portuguesa. Entretanto, esse sistema mostrou-se muito vulnerável e passível de fraudes, fato que obrigou a coroa a estipular outro sistema, o da finta, que consistia na remessa de 30 arrobas anuais de ouro para a Coroa. Houve ainda a criação das Casas de Fundição, cujo objetivo era transformar todo o ouro extraído em barras, na própria colônia, após ter sido retirada a quinta parte, que era remetida à Coroa. Só depois desse processo, os mineradores tinham o direito de negociar a parte que lhe restava. Mais adiante, a coroa portuguesa ainda associou aos tributos um sistema de capitação, que estipulava também porcentagens sobre as posses do minerador, como os seus escravos. Além disso, o governo português criou o sistema da derrama, uma espécie de cobrança retro- ativa dos quintos atrasados e de um imposto a mais sobre aqueles que eram cobrados. Essas medidas acabaram por resultar em alguns conflitos coloniais, como a Revolta de Vila Rica, em 1720, e a Guerra dos emboabas, e, 1708. Na década de 1730, houve, ainda em Minas, a criação do Distrito diamantino, que passou a ser dirigido pela Intendência dos Diamantes. O objetivo era estabelecer o controle sobre a administração da extração de diamantes, tal como já havia sido feito com o ouro Mediante a falta de metais preciosos, vemos que o enrijecimento da fiscalização e a co- brança de impostos foi responsável por vários incidentes entre os mineradores e as autori- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA dades portuguesas. Em 1789, esse sentimento de insatisfação e a criação da derrama, ins- tigaram a organização da Inconfidência Mineira. Mais do que um levante anticolonialista, tal episódio marcou o desenvolvimento da crise mineradora no território colonial. Até 1763, Salvador era considerada uma cidade mais moderna e equipada, mas a desco- berta do ouro e o consequente risco de contrabando “exigia” uma capital mais perto da mina. No caso, das minas gerais, que ficavam em Minas Gerais. Daí a transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro. Entre 1750 e 1770, Portugal arcava dificuldades econômicas internas decorrentes de má administração e desastres naturais, além disso, sofria pressão pela Inglaterra, a qual, ao se industrializar, buscava consolidar seu mercado consumidor, bem como sua hegemonia mun- dial. Ao fim do século XVIII, o escasseamento das jazidas de ouro foi seguido pela recupera- ção das atividades no setor agrícola. A valorização de produtos como o algodão, açúcar e o tabaco marcaram o estabelecimento do chamado “renascimento agrícola”. Com o advento da revolução industrial, o tabagismo e a indústria têxtil alargaram a busca por algodão e tabaco. Paralelamente, as lutas de independência nas Antilhas permitiram a recuperação de mercado do açúcar brasileiro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA 1.4. a soCiEDaDE Colonial; os inDígEnas E a rEação à ConQuista; as lutas Dos nEgros; os MoviMEntos nativistas A Sociedade Colonial Existem diferenças fundamentais entre a sociedade que emergiu da atividade açucareira e a sociedade oriunda da atividade mineradora. Vejamos: Sociedade Açucareira Caro(a)aluno(a), a forma como a sociedade brasileira se organizou, se estruturou e criou relações entre os indivíduos, é relacionada com a produção açucareira. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Veja: O topo da pirâmide social usufruía da riqueza gerada enquanto os escravos eram respon- sáveis por toda a produção. Características da Sociedade Açucareira: • Patriarcal: é a figura do Senhor de Engenho, do pai, do homem que manda. É assim uma sociedade machista. • Rural: diferentemente da sociedade mineradora, em que se formaram núcleos urbanos no entorno das minas. • Estamental: não havia mobilidade social. O negro não conseguia abandonar sua situa- ção de escravidão a não ser que fugisse para um quilombo, como veremos mais adian- te. Ele não sairia da base da pirâmide, não ascenderia. Algumas curiosidades ilustram bem como era o cotidiano do engenho de açúcar. Va- mos a elas: Existiam muito mais escravos do que moradores da Casa Grande. Além do açúcar, a cana também foi utilizada como matéria-prima para outros produtos. A cachaça era um resíduo descartado da produção do açúcar e usada pelos escravos para preparar a carne do cacha- ço (macho) e da cachaça (fêmea), uma espécie de porco selvagem. Foi o porco o quem deu nome à bebida. Os senhores de engenho logo utilizaram da bebida para “acostumar” o escravo ao traba- lho na lavoura. Logo nas primeiras horas do dia, já serviam dozes aos negros. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA Não era raro que o senhor de engenho tivesse relações com suas escravas. Apesar de ocorrerem muitos estupros das “mercadorias”, haviam casos em que as escravas seduziam o senhor de engenho visando um trabalho no interior da Casa Grande para fugir do sofrimento da lavoura. Sociedade Mineradora O grande fluxo de pessoas na região das minas produzia uma estrutura social diferencia- da. Dela faziam parte os setores mais ricos da população, chamados “grandes” da sociedade – mineradores, fazendeiros, comerciantes e altos funcionários, encarregados da administra- ção das Minas e indicados diretamente pela metrópole. Compunham o contingente médio, em atividades profissionais diversas, os donos de ven- das, mascates, artesãos (como alfaiates, carpinteiros, sapateiros) e tropeiros. E, ainda, pe- quenos roceiros que, em terrenos reduzidos, entregavam-se à agricultura de subsistência. Plantavam roças de milho, feijão, mandioca, algumas hortaliças e árvores frutíferas. Também faziam parte deste grupo os faiscadores – indivíduos nômades que mineravam por conta própria. Deslocavam-se conforme o esgotamento dos veios de ouro. No final do século XVIII, essa camada social foi acrescida de elementos ligados aos nú- cleos de criação de gado leiteiro, dando início à produção do queijo de Minas. Incluíam-se também nessa camada intermediária os padres seculares. Na colônia, poucos membros do clero ocupavam altos cargos como, por exemplo, o de bispo. Este morava na única cidade da capitania: Mariana. Diferente da organização social da sociedade açucareira, a sociedade mineradora se or- ganizou com as seguintes características: Burocrática: o poder se concentrava nas mãos dos funcionários da administração da Co- roa Portuguesa, devido à necessidade de maior fiscalização da atividade aurífera. Lembre-se de que, na sociedade açucareira, o poder era patriarcal. Urbana: em função da própria atividade mineradora, o núcleo urbano surgiu no entrono da extração, com o surgimento de atividades econômicas subsidiárias da primeira. Mobilidade Social: enquanto na sociedade açucareira, os escravos sustentavam o senhor de engenho e seus agregados, na sociedade mineradora havia a possibilidade de um escravo O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para WALTER GUIMARAES DOS SANTOS - 96331828249, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 153www.grancursosonline.com.br Daniel Vasconcellos Araujo Brasil Colônia HISTÓRIA se tornar liberto e mesmo ascender-se como comerciante, tropeiro... Contudo, você deve ter o cuidado de entender que essa mobilidade era limitada. Um escravo nunca se tornaria membro da administração da coroa. Ademais, isso foi possível porque a pirâmide social da socieda- de mineradora possuía várias classes, diferentemente da açucareira que era dividida apenas entre escravos e senhores. Por outro lado, crescia na capitania real o número de indivíduos sujeitos às ocupações incertas. Vivendo na pobreza, na promiscuidade e muitas vezes no crime, não tinham posição definida na sociedade mineradora. Esta camada causava constante inquietação aos gover- nantes. Ela era geralmente composta por homens livres: alguns brancos, mestiços ou escra- vos que haviam conseguido alforria. QuEstão 7 (FGV/PREFEITURA DE SALVADOR BA/PROFESSOR/HISTÓRIA/2019) A gravura a seguir exemplifica o trabalho de lavagem do cascalho, feito por escravos, na região das minas, no século XVIII. A respeito da escravidão nas regiões mineradoras da América Portuguesa, analise as afirma- tivas a seguir. I – Em Minas Gerais, a escravidão foi a principal forma de exploração de mão de obra, tanto nas lavras, como nas atividades urbanas, nos séculos XVII e XVIII. 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A escravidão predominava; os senhores de escravos, por terem atividades muito menores do que a lavoura açucareira, possuía menor quantidade de escravos; era possível que os escravos conseguissem sua alforria. Ao final da aula, verá um mapa mental destacando as características da sociedade mineradora (urbana, burocrática e com certa mobilidade). Ele é chave para solucionar questões como essa. Os Indígenas e a Reação à Conquista Os índios sobreviviam da caça, da pesca, do extrativismo e da agricultura. Nem esta últi- ma, porém, servia para ligá-los permanentemente a um único território. Fixavam-se nos vales de rios navegáveis, onde existissem terras férteis. Permaneciam num lugar por cerca de qua- tro anos. Depois de esgotados os recursos naturais do local, migravam para outra região, num regi- me semissedentário. Suas tabas (aldeias) abrigavam entre 600 e 700 habitantes. Levando em conta as possibilidades de abastecimento e as condições
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