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Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� SP 1.3 “ Não me toque” Dor profunda (o que é, como ocorre, causas e o comprometimento) A dor somática profunda é desencadeada pela ativação de nociceptores presentes nos músculos ou fáscias, sendo mais difusa e de difícil determinação. A dor somática é tipicamente bem localizada sobre a superfície cutânea ou nas estruturas musculoesqueléticas profundas (p. ex., feridas no pós-operatório imediato, metástases ósseas, estiramentos musculares). A dor visceral costuma ser mal localizada e frequentemente é atribuída a estruturas profundas, como os intestinos (p. ex., prisão de ventre, apendicite inicial). A dor somática ou estrutural é localizada mais facilmente pelo paciente e com frequência está associada a traumatismo ou atividade física. A dor somática pode originar-se em músculos, articulações, ligamentos ósseos, tendões ou fáscia. A descrição do cliente pode variar desde uma dor aguda e intensa até imprecisa e dolorida. Pode ser constante ou intermitente e o cliente frequentemente a relaciona a alguma atividade física ou à postura. Tecidos estruturais podem estimular fibras nervosas aferentes em decorrência de lesões traumáticas, como lacerações ou esmagamento. Fibras aferentes também podem ser estimuladas pela pressão, p.ex., como resultado de invasão de tumor, edema, congestão venosa ou inflamação nas articulações . → Com distúrbios agudos de articulações - dor em agulhada, queimante ou pulsátil. → Com distúrbios crônicos de articulações - dor em facada. → Se houver comprometimento ósseo - dor em pontada profunda; caso haja inflamação, adquire qualidade pulsátil. → Se houver comprometimento muscular - dor surda ou em cãibra. Conceituar fibromialgia (o que é, diagnóstico, epidemiologia, quadro clínico, como ocorre, tratamento) e Síndrome Miofascial (diferenciar); →Fibromialgia A fibromialgia caracteriza-se por dor músculo-esquelética difusa associada a áreas musculares circunscritas, dolorosas a dígito-pressão. Não se descrevem na fibromialgia os pontos-gatilho, características da dor miofascial. Na fibromialgia também há um predomínio do sexo feminino e a idade média mais freqüente de aparecimento ocorre na perimenopausa. Geralmente essa sintomatologia vem acompanhada de distúrbios do sono, fadiga, síndromes depressivas e outras síndromes de natureza funcional. A fibromialgia (FM) é uma condição clínica complexa, caracterizada pela ocorrência de dor difusa, pontos dolorosos sensíveis à palpação e ausência de processos inflamatórios articulares ou musculares. Os portadores de FM, além da dor generalizada, apresentam uma constelação de outros sintomas, como rigidez matinal, fadiga crônica, distúrbios do sono, cefaleia, transtornos comportamentais, ansiedade e depressão. Os sintomas variam de leves a intensos, o que prejudica as atividades de vida diária e a qualidade de vida do paciente. A FM é considerada uma síndrome reumática, de etiologia desconhecida que acomete de 2% a 4% da população e sua prevalência é mais elevada entre mulheres, numa proporção de sete a nove mulheres para cada homem acometido. A participação de fatores genéticos, endócrinos, imunológicos, neurológicos e ou comportamentais na gênese e evolução da FM é alvo frequente de investigações científicas, contudo os resultados são divergentes e não conclusivos. Todos os fatores mencionados acima dificultam o desenvolvimento de condutas terapêuticas eficazes. Atualmente existem diversos tipos de tratamentos, mas nenhum deles é considerado uma terapêutica definitiva para essa condição. A falta de um tratamento adequado resulta no aumento da prevalência da FM, como consequência os gastos públicos e privados atingem quantias exorbitantes. Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� A síndrome fibromiálgica (SFM) é uma condição dolorosa crônica difusa do sistema musculoesquelético, não-articular, caracterizada pela presença de dor à palpação em locais predeterminados (pontos dolorosos). É geralmente associada à fadiga persistente, rigidez, sono leve não reparador, estresse emocional e vários outros sintomas. Não há uma patologia de tecido específico, e as queixas incluem dor articular, lesão muscular, inflamação e dor visceral. A fisiopatologia é incerta. Admite-se ser devida à hipoatividade serotoninérgica, à hiperatividade p-érgica e às anormalidades funcionais hipotalâmicas. O diagnóstico é clínico e baseado no critério de classificação do Colégio Americano de Reumatologia (CAR), 1990. Os exames laboratoriais convencionais são normais. A terapêutica é multiponto, multimodal, e consiste no uso de fármacos, como psicotrópicos, miorrelaxantes, analgésicos, e não-fármacos, como medicina física, TCC, programa educativo e outros. Nessa entidade, não há inflamação tecidual, apenas dor muscular difusa, relacionada a outras anormalidades do SNC. Os sintomas da SFM são prolongados, podem debilitar e, em muitos pacientes, não se resolvem com o tempo. → Epidemiologia A prevalência da SFM na população em geral é de 2 a 10%. (5x + comum do que a artrite reumatóide) Predomina nas mulheres entre 35 e 50 anos de idade, mas pode afetar qualquer faixa etária. A ocorrência da SFM independe de idade, nível socioeconômico e cultural dos indivíduos. No Brasil, a prevalência é de 2,5%, sendo a 2ª condição + comum (35%) nos consultórios de reumatologia → Quadro Clínico Os critérios clássicos para o diagnóstico da fibromialgia, os critérios do ACR de 1990, estipulavam que deveriam estar presentes determinados sintomas, como sejam: dor crónica generalizada (acometendo o esqueleto axial e as regiões acima e abaixo da cintura) com duração igual ou superior a três meses e presença de pelo menos 11 dos 18 tender points, situados em regiões anatómicas específicas. Estes critérios de classificação do ACR criaram um certo otimismo na comunidade médico-científica, mas também suscitaram algumas críticas. Sendo critérios de dor generalizada, não tiveram em conta o facto de esta se poder expressar de forma variável, podendo mesmo estar presente ou ausente durante intervalos de tempo muito curtos. A contagem dos pontos dolorosos per si também está sujeita a fatores relacionados com a experiência do médico, com o estado de saúde geral do doente, com o grau de pressão às palpações e ainda com os intervalos de tempo entre os diversos exames físicos e os instrumentos de medição realizados. Foram desvalorizados na análise de diagnóstico sintomas que usualmente acompanham a dor na fibromialgia como fadiga, problemas cognitivos, distúrbios do sono, ansiedade e depressão. Tais críticas levaram o ACR a propor, em maio de 2010, novos critérios de diagnóstico preliminares que, depois de devidamente avaliados, foram publicados em 2011. Estes novos critérios não substituem os anteriores, mas tentam resolver certas limitações dos critérios de 1990. Nos novos critérios de diagnóstico a contagem dos tender points deixou de ter relevância clínica e a avaliação quantitativa da dor generalizada, incorporando sintomas-chave, foi enfatizada. Esta avaliação baseia-se no índice de dor generalizada (WPI), no qual existe a possibilidade de assinalar a presença de dor em 19 regiões anatómicas não articulares dolorosas, e Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� numa escala de gravidade de sintomas (SS): fadiga, sono não reparador, cognição e sintomas somáticos. A variável humor foi excluída desta escala por ser difícil de avaliar. O doente preenche os critérios de diagnóstico para a fibromialgia se o WPI ≥ 7 e a SS ≥ 5 ou o 3 ≤ WPI ≤ 6 e a SS ≥ 9. Os novos critérios, além de permitirem o diagnóstico, permitem avaliar simultaneamente a evolução clínica da doença. Têm também a particularidade de permitir o estudo da fibromialgia sem que se acredite na sua existência. Apesar das respostas serem triadas por um clínico, este método permite a profissionais de saúde estabelecer o diagnóstico desta doença independentemente da sua crença. Um indivíduo satisfaz os critériosde diagnóstico para a fibromialgia quando estão reunidas as seguintes 3 condições: •WPI ≥ 7 e SS ≥ 5 ou 3 ≤ WPI ≤ 6 e SS ≥ 9; • Os sintomas estiveram presentes num nível semelhante durante, pelo menos 3 meses; • A pessoa não tem uma doença que justifique a dor. O WPI avalia o número de áreas em que a pessoa teve dor ao longo da última semana (pontuação entre 0 e 19). A pontuação na SS - é a soma do nível de gravidade de cada um dos 3 sintomas a seguir indicados com o índice de gravidade dos sintomas somáticos em geral (pontuação final entre 0 e 13). • Fadiga • Acordar cansado • Sintomas cognitivos Para cada um dos 3 sintomas acima, indicar o nível de gravidade durante a semana passada, utilizando a seguinte escala: 0 = Sem gravidade. 1 = Gravidade ligeira: geralmente leve ou intermitente. 2 = Gravidade moderada: problema considerável, muitas vezes presente e/ou em um nível moderado. 3 = Gravidade severa: persistente, perturbador da vida diária. Considerando os sintomas somáticos em geral, indicar se a pessoa tem: 0 = Ausência de sintomas 1 = Alguns sintomas 2 = Um número moderado de sintomas 3 = Uma grande quantidade de sintomas Sintomas somáticos a considerar: dor muscular, síndrome do cólon irritável, fadiga/cansaço, pensar ou relembrar problemas, fraqueza muscular, cefaléia, dor/cãibras no abdómen, dormência/formigueiro, tonturas, insónias, depressão, obstipação, dor na parte superior do Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� abdómen, náuseas, nervosismo, dor no peito, visão turva, febre, diarreia, boca seca, prurido, pieira, fenómeno de Raynaud, urticária/vergões, zumbido nos ouvidos, vómitos, azia, úlceras orais, perda/mudança de paladar, convulsões, olhos secos, dispneia, perda de apetite, erupção cutânea, fotossensibilidade, dificuldades de audição, hematomas com facilidade, queda de cabelo, micção frequente, dor ao urinar e espasmos da bexiga. → Fisiopatologia Os mecanismos mais aceitos para o entendimento fisiopatológico da fibromialgia no momento envolvem o desequilíbrio entre a percepção dolorosa e os mecanismos de modulação dessas vias aferentes. Níveis elevados de substância P em líquor e níveis reduzidos de serotonina e seus precursores em líquor, soro e plaquetas são sugestivos desses desequilíbrios, uma vez que a substância P é mediadora das vias aferentes enquanto a serotonina medeia a inibição da dor. Outra explicação para a alteração da atividade da serotonina seria o polimorfismo dos receptores de serotonina, o que pode explicar também o agrupamento familiar desses pacientes. Alterações cerebrais em porções rostrais ao tálamo poderiam ser responsáveis pela percepção elevada de estímulos ambientais, com a consequente perversão de informações proprioceptivas, térmicas e táteis ou pressórica em sensações dolorosas. Finalmente, os mecanismos reducionistas de explicação fisiopatológica da fibromialgia não têm encontrado respaldo na literatura e explicações multicausais são as mais aceitas, incluindo os mecanismos psicossociais Distúrbio nos mecanismos endógenos de modulação da dor O distúrbio nos mecanismos de modulação da dor dos pacientes com FM é investigado sobretudo em três diferentes níveis do SNC, ou seja, no nível da medula espinhal, do tronco encefálico e no cérebro. Estes distúrbios são aqueles que mais se aproximam da explicação da variabilidade de sintomas e da complexa manifestação clínica da FM. ● Medula espinhal - Substância P A sensibilização central é um processo fisiológico em resposta a um estímulo nociceptivo repetido no tempo (somação temporal). No entanto, este fenômeno de sensibilização pode ser facilitado, cujo efeito aumentaria a percepção de dor em situações nociceptivas (hiperalgesia) e não nociceptivas (alodínia). A dor em pacientes com FM é relatada mesmo em resposta a estímulos não nociceptivos repetidos no tempo. Ou seja, estímulos com intensidade abaixo do limiar de dor, repetidos no tempo, podem produzir dor em pacientes com FM, ao contrário do efeito observado em sujeitos saudáveis, onde não há sensibilização central em resposta a estímulos não nociceptivos. Este fenômeno pode ser explicado pelo excesso de estimulação nociceptiva no corno posterior da medula espinhal. A excitabilidade das aferências em consequência a este "bombardeio" de informação nociceptiva" o corno posterior da medula espinhal pelo aumento na disponibilidade de aminoácidos excitatórios que ativam os receptores NMDA. Além disso, os pacientes com FM apresentam um aumento na concentração de substância P no líquor cefalorraquidiano (LCR). Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� ● Tronco encefálico - Serotonina e noradrenalina O distúrbio no Sistema Inibitório Descendente da Dor ou Controle Inibitório Descendente Nociceptivo (CIDN) é proposto para explicar a manifestação da dor difusa nos pacientes com FM. Os pacientes com FM não apresentam resposta efetiva do CIDN após teste de dor experimental de somação espacial ou de modulação condicionada da dor (CPM), ao contrário de pessoas saudáveis e pacientes com lombalgia crônica, que demonstram inibição da percepção da dor após estímulo temporal e espacial no membro superior. Algumas características bioquímicas dos pacientes com FM complementam estes achados. A liberação de encefalinas no corno posterior da medula espinhal é desencadeada pela liberação de serotonina e noradrenalina no tronco cerebral. Os pacientes com FM se caracterizam pela baixa concentração de serotonina e de betaendorfinas. O desequilíbrio neuroendócrino na FM também ocorre pela baixa concentração de noradrenalina no LCR. Do ponto de vista clínico, o distúrbio no CIDN facilita a compreensão da manutenção da dor nos pacientes com FM, cuja alteração possa ser induzida por um desequilíbrio neuroendócrino e justifica a necessidade de antidepressivos para atenuar os sintomas. Embora a FM esteja associada ao déficit na inibição da dor, ela não estaria presente em todos os pacientes: um subgrupo de pacientes apresenta resposta eficaz de inibição da dor em protocolo de CPM. A proporção dos pacientes com esta alteração no CIDN/CPM seria de 42%, enquanto 21% dos saudáveis também apresentariam um certo déficit na inibição da d0r· ● Cérebro - Dopamina A complexidade dos mecanismos de controle da dor que agem no cérebro são muito exploradas, detecta-se atividade em córtex, sistema límbico, tálamo, entre outros. No caso da FM, inúmeros estudos destacam o sistema límbico e sua associação com emoção e expectativas. Tendo em vista a atividade da dopamina como analgésico natural, de ação no córtex cingulado anterior e na ínsula, e considerando a baixa concentração deste neurotransmissor na população de FM, propôs-se que a exacerbação do sintoma dor em um contexto de estresse poderia ser compreendida pela baixa liberação de dopamina no núcleo accumben, pois o estresse crônico favorece a supressão das funções dopaminérgicas no sistema límbico. Nesse contexto, a prescrição de fármacos com propriedades agonistas da dopamina poderiam favorecer a redução da dor e fadiga em pacientes com FM. Resultados favoráveis foram descritos pela administração de cetaminas aos pacientes com FM. Estima-se que estes efeitos terapêuticos observados em alguns pacientes com FM possam ser resultado da interação e afinidade com receptores dopaminérgicos, e ao efeito antagonista sobre os receptores NMDA que participam da sensibilização central. Importante ressaltar a necessidade de estudos clínicos para compreender melhor a variabilidade de efeitos terapêuticos e indicação destas moléculas/fármacos para o tratamento da dor em pacientes com FM. A modulação do sinal nociceptivo é influenciada pelas expectativas dos indivíduos, ou seja, além da transdução e transmissão do sinal nociceptivo, a modulação e percepção da dor dependem também das experiências anteriores dos indivíduos e do contexto onde estão inseridos. Por exemplo, um estímulo verbal pode influenciar a modulação da dor, tendo efeito nocebo (hiperalgesia) ouplacebo (analgesia) para um mesmo estímulo nociceptivo. Embora ocorram em centros superiores, as expectativas influenciam os mecanismos de modulação da dor; ascendentes e descendentes, em sujeitos saudáveis. A modulação da dor por indução de expectativas de algias/analgesia pode influenciar a eficácia/atividade do CIDN e da teoria da comporta em sujeitos saudáveis. Neste caso, induzir a hipoalgesia pode aumentar a atividade do CIDN, e vice-versa. Um estudo similar foi conduzido por Goffaux et ai. com indução de expectativa de analgesia e confirmação da expectativa de dor para determinado protocolo de dor experimental em mulheres com diagnóstico de FM. Os autores observaram a ineficácia do CIDN, mesmo naquelas com expectativa de analgesia durante o experimento. Estes resultados repercutem na prática clínica, onde expectativas de hiperalgesia devam ser moduladas por seu efeito nocivo à percepção da dor. Assim como na FM, outras populações também foram investigadas, por exemplo: estima-se que a intensidade da dor pós-operatória de cirurgias abdominais possa ser proporcional ao nível de dramatização da dor no pré-operatório. Além Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� disso, expectativas sobre hiperalgesia poderiam prejudicar diretamente o efeito terapêutico e o controle dos sintomas de pacientes em tratamento farmacológico, psicológico, fisioterapêutico, entre outros. Origem neurofisiológica O modelo conceitual da FM como um distúrbio no sistema nervoso central (SNC) consiste no mais estudado desde o final da década de 1980. Alguns estudos projetam interações entre estes distúrbios com os polimorfismos genéticos, com o comportamento doloroso e mesmo com a fraqueza muscular, relatados nos modelos anteriores. De forma sucinta, cinco modelos principais são propostos como possíveis causas neurofisiológicas ou neuroendócrinas da FM: (a) distúrbio do sono; (b) distúrbios da modulação da dor amplamente estudado desde a década de 1990; (c) causa de origem central como o distúrbio do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HHS); (d) distúrbios do sistema nervoso autonômico; (e) desequilíbrio neuroendócrino e no funcionamento neurofisiológico do SNC. A seguir, descreve-se os avanços das quatro primeiras hipóteses. A quinta hipótese não será a presentada de forma específica, porém ela é discutida nas outras sessões ao abordar o desequilíbrio neuroendócrino associado à função de alguns neurotransmissores. ● Distúrbios do sono O sono não regenerador é um sintoma frequente na população com FM. Estima-se que entre 48% e 90% desses pacientes relatam problemas com o sono , sendo este um dos motivos para investigar o sono entre os pacientes com FM . As perturbações no sono profundo estão em correlação com a gravidade da dor, e não com a síndrome de dor em si. As interrupções nos estágios do sono profundo prejudicam a liberação do hormônio de crescimento. Este hormônio é responsável pela homeostase muscular, ou seja, pelo anabolismo do tecido conjuntivo, dos tendões e dos músculos sendo que aproximadamente 70% de sua síntese ocorre durante a fase profunda do sono. Estes resultados poderiam justificar a baixa concentração do hormônio de crescimento em pacientes com FM, assim como a intensidade da dor, fadiga e rigidez. As alterações fisiológicas do sono e suas consequências clínicas de fadiga e dor podem estar associadas aos distúrbios neuroendócrinos no nível do hipotálamo e que poderiam limitar a liberação de hormônio do crescimento e da prolactina durante o sono. Embora o custo seja elevado, alguns pesquisadores propõem a suplementação do precursor do hormônio de crescimento nos pacientes com FM (IGF-1), demonstrando redução na gravidade dos sintomas dolorosos. Em contrapartida, os distúrbios do sono poderiam também ser descritos como uma consequência da dor crônica, pois a dor em si pode ser considerada um ruído perturbador dos estágios do sono. Esta problemática de causa ou efeito, em relação aos distúrbios do sono assim, como nos modelos anteriores, ainda não é conclusiva. ● Desequilíbrio do Sistema Nervoso Autonômico (SNA) O SNA é responsável pela homeostase do corpo e também responde a estímulos dolorosos. O desequilíbrio do SNA nos pacientes com FM foi inicialmente investigado no final da década de 1980, quando se relata o desequilíbrio entre os ramos simpático e parassimpático do SNA, com uma maior ativação do sistema nervoso simpático (SNS) durante o sono das pessoas com FM e intolerância à atividade física. Dentre os efeitos agudos do exercício físico tem-se o aumento da resposta do SNS e imediatamente após o exercício há um aumento na liberação de algumas catecolaminas como a noradrenalina e adrenalina. Entretanto, nos pacientes com FM observou-se um mecanismo contrário, com uma redução de noradrenalina e adrenalina em níveis sanguíneos após a atividade. Apesar desta relação entre dor e atividade do SNS ser descrita inclusive por estudos de imagem por ressonância magnética, os resultados não são sempre consistentes entre a atividade do SNS e os sintomas de dor, fadiga e sono relatados pelos pacientes com FM. O desequilíbrio na atividade do SNA poderia ocorrer por uma predominância na atividade do SNS, por uma inibição do SNP ou por um desequilíbrio na ativação dos dois ramos. Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� ● Distúrbios do eixo Hipotálamo-Hipófise Suprarrenal (HHS) Toda resposta ao estresse é uma reação fisiológica necessária à sobrevivência, independe da condição aguda ou crônica. A resposta ao estresse, ocorre pelo eixo HHS. Em uma situação de resposta fisiológica ao estresse exógeno como temperatura extrema ou trauma emocional ou físico, o hipotálamo libera o hormônio CRH (hormônio de liberação de corticotropina) que estimula, por sua vez, a hipófise para a secreção de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico ), vasopressina e betaendorfinas. A ACTH induz a produção de hormônios glicocorticóides e adrenocorticais, ambos hormônios sintetizados pelo eixo HHS com a função de aumentar o tônus cardiovascular e bloquear o armazenamento de energia e inibir processos não essenciais como a inflamação e o sistema imunológico, a reprodução e o crescimento. Essas reações aos estresses têm ação sistêmica pela estimulação do córtex e da glândula suprarrenal para liberação do cortisol. Em uma situação de estresse crônico pode ocorrer uma grave repercussão sobre a homeostase fisiológica e psicológica dos indivíduos. Enquanto em situação normal/ fisiológica à resposta ao estresse (agudo) tem-se o cortisol em presença sistêmica, que progressivamente inibe a liberação de CRH e de ACTH, por um mecanismo denominado feedback negativo. Em situação crônica, a persistência do estímulo estressante exige uma resposta intensa, frequente e de longa duração. Os mecanismos compensatórios formam-se com a finalidade de tentar encontrar equilíbrio homeostático. Um estresse crônico desencadeia, como consequência, um excesso de cortisol no corpo, o que pode gerar uma atrofia dos gânglios linfáticos, uma redução de linfócitos e uma hipertensão, entre outros sintomas. Estas alterações fisiológicas induzidas pelo estresse crônico conduzem a um desequilíbrio do eixo HHS, assim como uma inibição à resposta ao estresse. Nos pacientes com síndrome do estresse pós-traumático ou com depressão os baixos níveis de cortisol demonstram a alteração crônica induzida. Resultados como este são observados em FM ou, ainda, com taxas de cortisol equivalentes entre FM dos sujeitos sadios. Em suma, a relação entre cortisol e FM depende de uma comorbidade com a depressão e não em consequência à FM em si. Distúrbios neuroendócrinos como alterações nos níveis de cortisol e/ou de melatonina, parecem estar envolvidos na fisiopatologia da FM. Dentre essas hipóteses, se destacam as que apontam para níveis reduzidos de cortisol entre pacientes com FM. Essa alteração estaria relacionada a uma disfunção do eixo hipotálamo – pituitária – adrenal (HPA), também conhecido como eixo de respostaao estresse. Esse eixo neuroendócrino participa da manutenção da homeostase corporal, mas sempre que o organismo se depara com um agente estressor de qualquer natureza (físico ou psicoemocional), o eixo HPA entra em hiperatividade o que resulta em níveis elevados de liberação de cortisol. A resposta ao estresse deve ser rápida e durar de segundos a poucas horas, mas no caso de permanência do estímulo estressor por vários dias, meses ou anos, o eixo HPA entra em exaustão o que poderia explicar os baixos níveis de cortisol presentes em pacientes com FM. O cortisol possui diversas ações, como a mobilização de energia estocada em depósitos corporais para ser utilizada pelas células e a ativação de osteoclastos. Contudo, uma de suas mais conhecidas ações é a anti-inflamatória. Desse modo, a baixa produção de cortisol poderia explicar a ocorrência da fadiga e da dor presente nessa condição, já que diante de um processo inflamatório sistêmico, os níveis elevados de citocinas inflamatórias como, Interleucina (IL) - 1, IL-6, e IL-8, poderiam alterar as propriedades axonais resultando em hiperalgesia e alodínia. Segundo essa percepção, a FM seria desencadeada, sobretudo, em pessoas mais susceptíveis aos estímulos estressores. Essas pessoas, após passarem por experiências traumáticas, desenvolveriam um quadro de hipocortisolemismo, resultante da exaustão do sistema de resposta ao estresse. Diante do hipocortisolemismo a modulação da resposta inflamatória ficaria comprometida e o quadro inflamatório se estabeleceria de forma crônica, favorecendo a manifestação de sintomas como dor, fadiga e depressão. Esses sintomas atuariam novamente como estímulos estressores que retroalimentariam o sistema de forma incessante Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� → Diagnóstico Relativamente aos critérios de diagnóstico necessários para que se estabeleça o diagnóstico de jFMS, estes diferem dos critérios aplicados na fibromialgia do adulto, nomeadamente porque os atuais parâmetros estabelecidos pelo ACR para diagnóstico em adultos não foram objeto de validação para a idade pediátrica. Sendo assim, são utilizados para análise e estabelecimento desta condição em idade juvenil os critérios propostos por Yunus e Masi em 1985. Estes critérios dividem-se em critérios major e minor. Para que seja estabelecido o diagnóstico de jFMS, todos os critérios major têm de estar presentes concomitantemente com três critérios minor, ou então deverá ocorrer a presença de três critérios major juntamente com cinco critérios minor e quatro tender points. Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� No ano de 1990, 16 especialistas integrantes do Colégio Americano de Reumatologia estabeleceram os critérios de diagnóstico da FM. Desde então, para que um indivíduo fosse diagnosticado com FM, o mesmo deveria apresentar: dor crônica (há mais de três meses), dor generalizada (acima e abaixo da linha de cintura, do lado direito e esquerdo do corpo e em pelo menos um componente do esqueleto axial), além de dor à palpação com pressão de quatro quilogramas em pelo menos 11 dos 18 tender points preestabelecidos. Segundo os critérios de 1990, caso o paciente apresente outra condição clínica associada, o diagnóstico de FM não poderia ser excluído. Com o passar dos anos, muitas críticas foram levantadas pela comunidade médicocientífica em relação aos critérios de diagnóstico de 1990. Dentre as principais críticas levantadas, estava o fato de que os critérios de 1990 não atribuíam a importância devida aos demais sintomas que frequentemente acompanham a dor na FM, como: distúrbios do sono, ansiedade, depressão, fadiga. Tais críticas levaram o Colégio Americano de Reumatologia a propor, em 2010, novos critérios de diagnóstico preliminares que, depois de avaliados e testados foram publicados definitivamente em 2011. Os novos critérios de diagnóstico se baseiam em um índice de dor generalizada (IDG), onde existe a possibilidade de se assinalar a presença de dor em 19 áreas corporais e de uma escala de gravidade dos sintomas (EGS) que engloba: sono não restaurador, fadiga, sintomas cognitivos e sintomas viscerais. Segundo os novos critérios, o diagnóstico da FM deve ser confirmado quando, IDG for maior ou igual a sete pontos e EGS maior ou igual a cinco, ou quando a pontuação do IDG estiver entre três e seis e a da EGS for maior ou igual a nove. Com a publicação dos novos critérios, a FM deixou de ser uma condição clínica caracterizada apenas pela dor e passou a ser uma condição de dor associada a outros sintomas relevantes. Os novos critérios, além de permitir o diagnóstico, também funcionam como um instrumento de acompanhamento da evolução clínica de pacientes com FM. Os estudos relacionados à FM, iniciados a partir de 2011, já adotam os novos critérios de diagnóstico no momento da seleção dos pacientes. Torna-se importante destacar que, até o momento, não existe qualquer exame laboratorial capaz de detectar a FM e, que, apesar dos esforços nenhum biomarcador para essa condição foi identificado O paciente com síndrome fibromiálgica apresenta uma imagem IR hiper- -radiante característica, de menor intensidade que na disfunção miofascial, porém ampla e difusa, envolvendo os pontos dolorosos clássicos da doença, extensamente distribuídos sobre a região cervicotorácica em forma de ''manto'' em razão de um distúrbio autonômico da termorregulação. Cerca de 70°/o dos casos estão associados ao fenômeno de Raynaud, leve com extremidades frias e hiper-radiação periocular causada por congestão venosa palpebral geralmente quando associado a distúrbio do sono. A imagem simétrica, porém anormal, sugere alteração do mecanismo central de termorregulação, ainda pouco compreendido. A imagem térmica oferece um critério objetivo no diagnóstico complementar da fibromialgia, que geralmente tem sintomatologia vaga associada a componente psicossomático muito forte e fadiga. A IR é um método auxiliar na documentação diagnóstica e no acompanhamento dessa síndrome, principalmente quando associada a outras doenças que podem passar despercebidas na avaliação clínica, como artrites soronegativas, neuropatias compressivas periféricas, síndrome miofascial, tendinopatias e outras. → Tratamento Tratamento farmacológico O tratamento farmacológico para aliviar os sintomas da FM se apresenta sob diversos formatos, ou seja, justifica-se em função da hipótese de causa da FM conceitual. Aqueles que defendem a etiologia dos distúrbios do sono indicam fármacos para melhorar a qualidade do sono. Contudo, grupos que defendem etiologia psicológica ou destacam as alterações neuroendócrinas, defendem o uso de antidepressivos, gabapentina e pregabalina. Desta forma, a variabilidade da FM manifesta-se novamente na discussão do tratamento farmacológico. Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� Atualmente diversas alternativas para o tratamento da FM estão sendo utilizadas, e, dentre elas, pode-se destacar o uso de medicamentos. As classes de medicamentos mais comumente utilizadas para o manejo dessa condição são: os antidepressivos tricíclicos, os inibidores da recaptação de serotonina, os benzodiazepínicos, os anti-inflamatórios esteroidais e não esteroidais, os analgésicos, os neuromoduladores, os miorrelaxantes e os anticonvulsivantes. Drogas antidepressivas são largamente prescritas para o controle da dor e da fadiga, além do mais, agem sobre um dos principais sintomas que frequentemente acompanham o quadro doloroso, a depressão. Os antidepressivos tricíclicos possuem ação analgésica indireta e promovem aumento da quantidade de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. Os representantes mais utilizados dentro dessa classe de medicamentos são: a amitriptilina de 12,5 – 50 mg, ministrada normalmente de duas a quatro horas antes de dormir, esse fármaco proporciona melhora na fadiga, no quadro doloroso e no sono dos pacientes. A ciclobenzaprina, agente tricíclico com estrutura similar à da amitriptilina, que é umadroga que apresenta pequenos efeitos antidepressivos, sendo mais utilizada como miorrelaxante, sua dosagem varia de 10 a 30 mg, e a ingestão também deve ocorrer de duas a quatro horas antes de dormir. A imipramina e nortriptilina são outros exemplos de antidepressivos tricíclicos comumente utilizados na terapêutica da FM. Entre os inibidores de recaptação de serotonina, a fluoxetina se destaca como a droga mais utilizada para o combate à sintomatologia da FM. Esse medicamento auxilia na redução da dor e frequentemente contribui para a melhora da capacidade funcional. Quando combinada com um derivado tricíclico, pode amplificar sua ação no alívio da dor, do sono e no bem-estar global. Entretanto, atualmente, o uso de medicamentos inibidores seletivos de recaptação de neurotransmissores com a capacidade de manter elevados, simultaneamente, os níveis de serotonina e noradrenalina (SNRI) no sistema nervoso central (SNC), são considerados mais eficazes para o tratamento da dor crônica do que os inibidores puros ou inibidores seletivos de recaptação de serotonina (SSRIs). Dentre os SNRI existentes, dois inibidores ganharam aprovação do FDA (Food and Drug Administration) a duloxetina (eficaz em pacientes que sofrem com depressão) e o milnacipran (em uma dose de magnésio 100-200mg por dia, pode melhorar significativamente a dor, fadiga e o bem-estar geral). Benzodiazepínicos Uma alternativa farmacológica frequentemente utilizada são os benzodiazepínicos. A maioria dos benzodiazepínicos altera a estrutura do sono e diminui a duração de ondas delta durante o sono. O clonazepam e o alprazolam são os benzodiazepínicos mais empregados no tratamento da FM. No entanto, esses fármacos não devem ser utilizados de maneira rotineira, já que podem induzir dependência química nos usuários. Anti-inflamatórios e analgésicos Também é importante ressaltar, que a associação de antiinflamatórios e analgésicos para alívio das queixas de pacientes com FM é constantemente utilizada na prática clínica. Contudo, os resultados desse tipo de associação nem sempre são eficazes, além de não possuírem evidências científicas que sustentem sua utilização. Normalmente se utilizam analgésicos simples, assim como os opiáceos leves, já o uso de opiáceos potentes não é recomendado. O paracetamol e a dipirona estão entre os analgésicos mais prescritos para o tratamento da FM. O tramadol associado ao paracetamol também é considerado efetivo no tratamento da FM, assim como, os anti-inflamatórios não esteroides (AINES), ibuprofeno e naproxeno, que devem ser combinados a outros medicamentos para garantir melhores resultados clínicos. Neuromoduladores Dentre os neuromoduladores, os mais utilizados são a gabapentina e a pregabalina (apresentam ação analgésica, ansiolítica e anticonvulsivante, mostrando-se eficaz na terapia de dor aguda e fobia social). A venlafaxina, que inibe a recaptação neuronal de serotonina e noradrenalina, a zopiclona e o zolpidem que atuam sobre os distúrbios do sono, o tropisetron, administrado por via intravenosa ou oral, solução transitória em crises muito agudas de FM, o bacoflen, atuando como antiespástico e Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� também usado para promover relaxamento muscular e o S adenosil metinina, um sal com poder antidepressivo, analgésico e anti-inflamatório, são outros exemplos de fármacos neuromoduladores que são utilizados na terapêutica da FM. Melatonina Um tratamento quem vem também sendo considerado é a melatonina. A melatonina é um hormônio secretado pela glândula pineal com propriedades reguladoras do sono. Além dessa propriedade, a melatonina parece possuir propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, antioxidantes, ansiolíticas e antidepressivas. Todo esse potencial estimulou as pesquisas referentes à utilização da melatonina para o tratamento dos diversos sintomas que compõe o quadro clínico da FM. No entanto, a utilização de melatonina para o tratamento dessa condição precisa ser melhor investigado, assim como seus mecanismos de ação e dosagem. Devido ao grande número de classes medicamentosas frequentemente recomendadas para o tratamento da FM, se faz necessário um acompanhamento médico rigoroso. Afinal, a automedicação e a associação de diferentes classes de medicamentos podem ocasionar danos graves à saúde. Por fim, é válido ressaltar que até o momento não existe um medicamento totalmente eficaz para a gama de sintomas apresentados por portadores de FM e que a associação de diversas classes de medicamento, apesar de parecer benéfica aos pacientes, não encontra respaldo na literatura científica. Tratamento não farmacológico Exercícios físicos Os exercícios são importantes e fazem parte do tratamento desta síndrome. Os exercícios mais adequados são os aeróbicos, sem carga, sem grandes impactos para o aparelho osteoarticular, como dança, natação e hidroginástica, auxiliando tanto no relaxamento como no fortalecimento muscular, reduzindo a dor e em menor grau melhorando a qualidade do sono. A princípio, qualquer atividade física aeróbica, e de baixo impacto, tal qual natação, caminhada ou hidroginástica, é a mais recomendada. Em geral, uma caminhada, ao passo normal do paciente, durante 30 minutos a 1 hora todos os dias proporciona efeitos terapêuticos. A orientação de exercitar-se três vezes por semana tem sido eficaz e possibilita maior adesão ao tratamento. Em alguns casos, esta atividade se torna a única terapêutica necessária. A atividade física apresenta um efeito analgésico; por estimular a liberação de endorfinas, funciona como antidepressivo; e proporciona uma sensação de bem-estar global e de autocontrole. Esta deve ser bem dosada para que não seja muito extenuante, seu início deve ser leve e a sua “intensidade” aumentada gradativamente. Deve ser bem planejada para ser tolerada desde o início e para manter a adesão do paciente por um período prolongado. Fisioterapia A fisioterapia destaca-se, no âmbito das intervenções físicas, pela riqueza de recursos terapêuticos que podem controlar a sintomatologia da fibromialgia. O fisioterapeuta utiliza os exercícios terapêuticos, como a massagem terapêutica, o exercício físico, o alongamento muscular, a crioterapia e a termoterapia, para promover a atividade adequada e o controlo da dor, tendo como principal meta a recuperação da função, promovendo a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Atua também ao nível educacional, para que os ganhos da intervenção realizada possam permanecer a longo prazo e os doentes consigam tornar-se menos dependentes dos cuidados de saúde, e incentiva estilos de vida mais participativos e funcionais, que contribuam no restabelecimento físico e emocional do paciente. Acupuntura Estudos mais recentes demonstram que um grupo de pacientes pode melhorar da dor com a eletroacupuntura. Portanto, para algumas situações, a acupuntura pode ser um tratamento alternativo e aceitável, demonstrando melhora importante dos sintomas. Suporte psicológico Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� Entre 25% a 50% destes pacientes apresentam distúrbios psiquiátricos concomitantes, que dificultam a abordagem e a melhora clínica destes, necessitando muitas vezes de um suporte psicológico profissional. A abordagem cognitivo comportamental também é efetiva, desde que combinada com técnicas de relaxamento, ou exercícios aeróbicos, alongamentos e educação familiar. Esta última é extremamente importante, em especial por se tratar de uma enfermidade de longa duração, com queixas persistentes. Por outro lado, o apoio psicológico dos familiares conduz, com certeza, à melhor qualidade de vida → SíndromeMiofascial A síndrome dolorosa miofascial (SDM) é uma das causas mais comuns de dor musculoesquelética. Acomete músculos, tecido conectivo e fáscias, principalmente a região cervical, a cintura escapular e a lombar. A dor e a incapacidade geradas pelas SDMs podem ser bastante significativas. Apesar de a SDM ser uma das causas mais comuns dedor e de incapacidade em doentes que apresentam algias de origem musculoesquelética, muitos profissionais e doentes não a reconhecem, pois o diagnóstico depende exclusivamente da história clínica e dos achados do exame físico. Muitos desses doentes recebem tratamento para bursite, artrites, tendinites ou doenças viscerais, sem melhora eficaz do quadro clínico. A Síndrome dolorosa miofascial é conceituada como dor regional associada à presença de pontos dolorosos locais e/ou pontos-gatilho. Pontos Gatilhos são aqueles que produzem dor a distância (zona de referência) ou dor irradiada quando submetidos a palpação. Embora eles se localizem principalmente em músculos, podem também ser encontrados na pele, tendões, periósteo e ligamentos. Esses pontos habitualmente se localizam na sede da dor regional, e a infiltração com anestésico local reduz ou elimina a dor . Geralmente é acompanhada de anormalidades localizadas da consistência muscular (zonas de tensão muscular) e de reações autonômicas da pele, tais como o dermografismo . A dor miofascial é a causa mais comum de dor regional persistente, como por exemplo lombalgia, cervicalgia, ombro doloroso, cefaléia tensional e dor facial. A SDM é uma condição dolorosa do músculo, fáscias e junções ligamentares, caracterizada pela presença de pontos de irritabilidade no músculo esquelético denominados pontos-gatilho (PG). Estes pontos se localizam em bandas tensas musculares e podem estar associados a fenômenos autonômicos, sensitivos e motores. A lesão aguda do músculo ou o esforço repetitivo são as causas mais comuns da SOM, porém, está comumente associada a outras condições dolorosas somáticas e neuropáticas. Alguns autores costumam diferenciar a dor miofascial da SOM quando o quadro doloroso persiste por mais de algumas semanas. Os PG causam dor espontânea em repouso e, quando estimulados, provocam dor referida. Além da dor, muitas vezes incapacitante, a restrição da amplitude de movimento e a fadiga do músculo envolvido podem caracterizar um grande prejuízo funcional para o indivíduo. A dor muscular é mais difusa quando comparada à dor cutânea. Isto se deve a menor densidade de inervação do tecido muscular e a uma grande área de recepção para os estímulos no sistema nervoso central (SNC). Os neuropeptídios contidos nas vesículas do nociceptor muscular não são específicos para a fibra muscular. Os mais importantes são a substância P (SP), o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), a somatostatina, e o fator de crescimento do nervo (FCN). Outras substâncias são encontradas no PG, como catecolaminas e citocinas pró-inflamatórias (fator de necrose tumoral TNF-cx., interleucina - IL1 p, IL6 e IL8). Muitas terminações nervosas contêm mais de um tipo de neuropeptídeo. Curiosamente, a quantidade de SP encontrada no nociceptor muscular é menor do que a encontrada nas fibras cutâneas. Uma hipótese para esta diferença seria que o edema ocasionado pela SP acarretaria lesão das fibras musculares pela pressão, já que os músculos são envolvidos por fáscias. Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� O CGRP é encontrado em mecanorreceptores tanto de baixo como de alto limiar, nas fibras aferentes tipo IV. De acordo com a nomenclatura sugerida por Lloyd em 1943, as fibras aferentes nociceptivas musculares podem ser classificadas como grupos III e IV. As fibras aferentes tipo III são equivalentes às fibras A Delta, de pequeno diâmetro e finamente mielinizadas, com velocidade de condução de 2,5 a 35 m/s. As do tipo IV se equivalem às fibras C, não mielinizadas, e apresentam velocidade de condução menor que 2,5 m/s. Os canais de sódio tetrodotoxina resistentes (TTX-r) estão presentes nestas fibras aferentes musculares, particularmente os canais de sódio voltagem- dependente Na V 1.8 e Na V 1.9, este último se encontra exclusivamente em fibras nociceptivas. MECANORRECEPTORES Existem dois tipos de mecanorreceptores: os receptores mecanossensitivos de alto limiar (high threshold mechanosensitive- HTM), e os mecanossensitivos de baixo limiar (low threshold mechanosensitive - LTM). Os HTM são receptores que apresentam um limiar alto para estímulos pressóricos, ou seja, traduzem apenas estímulos tóxicos e por isso são identificados como .. 548 nociceptores. Tanto fibras tipo III quanto IV possuem esses mecanorreceptores HTM. Os LTM são receptores que respondem apenas a baixas compressões do músculo, dando a sensação subjetiva de pressão. Logo, não são considerados nociceptores. Nem toda a fibra aferente IV possui nociceptores. No rato, por exemplo, aproximadamente 40% são LTM e 60% HTM. A dor miofascial provavelmente é mediada pelas fibras aferentes mecanossensitivas de baixo limiar (com mecanorreceptores LTM) ao invés das aferentes mecanossensitivas de alto limiar (com mecanorreceptores HTM) como ocorre em condições normais. QUIMIORRECEPTORES Os quimiorreceptores são receptores que respondem a estímulos álgicos provocados por substâncias algogênicas e não por estímulos mecânicos no músculo. São classificados de acordo com a substância algogênica a que respondem: a) Receptores para substâncias inflamatórias: As substâncias inflamatórias algogênicas são: 5 hidroxitriptamina (5HT), prostaglandina E2 (PGE2), bradicinina. A bradicinina é liberada por proteínas plasmáticas, pela ação da enzima calicreína e aumenta a resposta de outros receptores envolvidos na resposta inflamatória como o 5HT3. No tecido muscular intacto, a bradicinina influencia as terminações nervosas através do receptor. Quando há inflamação tecidual, o receptor 81 é sintetizado e passa a mediar as ações da bradicinina. Este é um exemplo das alterações neuroplásticas que ocorrem na terminação nervosa. b) Receptores para aminoácidos excitatórios: O glutamato, neurotransmissor excitatório, ativa os receptores NMDA periféricos nas fibras lentas. c) Receptores para prótons: Em circunstâncias em que o pH é baixo, como no trabalho muscular exaustivo, isquemia e inflamação, ocorre ativação dos receptores de prótons. O aumento da concentração de prótons ativa canais catiônicos não seletivos chamados acid sensing ion channels (ASICs). Os subtipos ASIC1 e ASIC3 nas fibras aferentes musculares respondem, respectivamente, a pH menor que 6,9 e 6,0. O receptor vanilóide TRPV1, que tem como ligante a capsaicina, também foi encontrado na região do CPME correspondente à aferência do musculoesquelético e responde aos íons hidrogênio e ao calor. Estes receptores estão relacionados à dor muscular crônica. d) Receptores para ATP: O ATP está presente em todas as células do corpo humano e é liberado em alta concentração na lesão muscular, estimulando os receptores purinérgicos P2X (particularmente os P2X3), expressos em fibras de condução lenta. e ) Receptores para fator de crescimento do nervo (FCN): O receptor TRKa tem como ligante o NGF que excita exclusivamente os receptores HTM. f) Receptores para aminoácidos excitatórios: O glutamato é o aminoácido excitatório que ativa os nociceptores para aminoácidos excitatórios na fibra muscular. Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� Para a prática clínica da dor muscular, os receptores mais relevantes são: 1. P2X3: associados a casos de lesão muscular, como trauma agudo e crônico com necrose da célula muscular; 2. TRPV1 e ASIC3: associados a miosite, contrações tônicas e PG; 3. TRKa: está envolvido nos casos de hiperalgesia e alo → Fisiopatologia dos pontos-gatilho As alterações fisiopatológicas associadas ao surgimento dos PG parecem estar localizadas no centro do músculo, numa área onde o nervo motor se divide em muitos ramos. Cada ramo se incorpora na superfície da fibra como se fosse uma garra, através do que denominamos placa terminaJ1°. Cada PG apresenta um feixe neurovascula r que contém terminações nervosas motoras e fibras aferentes nociceptivas sensitivas dos grupos III e IV. A presença do PG miofascial é patognomônico da SOM ·e é definido como um ponto bem localizado e hiper irritávellocalizado em uma banda tensa palpável no músculo esquelético. A compressão do PG provoca dor local e dor referida ou pode agravar a dor já existente. A localização da região dolorosa condiz com a área de dor referida encontrada na palpação do PG. O grau de irritabilidade, ou seja, de sensibilidade ao estímulo mecânico, está relacionado diretamente com o surgimento da dor referida. O músculo afetado tem a sua capacidade de alongamento diminuída e há fraqueza muscular em função da dor, porém, normalmente, não há atrofia. Podem ocorrer fenômenos autonômicos localizados, como vasoconstrição, piloereção e alteração sudomotora. O espasmo muscular acarreta isquemia local, prejudicando a remoção de catabólitos, perpetuando os sintomas. Define-se como PG ativo quando há dor espontânea ou deflagrada pelo movimento associado à dor referida. O PG é latente quando não ocorre a dor espontânea ou quando não é deflagrada nas atividades diárias, porém a sua compressão provoca dor ou desconforto. Há uma diferença entre a atividade elétrica dos PG ativos e latentes. Simons e Stolov, em estudos eletrofisiológicos, encontraram potenciais de ação de baixa amplitude - 10 a 15 microvolts- nos PG latentes e ativos. Esta atividade de baixo limiar contínua é definida como atividade elétrica espontânea (AEE) para distingui-la da atividade intermitente por picos (100 a 600 microvolts), que pode ser deflagrada apenas pelo PG ativo e não pelo latente. O local onde a AEE pode ser detectada é denominada locus ativo do PG e está intimamente relacionado à placa terminal motora com função anormal. O fato da toxina botulínica ser efetiva para inativação do PG clinicamente reforça esta hipótese da localização do PG na placa motora terminal. Chama-se locus sensitivo a área situada nas imediações do locus ativo do PG e, junto com o locus ativo formam a unidade básica do PG muscular. A compressão abrupta do PG pode deflagrar uma contração involuntária rápida da fibra muscular da banda tensa - esta contração se denomina local twitch response (LTR), mediados provavelmente, por mecanismos reflexos medulares. Embora seja infrequente na prática clínica, quando presenciamos a LTR tem-se a confirmação de que se estimula o local exato do PG. A fisiopatologia da banda tensa a inda não é clara. Simons propôs um mecan ismo para a formação da banda tensa: o cálcio intracelular pode ser excessivamente liberado pelo retículo sarcoplasmático de certas fibras musculares, em resposta ao trauma e estresse anormal. A liberação anormal do cálcio pode ocasionar encurtamento incontrolável da fibra, pela interação da actina e miosina. Consequentemente, ocorre uma contratura local (banda tensa), onde há ativação dos miofilamentos sem controle neurogênico e atividade elétrica. FATORES QUE PROVOCAM A ATIVAÇÃO DO PONTOS-GATILHO A patogênese do PG está relacionada a um mecanismo integrativo da medula espinhal em resposta à sensibilização dos nociceptores associados com disfunções na placa terminal da fibra muscular. Enumeramos alguns fatores responsáveis pela ativação dos PG: Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� 1. Trauma: a lesão direta ou sobrecarga do músculo pelo esforço repetitivo (possibilitando o surgimento de microtraumas) são as causas mais comuns para a ativação dos PG; 2. Ansiedade: pacientes ansiosos tendem a manter grupamentos musculares em estado persistente de contração; 3. Isquemia muscular: PG podem surgir quando um músculo se torna isquêmico devido à obstrução arterial; 4. Associada à doença visceral: a dor proveniente de uma doença visceral frequentemente é referida na pele e nos músculos. Quando isso ocorre, os PG nos músculos onde a dor víscera! é referida se tornam ativos; 5. Compressão radicular: quando há compressão de uma raiz nervosa espinhal, como vemos nas espondilopatias ou prolapso de disco intervertebral, é frequente encontrarmos a associação de dor miofascial pela presença de PG na musculatura paravertebral; 6. Variação do clima: PG podem se tornar ativos nas grandes variações de temperatura e umidade ambientes. A pele, o músculo ou ossos inervados por nervos provenientes de um segmento espinhal específico são denominados dermátomo, miótomo e esclerótomo, respectivamente. O surgimento do PG muscular faz parte da integração com a medula espinhal e a sensibilização segmentar espinhal envolve alterações nos dermátomos, miótomos e esclerótomos correspondentes. É comum encontrar, por exemplo, entesopatias, bursites, tendinites, capsulites e epicondilites associados à SOM. Quando há persistência de estímulo nociceptivo proveniente do PG ativo, ocorre o desenvolvimento de sensibilização progressiva do sistema nociceptivo em vários segmentos espinais e regiões supraespinhal, com expansão dos campos receptivos correspondentes e redução do limia r de dor. A sensibilização propaga-se também para o corno anterior da medula, afetando o sistema motor e o sistema simpático no segmento correspondente. A aferência nociceptiva produz inibição do sistema homônimo ao músculo lesado, gerando diminuição da aferência ao fuso - é necessário mais esforço do SNC para ativar a unidade motora 5 , o que explicaria a sensação de diminuição da força. É importante lembrar que a dor persistente geralmente inibe o movimento, levando a uma atitude inconsciente de proteção do local afetado. Parece que este fenômeno inibitório envolve uma espécie de descerebração motora, possibilitando o sistema motor espinais desenvolver respostas protetoras aos estímulos nóxicos. A dor produz inibição do córtex motor, via circuitos corticocorticais. As aferências dolorosas se projetam ao córtex primário somatossensitivo e podem produzir inibição do córtex motor através de circuitos inibitórios corticocortical e tálamo cortical. Esses circuitos parecem estar envolvidos também na relação inversa. As alterações neuroplásticas consequentes ao estímulo nociceptivo periférico constante acarretam o aumento da hiperexcitabilidade no CPME, seguindo o padrão de sensibilização central característico dos quadros dolorosos crônicos. Desta forma, novos PG musculares chamados satélites podem surgir na zona de dor referida do PG. →Manifestações Clínicas A SOM pode ter início insidioso ou resultar de um trauma agudo. A dor é pobremente localizada e percebida como profunda, dolorida e em queimação. Geralmente é restrita a um quadrante do corpo e é caracterizada pela presença de PG miofasciais. A intensidade da dor é muito variável e está diretamente relacionada ao grau de atividade dos PG -quadros de dor intensa podem levar a uma grande incapacidade funcional. O exercício físico geralmente exacerba os sintomas e nota-se diminuição da amplitude de movimento do músculo afetado. Ambos os gêneros são afetados. As informações sobre a posição de dormir e o posicionamento durante o exercício da atividade laborativa devem constar na anamnese, pois podem agravar os PG pelo encurtamento dos músculos afetados. O exame sensitivo da região pode revelar alodínia, hiperalgesia e parestesia. Manobras de pinçamento, rolamento do tecido subcutâneo e testes de sensibilidade da pele são úteis para identificar a sensibilização dermatomérica que acompanha a SOM. Os PG ativos podem levar ao Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� desenvolvimento de fenômenos autonômicos como lacrimejamento, piloereção, trofoedema e extremidades frias. Além disso, podem afetar a propriocepção, acarretando desequilíbrio, como ocorre quando a musculatura cervical, particularmente o esternocleidomastóideo, é afetada. É comum a alteração do sono e do humor. As alterações motoras observadas na SOM incluem fraqueza, diminuição de amplitude de movimento e da coordenação, além de espasmo em outros músculos. O exame físico para identificação dos pontos musculares consiste, inicialmente, em solicitar ao paciente que aponte a região da dor. Realiza-se apalpação do músculo com a ponta dos dedos, deslizando-os a fim de encontrar a banda tensa muscular. No meio dabanda tensa exerce-se pressão com o dedo, em posição perpendicular às fibras musculares, até que o paciente refira a dor que sente normalmente. É comum que haja um movimento de retirada do membro ou região afetada, caracterizando o que chamamos de sinal do pulo. A compressão do ponto ou mesmo a palpação da banda tensa pode provocar a LTR. Não é necessário que se consiga detectá-la, mas quando for visualizada, tem-se a confirmação do local certo para o tratamento. Os PGs podem ser ativos ou latentes. O PG ativo é um foco de hiperirritabilidade sintomático e muscular situado em bandas musculares tensas (contraturadas ou enduradas no músculo ou na fáscia) em áreas onde há queixa de dor e que, quando pressionado, gera dor referida em áreas padronizadas, reprodutíveis para cada músculo. A dor é espontânea ou surge ao movimento; ela limita a amplitude do movimento (ADM) e pode causar sensação de fraqueza muscular. Os PGs latentes são pontos dolorosos com características similares aos ativos, mas presentes em áreas assintomáticas; não se associam à dor durante as atividades físicas normais. Podem ser menos dolorosos à palpação e produzir menos disfunção que os PGs ativos. Diante de estressores físicos exógenos, endógenos ou emocionais, tornam-se ativos e geram síndromes dolorosas e/ou incapacidade funcional. Assim, as características da SDM são: - dor difusa em ummúsculo ou grupo de músculos; - dor regional em peso, queimor ou latejamento, surtos de dor e referência de dor à distância; às vezes há queixas de parestesias (sem padrão neuropático); - banda muscular tensa palpável contendo PGs; - ausência de padrão de dor radicular ou neuropática; - reprodução das queixas ou alterações das sensações durante a compressão do ponto miálgico; - ocorrência de reação de contração local (RCL) durante a inserção da agulha ou palpação no sentido transversal do ponto hipersensível da banda muscular; - alívio da dor após o estiramento do músculo ou após a infiltração no ponto sensível; - possível limitação da amplitude de movimento; - encurtamento muscular ao estiramento passivo; - possível redução da força muscular ao teste manual → Diagnóstico De acordo com publicação da International Association for the Study o f Pain (IASP), existem 3 critérios diagnósticos mínimos (1-3) e seis critérios diagnósticos de confirmação da SOM: 1. Presença de banda tensa palpável no musculoesquelético; 2. Presença de ponto hipersensível dentro da banda tensa muscular; 3. Reprodução da queixa de dor referida com a estimulação do ponto doloroso; 4. Presença de LTR - Local twicht response (resposta contrátil local rápida) com apalpação da banda tensa; 5. Presença do sinal do pulo (o paciente tem reação de retirada ao exame dos pontos); 6. O paciente reconhece que a sua queixa dolorosa é a mesma reproduzida no exame da palpação do PG; Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� 7. A dor referida segue padrões de localização previsíveis; 8. Fraqueza e tensão do músculo; 9. Dor à contração ou alongamento do músculo afetado; 10. Os exames laboratoriais podem ser úteis na exclusão de doenças sistêmicas que cursam com a dor miofascial, principalmente as hepatites, o hipotireoidismo e as doenças reumatológicas. É importante também lembrar que alguns fármacos, como a sinvastatina, podem causar mialgia. Os exames de imagem podem mostrar osteoartrite, discopatias vertebrais, compressões nervosas e outras alterações mecânicas associadas. → Tratamento Agulhamento seco e infiltração do ponto-gatilho O agulhamento seco do PG (ou seja, agulhamento sem a injeção de substâncias) é uma técnica bastante difundida para desativação dos PG por ocasionar boa resposta clínica, porém são necessários mais estudos de boa qualidade metodológica para comprovação de sua eficácia. Estudos concluíram que a natureza da substância injetada não fazia diferença no desfecho e que não havia benefício terapêutico do agulhamento com injeção em relação ao agulhamento seco. Isto reafirma o conceito de que a estimulação mecânica do PG é o fator mais importante para o alívio da dor miofascial. Numa revisão recente, Fogelman e Kent apontaram limitações para a pesquisa sobre a eficácia do agulhamento do ponto-gatilho, como o tamanho da agulha, a profundidade e a técnica do procedimento, o número e a frequência do tratamento. Porém, concluíram que o agulhamento é um método fácil de se integrar à prática clínica. Além disso, recomendam que o agulhamento não seja tão vigoroso nos pacientes fibromiálgicos pela possibilidade de piora do quadro álgico. É contraindicado o agulhamento e injeção se houver infecção no local da punção, se o paciente for portador de coagulopatias ou fizer uso de anticoagulantes, e se apresentar alergia à substância a ser administrada. As complicações que podem decorrer do agulhamento são: síncope vasovagal, infecção, pneumotórax, hematomas, dolorimento e quebra da agulha. A acupuntura é uma técnica muito empregada na SOM. Tem ação sobre o tônus e relaxamento muscular; através da ativação reflexa de efetores miorrelaxantes Toxina botulínica (TB) Nas últimas décadas, a injeção de TB no músculo tem se mostrado eficaz no tratamento de patologias que cursam com o aumento do tônus muscular. A aplicação terapêutica está voltada, em sua maioria, para patologias temporomandibulares, ortopédicas e para a SDM. Com a investigação do uso da TB para as condições motoras, observou-se um benefício significativo no alívio da dor que extrapolava os efeitos de relaxamento muscular, sugerindo outros mecanismos de ação antinociceptiva. Dessa forma, explica-se o uso da TB em outras condições álgicas que não se limitam ao músculo, como na dor neuropática e síndrome dolorosa regional complexa. No tocante à SOM, o mecanismo de ação antinociceptivo da TB se deve a mecanismos tanto periféricos como centrais. Perifericamente, impede a liberação de acetilcolina pelo axônio pré-sináptico, neurotransmissor que induz a contração muscular. Terapias não invasivas O tratamento fisioterápico provavelmente é o mais utilizado para a SOM na prática clínica. Porém, poucos são os estudos controlados que comprovam a eficácia dessas terapias. As diversas técnicas de massagem, o shiatsu e a acupressão envolvem, na grande maioria, a aplicação de compressão mecânica do PG. O mecanismo de como a compressão do PG alivia a dor local não está claro se a compressão do ponto com posterior descompressão melhora o fluxo sanguíneo com consequente melhora da perfusão e oxigenação muscular, reduzindo a isquemia e o acúmulo de metabólitos. Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� Relaxantes musculares orais de ação central Os relaxantes musculares de ação central, também conhecidos como espasmolíticos, são um grupo heterogêneo de fármacos e não constituem uma classe farmacológica específica. São utilizados para o tratamento da espasticidade, que ocorre nas síndromes do neurônio motor, e na dor muscular ou espasmo, encontrados nas condições musculoesqueléticas periféricas. Os relaxantes musculares de ação central são comumente utilizados no manuseio clínico da SOM. A escolha de qual relaxante muscular utilizar dependerá da resposta individual de cada paciente. Porém, observando as especificidades de cada fármaco, norteia-se também essa escolha de acordo com as contraindicações inerentes ao fármaco e as condições clínicas de cada paciente. Deve-se considerar, também, as interações com outros fármacos utilizados pelo paciente. O tratamento da SDM consiste na inativação dos PGs e na interrupção do ciclo vicioso dor-espasmo-dor. Os exercícios diminuem a sensibilidade à dor. Os exercícios e os programas regulares de atividades físicas são fundamentais e constituem a base do tratamento da dor musculoesquelética-crônica. Melhoram não apenas o condicionamento cardiovascular ou muscular, como também reduzem o número e a intensidade dos PGs e melhoram as medidas objetivas e subjetivas da dor em doentes com SDM e fibromialgia.Diversas modalidades de métodos físicos, como a massoterapia, o calor superficial (bolsas térmicas) ou profundo (ultrassom, ondas curtas, microondas), a crioterapia (compressas de gelo, aerossóis congelantes), hidroterapia (turbilhão, tanque de Hubbard associado à hidromassagem e terapia na piscina) e a eletroterapia (estimulação elétrica transcutânea, correntes farádicas, iontoforese de agentes analgésicos e de antiinflamatórios) podem ser utilizados para reduzir a tensão muscular e inativar os PGs. Sua ação é lenta e não satisfatória em casos complexos e crônicos. Estes tratamentos são complementares à inativação dos PGs, quando os doentes estão integrados a programas de exercícios posturais de reabilitação muscular Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� Indicação, mecanismo de ação, efeitos colaterais dos AINES e anestésicos locais; AINES Os Anti-inflamatórios Não Esteroidais (AINE) são ácidos orgânicos fracos, frequentemente utilizados como analgésicos, anti-inflamatórios e antitérmicos, possuem diversas finalidades e um de seus aspectos positivos é que diferente dos analgésicos opióides, não geram dependência, o AINE pode ter ação mais voltadas ao Sistema Nervoso Periférico (SNP), atuando em inflamações e no Sistema Nervoso Central (SNC) atuando como antipirético, por exemplo, e em ambos os locais obtendo analgesia. O mecanismo de ação dos AINES consiste na inativação das enzimas que degradam o ácido araquidônico, este liberado através de alguma lesão de membrana, sendo essas enzimas denominadas de Ciclooxigenase (COX) e a Lipoxigenase (LOX)). A liberação do ácido araquidônico irá atuar sobre a via das ciclooxigenases (responsável pela biossíntese das prostaglandinas e dos tromboxanos) e pela via das lipoxigenases (responsável pela síntese dos leucotrienos, lipoxinas e demais compostos), quando uma substância é capaz de inibir as duas vias enzimáticas, pode ser denominada de AINE de dupla ação. Os AINES inativam a COX, que possui três isoformas, sendo a COX-1 e COX-2 as enzimas mais frequentes e que possuem suas características mais definidas, de acordo com seu mecanismo químico e fisiológico. A COX-3 foi descoberta posteriormente e os estudos ainda não apontam sua real função sobre o organismo, entretanto, sabe - se que a mesma atua inibindo a COX-3 nas células endoteliais hipotalâmicas, localiza - se no SNC e está relacionada a febre e a dor, possuindo ação antitérmica e analgésica. A COX-1 é constitutiva, responsável por algumas funções fisiológicas de proteção, como a homeostase renal e plaquetária, além da função citoprotetora gastrintestinal, responsável pela síntese de prostaglandinas que exercem proteção no local. A COX-2 é induzida, pois ocorre após certos estímulos, presente em inflamações. Os fármacos inibidores dessa isoenzima, também podem ser chamados de coxibes e são altamente eficazes, pois além de atuarem nos sítios da lesão, impedem que certos efeitos adversos ocorram, em consequência a utilização de fármacos não seletivos, que também são inibidores da COX -1. A cicloxigenase, enzima responsável pela geração de prostaglandinas a partir do ácido araquidônico, possui três isoformas a COX-1, COX-2 e COX-3, estas isoenzimas são codificadas por genes distintos, a COX-1 e COX-3 são codificadas pelo mesmo gene, sendo este o gene 1, e a COX-2 codificada pelo gene 2. A COX-3 consiste em uma variante da COX-1 e devido ao fato de não ser tão conhecida e nem tão encontrada, são denominadas substâncias não seletivas as que inativam a ação da COX-1 e COX-2, sendo seletivas (coxibes) as que inativam apenas a COX-2. A maioria dos AINES são não seletivos e atuam inibindo preferencialmente a COX-1, e em quase todos os tecidos normais é detectada a presença desta enzima, enquanto a COX-2 está em maior número nos tecidos inflamados, fatores de crescimento e estimulantes tumorais, concentrando um aumento de citonas. Essa por sua vez, é responsável pela liberação de diversas substâncias relacionadas a inflamação e a dor, como prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. Portanto, a preferência pela utilização de fármacos seletivos tem sido bastante abordada, pois inibindo a ação da COX-2, pode-se combater a inflamação sem causar tantos efeitos colaterais, dentre esses, as erosões e ulcerações gástricas, devido a presença de COX-1 na mucosa gástrica, prevenindo essas possíveis situações, dentre as lesões mais frequentes na utilização de AINE não seletivos estão as gastropatias, hepatopatias e nefropatias. AINES Seletivos também são passíveis de produzir efeitos colaterais, e a sobredosagem é uma das possíveis causas de tais efeitos, podendo assim, vir a perder sua especificidade e também bloquear a COX-1, causando danos, e esses efeitos podem ocorrer devido ao período prolongado de tratamento, inclusive. A COX-2 possui um papel importante na função neuronal, contribuindo na atividade sináptica, e além de assegurar a produção de prostaciclina, também demonstra ação fisiológica no tecido ósseo, portanto sua inibição também pode gerar efeitos colaterais, mas quando comparado a Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� COX-1, de acordo com os possíveis efeitos adversos de AINE não seletivo, ainda é preferencial a utilização de um AINE seletivo, inibindo a COX-2. Os anti-inflamatórios não esteroidais, no geral, são altamente eficazes, porem o risco de toxicidade e efeitos colaterais é maior com a utilização de fármacos não seletivos, devido ao bloqueio da COX-1. A manutenção da COX-1, pelo bloqueio seletivo da COX-2, levando em conta a escolha do fármaco, a finalidade, considerando a espécie envolvida e o estado de saúde, é a melhor opção para uma terapêutica mais eficaz e com maior segurança, consequentemente com menos riscos, proporcionando um melhor equilíbrio homeostático. Contextualizar os antidepressivos no tratamento da dor (indicação, mecanismo de ação, efeitos colaterais); Atuam no sistema inibitório descendente da dor, em vias noradrenérgicas e serotoninérgicas, além de inibirem a transmissão nociceptiva entre o primeiro e o segundo neurônio em nível medular e aumentarem a afinidade dos opioides a seus receptores. Esses efeitos ocorrem antes mesmo das duas semanas necessárias para o início do efeito antidepressivo dessas medicações. As classes de antidepressivos mais estudadas no tratamento da dor são os tricíclicos e os duais. Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina parecem ter menos efeito adjuvante do que essas duas classes. Entre os tricíclicos, os mais utilizados são a amitriptilina e a nortriptilina. A nortriptilina é o resultado da demetilação da amitriptilina no fígado, ou seja, é um metabólito da amitriptilina e é mais bem tolerado, pois apresenta menos efeitos anticolinérgicos. Ambos aumentam a concentração de serotonina e noradrenalina na fenda sináptica, pois diminuem a recaptação pré-sináptica desses neurotransmissores. Os antidepressivos duais inibem a recaptação neuronal de serotonina, noradrenalina e dopamina, ou seja, aumentam a concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica. A. Inibidores seletivos da recaptação de serotonina Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) representam uma classe quimicamente diversa de agentes cuja principal ação consiste na inibição do transportador de serotonina (SERT). A fluoxetina foi introduzida nos Estados Unidos em 1998 e tornou-se rapidamente uma das medicações de prescrição mais comum na prática clínica. B. Inibidores da recaptação de serotoninanorepinefrina Duas classes de antidepressivos atuam como inibidores combinados da recaptação de serotonina e norepinefrina: os inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSNs) e os ADTs (Antidepressivos tricíclicos). 1. Inibidores seletivos da recaptação de serotoninanorepinefrina Os IRSNs incluem a venlafaxina, o seu metabólito, a desvenlafaxina, a duloxetina e a levomilnaciprana. A levomilnaciprana é o enantiômero ativode um IRSN racêmico, a milnaciprana. A milnaciprana foi aprovada para o tratamento da fibromialgia nos Estados Unidos e vem sendo usada na Europa para o tratamento da depressão há muitos anos. Além de seu uso na depressão maior, os IRSNs têm aplicações no tratamento dos distúrbios da dor, incluindo neuropatias e fibromialgia. Os IRSNs são usados, ainda, no tratamento da ansiedade generalizada, incontinência urinária por estresse e sintomas vasomotores da menopausa. Duloxetina: É utilizada, inicialmente, na dose de 30 mg - a dose terapêutica é de 60 mg, 1 vez/ dia, podendo atingir um máximo de 120 mg/ dia. Tem metabolismo hepático e excreção principalmente renal, devendo ser utilizada com cautela em pacientes com grave comprometimento hepático ou clearance de creatinina (ClCr) menor que 30. Os efeitos colaterais mais relatados são náuseas, tontura e xerostomia. Geralmente não aumenta o apetite nem causa sonolência. Raramente ocasiona disfunções sexuais (diminuição da libido). Sua retirada deve ser gradual, pelo risco dos sintomas de abstinência (cefaléia, vômitos, irritabilidade, pesadelos). Muito raramente podem ocorrer urticária, edema facial, trombocitopenia, linfadenopatia, hiponatremia e crise hipertensiva. Venlafaxina: Também é utilizada em psiquiatria, para transtornos de ansiedade generalizada, síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo. A dose inicial é de 37,5 mg (cápsula de Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� liberação prolongada), podendo chegar a até 225 mg/ dia - a dose usual como adjuvante no tratamento da dor é de até 150 mg/ dia. Efeitos colaterais relatados são náuseas, cefaleia, tremores, xerostomia, aumento da pressão arterial, taquicardia, hiponatremia, diminuição da agregação plaquetária, perda de peso, disfunção sexual, obstipação e retenção urinária. Raramente, podem ocorrer pneumopatia intersticial, pneumonite eosinofílica, rabdomiólise, sintomas extrapiramidais, alterações da tireóide, do cálcio, do fósforo e da glicemia, agranulocitose e prolongamento do intervalo QT. 2. Antidepressivos tricíclicos Os ADTs eram a classe dominante de antidepressivos até a introdução dos ISRSs nas décadas de 1980 e 1990. Nove ADTs estão disponíveis nos Estados Unidos, e todos apresentam um núcleo iminodibenzil (tricíclico). As diferenças químicas entre os ADTs são relativamente sutis. Por exemplo, a imipramina, o protótipo dos ADTs, e o seu metabólito, a desipramina, diferem apenas por um grupo metila na cadeia lateral de propilamina. Todavia, essa diferença mínima resulta em uma mudança substancial do perfil farmacológico. A imipramina é bastante anticolinérgica e atua como inibidor relativamente forte da recaptação de serotonina, bem como de norepinefrina. Em contrapartida, a desipramina é muito menos anticolinérgica e atua como inibidor mais potente e ligeiramente mais seletivo da recaptação de norepinefrina em comparação com a imipramina. No momento, os ADTs são usados principalmente na depressão que não responde aos antidepressivos de uso mais comum, como os ISRSs ou os IRSNs. Sua perda de popularidade provém, em grande parte, de sua tolerabilidade relativamente menor em comparação com agentes mais recentes, da dificuldade de seu uso e de sua letalidade em superdosagem. Outras aplicações dos ADTs incluem o tratamento de distúrbios de dor, enurese e insônia. Referências: Tratado da Dor https://periodicos.uniformg.edu.br:21011/ojs/index.php/conexaociencia/article/view/248/337 https://periodicos.uniformg.edu.br:21011/ojs/index.php/conexaociencia/article/view/248/337
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