Buscar

Unidade 4 - resumo

Prévia do material em texto

Violência contra a Infância e a Adolescência
É importante apresentar os aspectos legais relacionados aos direitos das crianças e adolescentes que devem ser assegurados. Comecemos citando a Constituição Federal - CF de 1988: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
Vários são os direitos elencados, assim como esse artigo especifica claramente de quem é a responsabilidade, ou seja, o dever de assegurá-los, prioritariamente, inclusive. Para assegurar de forma mais efetiva esses direitos, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, ratificando o que já está preconizado na Carta Magna. Vejamos os artigos 4º e 5º: 
Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Art. 5º - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”
O artigo 4º, além dos direitos já especificados na CF, apresenta também o direito ao esporte, importantíssimo no desenvolvimento humano. Fica evidenciado que crianças e adolescentes precisam ter seus direitos resguardados, bem como serem protegidos.
Algumas violências contra crianças e adolescentes: 
▪ Violência Física Intra ou Extrafamiliar: É o uso da força física de forma intencional, por um agente agressor. Pode deixar ou não marcas evidentes e nos casos mais graves pode causar a morte. 
▪ Violência Psicológica Intra ou Extrafamiliar: É um conjunto de atitudes, palavras e ações para envergonhar, censurar, pressionar, ofender. Exemplo: xingamentos, isolamentos, rejeições. 
▪ Negligência/Maus Tratos: É a omissão frente às necessidades básicas para o desenvolvimento sadio da pessoa, como falta de cuidado e apoio, falta de acesso à educação, saúde, higiene, etc. 
▪ Abandono: Abandonar qualquer pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, sendo que essa pessoa é incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono. 
▪ Abuso Sexual: É quando uma criança ou um adolescente é invadido em sua sexualidade e usado para a satisfação sexual de um adulto ou de um adolescente mais velho, configurando-se uma relação de poder e dominação. Pode incluir desde carícias, manipulação dos órgãos sexuais, exibicionismo, ato sexual com ou sem penetração. 
▪ Exploração Sexual: É uma das formas mais graves de trabalho infantil. Caracteriza-se pela utilização sexual de crianças e adolescentes, com fins comerciais e de obtenção de lucro, seja levando-os a manter relações sexuais com adultos ou adolescentes mais velhos, (troca de sexo por presentes ou favores), seja utilizado para a produção de materiais pornográficos. 
▪ Tráfico de Pessoas: É o comércio de seres humanos, mais comumente para fins de escravização sexual, trabalho forçado ou exploração sexual comercial, tráfico de drogas ou outros produtos. 
▪ Situação de rua: Estar em situação de rua sendo privado de seus direitos básicos, estando exposto a vulnerabilidades e risco. 
▪ Trabalho Infantil: Qualquer trabalho exercido por criança e adolescente com menos de 14 anos (salvo na condição de aprendiz). A mendicância praticada por criança ou adolescente (pedir publicamente, com habitualidade, esmola ou auxílio de qualquer natureza, a pretexto da pobreza ou necessidade) é considerada uma forma de trabalho infantil. 
▪ Discriminação em decorrência de orientação sexual e/ou raça/etnia: Qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada em raça/etnia, origem nacional e/ou orientação sexual que tenha o propósito ou o efeito de anular ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício em pé de igualdade dos direitos fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio da vida pública.
Dentro deste tópico de violências contra crianças e adolescentes, apresentarmos o PAEFI como um Serviço de uma política pública que pode ser acionado em qualquer parte do nosso país para o acompanhamento das famílias é importante e coaduna com a concepção legal vigente do direito das crianças e adolescentes à convivência familiar. Outros programas, projetos e ações de acompanhamento às famílias podem ser acionados, mas é de fundamental importância que seja oportunizado às famílias esse trabalho. 
Nesse sentido, mesmo que em alguma família seja identificada alguma situação de risco para a criança ou adolescente, esta situação deve ser cuidadosamente e atentamente avaliada e a família deve ser acompanhada na perspectiva da superação dessa situação. Todavia, é importante sempre avaliar o tempo necessário para que a família consiga avançar nas questões de violações de direito apresentada, e principalmente no risco que a criança ou adolescente está correndo enquanto esse trabalho se desenvolve.
Os objetivos do PAEFI são: 
▪ Fortalecer a família no desempenho de sua função protetiva; 
▪ Proporcionar o acesso das famílias e indivíduos aos direitos socioassistenciais e à rede de proteção; 
▪ Romper com padrões violadores de direitos; 
▪ Possibilitar novas formas de relações familiares, comunitárias e sociais; 
▪ Prevenir a reincidência de violações; 
▪ Potencializar recursos para a superação da situação vivenciada; 
▪ Empoderamento e autonomia da família; 
▪ Prevenção de agravamentos e da institucionalização; 
▪ Reparar ou minimizar os danos por vivências de violações e riscos sociais; 
▪ Fortalecimento de vínculos familiares. 
Adoção por casais hetero e homoafetivos
A adoção é um dos institutos do Direito que existem há mais tempo, visto que sua prática, ou seja, o acolhimento de crianças e/ou adolescentes como se fizessem parte da família biológica, é constatada em quase todas as sociedades, desde as mais antigas até as atuais.
No Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, especialmente do artigo 39 até o 52-D encontramos o texto sobre a adoção, mas outros artigos também se referem a esse tema. Alguns artigos do ECA: 
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei. 
§ 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa. 
O artigo seguinte complementa a informação anterior ao enfatizar que: 
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. 
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção. 
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. 
§ 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal. 
§ 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social para atendimento especializado. 
§ 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termosdo parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. 
§ 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir outro representante da família extensa apto a receber a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional.
Poder familiar é o conjunto de deveres e obrigações atribuídos pelo Estado aos pais, para que estes possam zelar bem do futuro dos seus filhos, proporcionando-lhe os elementos imprescindíveis para um desenvolvimento completo e saudável daqueles.
O art. 1.635 do Código Civil descreve as condições em que ocorre a extinção do poder familiar. Vejamos: 
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: 
I - pela morte dos pais ou do filho; 
II - pela emancipação; 
IV - pela adoção; 
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638 
Como foi citado que a extinção do poder familiar pode ocorrer por decisão judicial na forma do artigo 1.638 do Código Civil, citemo-lo também: 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
I - castigar imoderadamente o filho; 
II - deixar o filho em abandono; 
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; 
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção
A convivência familiar é um direito constitucional garantido às crianças e adolescentes. Todavia, o encaminhamento desses para uma família substituta pode ocorrer, mas sempre após uma determinação judicial. O último artigo apresentado, o art. 1.638 do Código Civil relaciona o presente tópico com o anterior, já que a perda do poder familiar pode ocorrer como consequência de violações dos direitos das crianças e adolescentes e, quando for o caso, após esgotadas as tentativas de que algum familiar da família extensa assuma a guarda, a adoção pode ocorrer.
Um outro aspecto que é importante salientar é a garantia aos filhos adotivos dos mesmos direitos que os demais filhos. 
No Brasil, desde 1988, com a Constituição Federal, extingue-se a distinção que havia entre filiação legítima e filiação adotiva, garantindo a todos os filhos os mesmos direitos e o mesmo tratamento legal. Conjuntamente com a Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Código Civil legitimam a filiação adotiva ao anular o registro de origem da criança, criando um novo registro de nascimento com os nomes dos pais adotivos, integrando, assim, legalmente a criança à nova família (FARIAS, 2007, p. 75-76). 
É importante acrescentarmos que o reconhecimento de uma paternidade não é intrínseca aos fatores biológicos somente, pois os pais são aqueles que constroem um cotidiano significativo e expressivo com a criança, estreitando laços que superam o nascimento biológico com o nascimento emocional. 
Alguns desafios referentes à adoção por casais homoafetivos.
[...] o modelo familiar ainda reconhecido e socialmente esperado é ainda restrito ao enquadre nuclear-monogâmico, que é organizado a partir da união entre casais heterossexuais (Rodriguez & Paiva, 2009). 
Essa ideologia de modelo familiar norteia, por exemplo, as práticas socioeducacionais e atua, na maioria das vezes, segregando as outras organizações familiares que divergem desse imaginário social. (TOMBOLATO, MAIA & SANTOS, 2019, p.2) 
Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo e dois anos depois, em maio de 2013, foi aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça a resolução que habilita a celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável em casamento para casais do mesmo sexo. 
No que concerne ao direito à adoção de crianças e adolescentes por esses pares, a legislação brasileira não possui uma norma jurídica que permita ou impeça, de forma explícita. “O fato de a certidão da criança ser emitida em nome de duas pessoas do mesmo sexo só se tornou uma realidade há pouco tempo. A jurisprudência foi criada em meados da década passada.
Considerando que o Direito evolui para atender aos anseios sociais a legislação possui uma lacuna já que o Brasil ainda não contém lei que regule a adoção de crianças por casais homoafetivos devido a uma resistência preconceituosa de uma parcela populacional.
Há uma desconfiança dos profissionais do Fórum em relação à coesão do casal e à capacidade de exercer o papel materno, quando se trata de um casal homoafetivo. O critério primordial para adoção é a capacidade da pessoa ou casal oferece condições (tanto financeiras como emocionais) que favoreçam o bem-estar da criança.
Condutas antissociais, delinquência e sistema socioeducativo
As medidas socioeducativas, elencadas no artigo 112 do ECA, incluem: 
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semiliberdade; 
VI - Internação em estabelecimento educacional.
Os objetivos dessas medidas são especificados na Lei 12.594 de 18 de janeiro de 2012 que institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE e regulamenta a execução das medidas socioeducativas. Citemo-los:
I - a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação; 
II - a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual de atendimento e 
III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos, observados os limites previstos em lei.
Em relação à quantidade de adolescentes que cumprem uma medida socioeducativa, alguns números podem nos ajudar a refletir um pouco. 
Em 2004, existiam 39.578 adolescentes no sistema socioeducativo. Este número corresponde a 0,2 % do total de adolescentes no Brasil, contrariando a associação que se faz entre adolescência e 18 criminalidade. Essa falsa associação, disseminada pela mídia, contribui para a imagem de ineficiência do sistema socioeducativo e para a defesa da redução da maioridade penal (OLIVEIRA, 2019, p. 17-18). 
Sistema socioeducativo - ações articuladas de várias esferas e políticas públicas, como saúde, educação, esporte, profissionalização, cultura, dentre outras. 
Liberdade Assistida - tem como objetivos acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente em seu processo de socialização, visando a promovê-lo socialmente, além de supervisionar a frequência e o aproveitamento escolares, ajudando-o em sua profissionalização e em sua inserção no mercado de trabalho. É uma medida que o adolescente cumpre em liberdade.
Atividades de fixação
1. Marque (V) para a alternativa verdadeira e (F) para a falsa, fazendo a correção das alternativas falsas: 
a) ( V ) O artigo 227 da Constituição Federal descreve como direitos fundamentais das crianças e adolescentes o direito: à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
b) ( V ) Ainda não há normativa legal acerca da adoção por um casal homoafetivo. As decisões são tomadas baseadas em decisões anteriores e no fato de também não haver um impedimento legal. 
c) ( F ) Exploração sexual de crianças e adolescentes é quando uma criança ou um adolescente é invadido em sua sexualidade e usado para a satisfação sexual de um adulto ou de um adolescente mais velho, configurando-se uma relação de poder e dominação. 
Correção da alternativa C. A definição que consta na alternativa refere-se ao abuso sexual, pois, a exploração sexual caracteriza-se pela utilização sexual de crianças e adolescentes, com fins comerciais e de obtenção de lucro, seja levando-os a manter relações sexuais com adultos ouadolescentes mais velhos, (troca de sexo por presentes ou favores), seja utilizado para a produção de materiais pornográficos.
2. O que é destituição ou extinção do poder familiar e quando ocorre? 
É quando os responsáveis são destituídos das responsabilidades em relação aos filhos. Pode ocorrer pela morte dos pais ou do filho, pela emancipação, pela adoção ou por decisão judicial devido a alguma situação de violação de direito e relevante risco vivenciado pela criança ou adolescente (exemplo: castigar imoderadamente o filho, deixá-lo em abandono, etc.) 
3. Quais são as medidas socioeducativas e quais seus objetivos? 
As medidas socioeducativas são: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade e internação em estabelecimento educacional. Seus objetivos: a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional; a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e sociais e a desaprovação da conduta infracional.

Continue navegando