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Ergonomia Aplicada ao 
Design de Interiores
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Angela Costa Diniz
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
História da Ergonomia
• Introdução;
• Definição de Ergonomia;
• História da Ergonomia;
• Setores e Aplicações;
• Custo-Benefício da Ergonomia.
• Conhecer a história da ergonomia e os seus principais conceitos;
• Entender os campos de atuação e aspectos econômicos relacionados às 
aplicações ergonômicas.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
História da Ergonomia
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE História da Ergonomia
Introdução
No transcorrer deste Material teórico, conheceremos e entenderemos a ergonomia.
Os estudos da ergonomia abrangem diversas áreas, tais como a Saúde, Enge-
nharia, as Tecnologias da Informação (TI), Arquitetura, de designers etc. A ergo-
nomia é aplicada praticamente no mundo todo. Isso porque a ergonomia engloba 
todos os temas que envolvem os fatores humanos e as suas necessidades. Então, 
onde o ser humano está, a ergonomia está também.
Nem sempre foi assim, no seu início a ergonomia estava presente em uma 
pequena “mancha” do globo terrestre – na Europa e nos Estados Unidos –, e era 
aplicada quase que exclusivamente no setor militar, quando o homem começou a 
utilizar máquinas com tecnologias recém-criadas. Hoje, a ergonomia inclui todos e 
está presente em todos os ambientes construídos, onde o ser humano estiver exe-
cutando algum tipo de tarefa.
A ergonomia se desenvolve cada vez mais, abrangendo mais setores de conheci-
mento, acompanhando as mudanças tecnológicas, tal como o advento da internet 
e a nossa maneira de lidar com o trabalho, com os equipamentos e ambientes onde 
exercemos as nossas tarefas de trabalho e do dia a dia.
Para aprimorar os seus conhecimentos, assista ao vídeo intitulado Ergonomics makes things 
effective – Ergonomia torna as coisas efetivas: https://youtu.be/oPxf7lHhfEIEx
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Definição de Ergonomia
O termo ergonomia é a junção de duas palavras de origem grega: ergon que 
significa trabalho, e nomos que significa leis, regras ou normas. Dessa forma, ergo-
nomia significaria normas para o trabalho. A ergonomia também é chamada de fa-
tores humanos – human factors –, e é o estudo da adaptação do trabalho ao ser 
humano (IIDA; BUARQUE, 2016, p. 2; MÁSCULO; VIDAL, 2011, p. 4; FALZON, 
2007 apud BOLIS, 2011, p. 13). 
A ergonomia estuda os diversos fatores que influem o desempenho do sistema 
produtivo e procura reduzir as consequências nocivas ao trabalhador.
Não somente estuda os aspectos do ambiente físico, como também os aspectos 
organizacionais. O estudo da ergonomia abrange amplamente as atividades envol-
vidas no trabalho:
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• Antes: o que ocorre antes do trabalho ser realizado? Isso necessita de projeto 
e planejamento;
• Durante o trabalho: o que ocorre durante a realização do trabalho? Para isso 
necessitamos de monitoramento, avaliação e correção;
• Depois: quais foram as consequências do trabalho realizado? Para isso, aná-
lises posteriores devem ser feitas, a fim de obter os resultados desejados do 
trabalho (IIDA; BUARQUE, 2016).
A ergonomia estuda as características das atividades realizadas pelo trabalhador, 
visando preservar a saúde, segurança, satisfação, eficiência e produtividade dos traba-
lhadores, sempre buscando o equilíbrio entre as suas necessidades e necessárias adap-
tações. A adaptação ocorre do trabalho para o ser humano, quer dizer, determinado 
trabalho deve ser adaptado de modo que possa ser realizado pela maior da população. 
Mas existem exceções. Algumas máquinas, equipamentos e softwares foram monta-
dos com alguns critérios para o seu melhor funcionamento, deixando o ser humano 
para ser “encaixado” posteriormente – são situações extremas, que exigem esforço 
e causam fadiga ao trabalhador. Igualmente, podemos citar alguns esportes compe-
titivos, que selecionam o atleta de acordo com a sua estatura e força, que devem ser 
adequados para aquele trabalho específico (IIDA; BUARQUE, 2016, p. 3).
A aplicação da ergonomia traz quantidade e qualidade na produção. Pensando-
-se em um produto e nos benefícios que traz para a pessoa envolvida, pode-se dizer 
que a aplicação da ergonomia resulta na ausência de várias doenças e de traumas 
(MÁSCULO; VIDAL, 2011).
A ergonomia pode existir em diversos setores de aplicação e possui metas, rela-
cionadas a esses setores, a serem alcançadas. A saber:
• Saúde e segurança: devem ser respeitadas, quando as exigências do trabalho 
e ambiente estiverem dentro da capacidade e limitação desse trabalhador, sem 
ultrapassar os limites fisiológicos e cognitivos, de modo a evitar situações de es-
tresse, fadiga, riscos de acidentes e doenças ocupacionais, a longo prazo (IIDA; 
BUARQUE, 2016). Por exemplo, atividades e operações em áreas insalubres 
devido aos ruídos contínuos ou intermitentes, ou mesmo aos ruídos de impacto;
• Eficiência e produtividade: são medidas que comparam o resultado obtido 
com os recursos empregados e o tempo que foi necessário para a sua produ-
ção. Para isso, é necessário um bom planejamento, organização do trabalho, 
da tecnologia e do conhecimento disponível dos trabalhadores, bem como a 
sua capacitação, de forma a proporcionar mais saúde, segurança e satisfação. 
Ao contrário do que se possa pensar, o aumento da produtividade pode re-
presentar prejuízos. Por exemplo, ao aumentar a velocidade de uma máquina, 
podem ocorrer acidentes e perdas pela qualidade inferior da produção. Dessa 
forma, o aumento da produtividade não é justificado pelo aumento dos lucros. 
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UNIDADE História da Ergonomia
Deve-se investir em tecnologia, organização do trabalho e treinamento dos 
trabalhadores, a fim de eliminar os fatores de risco (IIDA; BUARQUE, 2016);
• Minorias populacionais: já fazem algumas décadas que também se inclui as 
minorias específicas, tais como idosos, obesos, crianças e pessoas portadoras 
de deficiências (IIDA; BUARQUE, 2016).
No Brasil, a ergonomia nos ambientes de trabalho é exigida em lei, pela Conso-
lidação das Leis de Trabalho (CLT), da qual é prevista no Capítulo V, da Segurança 
e da medicina do trabalho. Esse capítulo tem como complementação a Norma 
Regulamentadora(NR) 17, que dispõe, em seu primeiro Parágrafo:
[...] estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de 
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a 
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. 
(BRASIL, 1990)
Dessa forma, a CLT garante a aplicação da ergonomia a fim de evitar doenças 
de características físicas e psicológicas causadas pelas tarefas no ambiente de tra-
balho, seja uma Lesão referente a Esforços Repetitivos (LER), trabalhos realizados 
em pé durante toda a jornada, levantamentos de cargas, monotonia, entre outros.
Conheça as NR de segurança e saúde no trabalho: https://bit.ly/2SAsHoC
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História da Ergonomia
Pode-se dizer, segundo a literatura, que a visão moderna da ergonomia teve 
as suas raízes durante a II Guerra Mundial (1939-1945), por uma equipe multidis-
ciplinar formada por engenheiros, fisiologistas e psicólogos, com a finalidade de 
aumentar a produção dos trabalhadores na indústria bélica e manipulação de má-
quinas como tanques de guerra, submarinos e até aviões-caça. Hoje, o estudo da 
ergonomia abrange várias áreas de conhecimento que influenciam na realização do 
trabalho pelo homem. Enquanto houver avanços tecnológicos no relacionamento 
entre homem e trabalho, haverá avanços também nos estudos de ergonomia e dos 
fatores humanos.
Para melhor entendimento do desenvolvimento da ergonomia desde o princípio 
até os dias atuais, apresentaremos a história da ergonomia em uma linha do tempo. 
Observe as mudanças, na relação entre o ser humano e o trabalho, ocorridas pelo 
contexto histórico e pelos avanços tecnológicos:
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• Pré-História: O homem escolhia pedras com formatos que se adaptavam me-
lhor à sua anatomia e as utilizavam como armas e ferramentas que facilitavam 
o seu dia a dia – tais como caçar, cortar, furar e esmagar (IIDA; BUARQUE, 
2016). A seguir temos uma pintura rupestre com a representação de um ho-
mem segurando instrumentos para caçar ao lado de um animal consideravel-
mente grande:
Figura 1
Fonte: Getty Images
• Era Artesanal: Produção não mecanizada, mas adaptada às necessidades 
humanas;
• Final do século XVIII: No início da Revolução Industrial, as fábricas eram 
sujas, escuras, ruidosas e perigosas. As jornadas de trabalho chegavam a 16 
horas diárias, sem férias e em regime de semiescravidão. Esse modelo de tra-
balho era imposto por empresários autoritários que aplicavam castigos corpo-
rais (IIDA; BUARQUE, 2016);
• Em meados do século XIX, mais especificamente em 1857 ocorreu a publica-
ção do artigo Ensaios de ergonomia, ou Ciência do trabalho, de Wojciech 
Jastrzebowki, baseado nas leis objetivas da Ciência sobre a natureza, sendo 
o termo ergonomia utilizado pela primeira vez (IIDA; BUARQUE, 2016; 
ABRAHÃO et al., 2009 apud BOLIS, 2011 p. 12);
• Final do século XIX: Na indústria, o ser humano era submetido às máquinas, 
sofrendo pelos esforços físicos e repetitivos, surgindo procedimentos, técnicas 
e equipamentos que permitiam medir o desgaste fisiológico de uma pessoa – 
tal como o cardiógrafo (MÁSCULO; VIDAL, 2011). Observe a Figura a seguir, 
de Charles Chaplin durante as filmagens do filme Tempos Modernos (1936), 
que denunciou as condições dos operários nas indústrias, e como a relação 
homem-máquina era realizada:
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UNIDADE História da Ergonomia
Figura 2
Fonte: snpcultura.org
• Início do século XX. A produção industrial aumentou, principalmente de ma-
teriais bélicos, havendo estudos que se preocupavam com a saúde das pessoas 
que trabalhavam na indústria, com a finalidade de aumentar essa produção 
(IIDA; BUARQUE, 2016; MÁSCULO; VIDAL, 2011). Segundo Lida e Buarque 
(2016), no século XX, especialmente nos Estados Unidos, surgiu o movimen-
to da Administração Científica, conhecido como taylorismo, assim como do 
Laboratório de Fadiga, da Universidade de Harvard, que estudava a fadiga 
muscular e as aptidões físicas. Em Estocolmo, Suécia, e Copenhagen, Dina-
marca, foram criados laboratórios para estudar o treinamento e a coordenação 
muscular em aptidões físicas. Fazendo-se uma sequência cronológica do século 
XX, de 1900 a 1940, segundo esses autores, apresenta-se em:
 » 1900, as condições do trabalho eram árduas devido às explorações em minas de 
carvão, fundições etc. Em consequência, pesquisas sobre a fisiologia do trabalho 
surgiram em nações europeias, tais como Alemanha, França e países escandinavos;
Trabalhadores siderúrgicos vitorianos usando o martelo a vapor: http://bit.ly/39C8feP
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 » 1913, Max Ruber criou o Instituto Rei Guilherme, centro dedicado aos estu-
dos de fisiologia do trabalho – desenvolvendo métodos e instrumentos para 
medir os “gastos energéticos” no trabalho;
 » 1914, iniciou-se a Primeira Grande Guerra (1914-1917);
 » 1915, a Comissão de Saúde dos Trabalhadores na Indústria de Munições – 
na Inglaterra – contratou psicólogos e fisiologistas para estudar as possibili-
dades de aumentar a produção de armamentos;
 » 1929, o grupo se transformou no Instituto de Pesquisa da Fadiga Indus-
trial, e incluiu em suas pesquisas a postura do trabalho, carga manual, sele-
ção, treinamento, iluminação, ventilação e outras;
 » 1939, iniciou-se a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Conhecimentos 
tecnológicos e científicos serviram para produzir instrumentos bélicos, tais 
como submarinos, tanques, radares, sistemas contra incêndios e aeronaves – 
exigindo consideráveis habilidades de seus operadores;
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Interior de um submarino, disponível em: http://bit.ly/2QJ9jEN
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» 1940, surgiram os primeiros cursos sobre human factor, nas universidades 
de Ohio e de Illinois, Estados Unidos.
No pós-Guerra ocorreu a aplicação da tecnologia desenvolvida na vida civil a 
fim de melhorar as condições de trabalho e produtividade dos trabalhadores e da 
população em geral, de modo que em:
• 12 de julho de 1949, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores for-
malizaram a existência do ramo de aplicação interdisciplinar da Ciência, para ou-
tros fins, além dos militares, em uma visão moderna da ergonomia (ABRAHÃO 
et al., 2009 apud BOLIS, 2011, p. 12);
• 16 de fevereiro de 1950, adotou-se o neologismo ergonomics – junção das 
palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras naturais);
• 1950, surgiram estudos sobre ergonomia, os quais focados no binômio máqui-
na-humano, ou seja, uma ergonomia física voltada a melhorar a visão dos mos-
tradores e botões e em reduzir a carga física do trabalho e fatores de sobrecarga 
fisiológica, tais como temperatura ambiental e ruídos. Os especialistas corri-
giam, ao invés de participarem da criação do produto (IIDA; BUARQUE, 2016).
Segundo Lida e Buarque (2016), citando a Ergonomics Research Society (ERS), 
na Inglaterra, explicam que ergonomia é uma disciplina que relaciona a pessoa 
humana ao seu trabalho, ao uso de seu instrumento de trabalho ao ambiente, 
utilizando-se da Anatomia, Fisiologia e Psicologia, buscando solucionar problemas 
que aparecem nessa relação.
O termo ergonomia é empregado pelos principais países europeus, substituindo 
denominações antigas, tais como fisiologia do trabalho e psicologia do trabalho.
Outros dados históricos relacionados à ergonomia são importantes e devem ser 
destacados, vejamos:
• 1952, é criada a Agência de Produtividade Europeia;
• 1953, é criada a Sociedade para Ciências de Arberts, na Alemanha;
• 1957, a Human Factor Society é fundada nos Estados Unidos e ocorre a pri-
meira publicação periódica sobre ergonomia, a Ergonomics, na Inglaterra;
• 1958, dá-se o surgimento do primeiro circuito eletrônico – Texas Instruments. 
A Alemanha cria a terceira Associação Científica de Ergonomia, seguida por 
dezenas de novas associações criadas pelo mundo. Surge, também, a publica-
ção do periódico Human Factors, nos Estados Unidos; 
• 1959, é realizada a Declaração dos Direitos das Crianças, pela Organização 
das Nações Unidas (ONU) (IIDA; BUARQUE, 2016);
• 1961, aconteceu o Congresso Internacional de Ergonomiapela Associação 
Internacional de Ergonomia (IEA), em Estocolmo, Suécia;
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UNIDADE História da Ergonomia
• 1966, houve a criação do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas 
(IIDA; BUARQUE, 2016);
• 1970, houve um marco nos estudos de ergonomia, pois incluíram aspectos do 
meio ambiente, tais como iluminação, temperatura e ruído – surgindo a ergo-
nomia de sistemas físicos. Igualmente foram inseridas análises mais amplas, 
tais como as funções do sistema a ser desenvolvido (IIDA; BUARQUE, 2016).
Na década de 1970 tivemos ainda fatos históricos que interferiram na ergono-
mia, tais como a crise do petróleo e o primeiro microcomputador, denominado 
Altair (IIDA; BUARQUE, 2016).
No Brasil, a ergonomia começou na universidade, especificamente na Engenha-
ria de Produção, no design e na Psicologia; depois foi para as empresas (MÁSCU-
LO; VIDAL, 2011). 
Segundo Lida e Buarque (2016), em 1974 ocorreu o I Seminário Brasileiro de 
Ergonomia, com participações de diversos pesquisadores nacionais.
Em 1977, no Brasil, a Lei n.º 6.514 alterou o Capítulo V da Consolidação das 
Leis do Trabalho (CLT), estabelecendo mudanças quanto à segurança e medicina 
do trabalho, definindo e obrigando as empresas a adotarem medidas de proteção 
individual, com o fornecimento gratuito de Equipamentos de Proteção Individual 
(EPI), os quais deveriam possuir o Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo Mi-
nistério do Trabalho e Emprego (MTE) (BRASIL, 1977).
Nos anos seguintes à sanção da 
Lei n.º 6.514/77, muitas mudanças 
favoreceram o trabalhador e foram 
desenvolvidos estudos sobre a ergo-
nomia. Por exemplo, em 1978 foi 
instituída a NR 17 – Ergonomia 
– pelo MTE, regulamentada pela 
Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 
1978, que aprovava as NR do Ca-
pítulo V, Título II, da CLT, relativas 
à segurança e medicina do trabalho 
(BRASIL, 1978).
Em 1980 ocorreu a introdução 
de postos de trabalhos informatiza-
dos e máquinas programáveis em 
todos os setores das atividades hu-
manas. A ergonomia, portanto, in-
cluiu em seus estudos aspectos cog-
nitivos: percepção, processamentos 
de informações, tomada de decisõ- 
es. Foram estabelecidas mudanças 
na maneira de trabalhar em todas 
Figura 3 – Lançamento do computador pessoal Apple II
Fonte: creativecommons.org
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as áreas – por exemplo, como o médico passa a utilizar o cateter e os trabalhadores 
rurais passam a usar máquinas informatizadas de colheita (IIDA; BUARQUE, 2016).
C onheça os principais pontos da legislação sobre EPI em: http://bit.ly/2OQyqWe
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No mundo, a internet ajudou no avanço da ergonomia, pois as informações 
passaram a estar on-line, facilitando a propagação do conhecimento.
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas definiu, em 1981, a 
data como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes, cujo lema Igualdade 
e Participação Plena traduz o reconhecimento do direito de oportunidades iguais 
para qualquer ser humano, reconhecidas as suas diferenças individuais.
Leia o relatório brasileiro do ano internacional das pessoas deficientes: http://bit.ly/2UOX11C
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Em 1983, no Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo) foi fundada 
no Rio de Janeiro; enquanto que em 1985 a expressão Universal Design – desenho 
universal – foi usada pela primeira vez nos Estados Unidos, pelo arquiteto Ron Mace. 
O desenho universal aplicado a um projeto consiste na criação de ambientes e produ-
tos que possam ser usados por todas as pessoas, em sua máxima extensão possível.
Veja a cartilha manual de desenho universal: http://bit.ly/2OQZu7Y
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Em 1990 surgiu a macroergonomia, de modo que a ergonomia passou a ser um 
aspecto organizacional nas empresas integradas ao seu sistema produtivo (IIDA; 
BUARQUE, 2016). No Brasil, o MTE atualizou a NR 17 em 23 de novembro de 
1990 (Portaria n.º 3.751).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) incorporou conhecimentos 
de ergonomia, a fim de ser adotado pelo sistema produtivo.
A Universidade da Carolina do Norte define os 7 princípios para o desenho 
universal, vejamos:
1. Uso equitativo; 
2. Uso fl exível; 
3. Uso simples e intuitivo; 
4. Informação de fácil percepção; 
5. Tolerância ao erro – segurança; 
6. Esforço físico mínimo; 
7. Dimensionamento de espaço para acesso e uso abrangente.
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UNIDADE História da Ergonomia
Em 1992, nos Estados Unidos, a Human Factor Society mudou o seu nome 
para Human Factor and Ergonomics Society.
Em 2000, a Abergo foi aprovada pela Internacional Ergonomics Association (IEA).
Ergonomia (ou Fatores Humanos) é a disciplina científica que estuda inte-
rações entre os seres humanos e outros elementos do sistema do trabalho, 
aplicando os princípios teóricos, dados e métodos, a fim de realizar projetos 
para otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral desse sistema.
Fonte: <http://bit.ly/3bz5Iml>
Segundo Lida e Buarque (2016), em 2009 ocorreu a mudança do nome da Er-
gonomics Research Society (ERS) para Institute of Ergonomics e Human Factors 
(IEHF). Surgiu o primeiro curso de Mestrado Profissional em Ergonomia, pelo Cen-
tro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A ergonomia, atualmente, auxilia o ser humano a monitorar diversas atividades, 
tais como serviços, saúde, educação, transporte, atividades domésticas, lazer etc. 
Além de trabalhar com aspectos cognitivos – percepção, processamento de infor-
mações e tomadas de decisão. Para tanto, são utilizados sistemas informatizados e 
meios de comunicação rápidos como a internet.
Os estudos de ergonomia continuam a ser desenvolvidos em instituições de pes-
quisa e ensino em praticamente todos os países do mundo. Os estudos de ergono-
mia sempre estarão em evolução, acompanhando o desenvolvimento das tecnolo-
gias e dos conhecimentos que tangem o ser humano. Os resultados desses estudos 
de ergonomia são divulgados em artigos e apresentados em eventos e congressos 
científicos nacionais e internacionais. Depois disso, os estudos são difundidos para 
o Ensino Universitário e para a mídia em geral. Com o tempo, os novos conheci-
mentos sobre ergonomia acabam sendo aplicados nos setores produtivos, passando 
a produzir resultados sociais e econômicos significativos (IIDA; BUARQUE, 2016).
Atualmente, os estudos de ergonomia são regidos pela denominada macroergo-
nomia, ou ergonomia organizacional, que estuda a aplicação das novas tecnolo-
gias de informática e de comunicação ao sistema de trabalho humano-máquina-am-
biente. Por exemplo, em uma empresa multinacional, como a internet possibilitou 
o gerenciamento de milhares de operadores no mundo inteiro? Ou ainda, como o 
uso de robôs no sistema produtivo se relaciona com o ser humano? Na Figura a 
seguir, veremos o conceito de uma indústria de automação, onde os próprios robôs 
comandam a linha de produção (IIDA; BUARQUE, 2016):
Essas relações interferem no nível de emprego, na qualificação dos trabalhado-
res, na organização da produção, realização de investimentos e competitividade da 
empresa. Para isso, as condições socioculturais e tecnológicas devem ser destaca-
das, buscando um equilíbrio entre desempenho do sistema produtivo e do bem-es-
tar dos trabalhadores. A macroergonomia direciona a abordagem com visão geral 
da gerência – e não apenas ao posto de trabalho isolado (IIDA; BUARQUE, 2016).
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Figura 4
Fonte: Getty Images
Como vimos, os estudos em ergonomia acompanharam os avanços tecnológi-
cos, a política humanitária e os mais importantes acontecimentos no mundo. Tais 
estudos influíram diretamente na vida do trabalhador. Os estudos de ergonomia 
abrangeram diversas áreas a fim de melhorar as condições nos postos de trabalho 
e a produtividade do trabalhador. A linha do tempo serve para refletir como as inte-
rações entre homem e trabalho mudaram ao longo das últimas décadas e a grande 
evolução foi certamente a informatização dos postos de trabalho, o modo de gerir 
a empresa e sua organização, e a internet que difunde a informação de forma veloze abrangente (IIDA; BUARQUE, 2016).
Setores e Aplicações
O profissional em ergonomia é chamado de ergonomista, e a cada ano au-
menta a quantidade desses profissionais que trabalham nas empresas. Os ergono-
mistas fazem análises e avaliações de tarefas, trabalhos, produtos, organizações e 
ambientes; tudo isso de forma global, incluindo aspectos físicos, cognitivos, sociais, 
organizacionais, ambientais, entre outros. As suas pesquisas e recomendações têm 
contribuído para reduzir os erros e acidentes, além de reduzir o esforço, estresse e 
as doenças ocupacionais (IIDA; BUARQUE, 2016).
Figura 5 – Segurança em primeiro lugar
Fonte: Getty Images
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UNIDADE História da Ergonomia
Segundo Lida e Buarque (2016), para a IEA existem 3 domínios de especializa-
ção que representam competências em atributos humanos específicos:
Ergonomia física – relacionados à atividade física:
• Anatomia humana;
• Antropometria;
• Fisiologia e biomecânica.
Principais tópicos:
 » Postura no trabalho;
 » Manuseio de materiais;
 » Movimentos repetitivos;
 » Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho;
 » Projeto de posto de trabalho;
 » Projeto de ambiente físico de trabalho;
 » Segurança e saúde do trabalhador.
Figura 6
Fonte: Getty Images
Ergonomia cognitiva – interações entre pessoas, ambiente e outros ele-
mentos de um sistema de trabalho:
• Percepção;
• Memória;
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• Raciocínio;
• Respostas aos estímulos.
Principais tópicos:
» Interação humano-máquina;
» Percepção de sinais;
» Memória;
» Carga mental;
» Tomadas de decisões;
» Alarmes;
» Erros;
» Estresse;
» Treinamento.
Figura 7
Fonte: Getty Images
Ergonomia organizacional – estruturas organizacionais, políticas e proces-
sos de gestão: otimização dos sistemas sociotécnicos.
Principais tópicos:
• Comunicações;
• Projeto de trabalho;
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UNIDADE História da Ergonomia
• Programação do trabalho em grupo;
• Projeto participativo;
• Trabalho cooperativo;
• Trabalho noturno e em turnos;
• Cultura organizacional;
• Organizações em rede;
• Teletrabalho e gestão de qualidade.
Figura 8
Fonte: Getty Images
Dessa forma, a ergonomia estuda tanto as condições prévias como as conse-
quências do trabalho, ou seja, procura respostas à seguinte pergunta: quais são 
as interações que ocorrem entre ser humano, máquina e ambiente de trabalho? 
O ideal é que a ergonomia seja aplicada desde as etapas iniciais do projeto de uma 
máquina, local de trabalho, ambiente ou sistema. Os fatores organizacionais foram 
incluídos no estudo da ergonomia, pois muitas decisões que afetam o trabalho são 
tomadas por gestores (IIDA; BUARQUE, 2016).
No Brasil não há um curso de formação de ergonomistas, salvo especializações 
em cursos de Pós-Graduação. Dessa forma, os ergonomistas são representados por 
médicos, psicólogos, fisioterapeutas, designers, engenheiros, arquitetos e outros. 
E nas empresas, esses profissionais exercem funções, tais como: médico do traba-
lho, engenheiros de projeto, engenheiros de produção, engenheiros de segurança 
e manutenção, designers, analistas do trabalho, psicólogos, enfermeiros e fisiote-
rapeutas. Além disso, existem profissionais com envolvimento indireto, como ge-
rentes, administradores, programadores de produção e compradores – lembrando 
que a situação ideal é que todos esses profissionais trabalhem cooperativamente, 
buscando a solução integral dos problemas (IIDA; BUARQUE, 2016).
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Para resultados mais significativos, o Comitê do Futuro da Ergonomia da IEA 
elaborou relatório propondo estratégias para pesquisa e difusão da ergonomia, 
como apoio às pesquisas em universidades e centros de pesquisas, para investi-
mentos na geração de novos conhecimentos, direcionados para temas dominantes, 
trazendo treinamento de especialistas na implementação das soluções; seleção de 
problemas importantes, priorizando problemas básicos e de grandes impactos para 
serem resolvidos; concentração em problemas reais para beneficiar a economia e 
comunidade local; elaborar soluções palpáveis nos aspectos técnicos, econômicos, 
sociais e ambientais, não apenas se restringindo a análises e diagnósticos; comuni-
car, instruir e fazer parcerias com empresas e governos, atingir pessoas-chave que 
tenham o poder de decisão e responsabilidade para apresentação dos resultados 
(IIDA; BUARQUE, 2016, p. 17).
Figura 9
Fonte: Getty Images
Assim, o relatório destacou as áreas de tecnologia da informação e comunica-
ção, a mudança global dos sistemas de trabalho, a diversidade cultural, o envelhe-
cimento populacional e inclusão social, sustentabilidade e responsabilidade social e 
corporativa (IIDA; BUARQUE, 2016).
A aplicação da ergonomia nas empresas pode variar, e pode contar com a 
participação de escalões administrativos e de profissionais. Ao contar com a co-
ordenação de um especialista em ergonomia, a empresa terá um responsável pela 
convocação a tempo e objetiva a determinados profissionais. Poderá realizar reuni-
ões periódicas para discutir conceitos em resultados e mantê-los informados sobre 
a evolução do trabalho. Assim, a equipe será mais colaborativa quando acontecer 
algum problema.
21
UNIDADE História da Ergonomia
“As aplicações da ergonomia classificam-se em: concepção, correção, conscien-
tização e participação” (WINSNER apud IIDA; BUARQUE, 2016, p. 17).
• Ergonomia da concepção: ocorre logo no início, no desenvolvimento do pro-
jeto do produto, da máquina, do ambiente ou sistema. Etapa que exige mais 
conhecimento e experiência, pois as decisões são tomadas em situações hipo-
téticas, com referências a situações semelhantes, e pode contar com modelos 
volumétricos de madeira e papelão, inclusive com softwares que modelam 
virtualmente o objeto ou ambiente;
• Ergonomia de correção: resolução de problemas em situações reais. Os pro-
blemas que podem ser relativos à segurança, fadiga excessiva, a doenças do 
trabalhador ou à quantidade e qualidade da produção; por exemplo, ao invés 
de substituir máquinas ou equipamentos, propõe-se a correção de posturas, 
instalação de dispositivos de segurança e melhoria na iluminação; outro exem-
plo seria a redução da carga mental ou de ruídos; ou mesmo o chamado recall 
de produtos defeituosos;
• Ergonomia de conscientização: capacitação dos próprios trabalhadores, rea-
lizada em cursos de treinamento, para identificação e correção dos problemas 
do dia a dia, ou aqueles emergenciais que surgem no ambiente de trabalho. 
Pode ser aplicada pela empresa ou pelos sindicatos. Mesmo contando com a 
ergonomia de concepção e correção, novos problemas poderão surgir durante 
o processo produtivo. Por exemplo, desgaste de máquinas e equipamentos, 
modificações trazidas pelo serviço de manutenção, alteração de produtos e 
programação da produção, introdução de novos equipamentos, substituição 
de trabalhadores etc.;
• Ergonomia de participação: envolvimento do próprio usuário do sistema na 
solução de problemas ergonômicos. Produz conhecimentos para as etapas de 
ergonomia da concepção e de correção. A participação pode ser relativa ao 
operador em seu posto de trabalho, ou ao cliente final, que manipula o produto 
sem seguir manual de instruções – principalmente quando manipulados por 
idosos, crianças, pessoas com deficiências ou analfabetas (WINSNER apud 
IIDA; BUARQUE, 2016, p. 19).
Aqui, devemos considerar a complexidade da ergonomia, pois a adaptação do 
trabalho ao ser humano pode não ocorrer na primeira tentativa; por isso, temos 
tantos conhecimentos, princípios gerais, medidas básicas das capacidades do ser 
humano e técnicas para serem aplicadas no projeto e funcionamento das máqui-
nas, dos sistemas e ambientes de trabalho (IIDA; BUARQUE, 2016).
No início, a ergonomia foi restrita à indústria, ao setores militares e aeronaves. 
Atualmente, é aplicada na agricultura, no setor de serviços e na vida diária do ci-
dadão. Além da necessidade de incluir o trabalho de mulheres, de idosos e pessoas 
portadoras de deficiência (IIDA; BUARQUE, 2016) – taismudanças são motivos 
para continuar a produzir novos e específicos conhecimentos.
Na indústria, a ergonomia trabalha tanto no sistema humano-máquina-ambiente, 
quanto com os aspectos organizacionais do trabalho. Para melhorar o ambiente 
22
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de trabalho é necessário analisar as condições de temperaturas, ruídos, vibrações, 
gases tóxicos e iluminação. Por exemplo, existem normas técnicas que definem 
a intensidade da iluminação pela precisão do seu trabalho como, por exemplo, a 
Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) ISO/CIE 8995:2013, de iluminação 
de ambientes de trabalho, que distingue a forma de iluminar os ambientes conforme 
a atividade desenvolvida (IIDA; BUARQUE, 2016). Contudo, os casos devem ser 
estudados individualmente.
Dentro do exemplo de iluminação do posto de trabalho, o problema da baixa 
iluminação pode, por exemplo, causar fadigas ao operador, portanto, não basta 
apenas aumentar o número de lâmpadas, pois se estiverem mal distribuídas podem 
ofuscar o campo visual em que se exerce o trabalho (IIDA; BUARQUE, 2016).
Saiba mais sobre a NBR/ISO 8995 de iluminação em ambientes de trabalho neste material: 
http://bit.ly/2SnpLwtEx
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or
A ergonomia na agricultura, mineração e construção civil ainda não é aplicada 
de forma desejável, devido à dispersão dessas atividades. Isso também acarreta 
a pouca organização entre os trabalhadores rurais, mineradores e operários da 
construção civil – não reivindicam melhorias nas condições de trabalho, sem con-
tar o setor pesqueiro, que possui menor relevância em relação aos outros setores. 
Empresas que fornecem tratores e máquinas para colheita, lidam com a questão 
de acidentes provocados devido à condição do tratorista, por exemplo. Além de 
outras atividades, tais como colheita, transporte e armazenamento. E ainda, efeitos 
danosos dos agrotóxicos. Na mineração, enfrenta-se a contaminação do mercúrio 
empregado nos garimpos (IIDA; BUARQUE, 2016).
A construção civil contrata trabalhadores de baixa qualificação e remuneração. 
Envolve tarefas árduas e perigosas. As grandes construtoras têm um bom nível de 
organização, mas as pequenas empresas – que pode representar a maior parte das 
construções de nosso país – não apresentam um bom nível de organização, devido 
à informalização (IIDA; BUARQUE, 2016).
Esses setores ainda utilizam equipamentos rudimentares, de modo que a ergono-
mia e tecnologia significariam importantes aperfeiçoamentos das técnicas – muitas 
máquinas e inúmeros equipamentos foram aperfeiçoados com a introdução da infor-
mática, motivados pelas novas pesquisas em ergonomia (IIDA; BUARQUE, 2016).
Outro setor que se aplica à ergonomia é o de serviços. As suas atividades de 
saúde, educação, escritórios, bancos, segurança, manutenção, lazer etc., crescem 
acompanhando a urbanização das cidades e a modernização da sociedade. Muitos 
dos novos serviços foram gerados pelos avanços tecnológicos com os microcompu-
tadores e com os aparelhos celulares. Há muitos pesquisadores de ergonomia na 
área de TI. Por sua vez, os hospitais modernos possuem equipamentos sofisticados 
ao monitoramento individual dos pacientes, que também estimulam pesquisas na 
23
UNIDADE História da Ergonomia
área de ergonomia. Universidades, bancos, centrais de abastecimento, comércio 
e outros serviços crescem e oferecem mais campos de estudos para o desenvolvi-
mento da ergonomia (IIDA; BUARQUE, 2016).
Na vida diária, a ergonomia serve para deixar os eletrodomésticos mais efi-
cientes e seguros, os transportes mais cômodos e seguros etc. A ergonomia em 
uma área de testes de produtos de consumo, serviços que estão ligados ao código 
de defesa do consumidor e que divulgam os resultados desses testes à população. 
Vale lembrar que muitos produtos são homologados a fim de garantir segurança 
ao consumidor – são os casos de fármacos, componentes aeronáuticos e até de 
brinquedos (IIDA; BUARQUE, 2016). Um grande exemplo que temos no País é o 
selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que é 
o órgão normativo do sistema nacional de metrologia, normalização e qualidade 
industrial. Na prática, o selo do Inmetro informa e assegura a conformidade dos 
produtos adquiridos e serviços contratados pelo cliente.
É importante lembrar que a aplicação da ergonomia não é restrita à indústria, 
devendo ser utilizada também no dia a dia das pessoas, seja nas residências, calça-
das, em locais públicos, inclusive para ajudar no acesso de pessoas idosas, crianças, 
pessoas com deficiência etc. (IIDA; BUARQUE, 2016). Por exemplo, a NBR 9050, 
criada no ano de 2004 – e atualizada no ano de 2015 – em consonância à Lei da 
acessibilidade de 2000, serve para garantir que os ambientes, as circulações, os aces-
sos, as sinalizações e os equipamentos das construções sejam instalados de modo que 
todas as pessoas usufruam do local de forma autônoma, independentemente se estes 
usuários são portadores de alguma deficiência – visual, auditiva, motora etc. Nem 
todas as normas são leis, mas a NBR 9050, sim – por isso o seu acesso é gratuito.
Figura 10 – Exemplo do desenho de uma calçada
Fonte: NBR 9050 (2015, p. 14)
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Acesse a NBR 9050:2015 em: http://bit.ly/2SlZjUb
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A participação das minorias populacionais faz parte das aplicações definidas da 
ergonomia – a inclusão de idosos nos estudos de ergonomia é justificada ao obser-
var o envelhecimento da população na maioria dos países, muitos desses idosos são 
pessoas produtivas; igualmente, a inclusão de pessoas com deficiência, permitindo 
que sejam produtivas de acordo com as suas possibilidades, e que façam parte da 
sociedade (IIDA; BUARQUE, 2016).
Custo-Benefício da Ergonomia
A ergonomia pode dar diversas contribuições para a melhoria das condições de 
trabalho, mas, segundo Hal Hendrick: “Boa ergonomia é boa economia”. O então 
presidente da Human Factors and Ergonomics Society chamava a atenção para 
que fossem avaliados os custos e benefícios das aplicações da ergonomia.
Em princípio, um projeto só é considerado economicamente viável se a razão 
custo-benefício, expressa em termos monetários, for menor que 1, ou seja, se os 
custos forem inferiores aos respectivos benefícios. Os benefícios geralmente apare-
cem depois dos custos, e muitas empresas querem o retorno em cinco anos. A apli-
cação da ergonomia vem apresentando bons resultados nas empresas – uma ação 
de conscientização dos trabalhadores significou 10% de aumento na produção, ou 
ainda, em uma empresa alimentícia, a aplicação da ergonomia aumentou 25% em 
manutenção e 36% na produtividade, sendo maior no item onde a empresa prefere 
investir – o da produtividade (IIDA; BUARQUE, 2016).
Os fatores de risco existem e isso faz parte de qualquer investimento. Na ergo-
nomia, os riscos se traduzem em situações relativas a avanços tecnológicos; um 
exemplo seria o investimento de novos postos de trabalho com previsão de retorno 
a longo prazo, porém, os avanços tecnológicos da informática são velozes, e a ne-
cessidade de modernizá-los, novamente, pode vir antes do tempo previsto.
Existem fatores que são intangíveis, pois são qualitativos e complexos para se ter 
valores monetários exatos. Por exemplo, as ações tomadas pelos gestores serviriam 
para melhorar o moral, motivar e aumentar a comunicação dos trabalhadores, tra-
zendo satisfação, socialização e fidelização à empresa; isso poderia ser alcançado 
por meio de salas de descanso para os funcionários. Porém, essa solução ocuparia 
uma área da empresa que poderia significar maiores gastos em aluguéis do andar 
ou da sala onde a organização está localizada. Embora sejam mais difíceis de men-
surar e produzam efeitos a médio e longo prazos, esses fatores intangíveis podem 
até ser mais importantes que aqueles quantificáveis, pois afetam a produtividade.
25
UNIDADE História da Ergonomia
Figura 11
Fonte: Getty Images
A ergonomia contribui para melhorar a eficiência, confiabilidade e qualidade 
das operações industriais; isso pode ser feitobasicamente por três vias: aperfeiço-
amento do sistema homem-máquina-ambiente, melhoria das condições de trabalho 
e organização do trabalho.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
ERGONOMICS School
http://bit.ly/2HjEORR
 Leitura
Norma Reguladora (NR) 17: ergonomia
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Reguladora (NR) 17: ergonomia. 
Brasília, DF, 1978.
http://bit.ly/2SnPTY7
Ergonomia na vida do homem
VOLPI, S. Ergonomia na vida do homem. [20--].
http://bit.ly/2SqD7Z3
A importância da ergonomia no ambiente de Trabalho (NR-17)
ZAFALÃO, E. A importância da ergonomia no ambiente de Trabalho (NR-17). [20--].
http://bit.ly/2SHZTdN
27
UNIDADE História da Ergonomia
Referências
ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia da prática à teoria. São Paulo: 
Blücher, 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia. [20--]. Dis-
ponível em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. 
Acesso em: 10 jul. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma técnica. Catá-
logo eletrônico. [20--]. Disponível em: <https://www.abntcatalogo.com.br/norma.
aspx?ID=344730>. Acesso em: 10 jul. 2019. 
BOLIS, I. Contribuição da ergonomia para a melhoria do trabalho e para o 
processo de emancipação dos sujeitos. 2011. Dissertação (Mestrado em Enge-
nharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Secretaria de Inspeção do Tra-
balho. Normas reguladoras de segurança e saúde no trabalho. Brasília, DF, 
[20--]. Disponível em: <https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-
-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>. 
Acesso em: 20 jul. 2019.
________.; UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. NBR/
ISO 8995 – iluminação em ambientes de trabalho. [20--]. Disponível em: <http://
paginapessoal.utfpr.edu.br/vilmair/instalacoes-prediais-1/normas-e-tabelas-de-di-
mensionamento/NBRISO_CIE8995-1.pdf/view>. Acesso em: 10 jul. 2019. 
FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Blücher, 2007.
IIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo: Blücher, 2016.
LEGISLAÇÃO sobre equipamentos de proteção individual. [20--]. Dispo- 
nível em: <http://www.equipamentodeprotecaoindividual.com/pdf/legislacao_ 
sobre_equipamentos_de_protecao_individual.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2019.
MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C. (Org.). Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. 
Rio de Janeiro: Elsevier, Adepro, 2011.
SÃO PAULO (Estado). Desenho universal: habitação de interesse social. [20--]. 
Disponível em: <http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/manual-
-desenho-universal.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2019.
SHARPLES, S. Ergonomics makes things effective. The Chartered Institute of 
Ergonomics & Human Factors. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=oPxf7lHhfEIv>. Acesso em: 20 jul. 2019.
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Ergonomia Aplicada ao 
Design de Interiores
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Angela Costa Diniz
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
O Organismo Humano
• Introdução;
• O Organismo como Sistema;
• Visão;
• Audição;
• Outros Sentidos;
• Função Neuromuscular;
• Coluna Vertebral;
• Metabolismo.
• Conhecer as características humanas sensoriais, osteomusculares necessárias ao dimen-
sionamento da área de trabalho.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Organismo Humano
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Organismo Humano
Introdução
Conheça os benefícios da boa postura no vídeo disponível em: http://bit.ly/2Uxelrz
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O Organismo como Sistema
O conhecimento básico do organismo humano serve para compreender 
melhor as necessidades do projeto e dimensionamento do trabalho humano. 
Esse projeto deve considerar as principais habilidades e capacidades humanas. 
É certo que utilizamos padrões definidos, mas existem variações para cada in-
divíduo: as medidas corporais, as forças, suas resistências, as capacidades per-
ceptivas e de processamento de informações etc. Esses padrões devem respeitar 
certos limites (IIDA; BUARQUE, 2016).
O funcionamento do organismo pode ser comparado com o funcionamento 
de uma máquina. Os órgãos seriam partes da “máquina”, e todas as partes de-
penderiam umas das outras. Com essa visão, podemos considerar o organismo 
humano como um sistema composto por subsistemas, desses consideraremos 
o subsistema sensorial, o sistema osteomuscular e o sistema nervoso central. 
Todas essas partes são alimentadas de oxigênio e de nutrientes, por meio dos 
sistemas auxiliares compostos por glândulas, pulmões, coração e circulação 
(IIDA; BUARQUE, 2016).
O subsistema sensorial é a parte que capta estímulos do meio ambiente em for-
ma de energias, percebidas pelo indivíduo por meio de olhos, ouvidos, receptores 
cutâneos, paladar e olfato, que captam e interpretam os sinais luminosos, sono-
ros, as vibrações, temperaturas, os odores, entre outros, podendo-se perceber o 
ambiente como uma substância química nesse inserido (IIDA; BUARQUE, 2016; 
GUYTON; HALL, 2008).
Os 5 sentidos
Audição Olfato Tato Visão Paladar
Figura 1
Fonte: Adaptado de Getty Images
O sistema osteomuscular executa os movimentos e é composto pelos ossos, pelas arti-
culações, pelos músculos e tendões (IIDA; BUARQUE, 2016; GUYTON; HALL, 2008).
8
9
Músculo quadríceps
Tendão do quadríceps
Fêmur
Patela
Cartilagem
Menisco
Ligamento
Tíbia
Ligamento patelar
Figura 2 – Sistema osteomuscular do joelho que 
mostra os ligamentos, tendões e músculo
Fonte: Adaptado de Getty Images
O sistema nervoso central é constituído por células nervosas ou neurônios, 
representado pelo cérebro, cerebelo, tronco cerebral, medula espinhal, nervos 
periféricos, entre outros componentes, que são caracterizados pela excitabilida-
de – sensibilidade a estímulos – e condutibilidade – condução de sinais elétricos 
(IIDA; BUARQUE, 2016; GUYTON; HALL, 2008).
Figura 3 – Sistema nervoso
Fonte: Getty Images
9
UNIDADE O Organismo Humano
Desse jeito, os estímulos são captados pelos subsistemas e conduzidos para 
o sistema nervoso central, onde são processados. Conforme o processamento, 
estímulossão enviados para os subsistemas osteomusculares em forma de movi-
mentos do corpo (IIDA; BUARQUE, 2016; GUYTON; HALL, 2008). Mais uma 
vez lembramos que cada indivíduo percebe os estímulos ambientais individual-
mente, conforme a sua saúde física e mental e o seu desenvolvimento cognitivo.
As células nervosas ou neurônios constituem o sistema nervoso, sendo conecta-
dos por sinapses, que formam uma rede de fibras nervosas e transmitem os sinais. 
As células nervosas são formadas por inúmeras dendrites e um axônio, e a ligação 
entre essas células acontece por meio da conexão entre uma dendrite e o axônio, as 
sinapses, sendo essas responsáveis pela transmissão de sinais, e por isso são fun-
damentais para o corpo, para o processamento e a compreensão das informações 
do meio, além de respostas por meio dos movimentos (IIDA; BUARQUE, 2016; 
GUYTON; HALL, 2008).
Anatomia do neurônio
axônio terminal
mielina
nó do ranvier
axônio
soma
núcleo
dentrite
células
de Schwann
Figura 4 – Diagrama da anatomia do neurônio
Fonte: Adaptado de Getty Images
É importante que novas sinapses sejam estimuladas, com isso o ser humano 
sente a mente e o corpo ficarem mais dispostos. Esse sistema funciona pelas 
propriedades de:
• Manutenção de sentido único: quando as sinapses conduzem o estímulo 
em uma direção única, entrando pelas dendrites e saindo pelo axônio. Dessa 
forma, os neurônios podem receber sinais de várias outras células, mas só 
podem transmitir para uma única célula;
• Velocidade de transmissão de sinais: assemelham-se a uma corrente elétrica, 
esses sinais dentro da célula dependem da espessura do axônio, variando entre 
12 a 120 milissegundos (ms), mas dependendo da sinapse para continuar o 
seu caminho, tal como uma válvula, atrasando de 0,5 a 10 ms a transmissão;
• Excitabilidade: que varia conforme mínimas alterações no sangue: aumentan-
do a atividade neuronal se o teor desse for alcalino, ou diminuindo se for ácido. 
Podemos exemplificar com a cafeína que aumenta a excitabilidade, enquanto 
analgésicos a diminuem;
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• Desenvolvimento: a estimulação repetida e prolongada pode causar alteração 
física da sinapse, passando a ser estimulada com mais facilidade, acredita-se 
que isso influi na memória e aprendizagem;
• Efeito residual: a repetição do estímulo de forma rápida, ou seja, um seguido 
ao outro, melhorando a transmissão dos sinais;
• Fadiga: ocorre com o uso frequente das sinapses;
• Redes neurais: as sinapses entre os vários neurônios formam uma rede, 
tal como uma teia de aranha – denominadas ligações neurais e podendo 
modificar-se continuamente, ligando e desligando a transmissão de sinais 
(IIDA; BUARQUE, 2016; GUYTON; HALL, 2008).
Ao compreender o modo de funcionamento das atividades neurológicas dentro 
do cérebro, melhoramos a compreensão dos estudos de ergonomia e das atividades 
feitas para determinado trabalho. Por exemplo, em uma formação de trabalhadores, 
a repetição de ensinamentos podem contribuir para o aprendizado; para os atletas, 
a repetição de movimentos faz com que se tornem mais ágeis durante as compe-
tições; a repetição dos mesmos movimentos do trabalhador ao longo do período 
podem causar fadiga; a variação das atividades e dos estímulos de uma pessoa 
estimula novas ligações neurais, mantendo o indivíduo mais disposto.
Visão
A visão é um dos sentidos mais importantes que possuímos, tanto para o 
trabalho como para a vida diária. O olho pode ser comparado a uma câmera 
fotográfica (IIDA; BUARQUE, 2016), com a função de captar imagens que serão 
processadas e corrigidas pelo cérebro.Anatomia de um olho
Retina
Nervo óptico
Mácula
Vasos sanguíneos
da retina
Corpo vítreoConjuntiva
Lente
Pupila
Córnea
Íris
Esclera
Corpo e músculo
ciliares
Figura 5 – Anatomia de um olho
Fonte: Adaptado de Getty Images
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UNIDADE O Organismo Humano
A percepção visual apresenta diversas características próprias, sendo as princi-
pais a acuidade visual, acomodação, convergência e percepção de cores.
A acuidade visual é a capacidade de perceber detalhes em uma imagem. Está 
sujeita à intensidade luminosa que pode atingir 1000 lux – unidade de medida para 
intensidade luminosa – e o tempo de exposição. Devido a isso, a nossa visão no 
escuro diminui, mas melhora após certo período de tempo (GANONG, 2010; IIDA; 
BUARQUE, 2016).
A acomodação possibilita que os olhos foquem objetos a várias distâncias. Objetos 
muito próximos causam uma curvatura do cristalino – estrutura ocular biconvexa que 
funciona como uma lente de uma câmera fotográfica, com o tempo pode ficar opaco, 
causando a catarata (GANONG, 2010; IIDA; BUARQUE, 2016).
A convergência capacita os olhos a se moverem de forma coordenada, para 
focalizar o mesmo objeto; a menor distância para isso ocorrer é em torno de 10 cm. 
Devido ao fato de os olhos estarem separados cerca de 5 cm um do outro, a ima-
gem recebida por um difere do outro; cabendo ao cérebro integrar as imagens, 
dando a impressão de que a imagem recebida é tridimensional. Isso proporciona 
às pessoas estrábicas a possibilidade de se acostumarem a identificar a distância 
pelo tamanho relativo dos objetos, velocidades relativas de movimento ou diferen-
ças na intensidade da luz (GANONG, 2010; IIDA; BUARQUE, 2016).
A acomodação e convergência ocorrem ao mesmo tempo, dependem dos 
músculos dos olhos, tendo a função de focalizar a imagem. Se passarmos mui-
tas horas visualizando uma imagem, pode ocorrer uma fadiga desses múscu-
los, assim, enxergamos imagens duplicadas (GUAYTON; HALL, 2008; IIDA; 
BUARQUE, 2016).
A percepção de cores dá-se pela alteração da energia luminosa em energia 
química. A luz é uma energia física que se propaga por ondas eletromagnéticas, 
atravessa as várias estruturas anteriores dos olhos e é captada pela retina, em sua 
região mais posterior, onde existem células fotossensíveis, denominadas cones, que 
transformam essa energia física em química.
As cores se revelam conforme o comprimento de onda, como a luz solar que 
é branca por carregar todos os comprimentos de onda visíveis. Os objetos, ao 
receberem a luz solar, absorvem os comprimentos de onda e somente refletem 
uma das quais, revelando a sua cor. As cores que vemos em um objeto são de-
correntes das vibrações das ondas eletromagnéticas que estimulam as células da 
retina a transformarem essa energia luminosa em química para ir pelo nervo ótico 
até o cérebro, onde provocará uma interpretação da cor desse objeto (GUAYTON; 
HALL, 2008; IIDA; BUARQUE, 2016).
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Célula de fotorreceptores
célula cônica
Retina
Fovea
Ponto
cego
célula de haste
Figura 6 – Célula de fotorreceptores
Fonte: Adaptado de Getty Images
Os olhos humanos são sensíveis a radiações eletromagnéticas na faixa de 400 a 
750 nanômetros, mas os olhos não possuem sensibilidade uniforme para todos os 
comprimentos de ondas dessa faixa – algumas cores são percebidas mais facilmen-
te que outras. Isso depende de alguns fatores, por exemplo, uma pessoa adaptada 
à claridade pode ter o máximo de sensibilidade na cor amarelo-esverdeado e uma 
pessoa acostumada com o escuro terá maior sensibilidade com a cor azul (IIDA; 
BUARQUE, 2016).
Diagrama do vetor espectro visível
Comprimento de onda em nanômetros (nm)
Infravermelho (IR) Ultra
violeta (U
V)
Figura 7 – Diagrama do vetor espectro visível, esquema de cores
de infravermelho à escala ultravioleta de cores
Fonte: Adaptado de Getty Images
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UNIDADE O Organismo Humano
Outra característica da visão que influencia a ergonomia do posto de trabalho é a 
adaptação à claridade e penumbra. Os olhos se contraem ou se dilatam, regulando 
a quantidade de luz que penetra, sendo ajustados pelas células fotossensíveis (IIDA; 
BUARQUE, 2016). 
Quando há mudanças repentinas da iluminação do ambiente, pode acontecer o 
ofuscamento – a incapacidade de os olhos se adaptarem rapidamente ao aumento 
brusco de iluminação. Por exemplo, a transferência de uma pessoa para um 
ambiente muito mais iluminado ou mesmo para o ambienteexterno com a luz 
direta do Sol. Até mesmo, algumas luminárias podem causar o ofuscamento, o 
que pode ser evitado ao utilizar peças na luminária que proporcionem uma ilumi-
nação indireta, por meio da reflexão ou da difusão da luz emitida pela lâmpada.
No sentido inverso, quando se escurece repentinamente, os olhos demoram a se 
adaptar, sendo necessário vários minutos. Pessoas que trabalham em ambientes mal 
iluminados devem reservar cerca de meia hora de antecedência para a adaptação 
dos olhos, usando óculos escuros (IIDA; BUARQUE, 2016).
Os movimentos dos olhos possibilitam o foco e a nitidez, de modo que quanto 
mais o objeto se afastar do foco visual, mais perderá a nitidez. Em teoria, o ângulo 
visual possui 40° e dificilmente os objetos são percebidos fora desta zona (IIDA; 
BUARQUE, 2016).
Os dois olhos movem-se simultaneamente, de forma coordenada, para 
fazer a convergência dos eixos visuais sobre o objeto fixado. [...] Por 
exemplo, a mudança de um ponto de fixação distante para um outro mais 
próximo envolve um complicado jogo de contrações musculares, que pro-
vocam contrações na pupila, acomodação do cristalino e a convergência 
binocular. (IIDA; BUARQUE, 2016, p. 122)
A visão normal depende de vários movimentos, podendo os mesmos serem 
voluntários e involuntários. O movimento voluntário ocorre pela vontade da própria 
pessoa na direção do objeto que deseja fixar. Logo após, acontecem os movimentos 
involuntários, para manter os olhos focalizados nesse objeto, preservando a nitidez 
da imagem do qual (IIDA; BUARQUE, 2016).
Pode parecer que os olhos se mantêm parados enquanto estão focados, mas 
na realidade se movimentam continuamente e aos pulos, de uma fixação para 
outra, denominando-se sacádico as pequenas oscilações para o ajuste fino. 
Em inspeções nas indústrias são feitas diversas fixações não contínuas dos olhos, 
em sucessivos flashes para se avaliar o prejuízo do ambiente sobre a visão (IIDA; 
BUARQUE, 2016).
Igualmente, pode-se verificar a capacidade de o olho perseguir objetos em mo-
vimento, observando-se o movimento executado para sincronizar os olhos com o 
objeto, movimentando-se este em zigue-zague ou para cima e para baixo (IIDA; 
BUARQUE, 2016).
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Os olhos podem portar deficiências em relação à acuidade e percepção das 
cores. O daltonismo é um problema genético e diferenciado entre os sexos, 
sendo a maioria do gênero masculino. O daltonismo dificulta a execução de 
trabalhos com material gráfico, apesar de não haver restrições, devido à existên-
cia de várias formas de interpretar a sinalização por meio da visão, tais como as 
posições dos sinais verde, amarelo e vermelho do semáforo (GANONG, 2010; 
IIDA; BUARQUE, 2016).
Figura 8 – Teste de daltonismo – exemplo de como a visão normal enxerga
as cores no primeiro círculo e como o daltônico enxerga no segundo círculo
Fonte: Getty Images
Audição
A audição é formada pelas alterações na pressão do ar dentro do ouvido externo 
que faz a membrana timpânica vibrar, movimentando os ossículos no ouvido mé-
dio, os quais, por sua vez, mexem outra membrana, mais interna, resultando em 
alterações de um líquido no ouvido interno, essa última fase no ouvido é captada 
por células especiais que transmitem essa informação ao cérebro para produzir as 
sensações sonoras (GANONG, 2010; GAYTON; HALL, 2016).
osso temporal
músculo temporal
martelo
bigorna
estribo
cóclea
canais semicirculares
nervo vestibular
nervo coclear
cartilagem
hélice
concha
lóbulo auricular
canal do ouvido
membrana 
do tímpano
cavidade timpânica
trompa de Eustáquio
Anti-hélice
Figura 9 – Anatomia do ouvido humano
Fonte: Adaptado de Getty Images
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UNIDADE O Organismo Humano
Um som é caracterizado por três variáveis: frequência, intensidade e 
duração, e, estas variáveis que definem os limites da audibilidade. [...] 
A frequência é o número de flutuações da onda, expressa em hertz (Hz), 
e é percebido pela altura do som. O ser humano é capaz de ouvir de 
20 a 20.000 Hz. Cada pessoa tem uma sensibilidade, o que pode ser 
alterado ao longo dos anos de vida. Os sons de baixa frequência são cha-
mados de graves, e os sons de alta frequência de agudos. A intensidade 
do som depende da energia das oscilações, e é definida pela potência 
por unidade de área, representada por decibéis (dB). O ouvido humano 
é capaz de perceber de 20 a 140 dB. Normalmente encontrados no lar, 
no escritório e em fábricas são de 50 a 100 dB. Sons ruidosos em áreas 
de trabalho de longa duração devem estar abaixo de 85 dB. Sons acima 
de 120 dB causam desconforto, e quando passam de 140 dB tornam-se 
dolorosos. Já a duração do som é medida em segundos (s), sons de curta 
duração (0,1s) dificultam a percepção. (IIDA; BUARQUE, 2016, p. 126)
Geladeira
Fraco
Alto
Muito
alto
Limiar de dor
Extremamente
alto
Moderado
a silencioso
Conversa
Chuvas
moderadas
Tráfego da cidade
Caminhão
Secador
Helicóptero
Trombone
Sirene de polícia
Motor a jato
Fogos de artifício
Respiração
Sussurro
Folhas enferrujadas
Figura 10 – Escala de decibéis em relação à audição do ouvido humano
Fonte: Adaptado de Getty Images
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A voz humana atinge, em média, de 200 a 8.000 Hz, sendo a voz masculina 
mais grave que a voz feminina. A faixa que melhor ouvimos está entre 600 Hz a 
4.000 Hz, essa faixa é utilizada para os aparelhos de comunicação, tal como o 
telefone (IIDA; BUARQUE, 2016).
O ruído ambiental, chamado de mascaramento, ao atingir mais de 8.000 Hz, 
prejudica a audição, por alterações no tímpano. Com o tempo, o ruído ambiental 
leva à acuidade auditiva diminuída, exigindo que se aumente a intensidade do som 
da informação para ser compreendida (GANONG, 2010; IIDA; BUARQUE, 2016).
Outros Sentidos
Mais que a título de curiosidade, compreender os sentidos abre a possibilidade 
de como alcançar o conforto no trabalho e até como criar novos sistemas de aler-
tas que atinjam a todos os usuários do local. Vejamos algumas características dos 
sentidos no ser humano.
Muitas vezes, quando estamos com os narizes entupidos, não sentimos o paladar 
e os sabores das refeições. Por que isso acontece? Do ponto de vista fisiológico, 
olfato e paladar estão relacionados entre si. Os sensores, tanto do olfato como do 
paladar, são quimiorreceptores e são estimulados por moléculas em solução no 
muco nasal ou na saliva da boca (IIDA; BUARQUE, 2016). Por isso, o bom funcio-
namento de seu nariz influencia no paladar da comida e até em seu apetite.
Em ambientes de trabalho – ou até mesmo em casa – alguns odores são uti-
lizados como sinais de alerta, indicando vazamentos de gases ou o início de um 
incêndio. É o caso dos botijões de gás domésticos que possuem a adição do gás 
enxofre que possui odor forte e incômodo suficiente para alertar os moradores 
sobre um eventual vazamento.
É possível se adaptar a odores desagradáveis. Isso ocorre quando se é exposto 
ao odor por um longo período de tempo. Tal fato explica porque pessoas que 
trabalham próximas a rios poluídos não se sentem incomodadas com os odores, 
ou mesmo aquelas que vivem próximas a locais que possuem esgotos a céu aber-
to. Entretanto, é perceptível a adição de um novo odor, independentemente do 
tempo de exposição ao primeiro (IIDA; BUARQUE, 2016).
Já o paladar é percebido no corpo pelas papilas gustativas da língua. Cada região 
da língua é responsável por perceber os paladares, seja doce, salgado, amargo 
ou ácido. O sabor é a combinação desses paladares. O paladar é bastante útil, 
pois os animais podem perceber alimentos estragados ou venenosos pela acidez.
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UNIDADE O Organismo Humano
Os seres humanos, por sua vez, possuem agrado pelo doce que denota a frutos ma-
duros, que são adequados ao consumo (IIDA; BUARQUE, 2016).
Amargo Azedo Salgado Doce
Figura 11 – Áreas de paladar básico na língua humana: 
azeda, doce, amarga e salgada
Fonte: Adaptado de Getty Images
Durante o exercício do trabalho, muitas vezes deixamos de ver os movimentos 
do nosso corpo, para executar outras tarefassimultaneamente. É o exemplo do 
motorista de ônibus, que manipula os pedais e volantes ao mesmo tempo em 
que presta atenção ao tráfego. Essas informações sobre os movimentos das 
partes do corpo, chamam-se senso cinestésico. As suas responsáveis são as 
células receptoras, situadas nos músculos, tendões e articulações, que trans-
mitem os movimentos e as pressões ocorridas ao sistema nervoso central. 
O senso cinestésico desenvolve habilidades motoras, tais como um realimenta-
dor de informações para o cérebro – é comum uma pessoa decorar as posições 
dos dígitos no teclado, sendo capaz de escrever sem tirar os olhos da tela (IIDA; 
BUARQUE, 2016).
Além disso, somos capazes de perceber o que acontece com o nosso corpo sem aju-
da da visão, se é acelerado ou desacelerado, caindo ou subindo. Muitas pessoas podem 
se desequilibrar ao fechar os olhos e isso é normal; tal fato ocorre porque dentro dos 
ouvidos internos existem órgãos chamados de utrículo e sáculo, que estão recheados 
de fluidos e ligados ao sistema nervoso central, sensíveis a mudanças de posição.
A pele possui quatro tipos de sensores: pressão – contato –, vibração, dor e 
calor. Não são distribuídos uniformemente pelo corpo e, por isso, existem partes 
mais sensíveis a estímulos. Os instrumentos sensíveis ao toque são chamados de 
hápticos e pelos quais percebemos as texturas, pressões e vibrações. Esses senso-
res podem colaborar em situações nas quais não se pode contar com a visão. Em 
razão disso, produtos, do tipo alarme, são desenvolvidos com o intuito de fornecer 
informações de alerta para pessoas portadoras de deficiência visual ou auditiva. 
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Tais produtos também podem ser benéficos nos casos em que haja condições des-
favoráveis aos trabalhadores em situações nas quais a visão e audição estejam satu-
radas (IIDA; BUARQUE, 2016).
Existem duas classes de instrumentos sensíveis ao toque: os ativos, que são 
peças que apresentam relevo por meio do qual os usuários deslocam os dedos 
ou as mãos para identificar informações como, por exemplo, o código Braile.
E também existem os instrumentos passivos, que vibram e são usados, por exem-
plo, em volantes de carros na iminência de uma colisão (IIDA; BUARQUE, 2016).
Figura 12 – Sistema Braile
Fonte: Getty Images
Os órgãos dos sentidos interagem entre si. Durante uma leitura, podemos ser 
atrapalhados por ruídos intensos, por exemplo. Outro caso se dá na possibilidade 
de sentir uma sensação de mais calor ao avistarmos a cor vermelha. As interações 
são aceitáveis enquanto operam dentro de uma faixa de conforto. Entretanto, 
tal situação pode mudar quando alguma variável ultrapassar o limite tolerável. 
Uma perturbação no ambiente pode saturar o canal de processamento. Assim, 
em uma sala de aula, os canais mais utilizados pelos alunos são a visão e audição. 
No entanto, um odor ou ruído pode prejudicar a concentração, reduzindo a capa-
cidade de ver e ouvir (IIDA; BUARQUE, 2016).
Ainda sobre os sentidos, os efeitos de dois ou mais estímulos não se somam, isto 
é, a dor não dobra quando dois braços são apertados. Na realidade, um pode até 
disfarçar o outro. Quando se morde os lábios para receber uma injeção, a picada 
torna-se menos dolorosa. Ou mesmo em estímulos diferentes, por exemplo: sons 
altos podem servir de analgésico para aliviar dores (IIDA; BUARQUE, 2016).
Dessa forma, vimos que os sentidos do corpo podem colaborar com a 
ergonomia de modo que possamos reconhecer os padrões confortáveis para o 
trabalhador exercer as suas tarefas. Os sentidos podem ser úteis mesmo quando 
não for possível evitar algum tipo de desconforto, pois pode-se utilizar soluções 
compensatórias e, dessa forma, evitar a fadiga no operador. Os sentidos também 
podem ser explorados para criar novas formas de sinalizar alertas.
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UNIDADE O Organismo Humano
Função Neuromuscular
O trabalho muscular necessita da irrigação sanguínea no músculo. Os músculos 
recebem, pelo sistema circulatório, suprimentos de oxigênio, glicogênio e outras subs-
tâncias. As paredes finas das artérias permitem a troca de substâncias entre o sangue 
e os músculos. Em cada movimento do corpo humano há envolvimento de, pelo 
menos, dois músculos opostos (IIDA; BUARQUE, 2016; GAYTON; HALL, 2016).
A ergonomia estuda o trabalho dos músculos envolvidos na execução de traba-
lhos externos. Músculos de órgãos internos, tais como os músculos do coração, que 
trabalham involuntariamente, não fazem parte do escopo de estudo da ergonomia, 
pois não podem ser comandados pelo indivíduo. Dessa forma, a ergonomia estuda 
os músculos estriados que podem se contrair conforme o comando do cérebro, 
executando as tarefas desejadas (IIDA; BUARQUE, 2016).
Os músculos estriados representam 40% dos músculos do corpo, mas dessa 
parcela poucos estão envolvidos na realização da postura e dos movimentos glo-
bais. Esses músculos são maiores e estão ligados aos ossos pelos tendões, que 
juntos das articulações constituem o sistema osteomuscular (IIDA; BUARQUE, 
2016; GANONG, 2010).
Quando um músculo se contrai, provoca o estrangulamento das paredes de 
seus vasos capilares e o sangue deixa de fluir, causando fadiga muscular. A cir-
culação é restabelecida com o relaxamento do músculo. A circulação sanguínea 
necessita da contração e do relaxamento do músculo, como se fosse uma bomba 
hidráulica. Por isso, os músculos de pessoas que treinam possuem capilares mais 
desenvolvidos e maior capacidade de irrigação sanguínea. O que reflete em maior 
capacidade de trabalho muscular (IIDA; BUARQUE, 2016).
A fadiga muscular é a deficiência de oxigênio do músculo e é caracterizada 
pela redução de força. Durante a fadiga acontece o acúmulo de ácido lático e 
potássio. Além disso, há o calor, dióxido de carbono e a água, todos gerados pelo 
metabolismo. O processo é revertido com o descanso do músculo. Quanto mais 
forte a contração, maior será a fadiga. Para remover os produtos do metabolismo 
na parte interna dos músculos, deve-se proporcionar um momento de descanso 
(IIDA; BUARQUE, 2016).
Os movimentos corporais são realizados pelas contrações e relaxamentos dos 
músculos. A cada movimento, pelo menos dois músculos são envolvidos – um 
que contrairá e outro que distenderá. Por exemplo, ao fazer a flexão do cotovelo 
há contração do bíceps e distensão do tríceps. Para estender o cotovelo, há 
inversão, como distensão do bíceps e contração do tríceps. Os trabalhadores trei-
nados conseguem fazer esses movimentos de forma mais coordenada, resultando 
em movimentos harmônicos. O corpo permite várias movimentações, inclusive 
movimentos rotacionais (GAYTON; HALL, 2008; IIDA; BUARQUE, 2016).
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Figura 13 – Contração e relaxamento dos músculos
Fonte: Getty Images
A estrutura biomecânica do corpo humano pode ser considerada como um con-
junto de alavancas, formando um sistema. O movimento combinado das alavancas 
permite ao corpo andar, dançar e sentar. As alavancas são formadas pelos nossos 
ossos maiores, conectados entre si pelas articulações (IIDA; BUARQUE, 2016).
O corpo trabalha com três tipos de alavancas: interfixa, interpotente e inter-
resistente. Todas dependem das posições relativas de aplicação da força, resistência 
e apoio. A alavanca tipo interfixa situa-se entre força e resistência, sendo adequada 
para transmitir grande velocidade com pouca força – um exemplo é o tríceps.
Figura 14 –Tríceps, músculos destacados em
vermelho – anatomia muscular
Fonte: Getty Images
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UNIDADE O Organismo Humano
A alavanca interpotente ocorre quando se aplica a força entre o ponto de apoio 
e a resistência. É a alavanca mais comum no corpo. Os músculos próximos à 
articulação facilitam movimentos rápidos e amplos, embora com muita força – por 
exemplo, o bíceps.
Figura 15 – Bíceps, músculos destacados em 
vermelho – anatomia muscular
Fonte: Getty Images
Já a alavanca inter-resistente tem a sua resistência entre o ponto de apoio e a 
força. É o caso dos músculos da parte posterior da perna, ligado ao calcanhar e 
permitindosuspender o corpo na ponta dos pés (IIDA; BUARQUE, 2016).
Figura 16 – Tendão de Aquiles destacado em 
vermelho – anatomia muscular
Fonte: Getty Images
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Temos que compreender o funcionamento dos músculos para um projeto de 
ergonomia, pois as máquinas a serem manipuladas pelo trabalhador devem consi-
derar os movimentos que fará, prevendo o mínimo de esforço possível. Para isso, 
devemos considerar a postura dos trabalhadores durante a execução da tarefa, 
além de prever equipamentos para auxiliar e facilitar a transmissão de cargas – por 
exemplo, o uso de roldanas ou mesmo de gruas elétricas.
Figura 17 – A grua elétrica
Fonte: Getty Images
Coluna Vertebral
A coluna vertebral é a estrutura óssea mais importante para a sustentação do 
corpo humano. Sendo uma peça muito delicada, a coluna vertebral está sujeita 
a alterações, principalmente estruturais. A coluna vertebral, vista de perfil, apre-
senta três curvaturas que são consideradas normais. As alterações na coluna são 
causadas por questões estruturais e/ou congênitas (IIDA; BUARQUE, 2016).
Figura 18 – Coluna dorsal
Fonte: Getty Images
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UNIDADE O Organismo Humano
A coluna é constituída por 33 vértebras empilhadas umas sobre as outras. 
A vértebra sustenta todo o peso do corpo que está acima desta, é por isso que as 
vértebras inferiores são maiores que as superiores (IIDA; BUARQUE, 2016).
As vértebras são classificadas nestes grupos – de cima para baixo:
• Cervicais: sete vértebras localizadas no pescoço;
• Torácicas ou dorsais: doze vértebras ligadas às costelas localizadas no tórax, 
formando a caixa torácica;
• Lombares: cinco vértebras localizadas na região do abdome;
• Sacro-cóccix – junção de 2 grupos: nove vértebras, sendo cinco fundidas 
que formam o sacro, mais quatro vértebras inferiores que constituem o cóccix, 
localizadas na região da bacia, podendo ser chamadas de sacococcigeanas.
As vértebras são conectadas entre si por ligamentos e o espaço entre essas 
é preenchido por uma massa gelatinosa, que são os discos cartilaginosos – 
veja a Figura a seguir. Esses elementos possibilitam os movimentos da coluna 
– a compressão e deformação dos discos pelos deslizamentos dos ligamentos. 
As compressões e descompressões alternadas dos discos funcionam como uma 
bomba hidráulica, pela qual se nutrem. A coluna tem duas propriedades: rigidez 
e mobilidade, sendo a rigidez responsável pela sustentação do corpo, permitin-
do a postura ereta e a mobilidade responsável pela rotação para os lados e pelo 
movimento para frente e para trás (IIDA; BUARQUE, 2016).
Figura 19 – Discos cartilaginosos destacados na cor rosa
Fonte: Getty Images
Dentro da coluna vertebral existe um canal longitudinal, onde passa a medula 
espinhal, que se liga ao encéfalo. A medula tem a função de passar as informações 
sensitivas para o cérebro pelas vias aferentes e trazer informações dos comandos 
de movimentos motores do cérebro para o corpo por vias eferentes. É por isso que 
uma fratura da coluna pode significar paralisia – as fraturas comumente ocorrem 
nas regiões cervical e lombar (IIDA; BUARQUE, 2016).
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Os discos cartilaginosos não possuem vasos sanguíneos, e a sua nutrição é 
feita por um processo de difusão dos tecidos vizinhos. Os discos funcionam como 
uma esponja, perde água e nutrientes ao comprimir e absorve ao descomprimir. 
Assim, uma contração alongada pode interromper a nutrição e entrar em um 
processo de degeneração. Isso ocorre quando se carrega por muito tempo cargas 
estáticas, tal como um balde na cabeça (IIDA; BUARQUE, 2016).
A coluna vertebral possui três curvaturas naturais: a concavidade da lordose 
cervical, a região convexa da lordose cervical e a concavidade da região lombar. 
A região da bacia possui uma curvatura para frente, chamada de cifose sacral.
Figura 20 – Coluna vertebral humana, vista lateral de anatomia
Fonte: Adaptado de Getty Images
A coluna é bastante sensível e pode sofrer tanto alterações não estruturais, que 
ainda possibilitam a flexibilidade e são temporárias, quanto alterações estruturais, 
que envolvem as alterações definitivas de tecidos moles. As causas das alterações na 
coluna podem ser congênitas – desde o nascimento –, ou adquiridas durante a vida.
Ao longo da vida as nossas colunas podem ter alterações por causas funcionais, 
decorrentes de más posturas, esforços físicos exagerados, quedas e outras razões. 
Outras alterações também podem ocorrer por causas ocasionais, tais como doen-
ças, infecções, debilidade da musculatura de sustentação – quando se fica muito 
tempo acamado. E ainda por causas permanentes, provocadas pelas degenerações 
por idade e por acidentes com lesões na coluna. Pessoas com essas alterações não 
são obrigatoriamente impedidas de trabalhar, mas devem evitar esforços físicos 
exagerados (IIDA; BUARQUE, 2016).
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UNIDADE O Organismo Humano
As principais alterações estruturais da coluna são as seguintes:
• Hiperlordose: aumento na concavidade posterior da curvatura na região lombar;
• Hipercifose: aumento da convexidade, ampliando a curva para frente, na 
região torácica;
• Escoliose: desvio lateral, visto de frente ou de costas, para esquerda ou para 
a direita.
Figura 21
Fonte: Getty Images
A dor na região lombar é chamada de lombalgia e é causada pela fadiga da 
musculatura das costas, que ocorre quando o indivíduo permanece muito tempo 
com a postura inclinada para frente (IIDA; BUARQUE, 2016). Pode ser aliviada 
ao manter a cabeça ereta, levantando-se e sentando-se constantemente, ou alguns 
movimentos suaves da região lombar, a fim de lubrificá-la. 
Hoje em dia, o mercado disponibiliza mobiliários com sistema elevatório, permitindo 
ao usuário trabalhar de pé ou sentado, evitando, desse modo, a mesma postura por um 
longo período; além de outras alternativas, tais como aquelas que substituem o assento 
comum – tudo para exercitar a coluna e evitar dores nas pessoas que precisam ficar na 
frente da tela do computador por horas prolongadas.
Figura 22 – Ilustração comparando o primeiro homem sentado na mesa convencional 
e o segundo trabalhando em uma mesa com sistema elevatório
Fonte: Getty Images
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Figura 23 – Alternativas de mobiliário para escritórios que possibilitam
o movimento do trabalhador enquanto está de frente para a tela
Fonte: Getty Images
Assim, vimos que para a ergonomia a proteção da coluna vertebral do trabalhador 
é um fator de extrema segurança. Com os conhecimentos sobre a coluna vertebral, 
podemos perceber que é essencial movimentar-se continuamente, a fim de lubrificar 
os discos da coluna, evitando dores indesejáveis. Ao longo do tempo, para evitar as 
deformações na coluna, deve-se ter cuidado com a postura durante a execução de 
tarefas, evitando curvar-se tanto para frente e para o lado – evitar que o corpo fique 
torcido. E mais: evitar cargas pesadas sem equipamentos que protegem a coluna ou 
que auxiliem no transporte dessas cargas.
Metabolismo
O metabolismo é o conjunto das reações químicas que ocorrem no organismo a 
fim de mantê-lo vivo. Mesmo se a pessoa estiver deitada, necessita de energia para 
manter o funcionamento de todos os órgãos. A energia do corpo humano vem dos 
alimentos que o mantém funcionando (IIDA; BUARQUE, 2016).
A alimentação humana é constituída principalmente de substâncias como proteínas, 
carboidratos e gorduras. Os alimentos consumidos convertem-se em glicogênio que 
é oxidado em uma reação exotérmica, que libera calor, gerando energia. O indivíduo 
gastará parte dessa energia adquirida pelos alimentos durante as reações do próprio 
corpo – trabalho externo – e parte dessa energia será utilizada internamente – em um 
processo chamado de metabolismo basal. E a energia consumida que excedeu fica 
acumulada, virando gordura (IIDA; BUARQUE, 2016).
O valor do metabolismo basal é de aproximadamente 1.800 kcal/dia – quilocaloria 
por dia – para homens e 1.600 kcal/dia para as mulheres – observe que esse valor 
seria somente para se manter parado. Para executar

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