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Página 6 de 57 Já vimos exaustivamente. *Controle processual do caráter fragmentário da intervenção penal. Está dentro do que foi falado sobre insignificância. O direito penal exatamente só deve ser usado em último caso, e de forma fragmentária, ou seja, selecionando fragmentos de bens jurídicos os quais são considerados mais relevantes. E ainda assim, só quando afetarem de forma significativa o bem jurídico tutelado, em outros termos, quando houver significância da ofensa. Ou, ofensividade significativa. Isso significa que quando for uma conduta insignificante, as chamadas condutas “bagateladas” ou “delito de bagatela” e ainda assim houver denúncia, deverá o juiz rejeitar a denúncia por falta de justa causa. Portanto a insignificância de uma conduta afeta diretamente a condição geral da ação penal chamada justa causa. Exclui a justa causa por atipicidade material (falta ofensividade significativa). Problema prático, compete ao juiz fazer essas análise de justa causa. Este é justamente o problema, todos defendem que cabe só ao juiz identificar a justa causa. Mas isso é um absurdo não faz o menor sentido vc dizer que a autoridade policial por ex. não pode avaliar a justa causa. A autoridade policial de fato exerce devido a obrigatoriedade, mas a obrigatoriedade não pode ser tão obrigatória assim ao ponto de ferir os DFs do imputado. (o caráter obrigatório que reveste a autoridade policial não pode ser considerado uma mera obrigação, não é um ato meramente formal, ela de fato tem capacidade e até o dever de verificar a justa causa). Não tem o menor sentido lógico dizer que essa obrigatoriedade é tão obrigatória (digamos, formal) a ponto de algo exercido dentro dela venha a ser uma ilegalidade. O princípio da proporcionalidade, na minha concepção , e aqui estou mencionando a teoria da constituição aberta ou sociedade aberta dos interpretes constitucionais do alemão Peter Regalo. Quem foi que deu ao judiciário a exclusividade da interpretação da CF? Ninguém, ate pq ele não tem. Enfim, eu até discordo do Alexy quando ele fala que a proporcionalidade deve ser avaliada e aplicada exclusivamente pelo poder judiciário. Não tem o menor sentido isso. O RESPEITO AOS DFs DEVE SER PRATICADO POR TODOS AQUELES QUE EXERCEM ALGUMA FORMA DE PODER. Não tem sentido dizer que a polícia pode ofender DFs pq ele não tem o direito de avaliar a proporcionalidade deu ma conduta. Balela, isso é insustentável. DFs tem poder irradiante, vcs já viram isso. Ele irradia sobre todos os ramos do Direito e sobre todos os poderes. Defendo que não é obrigado o delegado a prender em flagrante quando não há justa causa. Prende se ele tiver que prender. Ele vai chegar para o cidadão e dizer olha eu nem queria te prender, mas vou te prender em flagrante, pq sou obrigado e não posso avaliar a justa causa? Não. Bem como pode também o MP avaliar a ausência de justa causa. Se for insignificante, é desproporcional, portanto ausência de justa causa. E não só o MP, todos os outros órgãos. Justa causa é condição da ação penal, e de toda e qq intervenção estatal que possam ofender DFs do imputado. O que há, a meu ver, é o escalonamento de justas causas. A justa causa que se exige para a instauração do inquérito policial não é a mesma da justa causa necessária para a propositura da ação. Que não é a mesma para a condenação, e assim sucessivamente. Existe um grau de cognição de apreciação desses atores processuais diferenciado. É mais sumário na fase preliminar, exige-se um pouco mais de certeza, ou seja, profundidade, para a denúncia ou condenação. Entenderam essa idéia escalonada de apreciação e de justa causa... 09.05.13 # Condições Específicas / ou Condições Objetivas de Procedibilidade. Sem as quais o MP e a acusação em geral não poderá exercer o direito de acusar. São elas, exemplificativamente. Página 7 de 57 *Representação do ofendido e a requisição do ministro da justiça, nos crimes de ação penal pública condicionada. *É possível que a ação penal privada, a queixa crime seja proposta por procuração. É possível que alguém dê a uma terceira pessoa uma procuração para que esta proponha uma queixa-crime. Porem o CPP faz algumas exigências para que isso aconteça. CPP Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. O CPP faz a exigência de que sendo o caso de ação penal privada proposta mediante procuração que conste na referida procuração de forma expressa poderes especiais para a propositura da queixa-crime outorgados a determinada pessoa. Então esta é uma outra condição específica sem a qual a ação penal privada não poderá ser proposta mediante procuração. *Nos casos de extraterritorialidade da lei penal, ou seja, nos casos em que a lei penal pode ser aplicada a fatos criminosos praticados fora do território nacional, a condição básica / mínima para que o cidadão seja processado pela lei brasileira é que ele esteja em território brasileiro. Já falei pra vcs que processo é questão de soberania, que o processo penal brasileiro só é aplicado no Brasil. Portanto um fato praticado fora só poderá ser processado aqui se o autor seja ele brasileiro ou não, ingressar no território nacional. Essa é uma outra condição objetiva de procedibilidade. A entrada do agente no território brasileiro nas hipóteses de aplicação do princípio da extraterritorialidade da lei penal. *CP Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. O parágrafo único deste crime estabelece uma condição objetiva de procedibilidade. Este é o crime de induzimento de erro essencial na contração de casamento. A condição específica dessa ação penal é que haja trânsito em julgado da sentença cível que anulou esse casamento. *Outro ex. de condição específica. CF Art. 51 - Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; Ou seja, sem esta autorização não existe a ação penal. Sem autorização prévia da câmara dos deputados por este quorum não é possível existir processo ou ação penal contra o presidente, vice presidente e ministros. Enfim são estas as condições, entre outras. Na verdade a lei pode estabelecer várias outras condições específicas ou objetivas de procedibilidade sem as quais o processo / ação penal não poderá ser iniciada não poderá ser proposta. Portanto alem das condições gerais devem também devem ser satisfeitas estas específicas. Página 8 de 57 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES # Ação Penal Pública o Incondicionada o Condicionada *À representação *À requisição do Ministro da Justiça o Secundária # Ação Penal Privada o Exclusiva o Personalíssima o Subsidiária da pública Quanto a secundária não farei mais menção. Pois é uma classificação autônoma, mencionada por apenas dois autores. Mas ela consiste na ação penal na qual o legislador inicialmente prevê que determinado crime é de ação penal pública condicionada, mas dependendo de determinadas circunstâncias o mesmo crime será de ação penal publica incondicionada. Ex. todos os crimes contra a dignidade sexual, que como regra são de ação penal pública condicionada a representação ai mudam para ação penal pública incondicionada, se praticados contra vulneráveis ou menor de 18 anos.É sempre pública só que como regra é condicionada à representação e nestas duas circunstâncias passam a ser incondicionadas. Ação Penal Pública #Incondicionada É a regra do nosso direito processual. Ou seja, a maior parte dos crimes será de ação penal pública incondicionada. São as previsões do art. 24 primeira parte do CPP e art. 100 caput do CP. CPP Art. 24 - Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. CP Art. 100 - A Ação Penal é Pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. Sabemos que o crime é de ação penal pública incondicionada quando não houver no CP ou nas leis penais nenhuma referência a necessidade de requisição ou de queixa. E exatamente por ser a regra é que não é necessário estar expresso. Agora as outras formas de ação penal, essas sim precisam vir expressamente. Titularidade > MP. Cabe ao MP propor ação penal pública incondicionada. É a previsão do 129, I, CF. CF Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público: Página 9 de 57 I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; PRINCÍPIOS *Vou mencionar como sendo dentro da pública incondicionada, contudo estes princípios também servem pra ação penal pública condicionada, indistintamente.* Princípio da Obrigatoriedade Por este, estando presentes as condições de ação, o MP é obrigado a propô-la. Não podendo dela dispor. A doutrina aponta uma *exceção* a este principio da obrigatoriedade. Sendo ela a transação penal, prevista nos juizados especiais criminais. O MP não está obrigado aqui a propor a ação, pelo contrario. Ele chega pro réu e fala “ow seu vagabundo, vc aceita que é o autor, cumpre determinada pena alternativa e eu não te denuncio”. Pois a transação penal é exatamente para que ele não seja denunciado para que não haja processo. Art. 76, Lei 9.099. Que nada tem a ver com a composição civil, pois esta não é feita pelo MP, é tão somente autor e vítima. Quando o cara não aceita a composição civil é que vai pra segunda fase que é exatamente a transação penal, entre autor e MP, é nesta que ele aceita apena alternativa. Lei 9.009/95 Art. 76 - Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Consequência do princípio da obrigatoriedade é o: Princípio da Indisponibilidade Se ele é obrigado a propor a ação ele não pode dela dispor. Ou seja, uma vez proposta não pode dela dispor. CPP Art. 42 - O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. Pronto, por essa desistência entenda-se ação penal. Uma vez impetrada ele deve prosseguir nela. Sendo que este princípio da indisponibilidade também tem *exceção*, mais uma vez é a transação penal. Não é a suspensão condicional do processo, pq nesta houve a denúncia e o MP não desistiu não dispôs. O processo está apenas suspenso. Nem tampouco o MP pedindo a absolvição do réu, configura desistência. Não é desistência da ação penal, pelo contrário, nesse caso ele é obrigado a pedir absolvição se realmente ele tomar conhecimento da inocência do réu. Mas isso não é dispor da ação penal. A transação penal é possível tanto antes quanto depois da denúncia. A qq momento. O que é um negócio bem louco. E havendo a transação penal após a denúncia, o MP ai sim estaria dispondo da ação penal. Princípio da Oficialidade Oficialidade pq só pode ser promovido por um órgão oficial com atribuição constitucionalmente prevista para isso, que é exatamente o MP. Nós só temos uma *exceção* a este princípio da oficialidade é a ação penal privada subsidiária da pública. Que é possível ser intentada nas hipóteses de desídia do MP. Vejam que ai a ação continua sendo pública, só essa iniciativa que é privada. Mas o MP pode retomar essa titularidade a qq momento como nós veremos mais pra frente. Mas vejam que não é um órgão oficial, por isso exceção à oficialidade. Princípio da Divisibilidade Página 10 de 57 Entende a doutrina que o MP diante de um caso que envolva mais de um autor possa dividir / cindir a ação penal quando não houver elementos suficientes que demonstrem a autoria em relação a algum ou alguns desses autores. Ex. existem três autores porem não existem elementos suficientes que demonstrem a autoria de um deles. A vitima sabe que foi assaltada por três pessoas, mas um fugiu, um foi preso e abriu o nome do outro ou tinha filmagem, mas um não foi visto, então não existem elementos contra ele. O MP vai denunciar dois e o outro não. Um ex. melhor, o roubo cometido por duas pessoas é qualificado pelo concurso de duas ou mais pessoas. Mas só um foi descoberto, e não abriu o jogo de quem era o outro, mas sabe-se que a vitima falou que eram dois. Ele denuncia pelo roubo com a causa de aumento de pena, embora com o desconhecimento de quem é o outro. No momento em que tiver elementos suficientes pra isso, com a investigação (que pode continuar ocorrendo), o MP iria fazer o aditamento da denúncia para incluir aquele cidadão que ficou de fora, demonstrando que aquela pessoa que ficou de fora é o segundo autor. Agora, se todos forem conhecidos e possuir elementos para todos, o MP não pode resolver denunciar um e o outro não. Não pode fazer isso pelo princípio da obrigatoriedade. Ele é obrigado a denunciar todos. Princípio da Intranscendência Não é exclusivo da ação penal pública incondicionada. Mas de qq ação penal. Se equipara ao princípio da instranscendência da pena. Assim como a pena não pode passar da pessoa do condenado a ação não pode ser proposta contra alguém que não seja o provável autor, contra quem não recaiam indícios de autoria. Esta é uma grande diferente entre a ação penal e a civil. Aqui exige um pouco mais, que são exatamente os elementos de prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. Ação Penal Pública #Condicionada a Representação É semelhante a incondicionada. Todos os comentários, os princípios, tudo igual. O que importa nós falarmos aqui é exatamente sobre a representação. ⇨ Representação Qual sua natureza juridica? Condicao objetiva de procidibilidade: o MPA so podera proceder se houver representacao. É a manifestacao de vontade da vitima para que se proceda a acao criminal. É uma autorizacao da vitima/ofendido para que o Estado proceda com a acao criminal. Nós já falamos anteriormente que ela é uma condição objetiva de procedibilidade, uma condição específica da ação penal. Significa que o MP não poderá dar início a ação penal pública sem a manifestação de vontade do ofendido, sem a representação. E caso ele denuncie mesmo assim será uma hipótese de rejeição da denúncia. CPP Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. Não esqueçam que a composição civil de danos / ou a transação civil no âmbito dos juizados especiais criminais, acarreta a renúncia ao direito de representação. E conseqüente extinção de punibilidade. Então se a vítima transacionar com o suposto autor, esse acordo será homologado pelo juiz e consequentemente extinguirá a punibilidade e essa extinção será de acordo com o 107, CP, onde temos as hipótese taxativas de causas extintivas da punibilidade. CP
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