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104 PROCESSO PENAL 2 BIMESTRE-2

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Já vimos exaustivamente. 
*Controle processual do caráter fragmentário da intervenção penal. 
Está dentro do que foi falado sobre insignificância. O direito penal exatamente só deve ser 
usado em último caso, e de forma fragmentária, ou seja, selecionando fragmentos de bens jurídicos os quais 
são considerados mais relevantes. E ainda assim, só quando afetarem de forma significativa o bem jurídico 
tutelado, em outros termos, quando houver significância da ofensa. Ou, ofensividade significativa. 
Isso significa que quando for uma conduta insignificante, as chamadas condutas 
“bagateladas” ou “delito de bagatela” e ainda assim houver denúncia, deverá o juiz rejeitar a denúncia por 
falta de justa causa. Portanto a insignificância de uma conduta afeta diretamente a condição geral da ação 
penal chamada justa causa. Exclui a justa causa por atipicidade material (falta ofensividade significativa). 
Problema prático, compete ao juiz fazer essas análise de justa causa. Este é justamente o 
problema, todos defendem que cabe só ao juiz identificar a justa causa. Mas isso é um absurdo não faz o 
menor sentido vc dizer que a autoridade policial por ex. não pode avaliar a justa causa. A autoridade policial 
de fato exerce devido a obrigatoriedade, mas a obrigatoriedade não pode ser tão obrigatória assim ao ponto 
de ferir os DFs do imputado. (o caráter obrigatório que reveste a autoridade policial não pode ser 
considerado uma mera obrigação, não é um ato meramente formal, ela de fato tem capacidade e até o dever 
de verificar a justa causa). Não tem o menor sentido lógico dizer que essa obrigatoriedade é tão obrigatória 
(digamos, formal) a ponto de algo exercido dentro dela venha a ser uma ilegalidade. 
O princípio da proporcionalidade, na minha concepção , e aqui estou mencionando a teoria 
da constituição aberta ou sociedade aberta dos interpretes constitucionais do alemão Peter Regalo. Quem 
foi que deu ao judiciário a exclusividade da interpretação da CF? Ninguém, ate pq ele não tem. Enfim, eu 
até discordo do Alexy quando ele fala que a proporcionalidade deve ser avaliada e aplicada exclusivamente 
pelo poder judiciário. Não tem o menor sentido isso. 
O RESPEITO AOS DFs DEVE SER PRATICADO POR TODOS AQUELES QUE 
EXERCEM ALGUMA FORMA DE PODER. Não tem sentido dizer que a polícia pode ofender DFs pq 
ele não tem o direito de avaliar a proporcionalidade deu ma conduta. Balela, isso é insustentável. DFs tem 
poder irradiante, vcs já viram isso. Ele irradia sobre todos os ramos do Direito e sobre todos os poderes. 
Defendo que não é obrigado o delegado a prender em flagrante quando não há justa causa. Prende se ele 
tiver que prender. Ele vai chegar para o cidadão e dizer olha eu nem queria te prender, mas vou te prender 
em flagrante, pq sou obrigado e não posso avaliar a justa causa? Não. 
Bem como pode também o MP avaliar a ausência de justa causa. Se for insignificante, é 
desproporcional, portanto ausência de justa causa. E não só o MP, todos os outros órgãos. Justa causa é 
condição da ação penal, e de toda e qq intervenção estatal que possam ofender DFs do imputado. 
O que há, a meu ver, é o escalonamento de justas causas. A justa causa que se exige para a 
instauração do inquérito policial não é a mesma da justa causa necessária para a propositura da ação. Que 
não é a mesma para a condenação, e assim sucessivamente. Existe um grau de cognição de apreciação 
desses atores processuais diferenciado. É mais sumário na fase preliminar, exige-se um pouco mais de 
certeza, ou seja, profundidade, para a denúncia ou condenação. Entenderam essa idéia escalonada de 
apreciação e de justa causa... 
 
 
09.05.13 
 
# Condições Específicas / ou Condições Objetivas de Procedibilidade. 
Sem as quais o MP e a acusação em geral não poderá exercer o direito de acusar. São elas, 
exemplificativamente. 
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*Representação do ofendido e a requisição do ministro da justiça, nos crimes de ação penal 
pública condicionada. 
*É possível que a ação penal privada, a queixa crime seja proposta por procuração. É possível 
que alguém dê a uma terceira pessoa uma procuração para que esta proponha uma queixa-crime. Porem o 
CPP faz algumas exigências para que isso aconteça. 
CPP 
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes 
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do 
querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais 
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente 
requeridas no juízo criminal. 
O CPP faz a exigência de que sendo o caso de ação penal privada proposta mediante 
procuração que conste na referida procuração de forma expressa poderes especiais para a propositura da 
queixa-crime outorgados a determinada pessoa. Então esta é uma outra condição específica sem a qual a 
ação penal privada não poderá ser proposta mediante procuração. 
*Nos casos de extraterritorialidade da lei penal, ou seja, nos casos em que a lei penal pode 
ser aplicada a fatos criminosos praticados fora do território nacional, a condição básica / mínima para que 
o cidadão seja processado pela lei brasileira é que ele esteja em território brasileiro. Já falei pra vcs que 
processo é questão de soberania, que o processo penal brasileiro só é aplicado no Brasil. Portanto um fato 
praticado fora só poderá ser processado aqui se o autor seja ele brasileiro ou não, ingressar no território 
nacional. Essa é uma outra condição objetiva de procedibilidade. A entrada do agente no território brasileiro 
nas hipóteses de aplicação do princípio da extraterritorialidade da lei penal. 
*CP 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro 
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento 
anterior: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente 
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado 
a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
O parágrafo único deste crime estabelece uma condição objetiva de procedibilidade. Este é 
o crime de induzimento de erro essencial na contração de casamento. A condição específica dessa ação 
penal é que haja trânsito em julgado da sentença cível que anulou esse casamento. 
*Outro ex. de condição específica. 
CF 
Art. 51 - Compete privativamente à Câmara dos Deputados: 
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo 
contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de 
Estado; 
Ou seja, sem esta autorização não existe a ação penal. Sem autorização prévia da câmara dos 
deputados por este quorum não é possível existir processo ou ação penal contra o presidente, vice presidente 
e ministros. 
Enfim são estas as condições, entre outras. Na verdade a lei pode estabelecer várias outras 
condições específicas ou objetivas de procedibilidade sem as quais o processo / ação penal não poderá ser 
iniciada não poderá ser proposta. Portanto alem das condições gerais devem também devem ser satisfeitas 
estas específicas. 
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CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 
# Ação Penal Pública 
o Incondicionada 
o Condicionada 
*À representação 
*À requisição do Ministro da Justiça 
o Secundária 
# Ação Penal Privada 
o Exclusiva 
o Personalíssima 
o Subsidiária da pública 
Quanto a secundária não farei mais menção. Pois é uma classificação autônoma, mencionada 
por apenas dois autores. Mas ela consiste na ação penal na qual o legislador inicialmente prevê que 
determinado crime é de ação penal pública condicionada, mas dependendo de determinadas circunstâncias 
o mesmo crime será de ação penal publica incondicionada. Ex. todos os crimes contra a dignidade sexual, 
que como regra são de ação penal pública condicionada a representação ai mudam para ação penal pública 
incondicionada, se praticados contra vulneráveis ou menor de 18 anos.É sempre pública só que como 
regra é condicionada à representação e nestas duas circunstâncias passam a ser incondicionadas. 
Ação Penal Pública 
#Incondicionada 
É a regra do nosso direito processual. Ou seja, a maior parte dos crimes será de ação penal 
pública incondicionada. São as previsões do art. 24 primeira parte do CPP e art. 100 caput do CP. 
 
CPP 
Art. 24 - Nos crimes de ação pública, esta será promovida por 
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, 
de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
CP 
Art. 100 - A Ação Penal é Pública, salvo quando a lei expressamente a 
declara privativa do ofendido. 
Sabemos que o crime é de ação penal pública incondicionada quando não houver no CP ou 
nas leis penais nenhuma referência a necessidade de requisição ou de queixa. E exatamente por ser a regra 
é que não é necessário estar expresso. Agora as outras formas de ação penal, essas sim precisam vir 
expressamente. 
Titularidade > MP. Cabe ao MP propor ação penal pública incondicionada. É a previsão do 
129, I, CF. 
CF 
Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público: 
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I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
PRINCÍPIOS 
*Vou mencionar como sendo dentro da pública incondicionada, contudo estes princípios 
também servem pra ação penal pública condicionada, indistintamente.* 
Princípio da Obrigatoriedade 
Por este, estando presentes as condições de ação, o MP é obrigado a propô-la. Não podendo 
dela dispor. A doutrina aponta uma *exceção* a este principio da obrigatoriedade. Sendo ela a transação 
penal, prevista nos juizados especiais criminais. O MP não está obrigado aqui a propor a ação, pelo 
contrario. Ele chega pro réu e fala “ow seu vagabundo, vc aceita que é o autor, cumpre determinada pena 
alternativa e eu não te denuncio”. Pois a transação penal é exatamente para que ele não seja denunciado 
para que não haja processo. Art. 76, Lei 9.099. Que nada tem a ver com a composição civil, pois esta não 
é feita pelo MP, é tão somente autor e vítima. Quando o cara não aceita a composição civil é que vai pra 
segunda fase que é exatamente a transação penal, entre autor e MP, é nesta que ele aceita apena alternativa. 
Lei 9.009/95 
Art. 76 - Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal 
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério 
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos 
ou multas, a ser especificada na proposta. 
Consequência do princípio da obrigatoriedade é o: 
Princípio da Indisponibilidade 
Se ele é obrigado a propor a ação ele não pode dela dispor. Ou seja, uma vez proposta não 
pode dela dispor. 
 
CPP 
Art. 42 - O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
Pronto, por essa desistência entenda-se ação penal. Uma vez impetrada ele deve prosseguir 
nela. Sendo que este princípio da indisponibilidade também tem *exceção*, mais uma vez é a transação 
penal. 
Não é a suspensão condicional do processo, pq nesta houve a denúncia e o MP não desistiu 
não dispôs. O processo está apenas suspenso. Nem tampouco o MP pedindo a absolvição do réu, configura 
desistência. Não é desistência da ação penal, pelo contrário, nesse caso ele é obrigado a pedir absolvição 
se realmente ele tomar conhecimento da inocência do réu. Mas isso não é dispor da ação penal. 
A transação penal é possível tanto antes quanto depois da denúncia. A qq momento. O que é 
um negócio bem louco. E havendo a transação penal após a denúncia, o MP ai sim estaria dispondo da ação 
penal. 
Princípio da Oficialidade 
Oficialidade pq só pode ser promovido por um órgão oficial com atribuição 
constitucionalmente prevista para isso, que é exatamente o MP. Nós só temos uma *exceção* a este 
princípio da oficialidade é a ação penal privada subsidiária da pública. Que é possível ser intentada nas 
hipóteses de desídia do MP. Vejam que ai a ação continua sendo pública, só essa iniciativa que é privada. 
Mas o MP pode retomar essa titularidade a qq momento como nós veremos mais pra frente. Mas vejam que 
não é um órgão oficial, por isso exceção à oficialidade. 
 
Princípio da Divisibilidade 
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Entende a doutrina que o MP diante de um caso que envolva mais de um autor possa dividir 
/ cindir a ação penal quando não houver elementos suficientes que demonstrem a autoria em relação a 
algum ou alguns desses autores. 
Ex. existem três autores porem não existem elementos suficientes que demonstrem a autoria 
de um deles. A vitima sabe que foi assaltada por três pessoas, mas um fugiu, um foi preso e abriu o nome 
do outro ou tinha filmagem, mas um não foi visto, então não existem elementos contra ele. O MP vai 
denunciar dois e o outro não. Um ex. melhor, o roubo cometido por duas pessoas é qualificado pelo 
concurso de duas ou mais pessoas. Mas só um foi descoberto, e não abriu o jogo de quem era o outro, mas 
sabe-se que a vitima falou que eram dois. Ele denuncia pelo roubo com a causa de aumento de pena, embora 
com o desconhecimento de quem é o outro. No momento em que tiver elementos suficientes pra isso, com 
a investigação (que pode continuar ocorrendo), o MP iria fazer o aditamento da denúncia para incluir aquele 
cidadão que ficou de fora, demonstrando que aquela pessoa que ficou de fora é o segundo autor. 
Agora, se todos forem conhecidos e possuir elementos para todos, o MP não pode resolver 
denunciar um e o outro não. Não pode fazer isso pelo princípio da obrigatoriedade. Ele é obrigado a 
denunciar todos. 
Princípio da Intranscendência 
Não é exclusivo da ação penal pública incondicionada. Mas de qq ação penal. Se equipara ao 
princípio da instranscendência da pena. Assim como a pena não pode passar da pessoa do condenado a ação 
não pode ser proposta contra alguém que não seja o provável autor, contra quem não recaiam indícios de 
autoria. Esta é uma grande diferente entre a ação penal e a civil. Aqui exige um pouco mais, que são 
exatamente os elementos de prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. 
 
Ação Penal Pública 
#Condicionada a Representação 
É semelhante a incondicionada. Todos os comentários, os princípios, tudo igual. O que 
importa nós falarmos aqui é exatamente sobre a representação. 
⇨ Representação 
Qual sua natureza juridica? Condicao objetiva de procidibilidade: o MPA so podera 
proceder se houver representacao. É a manifestacao de vontade da vitima para que se proceda a acao 
criminal. É uma autorizacao da vitima/ofendido para que o Estado proceda com a acao criminal. 
Nós já falamos anteriormente que ela é uma condição objetiva de procedibilidade, uma 
condição específica da ação penal. Significa que o MP não poderá dar início a ação penal pública sem a 
manifestação de vontade do ofendido, sem a representação. E caso ele denuncie mesmo assim será uma 
hipótese de rejeição da denúncia. 
CPP 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da 
ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
Não esqueçam que a composição civil de danos / ou a transação civil no âmbito dos juizados 
especiais criminais, acarreta a renúncia ao direito de representação. E conseqüente extinção de punibilidade. 
Então se a vítima transacionar com o suposto autor, esse acordo será homologado pelo juiz e 
consequentemente extinguirá a punibilidade e essa extinção será de acordo com o 107, CP, onde temos as 
hipótese taxativas de causas extintivas da punibilidade. 
 
CP

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