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PÚBLICA Estética e Filosofia da Arte Este texto tem como objetivo servir de resumo como um resumo de estudo dos principais pontos abordados no capítulo I do livro estética e filosofia da arte de Samon Noyama. Livro de referência da matéria estética e filosofia da arte do curso de filosofia da faculdade Uninter. Apresentação Dois principais fatores que envolvem o campo filosófico da estética: 1- Embora a disciplina estética só apareça, com esse nome, em meados do século XVIII (sec.18) Diversos autores antes disso já falavam sobre o tema. 2- A disciplina Estética não se resume a uma avaliação da qualidade de uma obra artística, pelo contrário, busca ir a fundo em conceitos como: “O que é o belo?”. “O que é a arte?”, etc. Capítulo I – Filosofia e arte na Grécia Antiga. Embora seja contestável a afirmação de que a Atenas é o berço da filosofia. É incontestável que a Filosofia grega é a mais influente na sociedade ocidental. Desta forma o capítulo se volta a expor um pouco sobre três elementos: 1 – A arte na Grécia Antiga 2 – A visão de Platão da arte 3 - A visão de Aristóteles da arte Arte na Antiguidade Grega Assim como nossa sociedade foi influenciada profundamente pelo entendimento dos filósofos gregos sobre os mais diversos conceitos, tal como a razão, a política. Também fossos influenciados por sua visão da arte. Para um melhor entendimento de como os gregos viam a arte é necessário, em certa parte, nos transportar a aquele momento. Obviamente nunca teremos uma visão exata, mas a tentativa de nos aproximar disso também torna mais fácil a compreensão do pensamento dos filósofos. Tal como os fatores culturais que afetaram sua filosofia. O capítulo busca então falar um pouco sobre tanto a cultura quanto alguns pontos de distinção. Dois pontos se destacam. Primeiramente a importância da oralidade na cultura grega, a tradição de transmissão de conhecimento e cultura era muito mais oral do que hoje em dia. Nota: Cabe lembrar que embora a escrita seja mais precisa e durável do que algo falado, era de muito maior difícil acesso na época que hoje. Além disso, o poema tinha muito maior importância, hoje usado quase que exclusivamente para fins artísticos. Na época também era passado devido a fácil memorização. É muito mais fácil lembrar a letra de uma música/poema na íntegra do que de um texto corrido. O segundo ponto importante de destaque do capítulo é nossa visão atual da divergência do mito e do logos tal como da religião com a filosofia. O autor pontua uma interessante lógica de valor moral do mito e do logos, sob uma ótica da disputa de poder. Pensando na filosofia que se apropria do logos em contraponto a religião que se apropria do mito. É lógico o discurso dos filósofos que afirmam a superação do logos sobre o mito, visto que esse é um discurso imbuído de uma disputa de poder entre a filosofia e a religião. Essa visão de divisão (logos x mito), é uma construção e perspectiva atual do nascimento da filosofia ocidental, não PÚBLICA necessariamente a perspectiva adotada pelos filósofos da Grécia antiga. Homero e Hesíodo A Ilíada e a Odisseia são as principais obras poéticas não apenas da Grécia Antiga, mas também mais influentes do ocidente. Cabe lembrar que diversas referências as obras ganharam significados inclusive do vocabulário do nosso dia a dia. Alguns exemplos são as expressões: “Tendão de Aquiles de alguém” é a fraqueza da pessoa. “Uma tarefa Hercúlea” é uma tarefa difícil que necessita força sobre humana. “Uma Odisseia” referido a um objetivo tem a conotação de algo muito demorado e difícil de se alcançar. Estes são apenas um tipo de situação que exemplifica a influência dessas obras na cultura ocidental. A arte da Grécia antiga vai ainda mais fundo na nossa cultura, atuando na visão que temos sobre saudade, o papel masculino e feminino, política, moral, ética etc. As obras mais influentes da Grécia Antiga são a Ilíada e a Odisseia, poemas (gigantes) escritos por Homero. Obs: Importante ressaltar que o livro Homero como indivíduo possivelmente não existiu, se acredita que essas obras foram escritas por mais de um autor, inclusive em épocas separadas a ao menos 200s anos, mas se mantem a classificação “poemas homéricos” quase como gênero de um período histórico- cultural. Outras duas outras importantes pontadas pelo livro são: Teogonia e Trabalhos e Dias. Ambos de Hesíodo, que hoje acreditam ter vivido no século VIII A.C. Importante ressaltar que essas obras são todas originarias da tradição oral grega, sendo posteriormente escritas. Os pais contavam a seus filhos as histórias em formas de poemas criando assim uma tradição oral educacional, tão arraigada na cultura grega, que Platão (Apesar de suas contrariedades aos artistas e poetas). Afirma que Homero era o maior educador da Grécia. Platão e os problemas da arte Há duas grandes vertentes dos escritos de Platão sobre as artes: 1- A mimesis 2- O entusiasmo Mas antes precisamos pontuar algumas das características dos escritos de Platão. Boa parte dos escritos de Platão foram feitos no formado de diálogos, e estes textos podem ser divididos em duas partes: os socráticos, estes apresentam ainda grande apego as ideias socráticas, tendo normalmente tendo o próprio Sócrates como personagem principal, além disso, não terminam com um fechamento/conclusão clara do tema em questão (também clamados de diálogos inconclusos). Obviamente, temos também os diálogos não socráticos, estes com características opostas aos socráticos, sendo mais conclusivos em relação a seus temas além de mais distantes da filosofia Socrática. Outra característica importante dos textos Platônicos é que eles recorrem frequentemente ao uso de mitos, para auxiliar na compreensão e entendimento de algum pensamento. Pode parecer um contrassenso, um filósofo que utiliza do logos para destituir o mito como forma de pensamento se utiliza do mito nos seus escritos. Temos uma distinção no sentido e significado do mito. Não temos aqui, o mito baseado na fé de forma a ele em si ser a explicação da realidade, mas sim o mito como uma construção hipotética irreal que auxilia a na compreensão de um conceito PÚBLICA real. O objetivo de Platão não é convencer quem lê o mito da caverna que aquilo realmente aconteceu, mas que essa pessoa extraia uma verdade/conceito daquele mito. O diálogo de Íon, é um desses diálogos socráticos de Platão. Íon é um grande ator de Atenas e conversa com Sócrates sobre o seu ofício de atuar. Basicamente no diálogo se levantam as questões da inspiração causada a outros pela atuação de Íon, se atuar é uma inspiração “divina” ou um conjunto de técnicas. Ao final Sócrates levanta a questão de que se interpretar é uma arte, a arte de atuar, e se todas as outras que ele interpreta também o são, tal como medicina, a guerra, Íon consegue mimetizar todas essas artes, quando Íon afirma que não consegue exercer esses ofícios. Sócrates então levanta a questão de que a atuação, poderia então ser apenas uma farsa ou fingimento, o que deixa Íon desconsertado. No diálogo de Íon é possível fundamentar e compreender melhor a posterior posição de Platão em relação aos artistas. Como dito anteriormente os dois pontos principais de Platão são: 1- A mimesis, basicamente a visão de que a arte é imitação da realidade, de certa forma o entendimento de Platão invalidando e diminuindo a importância (no sentido prático) na realidade. É possível também ver um paralelo ao mundo das ideias, se Platão busca as ideias e formas originais e a realidade já era uma cópia imperfeita dessas ideias. A arte seria uma cópia ainda mais imperfeitaprovinda de um molde já imperfeito, a realidade, chamando esse processo de degradação ontológica da mimesis. 2- O entusiasmo, embora questionasse a importância prática da arte na realidade. Platão não subestimava a sua influência sobre as pessoas principalmente os jovens. Atribuí a Homero o status de maior professor de Grécia antiga. Como dito anteriormente o concedia a ele o status mais influente na formação cultural da sociedade em que vivia justamente a um artista. Esse poder para ele era perigoso, principalmente quando se aplica a degradação ontológica da mimesis (natural ao processo artístico) a conceitos por ele considerados fundamentais a vida da polis, tal como a justiça. Além disso, Platão era defensor de uma sociedade especializada em que cada um deveria exercer seu papel de forma não intercambiável, ele era avesso a ideia de que alguém poderia exercer mais de uma dessas funções. Tudo isso leva Platão no livro X da república a sugerir a expulsão dos artistas e poetas da sociedade. Compreendido superficialmente a visão platônica das artes, não consigo deixar de terminar esse tópico levantando um questionamento. Sabendo das características de escrita de Platão, a construção de mitos e dos diálogos, sua posição e ofício como professor e fundador da academia. Não seria Platão também um artista? A poética de Aristóteles e seu legado Aristóteles diferente do seu mestre Platão, tem uma visão totalmente diferente das artes. Na visão Aristotélica tudo tem uma finalidade, temos um ciclo de causa e consequência, em um movimento eterno. Assim a arte assim como todas as outras coisas têm uma finalidade em si. A expressão artística mais influente na Grécia antiga era o teatro, e por isso é o PÚBLICA foco na filosofia de Aristóteles que a subdivide na comédia e na tragédia. Há um conjunto de escritos de Aristóteles, hoje compilados e chamados de “A poética”, o primeiro escrito dedicado a artes, especialmente como já dito ao teatro grego. Aristóteles dá mais importância a tragédia que a comédia, para ele a tragédia mimetizada o aspecto elevado humano, quando a comédia mimetizada os aspectos baixos. “Nessa mesma diferença divergem a comédia e a tragédia; esta os quer imitar inferiores e aquela superiores aos da atualidade”. Importante observar que talvez Aristóteles não buscava fazer um juízo moral de valor entre as duas formas, apenas se referisse a perspectiva da sua época, mas, ao mesmo tempo, produziu exatamente este efeito histórico e social no ocidente. Basta ver que por exemplo a dificuldade do reconhecimento de atores e filmes cômicos em ganhar premiações do cinema como o Oscar até os dias de hoje, o que evidência novamente a influência da filosofia Grega da Antiguidade até hoje na sociedade ocidental. Aristóteles não diverge de Platão em considerar a arte uma imitação (mimesis), entretanto isso não tem na sua filosofia uma conotação negativa. Ele justifica essa imitação como uma ação natural do ser humano, nós simplesmente gostamos de imitar e imitamos também a natureza, aprendemos a sorrir, a chorar, a fazer gestos, tudo por imitação. O teatro não é nada mais, nada menos do que uma expressão do que é ser um ser humano. Por isso não é à toa que a sociedade como um todo tende a valorizar mais expressões artísticas mais próximas da realidade. Quadros hiper-realistas são consideramos mais “artísticos” do que desenhos em quadrinhos por exemplo. Fica então a pergunta. Para que serve, e qual a finalidade da arte? Para Aristóteles a finalidade da arte era a catarse, sendo a catarse mais bem atingida pela tragédia. A catarse é um processo definido pelo Aristóteles em que ocorre quando quem exposto a arte, se identifica, vive, capta as emoções ali expressadas ao decorrer dessa experiencia vê nessa arte o expurgo dos males, e então expulsa também os seus próprios males. Falando grosso modo, a arte tem a capacidade de expulsar o mal interno das pessoas que se “perdem” nela. A catarse é justamente esse sentimento. A critério de curiosidade, mas que na minha concepção não tem tanta importância para o entendimento superficial aqui proposto sobre o tema. Aristóteles também busca organizar e identificar elementos que na concepção dele tornam uma tragédia uma “boa” tragédia. Também existem sistemas e organizações para melhor entender o teatro na Grécia antiga, o estudo de suas peças construção etc. Sendo que tal estudo foge ao objetivo geral do texto, por entrar mais a fundo do que o desejado no assunto, mas ser uma leitura recomendada para quem deseja se ambientar e compreender melhor tanto a cultura quanto o entendimento da época. Me limito aqui a dizer que para Aristóteles Édipo Rei era o ápice da tragédia grega.
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