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I Congresso Internacional de direito gênero e conexões

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Prévia do material em texto

Organizadoras: 
Rosângela Maria Herzer dos Santos 
Carolina Dutra Normey 
Claudia Sobreiro de Oliveira 
Lúcia Quevedo 
 
 
 
I CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO, 
GÊNERO E CONEXÕES 
Aproximando Direito e Justiça – Através de um 
olhar humanizado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2021 
 
 
 
Copyright © 2021 by Ordem dos Advogados do Brasil 
Todos os direitos reservados 
 
Organizadoras: 
Rosângela Maria Herzer dos Santos 
Diretora-Geral da ESA/OAB/RS 
 
Carolina Dutra Normey 
Coordenadora da Comissão da Mulher Advogada em Santana do Livramento 
 
Claudia Sobreiro de Oliveira 
Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OABRS 
 
Lúcia Quevedo 
Delegada da ESA de S. Do Livramento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jovita Cristina Garcia dos Santos – CRB/10ª -1517 
 
 
A revisão de Língua Portuguesa e a digitação, bem como os conceitos emitidos em 
trabalhos assinados, são de responsabilidade dos seus autores. 
 
Secção do Rio Grande do Sul 
Todos os direitos reservados 
Rua Manoelito de Ornellas,55 – Praia de Belas 
CEP: 90110-230 Porto Alegre/RS 
 
 
C759 
Congresso Internacional de Direito, Gênero e Conexões - Aproximando Direito e 
Justiça – Através de um olhar humanizado (1: 2019: Santana do 
Livramento, RS) 
Anais [ recurso eletrônica]/ 1º Congresso Internacional de Direito, Gênero 
e Conexões – Aproximando Direito e Justiça, 11 de out. em Santana do 
Livramento, RS. – Porto Alegre: OABRS, 2021. 156p. 
 
ISBN: 978-65-88371-05-3 
1. Direito – Gênero. 2.Violência de gênero no Brasil. 3. Congresso. 
I. Título 
347.156 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CONSELHO FEDERAL 
DIRETORIA/GESTÃO 2019/2021 
 
Presidente: Felipe Santa Cruz 
Vice-Presidente: Luiz Viana Queiroz 
Secretário-Geral: José Alberto Simonetti 
Secretário-Geral Adjunto: Ary Raghiant Neto 
 Diretor Tesoureiro: José Augusto Araújo de Noronha 
 
ESCOLA NACIONAL DE ADVOCACIA – ENA 
 
Diretor-Geral: Ronnie Preuss Duarte 
 
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL 
 
Presidente: Ricardo Breier 
Vice-Presidente: Jorge Luiz Dias Fara 
Secretária-Geral: Regina Adylles Endler Guimarães 
Secretária-Geral Adjunta: Fabiana Azevedo da Cunha Barth 
Tesoureiro: André Luis Sonntag 
 
ESCOLA SUPERIOR DE ADVOCACIA 
 
Diretora-Geral: Rosângela Maria Herzer dos Santos 
Vice-Diretor: Darci Guimarães Ribeiro 
Diretora Administrativa-Financeira: Graziela Cardoso Vanin 
Diretora de Cursos Permanentes: Fernanda Corrêa Osório, Maria Cláudia Felten 
Diretor de Cursos Especiais: Ricardo Hermany 
Diretor de Cursos Não Presenciais: Eduardo Lemos Barbosa 
Diretora de Atividades Culturais: Cristiane da Costa Nery 
Diretor da Revista Eletrônica da ESA: Alexandre Torres Petry 
 
CONSELHO PEDAGÓGICO 
 
Alexandre Lima Wunderlich 
Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira 
Jaqueline Mielke Silva 
Vera Maria Jacob de Fradera 
 
 
 
 
 
CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS 
 
Presidente: Pedro Zanette Alfonsin 
Vice-Presidente: Mariana Melara Reis 
Secretária-Geral: Neusa Maria Rolim Bastos 
Secretária-Geral Adjunta: Claridê Chitolina Taffarel 
Tesoureiro: Gustavo Juchem 
 
TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA 
 
Presidente: Cesar Souza 
Vice-Presidente: Gabriel Lopes Moreira 
 
CORREGEDORIA 
 
Corregedora: Maria Helena Camargo Dornelles 
 
Corregedores Adjuntos 
 Maria Ercília Hostyn Gralha, 
Josana Rosolen Rivoli, 
Regina Pereira Soares 
 
OABPrev 
 
Presidente: Jorge Luiz Dias Fara 
Diretora Administrativa: Claudia Regina de Souza Bueno 
Diretor Financeiro: Ricardo Ehrensperger Ramos 
Diretor de Benefícios: Luiz Augusto Gonçalves de Gonçalves 
 
COOABCred-RS 
 
Presidente: Jorge Fernando Estevão Maciel 
Vice-Presidente: Márcia Isabel Heinen 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO – Rosângela Maria Herzer do Santos e Carolina Dutra Normey 8 
PREFÁCIO - Lúcia Maria Quevedo ............................................................................ 10 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: O PERCURSO DA VIOLÊNCIA MORAL 
ATÉ O FEMINICÍDIO- Bianca Ayres Elguy e Edilacir Larruscain ........................ 11 
MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA E A HIPÓTESE 
CRIMINALIZADORA: REFLEXÕES NECESSÁRIAS- Cátia Conteratto Damo e 
Josiane Petry Faria ....................................................................................................... 16 
COMO SE ENCONTRA A ATUAL CONJUNTURA SOCIAL E 
ADMINISTRATIVA FRENTE À APURAÇÃO E ELUCIDAÇÃO DOS CASOS DE 
FEMINICÍDIO NO BRASIL PÓS ADVENTO DA LEI 13.104/15- Eduardo Vinhas 
Fagundes ........................................................................................................................ 31 
MULHER SUJEITO DE DIREITOS E VÍTIMA DE VIOLÊNCIAS NA LEI 
11.340/2006: DISCURSO QUE PRODUZ E NATURALIZA RELAÇÕES DE 
GÊNERO DESIGUAIS- Eliada Mayara Cardoso da Silva Alves – Elisama Maryan 
Cardoso da Silva Alves e DulceMari da Silva Voss ..................................................... 37 
NECESSIDADE DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS DA 
MAGISTRATURA FRENTE ÀS CAUSAS ENVOLVENDO A VIOLÊNCIA 
CONTRA AS MULHERES - Lucas Gonçalves Abad e Francine Nunes Ávila ...... 50 
A DESIGUALDADE DE GÊNERO NO CAMPO – UM RETRATO DE 
EXCLUSÃO DAS TRABALHADORAS NAS COMUNIDADES RURAIS 
TRADICIONAIS - Quélen Kopper e Francine Nunes Ávila ..................................... 64 
UMA ANÁLISE DO FEMINICÍDIO E SUA REPERCUSSÃO NA COIBIÇÃO DA 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA- Beatriz Lagreca Schmidt, Denise Tatiane Girardon dos 
Santos e João Batista Monteiro Camargo .................................................................... 75 
DIREITO PENAL INFORMÁTICO: VIOLÊNCIA CONTRA AMULHER NA 
INTERNET DOS PAÍSES DO MERCOSUL - Manoela Chalá da Silva Milan ...... 88 
VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO BRASIL E A LEI MARIA DA PENHA: 
AVANÇOS E RETROCESSOS - Marli Marlene Moraes da Costa e Maria Victória 
Pasquoto de Farias ........................................................................................................ 95 
O FEMININO E A MORTE NA CULTURA: REFLEXÕES SOBRE O 
FEMINICÍDIO NO BRASIL - Natália Centeno Rodrigues e Rodrigo Fernandes 
Teixeira ........................................................................................................................ 105 
 
 
 
TRÁFICO INTERNACIONAL DE MULHERES PARA FINS DE EXPLORAÇÃO 
SEXUAL NO BRASIL - Paloma Souza dos Santos; Denise Tatiane Girardon dos 
Santos e João Batista Monteiro Camargo ................................................................. 117 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NEGRA: ESTUDO CRÍTICO DA LEI 
MARIA DA PENHA A PARTIR DA EPISTEMOLOGIA DECOLONIAL - Thais 
Bonato Gomes .............................................................................................................. 131 
Anexo - FOTOS: I CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO, GÊNERO E 
CONEXÕES ................................................................................................................ 144 
 
 
 
8 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Em novembro de 2019, na cidade de Santana do Livramento foi realizado o "I 
CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO, GÊNERO E CONEXÕES", 
promovido pela Escola Superior da Advocacia, em parceria com a OAB - Subseção de Santa 
do Livramento e a Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil - 
Seccional do Rio Grande do Sul. 
 
 A iniciativa deste E-book nasceu após a seleção dos artigos apresentados durante o "I 
Congresso Internacional de Direito, Gênero e Conexões", que dentre seus objetivos buscou 
enaltecer a aproximação do Direito e Justiça, através de um olhar humanizado, e promover a 
reflexão da temática escolhida considerando as realidades da região da fronteira do Brasil, com 
painelistas brasileiros, e convidados da Argentina, Paraguai e Uruguai. 
 
 Agradeço aos organizadores do e-book: Carolina Dutra Normey, Claudia Sobreiro de 
Oliveira e Lúcia Quevedo e os autores: Bianca Ayres Elguy, Edilacir Larruscain,Cátia 
Conteratto Damo, Josiane Petry Faria, Eduardo Vinhas Fagundes, Eliada Mayara Cardoso da 
Silva Alves, Elisama Maryan Cardoso da Silva Alves, Dulce Mari da Silva Voss, Lucas 
Gonçalves Abad, Francine Nunes Ávila, Quélen Kopper, Francine Nunes Ávila, Beatriz 
Lagreca Schmidt, Denise Tatiane Girardon dos Santos, João Batista Monteiro Camargo, 
Manoela Chalá da Silva Milan, Marli Marlene Moraes da Costa, Maria Victória Pasquoto de 
Farias, Natália Centeno Rodrigues, Rodrigo Fernandes Teixeira, Paloma Souza dos Santos; 
Denise Tatiane Girardon dos Santos, João Batista Monteiro Camargo, Thais Bonato Gomes. 
 
Rosângela Maria Herzer dos Santos 
Diretora-Geral da Escola Superior da Advocacia 
Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional do Rio Grande do Sul 
 
 
 Foram meses de organização, trabalho, muito esforço para conseguir chegar no nosso 
objetivo maior, realizar um Congresso Internacional que tratasse de assuntos tão relevantes 
como foram tratados na nossa Fronteira. Digo isso porque nossa Região está a exatos 500km 
da Capital Porto Alegre, local onde a ESA juntamente com Comissões da OAB Seccional 
semanalmente realizava antes da pandemia grandes cursos e eventos, atualmente estes eventos 
vêm sendo supridos com excelência pelos cursos e eventos no modo virtual. 
 
 Trouxemos palestrantes do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, todos dispostos a 
discutir temáticas de extrema importância não só para as mulheres mas para a sociedade como 
um todo, pois a Violência contra a mulher adoece não só a vítima direta, mas todo o seu núcleo 
familiar. 
 
Foram 03(três) painéis, o primeiro tratou sobre o Feminicídio: o ápice da Violência 
Doméstica, que contou com a Dra. Fabiana Otero representando o Brasil; a Dra. Nedy Dávila 
representando o Uruguai e a Delegada Tatiana Bastos também do Brasil. O segundo painel teve 
como temática Maria da Penha: Políticas Públicas e a aplicabilidade no combate a Violência 
Doméstica e foram ouvidas a Dra. Luciana Teixeira representando o Brasil; o Oficial Ádans 
Fabian e a Dra. Veronica Bujarin ambos do Uruguai assim como a Dra Adriana Torrente vinda 
9 
 
 
diretamente da Argentina. Por fim o terceiro painel tratou sobre Direito Penal Informático: 
Violência Contra a Mulher na internet nos países do Mercosul, e tivemos a oportunidade de 
ouvir o Dr. Spencer Sydow trazendo a visão do Brasil, o Dr. Mario Spangenberg expondo suas 
considerações quanto ao Uruguai e a Dra. Rocío Riquelme que fez seu contraponto desde sua 
realidade Paraguaia. 
 
Como o objetivo principal era trazer visões de distintos Países sobre um mesmo tema, 
e buscar um olhar humanizado quanto a estas questões tão relevantes, o Congresso foi encerrado 
com uma bela fala sistêmica da Dra. Ana Carolina Lisboa, que nos brindou com a palestra Visão 
Sistêmica em relação à violência contra a Mulher. 
 
Cabe a mim fazer das palavras da Dra. Rosângela as minhas quanto aos agradecimentos, 
pois nenhum evento desta dimensão seria um sucesso como foi sem a colaboração de uma 
grande equipe. Porém preciso agradecer imensamente às minhas colegas de Comissão da 
Mulher Advogada de Santana do Livramento que deixaram de atender seus escritórios, famílias 
para que tudo saísse perfeito. Da mesma forma agradeço ao nosso Presidente Dr. Glenio 
Cardoso Lopes que sempre acreditou no trabalho da Comissão, nos dando todo apoio e toda a 
sua confiança na realização deste Congresso. 
 
A partir deste Congresso, surge o presente E-book, sendo este um compilado de 
trabalhos excelentes selecionados para proporcionar uma leitura de assuntos pontuais dentro 
dos temos trazidos no Congresso assim como uma forma de eternizar este grande Evento que 
com certeza teve como diferencial a proximidade entre os que lá se fizeram presentes, 
palestrantes, convidados, colegas de outras subseções e países assim como os congressistas, 
alcançando nosso objetivo final: falas enriquecedoras, trocas de realidades e um olhar 
humanizado sobre as questões lá discutidas. 
 
Carolina Dutra Normey 
Secretária-geral da Subseção de Santana do Livramento 
Coordenadora da Comissão da Mulher Advogada da Subseção de Santana do Livramento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
PREFÁCIO 
 
Honra-me sobremaneira prefaciar esta obra digital que reúne os trabalhos científicos 
apresentados no I Congresso Internacional de Direito, gênero e conexões, por diversos motivos 
e sentimentos mas, principalmente pela oportunidade de proporcionar o leitor a leitura de textos 
produzidos por jovens pesquisadores jurídicos que debruçam seus estudos sobre temáticas 
relevantes e pulsantes no mundo no que diz respeito a violência de gênero, desigualdades, 
necessidades de atualização da visão da sociedade quanto a presença e atuação das Mulheres 
na engrenagem social. 
 
O Congresso foi pensado, idealizado e realizado por um grupo de Advogadas que 
compõem a Comissão da Mulher Advogada da subseção da OAB de Santana do Livramento, 
com o apoio da Comissão da Mulher Advogada da seccional do Rio Grande do Sul, OAB/RS e 
da Escola Superior de Advocacia da OAB/RS. Um evento internacional, de grande porte que 
proporcionou inigualáveis momentos de troca de experiências, de aprendizados e sobretudo de 
reflexão, em um ambiente de alto nível técnico e muito calor humano. 
 
Coroando o Congresso, ilustrando as temáticas trabalhadas, a organização do evento foi 
agraciada com a submissão de excelentes trabalhos científicos, frutos de pesquisas e dedicação 
de alunos acadêmicos e profissionais da área jurídica, estes trabalhos estão dispostos nesta obra 
para que o leitor possa, lendo estes textos, sentir-se inserido no contexto de conhecimento e 
reflexão que aqueles que puderam presenciar o Congresso estiveram emergidos. 
 
Esta obra deve ser consumida levando-se em conta a riqueza e diversidade das 
contribuições ao nosso conhecimento, prestadas por cada autor. 
Assim, é possível realizar a leitura de textos que abordam situações pontuais e muito bem 
elaboradas dentro do universo da violência contra a mulher, e ainda ser provocado a analisar 
aspectos culturais e a necessidade do aprimoramento de um sistema de coibição dos 
feminicídios. 
 
Estamos diante de uma coleção de trabalhos que foge da análise trivial da temática e 
surpreende ao tratar da desigualdade de gênero no âmbito do trabalho rural, da violência 
praticada no mundo virtual contra as mulheres, e de forma necessária no cenário atual, a 
violência enfrentada pelas mulheres negras. 
 
De maneira alguma escapa do escopo e análise dos nossos escritores um olhar crítico 
formador de opiniões acerca do sistema normativo atual, a proficuidade destas medidas, as 
imperfeições apontadas pelo desenvolvimento prático do sistema de proteção ao gênero. 
 
Esta obra demonstra seu valor pela verticalização dos temas, pela abertura do horizonte 
intelectual que proporciona e pela força representativa e emblemática que fornece ao ilustrar de 
forma técnica e científica um trabalho extremamente bem-sucedido, e elaborado pelo grupo de 
organizadoras do I Congresso Internacional de Direito, gênero e conexões. 
 
 
Lúcia Maria Quevedo 
Delegada da ESA OAB/RS – Subseção de Santana do Livramento – RS. 
 
 
11 
 
 
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: O PERCURSO DA VIOLÊNCIA MORAL ATÉ 
O FEMINICÍDIO 
 
Bianca Ayres Elguy1 
Edilacir Larruscain2 
 
Resumo: O direito protecional das mulheres foi ampliado nos últimos 30 anos em nosso país, 
como por exemplo com a criação da Lei Maria da Penha é a inclusão do feminicídio como 
agravante no crime de homicídio. 
Contudo, o que está cada vez mais notável e em aumento de exposição na mídia é a violência 
contra a mulher, da qual infelizmente na maioria dos casos, é envolta da morte da vítima, 
resultante do seu âmbito de relações íntimas e em seu lar, e na maioria das vezes, pelo seu 
companheiro. 
 Isto se deve ao fato de que a cultura que nos foiimposta é em sua grande parte machista, onde 
os homens decidem e governam tudo, e esta ideia infelizmente é transmitida para a relação com 
a mulher, onde seu companheiro deseja decidir as suas roupas, suas amizades, seus locais de 
convívio social e até mesmo seu comportamento, e quando isso não é obedecido, surgem as 
agressões. 
Tais agressões são consideradas mascaradas, pois começam de modo sutil, onde geralmente 
após acontecerem, o agressor se demonstra arrependido, a vítima se envolve nessa relação 
abusiva, não vê a real gravidade da situação e não conta para ninguém o que está acontecendo. 
Contudo, é que o agressor não muda, pelo contrário, e na maioria dos casos, aumenta o número 
de agressões até resultar na morte da mulher. 
 
Palavras-chave: Feminicídio. Violência. Leis Protetivas. 
 
INTRODUÇÃO 
O Brasil vem demonstrando grandes avanços em relação aos direitos para as mulheres. 
No século XX, e especialmente nas últimas décadas, as mulheres conquistaram o direito ao 
voto, divórcio, uso de contraceptivos, educação, trabalho e equiparação salarial entre os 
gêneros. 
No âmbito jurídico protecional, em 1985 foi criado o Conselho Nacional dos Direitos 
da Mulher, subordinado ao Ministério da Justiça, com intenção da eliminação da discriminação 
e aumento da participação das mulheres na política, economia e cultura, em 2006 entrou em 
vigor a Lei n° 11.340 (Maria da Penha), criando mecanismos para coibir a violência doméstica 
e familiar contra a mulher e em 2015 foi criada a Lei n° 13.104, onde altera o art. 121 do 
Decreto-Lei n° 2.848 de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância 
 
1 Estudante do curso de Direito/ 5º semestre. Campus Universitário de Santana do Livramento. Urcamp. 
2 Orientador. Professor do Campus Universitário de Santana do Livramento. Urcamp. 
12 
 
 
qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1° da Lei n° 8.072 de 1990, para incluir o 
feminicídio no rol dos crimes hediondos. 
No entanto, o que insiste em existir, é a violência contra a mulher, em sua grande parte 
na área doméstica, gerada por quem mais devia lhe amparar. O seu esposo, companheiro, 
namorado, irmão ou pai, enfim, qualquer indivíduo que possua um vínculo afetivo ou um 
convívio com a vítima, onde na maioria dos casos, após um ciclo vicioso de agressões e 
demonstrações de um falso arrependimento e promessas de mudanças do agressor, acaba em 
feminicídio. 
DESENVOLVIMENTO 
Toda semana são expostas nas mídias e veículos de comunicação notícias sobre novos 
casos de feminicídio, onde mulheres são mortas de forma extremamente violenta e com falta 
de piedade. O que se repete nesses casos, geralmente, é que o autor do crime sempre é o mesmo, 
o companheiro da vítima que não aceita o fim de um relacionamento repleto de agressões, e 
num ato machista de possessividade e irracionalidade, envolvendo algumas vezes álcool ou 
drogas, tira a vida da sua companheira. 
No dia 15 de maio deste ano, foi divulgada nos jornais do Estado do Rio Grande do 
Sul, e entre esses, no portal de notícias Gaúcha ZH 3(SCUR e MARTINS, 2019), que após um 
ano de desaparecimento, o corpo de uma mulher é encontrado enterrado em sua própria casa na 
cidade de Dom Pedrito, e o suspeito, no qual já se encontra preso, é o seu próprio companheiro. 
Casos assim, infelizmente estão sendo comuns e cotidianos de serem relatados, 
levando assim ao questionamento de por que mesmo com a criação de leis punitivas, homens 
ainda insistem, com seu sentimento de posse e superioridade, em violentar e até mesmo 
assassinar suas companheiras. 
A Lei Maria da Penha 4(BRASIL, 2006) define entre outras, que são formas de violência 
doméstica e familiar contra a mulher: 
a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou 
saúde corporal; a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe 
cause dano emocional e diminuição da autoestima (...) ou que vise sua degradação; a 
violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a 
manter ou a participar de relação sexual não desejada (...); que a induza a 
comercializar ou a utilizar (...) a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer 
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à 
prostituição, (...) ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e 
reprodutivos; a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que 
 
3 (SCUR e MARTINS: 2019) 
4 (BRASIL: 2006) 
13 
 
 
configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, (...) 
destinados a satisfazer suas necessidades e a violência moral, entendida como 
qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Porém mesmo com esta ampla definição, a prevenção e o combate são difíceis, já que 
esta é uma violência mascarada, onde começa com pequenos empurrões ou puxões de cabelo, 
controles de ações e xingamentos e se desenvolve com tapas, socos, relações sexuais forçadas, 
restrição de liberdade e controle de comunicação com o resto das pessoas. 
Todavia entre essas ações existem boas práticas do agressor como a promessa de 
mudança ou a entrega de presentes para se mostrar arrependido, o que após algum tempo, 
sucede em agressões de maior grau de violência, alcançando a morte da mulher. 
A vítima está tão envolvida e enganada, que não enxerga as atitudes violentas que lhe 
são impostas, se ilude com as palavras e demonstrações de carinho após a agressão, se ilude de 
que seu agressor irá mudar e não expõe para ninguém o que está acontecendo, o que gera uma 
sensação de poder em seu agressor e fazendo com que as suas agressões sejam ocultadas e 
aumentadas. 
Essas situações são comuns e mais frequentes do que se possa imaginar, já que a vítima, 
que pode ser uma colega de trabalho, de faculdade, um familiar ou uma vizinha, oculta as 
agressões sofridas na ilusão de que elas não se repetiram, porém, infelizmente, na maioria dos 
casos, elas só aumentam, chegando no final fatal, sua morte. 
De acordo com o assunto, Carmen Hein de Campos, menciona no livro Feminicídio 
#InvisibilidadeMata 5(in PRADO e SANEMATSU, 2017) que: 
O feminicídio é a ponta do iceberg. Não podemos achar que a criminalização do 
feminicídio vai dar conta da complexidade do tema. Temos que trabalhar para evitar 
que se chegue ao feminicídio, olhar para baixo do iceberg e entender que ali há uma 
série de violências. E compreender que quando o feminicídio acontece é porque 
diversas outras medidas falharam. Precisamos ter um olhar muito mais cuidadoso e 
muito mais atento para o que falhou (p. 13) 
 
 
Medidas criminalizadoras servem mais para que após a conduta incorreta tenha sido 
realizada, alguma providência seja tomada. Contudo é que evitar e educar a sociedade para que 
a violência contra mulher não seja realizada, é mais racional do que punir após o crime ter sido 
realizado, já que a cultura que nos é imposta é de que em briga de marido e mulher não se mete 
a colher e que está tudo bem um casal viver em uma relação de constante violência. 
 
5(in PRADO e SANEMATSU : 2017) 
14 
 
 
Como afirma Wânia Pasinato (in PRADO e SANEMATSU, 2017): 
 
É preciso entender definitivamente que, quando há violência contra uma mulher nas 
relações conjugais não se trata de ‘crime passional’. “É uma expressão que temos que 
afastar do nosso vocabulário, porque essa morte não decorre da paixão ou de um 
conflito entre casais. Ela tem uma raiz estrutural e tem a ver com a desigualdade de 
gênero. (p.16) 
 
A desigualdade de gênero vem sendo combatida com políticas públicas de igualdade 
entre homens e mulheres, contudo ainda há muito o que se conquistar. E para isso existe um 
movimentoque está lutando para que mulheres continuem conquistando o espaço e o respeito 
de homens em uma sociedade em sua maioria machista, o feminismo. Esse movimento, que se 
torna tão necessário em nosso cenário, já que a violência e o desrespeito contra as mulheres, 
principalmente em suas relações intimas, decorrentes de um abuso e de uma manipulação, 
mesmo com o passar dos anos e as medidas preventivas que não amedronta homens, somente 
aumenta em dados estáticos e denúncias. 
O sentimento de posse do homem sobre a mulher, é imposto na cultura machista 
brasileira, onde homens são criados num sistema patriarcal, muitas vezes em ambientes 
familiares em que os maridos podiam fazer o que desejavam com suas esposas, inclusive em 
frente aos filhos. O problema maior é que esses homens crescem acreditando, em uma parte, 
que tal sentimento seja normal e que podem governar o que sua ex ou atual companheira deve 
vestir, agir, seus gostos, gastos e usos, suas amizades e obrigar a manter relações sexuais e 
afetivas, e caso isso não seja realizado, ele não aceita e violenta, agride, tortura, estupra, 
estrangula e mata. Fazendo assim, com que o Brasil, possua os maiores índices de feminicídio 
do mundo. 
Muito já se foi feito para proteger mulheres contra agressões e assassinatos, contudo o 
caminho para a dignidade, o respeito e a valorização ainda é grande a ser conquistado. 
A denúncia da violência sofrida é o único caminho para preservar e afastar da vida um 
companheiro agressivo, e é melhor sofrer pelo fim de um relacionamento abusivo por um tempo 
do que eternamente por marcas físicas e psicológicas que poderiam ainda sim ser piores, como 
a própria morte. 
 
CONCLUSÃO 
Levando em conta todos os fatos mencionados, é imprescindível que todos se 
conscientizem de que é inaceitável que mesmo após tantos avanços sociais, o desrespeito e a 
violência contra a mulher insistam em existir em milhares de casos, que a mulher aceite viver 
15 
 
 
amedrontada em um relacionamento abusivo, e não denuncie o que está passando, já que a 
denúncia é o único caminho para que a violência não fique impune. 
Mas acima de tudo, que jamais se aceite que a cultura machista se imponha sob o 
empoderamento feminino, fazendo assim, com que sonhos e famílias sejam destruídas, diante 
de um sentimento de posse e superioridade que teima em existir na mente de alguns homens 
em relação as mulheres. 
Nada disso aconteceria se todos seguissem o disposto no Art. 5º da Constituição Federal, 
onde diz que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, e reafirmado no inciso I, no qual menciona 
que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. 
O sexo feminino é capaz, é igual, merecedor e equivalente ao sexo masculino e isso 
precisa nos ser doutrinado com maior força e eficiência, já que estamos vivenciando tempos 
onde um grande político brasileiro já mencionou até que “mulher deve ganhar salário menor 
porque engravida”, demonstrando talvez um desprezo e desrespeito pelas mulheres. 
 
BIBLIOGAFIA 
SCUR, Noele e MARTINS, Cid. Após um ano desaparecida, corpo de mulher é encontrado 
enterrado em casa. Disponível em: 
<https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2019/05/corpo-de-mulher-e-encontrado-
enterrado-dentro-da-casa-do-ex-namorado-em-dom-pedrito-
cjvp3d0js04c101maqjmdl71y.html> Acesso em: 02 de junho de 2019. 
PRADO, Débora e SANEMATSU, Marisa (orgs.). Feminicídio #InvisibilidadeMata. Instituto 
Patrícia Galvão. São Paulo. 2017 
BRASIL. Lei n°. 11.340, de 7 de agosto de 2006.Lei Maria da penha. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13827.htm> Acesso em: 02 
de junho de 2019. 
 
https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2019/05/corpo-de-mulher-e-encontrado-enterrado-dentro-da-casa-do-ex-namorado-em-dom-pedrito-cjvp3d0js04c101maqjmdl71y.html
https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2019/05/corpo-de-mulher-e-encontrado-enterrado-dentro-da-casa-do-ex-namorado-em-dom-pedrito-cjvp3d0js04c101maqjmdl71y.html
https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2019/05/corpo-de-mulher-e-encontrado-enterrado-dentro-da-casa-do-ex-namorado-em-dom-pedrito-cjvp3d0js04c101maqjmdl71y.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13827.htm
16 
 
 
MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA E A HIPÓTESE CRIMINALIZADORA: 
REFLEXÕES NECESSÁRIAS 
 
 Cátia Conteratto Damo1 
Josiane Petry Faria2 
 
RESUMO: O presente estudo analisa as alterações produzidas no ordenamento jurídico 
brasileiro pela Lei n.13.641 de 03 de abril de 2018, a qual criminalizou o descumprimento de 
medidas protetivas aplicadas no âmbito da violência doméstica e familiar. O método de 
abordagem utilizado na pesquisa é o dedutivo. No desenvolvimento do presente trabalho, são 
conceituadas as medidas protetivas, os crimes de menor potencial ofensivo, a prisão preventiva 
e a fiança policial e, posteriormente, analisadas as controvérsias previstas no artigo 24-A, quais 
sejam, se o artigo prevê crime tipificado com aplicação da Lei dos Juizados Especiais e se a 
proibição de fiança policial é constitucional. Por ser a Lei Maria da Penha um instituto criado 
para proteger a mulher em situação de violência doméstica ou familiar, a Lei n. 9.099 de 26 de 
setembro de 1995 não é aplicável ao crime de descumprimento de medidas protetivas, e a fiança 
somente pode ser fixada pelo juiz. 
 
Palavras-chave: Fiança policial. Lei dos juizados especiais criminais. Medidas protetivas de 
urgência. 
 
1 A NECESSIDADE DA CRIMINALIZAÇÃO DO DESCUMPRIMENTO DAS 
MEDIDAS PROTETIVAS 
 
Ao questionar a violência doméstica contra a mulher no ambiente familiar no Brasil, 
leva-se em conta uma série de fatores culturais, históricos e religiosos que colaboraram para as 
reiteradas práticas dessa ação. Com o passar dos anos, muitos movimentos feministas mudaram 
esse contexto de submissão. Mas a sociedade ainda cultiva valores que incentivam a violência 
contra as mulheres.3 Silvia Federici, ativista feminista ítalo-estadunidense, uma das 
impulsionadoras das campanhas que começaram a reivindicar um salário para o trabalho 
doméstico, realizado pelas mulheres sem nenhuma retribuição, sustenta que “[...] algumas das 
 
1Especialista em Ciências Criminais e graduada pela Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil. 
Advogada e Servidora Pública. E-mail: caticonteratto@gmail.com.br. 
2Vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/RS, subsecção Passo Fundo. Possui pós-
doutoramento no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Rio Grande. Doutora pela Universidade 
de Santa Cruz do Sul. Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Direito da Universidade de Passo 
Fundo PPGDireito UPF. Conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIM). Coordenadora 
do Programa de Extensão universitária PROJUR Mulher e Diversidade. Membra do Conselho Editorial do 
CONPEDI. Coordenadora do grupo de pesquisa Dimensões do Poder, Gênero e Diversidade do PPGDireito, Linha 
de pesquisa Relações Sociais e Dimensões do Poder, com ênfase em ciências criminais, gênero, relações de poder, 
diversidade e direitos humanos. Advogada. E-mail jfaria2@upf.br. 
3RESENDE, Gisele Lira; VASCONCELOS, Claudivina, Campos. Violência Doméstica: A Aplicabilidade e 
Eficácia das Medidas Protetivas como Instrumento de Prevenção e Combate à Reincidência na Comarca de Barra 
do Garças-MT. Revista Direito em Debate. Jan/jun, 2018. p. 119. Disponível em: 
<https://doi.org/10.21527/2176-6622.2018.49.117-137>. Acesso em: 2019. 
17 
 
 
questões pelas quais o antigo movimento das mulheres batalhava ainda estão em aberto, que de 
fato não ultrapassamosa montanha [...]”. Defendia que a luta pela reivindicação dos direitos 
das mulheres deveria ser contínua e bem sucedida, para reconstruirmos a sociedade.4 
A Lei Maria da Penha não possui caráter repressivo, mas sim visa à proteção e à 
assistência à mulher em situação de violência. Stela Valéria Soares de Farias Cavalcanti, ao se 
manifestar sobre o tema, sustenta que a Lei prevê mecanismos de prevenção, políticas públicas 
de cunho educacional e de assistência às vítimas, e que sua criação não teve a intenção de punir 
mais severamente os agressores dos delitos domésticos.5Essa Lei se diferencia pela criação de 
medidas protetivas de urgência, que são medidas cautelares, instrumentos legais 
disponibilizados para que a vítima recorra à justiça de forma rápida, por isso o caráter urgente, 
e consiga providências que cessem de imediato as agressões, sejam elas de qualquer natureza. 
Estudo realizado pelo Conselho Nacional de Justiça no ano de 2017 demostrou que o 
Poder Judiciário Brasileiro homologou 194.812 medidas em 2016, e 236.641 medidas em 2017, 
um aumento de 21% no período. Apontou-se uma média diária de 648 medidas protetivas de 
urgência no ano de 2017, ou seja, um caso de violência doméstica foi comunicado num período 
inferior a três minutos. Ainda segundo a pesquisa, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul 
expediu a maior quantidade de medidas em números absolutos: cerca de 38.604.6 
Diante da necessidade foi inserido na Lei Maria da Penha tipo penal específico para 
punir a desobediência a decisões judiciais, que impõe medidas protetivas de urgência, o 
chamado crime de descumprimento de medidas protetivas, criado pela Lei n. 13.641 de 03 de 
abril de 2018. 
A Egrégia Corte do Superior Tribunal de Justiça possuía orientação jurisprudencial de 
que “[...] o descumprimento da decisão que impõe medida protetiva de urgência prevista na Lei 
n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) é a decretação de prisão preventiva e não a imputação do 
crime de desobediência [...]”7. O Tribunal possuía entendimento consolidado de que o 
 
4MORAES, Alana; BRANT, Maria A.C. . Silvia Federici: “Nossa luta não será bem sucedida a menos que 
reconstruamos a sociedade”. SUR Revista internacional de Direitos Humanos. São Paulo, 2016. Disponível em: 
<https://sur.conectas.org/nossa-luta-nao-sera-bem-sucedida-menos-quereconstruamossoc iedade/>. Acesso em: 
03 ago. 2019. 
5CAVALCANTI, Stela Valéria Soares de Farias. Violência Doméstica: Análise da Lei “Maria da Penha”, nº 
11340/06. 4. ed. Bahia: JusPodivm, 2012. p. 202. 
6BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. O Poder Judiciário na aplicação da Lei Maria da Penha. 2018. 
Disponível em:<http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2018/06/2df3ba3e13e 
95bf17e33a9c10e60a5a1.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2019. 
7BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus n. 305.442, Quinta Turma Criminal Distrito Federal, DF, 
03 de mar. de 2015. Disponível em: < https://scon.stj.jus.br/SCON/>. Acesso em: 03 ago. 2019. 
18 
 
 
descumprimento não deveria ser imputado, mas que somente serviria de fundamentação para 
prisão preventiva. 
Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto8 afirmam que, diferentemente do 
posicionamento adotado pela Egrégia Corte, uma segunda corrente defendia que a conduta do 
agente que descumpria medida protetiva, configuraria o crime de descumprimento de medida 
protetiva. Relatam que o Enunciado 27 do Fonavid (Fórum Nacional de Juízes de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher) se manifestou nesse sentido. 
Alice Bianchini defende que a criminalização da conduta está em concordância com os 
objetivos trazidos pela Lei Maria da Penha. Afirma que, “[...] agora, resta discutir se foi correta 
a opção legislativa de criminalizar a conduta de descumprir medida protetiva de urgência e, 
superando tal questão e entendendo correta, se a pena está adequada. [...]”.9Referido diploma 
veio para preencher lacuna na Lei, em face da recorrente ocorrência de descumprimento de 
medidas protetivas pelos agressores, fragilizando o propósito da Lei, qual seja, de proteção a 
mulher vítima de violência. Antes mesmo do caráter repressivo, a Lei prevê a proteção e a 
assistência à mulher, a fim de que cesse o mais rapidamente possível a violência sofrida por ela. 
 
2 DA CONTROVÉRSIA TIPIFICAÇÃO DO DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS 
PROTETIVAS 
 
Com a edição da Lei n. 13.641, de 03 de abril de 2018, restou pacificada a discussão quanto à 
tipificação da desobediência. Porém, a referida Lei trouxe como pena, para o descumprimento 
de decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência, a de detenção, de três meses a 
dois anos, e prevê que, na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá 
conceder fiança. Essa questão vem dando margem a interpretações diversas. 
De um lado, há quem defenda, como, por exemplo, Samantha Braga Pereira e Michele 
Rocha Cortes Hazar, que, por ser a pena máxima cominada ao crime de descumprimento de 
medidas protetivas a de dois anos, são aplicáveis os institutos despenalizadores da Lei n. 9.099, 
de 26 de setembro 1995. Por outro lado, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto 
sustentam ser inaplicáveis tais disposições à conduta. 
Ainda, a nova Lei conferiu ao juiz a aplicação da fiança em caso de prisão em flagrante 
do agente que descumprir ordem judicial de medidas protetivas. Esse fato também gerou 
 
8CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência Doméstica: Lei Maria da Penha. Lei 
11340/2006. Comentada artigo por artigo. Salvador: Editora JusPodivm, 2019. p. 228. 
9BIANCHINI, Alice. O novo tipo penal de descumprimento de medida protetiva previsto na Lei 13.641/2018. 
Ago. 2018, p. 02. Disponível em: <https://professoraalice.jusbrasil.com.br /artigos/569740876/o-novo-tipo-penal-
de-descumprimento-de-medida-protetiva-previsto-na-lei1 3641-2018#_ftn4.> Acesso em: 29 ago. 2019. 
19 
 
 
discussões na doutrina, pois o artigo 32210 do Código de Processo Penal prevê que poderá ser 
concedida fiança pela autoridade policial para as infrações cuja pena privativa de liberdade 
máxima não seja superior a 4 anos, facultando a Lei a imposição de fiança somente pelo juiz, 
devendo, nesse tempo, o acusado ser levado à prisão. 
 
2.1 Aplicação da Lei n. 9.099/95 ao crime de descumprimento de medidas protetivas 
 
A Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, tipifica as infrações de menor potencial 
ofensivo os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não 
com multa. Prevê, para a configuração do crime, que esse tenha a pena prevista não superior a 
de dois anos, não se avaliando os demais elementos.11O procedimento é mais benéfico 
objetivando a reparação do dano sofrido pela vítima e a aplicação da pena não privativa de 
liberdade. Inclusive, o artigo 6912 da referida lei prescreve que não haverá prisão em flagrante 
e aplicação de fiança ao transgressor, mas sim será lavrado termo circunstanciado. 
 Diante desse conceito, surgiram discussões acerca da aplicação do instituto mencionado 
ao crime de descumprimento, previsto pela Lei n. 13.641 de 03 de abril de 2018, o qual impôs 
ao agressor penalidade máxima de dois anos e mínima de três meses. Predisse que para o 
descumpridor, quando preso em flagrante, não será possível a aplicação de fiança pela 
autoridade policial, mas sim pelo juiz, contrariando o que dispõe a Lei vigente. 
Luan Alisson S. Furucho e Juliana M. Morotti13 defendem que “[...] o sujeito passivo 
do crime é suscetível de divergências na doutrina, tendo em vista que o mesmo é, 
primariamente, a administração da justiça e, secundariamente, a vítima de violência doméstica 
e familiar [...]”. Isso acaba por gerar dúvida sobre a aplicação da Lei do Juizados Criminais, em 
 
10Artigo322 do Código de Processo Penal: “A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de 
infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Parágrafo único. Nos demais 
casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas”. 
11 PEREIRA, Samantha Braga; HAZAR, Michele Rocha Cortes. As controvérsias do crime de descumprimento 
de medidas protetivas da Lei Maria da Penha. Revista de Direito Penal, Processual e Constituição. Porto Alegre. 
v. 4, p. 81 – 9, jul/dez 2018, p. 89. 
12Artigo 69 da Lei 9099/95: “A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as 
requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for 
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em 
flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de 
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima”. 
13FURUCHO, Luan Alisson Seiji; MOROTTI, Juliana Midori. A nova lei de crime de descumprimento das 
medidas protetivas: as repercussões trazidas à Lei Maria da Penha. III Colóquio Nacional de Estudos de Gênero 
e História: Epistemologias Interdições e Justiças Sociais. jun. 2018, p. 6. Disponível em: 
<http://www.seti.pr.gov.br> Acesso em: 08 ago. 2019. 
20 
 
 
face da consumação do crime de descumprimento de medidas protetivas ocorrer no momento 
do inadimplemento de uma ordem judicial. 
Segundo Samantha Braga Pereira e Michele Rocha Cortes Hazar14, o sujeito ativo do 
tipo penal é o agressor a quem foram impostas as medidas protetivas e, como sujeito passivo é 
o Estado, em razão do descumprimento ser de uma ordem judicial, sustentam que “[...]. Não se 
pode deduzir que descumprir a ordem judicial das medidas protetivas é um ato de violência 
direta contra a vítima [...]”. 
Em sentido contrário, o artigo 4115 da Lei Maria da Penha determina que, para os crimes 
praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, não se aplica a Lei n. 9.099 de 
26 de setembro de 1995. Referido artigo foi objeto de Ação Direta de Constitucionalidade n. 
19, a qual foi julgada procedente à unanimidade. 
Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto,16 ao se manifestarem sobre o tema, 
afirmam que haverá quem sustente a possibilidade de aplicação das medidas despenalizadoras, 
em virtude de a pena cominada ser inferior a dois anos e, também, que “[...] não se trataria, 
especificamente, de crime praticado com violência doméstica e familiar contra a mulher, mas 
sim de crime contra a Administração Pública, de forma que a vedação do artigo 41 da lei em 
análise, que impede a aplicação da Lei n. 9099/95, não incidiria nesse caso [...]”. Reforçam o 
seu posicionamento afirmando que são inaplicáveis as disposições da Lei dos Juizados 
Criminais ao crime de descumprimento de medidas protetivas. Sustentam que “[...] seria um 
verdadeiro contrassenso que uma inovação que tenha vindo – se imagina – em proteção a vítima 
de violência doméstica, pudesse admitir a imposição de medidas despenalizadoras [...]”. 
Para Marina Dias Marinho,17 também são inaplicáveis os benefícios da Lei n. 9.099 de 
26 de setembro de 1995, pelo fato de o novo crime estar inserido na própria “Lei Maria da 
Penha”, não sendo possível a substituição da pena por “cestas básicas”. 
Salienta-se, diante das posições trazidas, que o principal objetivo da criação de um tipo 
penal na Lei Maria da Penha é justamente resguardar a mulher e sua família, de maneira que se 
possa tentar conter o agressor, fazendo cessar de imediato a situação de violência. Entende-se 
 
14PEREIRA, Samantha Braga; HAZAR, Michele Rocha Cortes. As controvérsias do crime de descumprimento 
de medidas protetivas da Lei Maria da Penha. p. 86. 
15Artigo 41 Lei da 11340/06: “Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995”. 
16CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência Doméstica: Lei Maria da Penha. Lei 
11340/2006. Comentada artigo por artigo. p. 229/230. 
17MARINHO, Mariana Dias. O crime de desobediência na Lei Maria da Penha. Jun. 2018, p.1 Disponível em: 
<http://www.comunicacao.mppr.mp.br>. Acesso em: 29 jul. 2019. 
21 
 
 
que essas medidas fazem parte de todo um sistema de proteção estabelecido pela Lei Maria da 
Penha, que busca dar efetividade aos direitos humanos e a devida proteção às mulheres. 
Em uma análise de tipicidade, constata-se que o crime de descumprimento de medidas 
protetivas possui como sujeito passivo a Administração Pública, portanto, devendo ser aplicada 
a Lei dos Juizados Especiais Criminais, estando a previsão de imposição de fiança pelo juiz 
inadequada e inconstitucional. Porém, não teria sentido a criação de tal tipificação penal se não 
fosse para mudança na aplicação da concepção jurisprudencial criada pelos julgadores. Faz-se 
necessária uma interpretação jurídico-penal dos fenômenos. 
 Em razão de o legislador prever que a aplicação da fiança será somente pelo juiz, 
entende-se que é necessária uma análise sucinta de cada caso, pois o juiz pode aplicar medidas 
diversas da prisão preventiva. O cárcere não é a solução mais adequada para a resolução do 
conflito, podendo ser adotadas políticas de prevenção à violência, meios para atendimento 
psicológico à vítima e ao agressor, amparo à mulher para se tornar menos vulnerável à 
violência. Necessita-se de uma mudança de pensamento na sociedade, de que o gênero feminino 
é inferior ao gênero masculino. Uma mudança cultural é um dos principais fatores para diminuir 
os índices de violência. 
 
2.2 Da prisão em flagrante e da sua conversão em preventiva 
 
Único crime previsto na Lei Maria da Penha, o crime de descumprimento de medidas 
protetivas trata-se de crime próprio, podendo ser praticado por agressor que tem sobre si ordem 
judicial relacionada a delito cometido no âmbito doméstico e familiar. Muito se questiona sobre 
a possibilidade de decretação da prisão preventiva para assegurar o cumprimento das medidas 
protetivas. 
O Desembargador Rogério Gesta Leal, nos autos do processo de julgamento do Habeas 
Corpus n. 70077814101 defende que, por mais que a conduta praticada pelo agente seja 
gravosa, a prisão cautelar não se apresenta como a única medida suficiente para fins de 
preservação da vítima e acautelamento da ordem pública e social. Sustenta que “[...] a prisão 
preventiva somente pode ser decretada em casos excepcionais e estritamente necessários, 
notadamente levando em consideração o efeito negativo do cárcere e as influências próprias do 
ambiente prisional. [...]”.18 
 
18RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Habeas Corpus n. 70077814101, 4ª Câmara Criminal, Porto 
Alegre, RS, 14 de junho de 2018. Disponível em:<http://www.tjrs.jus.br>. Acesso em 02 ago. 2019. 
22 
 
 
Verifica-se, portanto, que a decisão do legislador foi equivocada, ao possibilitar a 
decretação da fiança somente pelo juiz. Justifica-se que cabe ao Delegado de Polícia lavrar o 
auto de prisão em flagrante delito (ou termo circunstanciado de ocorrência). Além de verificar 
a existência dos requisitos para a decretação da prisão preventiva do descumpridor da medida 
e, estando presentes, poderá não arbitrar a fiança e representar pela decretação da medida 
cautelar pessoal mais gravosa, qual seja, a prisão preventiva para garantir a execução das 
medidas protetivas de urgência, não sendo privada a liberdade do acusado até que a decisão 
judicial ocorra19. 
Diante dos posicionamentos acimareferidos, observa-se que o julgador deverá analisar 
os requisitos autorizadores da prisão preventiva, pois, não possuindo o autor antecedentes 
criminais e não revelada a sua periculosidade, outras medidas cautelares menos gravosas podem 
ser aplicadas em substituição à prisão preventiva. 
Em contraposição ao alegado, uma segunda corrente prega que a tipificação prevista no 
artigo 24-A da Lei n. 13.641 de 03 de abril de 2018, foi criada para assegurar eficácia à prisão 
preventiva. Para isso, previu a hipótese de prisão em flagrante do descumpridor de medidas 
protetivas e fiança apenas judicial, diferentemente do previsto na legislação penal para esse tipo 
de crime. 
Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto sustentam que, ao vedar a aplicação da 
fiança pela autoridade policial, está sendo garantida a aplicação do disposto no artigo 32420 do 
Código de Processo Penal, para possível conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva 
“[...] o legislador fez expressa referência a essa proibição, deixando clara sua opção e facilitando 
a tarefa do interprete [...]”.21 
Esse fato pode ser constatado por análise breve de jurisprudência do Tribunal de Justiça 
do Rio Grande do Sul, o qual vem se posicionando no sentido de ser aplicável a restrição da 
liberdade ao descumpridor de medidas protetivas. 
Nos autos do Habeas Corpus n. 70081845042, sustentou-se que a Lei n. 11.340, de 07 
de agosto de 2006, inseriu no ordenamento jurídico a possibilidade de segregação de cautelar, 
 
19LEITÃO JUNIOR, Joaquim Lopes; SILVA, Raphael Zanon da. A Lei nº 13.641/2018 e o novo crime de 
desobediência de medidas protetivas. abr. 2018, p. 2. Disponível em: <https://canalcienciascriminais.com.br>. 
Acesso em: 1º ago. 2019. 
20Artigo 324 do Código de Processo Penal: “Não será, igualmente, concedida fiança: I - aos que, no mesmo 
processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das 
obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; II - em caso de prisão civil ou militar; III - 
(revogado); IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312)”. 
21CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência Doméstica: Lei Maria da Penha. Lei 
11340/2006. Comentada artigo por artigo. p. 232. 
23 
 
 
ainda que em crimes de menor potencial ofensivo, como no caso analisado, em que, após 
deferidas as medidas protetivas em favor da vítima, o acusado a procurou, descumprindo as 
medidas impostas e a ameaçou de morte, por quatro vezes. Justifica-se que “[...] o objeto da 
referida lei consiste na prevenção dos crimes de violência doméstica, que geralmente ocorrem 
no seio familiar, sem a presença de testemunhas [...]”. No caso em análise, foi mantida a prisão 
do agressor para assegurar a aplicação da lei penal e a execução das medidas protetivas de 
urgência.22 
Note-se que o delito tipificado no artigo 24-A, ao prever a possibilidade de prisão em 
flagrante garante que, de imediato, aquele agressor devidamente intimado da decisão legal que 
o proíbe de se aproximar ou manter contato com a vítima seja cerceado do direito à liberdade. 
Isso para assegurar a eficácia do respeito e do atendimento que se deve à determinação judicial, 
que objetiva garantir à mulher o direito de viver sem violência. 
Como se observa, a nova lei não pacificou o tema relativo ao descumprimento de medida 
protetiva por parte do agressor, não havendo entendimento pacífico quanto ao rito 
procedimental a ser seguido. 
 
2.3 Aplicabilidade prática do crime de descumprimento de medidas protetivas 
 
A violação da previsão legal do artigo 24-A da Lei n. 13.641 de 03 de abril de 2018, não 
rara vezes pode seguir-se da prática de novos crimes contra a mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, ou seja, o companheiro quando viola as medidas protetivas de forma 
dolosa e ao mesmo tempo profere ameaças à ex-companheira. 
A alteração legislativa é recente, havendo poucos julgados na jurisprudência de 
aplicação do crime de descumprimento de medidas protetivas. Analisaram-se decisões dos 
Tribunais de Justiça do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo, nas quais o artigo 24-A da Lei 
n. 13.641 de 03 de abril de 2018 está sendo aplicado. Porém, alguns juízes “a quo” não estão 
aplicando a nova Lei. 
Na pesquisa de jurisprudência realizada, no período de 1º de janeiro de 2019 até 05 de 
setembro do mesmo ano, foram analisados os pedidos de Habeas Corpus do agressor que teve 
sua prisão em flagrante convertida em prisão preventiva. Também, observaram-se posições dos 
Tribunais quanto a apelações propostas por réu condenado ao crime previsto no artigo 24-A da 
Lei Maria da Penha. Foram analisadas quatorze decisões do Tribunal de Justiça do Espírito 
 
22RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Habeas Corpus n.70081845042, 3ª Câmara Criminal, Porto 
Alegre, RS, 25 de julho de 2019. Disponível em:<http://www.tjrs.jus.br>. Acesso em: 02 ago. 2019. 
24 
 
 
Santo e vinte e uma do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Os gráficos abaixo demostram 
os resultados das decisões analisadas: 
Gráfico 01. Resultado das decisões proferidas em pedidos de Habeas Corpus - RS 
 
Fonte: A autora, a partir de RIO GRANDE DO SUL, 2019. 
Gráfico 02. Resultado das decisões proferidas em pedidos de Habeas Corpus - ES 
 
Fonte: A autora, a partir de ESPÍRITO SANTO, 2019. 
Conforme demostra o Gráfico, 01 foram analisadas dezesseis decisões de habeas corpus 
proferidas pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Nelas, constatou-se que nove pedidos 
foram denegados e sete concedidos. Os últimos tiveram como fundamento a concessão do 
pedido, com determinação de soltura do réu por excesso de prazo; já os primeiros, para 
denegação da ordem de manter os réus presos por estarem presentes os requisitos autorizadores 
da prisão preventiva e essa ser necessária para assegurar proteção à vítima. 
Já, no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (Gráfico 02), em doze decisões analisadas, 
denegou à unanimidade as ordens de habeas corpus, fundamentando suas decisões no sentido 
de a prisão preventiva ser baseada nos requisitos autorizadores previstos no Código de Processo 
Penal e não se tratar de antecipação da pena. 
Nos Gráficos 03 e 04, demonstram-se decisões de apelações de réus condenados pela 
prática do crime previsto no artigo 24-A da Lei n. 13.641 de 03 de abril de 2018, nas quais por 
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Concedido
 Denegado
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
Habeas Corpus
0 2 4 6 8 10 12 14
Concedido
Denegado
Tribunal de Justiça do Espírito Santo
Habeas Corpus
25 
 
 
entendimento unânime dos desembargadores foram improvidos os pedidos dos recursos de 
apelação. Confirmando a aplicação prática da alteração legislativa. 
Gráfico 03. Resultado das decisões proferidas em sede de apelação - RS 
 
Fonte: A autora, a partir de RIO GRANDE DO SUL, 2019. 
Gráfico 04. Resultado das decisões proferidas em sede de apelação - ES 
 
Fonte: A autora, a partir de ESPÍRITO SANTO, 2019. 
Constatou-se que há divergência quanto ao entendimento dos referidos Tribunais no 
tocante à concessão de ordem de Habeas Corpus do preso preventivamente pela prática do crime 
de descumprimento de medidas protetivas. Os julgadores do Tribunal de Justiça do Espírito 
Santo não estão revogando as prisões preventivas decretadas, mesmo após alguns meses de 
privação de liberdade do agressor, sustentando que “[...] não se confunde a prisão preventiva 
com a antecipação da sanção a ser imposta ao coacto, pois aquela se ampara nos requisitos 
fumus ‘comissi delicti’ e ‘periculum libertatis’, não sendo possível, portanto, tratar sobre a 
legitimidade da constritiva com base em mera presunção. [...]”.23 
Já, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,após transcurso de prazo, está 
concedendo, em alguns casos, ordem de habeas corpus, por entender que, se punido, o acusado 
 
23ESPÍRITO SANTO. Tribunal de Justiça. Habeas Corpus n. 0015535-09.2019.8.08.0000, da Segunda Câmara 
Criminal. Des. Fernando Zardini Antonio. Espírito Santo, 14 ago. 2019. Disponível em: 
<http://aplicativos.tjes.jus.br>. Acesso em: 03 set. 2019. 
0 1 2 3 4 5 6
Improvida
Provida
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
Apelação
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Provida
Improvida
Tribunal de Justiça do Espírito Santo
Apelação
26 
 
 
teria a fixação do regime inicial de cumprimento de pena diverso do fechado ou semiaberto. 
Nos autos da ação de medidas protetivas de urgência n. 70081842114, julgada pela Terceira 
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, foi relaxada a prisão preventiva 
de acusado de descumprimento de medidas protetivas, pelo excesso de prazo, em decorrência 
de o réu estar preso há seis meses sem ter havido decisão judicial.24 
Ainda, nos autos do processo n. 70081553067, o órgão ministerial interpôs recurso em 
sentido estrito contra decisão do juízo da Comarca de Júlio de Castilhos que, durante audiência 
de custódia, não converteu a prisão em flagrante do acusado de descumprir medidas protetivas 
de urgência, em preventiva. O juiz “a quo” entendeu haver dúvidas sobre a ocorrência do fato, 
em decorrência de o acusado ter apresentado defesa. O Desembargador Joni Victória Simões, 
ao julgar o recurso, sustentou que, pelos fatos relatados, e em análise ao caso concreto, 
inexistiam elementos concretos e atuais que demonstrassem a necessidade da medida do 
cárcere.25 
Cabe ressaltar, também, que, nos autos do julgamento da Ação Penal n. 0005616-
85.2018.8.08.0014, da Terceira Vara Criminal de Colatina, o julgador Marcelo Feres 
Bressanapresentou voto embasando sua decisão de não incidência das penas descritas no artigo 
24-A da Lei Maria da Penha, no princípio da consunção, sob o argumento de que o referido tipo 
penal seria apenas o meio utilizado para a prática do novo crime contra a mulher, que no caso 
foi o delito de ameaça.26 
Referida sentença foi objeto de ação penal pública promovida pelo Ministério Público 
do Estado do Espírito Santo. Claudia Regina dos Santos Albuquerque Garcia, coordenadora do 
Núcleo de Enfrentamento as Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres, ao 
realizar estudo sobre o caso se manifesta no sentido de que 
 
[...] o reconhecimento da adequação do princípio da consunção se configuraria em 
verdadeira desconsideração do tipo penal do artigo 24-A, que diferente do alegado, é 
delito autônomo e independente, que não tem seu fim em novo crime praticado contra 
a mulher [...].27 
 
24RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Habeas Corpus n. 70081842114, 3ª Câmara Criminal do Tribunal 
de Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 25 de julho de 2019. Disponível em: < 
https://www.tjrs.jus.br/site/busca-solr/index.html?aba=jurisprudencia>. Acesso em 08 ago. 2019. 
25RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Habeas Corpus n. 70081553067, 2ª Câmara Criminal do Tribunal 
de Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 27 de junho de 2019. Disponível em: < 
https://www.tjrs.jus.br/site/busca-solr/index.html?aba=jurisprudencia>. Acesso em: 10 ago. 2019. 
26RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Medidas Protetivas de Urgência n. 0005616-85.2018.8.08.0014, 
3ª Vara Criminal de Colatina do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, Colatina, ES, 19 de março de 2019. 
Disponível em: <http://aplicativos.tjes.jus.br /consultaunificada/faces/pages/exibirDadosProcesso.xhtml>. Acesso 
em: 08 ago. 2019. 
27GARCIA, Claudia Regina dos Santos Albuquerque. Estudos Atuais. Núcleo de Enfrentamento às Violências 
de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres. Nov. 2018, p. 08. Disponível em: 
27 
 
 
Algumas decisões dos Tribunais analisados são contrárias ao entendimento 
jurisprudencial majoritário, que prevê ser aplicável a tipificação do crime de descumprimento 
ao descumpridor da ordem judicial que defere medidas protetivas. Mas, de modo geral, na 
pesquisa realizada, constatou-se que o dispositivo está sendo aplicado. Em recente decisão, a 
Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul negou provimento à 
apelação proposta pelo réu, sob o fundamento de que, apesar de ele estar intimado de medidas 
protetivas, foi até a residência da vítima por diversas vezes. Sustentaram os desembargadores 
que o fato de o acusado ter ido até a residência da vítima já consuma o crime, pois esse estava 
devidamente intimado das medidas, e no crime de descumprimento a consumação independe 
da prática de qualquer outro delito para sua consumação.28 
A violência contra a mulher é uma realidade constante. Em razão disso, o 
descumprimento de medidas protetivas de urgência não poderia ficar impune, pois suas 
consequências podem ser fatais. Por outro lado, o cárcere do agressor não irá resolver o 
problema. O sistema prisional brasileiro está fracassado e há necessidade urgente de mudanças. 
São necessárias políticas públicas que visem à reintegração dos detentos à sociedade e, 
consequentemente, a diminuição da violência e a reincidência. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente estudo verificou que a aplicação das medidas protetivas de urgência é 
necessária para a vítima de violência doméstica e familiar, pois são meios para assegurar o seu 
acesso rápido à Justiça, postulando providências para fazer cessar as agressões sofridas. Ainda, 
constatou-se que alguns doutrinadores defendem a aplicação dos institutos previstos na Lei n. 
9.009 de 26 de setembro de 1995 ao crime de descumprimento, porém tal tese não foi 
recepcionada pela maioria dos julgadores, em consonância com a pesquisa de jurisprudência 
realizada. A fiança judicial, também, mostrou-se um meio necessário para assegurar maior 
proteção à vítima de violência doméstica, cerceando a liberdade do agressor até que sejam 
averiguados os fatos ocorridos. 
 Conclui-se que se necessita de práticas sociais e políticas públicas para uma mudança no 
pensamento e no comportamento, nas quais as antigas concepções de subordinação e de 
 
<https://www.mpes.mp.br/Arquivos/Anexos/4cdb3e86-aa47-4811-8a46-36db6fecabdb.pdf>. Acesso em: 11 ago. 
2019. 
28RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação n. 70082425059, 1ª Câmara Criminal do Tribunal de 
Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 28 de agosto de 2019. Disponível em: < 
https://www.tjrs.jus.br/site/busca-solr/index.html?aba=jurisprudencia>. Acesso em: 1º set. 2019. 
28 
 
 
tratamento desigual entre os sexos masculino e feminino não serão mais aceitas. O poder de 
participação social das mulheres mostra-se necessário para garantir que possam estar cientes 
sobre a luta pelos seus direitos, como a total igualdade entre os gêneros. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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13.641/2018. Ago. 2018, p. 02. Disponível em: <https://professoraalice.jusbrasil.com.br 
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2018#_ftn4>. Acesso em: 29 ago. 2019. 
 
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. O Poder Judiciário na aplicação da Lei Maria da Penha. 
2018. Disponível em: 
<http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2018/06/2df3ba3e13e95bf17e33a9c10e60a5a1.pdf>. 
Acesso em 20 de agosto 2019. 
 
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 2019. 
 
_______. Decreto- Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm>.Acesso em: 2019. 
 
_______. Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm>. Acesso em: 2019. 
 
_______. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica 
e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção 
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção 
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a 
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de 
Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 2019. 
 
_______. Lei n. 13.641, de 3 de abril de 2018. Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei 
Maria da Penha), para tipificar o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm>. 
Acesso em: 2019. 
 
_______. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus n. 305.442, Distrito Federal, DF, 01 de outubro 
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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Comentários ao novo tipo penal do art. 24-A da Lei Maria 
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CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência Doméstica: Lei Maria da Penha. Lei 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13641.htm
29 
 
 
ESPÍRITO SANTO. Tribunal de Justiça. Medidas Protetivas de Urgência n. 0012775-
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RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Habeas Corpus n. 70081842114, 3ª Câmara Criminal. 
Relator: Des. Honório Gonçalves da Silva Neto. Porto Alegre, 25 jul. 2019. Disponível em: < 
https://www.tjrs.jus.br>. Acesso em: 08 ago. 2019. 
 
RIO GRANDE DO SUL. Habeas Corpus n. 70081553067, 2ª Câmara Criminal. Relator: Dr. Joni 
Victoria Simões. Porto Alegre, 27 jun. 2019. Disponível em: <https://www.tjrs.jus.br>. Acesso em: 10 
ago. 2019. 
30 
 
 
RIO GRANDE DO SUL. Apelação n. 70082425059, da 1ª Câmara Criminal. Relator: Des. Honório 
Gonçalves da Silva Neto. Porto Alegre, 28 ago. 2019. Disponível em: <https://www.tjrs.jus.br>. Acesso 
em: 1º set. 2019. 
 
RIO GRANDE DO SUL. Habeas Corpus n.70081845042, 3ª Câmara Criminal. Relator: Des. Sérgio 
Miguel Achutti Blattes. Porto Alegre, 25 julho 2019. Disponível em:<http://www.tjrs.jus.br>. Acesso 
em: 02 ago. 2019. 
 
RIO GRANDE DO SUL. Habeas Corpus n. 70077814101, 4ª Câmara Criminal. Des. Rogério Gesta 
Leal. Porto Alegre, 14 junho 2018. Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br>. Acesso em: 02 ago. 2019. 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Ação Direta de Constitucionalidade n. 19. Disponível em: 
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=199827>. Acesso em: 2019. 
 
 
 
 
 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=199827
31 
 
 
COMO SE ENCONTRA A ATUAL CONJUNTURA SOCIAL E ADMINISTRATIVA 
FRENTE À APURAÇÃO E ELUCIDAÇÃO DOS CASOS DE FEMINICÍDIO NO 
BRASIL PÓS ADVENTO DA LEI 13.104/15 
 
Eduardo Vinhas Fagundes1 
 
Resumo: O presente trabalho busca debruçar-se sobre a conjuntura social, jurídica e estatal 
encontrada pós advento da lei 13.104/15 que consolidou a qualificadora do feminicídio ao artigo 
121 do Código Penal e permeou seu conteúdo normativo ao rol de crimes hediondos. Outrossim, 
também faz-se mister investigar à luz dos dados disponíveis no Brasil, alocado nas produções 
das instituições de pesquisas e autores relevantes para a explicação de conceitos, as possíveis 
problemáticas que ainda assolam a apuração e elucidação desse tipo penal no cenário jurídico 
brasileiro. Ademais, revela-se necessário uma abordagem racional com respaldo em evidências 
que levem à guisa de uma conclusão que fomente um responsável debate público. Da mesma 
forma, indaga-se se como estão operando os atores dos poderes públicos para o enfrentamento 
da violência de gênero contida nas situações fáticas, que logo, desaguam na aplicação da já 
supracitada qualificadora. A partir dessa abordagem, a pesquisa mostra-se alinhada a uma das 
áreas temáticas disponíveis ao I Congresso Internacional De Direito, Gênero e Conexões. Seu 
método têm cunho dedutivo e sua conclusão reside nos resultados presentes em dissertações de 
mestrado,doutorado, doutrinas, legislação e estudos estatísticos recentes. 
Palavras chave: Feminicídio. Direitos das mulheres. Direito penal. Violência de gênero 
Abstract: This research aims to capture the legal, social and state-owned conjucture following 
the law number 13.104/15 came to Brazil’s legislation, which included femicide to the 121 
article of regarding the Criminal Code and adressed this normative to the list of heinous crimes. 
Taking that into account, arrives the need to investigate trough the available data founded in 
institutes of research’s productions and relevant authors to explain certain concepts, issues 
envolving the apuration of this crime in Brazil’s juridical experience. Therefore, it becomes 
fundamental to use a racional approach based on evidence that take us to a conclusion that 
strengthen the public debate. At the same time, inquires how public agents are operating to fight 
against gender violence that involves the feminicide norm’s application. Trough this 
exploration, the research works aligned with the available topics of “I Congresso Internacional 
De Direito, Gênero e Conexões”. This research relies on the deductive reasoning approach, 
developed through master thesis, doctoral dissertations, books, legislation and recent research 
data. 
Keywords: Feminicide. Women’s rights. Criminal law. Gender violence. 
 
INTRODUÇÃO 
Se depreende ainda um conteúdo normativo encantatório, que apenas trabalha em vias 
de um reconhecimento formal da problemática ou um imperativo contido nas sanções do tipo 
 
1Acadêmico do 10º Semestre do Curso de Graduação em Direito da Universidade da Região da Campanha – 
URCAMP/Bagé. Endereço eletrônico: eduardovinhasf96@outlook.com. 
32 
 
 
penal que em sua qualificadora pode traçar uma melhor especificação da situação fática-
jurídica? 
A igualdade material, portanto, deve ser visada à luz das contingencias que desaguam 
no corpo social, para que assim se enseje um norte programático estatal que dê maior amparo 
aos indivíduos em condições de fragilidade, trabalhado através das evidências disponíveis. 
Dessa forma, o empreendimento pretende-se traçar a luz de dados e autores que 
explanem conceitos significativos para essa construção, como se encontra a atual conjuntura 
fática e jurídica da problemática em questão pós o advento da lei 13.104/15. Logo, é analisado 
significância que a referida norma teve no ordenamento jurídico brasileiro. 
Em suma, mostra-se válido o fomento à produção científica da temática, na medida em 
que trata-se de fenômeno legal recente no Brasil, denotando certa urgência para sua elucidação, 
tanto por sua realidade alarmante quanto à necessidade em empreender vias resolutivas em sua 
abordagem. 
 
O ADVENTO DA LEI 13.104/15: DADOS DISPONÍVEIS E ÓBICES QUE AINDA 
ASSOLAM O ENFRENTAMENTO DA PROBLEMÁTICA 
 
Não há como aferir-se que o devido tratamento jurídico brasileiro à problemática aqui 
trabalhada tenha se dado de forma repentina ou que tenha vindo à tona de forma abrupta, nem 
há como compreender os marcos legais atuais sem mover-se pelas remontas históricas. Houve 
paulatinamente reivindicação de direitos por parte das mulheres, desaguando em um conjunto 
de documentos prescritos por órgãos internacionais com postura humanista pós-guerra, com 
ênfase para a Organização das Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos. 
(MARQUES, 2015, p. 110). 
Dessa forma, remetendo-se ao cenário brasileiro, a luta para quebra de paradigma 
incorreu no confronto de um Estado evasivo à maioria das reivindicações dos anos 60, para 
outro de produção legislativa mais sólida. De maneira trabalhosa, durante os anos e perpassando 
pelas delegacias especializadas na década de 1980, até a 2006, com a criação da Lei Maria da 
Penha (nº 11.340), tivemos então, um dos mais significativos paradigmas jurídicos para o 
combate à violência doméstica e familiar contra a mulher (CAMPOS, 2017, p. 10 apud Neto, 
2017, pg. 22). Advento legal que ingressou no ordenamento jurídico brasileiro em 2006 após o 
histórico de agressões sofridos pela Maria Da Penha, em que a OEA condenou o Estado 
Brasileiro por negligencia, determinando a criação de uma lei que amparasse as vítimas de 
33 
 
 
agressões em âmbito doméstico (PIOVESAN; PIMENTEL, 2011, apud, MENEZES, 2018, pg. 
67). 
Nesse sentido, é significativo ressaltar a justificativa do ingresso da qualificadora no 
ordenamento jurídico brasileiro, e da mesma forma, definir o conceito de feminicídio a luz dos 
juízos aqui apresentados. Portanto, a especificação normativa da qualificadora mostra-se 
imprescindível, como postula Santos (p. 94, 2018). 
 
[...] a tipificação da conduta de matar mulheres por pertencerem ao sexo feminino é 
imprescindível para a coleta de dados dos crimes de forma sistemática, com o escopo 
de criação, implementação e efetivação de políticas públicas eficazes no combate às 
violências contra a mulher, sendo dever do Estado cumprir com os compromissos 
firmados nos acordos e tratados nacionais prevenir os feminicídios e, caso ocorram, 
para investigar e sancionar aqueles que ceifam as vidas de mulheres em razão de serem 
mulheres. 
 
Termo contido na qualificadora que foi inicialmente utilizado entendido como uma 
junção de elementos de “[..] base misógina, envolvendo ou se originando de maus tratos; 
violência física, psicológica, sexual, econômica ou patrimonial que colocam as mulheres em 
uma posição de risco e que podem culminar em sua morte violenta” (MIGUENS, pg. 19, 2018), 
tendo sua primeira utilização na realização do International Tribunal on Crimes Against 
Women, de 04 à 08 de março de 1976 na cidade de Bruxelas, na Bélgica, que reuniu mais de 
duas mil mulheres provindas de 40 países diferentes. (MIGUENS, 2018, pg. 19). Já em sua via 
legal, a qualificadora ingressa no ordenamento jurídico brasileiro contendo prescrição no 
sentido de que incidirá, quando a conduta típica incorrer contra a mulher por razões da condição 
de sexo feminino. A devida consideração se dará na medida em que no crime ocorre no âmbito 
doméstico e familiar ou quando há um menosprezo ou discriminação à condição de mulher 
(BRASIL, 2015). 
Explanado breve resumo do conceito e sua origem, vale expor os dados disponíveis que 
denotam a problemática. Assim, consoante com o estudo do 13º Anuário Brasileiro de 
Segurança Pública, os feminicídios integram 29,6% dos homicídios dolosos de mulheres em 
2018 e incorreu aumento dos casos do tipo penal desde o vigor da referida lei, em 62,7%. Assim, 
revela-se também um crescimento de registros em 4% dos números absolutos, dos 1.151 casos 
em 2017 para os 1.206 em 2018 (2019, pg. 109). Todavia, deve-se atentar que, como postula o 
Atlas da Violência de 2019, organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o 
Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que 
O ponto principal é que não se sabe ao certo se o aumento dos registros de feminicídios 
pelas polícias reflete efetivamente aumento no número de casos, ou diminuição da 
subnotificação, uma vez que a Lei do Feminicídio (Lei no 13.104, de 09/03/2015) é 
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relativamente nova, de modo que pode haver processo de aprendizado em curso pelas 
autoridades judiciárias. (p. 39) 
 
Por conseguinte, apesar de algumas obscuridades ainda enfrentadas, a proteção do 
direito fundamental à vida, amparado em sede infra legal pela lei do feminicídio, pode 
contribuir para denotarmos como estão operando os atores estatais quanto à apuração dos 
fatos delituosos e seus meios processuais adequados, e da mesma maneira, identificarmos 
quais são os presentes óbices que encontram-se no caminho do acesso das mulheres à justiça 
(SANTOS, 2018, pg. 259). 
Em pesquisa recente, coordenada pela promotora Valéria Scarance do Ministério 
Público de São Paulo, intitulada Raio X do Feminicídio, revela-se

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