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Concepção de Linguagem

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A primeira concepção é a de linguagem como expressão do pensamento. Tal concepção afirma que 
a expressão (de informações e emoções) se constrói no interior da mente, de onde o indivíduo extrai 
regras apreendidas para organizar de maneira lógica o pensamento, que se exterioriza por meio de uma 
linguagem organizada e articulada. De acordo com tal concepção, expressa-se bem quem pensa bem, e 
pensa bem quem conhece as regras de organização lógica do pensamento. A enunciação é vista como 
um ato monológico, individual, não afetado nem pelo receptor da mensagem nem pela situação social em 
que ocorre. A língua, portanto, é consequência do ato de pensar. 
O tipo de gramática associado à linguagem como expressão do 
pensamento é a gramática normativa, caracterizada por um conjunto de 
regras para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, a partir 
de critérios estéticos, elitistas, políticos e históricos, com base no uso da 
língua consagrado pelos grandes escritores. A gramática normativa 
reconhece a variação padrão como a única válida (a única capaz de 
expressar corretamente o pensamento), sendo as demais tidas como erros, 
deformações, inadequações, as quais devem, portanto, ser evitadas e 
desconsideradas.
O tipo de ensino de língua associado à linguagem como expressão do pensamento e à gramática 
normativa é o prescritivo. Tal ensino só privilegia o trabalho com a norma escrita padrão, tendo como um 
de seus objetivos básicos a correção formal da linguagem. Há a intenção de substituir os padrões 
linguísticos considerados errados por outros considerados corretos, gerando daí uma gama de juízos de 
valores, que regem o que pode ou não ser dito ou escrito.
PRESCRITIVO
Entre outros sentidos, prescrever significa, segundo o Dicionário Houaiss eletrônico, “aconselhar 
uma norma de comportamento, uma prática etc.; normatizar”
Esse é, sem dúvida, o paradigma hegemônico no que diz respeito a como os diversos estratos sociais 
(de maneira geral) entendem o fenômeno da linguagem. A ideia apresentada no tópico anterior – a de que 
língua e gramática se confundem – se sustenta na noção de que a gramática existe pura e simplesmente 
para organizar as formas mais perfeitas de expressão do pensamento. Esse paradigma tem um peso 
histórico tão grande que afirmar teses contrárias a ele – como a de que não existe o certo e o errado, mas 
o adequado e o inadequado – é uma blasfêmia – tão grande como afirmar, na Idade Média, que a Terra 
girava em torno do Sol.
OBSERVAÇÃO
A gramática surgiu na Grécia antiga. Embora, entre as diferentes cidades, houvesse línguas 
diferentes, os povos gregos tinham uma sensação de unidade, revelada pelas “gritantes” diferenças 
entre suas línguas e as línguas dos povos não gregos (os bárbaros) e pela literatura comum partilhada 
entre eles.
Em determinado momento da história dos gregos, a necessidade de educar os cidadãos livres 
passou pela iniciação no conhecimento da literatura escrita e da legislação. Aí surgiram as primeiras 
descrições gramaticais, que davam conta dos usos linguísticos que deveriam ser dominados pelo 
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