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APOSTILA PRIMEIROS SOCORROSPRIMEIROS SOCORROS LEI DE LUCASLEI DE LUCAS https://paulavillalonge.com.br/como-converter-codigo-de-rastreio-aliexpress-para-correios/ https://paulavillalonge.com.br/como-converter-codigo-de-rastreio-aliexpress-para-correios/ https://paulavillalonge.com.br/como-converter-codigo-de-rastreio-aliexpress-para-correios/ CONTEÚDO PROGRAMÁTICO • Acidentes no âmbito escolar; • A importância dos conhecimentos básicos dos primeiros socorros no ambiente escolar; • Lei Lucas e suas finalidades; • Aspectos gerais dos primeiros socorros; • Fundamentos dos primeiros socorros; • Urgência e emergência; • Aspectos legais dos primeiros socorros; • Direitos da vítima; • Serviços de utilidade pública; • Perfil do socorrista; • Cenário do socorro; • Transporte de acidentados; • Transporte de emergência; • Lei Lucas. AMBIENTE ESCOLAR E RISCOS IMINENTES O ambiente escolar, se configura como cenário importante para ocorrência de incidentes que necessitem de técnicas de Primeiros Socorros. Assim, a escola é o lugar ideal para as crianças concretizarem suas travessuras, na escola elas aproveitam para correr, executar brincadeiras perigosas, praticar esportes e se aventurar pelo desconhecido, o que os torna propícios a alguns tipos de condições que podem lhe trazer lesões simples e mais graves, que pode comprometer sua integridade física ou que poderá levá-lo a morte. Crianças e adolescentes costumam passar em torno de um terço do dia na escola, a segurança no espaço escolar, abrangendo o ambiente físico, emocional e psicológico, é objeto de preocupação dos responsáveis e funcionários da escola. Encontra-se na Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1990), adotada pela Organização das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989 e entrou em vigor em setembro de 1990 “[…] as crianças, devido à sua vulnerabilidade, necessitam de uma proteção e de uma atenção especiais e […], têm direito ao melhor nível de saúde que possa ser atingido e a um meio ambiente tão seguro quanto possível”. Minozzo e Ávila (2006) em sua obra, recomendam algumas práticas para prevenir acidentes no ambiente escolar quais são: horários de entradas, saídas e recreios adotar horários diferentes para as series iniciais, estimular jogos de tabuleiro e dança durante esses períodos, nas entradas e saídas sempre disponível um funcionário para alertar os alunos para ir com calma; parques infantis, não havendo manutenção deve ser interditado ou retirado, o número das crianças por brinquedo deve ser controlado, a altura menor de 1,5, os brinquedos instalados em areias; problemas estruturais, devem ser verificados e solucionados, as escadas devem haver corrimão e piso antiderrapante (ou faixas), áreas expostas à chuva que sejam escorregadias devem ser identificadas e interditadas, ou trocado o piso para antiderrapante; devem ser inspecionados os locais de esporte, as traves quanto as ferrugens, os ganchos das traves protegidas, o piso não deve ter areia e não ser utilizados úmidos ou com poças; professores devem evitar tesouras de pontas agudas, compasso e estiletes por parte das crianças, orientar as crianças a não inclinar as cadeiras e a não arremessar objetos nos ventiladores; produtos de limpeza ou de material e construção devem permanecer trancados em armários, professores devem manter seus medicamentos em armários fechados, plantas venenosas devem ser removidas de pátios; Porém mesmo sendo reconhecido a importância do enfoque de uma instituição educacional segura, ainda existe uma lacuna entre a reflexão teórica e a realidade concreta. Muitas creches e escolas ainda atuam em condições precárias nas suas instalações, propensas a inúmeras situações de acidentes com alunos e funcionários, que pode ocorrer de forma involuntária e resultante de forças externas podendo causar lesões físicas ao corpo da vítima (PIRES; STARLING, 2006). Segundo Minozzo e Ávila (2006, p 24.) O ambiente escolar proporciona todos os elementos para o acontecimento de acidentes. São centenas de crianças correndo de um lado para outro, escadas, jogos coletivos, quinas, cadarços desamarrados, brigas, enfim, uma serie de fatore próprios e, alguns, inevitáveis no ambiente escolar. Com tudo, o corpo docente deve estar devidamente preparado para agir de forma correta em situações de emergência assim, diminuindo as chances de ocorrerem sequelas e óbitos decorrentes de acidentes. ACIDENTES NO ÂMBITO ESCOLAR Diariamente diferentes tipos de acidentes ocorrem no ambiente escolar. De acordo com Sena, Ricas e Viana (2008) dentro dos fatores intrapessoais mostram algumas características da criança que contribuem para a ocorrência do acidente como: estágio do desenvolvimento motor; desenvolvimento social e cognitivo; a constituição biológica e estrutura psíquica; as crianças apresentam interesse em explorar situações novas, por isso estão propensas à acidentes ao realizarem tarefas, muitas vezes além de suas capacidades, pois geralmente tendem a imitar o comportamento dos adultos. Inúmeros fatores podem provocar acidentes dentro de um ambiente escolar, acidentes que por muitas vezes tem consequências como: fraturas; obstrução de vias aéreas por corpos estranhos (OVACE); brigas entre elas; se ferem com mateiras escolares (tesoura, lápis, etc.); traumatismo craniano; bronco aspiração; ingestão de produtos químicos (matérias de higiene e limpeza) e situações que ocorrem por problemas de saúde, psicológicos e emocionais como: desmaios; tonturas; convulsões; mal súbito; entre outros. Esses acidentes podem causar danos irreversíveis na vida da criança. Loder (2008), com objetivo de investigar lesões devidas a equipamentos de playground, usando o banco de dados do Sistema Nacional de Vigilância de Lesões Eletrônicas, possibilitou constatar nas 22728 visitas ao departamento de emergência devido a lesões no equipamento de playground registradas pelo Sistema Nacional de Vigilância de Lesões Eletrônicas entre 2002 e 2004, 38,9% das lesões ocorreram em escolas, em uma instalação de recreação/esporte: • Devidos a barras de macaco, balanços e lâminas (83,9%); • Fraturas (39,3%); • Contusões/abrasões (20,6%); • Lacerações (16,6%); • Distensões/entorses (9,9%) e traumáticas lesões cerebrais (TCE) (8,5%); Os acidentes são a maior causa de morte entre crianças de 1 a 14 anos no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 7 mil crianças de 0 a 14 anos morreram anualmente e aproximadamente 40 mil ficam com sequelas. Além disso, outro aspecto triste dessas estatísticas é que o número de vítimas cresce a cada ano. (MINOZZO; ÁVILA. 2006, p. 11). Crianças, especialmente os menores de um ano, tem o hábito de levar tudo na boca (brinquedos pequenos, bala, tampa de garrafas e de canetas, entre outros), pelo fato de estarem em uma fase de descobrimento, então, assim ficam mais vulneráveis a ocasionar o OVACE. Acidentes por aspiração de corpos estranhos nas vias aéreas caracterizam como a terceira maior causa de morte no país, está associado à falha no reflexo de fechamento da laringe, ao controle inadequado de https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/injury-surveillance https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/laceration deglutição e hábito de levar tudo o que pegam na boca (ALMEIDA; LIMA; SILVA, 2013). As obstruções das vias aéreas são frequentes nas emergências pediátricas, o que a tornam preocupante, por causa das lesões e óbitos que ocorrem durante a infância, em especial na idade escolar (1 a 14 anos). De acordo com Ministério da Saúde (2015), em seu Protocolo SBV de Emergências Clínicas BC3 OVACE, a técnica nessas situações consiste em se posicionar atrás da vítima, fechando o punho e colocá-lo com o polegar estendendo entre o umbigo e o osso externo, fazendoforçar com a outra mão, em que a pressão feita sobre o diafragma expele o ar dos pulmões que consequentemente liberará as vias aéreas. Este procedimento necessita de conhecimentos sobre os primeiros socorros para atender crianças com idade pré-escolar em estado consciente. Entretanto, a manobra de Heimlich é um procedimento importante, que pode ser útil e salvar uma vida quando um corpo estranho não permite a passagem de ar para os pulmões (BEZERRA, 2014). Assim ressalta-se a importância que os profissionais da escola saibam agir de acordo com as técnicas de primeiros socorros, para evitar possíveis sequelas e até a morte, como consequências de acidentes sem o socorro adequado. A IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS BÁSICOS DOS PRIMEIROS SOCORROS NO AMBIENTE ESCOLAR Primeiros socorros são os procedimentos aplicados de imediato à uma vítima que sofreu um acidente ou mal súbito. Esta ação tem como finalidade manter os sinais vitais e garantir a vida à vítima. É evidente que qualquer pessoa pode prestar socorro, porém, essa pessoa deve ter a ciência de como aplicar as técnicas, em que situação e tempo de ação e pausa. Muitas vidas podem ser salvas, traumas e sequelas diminuídas quando o socorro é prestado logo nos primeiros instantes. Abramet (2005) afirma que: um treinamento em Primeiros Socorros vai ser sempre de grande utilidade em qualquer momento de sua vida, seja em casa, no trabalho ou no lazer. Podem ser muitas e variadas às situações em que o seu conhecimento pode levar a uma ação imediata e garantir a sobrevida de uma vítima. Isso, tanto em casos de acidente, como em situações de emergência que não envolvem trauma ou ferimentos. (ABRAMET, 2005, p. 34.) O prestar os socorros não significa somente colocar em prática os procedimentos iniciais, também deve-se avaliar a vítima, o lugar onde ela está, solicitar ajuda, e agir conforme seus conhecimentos e limites. Conforme explica Hafen, Karren e Frandsen (2002, p.3.) Os primeiros socorros referem-se ao atendimento temporário e imediato de uma pessoa que está ferida ou que adoece repentinamente. Também podem envolver o atendimento em casa quando não se pode ter acesso a uma equipe de resgate ou enquanto os técnicos de emergência médica (TEM) não chegam. Os primeiros socorros incluem reconhecer condições que põem a vida em risco e tomar as atitudes necessárias para manter a vítima viva e na melhor condição possível até que se obtenha atendimento médico. Aprender sobre os primeiros socorros ajudaria as pessoas a atuar com maior segurança caso ocorra uma situação de emergência. Nesses casos com um maior conhecimento diminuiria os agravos à saúde da vítima. O cotidiano é cheio de acidentes e situações de risco, e a população tem um déficit de informações sobre quais procedimentos realizar nessas situações, e com a falta de primeiros socorros qualificado pode prejudicar e agravar muito mais as sequelas que poderiam ser evitadas. As escolas são lugares onde há uma grande quantidade crianças que estão em constante atividades, onde pode ocorrer um acidente e muitas vezes os profissionais de emergência não conseguem chegar ao local com facilidade e rapidez para prestar o atendimento. Nesses casos o atendimento e a aplicação dos procedimentos adequados de primeiros socorros são essenciais para evitar sequelas e muitas vezes até a morte do acidentado. Por outro lado, a falta de habilidades e conhecimento para lidar com determinadas situações faz com que o indivíduo se sinta inválido, incapaz, ficando de mãos atadas (CICV, 2006) e mesmo que a pessoa que está prestando socorro tenha boas intenções, se não tiver os conhecimentos básico sobre como agir, pode colocar em risco a vida da vítima (KAWAMOTO, 2002). Conhecer as práticas de primeiros socorros abrange todos os profissionais, pois situações de emergência podem ocorrer em qualquer hora e lugar e precisam ter ação imediata com qualidade para salvar a vida do acidentado. Professores, equipe técnica, administrativa, etc., que atuam nos ambientes escolares, atendendo crianças que apresentam alto risco de se acidentar, são profissionais que apresentam a necessidade de capacitação em técnicas de primeiros socorros. LEI LUCAS E SUAS FINALIDADES A Lei Lucas surgiu devido a morte do menino de 10 anos, por afogamento. Lucas Begalli Zamora, em setembro de 2017 estava sob supervisão dos funcionários da escola em um passeio escolar, se engasgou com um cachorro quente, teve asfixia mecânica, sete paradas cardíacas e depois de 50 minutos de tentativas fracassadas em lhe prestarem os primeiros socorros, veio a óbito (PROJETO DE LEI, 2018). Portanto, a criação dessa Lei visa proporcionar e oferecer aos pais e mães de todo o país, um panorama de maior conforto e segurança, para que seus filhos não estejam expostos aos riscos de acidentes no âmbito educacional e recreativo. Acidentes ocorrem a todo lugar e momento, assim tornando-se obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimento de recreação infantil (PROJETO DE LEI, 2018). De acordo com o Art. 1º da Lei nº 13.722 (BRASIL, 2018) “Fica instituída a obrigatoriedade de estabelecimentos públicos e capacitarem seu corpo docente e funcional em noções básicas de primeiros socorros”, promulgada em 4 de outubro de 2018, entrando em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. Assim torna-se necessário que a equipe escolar esteja preparada para lidar com eventuais situações que podem ocorrer dentro das escolas, e também estar preparadas para evitar possíveis eventos. Nesse aspecto segundo o Art. 2º, se estabelece que esses cursos serão oferecidos por pessoas capacitadas das entidades municipais e estaduais com o objetivo de saber agir na prevenção de situações de urgência e emergência e saber agir durante o tempo em que o suporte especializado se torne possível. Art. 2º Os cursos de capacitação em primeiros socorros serão ministrados por entidades municipais ou estaduais, especializadas em práticas de auxílio imediato e emergencial à população tais como Corpo de Bombeiros, Serviços de Atendimento Móvel de Urgência, Defesa Civil, Forças Policiais, Secretarias de Saúde, Cruz Vermelha Brasileira ou serviços assemelhados, tendo como objetivo: I - Identificar e agir preventivamente em situações de emergências e urgências médicas; II - Intervir no socorro imediato do (s) acidentado (s) até que o suporte médico especializado, local ou remoto, torne-se possível. (BRASIL, Lei nº 13.722 de 04 de outubro de 2018.) Compreende-se que cabe aos profissionais que atuam com crianças, adolescentes e jovens em instituições públicos e privados, o mínimo de capacitação prática para eventuais ocorrências. Portanto, a prática dos conhecimentos em primeiros socorros torna-se essencial quando há o convívio com crianças, adolescentes e jovens no âmbito escolar e recreacional. ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS Todos nós estamos propensos a precisar de atendimento imediato de socorro, seja por um acidente ou até algum tipo de doença, e a importância de um profissional qualificado para os primeiros socorros pode ser crucial diante do acontecimento. Assim, se torna imprescindível que as pessoas tenham acesso às informações sobre como agir nessas situações. Como salienta Gonçalves e Gonçalves (2019, p. 5), “o conhecimento sobre os procedimentos de primeiros socorros deveria ser de domínio público, pois os acidentes acontecem a todo instante e em todos os lugares”. ATENDIMENTO FONTE: <https://reinaldoinstrutor.blogspot.com/2016/05/simulados-de- primeiros-socorros-sem.html>. Historicamente, os métodos que são utilizados durante os primeiros socorros, iniciaram em 1859, com Jean HenryDunant, que teve apoio de Napoleão III. O projeto tinha como finalidade a educação das comunidades locais, tendo como alvo principal aquelas em que estavam em guerra. As causas de mortes dos muitos soldados em meio às batalhas, que não recebiam atendimento, eram ferimentos simples, pequenas fraturas e lesões por armas. Devido ao sofrimento de milhares de soldados que morriam abandonados nos campos de batalha por complicações destas lesões, Dunant organizou um grupo de voluntários com os habitantes da região com o objetivo de ministrar os primeiros socorros para aqueles soldados feridos. Após a criação deste grupo de voluntários, Dunant escreveu um livro em que propõe a criação de grupos de primeiros socorros, para atendimento dos feridos. Mais tarde, em 17 de fevereiro de 1863, recebeu o apoio da Sociedade Pública de Genebra fundando um Comitê Internacional de Socorro aos Feridos. Este comitê era formado por cidadãos suíços, que organizaram uma Conferência Internacional em Genebra, com a representação de 16 países, que deram origem à Cruz Vermelha. As resoluções previam: • a criação, em cada país, de um Comitê de Socorro, que ajudaria em tempos de guerra, os serviços de saúde dos exércitos; • a formação de enfermeiras voluntárias em tempos de paz; • a neutralidade das ambulâncias, dos hospitais militares e do pessoal de saúde; • a adoção de um símbolo definitivo uniforme: uma braçadeira branca com uma cruz vermelha em fundo branco (CRUZ VERMELHA, 2019, s.p.). Esses procedimentos, até hoje, são de grande valor para a vida humana, visto que muitos casos de acidentes podem levar o indivíduo a óbito antes de obter o atendimento presencial em uma unidade de saúde, por exemplo. Neste caso, faz-se necessário um atendimento adequado de primeiros socorros, que pode ser feito por pessoas instruídas de antemão para que o sujeito acidentado tenha mais chances de obter êxito no seu tratamento (SOARES, 2013). No Brasil, em setembro de 2017, em Campinas/SP, o estudante Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, morreu ao se engasgar com um sanduíche durante um passeio escolar. Para enfrentar situações como essa, o Congresso Nacional aprovou o Projeto de Lei 9.468/18. A proposta foi sancionada no dia 04/10/2018 pela Presidência da República e transformada na Lei Lucas 13.722/18. A proposta obriga as escolas, públicas e privadas, de educação infantil e básica a fazerem curso de capacitação de professores e funcionários em noções básicas de primeiros socorros (BRASIL, 2018a). Para Taddei et.al. (2006), mais importante do que saber o que fazer na hora do acidente é saber preveni-lo. Tratando-se de espaços que circulam crianças, estes devem ser planejados adequadamente, promovendo um ambiente seguro para poderem se desenvolver saudavelmente, sem limitar a sua capacidade de descobertas e curiosidades. Suporte Básico de Vida é uma sequência de ações válida para o socorrista que atua sozinho. Para saber mais sobre SBV acesse: FUNDAMENTOS DOS PRIMEIROS SOCORROS Como elucida a citação a seguir, o primeiro socorro é um tratamento inicial, pois tem caráter imediato a fim de preservar a vida. Também pode-se dizer que visa diminuir o sofrimento da pessoa, e pode ser oferecido tanto para acidentados como também vítimas de tipos de doenças súbitas. Segundo Brasil, (2003, p. 8), podemos definir primeiros socorros como sendo os cuidados imediatos que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando medidas e procedimentos até a chegada de assistência qualificada. O tipo de atendimento, em situações emergenciais vai depender da situação em que esta foi gerada, pode vir a ser, “proteção de feridas, imobilização das fraturas, controle de hemorragias externas, desobstrução das vias respiratórias e realização de manobras de Suporte Básico de Vida (SBV)” (REIS, 2010, p. 5). https://suportebasicodevida.com.br/o-que-e-suporte-basico-de-vida/ De acordo com Soares, (2013, p. 2): A expressão, primeiros socorros, é usada para caracterizar uma série de procedimentos adotados com o fim de preservar vidas sob risco iminente e em condições de urgência e/ou emergência. Esses procedimentos são realizados geralmente por pessoas comuns, com conhecimentos teóricos e práticos acerca das técnicas utilizadas. Para prestar os primeiros socorros, a pessoa treinada deve realizar o ato com calma, sendo confiante e compreensivo. É importante manter o autocontrole assim como o das outras pessoas envolvidas no acontecimento. https://suportebasicodevida.com.br/o-que-e-suporte-basico-de-vida/ Por exemplo, informar o indivíduo que sofreu o acidente sobre sua situação atual, deve ser analisado pelo profissional com cautela, a fim de não causar sentimentos desnecessários no momento, como ansiedade e medo. Até mesmo o tom de voz que este utilizará com a vítima é importante, devendo ser calmo e confortante para gerar confiança mútua (BRASIL, 2003). Segundo Bergeron, et al. (2007, p. 6): Os socorristas são treinados para aproximar-se do paciente, detectar problemas, oferecer assistência à emergência e, quando necessário, locomovê-lo, sem causar outras lesões. Os Socorristas são, em geral, as primeiras pessoas, com conhecimentos em primeiros socorros, a chegar no local. Os socorristas podem ser policiais, bombeiros, trabalhadores ou qualquer cidadão. Neste caso é importante salientar que o profissional que prestará socorro, necessita estar atento inclusive a sua segurança pessoal, para ajudar o outro sem que, para isso, também acabe como vítima por tomar atitudes imprudentes (SOARES, 2013). Outro ponto importante é que a pessoa habilitada deve alertar e ajudar a vítima evitando um possível agravamento do acidente, porém esse atendimento não pode substituir ou atrasar os outros serviços que estão disponíveis como emergências médicas (REIS, 2010). OBJETIVOS DOS PRIMEIROS SOCORROS FONTE: Reis (2010) URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Em nosso dia a dia é muito comum escutarmos as pessoas se referirem as situações de urgência e emergência como sinônimas, porém, sabemos que as situações são diferentes. Observe a figura a seguir, nela podemos verificar as diferenças entre situações de urgência e emergência. DIFERENÇA ENTRE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA FONTE:<https://1.bp.blogspot.com/- G95JILlZB9I/VGJeXD6hWbI/AAAAAAAAABs/6ljSPJag-qc/s1600/ 601560_501330656544418_1422815089_n%2B(1).jpg>. Por mais que as situações de emergência requerem atenção imediata por acarretar riscos à vida do sujeito, uma ocorrência de urgência também necessita de uma solução em curto prazo. Observe o quadro a seguir, nele apresentamos exemplos de nosso cotidiano que caracterizam as situações de urgência e emergência. EXEMPLOS DE SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Urgência Emergência Fraturas não expostas Traumatismo Craniano Cólicas Renais Fraturas Expostas Pressão Arterial Elevada Parada Cardiorrespiratória Crise Asmática Hemorragias Graves FONTE: Adaptado de Schmitz (2019) Quando nos encontramos diante de uma situação de emergência, é exigido de nós uma ação rápida e, neste momento, de acordo com Bartman (1996), muitos tipos de reações podem surgir, como por exemplo: • Não nos manifestarmos, pois não sabemos o que fazer; • Independente de termos o conhecimento ou não sobre as técnicas que devem ser utilizadas podemos permanecer em “congelamento” pelo medo; • Reagimos imediatamente mesmo sem conhecimento prévio, muitas vezes piorando a situação. Todas essas manifestações são naturais ao ser humano, porém, em uma hora de emergência, é de suma importância que a pessoa saiba controlar esses instintos para agir corretamente. Neste caso, é tão importanteconfiar no que se sabe sobre primeiros socorros, quanto reconhecer os limites que cada caso pode nos infligir. De qualquer forma, a avaliação do socorrista é primordial e deve basear-se na averiguação das necessidades indicando as prioridades de cada caso (BRUNO; BARTMAN, 1996). Alguns passos podem ser seguidos na hora de prestar o atendimento de emergência, analisando os fatores com rapidez e cautela. AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA Avalie Formule um plano de ação Aja • Existe algum perigo no local que apresente risco para mim ou para a vítima? • É possível me aproximar da vítima com segurança? • O que causou a condição atual da vítima? • É possível manter a segurança enquanto presto assistência? • Que tipo de assistência de emergência pode ser necessária? • Como o serviço médico de emergência local pode ser acionado? • Acione o serviço médico de emergência ligando primeiro (vítima sem ventilação) ou cuidando primeiro (vítima sem ventilação devido afogamento). • Siga as diretrizes treinadas para prestar assistência de emergência. • Continue a levar em consideração a sua segurança. FONTE: TOLDO (2016) ASPECTOS LEGAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS A saúde é um princípio básico e de direito do ser humano, e está prevista na Constituição Federal, descrita no seguinte parágrafo: Art. 196º A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL,1988, s.p.). Todas as pessoas possuem o direito à proteção da vida e à saúde, com este intuito a lei do Código Penal foi estabelecida e ampliada para garantir tais direitos fundamentais. A omissão de socorro foi conceituada como “a atitude de deixar de socorrer pessoas em situação de vulnerabilidade, como crianças abandonadas ou perdidas, pessoas inválidas, com ferimentos, ou em situação de risco ou perigo” (BRASIL,1940, s.p.). “O fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não possui um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro” (SOARES, 2013, p. 3). OMISSÃO DE SOCORRO FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/imagens- 2016/21omissaodesocorro.jpg/@@images/0259c760-787f-4c98-a3cd- e092c3e5f613.jpeg>. No Código Penal, a omissão de socorro foi prevista há muito tempo, até mesmo anterior à Constituição, prevalecendo suas principais implicações e diretrizes sobre esta situação até o dia de hoje. Na descrição do artigo a seguir é possível avaliar inclusive a gravidade da omissão, caso ocorra óbito oriundo da ausência de prestação do socorro. O Art. 135º da CF estabelece que: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. [...] Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte (BRASIL,1940, s.p.). No ano de 1984, o Código Penal foi ampliado e foi incluído em sua redação a responsabilidade da prestação do atendimento pelos profissionais de saúde ou pessoas habilitadas (ex.: socorristas). Neste caso, o conhecimento técnico, responsabiliza a pessoa quanto ao dever de prestar o atendimento com segurança. A seguir, consta tais descrições: § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (BRASIL,1984, s.p.). http://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/imagens- http://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/imagens- DIREITOS DA VÍTIMA O prestador do socorro deve estar ciente que a vítima possui o direito de se recusar em receber a assistência. No caso de pessoas adultas, esse direito é válido quando eles estiverem conscientes e lúcidos. O motivo da recusa pode ocorrer por alguns fatores: crenças religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for realizar o atendimento. Nestes casos, “a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socorros, devendo assim certificar- se de que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo” (SILVEIRA; MOULIN, 2003, p. 1). Caso a vítima esteja impedida de falar, em decorrência do acidente e com sinais que se compreende de que ela não deseja o atendimento, tome as seguintes providências: PROVIDÊNCIAS PARA O PRESTADOR DE PRIMEIROS SOCORROS EM CASOS DE RECUSA DA ASSISTÊNCIA PELA VÍTIMA ADULTA Não discuta com a vítima. Não questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças religiosas. Converse com a vítima, informe a ela que você possui treinamento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que for necessário. Esclareça às testemunhas de que o atendimento foi recusado por parte da vítima. No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deverá, se possível, conseguir testemunhas que comprovem o fato. O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e ter informado à vítima de que possui treinamento em primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima esteja inconsciente, confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação infere que o consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem presentes no local. FONTE: Silveira; Moulin (2003) SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA A população conta com serviços especializados para o atendimento de urgência e emergência. Os principais são: SAMU — Serviço de Atendimento Móvel de Urgência — e o Corpo de Bombeiros. O SAMU foi desenvolvido pela Secretária de Estado da Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde e Secretarias Municipais, cuja missão é regular atendimentos de urgência e emergência em todo o Estado. Também é responsável pelas transferências de pacientes graves, operando tanto em ambulâncias USAs (Unidades de Suporte Avançado) e USBsç (Unidades de Suporte Básico), que são Unidades de Suporte Básico e Avançadas, como também no transporte aéreo, com sua aeronave, o Arcanjo. Nas Unidades de Suporte Básico, a equipe é composta por um condutor-socorrista e um técnico em enfermagem, enquanto, nas Unidades de Suporte Avançada, a organização da ambulância é combinada por um médico, um enfermeiro e um condutor-socorrista. LOGO SAMU Conforme visto na Figura, o número para ligações ao SAMU é 192, quando um cidadão liga, ele é atendido por um Técnico Auxiliar de RegulaçãoMédico, esse técnico é que vai encaminhar o caso para um médico regulador, este vai avaliar a urgência do caso e entrará em contato com um rádio operador que por fim chamará a ambulância mais próxima ao local para a realização do atendimento. Como visto, no SAMU existem USB’s e USA’s, que são selecionadas conforme a gravidade da situação relatada. Quando há o risco de vida eminente é acionado o “código vermelho” e o objetivo do serviço é atingir cerca de 1 minuto e 30 segundos do atendimento do rádio operador até a ambulância. MISSÃO, VISÃO E VALORES DO SAMU Missão Visão Valores Prestar o atendimento pré- hospitalar de urgência com excelência a população, além de realizar a coordenação, a regulação e a supervisão médica, direta ou a distância, de todos os atendimentos. Atender o paciente de forma ágil e eficiente, com profissionais capacitados e recursos tecnológicos adequados, cumprindo 100% das solicitações no menor tempo-resposta possível, com a finalidade de ser referência neste tipo de procedimento. Garantir o acesso do paciente à Unidade de Saúde mais adequada e proporcionar o melhor atendimento pré- hospitalar de urgência, tanto em casos de traumas quanto em situações clínicas, prestando sempre os cuidados médicos apropriados ao estado de saúde do cidadão. Outro serviço que pode ser solicitado em caso de emergência é o do corpo de bombeiros. Eles surgem com a missão de atuar em atividades de defesa civil, prevenção e combate de incêndios e também em situações de salvamentos, cada qual em suas respectivas unidades federativas. Agora, caracterizados os dois serviços, é importante esclarecer para qual deles ligar dependendo da situação de emergência. A imagem a seguir demonstra alguns exemplos de fatos em que devemos chamar o SAMU e o Corpo de Bombeiros: SAMU E CORPO DE BOMBEIROS FONTE: <http://www.guiacaldasnovas.com.br/userfiles/image/samu.jpg>. http://www.guiacaldasnovas.com.br/user%C3%AF%C2%AC%C2%81les/image/samu.jpg Após ligar para o número indicado àquela situação, a comunicação deve ser eficaz afim de facilitar a compreensão dos profissionais sobre o tipo de equipamento e pessoal necessário para o atendimento, então, forneça sempre: PASSOS PARA COMUNICAÇÃO COM A EMERGÊNCIA Tipo de acidente Número de vítimas Localização exata Incêndio, acidentes O número, tipo e Se for na cidade, com veículos, gravidade das lesões forneça a localização quantos e quais os sofridas, se foram exata da rua, o tipos de veículos removidas do local, se número e o ponto de envolvidos, precisam ser resgatadas referência mais fácil. atropelamento, de local perigoso. Em rodovias, forneça vazamento de Informe a idade o nome ou número, gás ou produtos aproximada das vítimas, o quilômetro, se for químicos, inundação, se há crianças, pessoas possível, ou a indicação desmoronamento, idosas ou mulheres de entroncamentos ou brigas etc. grávidas. pontos de referência. FONTE: Adaptado de Júnior (2014) No quadro a seguir estão listados outros telefones úteis dependendo de cada ocorrência: NÚMEROS ÚTEIS E SUAS FUNÇÕES 181 DISQUE-DENÚNCIA: é um serviço gratuito oferecido à comunidade para o repasse de informações sobre crimes. O denunciante não precisa se identiflcar. Desde sua criação, em 2003, não houve nenhum caso de divulgação da identidade das pessoas que ligaram no 181. 190 POLÍCIA MILITAR: é o telefone de emergência da Polícia Militar por meio do qual podem ser repassadas/relatadas situações de furto, roubo, homicídio, violência doméstica, agressão, depredação do patrimônio público, invasão de domicílio, entre outros delitos que imponham o cidadão ao risco iminente de um ilícito penal ou no momento em que estas situações estejam ocorrendo. 191 POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL: utilizado pela Polícia Rodoviária Federal, a população poderá ligar para informar sobre ocorrências nas rodovias federais como, por exemplo, crimes, acidentes ou irregularidades. 197 POLÍCIA CIVIL: o telefone utilizado pela Polícia Civil para quem tiver informações que colaborem com as investigações da instituição possa entrar em contato. A ligação é gratuita e não há necessidade de identiflcação. 198 BPRv: o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), unidade especializada da Polícia Militar para atuação na flscalização, policiamento em rodovias estaduais, está à disposição dos usuários por meio do 198. Por este canal, o cidadão tem acesso a informações como prevenção de acidentes, educação no trânsito, condições de veículos e documentação; fluidez do trânsito; e atendimento de acidente de trânsito no local. 199 DEFESA CIVIL: o número poderá ser discado quando ocorrer inundações, desabamentos, incêndios ou desastres naturais que tenham vítimas e desabrigados. FONTE: Adaptado de Brasil (2016) PERFIL DO SOCORRISTA Para exercer os primeiros socorros, é necessário que o socorrista tenha atenção nas considerações a seguir, buscando avaliar constantemente se está realizando a sua função com eficácia e mantendo o controle emocional. Manter a Calma Manter o autocontrole para enfrentar situações de emergência que muitas vezes envolvem pânico e sofrimento. Liderança Assumir o controle da situação e passar conflança na assistência realizada. Fazer tudo o que for possível Deve tentar realizar todas as medidas que forem de seu conhecimento e que estiver ao seu alcance sem agravar a situação da vítima. Não temer críticas O socorrista que tem conhecimento e sabe o que está fazendo não precisa temer em prejudicar a vítima. Se for possível, sempre estabeleça uma comunicação clara com os familiares explicando o que pretende fazer. Não correr riscos Antes de socorrer alguém sempre avaliar se a sua segurança não está em risco. Colaboração Quando o atendimento especializado chegar, relate todo o procedimento realizado, a avaliação da vítima e a evolução que ela apresentou desde o início do atendimento e se ofereça para auxiliar no que mais for necessário até a flnalização da assistência. Não se sentir frustrado Se você fez o máximo possível e percebeu que a sua ajuda não foi suflciente, não se sinta culpado nem permita que isso interflra em seus atendimentos futuros. FONTE: Adaptado de Júnior (2014) ATENDIMENTO FONTE: Gonçalves; Gonçalves (2009, p. 11) CENÁRIO DO SOCORRO Ao se deparar com alguma situação de emergência, o socorrista precisa avaliar rapidamente todo o cenário envolvendo tais implicações: AVALIAÇÃO DO CENÁRIO Avaliação das condições de segurança. Analisar se o local está seguro para realizar de imediato o atendimento. Não se colocar em risco podendo ser uma segunda vítima. Verificar a segurança da via púbica, caso for acidente de trânsito, analisar se poderá envolver outras vítimas através do cenário estabelecido pós-trauma, considerar possíveis deslizes de terra em encostas em caso de chuvas, e demais situações que podem ser imprevisíveis quando se trata de emergências. Avaliação inicial Identificar a prioridade de atendimento entre as vítimas, das vítimas tipos de equipamento que será utilizado para o socorro, caso a vítima tiver consciente converse com ela durante a assistência buscando acalmá-la. Mantenha o controle da situação, pois cabe ao socorrista ter a liderança da situação até a vinda da equipe especializada. Locais públicos Quando os acidentes ocorrem em locais públicos que concentram muitas pessoas (exemplo: teatros, supermercados, estádios, casas de shows), muitas vezes acometem maior número de vítimas, o que exigirá discernimento do socorrista. Depois de isolar o local, providenciar a chamada para o serviço especializado, retirar as vítimas que estejam em local instável, determinar prioridadesde atendimento, prestar assistência para os casos mais graves e transportar de forma adequada os feridos avaliando sempre a segurança da remoção para a vítima. FONTE: Adaptado de Júnior (2014) e Bruno; Bartman (1996) ACIDENTE FONTE: Gonçalves; Gonçalves (2009, p. 17) TRANSPORTE DE ACIDENTADOS O conhecimento das técnicas corretas de resgate torna-se imprescindível para evitar risco para o socorrista e principalmente impedir um segundo trauma para a vítima. A seguir, vamos citar alguns meios de retirada da vítima em casos de risco eminente no local, ou seja, em incêndios, desabamentos, tiroteios etc. TRANSPORTE DE EMERGÊNCIA a) Resgate por arrastamento: arrastar a vítima no sentido da cabeça, utilizando camisa ou casaco como ponto de apoio. Também podemos utilizar um cobertor na execução desta técnica, contudo, a vítima deve ser rolada para cima do cobertor. A técnica de arrastamento permite que um socorrista transporte vítimas pesadas, acima de sua capacidade de carga (JUNIOR, et al. 2007). RESGATE POR ARRASTAMENTO FONTE: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/tranpac7.gif>. http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/tranpac7.gif b) Transporte tipo bombeiro: indicado para vítimas inconscientes e em situações nas quais o socorrista possui força física para suportar o peso da vítima. Nunca utilize esta técnica com a vítima apresentando um possível trauma. TRANSPORTE TIPO BOMBEIRO FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112) c) Apoio lateral simples: técnica utilizada para apoio em vítimas que são capazes de andar. APOIO LATERAL SIMPLES FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112) d) Transporte nos braços: ter o cuidado para passar o braço da vítima sobre os seus ombros atrás do pescoço e envolver com o seu outro braço a cintura da vítima. TRANSPORTE NOS BRAÇOS FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112) e) Transporte em cadeira: pode ser utilizada com ou sem cadeira, neste caso, levantando as pernas da vítima, simulando a posição de sentado. TRANSPORTE EM CADEIRA COM A CADEIRA Nenhuma técnica acima é indicada ou considerada segura para o transporte de vítimas com suspeita de traumatismos. Sempre que houver situações que acarretem maior risco para a vítima, o serviço de resgate especializado deverá ser acionado. FONTE: Júnior et al. (2007, p. 113) TRANSPORTE EM CADEIRA SEM A CADEIRA FONTE: Júnior et al. (2007, p. 113) O transporte da vítima politraumatizada deverá ser realizada por um mobilizador que seja capaz de manter a estabilidade de toda a coluna vertebral. A melhor posição para esta estabilização é o decúbito dorsal, que também contribui para uma melhor visualização para o início das medidas do suporte de vida (JÚNIOR et al. 2007). A Lei 13.722 de 4 de outubro de 2018, mais conhecida como Lei Lucas, foi aprovada por unanimidade pelo Senado, que torna obrigatória a capacitação em Noções Básicas de Primeiros Socorros, de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino público e privado de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. O nome da nova legislação, Lei Lucas, presta homenagem ao menino Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu engasgado com um sanduíche durante um passeio escolar, sem que ninguém pudesse socorrê-lo. Por isso, quanto maior o número de pessoas treinadas e prontas para o primeiro atendimento em primeiros socorros, melhor é o prognóstico das vítimas. LEI LUCAS A Lei 13.722 de 4 de outubro de 2018 é apresentada da seguinte maneira: Art. 1º Os estabelecimentos de ensino de educação básica da rede pública, por meio dos respectivos sistemas de ensino, e os estabelecimentos de ensino de educação básica e de recreação infantil da rede privada deverão capacitar professores e funcionários em noções de primeiros socorros. § 1º O curso deverá ser ofertado anualmente e destinar-se-á à capacitação e/ou à reciclagem de parte dos professores e funcionários dos estabelecimentos de ensino e recreação a que se refere o caput deste artigo, sem prejuízo de suas atividades ordinárias. § 2º A quantidade de profissionais capacitados em cada estabelecimento de ensino ou de recreação será definida em regulamento, guardada a proporção com o tamanho do corpo de professores e funcionários ou com o fluxo de atendimento de crianças e adolescentes no estabelecimento. § 3º A responsabilidade pela capacitação dos professores e funcionários dos estabelecimentos públicos caberá aos respectivos sistemas ou redes de ensino. Art. 2º Os cursos de primeiros socorros serão ministrados por entidades municipais ou estaduais especializadas em práticas de auxílio imediato e emergencial à população, no caso dos estabelecimentos públicos, e por profissionais habilitados, no caso dos estabelecimentos privados, e têm por objetivo capacitar os professores e funcionários para identificar e agir preventivamente em situações de emergência e urgência médicas, até que o suporte médico especializado, local ou remoto, se torne possível. § 1º O conteúdo dos cursos de primeiros socorros básicos ministrados deverá ser condizente com a natureza e a faixa etária do público atendido nos estabelecimentos de ensino ou de recreação. § 2º Os estabelecimentos de ensino ou de recreação das redes pública e particular deverão dispor de kits de primeiros socorros, conforme orientação das entidades especializadas em atendimento emergencial à população. Art. 3º São os estabelecimentos de ensino obrigados a afixar em local visível a certificação que comprove a realização da capacitação de que trata esta Lei e o nome dos profissionais capacitados. Art. 4º O não cumprimento das disposições desta Lei implicará a imposição das seguintes penalidades pela autoridade administrativa, no âmbito de sua competência: I. - notificação de descumprimento da Lei; II. - multa, aplicada em dobro em caso de reincidência; ou III. - em caso de nova reincidência, a cassação do alvará de funcionamento ou da autorização concedida pelo órgão de educação, quando se tratar de creche ou estabelecimento particular de ensino ou de recreação, ou a responsabilização patrimonial do agente público, quando se tratar de creche ou estabelecimento público. Art. 5º Os estabelecimentos de ensino de que trata esta Lei deverão estar integrados à rede de atenção de urgência e emergência de sua região e estabelecer fluxo de encaminhamento para uma unidade de saúde de referência. Art. 6º O Poder Executivo definirá em regulamento os critérios para a implementação dos cursos de primeiros socorros previstos nesta Lei. Art. 7º As despesas para a execução desta Lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias, incluídas pelo Poder Executivo nas propostas orçamentárias anuais e em seu plano plurianual. Art. 8º Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. FONTE: BRASIL. Lei n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. Brasília: Senado Federal, 2018a. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso em: 18. abr. 2019. Portanto, o curso de Primeiros Socorros nas Escolas, deverá ser ofertado anualmente para a capacitação e/ou reciclagem de parte dos professores e funcionários dos estabelecimentos de ensino e recreação. Os estabelecimentos de ensino de educação básica e de recreação infantil terão até abril de 2019 para se adequarem às normas da Lei 13.722/2018. O não cumprimento pode acarretar em notificação, multa e até cassação do alvará de funcionamento ou da autorizaçãoconcedida pelo órgão de educação, quando se tratar de creche ou estabelecimento particular de ensino ou de recreação, ou a responsabilização patrimonial do agente público, quando se tratar de creche ou estabelecimento público. http://www/ REFERÊNCIAS BERGERON, D. et al. Primeiros socorros. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007. BRASIL. Lei n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. Brasília: Senado Federal, 2018a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso em: 18. abr. 2019. BRASIL, Projeto de Lei 9468/2018. Brasília: Câmara dos Deputados, 2018b. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/ fichadetramitacao?idProposicao=2167629. Acesso em: 18. abr. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz. br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros. pdf. Acesso em: 23 jan. 2019. BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 5 de outubro 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. 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