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Podemos concluir, portanto, que a coerência é um princípio de interpretabilidade, ou seja, constatamos que a coerência de um texto não se manifesta apenas através da decodificação de seus elementos linguísticos, mas de uma série de fatores extralinguísticos e pragmáticos inerentes à construção de sentidos. Tais conhecimentos são acionados, sempre, durante a interação, e variam de acordo com cada situação. VERSÃO TEXTUAL Coerente ou incoerente: eis a questão! Vamos continuar nosso estudo sobre coerência textual? Até aqui, você já entendeu que o(s) sentido(s) de um texto depende(m) de vários fatores (linguísticos, cognitivos, socioculturais, interacionais). Se todos esses fatores interferem na construção de sentido(s) do texto, é correto afirmar que há textos incoerentes? Você verá que esta é uma questão que divide os linguistas: alguns afirmam que sim, que há o não texto ou o texto sem sentido algum. É o que defendem Beaugrande e Dressler (1981), quando afirmam que um texto incoerente é aquele em que o receptor (leitor ou ouvinte) não consegue descobrir qualquer continuidade de sentido, seja pela discrepância entre os conhecimentos ativados, seja pela inadequação entre conhecimentos e o seu universo cognitivo. De acordo com essa posição, temos também Marcuschi (1983), que defende a existência de textos incoerentes. Já outros autores afirmam o oposto: não há textos incoerentes, todos os textos seriam, em princípio, aceitáveis. É o que defende Charolles (1989) em seu estudo sobre problemas de coerência textual. CHAROLLES (1989) Para este autor, há textos incoerentes apenas quando houver inadequação à situação de comunicação, levando em conta intenção comunicativa, objetivos, destinatário, regras socioculturais, outros elementos da situação, uso dos recursos linguísticos etc. Caso contrário, o texto será coerente. 17
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