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ilhas verdes além... para além dessa bruma, diademadas de aurora, embaladas de espuma! Oh, quem fora, através de ventos e procelas, numa barca ligeira, ao vento abrindo as velas, a demandar as ilhas de oiro fulgurantes, onde sonham anões, onde vivem gigantes, onde há topázios e esmeraldas a granel, noites de Olimpo e beijos de âmbar e de mel!» E cismava, e cismava... As nuvens eram frotas, navegando em silêncio a paragens ignotas... – «Ir com elas...Fugir...Fugir!...» Ûa manhã, louco, machado em punho, a golpes de titã, abateu, impiedoso, o roble familiar, há mil anos guardando o colmo do seu lar. Fez do tronco num dia uma barca veleira, um anjo à proa, a cruz de Cristo na bandeira... Manhã de heróis... levantou ferro... e, visionário, sobre as águas de Deus foi cumprir seu fadário. Multidões acudindo ululavam de espanto. Velhos de barbas centenárias, rosto em pranto, braços hirtos de dor, chamavam-no... Jamais! Não voltaria mais! Oh! Jamais! Nunca mais! E a barquinha, galgando a vastidão imensa, ia como encantada e levada suspensa para a quimera astral, a músicas de Orfeus: o seu rumo era a luz; seu piloto era Deus! Anos depois, volvia à mesma praia enfim uma galera de oiro e ébano e marfim, atulhando, a estoirar, o profundo porão diamantes de Golconda e rubins de Ceilão! In: Pátria. [23] Adoração Eu não te tenho amor simplesmente. A paixão Em mim não é amor; filha, é adoração! Nem se fala em voz baixa à imagem que se adora. Quando da minha noite eu te contemplo, aurora, E, estrela da manhã, um beijo teu perpassa Em meus lábios, oh! quando essa infinita graça do teu piedoso olhar me inunda, nesse instante Eu sinto – virgem linda, inefável, radiante, 105
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