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Prévia do material em texto

Editora Poisson 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ergonomia e Segurança do 
Trabalho em foco 
Volume 2 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
Poisson 
2019 
 
 
 
 
 
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade 
 
Conselho Editorial 
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais 
Ms. Davilson Eduardo Andrade 
Dra. Elizângela de Jesus Oliveira – Universidade Federal do Amazonas 
Msc. Fabiane dos Santos 
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia 
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC 
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy 
Ms. Valdiney Alves de Oliveira – Universidade Federal de Uberlândia 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
E67 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco 
 volume 2 – Editora Poisson – Belo 
 Horizonte (MG : Poisson, 2019) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Modo de acesso: World Wide Web 
 Inclui bibliografia 
 
1. Ergonomia. 2. Segurança. I. Título 
 
 
 
CDD-658.8 
 
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são 
de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores. 
 
 
 
 
 
www.poisson.com.br 
 
contato@poisson.com.br 
 
Formato: PDF
ISBN:
 
978-85-93729-184-5
DOI:
 
10.36229/978-85-93729-184-5
http://www.poisson.com.br/
mailto:contato@poisson.com.br
SUMÁRIO 
Capítulo 1: Análise da acessibilidade nas áreas comuns de edifícios residenciais 
verticais com pilotis elevado................................................................................................................. 06 
Mariana Santos Barbosa, Alexandre Márcio Toledo 
DOI: 10.36229/978-85-93729-184-5.CAP.01 
Capítulo 2: Estudo ergonômico do almoxarifado público na cidade do Recife sob o olhar 
do ambiente construído .......................................................................................................................... 16 
Vilma Villarouco, Janaina Vanessa Laurindo Afonso Lima, Edeilson Vicente Ferreira, Paula Araújo Azevedo 
DOI: 10.36229/978-85-93729-184-5.CAP.02 
Capítulo 3: Avaliação do ambiente construído do centro cirúrgico de um Hospital 
Universitário da cidade do Recife-PE. ............................................................................................... 28 
Francisco Amorim de Barros, Gabriella Maria de Brito Farias, Geane Rodrigues Chaves, Vilma Villarouco 
DOI: 10.36229/978-85-93729-184-5.CAP.03 
Capítulo 4: Idosos e a acessibilidade aos computadores desktop: Mouse como 
dispositivo de entrada ............................................................................................................................. 38 
Rosana Gonçales Oliveira Rocha, João Roberto Gomes de Faria, Galdenoro Botura Junior, Ekaterina 
Emmanuil Inglesis Barcellos 
DOI: 10.36229/978-85-93729-184-5.CAP.04 
Capítulo 5: Prevalência de LER/DORT e fatores associados no Departamento Estadual 
de Trânsito de Pernambuco – DETRAN/PE. .................................................................................. 46 
Vanessa Coêlho, Klaúgene Gaudêncio, Marluce Santos, Maria Goretti Fernandes 
DOI: 10.36229/978-85-93729-184-5.CAP.05 
Capítulo 6: Perfil socioeconômico e saúde dos trabalhadores em indústrias da Região 
Amazônica ..................................................................................................................................................... 55 
Rodrigo Canto Moreira, Brenda Rassy Carneiro Maradei 
DOI: 10.36229/978-85-93729-184-5.CAP.06 
Capítulo 7: Perícias judiciais na 2ª Vara do Trabalho de Aracaju/SE: Possibilidades de 
contribuição da ISO 11228-3 e do Decreto nº 6.957/09 para o nexo causal da LER/DORT
 ............................................................................................................................................................................ 63 
Marcos André Santos Guedes, Maria Goretti Fernandes, Ana Verena Alves Calmon Almeida 
DOI: 10.36229/978-85-93729-184-5.CAP.07 
SUMÁRIO 
Capítulo 8: Vibração e ruído em um trator agrícola submetido a diferentes superfícies 
de rolamento ................................................................................................................................................ 73 
Patrícia Adriana Marques de Andrade, Vinícius Paludo, Jefferson Sandi, Murilo Battistuzzi Martins, João 
Eduardo Guarnetti dos Santos 
DOI: 10.36229/978-85-93729-184-5.CAP.08 
 
Autores: ......................................................................................................................................................... 81 
 
 
 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
6 
Capítulo 1 
 
Análise da acessibilidade nas áreas comuns de 
edifícios residenciais verticais com pilotis elevado 
 
Mariana Santos Barbosa 
Alexandre Márcio Toledo 
 
Resumo: A acessibilidade física é fundamental para garantir inclusão de pessoas com 
deficiência nas áreas comuns dos edifícios residenciais verticais, sobretudo nos que 
apresentam pilotis elevado. É necessário prover rotas acessíveis que atendam ao 
desenho universal. Objetiva-se analisar questões de acessibilidade nesses edifícios 
residenciais verticais. Selecionou-se para estudo um edifício típico aprovado em 1999, 
anterior à publicação da NBR 9050/2004, analisando-se o acesso ao edifício, rota de 
acesso ao elevador e as áreas de lazer de uso comum. Observou-se que as condições 
existentes só atendem parcialmente, apresentando vários aspectos em desacordo com a 
legislação vigente, implicando na necessidade de adequações futuras. 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
7 
1.INTRODUÇÃO 
Acessibilidade é um assunto cada vez mais discutido no Brasil, pois é fundamental a preocupação com a 
inclusão e a integração das pessoas com algum tipo de deficiência na sociedade. Porém, o Estado Brasileiro 
nem sempre a teve como uma preocupação: 
“A igualdade das Pessoas com Deficiência perante à lei e seus direitos à cidade são 
resultados de um processo histórico, das reivindicações e articulações que 
partiram destas pessoas. Pode-se dizer que estes direitos que começam a surgir 
aos poucos, assumem uma nova dimensão com a instalação da Assembleia 
Constituinte e a luta pela Reforma Urbana. O ano 1980 foi o marco de uma nova 
postura com a instituição de uma Comissão Nacional do Ano Internacional das 
Pessoas Deficientes (AIPD) ” (DUARTE; COHEN, 2004, p. 20). 
Desde o ano 2000, criaram-se leis e normas no Brasil visando a garantia da acessibilidade nos meios 
públicos e privados, são elas: a Lei Federal 10.098/2000, o Decreto Regulamentador 5.296/2004 e a NBR 
9050/2004. 
Em 2007, com a publicação do Código de Edificações e Urbanismo de Maceió (MACEIÓ, 2007), verificou-se 
a inclusão da acessibilidade. Até a reformulação da NBR 9050 (ABNT, 2004) os edifícios residenciais 
verticais não tinham parâmetros para implantação de rotas acessíveis, e antes disso não era obrigatória a 
adequação dos edifícios a esses parâmetros. 
Segundo a NBR 9050 (ABNT, 2004), todo edifício residencial vertical deve possuir áreas de uso comum e 
rotas de acesso às unidades autônomas. Porém nem sempre esse respeito à norma citada está presente 
nas construções, fazendo com que a pessoa com deficiência se encontre com dificuldade de acesso. 
Alguns dados são relevantes na construção de um edifício adaptado para pessoas com deficiência, uma vez 
que no programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembleia Geral da 
Organização das Nações Unidas (ONU), consta que 25% da população mundial tem deficiência, e, segundo 
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, cerca de 24 milhões de pessoas 
apresentam alguma deficiência. 
Além disso, também é necessária uma perspectiva de futuro, pois a ONU divulgou recentementeque a 
expectativa de vida mundial subirá de 65 anos em 2000, para 75 anos em 2050. Fato que amplia a 
quantidade de pessoas com dificuldade de locomoção para o convívio social, além de pesquisas do IBGE 
que indicam que a população com mais de 60 anos no Brasil será de 22% em 2050. É importante salientar 
que a acessibilidade não trata apenas das necessidades das pessoas com deficiências físicas, mas sim, da 
adequação dos espaços para pessoas portadoras dos mais diferentes tipos de deficiência, além de pessoas 
com mobilidade reduzida como idosos, gestantes, obesos e também de seus acompanhantes. 
Uma vez que a NBR que trata da acessibilidade é do ano de 2004, os edifícios construídos antes desta data 
não tiveram em seus projetos obrigação para com tal adequação. Como é a situação da acessibilidade em 
edifícios residenciais verticais que antecedem a NBR 9050? O que se faz para que estes edifícios se 
adequem ao cumprimento das rotas acessíveis? 
O objetivo deste artigo é analisar um edifício vertical multifamiliar construído antes da norma NBR 
9050(2004), verificando as questões de acessibilidade, visando contribuir para a discussão técnica que 
considere o indivíduo no âmbito da acessibilidade arquitetônica. 
O presente recorte integra o trabalho de conclusão de curso em Arquitetura e Urbanismo em 
desenvolvimento. O qual analisará seis edifícios: três anteriores à NBR 9050(2004) e outros três 
posteriores à mesma. 
 
2.REFERENCIAL TEÓRICO 
No Brasil, a acessibilidade é regida pela Lei Federal No 10.098/2000, regulamentada pelo Decreto Nº 
5.296/2004, ano em que a ABNT publicou a NBR 9050/2004. O Código de Urbanismo e Edificações do 
Município de Maceió (MACEIÓ, 2007) também possui diretrizes importantes para as construções na 
Cidade. Estas Leis e Normas apresentam os conceitos de Acessibilidade, Deficiência e Desenho Universal. 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
8 
2.1. LEGISLAÇÃO 
A Lei Federal Nº 10.098 (Brasil, 2000), instituída em dezembro de 2000, tem como objetivo estabelecer 
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de 
deficiências ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e obstáculos nas vias e 
espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e 
de comunicação (Art. 1º, Capítulo 1). 
Em dezembro de 2004, instituiu-se o Decreto Nº 5.296 (Brasil, 2004), o qual regulamenta a Lei 10.098 
(Brasil, 2000) e especifica as condições gerais de construções com acessibilidade. 
A NBR 9050 surgiu no ano de 1985 e foi publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – órgão 
competente, no Brasil, para publicação de normas técnicas. Desde a sua primeira publicação ela já foi 
revisada três vezes: em 1994, em 2004 e a última revisão ocorreu em 2015. A título de análise, neste 
trabalho será utilizada a NBR9050 de 2004. 
 A NBR 9050 (ABNT, 2004) estabelece parâmetros técnicos acerca do projeto, construção, instalação e 
adaptação de edificações, mobiliário, espaço e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. 
Consideraram-se diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem ajuda de 
aparelhos específicos, a fim de proporcionar a maior quantidade de pessoas a utilização de maneira 
autônoma e segura do ambiente. 
Para isso, a norma define as áreas de circulação e transferência de pessoas que fazem uso de cadeira de 
rodas, comunicação e orientação visual e tátil, além das dimensões e inclinações que os equipamentos e 
mobiliários deverão ter (ex.: portas, rampas, calçadas, banheiros, etc.). 
No Código de Urbanismo e Edificações do Município de Maceió (Maceió, 2007), instituído pela Lei 
Municipal de Nº 5.593 (Maceió, 2007), a acessibilidade é citada em uma de suas diretrizes, a qual garante 
as condições adequadas de acessibilidade, circulação e utilização das áreas e edificações de uso público ou 
coletivo, especialmente para pessoas portadoras de necessidades especiais ou com mobilidade reduzida 
(Art. 2º, Maceió, 2007). 
É também importante citar que o Registro de Responsabilidade Técnica – RRT, documento requerido pelo 
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), exige do projetista o seguinte compromisso: “Declaro que na(s) atividade(s) registrada(s) neste RRT foram atendidas as regras de acessibilidade 
previstas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e no Decreto Federal nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004.” 
 
2.2. ACESSIBILIDADE, DEFICIÊNCIA E DESENHO UNIVERSAL 
O conceito de acessibilidade contido na Lei 10.098/2000 (Brasil, 2000) e no Decreto Federal 5.296/2004 
(Brasil, 2004) é o seguinte: 
Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, 
de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, 
informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de 
outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso 
coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com 
mobilidade reduzida; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Brasil, 2000) 
Já o conceito de deficiência presente na Norma de Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e 
equipamentos urbanos (NBR 9050:2004), é o seguinte: 
Redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das características 
do ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço, mobiliário, 
equipamento urbano e elementos, em caráter temporário ou permanente (NBR 
9050,2004 p.3) 
O conceito de Desenho Universal contido na Lei 10.098 (Brasil, 2000), Art. 2º, é o seguinte: 
“Concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por 
todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, 
incluindo os recursos de tecnologia assistiva. ” 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
9 
E segundo a NBR 9050 (ABNT, 2004): “aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população. ” 
Connell et al. (1997) definem os sete princípios do desenho universal (Quadro 01), os quais incluem 
aspectos relacionados ao uso (1 a 3), informação (4), segurança (5), eficiência (6) e dimensionamento dos 
espaços (7). 
 
Quadro 1 – Princípios do Desenho Universal 
PRINCÍPIO DESCRIÇÃO 
1. Uso correto 
O desenho é utilizável e comercializável para pessoas com diversas 
capacidades/incapacidades 
2. Flexibilidade no uso 
O desenho acomoda uma larga faixa de preferências e habilidades 
individuais 
3. Uso simples e intuitivo 
O uso do desenho é fácil de ser entendido, não importando sua 
experiência, conhecimento, aptidões linguísticas, ou nível de 
concentração do usuário 
4. Informação perceptível 
O desenho dá a necessária informação ao usuário, independentemente 
das condições do ambiente ou das habilidades sensoriais do usuário 
5. Tolerância ao erro 
O desenho minimiza os perigos e as consequências adversas de ações 
não intencionais ou acidentais 
6. Pouco esforço físico 
O desenho pode ser usado de forma eficiente e confortável com o 
mínimo de fadiga 
7. Tamanho e espaço para 
aproximação e uso 
Prevê tamanho e espaço apropriado para aproximação, a busca, a 
manipulação e uso, não importando a altura, postura ou mobilidade do 
usuário 
 
3. METODOLOGIA 
No trabalho apresenta-se uma análise sobre acessibilidade, focada em três aspectos: áreas de acesso ao 
edifício; rota de acesso ao elevador; áreas de lazer de uso comum. Utiliza-se como estudo de caso um 
edifício residencial vertical anterior à NBR 9050/2004. 
 
3.1. OBJETO DE ESTUDO 
Escolheu-se o edifício Milennium por anteceder à Norma e representar um exemplo significativo de 
edifícios dessa tipologia arquitetônica, edifícios verticais com pilotis elevado, ou seja, com garagem no 
subsolo. De acordo com o Art. 273 do Código de Edificações e Urbanismode Maceió (2007), esta estratégia 
permite que o subsolo ocupe todo o limite do lote: 
Parágrafo único. Para fins de recuos, subsolo é o pavimento cuja laje de 
cobertura não ultrapasse 1,80 m (um metro e oitenta centímetros) em face do 
nível do meio-fio relativo ao lote em que se situe. 
Registrado na Secretaria Municipal de Controle e Convívio Urbano de Maceió/AL (SMCCU) em 1999, o 
edifício Milennium se localiza na Rua Hélio Pradines Nº 806, no bairro Ponta Verde, baixada litorânea da 
Cidade (Figura 1). 
É composto por oito pavimentos tipo com três apartamentos por andar, um subsolo e um pilotis elevado, 
onde se localizam os equipamentos de lazer (playground e salão de festas). A área do terreno é de 
720,00m² e a área de construção de 3.646,64m². Por não ter sofrido nenhuma reforma e ser registrado 
anteriormente ao Decreto Federal 5.296 (Brasil, 2004) não possui mecanismos de acessibilidade espacial 
ao pilotis (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
10 
Figura 1 – Localização do Edifício Milennium Figura 2 – Fachada do Edifício 
Milennium 
 
Fonte: Google Earth (Adaptado) Fonte: Google Earth. 
 
3.2. INSTRUMENTO DE PESQUISA 
Realizaram-se levantamento cadastral do edifício na SMCCU e visitas in loco para documentação 
fotográfica e observação sistemática. Os dados alimentaram as planilhas de análise. 
Dischinger et al. (2012) propõem seis áreas a serem estudadas: (i) Áreas de acesso ao edifício; (ii) 
Saguões, salas de recepção e espera; (iii) Circulações horizontais; (iv) Circulações verticais; (v) Sanitários; 
e (vi) Locais para atividades coletiva; para um estudo de acessibilidade em um edifício público. 
Por tratar de um estudo de um edifício residencial vertical, estabeleceram-se apenas três áreas a serem 
estudadas: (i) áreas de acesso ao edifício; (ii) rota de acesso ao elevador; (iii) áreas de lazer de uso comum 
(incluindo sanitários, quando existentes) (Quadro 2). 
 
Quadro 2 – Descrição das áreas analisadas 
Áreas de Acesso ao Edifício 
Compostas pelas áreas públicas do edifício (calçada) e a área privativa 
da entrada – frente e laterais (quando houver). Incluem as calçadas, as 
escadas, as rampas, as portas principais e laterais e os mecanismos de 
controle do ingresso no edifício (portas com sensores, interfones, 
visores, etc.). 
Rota de acesso ao elevador 
Composta pela circulação entre o acesso ao edifício até a entrada do 
elevador. Incluem a circulação horizontal, a recepção e os corredores 
(quando houver). 
Áreas de lazer de uso comum 
Compostas pelas áreas de lazer do edifício – apenas de uso comum. 
Incluem piscinas, deck, playground, fitness e sala de jogos. 
 
Para a análise, elaboraram-se três planilhas, adaptando-as às especificidades do objeto de estudo. Todas as 
planilhas possuem oito colunas (Quadro 3) agrupadas em quatro blocos distintos: legislação, itens a 
conferir, resposta, observações. O segundo bloco, itens a conferir, constitui a referência para todos os 
demais. 
O primeiro bloco – legislação – é composto por duas colunas, sendo a primeira referente à Lei, Decreto, 
norma ou princípio do desenho universal, seguido pelo(s) artigo(s) (quando existente), correspondentes 
na segunda coluna. 
No segundo bloco – itens a conferir – organizado de acordo com os diferentes elementos a avaliar. Cada 
item corresponde a um aspecto específico de acessibilidade a analisar expresso na forma de pergunta, 
estes aspectos são divididos em componentes da acessibilidade. 
Os componentes são: Orientação (pisos táteis e informações espaciais acessíveis); Comunicação 
(mecanismos de controle de acesso ao edifício); Deslocamento (Condições de segurança, conforto e 
continuidade dos percursos em relação a faixa livre de circulação, declividade, desníveis, materiais de 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
11 
revestimento do piso e vãos das portas); Uso (utilização, alcance e manuseio de todos os componentes – 
tais como corrimãos, maçanetas e banheiros). 
O terceiro bloco – resposta – é preenchido com a resposta da questão avaliada (sim, não, não se aplica ou 
inexistente). Respostas positivas significam que o elemento considerado possui boa acessibilidade 
espacial, e respostas negativas indicam presença de problemas. Preenche-se “não se aplica/inexistente” 
nos casos em que o elemento avaliado não existe na edificação. 
O quarto e último bloco – observações – possui espaço para observações, tais como medições efetuadas e 
descrição mais detalhada do(s) problema(s). Todas as planilhas foram preenchidas por meio de estudo 
das plantas baixas do edifício ou fotos realizadas em visitas ao local. 
 
Quadro 3 – Organização das Planilhas 
Legislação 
Itens a conferir 
Resposta 
Na/I Obs. Lei Art. Sim Não 
 
 
4. ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE NAS ÁREAS COMUNS 
Trata-se da análise da acessibilidade nas três áreas, apresentando a situação atual de cada componente 
analisado. 
 
4.1. ÁREAS DE ACESSO AO EDIFÍCIO 
O passeio tem pisos adequados (antiderrapantes), porém percebe-se que as árvores possuem copas mais 
baixas que 2,10m de altura, o que causa invasão da área livre e, consequentemente, impede o 
deslocamento e representa insegurança ao pedestre (Figura 3). O piso tátil existe, mas não sinaliza as 
copas das árvores presentes na calçada. 
O interfone para comunicação do pedestre com o porteiro (Figura 4) está a uma altura de 1,40m, o que o 
torna inacessível aos cadeirantes e às pessoas com baixa estatura. 
 
Figura 3 – Passeio externo Figura 4 – Interfone 
 
Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal. 
A escada (Figura 5) possui 2,15m de largura e os espelhos são fechados, entretanto, o primeiro degrau 
situa-se exatamente após a porta de entrada, o qual deveria distar pelo menos 50cm, este problema é 
bastante ocorrente na Cidade por conta dos subsolos semienterrados. Não há sinalização visual e/ou tátil 
nos degraus, no início e no término da escada. 
O corrimão (Figura 6), existe somente em uma lateral da escada (deveria existir nas duas), possui apenas 
2,5cm de largura (deveria ter entre 3 e 4,5cm) e 2,5cm de distância até a parede (deveria ter 4cm). 
Ademais, só possui prolongamento na parte superior da escada e quinas vivas. 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
12 
 
Figura 5 – Escada do único acesso para pedestres 
Figura 6 – Corrimão da escada de acesso ao 
edifício 
 
Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal. 
 
4.2. ROTA DE ACESSO AO ELEVADOR 
O corredor possui extensão de 7,55m e 2,30m de largura (Figura 7), estando assim de acordo com o 
solicitado na NBR 9050 (ABNT, 2004) e não apresenta desnível. O piso do corredor é de material 
antiderrapante, como sugerido na Norma, porém o da recepção é de pedra polida que causa risco pela 
probabilidade ser maior de acidentes quando molhado. 
A única porta existente na rota após a escada até o elevador tem o vão maior que o mínimo exigido pela 
NBR 9050/2004: 80cm, e a maçaneta está numa altura de 1,06m do piso (deve estar entre 90cm e 1,10m) 
logo, ambos atendem. 
Apesar de as maçanetas não serem do tipo alavanca como deveria, a porta da recepção é mantida sempre 
aberta. Não existe soleira na mudança de piso do corredor para a recepção, o que favorece a 
acessibilidade, mas há um tapete antiderrapante (capado) que representa obstáculo na rota (Figura 8). 
 
Figura 7 – Corredor de Passagem 
Figura 8 – Porta de ligação entre corredor de 
passagem e recepção 
 
Fonte: Acervo pessoal. 
Fonte: Acervo pessoal. 
 
 
Há placas indicando o nome dos ambientes (Figura 9), porém estas não são contrastantes com a superfície 
que estão afixadas, além de serem pequenas e altas (impossibilitando a sinalização em braile). Não existe 
sinalização de rotas e entradas acessíveis em forma de pictogramas, pois não há uma rota totalmente 
acessível. 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
13 
 
Figura9 – Placa com indicação do nome do ambiente 
Fonte: Acervo pessoal. 
 
4.3. ÁREAS DE LAZER DE USO COMUM 
Nem todos os vãos possuem 80cm livre como requerido na Norma, pois há uma porta que liga a recepção 
ao salão de festas com apenas 67cm de vão, porém, as demais portas do salão possuem vãos livres maiores 
que 80cm (Figura 10). Nestas as maçanetas estão a uma altura correta, 1,06m em relação ao piso (devem 
estar entre 90cm e 1,10m), mas não são do tipo alavanca. 
Não há corredores na Área de Lazer, porém os pisos existentes são antiderrapantes e regulares. Os únicos 
desníveis na área de lazer encontram-se nas portas de entrada do salão de festas e são causados pelas 
soleiras das esquadrias. São superiores a 1,5cm e não há rampas, o que dificulta o acesso (Figura 11). 
 
Figura 10 – Portas externas do salão de festas 
Figura 11 – Entrada do salão de festas – desnível 
esquadria 
 
Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal 
 
É necessário pelo menos um conjunto de sanitários masculino e feminino acessíveis para as pessoas com 
restrições no edifício. Porém, há apenas um banheiro unissex na Área Comum e este é inacessível desde a 
sua entrada, pois a porta possui apenas 60cm de vão, o que não permite o acesso de um cadeirante (Figura 
12). 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
14 
Figura 12 – Porta de acesso ao banheiro da Área de Lazer 
Fonte: Acervo pessoal. 
 
5. CONCLUSÃO 
Este artigo teve como objetivo a análise da acessibilidade nas áreas comuns de um edifício residencial 
vertical com pilotis elevado, verificando se estão de acordo com as legislações existentes. Para isso, 
utilizaram-se planilhas construídas baseadas em Dischinger et al. (2012), preenchidas mediante visitas ao 
local. 
Nas áreas de acesso ao edifício, apenas o tipo de piso está de acordo com a legislação, pois é de material 
antiderrapante. Porém, existe vegetação com altura menor que a mínima permitida, além de não serem 
sinalizadas pelo piso tátil e o interfone, para comunicação com o porteiro, situa-se mais alto que o 
sugerido pela norma. A escada possui largura e altura dos degraus adequadas, mas o corrimão e a 
sinalização tátil não se apresentam satisfatórios. 
A rota de acesso ao elevador foi o espaço que mais se aproximou do que a norma sugere. O corredor e as 
portas possuem larguras satisfatórias, além de possuir piso antiderrapante e ausência de desnível, o que 
facilita o acesso. Mas, não existe sinalização de rotas acessíveis. 
Já na área de lazer de uso comum, as portas possuem vão e maçanetas adequadas, contudo, as esquadrias 
ocasionam um desnível maior que 1,5cm. Além disso, há apenas um sanitário na área comum e este é 
inacessível devido à largura do vão da porta ser mais estreito que o necessário. 
Conclui-se que não há rotas acessíveis no edifício estudado, assim como na maioria anterior à NBR9050 
(ABNT, 2004). Mesmo possuindo algumas características inerentes à acessibilidade, pessoas com 
deficiência necessitam da ajuda de algum acompanhante para entrar no edifício. Sendo assim, o Edifício 
encontra-se fora dos parâmetros de acessibilidade impostos pelas legislações aqui apresentadas. Além 
disso, não acompanha o conceito de desenho universal, pois não é adaptável em sua situação atual, 
implicando na necessidade de adequação futura. 
 
REFERÊNCIAS 
[1] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050:2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços 
e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 
[2] Barros, Cybele Ferreira Monteiro de. Casa Segura: uma arquitetura para a maturidade. Rio de Janeiro: Editora 
PoD, 2000 
[3] Brasil. Lei n.° 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a 
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras 
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
15 
[4] Brasil. Decreto n.° 5.296, de 2 de dezembro de 2004, regulamenta a Lei Nº 10.098 de dezembro de 2000 e dá 
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 
[5] Connel, Rose Bettye; Jones, Mike; Mace, Ronald; Mueller, Jim; Mullick, Abir; Ostroff, Elaine; Sanford, Jon; 
Steinfield, Ed; Story, Molly; Vanderheiden, Gregg. The Principles of Universal Design. State University, NC: The Center of 
Universal Design, 1997. 
[6] Dischinger, Marta; Bins Ely, Vera Helena Moro; Piardi, Sonia Maria Demeda Groisman. Promovendo 
acessibilidade espacial nos edifícios públicos: Programa de Acessibilidade às Pessoas com Deficiência ou Mobilidade 
Reduzida nas Edificações de Uso Público. Florianópolis: MPSC, 2012. 
[7] Duarte, Cristiane Rose; Cohen, Regina. Acessibilidade para todos: uma cartilha de orientação. Rio de Janeiro: 
Núcleo Pró-Acesso, UFRJ/FAU/Proarq, 2004. 
[8] Maceió. Código de Urbanismo e Edificações de Maceió. Maceió: Prefeitura Municipal de Maceió, 2007. 
 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
16 
Capítulo 2 
 
Estudo ergonômico do almoxarifado público na cidade 
do Recife sob o olhar do ambiente construído 
 
Vilma Villarouco 
Janaina Vanessa Laurindo Afonso Lima 
Edeilson Vicente Ferreira 
Paula Araújo Azevedo 
 
Resumo: O almoxarifado objeto do estudo está inserido em uma instituição pública e é 
responsável pelo abastecimento de itens para manutenção predial em três Campi. Este 
setor sofreu uma redução de espaço físico de forma brusca e sem planejamento prévio. 
Por isso, boa parte dos materiais foi realocada em outros galpões de maneira 
desordenada. Hoje, apesar de possuir um software que auxilia a gestão do estoque, 
Sistema de Controle de Almoxarifado (SCA), a estrutura do setor dificulta bastante o 
andamento do trabalho, com falhas de localização e controle do estoque. Este problema 
causa estresse, retrabalhos, esforços e deslocamentos desnecessários e como 
consequência ineficiência do setor. Utilizou-se a metodologia Ergonômica do ambiente 
construído (MEAC) desenvolvendo uma abordagem ergonômica a fim de entender, 
avaliar e modificar o ambiente e a interação contínua com seu usuário. 
 
Palavras Chave: Almoxarifado, Ambiente construído e Usuário. 
 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
17 
1 INTRODUÇÃO 
Ao longo dos anos ocorreram grandes transformações socioeconômicas e tecnológicas que levaram o 
homem a repensar no que se diz respeito ao ambiente de trabalho e, neste contexto, viu-se a necessidade 
de um estudo que proporcionasse maior conforto e segurança ao ser humano a fim de realizar seu 
trabalho com máxima eficiência sem que sua saúde fosse afetada, tanto no aspecto mental, quanto físico. 
A qualidade de vida no ambiente construído vem sendo sustentada por diversas pesquisas na área de 
Arquitetura, Design, Ergonomia, Urbanismo e da Psicologia ambiental. Nesse sentido, Duarte (2002) 
atenta para a questão de que a arquitetura não é apenas a delimitação de um espaço físico, mas é também 
um fechamento cultural, e o ato de projetar significa buscar a satisfação de várias expectativas do homem 
em relação ao seu ambiente, seja permitindo o livre desempenho de suas atividades, seja proporcionando 
melhores condições de conforto ambiental, proporcionando a geração de afetos e a atribuição de 
significados ao lugar. 
O almoxarifado objeto de estudo está inserido em uma instituição pública e é responsável pelo 
abastecimento de itens para manutenção predial em três Campi (Recife, Vitória e Agreste). Este setor 
sofreu uma redução de espaço físico de forma brusca e sem planejamento prévio. Por isso, boa parte dos 
materiais foi realocada em outros galpões de maneira desordenada. 
Hoje, apesar de possuir um software que auxilia a gestão do estoque, Sistema de Controle de Almoxarifado 
(SCA), a estrutura do setor dificulta bastante o andamento do trabalho, com falhas de localização econtrole do estoque. Este problema causa estresse, retrabalhos, esforços e deslocamentos desnecessários 
e como consequência ineficiência do setor. Além disso, com a redução sem planejamento do espaço físico, 
os banheiros/vestiários e a copa existente foram retirados, o que forçou os funcionários a improvisarem 
um local para fazer suas refeições além de terem de se deslocar para outros setores a fim de utilizarem os 
banheiros. 
A ergonomia, que trata da interação do ser humano e o espaço no qual está inserido com o objetivo de 
otimizar o bem estar da pessoa, é um estudo que atua com normas e procedimentos a fim de adaptar o 
homem ao ambiente e como consequência, melhorar a produtividade. Assim, ela gera impactos positivos 
na medida em que proporciona ganhos reais de qualidade na execução do serviço e na vida do funcionário. 
Por isso, a mesma é um instrumento diferencial de melhoria de desempenho das atividades além de atuar 
como sistema de prevenção de doenças do trabalho. 
 
2 METODOLOGIA 
Trata-se de uma pesquisa exploratória e qualitativa, de cunho descritivo. A população estudada foi 
constituída por 10 servidores, de um universo de 10 que ocupam os diversos cargos, de ambos os sexos, 
mediante a aquiescência de todos em participar do estudo. 
A pesquisa foi realizada de julho a setembro de 2016. Esta pesquisa foi utilizada a Metodologia 
Ergonômica para o Ambiente Construído – MEAC (Villarouco, 2007). Esta metodologia é composta de seis 
fases subdivididas em dois blocos. No primeiro bloco ocorre a análise física do ambiente, que se 
desmembra em três etapas: Análise global do ambiente, Identificação ambiental e Avaliação do ambiente 
em uso. Já o segundo bloco trata da questão cognitiva e aborda mais três etapas: Percepção ambiental pelo 
usuário, Diagnóstico ergonômico do ambiente e Recomendações. Assim, a MEAC busca não só analisar e 
propor mudanças no ambiente físico, mas também foca na percepção do usuário em relação ao espaço. 
 
2.1 ANÁLISE GLOBAL DO AMBIENTE 
Nesta etapa propõe-se o reconhecimento do local de estudo, o qual é responsável pela identificação de 
problemas através de observações assistemáticas, registros fotográficos, entrevistas com usuários, entre 
outros. Desta forma, detecta as inconformidades que requeiram uma intervenção ergonômica. 
Hoje, o almoxarifado é responsável pelo recebimento, armazenamento e distribuição de materiais 
utilizados para a manutenção predial e do entorno do órgão público, o qual abastece em Recife, Caruaru e 
Vitória de Santo Antão. 
As visitas feitas ao local acompanhadas de um assistente administrativo, em que foi retirado o máximo de 
informações sobre o ambiente e as tarefas exercidas no local (walkthrough), além de fotografias. 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
18 
O setor funciona de segunda à sexta, das 7h às 19h, ininterruptamente. Possui um quadro funcional de 
dois assistentes em administração e um gerente de suprimentos (ambos servidores), um encarregado, 
dois almoxarifes, dois auxiliares de almoxarife e um auxiliar de serviços gerais (terceirizados), além de 
duas bolsistas. 
O que se observa quando se entra no setor é que o ambiente não é atrativo para a permanência, pois tem 
aspectos de abandono como: paredes com pinturas velhas e escuras, pouca iluminação e ventilação 
natural na recepção, móveis antigos e em mau estado de conservação, espaços improvisados (Imagem 1-A, 
1-B, 1-C). 
 
Imagem 1 (A; B; C): Aspecto geral do almoxarifado avaliado 
(A) Portão de Acesso ao setor (B) Recepção do almoxarifado (C) Acesso à recepção 
Fonte: Autores 
 
Apesar não passar por reformas a um bom tempo, o ambiente é limpo, mas não possui 
banheiros/vestiários, copa/cozinha e local para descanso. Este fator impacta de forma negativa, 
principalmente para os terceirizados, que cumprem uma jornada de trabalho de 44h/semanais. Alguns 
corredores dificultam a circulação dos funcionários devido ao pequeno espaço entre as estantes (Imagem 
2-A). 
A sala administrativa não recebe iluminação nem ventilação natural, apenas artificial (Imagem 2-B). Por 
sua recepção estar localizada dentro de um galpão utilizado como garagem de veículos pequenos da 
instituição, os fornecedores têm dificuldades de acesso ao setor para a entrega/descarregamento dos 
materiais no almoxarifado (Imagem 2-C). 
 
Imagem 2 (A; B; C): Secções internas do almoxarifado 
(A) Localização das estantes (B) Sala administrativa 
Fonte: Autores 
 
(C) Copa improvisada 
2.2 IDENTIFICAÇÕES DA CONFIGURAÇÃO AMBIENTAL 
Esta etapa trata da análise do ambiente físico associado às tarefas desenvolvidas no setor. É nela em que 
se avalia a estrutura do posto de trabalho, suas condições de conforto térmico, de iluminação e ruído, 
layout, aspectos de segurança e acessibilidade. 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
19 
O almoxarifado é composto por 09 (nove) ambientes, os quais são subdivididos em 01(uma) sala 
administrativa, 01 (uma) recepção e 07(sete) galpões, dos quais 02(dois) deles foram avaliados (o de 
material hidrossanitário no térreo e do material elétrico no pavimento superior). 
Os postos de trabalho dividem-se em dois principais: recepção, onde os almoxarifes, auxiliares de 
almoxarifado e auxiliar de serviços gerais ficam a maior parte do tempo e; a sala administrativa, onde 
estão os assistentes em administração, a gerente de suprimentos, o encarregado e as duas bolsistas. Além 
destes, há os galpões onde ficam os materiais armazenados. 
A sala administrativa consiste em uma área de aproximadamente 23m², com piso todo em cerâmica na cor 
cinza claro e forro em pvc branco. Tanto a iluminação quanto ventilação são totalmente artificiais. 
Já a recepção, é o local responsável pelo recebimento/liberação de mercadorias e atendimento ao público. 
Também é o único meio de acesso à sala administrativa, aos galpões de hidrossanitários e de material 
elétrico (piso superior). Possui iluminação tanto natural (pouca) quanto artificial. 
 
Imagem 3: Planta baixa do almoxarifado no pavimento térreo 
Fonte: autores 
 
A ventilação natural quase não ocorre e a artificial é feita através de 02 ventiladores velhos, o que torna o 
ambiente quente, principalmente nos dias de verão. Aproximadamente 1,5m da parede possui uma 
pintura bastante escura (cinza), o que torna o ambiente desmotivador e desagradável. 
 
Imagem 4: Planta baixa do almoxarifado no pavimento 01 (primeiro andar) 
Fonte: autores 
1 2 
5 
6 
7 
8 
9 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
20 
O forro é de telha Brasilit, proporcionando um local mais quente e abafado, como nos demais galpões. 
Quanto aos galpões, todos têm telhado composto por telhas tipo Brasilit, em alguns ambientes a pintura 
está bem gasta, há outras partes em que tanto as paredes quanto o piso não possuem nem acabamento, a 
iluminação é feita de forma artificial (lâmpadas fluorescentes), com o auxílio da iluminação natural 
(basculantes) e têm apenas uma porta de madeira para acesso aos locais, que é mantida fechada para 
manter a segurança dos materiais armazenados, mas que impacta negativamente na temperatura do 
ambiente, pois impede a circulação de ar e torna os galpões mais quentes. 
 
2.3 ACESSIBILIDADE 
Utilizou-se a NBR 9050 (ABNT 2004) para fazer a análise de acessibilidade do almoxarifado. 
Constatou-se que há várias irregularidades em relação a esta norma. 
Um dos principais problemas detectados foi o único acesso possível/disponível à recepção, administração 
e galpões avaliados. 
Por estar localizado dentro de uma estrutura utilizada como garagem para os veículos de médio e pequeno 
porte da instituição, há momentos em que os carros estão estacionados na porta do almoxarifado, uns 
muitos próximos aos outros. Isso impossibilita o acesso de cadeirantes e dificulta o ingresso de pessoas 
com muletas e até dos próprios funcionários do setor. Além disso, não há indicadores, sinalização tátile 
sonora, os ambientes não possuem as sinalizações direcionais necessárias para deslocamentos no setor, 
um dos galpões é no primeiro andar e há apenas escadas e há desníveis entre os ambientes, podendo 
ocasionar acidentes. 
 
2.4 AVALIAÇÃO DO CONFORTO ACÚSTICO 
Por se tratar de um ambiente com acesso controlado e não possuir equipamentos/maquinários pesados 
em pleno funcionamento, apresenta pouca variação acústica. Por isso, foi definido o horário das 13h, que 
possui maior fluxo de pessoas devido à troca de turnos entre os servidores além do retorno do horário de 
almoço dos terceirizados, para fazer as medições no centro de cada ambiente (sala administrativa, 
recepção, galpão de material elétrico e de material hidrossanitário). Essas medições foram feitas através 
do decibelímetro digital modelo MSL-1325, marca Minipa, para analisar se os índices são aceitáveis pela 
NBR1052 (ABNT, 2000), conforme quadro 1, abaixo. 
 
Quadro 1 – Medições de ruído nos ambientes de estudo 
AMBIENTE PONTO 
MEDIÇÕES (h) 
NBR 1052 (dB) 
13h00min 
Administração Centro do ambiente 61 45 – 65 
Recepção Centro do ambiente 52 40 – 50 
Galpão mat. Hidros. Centro do ambiente 42 35 – 45 
Galpão mat. Elétrico Centro do ambiente 42 35 – 45 
Fonte: autores 
 
Quanto ao nível de ruído, o almoxarifado cumpre com o exigido pela Norma. 
 
2.5 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA - INSTRUÇÃO NORMATIVA (I.N.) Nº. 205, DE 08 DE ABRIL DE 1988. Por ser um almoxarifado de uma instituição pública há a I.N. que objetiva “racionalizar com minimização 
de custos o uso de material no âmbito do SISG através de técnicas modernas que atualizam e enriquecem 
essa gestão com as desejáveis condições de operacionalidade, no emprego do material nas diversas atividades”. Ela trata de questões importantes que norteiam a aquisição, armazenamento, limpeza, 
reposição de estoque, inventário e responsabilidade no controle dos materiais, entre outros. 
No entanto, não se observou o cumprimento alguns desses aspectos, como por exemplo, em relação à 
armazenagem. Notam-se produtos estocados em contato direto com o piso e parte dos materiais prejudica 
o acesso aos extintores de incêndio. Alguns destes problemas foram causados pela diminuição não 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
21 
planejada do setor, o que acarretou na “falta” de espaço para armazenar todos os itens. Isto forçou a 
equipe do setor a guardar os produtos em locais inapropriados, além da falta de reposição de mobiliários 
(estantes, palets, estrados) que, com o passar dos anos, deterioram-se e não foram repostos. 
 
2.6 AVALIAÇÃO DO CONFORTO LUMÍNICO 
A recepção e os galpões possuem iluminação tanto natural (pouca) como artificial. 
Já a sala administrativa possui a iluminação totalmente artificial, através de lâmpadas fluorescentes de 
32W. 
As medições foram feitas através do luxímetro DIGITAL LUX METER, fabricante Minipa, em três horários 
distintos: às 7:30, às 13h e às 17:30h e foram definidos 28 pontos na planta baixa (Imagens 3 e 4). Os 
valores foram comparados com os níveis indicados pela norma NBR 5413 (ABNT 1992), conforme quadro 
2, na sequência. 
Quadro 2 - Medições de luminosidade nos ambientes de estudo 
AMBIENTE PONTO 
MEDIÇÕES (h) NBR 5413 
(lux) 07h30min 13h00min 17h30min 
Administração 01 217 231 268 500-1000 
Administração 02 305 279 307 500-1000 
Administração 03 236 240 241 500-1000 
Administração 04 156 180 190 500-1000 
Recepção 05 114 125 104 500-1000 
Recepção 06 123 159 115 500-1000 
Recepção 07 140 126 137 500-1000 
Recepção 08 117 114 105 500-1000 
Recepção 09 270 200 144 500-1000 
Galpão mat. Hidrost. 10 35 49 30 150-300 
Galpão mat. Hidrost. 11 57 77 55 150-300 
Galpão mat. Hidrost. 12 40 42 47 150-300 
Galpão mat. Hidrost. 13 26 35 32 150-300 
Galpão mat. Hidrost. 14 33 56 34 150-300 
Galpão mat. Hidrost. 15 200 130 132 150-300 
Galpão mat. Hidrost. 16 80 92 88 150-300 
Galpão mat. Hidrost. 17 68 70 61 150-300 
Galpão mat. Elétrico 18 22 34 20 150-300 
Galpão mat. Elétrico 19 73 102 71 150-300 
Galpão mat. Elétrico 20 60 73 69 150-300 
Galpão mat. Elétrico 21 88 97 75 150-300 
Galpão mat. Elétrico 22 152 156 150 150-300 
Galpão mat. Elétrico 23 83 54 79 150-300 
Galpão mat. Elétrico 24 129 142 127 150-300 
Galpão mat. Elétrico 25 47 65 43 150-300 
Galpão mat. Elétrico 26 10 35 05 150-300 
Galpão mat. Elétrico 27 112 124 106 150-300 
Galpão mat. Elétrico 28 118 152 113 150-300 
Fonte: autores 
Observou-se que há uma má iluminação no setor em estudo e que é bastante evidente em pontos 
específicos, como o ponto 26 localizado no galpão de material elétrico. Este problema é agravado pela má 
distribuição das lâmpadas nos ambientes e algumas lâmpadas queimadas, o que gera a desconformidade 
em relação à referida NBR. 
 
2.7 AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO 
A sala administrativa possui apenas ventilação artificial através de um condicionador de ar de 18000 
BTUS. 
A recepção recebe tanto ventilação natural quanto artificial, por meio de dois ventiladores velhos. 
Já os galpões não têm nenhuma ventilação artificial, apenas natural (pouca) através de basculantes ou de 
paredes vazadas. 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
22 
As medições foram feitas com o Termo Anemômetro Digital MDA-II, da marca Minipa, nos mesmos 
horários e pontos de avaliação do conforto lumínico. 
Os valores foram comparados com os níveis indicados pela norma NR 17, Portaria MTPS n.º 3.751, de 23 
de novembro de 1990, que prevê índice de temperatura efetiva entre 20°C (vinte) e 23°C (vinte e três 
graus centígrados), conforme quadro 3, a seguir. 
Quadro 3 - Medições de temperatura nos ambientes de estudo 
AMBIENTE PONTO 
MEDIÇÕES (h) 
NR 17 (°C) 
07h30min 13h00min 17h30min 
Administração 01 21,0 22,3 23,6 20-23 
Administração 02 21,7 22,7 23,8 20-23 
Administração 03 22,5 23,2 24,2 20-23 
Administração 04 22,8 23,5 24,6 20-23 
Recepção 05 25,9 28,9 25,0 20-23 
Recepção 06 26,0 29,0 25,1 20-23 
Recepção 07 26,1 28,5 25,2 20-23 
Recepção 08 26,2 28,8 25,1 20-23 
Recepção 09 26,4 28,7 25,2 20-23 
Galpão mat. Hidrost. 10 26,5 29,2 25,5 20-23 
Galpão mat. Hidrost. 11 26,5 29,2 25,5 20-23 
Galpão mat. Hidrost. 12 26,5 29,2 25,5 20-23 
Galpão mat. Hidrost. 13 26,5 29,2 25,5 20-23 
Galpão mat. Hidrost. 14 26,5 29,2 25,5 20-23 
Galpão mat. Hidrost. 15 26,5 29,2 25,5 20-23 
Galpão mat. Hidrost. 16 26,5 29,2 25,5 20-23 
Galpão mat. Hidrost. 17 26,5 29,2 25,5 20-23 
Galpão mat. Elétrico 18 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 19 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 20 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 21 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 22 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 23 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 24 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 25 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 26 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 27 26,7 30,0 26,1 20-23 
Galpão mat. Elétrico 28 26,7 30,0 26,1 20-23 
Fonte: autores 
O que se percebe é que na sala administrativa, há variações de temperatura de acordo com as localizações 
dos birôs além dos ajustes feitos no condicionador de ar ao longo do dia. 
Já a recepção, por ter ventilação artificial apenas por ventiladores, o ambiente possui temperaturas mais 
elevadas e isso o torna menos agradável, além de estar em desacordo com o previsto na NR 17. 
Quanto aos galpões, por não possuírem nenhuma ventilação artificial, suas temperaturas são bem 
elevadas, gerando desconforto térmico e descumprimento da referida Norma. 
 
2.8 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE EM USO 
Nesta terceira etapa, são observados os aspectos relacionados ao ambiente em uso, identificando o quanto 
o mesmo funciona como elemento facilitador ou dificultador quanto ao desenvolvimento das atividades 
que abriga (VASCONSELOS; VILLAROUCO; RES, 2009). 
 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
23 
Imagem 5 – Mapa fluxograma do almoxarifado (Térreo) 
Fonte: autores 
 
A avaliação do almoxarifado e de seus espaçospara o desenvolvimento das atividades foi realizada através 
de visitas, medições e depoimentos dos usuários. 
 
Imagem 6 – Mapa fluxograma do almoxarifado (Pavimento 01) 
Fonte: autores 
 
Nas imagens 5 e 6, esquematizaram-se as diferentes seções que compõem o almoxarifado da UFPE, 
descrevendo as funções exercidas pelas mesmas para o cumprimento dos objetivos inerentes a cada área, 
como também o fluxograma das tarefas quanto às solicitações e recebimento de materiais. 
 
Imagem 7 - Descrição das diferentes funções e suas atividades 
 
Verificou-se que os deslocamentos realizados pela maioria dos trabalhadores do almoxarifado dependem 
do material que for demandado ou do produto entregue pelo fornecedor no respectivo dia. O tempo de 
deslocamento, a distância percorrida e a rapidez no atendimento dependem do local em que o material 
está armazenado. 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
24 
Imagem 8 - Fluxograma da tarefa: Recebimento de materiais 
Fonte: autores 
 
Imagem 9 - Fluxograma da tarefa: distribuição de materiais 
Fonte: autores 
 
A manutenção da limpeza fica comprometida pela obstrução dos ambientes e dificuldade de acesso aos locais. Outro agravante é que outros setores utilizam o almoxarifado como um “depósito de materiais/móveis inutilizados” de que eles querem se desfazer. Quando o que deveria ser efetivamente 
estocado chega, não há onde armazená-lo, o que gera obstrução de corredores e vias de circulação para 
acesso aos produtos, além do armazenamento inadequado. 
Constatou-se que existe necessidade de melhoria dos ambientes e necessidades organizacionais para uma 
eficaz execução das tarefas. O almoxarifado não possui alguns parâmetros de segurança e acessibilidade, 
apresenta revestimentos inadequados, pinturas descascadas, pavimento com escada íngreme sem 
acessibilidade para pessoas com algum tipo de deficiência física, ausência de sinalização tátil e sonora, 
ambientes obsoletos, inúmeros materiais e equipamentos sem uso, alguns funcionários desmotivados com 
o ambiente de trabalho, ambientes insalubres, quentes, escuros, instalações elétricas expostas, e com isso 
consolidam a necessidade de intervenção física. 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
25 
2.9 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA 
Quanto à avaliação antropométrica, observou-se que em algumas áreas da recepção e dos dois galpões há 
lugares com difícil circulação para os funcionários, dificultando o recebimento, armazenamento e 
distribuição dos materiais, conforme representado nas imagens 10-A e 10-B, na sequência. 
 
Imagem 10-A: Avaliação antropométrica – Térreo (recepção, sala administrativa e galpão de 
hidrossanitários) 
Fonte: autores 
Imagem 10 – B: Avaliação antropométrica – Pavimento 01 (galpão de material elétrico) 
Fonte: autores 
 
2.10 PERCEPÇÕES AMBIENTAIS PELO USUÁRIO 
Utilizou-se o poema dos desejos que é um instrumento não estruturado, espontâneo e de livre resposta. 
Seguindo a metodologia utilizada por Blower (2010), foi aplicada a ferramenta sem a identificação do 
autor e sem identificação de sua função na instituição. 
Esta etapa contemplou a análise das entrevistas e demonstrou as expectativas e impressões dos usuários 
do ambiente. A representação gráfica foi através da ferramenta Poema dos Desejos (Wish Poem). A 
aplicação desse instrumento, desenvolvido por Henry Sanoff, consiste em solicitar aos usuários de um 
determinado local que descrevam verbalmente ou expressem por meio de desenhos o que teria ou como 
seria o ambiente ideal para eles. Tendo em vista que as respostas podem ser as mais diversas, o método 
possibilita ampla liberdade para a manifestação dos anseios das pessoas, fornecendo informações que 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
26 
podem ser especialmente relevantes para o desenvolvimento de projetos similares ou mesmo de 
intervenções – reformas ou ampliações – em construções existentes (CASTRO; LACERDA; PENNA, 2004; 
RHEINGANTZ, 2007b). Por esse motivo, o Poema dos Desejos é um método indicado para a utilização em 
projetos participativos, isso é, nos quais os grupos de usuários estejam representados durante o processo 
(SANOFF, 1991; SANOFF, 1993). 
Para a implementação desse método, é apresentada uma ficha ao usuário contendo uma frase do tipo “Eu gostaria que o meu almoxarifado...”. A elaboração do instrumento de coleta das informações é, portanto, 
muito simples. A tabulação das respostas, por sua vez, pressupõe a criação de categorias que sintetizem 
informações semelhantes (RHEINGANTZ, 2007b). Para sua aplicação na avaliação do almoxarifado, foram preparadas folhas com uma frase: “Eu gostaria que o almoxarifado fosse...”. Buscando não direcionar 
nenhuma resposta específica, essa frase era apresentada pelo pesquisador de forma a estimular que os 
funcionários respondessem na folha de papel seus anseios com relação ao ambiente. Sugeriu-se que as 
respostas fossem relacionadas a aspectos que o ambiente construído deveria ter ou como ele deveria ser 
na opinião dos funcionários. Ao longo de todo o processo, os pesquisadores foram também anotando os 
comentários que os funcionários iam expressando enquanto elaboravam suas respostas. Sendo essa uma 
postura já adotada que visa maximizar a interação entre os participantes e explorar as informações 
relevantes que emergem espontaneamente durante o processo de coleta dos dados. Esse método foi 
aplicado pelos três pesquisadores diretamente com 10 funcionários que trabalham no almoxarifado. 
 
Imagem 11 – Gráfico representativo do Poema dos Desejos 
 
Fonte: autores 
Observa-se que o principal aspecto levantado foi o item “organização”, que se encontra na resposta de 
20% dos entrevistados, sendo evidenciada nas visitas feitas ao local de estudo, corroborando com a 
percepção dos pesquisadores, seguido dos itens iluminação e ventilação que correspondem a 15% cada, 
confirmadas pelas medições feitas no almoxarifado através de aparelhos específicos. 
Os itens alimentação e ampliação tiveram 12% das respostas, cada, pois constatou-se que não há 
copa/refeitório, sendo realizada em ambiente improvisado, além de não ter espaço suficiente para 
armazenar os materiais de forma adequada. 
Como o item menos apontado está a necessidade de treinamento, 2%. Porém, não deixa de ser importante 
para a melhoria da prestação dos serviços, pois garante maior conhecimento e motivação dos 
funcionários. 
 
2.11 DIAGNOSE 
Há uma má iluminação no setor em estudo e que é bastante evidente em pontos específicos, como o ponto 
26 localizado no galpão de material elétrico. Este problema é agravado pela má distribuição das lâmpadas 
nos ambientes e algumas lâmpadas queimadas, o que gera a desconformidade em relação à referida NBR. 
Na sala administrativa há variações de temperatura de acordo com as localizações dos birôs além dos 
ajustes feitos no condicionador de ar ao longo do dia. Já a recepção, por ter ventilação artificial apenas por 
ventiladores, o ambiente possui temperaturas mais elevadas e isso o torna menos agradável, além de estar 
em desacordo com o previsto na NR 17. Quanto aos galpões, por não possuírem nenhuma ventilação 
artificial, suas temperaturas são bem elevadas, gerando desconforto térmico e descumprimento da 
20% 
15% 
15% 
12% 
12% 
10% 
7% 7% 
2% 
Organização
Iluminação
Ventilação
Alimentação
Ampliação
Banheiro/vestiário
Repouso
Informatização
POEMA DOS DESEJOS 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
27 
referida Norma. No conforto acústico foi detectado que o objeto de estudo encontra-se em conformidade 
com a norma estabelecida. 
 
3 RECOMENDAÇÕES 
Intervenções organizacionais devem ser feitas quanto à realocação de materiais, padronização das 
estantes e desobstrução dos corredores, a fim de melhorar os fluxos de trabalho. Quanto ao desconforto 
lumínico, propõe-se o redimensionamento das lâmpadas além da manutenção do espaço através da 
reposiçãode lâmpadas queimadas, além da reavaliação da quantidade mínima de lux necessária para 
iluminar de forma adequada dos ambientes. 
Em relação ao conforto térmico, sugere-se a instalação de condicionadores de ar e exaustores para 
proporcionar um melhor bem estar aos usuários. Além disso, a criação de um espaço físico adequado para 
refeições, instalação hidrossanitária e repouso. Quanto à acessibilidade, orienta-se a implantação de um 
motor carga e uma rampa no galpão superior, aplicação de piso tátil, rotas de fuga e sinalizações 
direcionais para melhores deslocamentos no setor. 
 
4 CONCLUSÃO 
Percebe-se que o ambiente pesquisado possui algumas desconformidades e que precisam de intervenção 
para melhoria e adequação às condições ergonômicas e assim, gerar um ambiente favorável para interação 
dos usuários com as atividades desenvolvidas. 
Os aspectos prioritários quanto às intervenções são a organização do espaço físico, a iluminação e 
temperatura dos ambientes, pois, além de estarem em desacordo com as Normas regulamentadoras, têm 
impactado diretamente de forma negativa no desempenho das funções do setor. Assim, as recomendações 
propostas são de fundamental importância para melhoria no funcionamento do almoxarifado analisado. 
 
REFERÊNCIAS 
[1] ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, 
mobiliário, espaços e equipamento urbanos. Rio de Janeiro, 2004. 
[2] ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152 – Níveis de ruído para conforto 
acústico. Rio de Janeiro, 1987. 4 p. 
[3] ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413 – iluminância de interiores. Rio de 
Janeiro, 1992.13 p. 
[4] BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. NR 17 – Ergonomia. Brasília: 2007. 
[5] VILLAROUCO, Vilma. O ambiente está adequado? In: Anais do I Encontro Nacional de Ergonomia do 
Ambiente Construído, II Seminário Brasileiro de Acessibilidade Integral. Recife, 2007. 
[6] RHEINGANTZ, Paulo A.; AZEVEDO, Giselle A.; BRASILEIRO, Alice; ALCANTARA, Denise de; QUEIROZ, Mônica. 
Observando a qualidade do lugar: procedimentos para a avaliação pós-ocupação. Rio de Janeiro: Proarq | FAU-UFRJ, 
2009 [livro eletrônico]. 
[7] RHEINGANTZ P.; AZEVEDO, G. et al. Observando a qualidade do Lugar: procedimentos para a Avaliação Pós-
Ocupação. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Pós-
Graduação em Arquitetura, 2009. Disponível em: www.fau.ufrj/prolugar. Acesso em: junho 2012. 
[8] SANOFF, H. Methods of Architectural Programming. Stroudsburg: Dowden, Hutchinson & Ross Inc., 1977. 
_____. Participatory Design: Theory and Technique. Raleigh: Henry Sanoff, 1990. _____. Visual Research Methods in 
Design. Nova Iorque: Van Nostrand Reinhold, 1991. 
[9] RHEINGANTZ, P. A.; AZEVEDO, G.; BRASILEIRO, A.; ALCANTARA, D.; QUEIROZ, M.. Observando a Qualidade 
do Lugar: procedimentos para a avaliação pós-ocupação. Rio de Janeiro: FAU-UFRJ (Coleção PROARQ), 2009. 
Disponível em: www.fau.ufrj.br/prolugar acesso em junho de 2010 
[10] SANOFF, H. Creating Environments for Young Children. Mansfield, Ohio: BookMasters, 1995. 
[11] SANOFF, Henry. School Building Assessment Methods. Washington: National Clearinghouse for Educational 
Facilities, 2001. Disponível em http://www4.ncsu.edu/~sanoff/schooldesign/schoolassess.pdf acesso em set/2010. 
SOMMER, Robert. Espaço Pessoal: As Bases Comportamentais de Projetos e Planejamentos. São Paulo, EPU, EDUSP, 
1973 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
28 
Capítulo 3 
 
Avaliação do ambiente construído do centro cirúrgico 
de um Hospital Universitário da cidade do Recife-PE 
 
Francisco Amorim de Barros 
Gabriella Maria de Brito Farias 
Geane Rodrigues Chaves 
Vilma Villarouco 
 
Resumo: Este artigo é o resultado da Avaliação Ergonômica do Ambiente Construído 
realizada no Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas da UFPE, com o objetivo de 
identificar os atributos do ambiente, as adequações, não conformidades, bem como as 
expectativas e impressões dos usuários. Para a realização do estudo foi utilizada como 
ferramenta a Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído. O trabalho nos 
possibilitou uma visão ampla de todo o ambiente, visto que incluiu a percepção do 
pesquisador sobre o ambiente físico e o funcionamento, associado à percepção que o 
usuário do serviço faz deste, permitindo analisar, sob os vários aspectos, as variáveis 
envolvidas sugerindo pontualmente as adequações necessárias. 
 
Palavras-chave: Ergonomia, Ambiente Construído, Centro Cirúrgico 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
29 
1 INTRODUÇÃO 
As mudanças no mercado de trabalho são frequentes, obrigando as instituições de diversos segmentos a se 
adequarem sempre a um novo cenário. Diversos fatores interferem na realização diária das atividades e 
incluem ferramentas tecnológicas, novas formas de hierarquia, entre outros. Tais mudanças também se 
aplicam ao ambiente hospitalar. 
Segundo Claval (2008), o ambiente hospitalar consiste no território no qual os profissionais da equipe 
multiprofissional de saúde prestam assistência aos usuários do serviço. Estes usuários buscam ações de 
prevenção, promoção e recuperação da saúde. Esse espaço é formado por fatores físicos, sociais e 
humanos que se correlacionam no intuito de criar um local mais harmonioso, sustentável e saudável, 
refletindo na ação do profissional que terá mais segurança e conforto no desempenho de suas atividades. 
Tratando da conjugação das características citadas, na perspectiva de ajustar o ambiente ao bem estar dos 
seres humanos que o habitam (em sentido genérico da palavra habitar, usar, ocupar, viver), a ergonomia 
aplicada ao ambiente construído dispõe de ferramentas de avaliação, implantação, e correção dos 
processos de interação humano-ambiente-atividade, com otimização do espaço edificado, adequando-o às 
necessidades das atividades profissionais ali desempenhadas. 
Segundo Villarouco (2008), o foco principal do trabalho é o usuário, para os quais, o ambiente deverá ser ergonomicamente adequado para que interajam cotidianamente. Moraes & Mont’Alvão (2003) 
desenvolveram a intervenção ergonomizadora, que cuida de entender e avaliar as situações de interação 
entre o humano e outros elementos de um sistema, e que particularizando às relações homem-ambiente, 
permite a taxonomia e classificação dos problemas relacionados ao ambiente construído, como também, 
permite a compreensão do espaço de forma sistemática, seguindo as etapas de Apreciação, diagnose, 
Projetação e Validação. 
Outras metodologias que tratam de situações de intervenção da ergonomia podem ser adotadas no 
entendimento, análises e proposições para o ambiente em que as atividades se desenvolvem, sendo a 
MEAC (Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído) desenvolvida com seu foco completamente 
voltado para o foco no ambiente das atividades. 
Focado na interação homem-ambiente-atividade sob a égide da ergonomia, o objeto deste estudo foi o 
Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, unidade de 
suma importância para o funcionamento do Hospital, uma vez que o mesmo atende usuários de todo o 
Estado de Pernambuco, com procedimentos de baixa, média e alta complexidade. Teve como objetivo 
realizar uma análise ergonômica do ambiente construído verificando a influência do mesmo nas 
atividades desenvolvidas dentro do Bloco Cirúrgico. 
 
2 METODOLOGIA 
Foi utilizada neste estudo a Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído – MEAC (VILLAROUCO, 
2011). Esta metodologia leva em consideração a diversidade de variáveis concernentes ao ambiente 
construído, que influenciam nos processos de trabalho e desenvolvimento de atividades. A MEAC é 
subdividida em etapas que permitem avaliar o ambiente em toda sua diversidade, desde a consideração de 
todas as variáveis físicas, do entendimento e percepção dos pesquisadores,quanto repousando o foco no 
usuário. As etapas são Análise Global do Ambiente, Identificação da Configuração Ambiental, Avaliação do 
Ambiente em Uso, Percepção Ambiental pelo Usuário, Diagnóstico Ergonômico do Ambiente e 
Recomendações. 
Na Análise Global do Ambiente é realizado um reconhecimento para entendimento do ambiente e das 
atividades desenvolvidas no local. São realizadas visitas acompanhadas (walkthrough) e entrevistas com 
usuários. Ela se encerra quando há um entendimento do sistema Ambiente – Homem – Atividade numa 
perspectiva macro. Em seguida, inicia-se a Identificação da Configuração Ambiental. Nesta segunda etapa 
são levantados dados referentes ao espaço físico e suas variáveis ambientais. Os dados são confrontados 
com a legislação vigente para cada item analisado. 
A terceira etapa, Avaliação do Ambiente em Uso, consiste em observar o ambiente enquanto atividades são 
desempenhadas no local. Já a Percepção Ambiental do Usuário consiste na análise de entrevistas com os 
usuários do serviço. Pode-se lançar mão de várias ferramentas para esta etapa, como por exemplo, a 
Constelação de Atributos. Por fim, em posse de todos os dados coletados e analisados no decorrer do 
estudo, é realizado o Diagnóstico Ergonômico do Ambiente e são dadas Recomendações no intuito de 
propor mudanças para adequação às necessidades dos usuários. 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
30 
2.1 ANÁLISE GLOBAL DO AMBIENTE 
O Hospital das Clínicas de Pernambuco é um Hospital quaternário de referência em tratamentos 
avançados e cirurgias nas diversas especialidades. Seu Centro Cirúrgico atende os pacientes internados, 
pacientes provenientes do ambulatório e pacientes referenciados de outras instituições de saúde. O 
mesmo funciona ininterruptamente, todos os dias da semana. O corpo de profissionais é diversificado, 
sendo parte professores, servidores, residentes multiprofissionais, estudantes e estagiários. 
A escolha do local de estudo se deu por proporcionar o uso da MEAC em um ambiente no qual se 
encontram vários postos de trabalho. A coleta dos dados desta fase foi realizada no mês de Julho de 2016. 
Foram realizadas duas visitas nas quais percorremos todo o bloco cirúrgico acompanhados da enfermeira 
supervisora do setor (walkthrough). Foram feitos observações, registros e fotografias do ambiente. Assim, 
pôde-se ter conhecimento do ambiente e as tarefas ali desempenhadas. 
O bloco cirúrgico contempla vestiárias masculina e feminina, as mesmas estão com mobiliário sucateado e 
insuficiente e estrutura física deteriorada; sala de materiais estéreis, expurgo, 10 salas de cirurgia, sala de 
repouso para a equipe, dormitórios masculino e feminino, sala para armazenamento de materiais 
anatomopatológicos, depósito de material de limpeza, sala da chefia do bloco cirúrgico, SRPA, copa, 
farmácia do bloco cirúrgico, posto de enfermagem, 3 pequenas salas para armazenamento de 
equipamentos cirúrgicos, ante sala para espera de pacientes que realizarão cirurgia. 
O ambiente no geral é agradável, climatizado, bem iluminado e limpo. As cirurgias acontecem, 
principalmente, no período da manhã e no período da tarde. À noite são realizadas cirurgias de urgência. O 
número médio é de 20 cirurgias realizadas por dia, sendo elas de pequeno, médio e grande porte. As 
equipes cirúrgicas são compostas, em média, por 6 a 8 profissionais. É importante salientar que, por se 
tratar de um Hospital Escola, as salas de cirurgia encontram-se sempre com um grande quantitativo de 
pessoas. 
Após a cirurgia, os pacientes são encaminhados para a Sala de Recuperação Pós Anestésica (SRPA) onde 
ficam em observação e onde são prestados os cuidados imediatos depois do procedimento cirúrgico. Após 
terem alta da SRPA, o paciente é encaminhado para o leito na unidade de internação do Hospital. 
Por se tratar de um ambiente extenso onde são desempenhadas várias atividades, foram elencados dois 
postos de trabalho principais para serem estudados nas próximas etapas: Sala de Cirurgia e Sala de 
Recuperação Pós-Anestésica. 
 
2.2 IDENTIFICAÇÃO DA CONFIGURAÇÃO AMBIENTAL 
Dando sequência à avaliação ergonômica do ambiente, nesta fase, foram identificadas todas as 
configurações físico-ambientais da Sala de Cirurgia e da SRPA. Identificaram-se, mais profundamente, 
aspectos relacionados às tarefas desenvolvidas dentro da sala de cirurgia e na Sala de Recuperação Pós 
Anestésica (SRPA). Foram avaliados, também, os equipamentos, materiais e tecnologias disponíveis nestas 
unidades de observação. 
Foi obtida a planta baixa do Centro Cirúrgico através do setor de infra-estrutura do hospital, no qual 
sinalizamos os dois postos de trabalho a serem estudados e, consequentemente, os pontos de medição das 
variáveis ambientais (Figura 1). 
 
Figura 1 – Planta baixa do Centro Cirúrgico 
Fonte: Unidade de Infraestrutura do HC-UFPE 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
31 
A entrada e saída da sala de cirurgia são realizadas por uma única porta. Esta porta tem dupla abertura, 
possuem visores e as maçanetas são do tipo alavanca e a sala de cirurgia em questão tem 31,36 m² 
contendo uma mesa cirúrgica, assim como determina a RDC 50 (ANVISA, 2002). O fluxo de profissionais 
dentro da sala cirúrgica é dinâmico. 
A entrada e saída da SRPA são realizadas por uma única porta. Esta porta tem dupla abertura, possui visor, 
tem largura total de 1,40m, conforme RDC 50 (ANVISA, 2002). Em desacordo com esta RDC, a maçaneta 
desta porta não é do tipo alavanca. O fluxo de pessoas dentro da SRPA é dinâmico e a sala comporta bem o 
quantitativo de profissionais durante o período que o paciente permanece em observação. A RDC 50 
(ANVISA, 2002) preconiza que a SRPA tenha o número de camas igual ao número de salas cirúrgicas + 1. 
Como existem 10 salas cirúrgicas, deveria haver 11 camas na SRPA, mas só existem 7. Tal carência aponta 
para a redução do número de cirurgias realizado, promovendo acréscimo no tempo de espera dos 
pacientes por uma intervenção cirúrgica. 
A sala cirúrgica e a SRPA encontram-se com pintura branca e piso verde claro intactos. O piso é feito com 
material resistente à lavagem e ao uso de desinfetantes e as paredes também são resistentes à lavagem, 
assim como determina a legislação (BRASIL, 1994) e a junção entre rodapé e piso é arredondada de tal 
forma que permite a correta limpeza do ambiente. 
 
2.3 AVALIAÇÃO DO CONFORTO LUMÍNICO 
Para a sala de cirurgia, consideramos dois pontos de medição que são a mesa de cirurgia e a mesa auxiliar. 
Segundo a NBR 5413 (ABNT, 1992), a iluminância deve ser medida no campo de trabalho e a iluminância 
no restante do ambiente não deve ser inferior a 1/10 da adotada para o campo de trabalho, mesmo que 
haja recomendação para valor menor. Esta mesma NBR classifica o procedimento cirúrgico como tarefa 
visual muito especial, designando-a como CLASSE C, a qual deve haver iluminação adicional. 
Consideramos o campo de trabalho como sendo a mesa de cirurgia e o restante do ambiente, mesa 
auxiliar. 
Já referente à Sala de Recuperação Pós-Anestésica, o trabalho desempenhado é dinâmico, o funcionário 
está em constante movimento, assim, consideramos dois pontos de medição sendo eles o posto de 
enfermagem da SRPA e o leito do paciente. Desta forma, segundo a NBR 5413 (ABNT, 1992) por ser um 
setor que não necessita de iluminação especial, mas onde se realizam tarefas com requisitos visuais 
normais a especiais, esta tarefa visual está na CLASSE B. 
 
Tabela 1- Avaliação da luminosidade da sala de cirurgia e da SRPA 
 
A medição da iluminância dos ambientes foi realizada com o aparelho Digital Lux Meter Minipa® MLM-
1011. 
Em todos os ambientes, os níveis de lux encontrados foram superiores ao que a legislação recomenda 
(tabela 1) 
 
2.4 AVALIAÇÃO DO CONFORTO ACÚSTICO 
Os índices de condições de conforto acústico dentro da Sala de Cirurgia e da SRPA devem variar entre 35 – 
45 dB(A), conforme NBR 10152 (ABNT, 2000). 
A mediçãofoi realizada visando verificar a adequação dos índices encontrados às normas que definem os 
padrões a ser adotados nas áreas específicas avaliadas. Nas medições obtivemos os dados a seguir: 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
32 
Tabela 2- Avaliação dos níveis de ruído da sala de cirurgia e da SRPA 
 
 
A medição do ruído nos ambientes foi realizada com o aparelho Decilíbetro Digital Minipa® MSL-1325. 
Em ambas as salas, detectou-se que o ruído estava acima do recomendado pela NBR 10152 o que, a longo 
prazo, pode causar danos à audição dos profissionais que ali desempenham suas atividades. 
 
2.5 AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO 
Por ser considerada uma área onde existem fortes evidências de risco de ocorrência de agravos à saúde 
relacionados à qualidade do ar, de seus ocupantes ou de pacientes que utilizarão produtos manipulados 
nesta área, a temperatura do ambiente em uso deve estar entre 18°C e 22°C, conforme NBR 7256 (2005). 
Para a SRPA não há temperatura pré-definida, mas por ser um ambiente climatizado e estar dentro de um 
Centro Hospitalar, a temperatura deve variar entre 21°C e 24°C, como determina a ANVISA (2003). 
Após as medições, os seguintes dados foram encontrados: 
 
Tabela 3- Avaliação da temperatura da sala de cirurgia e na SRPA 
 
 
A medição da temepratura nos ambientes foi realizada com o aparelho Termo Anemômetro Minipa® MDA 
II. 
Na sala cirúrgica, as temperaturas encontradas estiveram um pouco acima da recomendada o que significa 
um risco à saúde do paciente uma vez que temperaturas elevadas facilitam a proliferação de micro-
organismos e aumentam o risco de infecção hospitalar. Já na SRPA, as temperaturas encontradas estão 
dentro do que é recomendado pela legislação. 
 
2.6 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE EM USO 
Esta etapa preconiza o entendimento do funcionamento do ambiente. Devem ser realizadas observações 
longas e cuidadosas, a fim de identificar as movimentações, fluxos, as interações dos usuários com seus 
postos de trabalho, as posturas adotadas na realização das atividades. Verifica-se na realidade o quanto 
facilitador ou dificultador o ambiente se apresenta ao desenvolvimento do trabalho que abriga. 
Neste momento realizamos também entrevistas com os usuários do ambiente no intuito de gerar os itens 
de observação mais comumente citados, configuração do desenho manual dos fluxos e da circulação das 
pessoas por todos os espaços pesquisados, medidas dos ambientes, mobiliário e equipamentos utilizados, 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
33 
como também medições com finalidades antropométricas para verificar a viabilidade do ambiente e a 
existência de espaços de apoio para funcionários (copa, repouso, sala de estar). 
 
Figura 2- Fluxograma do centro cirúrgico 
 
Este fluxograma apresenta-se de forma bastante simples, permitindo fácil visualização dos fluxos de 
circulação dos usuários e pacientes dentro da unidade estudada, bem como permitindo uma definição 
completa dos possíveis caminhos e destinos dos mesmos. 
 
Figura 3 - Layout da sala de cirurgia 
 
O layout desta sala permite identificar que a circulação de pessoas torna-se dificultada não 
necessariamente pelo espaço físico, mas pelo elevado número de usuários. A sala, embora ampla, quando 
em uso, nos mostra que pela finalidade, deveria estar melhor disposta quanto ao mobiliário, bem como 
maior restrição de usuários circulantes. Os pontos críticos observados são o local do anestesista e os 
técnicos de enfermagem quando na sua atuação de registrar as atividades, circulantes de sala, o segundo 
cirurgião e instrumentadores. Um dos problemas de maior importância ergonômica deve-se à falta de 
espaço para colocação de cadeiras, tendo em vista que muitas cirurgias acontecem num largo período de 
tempo, causando desconforto aos profissionais e levando á cansaço e exaustão. 
 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
34 
Figura 4 - Layout da SRPA 
 
No tocante à sala de recuperação, observa-se amplitude do espaço, bem como variação de possibilidades 
de acomodação do mobiliário. Os espaços entre os leitos, embora apareçam como reduzidos, podem ser 
melhorados de acordo com a necessidade de movimentação dos pacientes, visto que os leitos são móveis. 
O ponto de maior não conformidade foi o posto de enfermagem, o qual além de mal estruturado, possui 
pouco espaço e falta de cadeiras para os profissionais e a existência de um único birô para registros, bem 
como uma única pia para lavagem das mãos. 
 
2.7 PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS 
Nesta etapa valorizou-se a percepção que os usuários têm do seu ambiente, bem como sua inter-relação 
com o mesmo, incluindo os aspectos comportamentais. Para tal análise foi adotada a metodologia da 
constelação de atributos, ferramenta adotada na psicologia ambiental, idealizada por Moles em 1968, a 
qual fornece uma representação gráfica a partir das respostas dos usuários acerca da percepção do 
ambiente. A partir de então estas respostas são categorizadas em quadros de acordo com as respostas 
mais expressivas de segundo grau de importância das respostas. 
Foram realizadas 22 entrevistas com todos os profissionais que estavam de plantão na unidade e que 
aceitaram participar da pesquisa. Para cada uma das perguntas era solicitado uma lista de cinco respostas 
(adaptação dos pesquisadores) que envolviam a percepção dos usuários acerca do ambiente. A primeira pergunta se referia à ideia de ambiente ideal formada mentalmente pelo entrevistado, a saber: “Quando 
você pensa em um Centro Cirúrgico de uma maneira geral quais ideias ou imagens lhe vem à mente?”. A segunda pergunta, dizia respeito ao ambiente real: “Quando você pensa no Centro Cirúrgico deste hospital no qual você trabalha, quais ideias ou imagens lhe vem à mente?”. Os dados obtidos foram categorizados 
utilizando as formulas para análise da constelação de atributos. Para cada agrupamento de respostas foi 
aplicada uma equação matemática determinando a distância deste atributo em relação ao núcleo (Figura 5 
e 6). Quanto mais próximo do núcleo da constelação maior importância teria para os entrevistados, ou 
seja, maior número de respostas correspondentes. 
 
 
Ergonomia e Segurança no Trabalho em foco – Volume 2 
 
 
 
35 
Figura 5- Constelação de atributos referente ao ambiente IDEAL 
 
Importante salientar na avaliação da constelação de atributos para o ambiente ideal que os fatores 
administrativos tiveram bastante expressão nas respostas dos usuários, estando as rotinas de serviço e 
resolutividade como primeiro e segundo pontos, ou seja, com maior número de respostas entre as ideias 
ou imagens de um centro cirúrgico ideal. O fornecimento e existência de matérias de trabalho aparecem ao 
lado da resolutividade como segundo ponto mais citado. Merece destaque também aspectos relacionados 
à organização, humanização e coleguismo, como também limpeza. Estes fatores de maior expressão 
apontam para uma grande importância dada aos atributos relativos aos fatores organizacionais, os quais 
estão diretamente ligados à qualidade do trabalho prestado e satisfação dos profissionais. 
 
Figura 6 - Constelação de atributos referente ao ambiente REAL 
 
Na avaliação do mapa da constelação de atributos para o ambiente real observa-se que a falta de materais 
para trabalhar aparece como item de maior citação pelos usuários entrevistados, merecendo atenção 
especial pela direção da unidade seguido pelas instalações precárias/ ruins. Estes fatores são de relevante 
importância não apenas para avaliação da satisfação dos usuários, bem como das instalações físicas. Em 
CONSTELAÇÃO DE ATRIBUTOS - AMBIENTE IDEAL
IDEAL
1
2
3
2
3
4
4
5
5
5
6
7
7
7
7
7
8
Administrativos
Instalações físicas
Ambiente/conforto
Materiais/equipamentos
Rotinas
Resolut ividade
Material suficiente
Organização
Humanização
Coleguismo
Limpeza
Comprometimento
Estrutura adequada
Bem equipado
Confortável

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